UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE

ENGENHARIA MECÂNICA
DISCIPLINA DE MECÂNICA DAS VIBRAÇÕES
PROFESSOR HUMBERTO CAMARGO PICCOLI

VIBRAÇÕES TORCIONAIS

Laura Campesatto
Matrícula 109428

Rio Grande, setembro de 2020

 1. Introdução
No estudo de vibrações são utilizados, como ferramenta, modelos matemáticos
desenvolvidos com o intuito de auxiliar no seu discernimento e facilitar sua aplicação na
engenharia. O presente trabalho busca apresentar os conhecimentos adquiridos nas aulas
online de Vibrações Mecânicas a respeito das vibrações torcionais e também uma
posterior pesquisa sobre suas aplicações. No primeiro momento, o assunto é abordado
através de modelos teóricos usualmente aplicados nesse estudo e após são citadas
situações aplicadas à Engenharia Mecânica e uma análise mais aprofundada é feita para
eixos de transmissão.
2. Vibrações Torcionais

2.1. Definição
Segundo Rao (2008) vibração torcional é a oscilação de um corpo rígido em
relação à um eixo de referência, a qual possui momento proveninete da torção de um
elemento elástico ou de um desbalanceamento das forças do sistema. Logo, o movimento
é expresso em termos de coordenadas angulares.
2.2. Abordagem Teórica
Tendo como base o exemplo didático que exemplifica um sistema composto de
uma haste cilíndrica sólida engastada, de comprimento l, diâmetro da seção transversal d
e rigidez 𝑘𝑡 , junto a um disco de diâmetro D, espessura h e momento de inércia de massa
J0 , como mostra a Figura 1.
Figura 1 – Disco sob torção

Fonte: RAO (2008)

A Figura 1 indica que o disco está submetido a uma torção θ. O ângulo de torção
em eixos circulares é dado pela fórmula:
 𝑀𝑡 𝑙
𝜃=
𝐽𝐺
Onde, G é o móduo de elasticidade transversal, 𝑀𝑡 é o momento que gera o deslocamento
angular θ e J é o momento de inércia polar da seção transversal do eixo que é dado por:
𝜋𝑑 4
𝐽=
32
Nos casos onde a seção transversal não for cilíndrica é utilizado seu respectivo momento
de inércia.
A rigidez da barra cilíndrica se dá analogamente à equação da rigidez de molas
translacionais 𝐹 = 𝑘𝑥 (Segunda Lei de Newton), visto que o eixo produzirá um momento
quando o disco rotacionar uma distância θ:
𝑀𝑡 𝐺𝐽
𝑘𝑡 = =
𝜃 𝑙
2.2.1. Equação do Movimento
Considerando o diagrama de corpo livre do disco (Figura 2), a equação do
movimento do disco pode ser derivada, encontrando:

𝐽0 𝜃̈ + 𝑘𝑡 𝜃 = 0
Onde o momento de inércia de massa é obtido a partir de:
𝑚𝐷2
𝐽0 =
8
Uma vez que m é a massa total do disco.
Figura 2 – Diagrama de Corpo Livre

Fonte: Rao (2008)

De forma análoga, em relação às equações de mola de movimento linear, pode-se deduzir

a frequência natural e a equação geral do movimento:

𝑘𝑡
𝜔𝑛 = √
𝐽0

𝜃 (𝑡) = 𝐴1 𝑐𝑜𝑠𝜔𝑛 𝑡 + 𝐴2 𝑠𝑒𝑛𝜔𝑛 𝑡

Onde as constantes são determinadas a partir do estado inicial (t=0).
 𝜃(𝑡=0) = 𝜃0

𝐴1 = 𝜃0

𝜃̇(𝑡=0) = 𝜃̇0

𝜃̇0
𝐴2 =
𝜔𝑛

𝜃̇0
𝜃 (𝑡) = 𝜃0 𝑐𝑜𝑠𝜔𝑛 𝑡 + 𝑠𝑒𝑛𝜔𝑛 𝑡
𝜔𝑛
2.3. Exercício Proposto
Considere um disco circular de raio r e massa m igual a 2kg que possui em seu
centro uma mola com rigidez k de 1500N/m conectada, como mostra a Figura 3.
Encontrar a equação do movimento e a frequência natural do sistema.
Figura 3 – Sistema Massa Mola

2.3.1. Solução
Primeiramente, analisando as forças que atuam no disco conclui-se que as forças
de atrito e da mola estão no mesmo sentido, então, aplicando a segunda lei de Newton
obtém-se:
𝑚𝑥̈ + 𝑘𝑥 + 𝐹𝑎𝑡 = 0 (1)
Sabendo que:
2 2
𝑚𝐷 𝑚𝑟
𝐽0 = = (2)
8 2
Realizando o somatório de momentos que agem no disco:

𝐽0 𝜃̈ − 𝐹𝑎𝑡 𝑟 = 0
 𝑚𝑟 2
𝜃̈ = 𝐹𝑎𝑡 𝑟
2
𝑚𝑟
𝐹𝑎𝑡 = 𝜃̈ (3)
2
Substituindo (3) em (1):
𝑚𝑟
𝑚𝑥̈ + 𝑘𝑥 + 𝜃̈ = 0
2
Aqui, deve-se levar em consideração a hipótese de que θ é um ângulo pequeno, onde senθ
≈ θ e o deslocamento que o ângulo provoca no disco será 𝑥 = 𝑟θ, análogamente 𝑥̈ = 𝑟θ̈.
Assim, a equação do movimento é:
𝑚
𝑚𝑥̈ + 𝑘𝑥 + 𝑥̈ = 0
2
3𝑚
𝑥̈ + 𝑘𝑥 = 0
2
3 𝑥̈ + 1500𝑥 = 0
Logo, a massa equivalento do sistema é 3kg e a sua frquência natural é:

𝑘
𝜔𝑛 = √ = 22,36 𝑟𝑎𝑑/𝑠
𝑚𝑒𝑞

3. Na prática
O estudo das vibrações torcionais é muito aplicado a máquinas de transmissão de
potência, sistemas de eixos de rotação, engrenagens e correias, onde essas oscilações,
sobrepostas à velocidade de operação do equipamento, podem ocasionar no
desbalanceamento de eixos, desgaste de componentes e gerar grandes falhas.
3.1. Eixos de Transmissão
Com a necessidade de transmitir movimentos ou alternar movimento circular para
linear, os eixos rotativos são empregados na maioria dos projetos de máquinas industriais.
Geralmente, um dos elementos de maior ocorrência de falhas nesse tipo de equipamento
são os mancais, que possuem vida finita e estão sujeitos a maiores carregamentos
mecânicos do que outros componentes. Logo, torna-se necessária a análise periódica de
vibrações nessas máquinas para prolongar a vida útil do equipamento.
Segundo Rao (2008), quando um eixo, com um disco rotativo, possui uma massa
desbalanceada, algumas vibrações indesejáveis podem surgir. A frequência de rotação do
eixo nunca deve se aproximar da natural do sistema, pois poderá gerar oscilações de
grandes amplitudes (ressonância).
 Figura 4 – Eixo desbalanceado

Fonte: Rao (2008)

As vibrações de rotação ao redor do eixo, longitudinalmente, são referentes as

vibrações torcionais nesse tipo de quipamento. As forças atuantes irão variar com o
quadrado da velocidade angular, logo, as vibrações torcionais tem mais impacto em
equipamentos de alta rotação.
3.1.1. Amortecedores Torcionais
As vibrações torcionais podem ser reduzidas diminuindo a rigidez entre o motor
e a transmissão, com isso, foi possível desenvolver amortecedores torcionais. Tais
amortecedores limitam o movimento rotacional entre o volante do motor e o eixo de
entrada da transmissão, sendo possível reduzir os choques em sistemas de transmissão
onde há mudanças de torque bruscas, eles também diminuem os picos de frequência de
ressonâncias. São comumente empregados em sistemas de transmissão de automóveis.
Os amortecedores mais utilizados são do tipo viscoso que possuem um anel de
inércia suspenso em fluido de silicone, que é um dos fluidos mais eficientes para fins de
amortecimento. O anel move-se para frente e para trás livremente em meio ao fluido,
podendo controlar a vibração em todas intensidades de rotação da máquina. Mantendo os
componentes protegidos contras os danos das vibrações.
Figura 5 – Amortecedor torcional viscoso

Fonte: https://www.knorrbremse.com.br/pt/commercialvehicles/products_1/dampres/dampers.jsp
 4. Conclusão
Devido ao vasto campo de aplicação de vibrações torcionais na Engenharia
Mecânica, foi apresentado aqui apenas uma parcela da pesquisa existente nesse meio.
Porém, tal trabalho, auxiliou na fixação do conteúdo visto em aula e no maior
compreendimento do uso prático dos modelos matemáticos antes vistos.
5. Referências

RAO, S. S. Vibrações mecânicas. 4. ed. São Paulo: Pearson Prince Hall, 2008.

SILVA, G. Estudo do Comportamento Vibratório Torcional do Trem de Potência

de um Aerogerador de Eixo Horizontal, 2015. 111 f. Dissertação (Mestrado em Ciências)
- Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

da Silva, Fernando Ribeiro, VIBRAÇÕES MECÂNICAS, Departamento de

Engenharia Mecânica, Setembro 2011.

knorrbremse.com.br/pt/commercialvehicles/products_1/dampres/dampers.jsp