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Acessibilidade e mobilidade espaciais

da população na Região Metropolitana


de Belo Horizonte: análise com base
no censo demográfico de 2010
Spatial accessibility and mobility of the population
in the Metropolitan Region of Belo Horizonte:
analysis based on the 2010 demographic census

Carlos Lobo
Leandro Cardoso
David J. A. V. Magalhães

Resumo
A Região Metropolitana de Belo Horizonte, a exem- Abstract
plo de outras grandes metrópoles nacionais, apre- The Metropolitan Region of Belo Horizonte, like
senta condições inadequadas de deslocamento de others in Brazil, offers inadequate conditions
pessoas e mercadorias. Somadas às precariedades for the movement of people and commodities.
dos transportes públicos coletivos e aos elevados In addition to the precariousness of the public
índices de acidentes de trânsito, têm sido agrava- transportation system and the high rates of traffic
dos os problemas referentes a congestionamentos accidents, one can observe a gradual worsening
e poluição, fatores que impactam negativamente of problems related to traffic jams and pollution,
a vida das pessoas e as diversas atividades sociais factors that negatively impact the quality of urban
e econômicas. Torna-se relevante, nesse aspecto, life and economy. Therefore, it is relevant to
aprofundar nas investigações acerca das condições carry out a diagnosis of the conditions of spatial
de acessibilidade e mobilidade espaciais nesses accessibility and mobility in these urban areas.
aglomerados urbanos. Este artigo tem por objetivo This article proposes and analyzes indicators of
a proposição e a análise de indicadores de acessibi- spatial accessibility and mobility of people among
lidade e de mobilidade espaciais da população nos the cities located within the metropolitan region
fluxos intermunicipais na RMBH, tendo como base of Belo Horizonte (Southeastern Brazil), based on
os valores de distância, tempo e velocidade média the values of distance, time and average speed
dos deslocamentos identificados na base amostral of movements identified in the Brazilian census
do censo demográfico de 2010. sample of 2010.
Palavras-chave: acessibilidade; mobilidade; regiões Keywords: accessibility; mobility; metropolitan
metropolitanas; censo demográfico; Belo Horizonte. regions; demographic census; Belo Horizonte.

Cad. Metrop., São Paulo, v. 15, n. 30, pp. 513-533, dez 2013
http://dx.doi.org/10.1590/2236-9996.2013-3007
Carlos Lobo, Leandro Cardoso, David J. A. V. Magalhães

Introdução atividades sociais e econômicas, indispensáveis


à manutenção da dinâmica urbana. Ademais,
pela falta de alternativas de acessibilidade em
A mobilidade e a acessibilidade urbanas são outras direções e pela intensa centralização
atributos das cidades e representam duas das ainda presente em algumas das principais re-
mais importantes vantagens comparativas pro- giões metropolitanas brasileiras, os transportes
piciadas pelo espaço urbano, em face de suas podem agravar convergências para polos já sa-
alternativas em termos de localização de ativi- turados, elevando custos econômicos e sociais
dades e serviços. Nesse contexto, as principais da cidade e obrigando a população residente
metrópoles nacionais possibilitam facilidade de na periferia metropolitana a percorrer grandes
contatos que colocam os cidadãos metropoli- distâncias para usufruir os serviços que somen-
tanos diante de oportunidades de transações, te as áreas centrais fornecem (Hicks, 1979),
comunicação social e consumo, não raro indis- contribuindo, em última análise, para o declínio
poníveis em espacialidades urbanas de menor na qualidade de vida urbana.
porte e/ou mais afastados das áreas mais de- A Região Metropolitana de Belo Horizon-
senvolvidas economicamente, fato que poten- te (RMBH) afigura-se como um exemplo escla-
cializa a sua atratividade. recedor dessas afirmações, uma vez que a Ca-
Com efeito, os serviços de transporte e pital do estado de Minas Gerais recebe, diaria-
trânsito, em particular, afiguram-se como um mente, a partir de dados censitários, elevados
dos meios de consumo coletivo que apresen- contingentes de trabalhadores que residem nos
tam problemas mais visíveis e sentidos pela po- municípios da periferia metropolitana, dado o
pulação, independentemente da classe social seu grau de polarização de oportunidades de
(embora os mais pobres sejam notoriamente trabalho e serviços. Consequentemente, tanto
mais prejudicados), uma vez que esses siste- o sistema de transporte público (inter e intra)
mas interagem diretamente com a estruturação municipal (majoritariamente realizado por ôni-
do espaço. Fruto de um crescimento urbano bus) quanto o sistema de circulação são ainda
acelerado, pautado principalmente pela ado- mais onerados por uma crescente demanda por
ção de um modelo de planejamento econômi- deslocamentos motivados pelo trabalho, situa-
co voltado para o incentivo à industrialização, ção também compartilhada por outras grandes
tais condições, associadas às precariedades dos cidades brasileiras.
transportes públicos coletivos e, principalmen- Nesse sentido, este artigo tem como
te, ao incremento da utilização de modalidades objetivo principal a proposição e a análise de
de transporte individual, têm contribuído para indicadores de acessibilidade e de mobilidade
o avanço de problemas referentes aos elevados espaciais da população nos fluxos intermuni-
índices de acidentes de trânsito, ao aumento cipais na RMBH, tendo como base os valores
dos congestionamentos viários e dos níveis de de distância, tempo e velocidade média dos
poluição, fatores que acarretam processos de deslocamentos identificados no questionário
vulnerabilidade social, uma vez que impactam amostral do censo demográfico de 2010, rea-
negativamente a vida das pessoas e as diversas lizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia

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e Estatística (IBGE). Para tanto, foram sele- Nesse contexto, a proposta deste trabalho ga-
cionados os deslocamentos motivados pelo nha ainda maior relevância por sugerir o apro-
trabalho e originados nos municípios que inte- veitamento do censo demográfico como outra
gram a periferia da RMBH com destino a Be- fonte consistente de dados que, pela primeira
lo Horizonte. A partir dessa base de dados foi vez em toda a sua série histórica, inseriu no
possível identificar os fluxos entre as unidades seu questionário informações sobre mobilidade
espaciais denominadas Áreas de Ponderação e acessibilidade (ainda que menos detalhadas
(Areap), o que permitiu não somente obter que as pesquisas OD). Ademais, a metodolo-
sinais acerca da (in)eficiência das condições gia aqui empregada pode também servir de
de deslocamento intermunicipal na RMBH, referência para estudiosos que necessitem em-
também associadas à confirmação da elevada preender investigações sobre municípios que
centralidade metropolitana da capital mineira não realizam pesquisas OD periodicamente.
em relação ao restante da RMBH, mas ainda
obter uma análise comparativa das condições
de acessibilidade e mobilidade nas nove prin-
cipais regiões metropolitanas do país. Importa
Breves notas sobre a
ressaltar que a metodologia de análise propos- acessibilidade e a mobilidade
ta neste artigo pode ser útil na elaboração de urbanas em Belo Horizonte:
novos indicadores de acessibilidade e mobili- aspectos conceituais
dade urbanas, úteis às discussões públicas e à
e metodológicos
elaboração e proposição de políticas de trans-
porte e trânsito urbanos.
Importa ressaltar que tais investigações O conceito de acessibilidade é objeto de recor-
poderiam ser realizadas, até com maior preci- rentes controvérsias e discussões, sobretudo
são, utilizando-se dados da Pesquisa Domici- por ser comumente utilizado por uma signifi-
liar de Origem e Destino (OD), a qual fornece cativa gama de ramos do conhecimento (Lobo,
informações diversas sobre os municípios que Cardoso e Matos, 2010). O amplo emprego do
integram a RMBH, como por exemplo, aspectos termo em várias circunstâncias conduz a equí-
socioeconômicos e demográficos relativos ao vocos conceituais, o que o leva a certa desca-
indivíduo e ao domicílio de moradia, o tempo racterização conceptual. Não raro, os termos
gasto entre a moradia e o local de trabalho, o acessibilidade e mobilidade são considerados
modo de transporte utilizado, entre outros. Para sinônimos. Jones (1981), por exemplo, relacio-
o caso belo-horizontino, entretanto, há uma ca- na o conceito de acessibilidade a oportunida-
rência de dados atualizados sobre mobilidade de que um indivíduo possui para participar de
e acessibilidade espaciais, tendo em conta que uma atividade em um dado local. Essa po- ten-
a pesquisa OD mais recente realizada na RM- cialidade disponibilizada pelo sistema de trans-
BH data de 2002. Com periodicidade decenal, porte e pelo uso do solo permitiria que diferen-
a Pesquisa OD de 2012 tem previsão de publi- tes tipos de pessoas desenvolvessem suas ati-
cação somente no segundo semestre de 2013. vidades. Ainda de acordo com o autor, o termo

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mobilidade refere-se à capacidade de um indi- dos deslocamentos inter e intraurbanos –,


víduo de se deslocar espacialmente e envolve resultam num processo de discriminação geo-
dois componentes. O primeiro irá depender do gráfica, uma vez que os indivíduos de menos
desempenho do sistema de transporte, reve- posses têm dificultadas suas oportunidades de
lada pela sua capacidade de interligar locais trabalho, estudo, consumo e lazer, justamente
distintos. Já o segundo depende das caracterís- por não conseguirem alcançar pontos diversos
ticas próprias do indivíduo, associadas ao seu da cidade pagando uma única passagem (Car-
grau de inserção perante o sistema de trans- doso, 2007; Silva et al., 1994). A esse respeito,
porte, e das suas necessidades. Noutros ter- Raia Jr. (2000, p. 19) complementa que “a pro-
mos, acessibilidade associa-se à capacidade de pensão de interação entre dois lugares cresce
alcançar um determinado lugar, sendo comu- na medida em que o custo de movimentação
mente mensurada pelo atributo tempo de via- entre eles diminui”. Assim, equipamentos e
gem, enquanto que mobilidade, medida pelo serviços urbanos serão mais acessíveis se esti-
número de viagens/dia por pessoa, relaciona-se verem próximos às áreas residenciais, estando
com a facilidade com que o deslocamento pode a acessibilidade potencializada também pela
ser realizado (Sathisan e Srinivasan, 1998). Iso- utilização de modos de transporte não motori-
ladamente, o conceito de mobilidade também zado, incluindo o andar.
é carregado de indefinições, notadamente por Conforme aponta Villaça (1998, p. 74)
sugerir movimento, mudança, transformação.
[...] a acessibilidade é o valor de uso mais
Desse modo, o termo pode assumir inúmeras importante para a terra urbana, embora
interpretações, podendo estar relacionado à toda e qualquer terra o tenha em maior
mobilidade social, espacial, residencial, etc. No ou menor grau. Os diferentes pontos do
presente trabalho, contudo, o conceito deverá espaço urbano têm diferentes acessibili-
dades a todo o conjunto da cidade.
estar associado à ideia de deslocamento, rela-
cionando-se principalmente à disponibilidade Da mesma forma, Davidson (1995) e
individual por modos de transporte. Hanson (1995) afirmam que uma maior aces-
Convém destacar que, conforme alertam sibilidade se reflete numa maior valorização
Torquato e Santos (2004, p. 1304), “a dotação da terra, uma vez que as suas condições estão
da mobilidade pode ser resolvida no plano in- relacionadas à performance do(s) sistema(s) de
dividual, enquanto que a acessibilidade não se transporte e quantidade de oportunidades (so-
pode negar a pessoas e sim a coletivos”. Des- bretudo de trabalho) disponíveis a uma dada
se modo, num contexto de pobreza, tônica dos distância da residência de cada indivíduo (Han-
países periféricos, a parca incidência de modos sen, 1959), ou seja, a sua dotação também está
alternativos de transporte que independam de associada a um forte componente territorial:
financiamento, como o próprio caminhar, além a localização espacial dos pontos de origem
de problemas relacionados à limitada integra- e destino dos deslocamentos. Nesse contexto,
ção física e tarifária entre os diversos modos áreas mais bem equipadas em termos de infra-
coletivos componentes dos sistemas de trans- estrutura e equipamentos urbanos (incluindo
porte – os quais são responsáveis pela maioria­ os geradores de emprego), e, por conseguinte,

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mais valorizadas economicamente, tenderão De acordo com dados do Departa-


a observar melhores condições de acessibili- mento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-
dade em relação às demais, notadamente se -MG) e do IBGE, enquanto a população de
houver relativa proximidade espacial entre ori- Belo Horizon- te cresceu cerca de 18% entre
gens e destinos. A mobilidade, por seu turno, 1991 e 2011, passando de 2.020.161 para
resguarda estreitas relações com a acessibili- 2.385.638 habi- tantes,­a frota total de veí-
dade, na medida em que envolve a combina- culos cresceu aproximadamente 198%, pas-
ção de políticas de uso e ocupação do solo, sando de 479.805 para 1.429.865 veículos.
transporte e trânsito, uma vez que a geração Tal desequilíbrio na evolução desses dados é
de proximidades entre residência e postos de agravado pelo fato de que a população belo-
trabalho (além de escolas, centros de saúde -horizontina apresentou um declínio no ritmo
e de consumo), somadas a uma boa inserção de crescimento ao longo das últimas décadas
dos cidadãos perante os modos de transporte (em média 1,16% ao ano, entre 1991 e 2000,
disponíveis (oferta, frequência, etc.) e a con- e apenas 0,59% ao ano entre 2000 e 2010),
dições adequadas de circulação viária, possibi- sem qualquer impacto negativo no crescimen-
lita a realização de um número maior de via- to da frota de veículos. A taxa de motorização
gens individuais diárias e, em última análise, do município (que se refere ao número total
um melhor aproveitamento das oportunidades de veículos para cada mil habitantes)­era de
de “consumo” do espaço urbano. 599 veículos/1000­habitantes em 2011, valor
Em Belo Horizonte, a distribuição da muito próximo da cidade de São Paulo, que
acessibilidade e da mobilidade espaciais tem apresentava 618 ve­í­­­c ulos/1000 habitantes
sido recorrentemente caracterizada pela di- (Detran-SP), e superior a países como Japão
fusão de iniquidades, o que resulta na estru- (395), Estados Unidos (478) e Itália (539),
turação de um espaço de circulação no qual, segundo dados do International Road Traffic
a despeito da manutenção de privilégios ao and Accident Database – Irtad (Irtad,­2012).
transporte individual, os estratos mais vulne- Numa observação apressada, pode-se
ráveis (pedestres, ciclistas e usuários de trans- imaginar que esse índice é plenamente favo-
porte público coletivo) têm sido preteridos nos rável à cidade, tendo em conta que a taxa de
seus anseios relacionados à circulação. Nesse motorização é consagrada como um indicador
cenário, não obstante os recentes esforços de geral de desenvolvimento de cidades e países,
variadas esferas do Poder Público (municipal, estando comumente associada a elevações
estadual e federal) de mitigar as históricas no Produto Interno Bruto (PIB) per capita (a
distorções no provimento de acessibilidade, rigor, o PIB de Belo Horizonte cresceu cerca
notadamente a partir da implantação do siste- de 37% entre 2000 e 2009, de acordo com
ma de BRT (Bus Rapid Transit) em alguns dos informações do IBGE). Entretanto, tal análise
principais corredores viários da cidade (não não transcende o conceito tradicional de mo-
incluindo a sua dimensão metropolitana), im- bilidade urbana, contrapondo-se aos preceitos
portantes parcelas da população têm procura- básicos da mobilidade urbana sustentável, que
do resolvê-las individualmente. se refere à

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[...] reunião das políticas de transporte e A análise das condições de mobilidade


de circulação, e integrada com a política e acessibilidade espaciais na RMBH, através de
de desenvolvimento urbano, com a fina-
indicadores específicos, como proposto neste
lidade de proporcionar o acesso amplo
trabalho, permite a construção de um diagnós-
e democrático ao espaço urbano, priori-
zando os modos de transporte coletivo e tico que supera o simples (re)conhecimento
os não motorizados, de forma segura, so- de uma condição dada. Os resultados obtidos
cialmente inclusiva e sustentável. (Brasil, com base nos deslocamentos e suas respec-
2004, p. 3)
tivas relações com os indicadores distância,
tempo e velocidade permitem o reconheci-
A prevalência desse modelo, por sua
mento de padrões distribuídos em nível local,
vez, poderá acarretar importantes mudanças
poderão subsidiar, em trabalhos futuros, a for-
na distribuição modal do transporte na cida-
mulação de medidas propositivas que visem
de. Em 2008, 54,5% das viagens intramu-
minimizar eventuais distorções na distribuição
nicipais diárias eram realizadas por ônibus e
e no provimento da mobilidade e da acessibili-
45,5% feitas em automóveis. Segundo dados
dade metropolitanas.
do Plano de Mobilidade Urbana de Belo Ho-
rizonte (PlanMob-BH),1 criado pela BHTrans,
como um instrumento de orientação das
ações relacionadas ao transporte coletivo, ao Base de dados
transporte individual e ao transporte não mo-
e a operacionalização
torizado, de modo a atender às necessidades
de mobilidade da população do município, a
metodológica
ausência de novos investimentos na melhoria
dos transportes públicos promoverá uma in- Historicamente os censos demográficos têm se
versão nesse quadro em 2020, sendo 52% das consolidado como uma das mais importantes
viagens realizadas por automóveis e 48% pe- bases de dados utilizadas nas diversas verten-
lo transporte coletivo (BHTrans, 2010). Além tes das ciências humanas e sociais. O primeiro
disso, o avanço da motorização tem contri- recenseamento foi realizado no Brasil em 1872,
buído para a manutenção de baixas veloci- quando ocorreu a primeira grande contagem
dades médias do transporte coletivo (modo da população. Até a primeira metade do sé-
ônibus) na capital mineira, que, em 2008, era culo XX, foram realizados os censos de 1890,
de 19,8 km/h na rede viária municipal e 14,3 1900, 1920 e 1940. No entanto, o Brasil adotou
km/h na área central nos horários de pico. Si- os padrões internacionais apenas a partir de
tuação semelhante, resguardadas as devidas 1940, quando o recém-criado IBGE assumiu a
proporções, era vivenciada pelos usuários de tarefa de planejamento, execução e divulgação
automóveis, cujos veículos apresentavam ve- do censo demográfico. Inaugura-se, assim, uma
locidade média de 26,2 km/h no sistema viá- fase de modernização dos censos no Brasil, que
rio municipal e 18 km/h no centro no mesmo passaram a exibir uma periodicidade decenal
período (BHTrans, 2010). (regularidade quebrada pelo Censo de 1991).2

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A partir de então, ampliou-se a temáti- como sendo uma unidade geográfica, forma-
ca com a introdução dos quesitos de interesse da por um agrupamento de setores censitários,
econômico e social nos questionários censi- para a aplicação dos procedimentos de cali-
tários. Desde então, são coletadas nos censos bração das estimativas com as informações
informações referentes às características dos conhecidas para a população como um todo.
domicílios e moradores, o que permite determi- Foram definidas, para todo o Brasil, 10.184
nar o perfil demográfico e socioeconômico da Areaps e, tal como nos censos anteriores, a
população do país, bem como realizar estima- me- todologia de expansão da amostra foi apli-
tivas, estudos e diagnósticos com o objetivo de cada independentemente para cada uma delas.
subsidiar o planejamento e o desenvolvimento Além do limite quanto ao tamanho mínimo
de políticas e programas governamentais razoável, essas áreas também consideraram
Os dados que compreendem as caracte os níveis geográficos mais detalhados da base
rísticas dos domicílios e das pessoas que foram operacio- nal, como forma de atender a de-
investigadas para a totalidade da população mandas por in- formações em níveis geográfi-
são denominados, por convenção, resulta- cos menores que os municípios.
dos do universo. Esses dados foram obtidos Para o Censo 2010, de acordo com o próprio
reu- nindo informações captadas por meio da IBGE, foram usados métodos e sistemas auto-
in- vestigação das características dos domicí- máticos de formação de Areaps que conjugam
lios e das pessoas, que são comuns aos dois critérios tais como tamanho (para permitir
tipos de questionários utilizados para o levan- estimativas com qualidade estatística em áre-
tamento do censo demográfico de 2010. Nele, as pequenas), contiguidade (no sentido de
como descrito na própria documentação dispo- serem constituídas por conjuntos de setores
nibilizada pelo IBGE, foram utilizados dois ti- limítrofes com algum sentido geográfico) e
pos de questionário, que são: (1) questionário homogeneidade em relação a um conjunto de
básico – aplicado em todas as unidades do- características populacionais e de infraestrutu-
miciliares, exceto naquelas selecionadas para ra conhecidas. A fração amostral dos domicílios
a amostra, e que contém a investigação das no Censo de 2010 variou conforme o tamanho
características do domicílio e dos moradores; da população residente em cada município. As
e (2) questionário da amostra – aplicado em proporções foram obtidas de acordo com as
todas as unidades domiciliares selecionadas seguintes classes: (1) até 2.500: 50% dos do-
para a amostra. Além da investigação contida micílios; (2) superior a 2.500 até 8.000: 33%
no questionário básico, abrange outras carac- dos domicílios; (3) superior a 8.000 até 20.000:
terísticas do domicílio e pesquisa importantes 20% dos domicílios; (4) superior a 20.000 até
informações sociais, econômicas e demográfi- 500.000: 10% dos domicílios; e (5) superior a
cas dos seus moradores. 500.000: 5% dos domicílios. Para os 40 municí-
Neste artigo, em função dos propósitos pios com mais de 500.000 habitantes, foi ava-
estabelecidos inicialmente, optou-se em anali- liada a possibilidade de aplicação de frações
sar os deslocamentos a partir das unidades es- amostrais diferentes em cada uma de suas divi-
paciais denominadas Areaps, que são definidas sões administrativas intramunicipais (distritos e

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subdistritos), de forma a permitir a divulgação os municípios centrais de cada região metro-


de estimativas e de microdados nesses níveis politana, processados com base em Sistemas
geográficos. Em todo o território nacional fo- Geográficos de Informação (SIGs). Ainda que
ram selecionados 6.192.332 domicílios para sejam apenas escores aproximados, que ne-
responder ao questionário da amostra, o que cessariamente subestimam a distância real
significou uma fração amostral efetiva da or- percorrida, uma vez que definem a distância
dem de 10,7% para o país. linear entre dois pontos (distância euclidiana),
Uma das importantes inovações trazidas permitem aferir os efeitos da proximidade ou
na atual edição refere-se à inclusão de variá- não ao considerar o tempo de cada desloca-
veis adicionais no quesito referente ao cha- mento. Dessa forma, também é possível es-
mado movimento pendular, o que permitiu a timar a velocidade pela razão entre os valores
distinção da motivação principal daqueles que de distância e tempo, tendo, portanto, um
trabalhavam ou estudavam em um município importante indicador de acessibilidade e mo-
diferente daquele de residência na data de bilidade espacial da população no interior das
3
referência do levantamento censitário. Para regiões metropolitanas e de suas regiões inte-
a pessoa com mais de 10 anos de idade, que gradas de desenvolvimento.
trabalhava fora do domicílio e retornava diaria-
mente, exceto para aquele que trabalhava em
mais de um município ou país, foi pesquisado o Análise das condições
tempo habitual gasto de deslocamento do do-
micílio até o trabalho principal. Os intervalos
de acessibilidade e mobilidade
de tempo de deslocamento do domicílio para espaciais intermunicipais
o trabalho principal foram classificados em: na RMBH: algumas
até cinco minutos, de seis minutos até meia evidências empíricas
hora, mais de meia hora até uma hora, mais
de uma hora até duas horas, ou mais de duas­ Antes de considerar os indicadores de acessibi-
horas. Com base nesse agrupamento, consi- lidade e a mobilidade intermunicipais metropo-
derados os valores centrais de cada classe, litanas, apoiadas em uma análise comparativa
foi possível estimar o tempo médio gasto no dessas condições nas nove principais Regiões
deslocamento diário daqueles que declararam Metropolitanas (RMs) nacionais e as suas res-
residir nas Areaps pertencentes aos municípios pectivas Regiões Integradas de Desenvolvi-
da periferia que declararam trabalhar no cen- mento (Rides), conforme a subdivisão territo-
tro metropolitano. rial adotada no censo demográfico de 2010,4
A estimativa da distância, em função convém realizar uma breve análise do grau de
das limitações inerentes às informações dispo- centralidade das regiões em questão. Para tan-
níveis na base de dados censitária, foi obtida to, serão comparados dados sobre a proporção
tendo como referência os centróides relativos dos trabalhadores residentes nos municípios
aos polígonos que representam as Areaps e das periferias metropolitanas, os quais realizam

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movimentos pendulares diários com destino incrementos populacionais bem mais significa-
aos núcleos metropolitanos, e aqueles que de- tivos do que Belo Horizonte, os quais experi-
clararam trabalhar no próprio município de re- mentaram taxas de crescimento populacional
sidência. As RMs estudadas são apresentadas anual da ordem de 6,84%, 5,01% e 4,40%
na Figura 1. entre os períodos de 1970/1980, 1980/1991 e
Um dado que desperta imediata aten- 1991/2000, respectivamente. Nesses mesmos
ção é o significativo número de respondentes períodos, o município de Belo Horizonte apre-
que declarou trabalhar no mesmo município sentou taxas anuais de 3,73%, 1,15% e 1,10%.
de residência em todas as regiões metropo- Esses diferenciais no ritmo de crescimento da
litanas analisadas. Excetuando as regiões do periferia metropolitana tiveram reflexo na evo-
Rio de Janeiro e do Recife, que apresentaram, lução da participação do core metropolitano
respectivamente, 59,88% e 57,99% de traba- nos estoques totais de população na região.
lhadores nessas condições, todas as demais Desde 1970, a periferia metropolitana vem
experimentaram percentuais superiores a crescendo em volume e na proporção da po-
62% (com destaque para Salvador e Fortale- pulação regional. Em 2000, 48,63% da popu-
za, com índices acima de 70%). Esse fenôme- lação da região metropolitana residia fora de
no pode estar relacionado às expressivas mu- Belo Horizonte (em 1970 essa proporção era
danças que marcaram a reversão na tendên- de apenas 33,59%), conforme apontam Lobo,
cia de crescimento populacional dos núcleos Cardoso e Matos (2008).
metropolitanos (e, alguns casos, das próprias Percebe-se, por outro lado, a elevada
regiões metropolitanas), os quais tiveram iní- polarização dos núcleos das Regiões Metropo-
cio na década de 1970, que, até então, apre- litanas de Belém, Curitiba, Recife e Rio de Ja-
sentava um padrão predominantemente cen- neiro, com uma atratividade superior a 25% de
tralizador. O arrefecimento do crescimento trabalhadores metropolitanos que residem fora
populacional dos núcleos metropolitanos é re- dessas capitais.
sultado, entre outros aspectos, do avanço das O caso do Rio de Janeiro merece atenção
chamadas deseconomias de aglomeração, que especial, já que, não obstante a grande atrati-
incluem fatores sociais, como o aumento da vidade da capital fluminense, cerca de 15% dos
criminalidade urbana, e refletem incrementos trabalhadores residentes nessa região declara-
pela elevação dos custos de moradia e traba- ram trabalhar em um município metropolitano
lho (Redwood, 1984). diferente do núcleo e do próprio município de
No caso belo-horizontino, centro das residência. Tal fato pode ser explicado por um
in- vestigações deste trabalho, a partir dos relativo dinamismo econômico de outros muni-
anos de 1970, como já demonstraram Rigot- cípios integrantes da Região Metropolitana do
ti e Rodrigues (1994), Matos (1995) e Rigotti Rio de Janeiro, a exemplo de Niterói, que, por
(1999), dentre outros, era perceptível uma de- prefigurar-se como um dos principais centros
saceleração no ritmo de crescimento da capital financeiros, comerciais e industriais do Estado,
mineira. A partir desse momento, os municí- pode exercer certa atratividade de trabalhado-
pios da periferia da RMBH vêm apresentando res de outras cidades metropolitanas.

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Figura 1 – Proporção da população dos municípios da periferia


que declarou trabalhar no próprio município de residência
e no respectivo núcleo metropolitano – Regiões Metropolitanas
e Regiões Integradas de Desenvolvimento – Brasil (2010)

Recife
Rio de Janeiro
São Paulo
Curitiba
Belém
Porto Alegre
Belo Horizonte
Fortaleza
Salvador

0 10 20 30 40 50 60 70 80
%
No núcleo metropolitano No próprio município

Fonte: Censo demográfico de 2010 (dados da amostra).

Exercendo uma centralidade menor, A Região Metropolitana de Salvador, por


mas não menos significativa, encontram-se as sua vez, apresenta dados que destoam bastan-
regiões­de Belo Horizonte, São Paulo, Fortaleza te das demais regiões, uma vez que a capital
e Porto Alegre, cujos núcleos atraem, em mé- é destino de cerca de 11% dos trabalhadores.
dia, cerca de 20% da mão de obra residente Outros 76% trabalham no município de ori-
nas periferias. A Região Metropolitana de Porto gem e cerca de 13% em outras cidades que
Alegre, da mesma forma que a do Rio de Janei- integram a respectiva região. É possível que o
ro, apresenta aproximadamente 16% de traba- município de Camaçari responda por parte des-
lhadores residentes em municípios da periferia sa atratividade de trabalhadores, notadamente
que realizam movimentos pendulares diários por abrigar um importante complexo industrial
para outras cidades metropolitanas que não químico, petroquímico e automotivo (embora
as de origem e o core. Nesse caso, municípios essas informações não tenham sido alvo de
como Canoas, que detém indústrias e centros tabulação neste trabalho, assim como algumas
de ensino superior, e Triunfo, que abriga um im- ponderações feitas sobre as regiões do Rio de
portante polo petroquímico, podem responder Janeiro e de Porto Alegre, tendo em conta os
por atrair parte da mão de obra metropolitana. seus objetivos principais).

522 Cad. Metrop., São Paulo, v. 15, n. 30, pp. 513-533, dez 2013
Acessibilidade e mobilidade espaciais da população na RM de Belo Horizonte

No tocante à mobilidade, em princípio, o viagem (1,57 h e 1,36 h, respectivamente). Os


alto número de deslocamentos direcionados aos elevados tempos de viagem, no entanto, po-
núcleos, incluindo Belo Horizonte (que recebia, dem ser justificados pelas maiores distâncias
em 2010, 22,82% dos trabalhadores – 332.314 médias de deslocamento nestas regiões (Rio de
– da periferia metropolitana), poderia­sugerir Janeiro: 31,12 km; São Paulo: 26,79 km).
que as populações das respectivas regiões­me- Belo Horizonte, por sua vez, apresentou
tropolitanas apresentam elevados níveis a esse um dos piores índices de eficiência, com o ter-
indicador. Se considerada a mobilidade relativa- ceiro pior tempo de viagem (1,13 h), mesmo
mente aos deslocamentos intermunicipais, esta apresentando a quarta menor distância média
análise é verdadeira, uma vez que as regiões entre origem e destino (17,63 km). Tais resulta-
que apresentam núcleos metropolitanos mais dos podem ser compreendidos, em parte, pela
atrativos gerariam um grande número de via- inexistência de modalidades de transporte so-
gens e, por conseguinte, perceberiam melhores bre trilhos com abrangência verdadeiramente
condições de mobilidade. Contudo, conforme metropolitana (diferentemente dos casos do
citado, a mobilidade é tradicionalmente mensu- Rio de Janeiro e de São Paulo). Cabe ressaltar
rada pelo número de viagens individuais diárias. que o Trem Metropolitano de Belo Horizonte
Como os dados do Censo 2010 não permitem caracteriza-se por possuir tecnologia de metrô
a investigação desses dados, pode-se inferir, (de superfície) e, em termos “potenciais”, aten-
empiricamente, que seja provável que os índi- der a parte da RMBH. Todavia, apresenta uma
ces de mobilidade nessas regiões não sejam tão limitada abrangência espacial, essencialmente
elevados, já que se tratam de movimentos pen- local, possuindo um único ramal (denominado
dulares (que tendem a envolver maiores distân- Linha 1), que conta com 28,1 km de extensão,
cias), fato que limita a ocorrência de um maior ligando a Regional Venda Nova (Estação Vila-
número de deslocamentos individuais (inclusive rinho) até o município de Contagem (Estação
intramunicipais), para a realização de outras Eldorado). Noutros termos, estabelece conexão
atividades além das laborais. entre a porção norte de Belo Horizonte, mar-
Quanto à acessibilidade, a partir das in- geando a área central, com parte de (reduzida)
formações apresentadas na Tabela 1, as regiões porção oeste da RMBH, deixando desassistidos
de Belém, Recife e Belo Horizonte apresentam outros 32 municípios metropolitanos. Segundo
as menores velocidades médias de desloca- informações da Companhia Brasileira de Trens
mento direcionado aos seus núcleos (16,29 Urbanos (CBTU), empresa federal que gerencia
km/h, 16,43 km/h, e 19,39 km/h) comparati- o sistema, as viagens têm, atualmente, a dura-
vamente às demais, que apresentaram veloci- ção média de 44,7 minutos entre as estações
dades médias superiores a 20 km/h. Merecem Vilarinho e Eldorado (CBTU, 2013). Conside-
destaque as Regiões Metropolitanas do Rio de rando essa relação entre distância percorrida
Janeiro e São Paulo, que apresentaram maior e tempo de viagem realizada pelo Trem Metro-
eficiência em termos de acessibilidade, com ve- politano, a sua (necessária) ampliação poderia
locidades médias superiores a 25 km/h, ainda contribuir para a melhoria dos indicadores de
que experimentassem os maiores tempos de acessibilidade da RMBH.5

Cad. Metrop., São Paulo, v. 15, n. 30, pp. 513-533, dez 2013 523
Carlos Lobo, Leandro Cardoso, David J. A. V. Magalhães

Tabela 1 – Média de distância, tempo e velocidade dos deslocamentos


da população residente nos municípios da periferia que declarou trabalhar
no respectivo núcleo metropolitano – Regiões Metropolitanas
e Regiões Integradas de Desenvolvimento – Brasil (2010)

Acessibilidade
Região Metropolitana
(municípios da periferia)
Distância (em km) Tempo (em horas) Velocidade (km/h)

Belém 13,63 1,07 16,29


Belo Horizonte 17,63 1,13 19,39
Curitiba 20,14 0,99 27,13
Fortaleza 17,11 0,93 22,96
Porto Alegre 19,5 1,00 24,33
Recife 12,75 1,01 16,43
Rio de Janeiro 31,12 1,57 25,22
Salvador 20,95 1,09 25,04
São Paulo 26,79 1,36 26,15

Fonte: Censo Demográfico de 2010 (dados da amostra).

Ao analisar a acessibilidade para o de deslocamentos destinados a Belo Hori-


ca- so da RMBH, com base nos valores de zonte superior a 5.000. Na mesma Figura 2,
representados na Figura 2, percebe-se que o considerados os parâmetros que apresenta
maior número de deslocamentos com destino a proporção que os fluxos para o core repre-
a Belo Horizonte, em termos absolutos, tem sentam em relação à população que declarou
origem em municípios mais próximos da Ca- trabalhar, os resultados se revelam um pouco
pital (a chamada periferia imediata), que en- distintos. Com comportamento semelhante ao
cerram maior facilidade (potencial) de acesso observado nos resultados absolutos, os eixos
em função dessa proximidade espacial e do norte, leste e sudoeste da RMBH afiguram-
avanço de processos de conurbação. Mere- -se como os que apresentam maiores índices
ce menção os deslocamentos originados nas proporcionais de movimentos pendulares
Areaps­localizadas em porções dos municípios com destino à Capital mineira. Tratam-se de
do eixo norte da RMBH (Vespasiano, Ribeirão áreas­que, historicamente, apresentam eleva-
das Neves e Santa Luzia), dos vetores oeste e da dependência econômica de Belo Horizonte,
sudoeste (Contagem, Betim e Ibirité), do ve- prefigurando-se como “cidades dormitório”, a
tor leste (Sabará) e do eixo sul (Nova Lima). exemplo de Ribeirão das Neves, Santa Luzia,
Em cada uma delas detectou-se um número Ibirité e Sabará.

524 Cad. Metrop., São Paulo, v. 15, n. 30, pp. 513-533, dez 2013
Acessibilidade e mobilidade espaciais da população na RM de Belo Horizonte

Outros municípios, como Nova Lima, por uma rodovia federal (BR-040), a qual, pe-
Contagem e Betim, revelaram baixos índices las suas características de ligação regional e,
de movimentos pendulares (proporcionalmen- consequentemente, de priorização do tráfego
te à população trabalhadora) com destino ao de passagem (atravessamento), viabiliza uma
núcleo. Esses resultados atestam que, ainda maior fluidez viária, comparativamente às re-
que Belo Horizonte tenha mantido sua centra- des viárias intraurbanas.
lidade ao longo das últimas décadas, há um Ainda em relação ao indicador tempo,
ganho de autonomia de um número razoável algumas Areaps pertencentes a municípios
de municípios na região. Conforme já descri- conurbados a Belo Horizonte, diferentemente
to por Lobo, Cardoso e Matos (2008), vários da média observada, apresentaram tempos
municípios antes apresentados como meras médios relativamente elevados (superiores a
cidades-dormitórios nas décadas de 1960 e uma hora). É caso de frações dos municípios
1970, além de ampliar suas inter-relações com de Ibirité (sudoeste) e Santa Luzia (norte),
o core, apresentam forte desenvolvimento de os quais, não obstante o fato de fornecerem
determinadas funcionalidades eminentemente importantes contingentes de mão de obra
urbanas, o que tem permitido que uma cres- para o core (o que gera maior pressão sobre
cente parcela da população local tenha suas os seus sistemas viário e de transporte), têm
atividades econômicas/profissionais desen- acesso dificultado a ele em função dos eleva-
volvidas no próprio município de residência, o dos índices de saturação do tráfego nas res-
que tem diminuído a proporção e/ou o volume pectivas vias de conexão com Belo Horizonte
daqueles que fazem movimentos diários entre (os chamados gargalos). No vetor sudoeste o
a periferia e núcleo metropolitano. acesso é realizado pela Avenida Amazonas,
A Figura 3, que apresenta dados sobre o que, além de interligar a Capital a grande
tempo médio e a velocidade dos deslocamen- parte do vetor oeste, em especial, Contagem
tos de trabalhadores para Belo Horizonte, mos- e Betim (que abrigam o principal complexo
tra que, à exceção da cidade de Sete Lagoas industrial do Estado), tem como agravante a
(vetor noroeste), os tempos de viagem mais confluência com o Anel Rodoviário (construí-
elevados têm origem em Areaps mais distantes do, na década de 1960, para retirar o tráfego
do core metropolitano (Figura 2). Esse é um de caminhões das áreas centrais do município
resultado esperado, considerando que desloca- e que atualmente recebe também tráfego de
mentos mais longos tendem a apresentar tem- características eminentemente urbanas). No
pos maiores de viagem, sobretudo no contexto vetor norte a ligação é realizada pela Aveni-
da RMBH, que, como alertado anteriormente, da Cristiano Machado, que integra a recém-
não dispõe, com abrangência metropolitana, -inaugurada Linha Verde, configurando-se
de modos de transporte coletivo dotados de como o principal corredor de ligação não so-
maior eficiência, como o metrô. Quanto à si- mente com os municípios desse vetor, mas,
tuação de Sete Lagoas, que pertence à Ride, principalmente, a importantes equipamentos
esta pode ser explicada em razão do acesso à e serviços, como a Cidade Administrativa (se-
Belo Horizonte ser realizado, eminentemente, de do Governo de Minas Gerais), localizada

Cad. Metrop., São Paulo, v. 15, n. 30, pp. 513-533, dez 2013 525
Carlos Lobo, Leandro Cardoso, David J. A. V. Magalhães

no município de Vespasiano,­ e o Aeroporto de congestionamentos­viários, principalmente


Internacional Tancredo Neves, situado no mu- nos horários de pico, períodos em que é rea-
nicípio de Confins. lizada a maior parte das viagens motivadas
Em relação à velocidade média dos pelo trabalho. Por seu turno, os trabalhadores
des- locamentos (Figura 3), as Areaps in- que realizam deslocamentos mais longos rumo
tegrantes de municípios conurbados a Belo ao core metropolitano também enfrentam os
Horizonte apresentaram menores velocida- mesmos problemas, porém, em grande me-
des (inferiores a 20 km/h) em comparação às dida, nas proximidades do perímetro de Belo
mais distantes do núcleo. Tal resultado pode Horizonte, o que contribui para que as veloci-
ser compreendido em razão das característi- dades médias percebidas sejam relativamente
cas de tráfego das principais vias de acesso à maiores, considerando que parte da viagem
Capital, as quais, já a partir do perímetro da acontece em melhores condições de fluidez
cidade, tendem a reproduzir compor tamentos viá­ria (tanto para usuários do transporte públi-
típicos de vias intraurbanas, em geral, reféns co quanto do transporte individual).

526 Cad. Metrop., São Paulo, v. 15, n. 30, pp. 513-533, dez 2013
Acessibilidade e mobilidade espaciais da população na RM de Belo Horizonte

Figura 2 – Número e percentual de deslocamentos diários da população


dos municípios da periferia que declarou trabalhar em Belo Horizonte (2010)

% dos deslocamentos
20 - 606
607 - 1915
1916 - 3556
3557 - 5519
5520 - 12685
Limite RMBH
Divisão de classes pelo
método “Natural Breaks”

% dos deslocamentos
0,35 - 8,72
8,73 - 21,19
21,20 - 32,63
32,64 - 47,31
47,32 - 68,21
Limite RMBH
Divisão de classes pelo
método “Natural Breaks”
Fonte: Censo demográfico de 2010 (dados da amostra)

Cad. Metrop., São Paulo, v. 15, n. 30, pp. 513-533, dez 2013 527
Carlos Lobo, Leandro Cardoso, David J. A. V. Magalhães

Figura 3 - Média de tempo e velocidade dos deslocamentos


da população residente nos municípios da periferia que declarou
trabalhar em Belo Horizonte, 2010

Tempo (em horas)


Limite RMBH
menos de 0,85
0,86 - 1,12
1,13 - 1,33
1,34 - 1,54
mais de 1,55
Divisão de classes pelo
método “Natural Breaks”

Velocidade (km/h)
Limite RMBH
menos de 22,11
22,12 - 35,67
35,68 - 55,55
55,56 - 92,87
mais de 92,88
Divisão de classes pelo
método “Natural Breaks”
Fonte: Censo demográfico de 2010 (dados da amostra)

528 Cad. Metrop., São Paulo, v. 15, n. 30, pp. 513-533, dez 2013
Acessibilidade e mobilidade espaciais da população na RM de Belo Horizonte

Considerações finais percentuais)­ com a composição da mão de


obra belo-horizontina, resultado da proximi-
dade espacial e, em alguns casos, da manu-
Na Região Metropolitana de Belo Horizonte tenção da condição de dependência econô-
(RMBH), assim como em diversas outras me- mica da Capital. Além disso, constatou-se
trópoles brasileiras, verifica-se a reprodução de também que, apesar dos tempos de viagem
precariedades na provisão de acessibilidade e com origem em municípios conurbados a Belo
mobilidade espaciais, reflexo da (in)capacida- Horizonte serem relativamente menores em
de de intervenção do Poder Público diante do comparação às cidades mais distantes, a ve-
processo de urbanização e dos círculos viciosos locidade média dos deslocamentos mais lon-
que perpassam os processos de inclusão social gos tende a ser maior do que velocidades das
e desenvolvimento econômico e social. Nesse viagens mais próximas. Os alardeados gar-
contexto, o incremento da motorização indi- galos no trânsito da cidade, sobretudos nas
vidual trouxe vários prejuízos às condições de principais vias de acesso à Capital, já nas pro-
deslocamento da população, em escala intra ximidades do seu perímetro é uma das causas
e intermunicipal, uma vez que direta e indire- explicativas para tal comportamento.­
tamente refletem na baixa eficiência do trans- Ainda que os dados censitários não
porte coletivo, sobretudo nas áreas de maior ofe- reçam informações específicas sobre o
aglomeração de serviços e demais atividades modo de transporte utilizado e não registrem
geradoras de emprego. o tempo gasto nos deslocamentos diários da
A partir das análises realizadas nes- população laboral (são declarados apenas
te trabalho, balizadas em informações do dados categorizados), sua abrangência, ao
Censo De- mográfico de 2010, observou-se compreender um amplo leque variáveis socio-
que a RMBH apresentou índices de acessi- econômicas, bem como a considerável repre-
bilidade (relação entre distância, tempo de sentatividade de sua base amostral, permite
viagem e velocida- de média) inferiores aos análises consistentes e detalhadas sobre a
experimentados pela maioria das regiões­ mobilidade espacial da população. As novas
metropolitanas nacionais estudadas. As edições do censo brasileiro, caso mantenha
análises espaciais, que permitiram avaliar as e/ou amplie o rol de variáveis sobre esse tipo
condições gerais de acessibilidade na RMBH, deslocamento espacial da população, podem
também mostraram que, salvo exceções, os oferecer inúmeras possibilidades às análises
municípios mais próximos do core metropo- sobre a mobilidade e a acessibilidade, tanto
litano contribuem com contingentes mais no âmbito metropolitano, como nos demais
significativos de trabalhadores­(absolutos e núcleos urbanos do país.

Cad. Metrop., São Paulo, v. 15, n. 30, pp. 513-533, dez 2013 529
Carlos Lobo, Leandro Cardoso, David J. A. V. Magalhães

Carlos Lobo
Universidade Federal de Minas Gerais, Departamento de Geografia, Instituto de Geociências. Belo
Horizonte/MG, Brasil.
cfflobo@yahoo.com.br

Leandro Cardoso
Universidade Federal de Minas Gerais, Departamento de Engenharia de Transportes e Geotecnia.
Belo Horizonte/MG, Brasil.
leandrocardoso@hotmail.com

David J. A. V. Magalhães
Universidade Federal de Minas Gerais, Professor do Departamento de Engenharia de Transportes e
Geotecnia. Belo Horizonte/MG, Brasil.
david@etg.ufmg.br

Notas
(1) As caracterizações mais gerais sobre a acessibilidade e a mobilidade urbanas foram centradas
essencialmente em Belo Horizonte em função da carência de informações mais detalhadas
sobre a RMBH, cujos dados mais recentes datam de 2002, ano da publicação da última Pesquisa
Domiciliar de Origem e Destino na RMBH (Pesquisa OD). Comumente realizada decenalmente
e com o objetivo de produzir informações básicas necessárias para o planejamento e gestão
do transporte e do tráfego metropolitanos, a pesquisa OD, realizada no final de 2012, tem sua
divulgação prevista para meados do primeiro semestre de 2013. Desse modo, análises mais
consistentes, não contempladas pelos dados produzidos pelo Censo Demográfico de 2010,
poderão então ser realizadas para a RMBH. No Censo 2010 foram incorporadas, pela primeira
vez, questões sobre mobilidade e acessibilidade, porém limitadas à identificação do município,
unidade da federação ou país estrangeiro de trabalho do respondente; se o respondente
retorna para a sua residência diariamente; e qual é o tempo habitual de deslocamento entre
casa e trabalho.

(2) O primeiro regulamento censitário no Brasil data de 1846, quando foi definida a periodicidade de
oito anos para os censos demográficos. No entanto, somente em 1850 o governo foi autorizado
a despender os recursos necessários para a realização de uma operação do porte de um censo
demográfico. O primeiro censo, então, foi programado para ocorrer em 1852. Entretanto, a
operação prevista para esse ano não foi realizada. Em 1870, um novo regulamento censitário
determinou que os Censos cobrissem todo o território nacional e que deveriam ocorrer a cada
dez anos. Dois anos mais tarde, em 1872, foi realizado o primeiro recenseamento nacional
no país, o qual recebeu o nome de Recenseamento da População do Império do Brasil. Novas
operações censitárias se sucederam em 1890, 1900 e 1920 até 1940. Com a criação do IBGE,
em 1936, inaugurou-se a moderna fase censitária no Brasil, cujo marco foi a divulgação do
Censo Demográfico de 1940. Caracterizada, principalmente, pela periodicidade decenal, nessa
nova fase foi ampliada a abrangência temática do questionário com introdução de quesitos
de interesse econômico e social, tais como: mão de obra, emprego, desemprego, rendimento,
fecundidade, migrações internas, entre outros temas.

530 Cad. Metrop., São Paulo, v. 15, n. 30, pp. 513-533, dez 2013
Acessibilidade e mobilidade espaciais da população na RM de Belo Horizonte

(3) A investigação de trabalho e rendimento abrangeu as pessoas de 10 anos ou mais de idade e


considerou como trabalho em atividade econômica o exercício de ocupação: 1) remunerada
em dinheiro, produtos, mercadorias ou benefícios (moradia, alimentação, roupas, treinamento,
etc.) na produção de bens ou serviços; 2) remunerada em dinheiro ou benefícios (moradia,
alimentação, roupas, treinamento, etc.) no serviço doméstico; 3) sem remuneração na
produção de bens e serviços, desenvolvida em ajuda na atividade econômica, no setor
privado, de morador do domicílio; ou 4) desenvolvida na produção de bens, compreendendo
as atividades da agricultura, pecuária, caça, produção florestal, pesca e aquicultura, destinados
somente à alimentação de, pelo menos, um morador do domicílio.

(4) As regiões metropolitanas constituem um agrupamento de municípios com a finalidade de


executar funções públicas que, por sua natureza, exigem a cooperação entre esses municípios
para a solução de problemas comuns, como os serviços de saneamento básico e de transporte
coletivo, o que legitima, em termos político-institucionais, sua existência, além de permitir
uma atuação mais integrada do poder público no atendimento às necessidades da população
ali residente, identificada com o recorte territorial institucionalizado. A criação de Regiões
Integradas de Desenvolvimento está prevista na Constituição Federal de 1988, nos Art. 21, inciso
IX; Art. 43; e Art. 48, inciso IV. São conjuntos de municípios cuja origem se baseia no princípio
de cooperação entre os diferentes níveis de governo – federal, estadual e municipal. Podem ser
compostas por municípios de diferentes unidades federadas. Nas análises do presente artigo,
embora sejam também contempladas informações sobre as Rides, com o intuito de evitar
equívocos na compreensão das ponderações, serão feitas menções tão somente às regiões
metropolitanas, por ser esta uma denominação consagrada na literatura.

(5) Análises mais aprofundadas seriam possíveis se o Censo 2010 elencasse informações sobre os
modos de transporte utilizados pelos respondentes nos seus deslocamentos diários. Mesmo
diante dessa impossibilidade, os dados auferidos de velocidade média dos deslocamentos para
Belo Horizonte auxiliam na convalidação do uso do censo demográfico para a realização de
análises de acessibilidade e mobilidade urbanas. Nesse sentido, a velocidade média de 19,39 km
apresentada para Belo Horizonte está alinhada às velocidades médias mostradas pelo PlanMob-
-BH­ para o ano de 2008. No mencionado Plano de Mobilidade, a velocidade média combinada
das viagens de ônibus e automóveis era de 23 km/h na rede viária municipal e de 16,1 km/h na
área central do município.

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Texto recebido em 12/mar/2013


Texto aprovado em 5/maio/2013

Cad. Metrop., São Paulo, v. 15, n. 30, pp. 513-533, dez 2013 533

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