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A VIDA PELO PRINCÍPIO

Texto-base: Gênesis 1;26 – 2:1-9


(Apresentação do Tema)
INTRODUÇÃO
- Ainda estamos no começo de 2021 e eu te pergunto: Você ainda está
fazendo a dieta que disse que faria no dia primeiro de janeiro? Tá firme no
objetivo de emagrecer?
Eu gosto muito do começo de ano, mas a gente anda vivendo um tempo
tão conturbado que alguns ainda vivem 2021 como uma extensão de 2020.
O que eu quero dizer é que precisamos aprender a valorizar o começo.
Por isso que gostaria de refletir sobre o início que vemos aqui em Genesis.
Não muito diferente de outros anos, em 2021 comecei a reler Genesis mais
uma vez.
Em Genesis no capítulo 1 vemos Deus colocando ordem no caos, ou seja,
criando o cosmo, colocando as coisas em ordem. Veja o v.2 no capítulo 1:
“A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do
abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas.”
Deus, pela Sua Palavra, vai criando onde não havia forma e preenchendo
onde estava vazio.
Esta narrativa que vemos aqui no primeiro capítulo de Genesis demonstra
uma sacralidade. Tudo que Deus está fazendo aqui é bom, mas também é
santo. Uma forte indicação da santidade da criação é conhecida como a
metáfora do templo.
Os templos na Antiguidade, ou na história conhecido como Antigo Oriente
Próximo, os templos refletem esta estrutura de cosmos. No mundo antigo,
existia está forte ligação entre a criação e o templo.
E vemos isto em alguns lugares na narrativa da criação com relação ao
tabernáculo e ao templo em Jerusalém. Por exemplo, no cap. 1, verso 14,
vemos os luzeiros, onde sua palavra no original (me’or) também tem sua
referência na luz dentro do tabernáculo (Ex 25:6). No verso 9 ainda vemos
sobre o ajuntamento das águas, e em 1Re 7:23 e 2Cr 4:2, temos esta
referência no templo de Salomão (o mar de bronze).
Contudo, o que mais chama a atenção nesta metáfora, nesta comparação
da criação com o templo é a questão da imagem. No v.26, Deus diz:
“Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança...”.
No cap.2, verso 8: “E plantou o SENHOR Deus um jardim no Éden, na
direção do Oriente, e pôs nele o homem que havia formado.”
Quando o homem foi criado e colocado no jardim, ele era a referência de
quem deveria ser adorado.
IMPORTANTE: eu não estou dizendo com isso que o homem é o centro
de tudo!!! Ele é a imagem de Deus, aquele que deveria apontar para o
Criador de todas as coisas. Ilust: sábio e o dedo.
Muitos teólogos e biblistas entendem esta comparação entre o relato da
criação e a construção do templo na linguagem descritiva dos textos.
Você pode estar perguntando: “Mas o que tudo isso significa? O que isso
tem a ver com a minha vida?”
Em seguida ao que vimos no verso 26 diz:
“Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a
nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as
aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre
todos os répteis que rastejam pela terra.”
Esta ideia de domínio expressa uma vocação para governar, em outras
palavras, para reinar.
Mais uma vez, no cap.2, verso 15 vemos que:
“Tomou, pois, o SENHOR Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden
para o cultivar e o guardar.”
Agora nestas expressões “cultivar e guardar” tem uma relação muito
estreita com a função que o sacerdote tinha juntamente com o povo e o
templo.
O que estou querendo dizer é que nós somos como reis e sacerdotes, mas
não para exercer um domínio tirânico, mas para imitar Deus em sua
criatividade e em seu cuidado providencial para com as outras criaturas.
Isto é viver uma vida pelo princípio, com base no que vemos desde a
Criação.
Eu quero deixar apenas 2 pontos para reforçar o que é viver pelo princípio,
ficando mais claro como podemos aplicar isto no nosso dia a dia.
1 – A vida pelo princípio tem como base a criação, que ainda é boa.
Retomando tudo que vimos e sabemos aqui do relato da criação, se
entendermos bem este fundamento, vemos que a vida do ser humano tem
como base 3 relações:
1 – Relação com Deus;
2 – Relação com as pessoas;
3 – Relação com as coisas criadas;
Quando estas 3 relações estão alinhadas e fluindo perfeitamente, na
linguagem bíblica, experimentamos o Shalom.
Shalom vai muito além de uma sensação de paz. Envolve o equilíbrio
nestas 3 relações.
Sabemos que precisamos buscar nos relacionar com Deus, com as pessoas,
mas algumas vezes não nos atentamos com a relação das coisas criadas.
Vimos que somos chamados guardar e cultivar. A palavra cultivar tem uma
ligação com a palavra cultura. Andy Crouch diz, com esta base, que nós
somos como “criadores de cultura”.
Veja tudo que foi feito até hoje, desde a criação até aqui. Ex: Construções,
Cidades, Tecnologia etc. Você já deve ter percebido o que foi feito aqui
mesmo onde estamos. Exemplo: café.
Não somos apenas chamados para criar, mas também para guardar, ou seja,
envolve um processo de manutenção.
Por isso que eu digo que ainda a criação é boa, por tudo de bom que foi
feito e mantido até aqui.
Outro exemplo é o trabalho. O trabalho não é um meio para um fim. Nós
não podemos trabalhar apenas pelo salário. O trabalho, em si, realmente
importa.
Tudo isto que estou dizendo sobre criar e guardar tem um objetivo: a
glória de Deus.
A Glória de Deus tem seu significado na revelação de todo esplendor do
único Ser Verdadeiro, o nosso Deus criador. É a Sua revelação plena, o
florescimento pleno de quem Ele é.
Devemos lembrar Habacuque 2:14 – “Pois a terra se encherá do
conhecimento da glória do SENHOR, como as águas cobrem o mar.” E o
que Paulo diz em 1Co 10:31 – “Portanto, quer comais, quer bebais ou
façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus.”
Deus realmente se importa com tudo que fazemos. Desde as coisas
pequenas, até as coisas grandes.
Você vive por esse princípio? Você tem isso em mente em tudo que
você faz em casa, no trabalho ou aonde quer que você vá? Você quer
viver e buscar em Deus o que você pode fazer e criar em todas as áreas
da sua vida?
***
Antes de ir para o segundo e último ponto, quero fazer um breve
parênteses. Como estamos vendo, tudo até aqui na criação está indo muito
bem, mas em seguida nós temos Gênesis 3, que nos mostra A Queda. O
pecado entra na história.
Pergunta: o pecado anula tudo que falei até aqui? Não.
O pecado promove uma drástica disfunção na Shalom. Nós ficamos
alienados nas 3 relações. O mal entrou no mundo e se alastrou.
Mas Deus abandonou a sua criação a própria sorte? Devemos esperar
simplesmente até que tudo se acabe?
Sl 24:1 “Ao SENHOR pertence a terra e tudo o que nela se contém, o
mundo e os que nele habitam.”
O próprio Deus entra no mundo para trazer Redenção!
2 – A vida pelo princípio aponta para a vida plena, que está em Cristo.
Em Cristo, Deus nos purifica do pecado e restaura em nós o Shalom.
Em Cristo, podemos entender que temos duas vocações:
1) Como vimos anteriormente, somo como Reis e Sacerdotes, no
cuidado e no zelo. Este chamado vemos desde Êxodo 19 e agora
podemos ver também em 1Pe 2:9
“Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de
propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes
daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;”
2) Mas também somos chamados para sermos como Profetas,
participantes neste processo de Redenção, para anunciar a Palavra de
Deus, proclamar a verdade de Cristo, o Seu Evangelho, o Seu Reino,
para que outras pessoas possam também viver o Shalom.
Como profetas, chamamos o próximo ao arrependimento; mas como
sacerdotes, fazemos isto com compaixão e amor.
Nunca vamos conseguir viver o que Deus quis para nós na sua criação sem
Cristo.
Permita-me fazer uma citação do teólogo N.T. Wright:
“Desde a tradição judaica até Gênesis 1:26-28 e agora em Jesus Cristo,
o projeto humano está de volta no devido caminho; na verdade, ele faz
mais do que isso. Em Jesus, o Messias, Deus resolveu o problema causado
pela mordida no fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, mas
foi além. Levou a raça humana, enfim, a provar da Árvore da Vida. Isso é
a ressurreição de Jesus, motivo que, em Apocalipse 22, nos leva a
encontrar a Árvore da Vida ao lado do rio que corta a cidade. Em Jesus
Cristo e por meio dele os homens são chamados a ser o que sempre
deveriam ter sido. E o propósito para o qual foram criados pode ser
resumido em uma única palavra: glória”
Quando nossa vida está arraigada no princípio da Palavra, quando ela
também entende o seu papel na criação, as suas vocações, tudo isso aponta
para a vida plena que só existe em Cristo Jesus.
Como você lida com tudo isso? O Evangelho tem atuado em todas as
áreas da sua vida? Nas suas conversas, nas suas opiniões, nos seus
trabalhos, nas suas relações?
CONCLUSÃO

A vida pelo princípio é:

1 – A vida pelo princípio tem como base a criação, que ainda é boa.
2 – A vida pelo princípio aponta para a vida plena, que está em Cristo.

Eu gostaria que você imaginasse um quadro branco e fiz um traço bem no


meio. De um lado escreva as palavras como: bíblia, igreja, dízimo. No
outro lado, escreva as palavras: trabalho, escola, entretenimento.
Agora, apague este risco no meio. Nossa vida não pode acontecer em
departamentos.
Precisamos crescer em maturidade para lidar de uma vez por todas com o
dualismo pernicioso do Sagrado x Profano.
Quando percebemos que Deus realmente se importa com tudo que
fazemos, que tudo é parte do Seu senhorio, olharemos para as nossas
vocações específicas e veremos como elas se relacionam com as formas
como Deus está em ação no mundo.
Em Cristo, vivemos além do pecado, vivemos pelo princípio e vivemos
plenamente.

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