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Carlos Lobo
Leandro Cardoso
David J. A. V. Magalhães
Resumo
A Região Metropolitana de Belo Horizonte, a exem- Abstract
plo de outras grandes metrópoles nacionais, apre- The Metropolitan Region of Belo Horizonte, like
senta condições inadequadas de deslocamento de others in Brazil, offers inadequate conditions
pessoas e mercadorias. Somadas às precariedades for the movement of people and commodities.
dos transportes públicos coletivos e aos elevados In addition to the precariousness of the public
índices de acidentes de trânsito, têm sido agrava- transportation system and the high rates of traffic
dos os problemas referentes a congestionamentos accidents, one can observe a gradual worsening
e poluição, fatores que impactam negativamente of problems related to traffic jams and pollution,
a vida das pessoas e as diversas atividades sociais factors that negatively impact the quality of urban
e econômicas. Torna-se relevante, nesse aspecto, life and economy. Therefore, it is relevant to
aprofundar nas investigações acerca das condições carry out a diagnosis of the conditions of spatial
de acessibilidade e mobilidade espaciais nesses accessibility and mobility in these urban areas.
aglomerados urbanos. Este artigo tem por objetivo This article proposes and analyzes indicators of
a proposição e a análise de indicadores de acessibi- spatial accessibility and mobility of people among
lidade e de mobilidade espaciais da população nos the cities located within the metropolitan region
fluxos intermunicipais na RMBH, tendo como base of Belo Horizonte (Southeastern Brazil), based on
os valores de distância, tempo e velocidade média the values of distance, time and average speed
dos deslocamentos identificados na base amostral of movements identified in the Brazilian census
do censo demográfico de 2010. sample of 2010.
Palavras-chave: acessibilidade; mobilidade; regiões Keywords: accessibility; mobility; metropolitan
metropolitanas; censo demográfico; Belo Horizonte. regions; demographic census; Belo Horizonte.
Cad. Metrop., São Paulo, v. 15, n. 30, pp. 513-533, dez 2013
http://dx.doi.org/10.1590/2236-9996.2013-3007
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e Estatística (IBGE). Para tanto, foram sele- Nesse contexto, a proposta deste trabalho ga-
cionados os deslocamentos motivados pelo nha ainda maior relevância por sugerir o apro-
trabalho e originados nos municípios que inte- veitamento do censo demográfico como outra
gram a periferia da RMBH com destino a Be- fonte consistente de dados que, pela primeira
lo Horizonte. A partir dessa base de dados foi vez em toda a sua série histórica, inseriu no
possível identificar os fluxos entre as unidades seu questionário informações sobre mobilidade
espaciais denominadas Áreas de Ponderação e acessibilidade (ainda que menos detalhadas
(Areap), o que permitiu não somente obter que as pesquisas OD). Ademais, a metodolo-
sinais acerca da (in)eficiência das condições gia aqui empregada pode também servir de
de deslocamento intermunicipal na RMBH, referência para estudiosos que necessitem em-
também associadas à confirmação da elevada preender investigações sobre municípios que
centralidade metropolitana da capital mineira não realizam pesquisas OD periodicamente.
em relação ao restante da RMBH, mas ainda
obter uma análise comparativa das condições
de acessibilidade e mobilidade nas nove prin-
cipais regiões metropolitanas do país. Importa
Breves notas sobre a
ressaltar que a metodologia de análise propos- acessibilidade e a mobilidade
ta neste artigo pode ser útil na elaboração de urbanas em Belo Horizonte:
novos indicadores de acessibilidade e mobili- aspectos conceituais
dade urbanas, úteis às discussões públicas e à
e metodológicos
elaboração e proposição de políticas de trans-
porte e trânsito urbanos.
Importa ressaltar que tais investigações O conceito de acessibilidade é objeto de recor-
poderiam ser realizadas, até com maior preci- rentes controvérsias e discussões, sobretudo
são, utilizando-se dados da Pesquisa Domici- por ser comumente utilizado por uma signifi-
liar de Origem e Destino (OD), a qual fornece cativa gama de ramos do conhecimento (Lobo,
informações diversas sobre os municípios que Cardoso e Matos, 2010). O amplo emprego do
integram a RMBH, como por exemplo, aspectos termo em várias circunstâncias conduz a equí-
socioeconômicos e demográficos relativos ao vocos conceituais, o que o leva a certa desca-
indivíduo e ao domicílio de moradia, o tempo racterização conceptual. Não raro, os termos
gasto entre a moradia e o local de trabalho, o acessibilidade e mobilidade são considerados
modo de transporte utilizado, entre outros. Para sinônimos. Jones (1981), por exemplo, relacio-
o caso belo-horizontino, entretanto, há uma ca- na o conceito de acessibilidade a oportunida-
rência de dados atualizados sobre mobilidade de que um indivíduo possui para participar de
e acessibilidade espaciais, tendo em conta que uma atividade em um dado local. Essa po- ten-
a pesquisa OD mais recente realizada na RM- cialidade disponibilizada pelo sistema de trans-
BH data de 2002. Com periodicidade decenal, porte e pelo uso do solo permitiria que diferen-
a Pesquisa OD de 2012 tem previsão de publi- tes tipos de pessoas desenvolvessem suas ati-
cação somente no segundo semestre de 2013. vidades. Ainda de acordo com o autor, o termo
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A partir de então, ampliou-se a temáti- como sendo uma unidade geográfica, forma-
ca com a introdução dos quesitos de interesse da por um agrupamento de setores censitários,
econômico e social nos questionários censi- para a aplicação dos procedimentos de cali-
tários. Desde então, são coletadas nos censos bração das estimativas com as informações
informações referentes às características dos conhecidas para a população como um todo.
domicílios e moradores, o que permite determi- Foram definidas, para todo o Brasil, 10.184
nar o perfil demográfico e socioeconômico da Areaps e, tal como nos censos anteriores, a
população do país, bem como realizar estima- me- todologia de expansão da amostra foi apli-
tivas, estudos e diagnósticos com o objetivo de cada independentemente para cada uma delas.
subsidiar o planejamento e o desenvolvimento Além do limite quanto ao tamanho mínimo
de políticas e programas governamentais razoável, essas áreas também consideraram
Os dados que compreendem as caracte os níveis geográficos mais detalhados da base
rísticas dos domicílios e das pessoas que foram operacio- nal, como forma de atender a de-
investigadas para a totalidade da população mandas por in- formações em níveis geográfi-
são denominados, por convenção, resulta- cos menores que os municípios.
dos do universo. Esses dados foram obtidos Para o Censo 2010, de acordo com o próprio
reu- nindo informações captadas por meio da IBGE, foram usados métodos e sistemas auto-
in- vestigação das características dos domicí- máticos de formação de Areaps que conjugam
lios e das pessoas, que são comuns aos dois critérios tais como tamanho (para permitir
tipos de questionários utilizados para o levan- estimativas com qualidade estatística em áre-
tamento do censo demográfico de 2010. Nele, as pequenas), contiguidade (no sentido de
como descrito na própria documentação dispo- serem constituídas por conjuntos de setores
nibilizada pelo IBGE, foram utilizados dois ti- limítrofes com algum sentido geográfico) e
pos de questionário, que são: (1) questionário homogeneidade em relação a um conjunto de
básico – aplicado em todas as unidades do- características populacionais e de infraestrutu-
miciliares, exceto naquelas selecionadas para ra conhecidas. A fração amostral dos domicílios
a amostra, e que contém a investigação das no Censo de 2010 variou conforme o tamanho
características do domicílio e dos moradores; da população residente em cada município. As
e (2) questionário da amostra – aplicado em proporções foram obtidas de acordo com as
todas as unidades domiciliares selecionadas seguintes classes: (1) até 2.500: 50% dos do-
para a amostra. Além da investigação contida micílios; (2) superior a 2.500 até 8.000: 33%
no questionário básico, abrange outras carac- dos domicílios; (3) superior a 8.000 até 20.000:
terísticas do domicílio e pesquisa importantes 20% dos domicílios; (4) superior a 20.000 até
informações sociais, econômicas e demográfi- 500.000: 10% dos domicílios; e (5) superior a
cas dos seus moradores. 500.000: 5% dos domicílios. Para os 40 municí-
Neste artigo, em função dos propósitos pios com mais de 500.000 habitantes, foi ava-
estabelecidos inicialmente, optou-se em anali- liada a possibilidade de aplicação de frações
sar os deslocamentos a partir das unidades es- amostrais diferentes em cada uma de suas divi-
paciais denominadas Areaps, que são definidas sões administrativas intramunicipais (distritos e
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movimentos pendulares diários com destino incrementos populacionais bem mais significa-
aos núcleos metropolitanos, e aqueles que de- tivos do que Belo Horizonte, os quais experi-
clararam trabalhar no próprio município de re- mentaram taxas de crescimento populacional
sidência. As RMs estudadas são apresentadas anual da ordem de 6,84%, 5,01% e 4,40%
na Figura 1. entre os períodos de 1970/1980, 1980/1991 e
Um dado que desperta imediata aten- 1991/2000, respectivamente. Nesses mesmos
ção é o significativo número de respondentes períodos, o município de Belo Horizonte apre-
que declarou trabalhar no mesmo município sentou taxas anuais de 3,73%, 1,15% e 1,10%.
de residência em todas as regiões metropo- Esses diferenciais no ritmo de crescimento da
litanas analisadas. Excetuando as regiões do periferia metropolitana tiveram reflexo na evo-
Rio de Janeiro e do Recife, que apresentaram, lução da participação do core metropolitano
respectivamente, 59,88% e 57,99% de traba- nos estoques totais de população na região.
lhadores nessas condições, todas as demais Desde 1970, a periferia metropolitana vem
experimentaram percentuais superiores a crescendo em volume e na proporção da po-
62% (com destaque para Salvador e Fortale- pulação regional. Em 2000, 48,63% da popu-
za, com índices acima de 70%). Esse fenôme- lação da região metropolitana residia fora de
no pode estar relacionado às expressivas mu- Belo Horizonte (em 1970 essa proporção era
danças que marcaram a reversão na tendên- de apenas 33,59%), conforme apontam Lobo,
cia de crescimento populacional dos núcleos Cardoso e Matos (2008).
metropolitanos (e, alguns casos, das próprias Percebe-se, por outro lado, a elevada
regiões metropolitanas), os quais tiveram iní- polarização dos núcleos das Regiões Metropo-
cio na década de 1970, que, até então, apre- litanas de Belém, Curitiba, Recife e Rio de Ja-
sentava um padrão predominantemente cen- neiro, com uma atratividade superior a 25% de
tralizador. O arrefecimento do crescimento trabalhadores metropolitanos que residem fora
populacional dos núcleos metropolitanos é re- dessas capitais.
sultado, entre outros aspectos, do avanço das O caso do Rio de Janeiro merece atenção
chamadas deseconomias de aglomeração, que especial, já que, não obstante a grande atrati-
incluem fatores sociais, como o aumento da vidade da capital fluminense, cerca de 15% dos
criminalidade urbana, e refletem incrementos trabalhadores residentes nessa região declara-
pela elevação dos custos de moradia e traba- ram trabalhar em um município metropolitano
lho (Redwood, 1984). diferente do núcleo e do próprio município de
No caso belo-horizontino, centro das residência. Tal fato pode ser explicado por um
in- vestigações deste trabalho, a partir dos relativo dinamismo econômico de outros muni-
anos de 1970, como já demonstraram Rigot- cípios integrantes da Região Metropolitana do
ti e Rodrigues (1994), Matos (1995) e Rigotti Rio de Janeiro, a exemplo de Niterói, que, por
(1999), dentre outros, era perceptível uma de- prefigurar-se como um dos principais centros
saceleração no ritmo de crescimento da capital financeiros, comerciais e industriais do Estado,
mineira. A partir desse momento, os municí- pode exercer certa atratividade de trabalhado-
pios da periferia da RMBH vêm apresentando res de outras cidades metropolitanas.
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Recife
Rio de Janeiro
São Paulo
Curitiba
Belém
Porto Alegre
Belo Horizonte
Fortaleza
Salvador
0 10 20 30 40 50 60 70 80
%
No núcleo metropolitano No próprio município
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Acessibilidade
Região Metropolitana
(municípios da periferia)
Distância (em km) Tempo (em horas) Velocidade (km/h)
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Outros municípios, como Nova Lima, por uma rodovia federal (BR-040), a qual, pe-
Contagem e Betim, revelaram baixos índices las suas características de ligação regional e,
de movimentos pendulares (proporcionalmen- consequentemente, de priorização do tráfego
te à população trabalhadora) com destino ao de passagem (atravessamento), viabiliza uma
núcleo. Esses resultados atestam que, ainda maior fluidez viária, comparativamente às re-
que Belo Horizonte tenha mantido sua centra- des viárias intraurbanas.
lidade ao longo das últimas décadas, há um Ainda em relação ao indicador tempo,
ganho de autonomia de um número razoável algumas Areaps pertencentes a municípios
de municípios na região. Conforme já descri- conurbados a Belo Horizonte, diferentemente
to por Lobo, Cardoso e Matos (2008), vários da média observada, apresentaram tempos
municípios antes apresentados como meras médios relativamente elevados (superiores a
cidades-dormitórios nas décadas de 1960 e uma hora). É caso de frações dos municípios
1970, além de ampliar suas inter-relações com de Ibirité (sudoeste) e Santa Luzia (norte),
o core, apresentam forte desenvolvimento de os quais, não obstante o fato de fornecerem
determinadas funcionalidades eminentemente importantes contingentes de mão de obra
urbanas, o que tem permitido que uma cres- para o core (o que gera maior pressão sobre
cente parcela da população local tenha suas os seus sistemas viário e de transporte), têm
atividades econômicas/profissionais desen- acesso dificultado a ele em função dos eleva-
volvidas no próprio município de residência, o dos índices de saturação do tráfego nas res-
que tem diminuído a proporção e/ou o volume pectivas vias de conexão com Belo Horizonte
daqueles que fazem movimentos diários entre (os chamados gargalos). No vetor sudoeste o
a periferia e núcleo metropolitano. acesso é realizado pela Avenida Amazonas,
A Figura 3, que apresenta dados sobre o que, além de interligar a Capital a grande
tempo médio e a velocidade dos deslocamen- parte do vetor oeste, em especial, Contagem
tos de trabalhadores para Belo Horizonte, mos- e Betim (que abrigam o principal complexo
tra que, à exceção da cidade de Sete Lagoas industrial do Estado), tem como agravante a
(vetor noroeste), os tempos de viagem mais confluência com o Anel Rodoviário (construí-
elevados têm origem em Areaps mais distantes do, na década de 1960, para retirar o tráfego
do core metropolitano (Figura 2). Esse é um de caminhões das áreas centrais do município
resultado esperado, considerando que desloca- e que atualmente recebe também tráfego de
mentos mais longos tendem a apresentar tem- características eminentemente urbanas). No
pos maiores de viagem, sobretudo no contexto vetor norte a ligação é realizada pela Aveni-
da RMBH, que, como alertado anteriormente, da Cristiano Machado, que integra a recém-
não dispõe, com abrangência metropolitana, -inaugurada Linha Verde, configurando-se
de modos de transporte coletivo dotados de como o principal corredor de ligação não so-
maior eficiência, como o metrô. Quanto à si- mente com os municípios desse vetor, mas,
tuação de Sete Lagoas, que pertence à Ride, principalmente, a importantes equipamentos
esta pode ser explicada em razão do acesso à e serviços, como a Cidade Administrativa (se-
Belo Horizonte ser realizado, eminentemente, de do Governo de Minas Gerais), localizada
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% dos deslocamentos
20 - 606
607 - 1915
1916 - 3556
3557 - 5519
5520 - 12685
Limite RMBH
Divisão de classes pelo
método “Natural Breaks”
% dos deslocamentos
0,35 - 8,72
8,73 - 21,19
21,20 - 32,63
32,64 - 47,31
47,32 - 68,21
Limite RMBH
Divisão de classes pelo
método “Natural Breaks”
Fonte: Censo demográfico de 2010 (dados da amostra)
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Velocidade (km/h)
Limite RMBH
menos de 22,11
22,12 - 35,67
35,68 - 55,55
55,56 - 92,87
mais de 92,88
Divisão de classes pelo
método “Natural Breaks”
Fonte: Censo demográfico de 2010 (dados da amostra)
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Carlos Lobo
Universidade Federal de Minas Gerais, Departamento de Geografia, Instituto de Geociências. Belo
Horizonte/MG, Brasil.
cfflobo@yahoo.com.br
Leandro Cardoso
Universidade Federal de Minas Gerais, Departamento de Engenharia de Transportes e Geotecnia.
Belo Horizonte/MG, Brasil.
leandrocardoso@hotmail.com
David J. A. V. Magalhães
Universidade Federal de Minas Gerais, Professor do Departamento de Engenharia de Transportes e
Geotecnia. Belo Horizonte/MG, Brasil.
david@etg.ufmg.br
Notas
(1) As caracterizações mais gerais sobre a acessibilidade e a mobilidade urbanas foram centradas
essencialmente em Belo Horizonte em função da carência de informações mais detalhadas
sobre a RMBH, cujos dados mais recentes datam de 2002, ano da publicação da última Pesquisa
Domiciliar de Origem e Destino na RMBH (Pesquisa OD). Comumente realizada decenalmente
e com o objetivo de produzir informações básicas necessárias para o planejamento e gestão
do transporte e do tráfego metropolitanos, a pesquisa OD, realizada no final de 2012, tem sua
divulgação prevista para meados do primeiro semestre de 2013. Desse modo, análises mais
consistentes, não contempladas pelos dados produzidos pelo Censo Demográfico de 2010,
poderão então ser realizadas para a RMBH. No Censo 2010 foram incorporadas, pela primeira
vez, questões sobre mobilidade e acessibilidade, porém limitadas à identificação do município,
unidade da federação ou país estrangeiro de trabalho do respondente; se o respondente
retorna para a sua residência diariamente; e qual é o tempo habitual de deslocamento entre
casa e trabalho.
(2) O primeiro regulamento censitário no Brasil data de 1846, quando foi definida a periodicidade de
oito anos para os censos demográficos. No entanto, somente em 1850 o governo foi autorizado
a despender os recursos necessários para a realização de uma operação do porte de um censo
demográfico. O primeiro censo, então, foi programado para ocorrer em 1852. Entretanto, a
operação prevista para esse ano não foi realizada. Em 1870, um novo regulamento censitário
determinou que os Censos cobrissem todo o território nacional e que deveriam ocorrer a cada
dez anos. Dois anos mais tarde, em 1872, foi realizado o primeiro recenseamento nacional
no país, o qual recebeu o nome de Recenseamento da População do Império do Brasil. Novas
operações censitárias se sucederam em 1890, 1900 e 1920 até 1940. Com a criação do IBGE,
em 1936, inaugurou-se a moderna fase censitária no Brasil, cujo marco foi a divulgação do
Censo Demográfico de 1940. Caracterizada, principalmente, pela periodicidade decenal, nessa
nova fase foi ampliada a abrangência temática do questionário com introdução de quesitos
de interesse econômico e social, tais como: mão de obra, emprego, desemprego, rendimento,
fecundidade, migrações internas, entre outros temas.
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(5) Análises mais aprofundadas seriam possíveis se o Censo 2010 elencasse informações sobre os
modos de transporte utilizados pelos respondentes nos seus deslocamentos diários. Mesmo
diante dessa impossibilidade, os dados auferidos de velocidade média dos deslocamentos para
Belo Horizonte auxiliam na convalidação do uso do censo demográfico para a realização de
análises de acessibilidade e mobilidade urbanas. Nesse sentido, a velocidade média de 19,39 km
apresentada para Belo Horizonte está alinhada às velocidades médias mostradas pelo PlanMob-
-BH para o ano de 2008. No mencionado Plano de Mobilidade, a velocidade média combinada
das viagens de ônibus e automóveis era de 23 km/h na rede viária municipal e de 16,1 km/h na
área central do município.
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