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Dtteoricas 1819
Dtteoricas 1819
TEÓRICAS
FDUP – 2018/2019
O DIREITO DO TRABALHO
Quando falamos do direito do trabalho, devemos entender que aqui não releva todas as
formas de trabalho humano. De facto, o trabalho que aqui releva é aquele que se analisa numa
atividade paga, realizada por conta de um terceiro, e segundo modalidades e horários fixados
por quem nos paga.
Este ramo apresenta especificidades em relação ao direito comum: é uma forma de oposição
ao DCivil na medida em que este último assenta no princípio da liberdade e igualdade das
partes, algo que não se vê no DT. Hoje, o DCivil tem uma posição subsidiária em relação do
DTrabalho.
Sendo o Direito do Trabalho qualificado como uma área do Direito privado, apenas o é numa
parte. Como podemos dizer isto? De facto, o direito do trabalho verifica-se em várias áreas,
desde logo no direito sancionatório laboral (todo o direito sancionatório é público), no direito
administrativo do trabalho (é uma área de Direito público pela organização e procedimentos
que lhe estão inerentes – Autoridade para as Condições do Trabalho) e ainda no direito penal
do trabalho.
Podemos ainda dizer que este é um direito novo, desde já em comparação a outros ramos do
Direito.
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Quando surge a revolução industrial, surgem as ideais de autonomia, bem como a
proletarização. Contudo, verificou-se que em relação ao trabalho, a realidade apresentava-se
em termos de que, quem trabalhava, vivia na pobreza.
Porquê? Estando em causa massas humanas, isso quer dizer que a oferta se sobrepunha à
procura, ou seja, o preço descia de tal forma que levava a pontos de impossibilidade de
sobrevivência das pessoas que prestavam a sua atividade. Temos, então, faltas de condições
laborais, já que o empregador tem o monopólio do seu lado. Por isso, houve necessidade de
alterar a relação de trabalho, até por causa do surgimento do Movimento Operário, após a R.
Industrial.
O Estado teve de intervir através das primeiras leis sociais, que visam repor algum do
equilíbrio contratual entre as partes. As primeiras leis foram leis categoriais. O Direito do
Trabalho trata-se de um direito de matriz legislativa. O direito do trabalho não esqueceu a sua
matriz, pelo que nos dias de hoje ainda é evidente a preocupação categorial.
Foi no âmbito do Direito do Trabalho que surgiu o direito da igualdade (artigo 13º da CRP),
visto que foi no contexto laboral que se começou a fazer sentir intensivamente as
diferenciações e desigualdades.
Desigualdade entre as partes – a maioria das pessoas tem de se colocar numa relação laboral
para com aqueles que lhe dão possibilidades de trabalho para, com o dinheiro recebido,
conseguirem sobreviver. Há então desigualdade entre quem tem meios produtivos e quem
não tem, uma espécie de subordinação jurídica. Uns precisam de mão de obra, outros
precisam de trabalho/dinheiro. Temos uma necessidade recíproca que, em termos sociais, cria
uma superioridade de uma sobre as outras. Daí que exista uma diferença estrutural na relação
jurídica- uns precisam de trabalho para sobreviver e outros para lucrar com o trabalho dos
outros.
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O contrato de trabalho: conjunto de normas cuja função principal – não única – é tutelar os
interesses da parte contratualmente e socialmente mais fraca – o trabalhador- através da
regulação da liberdade contratual e da restrição do jogo da concorrência no mercado de
trabalho.
→ Olhando ao art 1152 CC, “contrato de trabalho é aquele pelo qual uma pessoa se
obriga, perante retribuição, a prestar a sua atividade intelectual ou manual a outra
pessoa, sob autoridade e direção desta”.
ü Quando olhamos para um contrato de trabalho, aquilo que se destaca não é o que se
promete fazer, mas sim o modo como se promete fazer.
Como resultado do DT, temos duas tendências: aumento da liberdade contratual, quer ao nível
individual, quer ao nível coletivo. O que agora temos são dois fenómenos paralelos – a lei
diminuiu a sua influência e a contratação coletiva permitiu aumentar a liberdade contratual
individual.
→ Ainda hoje, não chegamos a uma fase estável. Atualmente, a organização do trabalho
tornou-se muito complexa, levando à globalização e mobilização do capital e, por
conseguinte, do trabalho.
Ø Fontes supranacionais:
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1. DUE
Sabemos que o DUE ocupa uma posição supraconstitucional – art 8n3 CRP. De facto, o direito
comunitário do trabalho tem tido uma importância relevante no direito interno. No DUE,
podemos falar dos seus tratados, da Carta dos DF da EU (direito originário) e de algum direito
derivado/secundário, (direito dos seus órgãos comunitários) como são os regulamentos e as
diretivas.
Temos duas espécies de diretivas: as que são produto do trabalho do parlamento e aquelas
cujo conteúdo é discutido pelas associações de trabalhadores e de empregadores.
Estas geralmente surgem quando os Estados não concordam em certa matéria e dão a função
a estas associações para chegarem a acordo.
Depois, qualquer que seja a diretiva, o Estado irá transpor, sem a alterar. O conteúdo da
modificação, que ocorrerá em todos os Estados membros, tribunais,…, é definido por
particulares. Um exemplo é a diretiva sobre o contrato a termo – nesta, aliás, o prof acha que
há uma violação da CRP ao nível de conteúdo.
Quanto aos regulamentos, sabemos que são obrigatórios em todos os seus elementos, sendo
diretamente transpostos para o plano nacional.
De referir que a CDFUE estabelece direitos importantes para os trabalhadores, algo visto nos
seus vários arts.
Ø Fontes internacionais
Convenções internacionais: DUDH, Pacto relativo aos direitos civis e políticos, Pacto
sobre os direitos económicos, sociais e culturais.
Ø Fontes internas:
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Para além disso, a CRP refere que os trabalhadores têm o direito de participar na elaboração
da legislação do trabalho, quer através das comissões de trabalhadores (art 54 n5 d)), quer
através das associações sindicais (art 56/2 a) CRP). A violação deste direito traz a
inconstitucionalidade da legislação do direito de trabalho.
Este direito, todavia, está esclarecido no art 469 a 475 CT, e não se pode confundir com a
concertação social, vista na Comissão Permanente de Concertação Social, desenvolvida pelo
Conselho Económico e Social (art 92 CRP).
B. Leis e todos os diplomas que se versem sobre a matéria laboral. Na lei, o expoente
é o Código de Trabalho. A este associa-se legislação conexa – regulamentação do
CT, lei do contrato de trabalho em funções públicas, sendo de referir ainda o
CProcessoTrabalho.
Ø Fontes infra-estaduais
Olhando ao art 1 e 2 do CT, vemos que existem vários tipos de convenções coletivas – art 2 n3
CT. Existem IRC’s de 2 espécies: de natureza negocial e de natureza não negocial. Estes
encontram-se previstos no artigo 2º do CT.
Têm uma importância acrescida relativamente aos não negociais porque é através deles que se
procede ao ajustamento da normatividade à situação concreta.
As associações sindicais podem ser no primeiro (mais restrita), segundo ou terceiro grau (mais
ampla), conforme o território abrangente. Incluem-se aqui as federações e as corporações, por
exemplo. Geralmente, o que temos são os sindicatos a atuar.
É importante serem sindicatos e não trabalhadores per se a negociar - isso permitiria que
alguns grupos de trabalhadores pudessem ser influenciados pelos empregadores negociando
posições de trabalho menos favoráveis que depois vinculariam todos os outros – prevenção de
risco amarelo.
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Quanto aos empregadores, podemos ter um só empregador a atuar em nome individual,
podemos ter uma associação de empregadores ou uma associação representativa de
empregadores.
As convenções coletivas podem ser de uma de 3 espécies (artigo 2º, nº3 do CT), baseando-se
a distinção no critério da entidade empregadora signatária:
v Portaria de extensão: Quando não existem sindicatos ou estes não conseguem atuar
de forma conclusiva, vamos para portarias de extensão onde se alarga o âmbito
subjetivo (e, porventura, territorial- ex: distrito) de uma convenção coletiva.
A convenção coletiva só se aplica aos trabalhadores filiados ao sindicato, e, dentro
desses, só aos trabalhadores da empresa contraparte da convenção, sendo que os
restantes não são abrangidos pela convenção. É aí que entra a portaria de extensão:
vai fazer com que estes últimos também sejam abrangidos. A lei não fala destas
portarias porque elas não criam matéria: simplesmente estendem os direitos a demais
pessoas - art 514-516 CT.
No entanto, o facto de ser admitida a extensão parcial (514º/1) já constitui desvio a
essa configuração. A extensão de apenas parte da convenção implica, ou pode
implicar, só por si, um rearranjo negocial, particularmente se a parte estendida for
combinar-se com outros regimes, convencionais ou não.
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extensão.). – art 517-518 CT.
No atual regime, a definição dos pressupostos da sua emissão é feita por uma fórmula vaga,
que reconduz a decisão ao produto de um juízo amplamente discricionário do Ministro do
Trabalho; por outro lado, o regime das PCT não surge incorporado na regulamentação dos
processos de resolução de conflitos coletivos (522º e ss.). A PCT não é, pois, configurada como
instrumento de superação de conflitos, mas como um verdadeiro instrumento de intervenção
regulamentar administrativa, utilizável ao serviço da política laboral pública. Neste sentido,
parece verificar-se uma reaproximação à matriz corporativa da regulamentação do trabalho
por via administrativa.
v Decisões arbitrais: sendo que estas surgem de uma arbitragem, ou seja, o recurso à
arbitragem não resulta de uma vontade das partes mas sim uma imposição
administrativa. – art 508-509 CT para as obrigatórias e art 510-511 para as necessárias.
Se os IRC’s se preocupam das condições de trabalho lato sensu, então irão ter um papel na
hierarquia normativa, embora a sua localização nem sempre seja fácil.
Segundo o artigo 1º do CT: “O contrato de trabalho está sujeito (…) assim como aos usos
laborais que não contrariem o princípio da boa-fé.” – podem ser atendíveis desde que sejam
usos laborais (não basta que sejam práticas comerciais ou práticas da região) e desde que não
contrariem o princípio da boa fé, conforme consta do artigo 1º do CT. Hoje, o seu papel é
muito residual.
ESQUEMA:
Negociais
Ø Convenção coletiva:
i. Contrato coletivo;
ii. Acordo coletivo;
iii. Acordo de empresa
Ø Acordo de adesão;
Ø Decisão arbitral (arbitragem voluntária);
Não negociais
Ø Portaria de extensão;
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Ø Portaria de condições de trabalho;
Ø Decisão arbitral (arbitragem obrigatória).
Historicamente, tendo como base o séc. XIX, todo o direito do trabalho foi evoluindo no
sentido de melhorar as condições dos trabalhadores.
A relação vista vale-se pela ideia de tratamento mais favorável: por regra, as normas legais
possuem uma imperatividade relativa, garantindo direitos mínimos para os trabalhadores,
admitindo o reforço de tais garantias por contratação coletiva. Olhando ao artigo 3 n1 CT, vale
o princípio da prevalência hierárquica da lei. Este, contudo, submete-se ao princípio do
tratamento mais favorável: vamos aplicar a lei, exceto se o que estiver estipulado na
convenção coletiva for mais favorável.
A imperatividade da lei
Para entendermos se uma lei não pode ser afastada por um instrumento coletivo, temos de a
interpretar e perceber o grau da sua imperatividade. Este é um desvio quanto à teoria das
fontes.
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Relação lei-portarias
ü art 3 n2 CT: Atendendo à definição de instrumento, o número 2 do art 3 diz que a lei
não pode ser afastada por portarias (regulamentos administrativos), que tanto podem
ser as de condições de trabalho, como as de extensão (distinguidas no art 2 n4 CT).
Na relação lei-contrato de trabalho, a lei tem uma imperatividade relativa, mas apenas no
sentido mais favorável para o trabalhador. Justifica-se pelo desnível de capacidade negocial.
O mesmo já não acontece nas convenções coletivas, em que do lado dos trabalhadores se
encontra um grupo representativo de maior dimensão – paridade ou aproximação.
î Com o código de 2003, o princípio elimina-se como princípio geral, mas mantem-se
nas especificas matérias definidas nas alíneas (ainda que, mesmo dentro dessas, só
normas imperativas não absolutas).
Hoje, entendemos que as matérias das alíneas gozam todas de uma imperatividade única –
imperatividade relativa.
Isso, a princípio, porque a lei não deixa de ressalvar a hipótese de algumas normas desse bloco
terem uma imperatividade absoluta.
Mas o que acontece se, nas matérias das alíneas, não conseguirmos entender se uma norma é
imperativa absoluta ou relativa? Aqui, entrará o princípio da hierarquia das leis, que respeita a
ideia de tratamento mais favorável e, portanto, devendo dar superioridade ao que for mais
favorável ao trabalhador. Assim, em caso de dúvida, presume-se a imperatividade relativa da
lei.
î ASSIM: Achamos, então, pelo artigo 3 n1 CT, que em caso de dúvidas sobre o grau de
imperatividade da lei, devemos enquadrá-la na imperatividade relativa de duplo
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sentido. A diferença disto com o art 3 n3 CT é que neste se admite apenas uma
imperatividade relativa no sentido mais favorável ao trabalhador (imp. relativa de
sentido único), limitando o sentido do n1 que admite um sentido mais favorável ao
trabalhador ou empregador.
ü Já no art 3 n5 CT: é uma norma importante. Diz que muitas vezes é a própria norma
que só permite ser derrogada pela convenção coletiva.
E qual a relação entre contrato individual de trabalho e convenção coletiva? Para este último,
temos o art 476 CT. (remeter).
No art 476 CT, temos a imperatividade da convenção coletiva sobre o contrato individual.
A convenção coletiva tem força de lei em relação ao contrato individual de trabalho.
Nesta relação, de determinar que se prescreve imperatividade relativa em sentido único.
A referência ao princípio do tratamento mais favorável neste artigo e no art 3º/4 CT não
constitui um regime de exceção, pois do contrato de trabalho não poderão constar regras em
violação de preceitos imperativos, menos para consagrar regimes mais favoráveis.
Olhando ao art 99 CT, temos uma outra fonte de direito (regulamento interno da empresa) na
medida em que estabelece regras de conduta do trabalhador (que podem ser sensíveis em
relação aos DF).
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empregador assinar, simultaneamente, contrato de trabalho com vários
trabalhadores, já não é permitido).
ü Prestação de trabalho
Inclui-se, aqui, qualquer atividade humana desde que lícita e apta a corresponder a um
interesse do empregador que seja digno de proteção legal – art 115 CT. É de referir que,
claramente, o empregador não se pode aproveitar da mão de obra fornecida; aliás, se este não
pagar a retribuição ao trabalhador, a inatividade do trabalhador no trabalho é somente
imputável ao próprio empregador – art 129 n1 b) do CT.
ü Retribuição
A relevância desta matéria é elevada, desde logo visto na existência de um salário mínimo
nacional – art 59 n2 a) CRP e art 258 n1 CT.
ü Subordinação jurídica
Uma nota ainda nesta matéria: a subordinação jurídica não implica a subordinação
económica. Ou seja: o trabalhador, apesar de depender do empregador para ter emprego,
não tem necessariamente de depender dele economicamente. Porém, em regra, são
conceitos que atuam em conjunto.
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O certo é que nem sempre é fácil determinar se há ou não subordinação jurídica. Porquê?
Em face destas dificuldades, o legislador, pelo art 12 CT, estabeleceu um regime de presunção
de legalidade: tendo visto que o DT consagra as garantias do trabalhador, o DT, no sentido de
resolver as dúvidas destes, estabelece que, se certos elementos forem verificados, presume-se
a existência de um contrato de trabalho. A matéria da presunção legal está no art 349 e ss CC.
î A letra da lei demonstra que mais do que a quantidade do horário de trabalho, releva
a sua qualidade: daí a possibilidade de adoção de um horário de trabalho flexível.
Temos de destacar a ideia de autoridade: se a pessoa pode trabalhar em qualquer lugar, temos
um certo desaparecimento da autoridade típica do emprego onde a entidade empregadora faz
pressão sobre o trabalhador. Agora, o empregador controla o trabalhador através do
resultado. Nestes trabalhadores, temos ou não contrato de trabalho?
A verdade é que a fuga ao contrato de trabalho é crónica; porém, têm-se criado meios para a
diminuir. Apesar destes trabalhadores terem mais flexibilidade, acabam por ter senãos:
Ø ao nível da SS, um trabalhador destes pode não ter possibilidade de descontar para lá.
Ø a questão das férias: os trabalhadores “normais”, quando vão de férias, recebem um
subsídio, o que pode não acontecer a estas entidades que não possuem contrato de
trabalho.
Ø ao nível de horário de trabalho: para quem trabalha no local próprio, o horário é mais
certo.
§ Capacidade jurídica (de gozo): aptidão para ser titular de certas relações jurídicas – art
67 CC.
§ Capacidade de agir (de exercício): aptidão para atuar juridicamente por ato próprio e
exclusivo.
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Nesta matéria, o regime jurídico acaba por oscilar, pois a resposta vai depender do tipo de
trabalho de que se fala:
û Mesmo assim, um menor com menos de 16 anos, pode executar trabalhos leves desde
que tenha cumprido a escolaridade obrigatória ou se encontre inscrito e a frequentar
o ensino secundário – art 68 n3 CT.
û Pelo art 72 n2 CT, não se podem submeter menores a trabalhos prejudiciais. Existe
legislação especifica nesta matéria: Lei 102/2009, arts 61 a 72.
Mais questões se levantam: em regra, aos 16 anos, o menor adquire a capacidade de gozo.
Mas e quanto à capacidade negocial de exercício? O facto de aos 16/17 anos ter capacidade de
gozo não leva necessariamente à capacidade negocial de exercício.
î Art 70 n2 CT: acha-se que, nos parâmetros definidos na lei, o contrato só é válido
mediante autorização escrita dos seus representantes legais.
Desde logo, entendemos que aqui não estamos perante o regime da representação legal mas
sim perante o regime da assistência como forma de suprimir a incapacidade negocial do
menor. Porquê?
Aqui, o representante legal não se substitui ao menor para assinar o contrato (como ocorre na
representação legal); simplesmente, o menor é que celebra o contrato de trabalho, devendo
antes disso haver permissão dos seus representantes.
î Art 70 n1 CT: no caso definido neste artigo, vai-se pela validade do negócio, salvo
disposição em contrário escrita dos seus representantes legais.
Outro aspeto tem a ver com a capacidade para auferir a remuneração. No art 70 n3 CT temos
esta matéria.
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Cada vez mais o trabalho de menores é tido em conta na lei e, por isso, temos várias
disposições a salvaguardar os seus interesses: algumas relativas à duração do trabalho – art 66
n1 do CT – e outras sobre os seus períodos de descanso.
Por regra, o contrato-promessa é bilateral mas tanto podem resultar obrigações para ambas as
partes como só para uma – promessa unilateral, prevista no art 411 CT.
Depois, de falar ainda das figuras dos contratos de adesão: são contratos-tipo, compostos por
clausulas contratuais gerais onde aquilo que muda são os dados pessoas de cada aderente.
Como no art 104 CT é referido, existem vários tipos de contratos de trabalho.
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A adesão não tem de ser formulada através de regulamento interno, mas pode sê-lo. O que
aqui importa destacar é o art 104 n2 CT: a lei apresenta aqui um aspeto onde a unilateralidade
do contrato de adesão de transforma em bilateralidade.
Suponhamos que a entidade empregadora quer
alterar o regulamento interno que estabelece as
condições de adesão do trabalhador. Sabemos que a
alteração não foi referida no momento da adesão do
trabalhador àquele contrato de trabalho. Por isso, as
alterações só podem ser efetuadas se, de facto,
houver concordância do trabalhador nestas. A lei
estabelece uma presunção da aceitação do
trabalhador se ele não se manifestar por escrito num
certo período.
Neste tipo de contratos de trabalho, é de dar referencia ao art 105 do CT: aplica-se, de forma
subsidiária, o regime das Cláusulas Contratuais Gerais – Dlei 446/85.
Em ambos os contratos referidos, de destacar o seguinte: dever de informação (art 106 CT).
Chegou-nos com a interposição de uma diretiva comunitária: o empregador está obrigado a
informar o trabalhador das condições de trabalho. Tal dever está também no dlei 446/85.
No n4 admite-se a possibilidade de que algumas destas matérias sejam remetidas, pelo
empregador, para uma convenção coletiva.
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porque se um contrato, 3 anos depois, for considerado nulo, ele surge na mesma os
efeitos a que tende em garantias de segurança social - -se considera que o trabalhador
desconta para a SS durante a vigência de um contrato que é nulo.
O regime da convalidação:
é um regime excecional. Extinta a invalidade do contrato, este considera-se válido desde a sua
origem – art.125º nº1 CT.
O que se pretende com esta eficácia retroativa da convalidação é garantir o tempo de trabalho
e garantir os efeitos que daqui possam surgir quanto à Segurança Social.
Contudo, no art.124º CT prevêem-se situações em que o contrato de trabalho é celebrado
contra a ordem pública e contra os bons costumes, e por isso serão nulos (ex:o contrato de
trabalho de prostituição, algo permitido em certos países agora).
O que importa realçar é que estes contratos, uma vez extinta a causa da invalidade, também
gozarão da convalidação, mas essa será apenas para o futuro, contrariamente ao caso anterior
mencionado em que os efeitos do passado também são tidos em consideração.
Ora, no período experimental, qualquer uma das partes pode extinguir a relação
laboral, não tendo de apresentar qualquer tipo de justificação. A lei limita a
discricionariedade do trabalhador mas não a liberdade de não trabalhar.
→ No art 114 CT, estabelece que o empregador tem toda a liberdade de pôr fim ao
contrato de trabalho no período experimental: não ocorre assim, porque há garantias
constitucionais universais das quais a relação jurídica depende.
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v Uma delas é a não discriminação: não pode o empregador discriminar com
base na raça, no sexo, na orientação sexual,… Se o empregador se “livrar” do
trabalhador com base nestes elementos, é um abuso do direito (que será difícil
de provar, na medida em que o empregador não tem sequer de justificar o
porquê do despedimento, gozando de um direito ao silêncio).
Quando a lei prevê um regime destes, está então a pressupor um empregador
razoável que só irá dispensar o trabalhador se, depois da experiencia, ele não
corresponder às expectativas ou não se adaptar àquele posto de trabalho. É
uma apreciação casuística que justifica o termo do período experimental.
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pelo menos com 7 dias de antecedência, de que vai dispensar os seus serviços – art
114/2 CT.
Este prazo é no caso do período experimental durar mais de 60 dias, porque se durar
mais de 120, o aviso prévio já terá de ser de 15 dias. Isto são requisitos justificados
pela ideia de que o trabalhador tinha criado uma expectativa de continuidade do
vinculo.
Será que pode o empregador usar os meios de vigilância à distancia no local de trabalho (exs:
camaras de vídeo, microfones,…) para fiscalizar e controlar o desempenho do trabalhador?
Pode o empregador monitorizar a navegação do trabalhador na internet, ainda que em
períodos de trabalho? Pode o trabalhador criticar o empregador?
O ponto de equilíbrio nesta matéria está nos arts 14 a 22 do CT, que refere que os direitos de
personalidade que são direitos gerais e necessários, de que todos gozam, e que têm um
conteúdo mínimo e imprescindível da esfera jurídica de cada pessoa. É a tutela geral da
personalidade. A tutela que vemos no CT é idêntica à que se prevê para a função pública.
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A verdade é que isto leva a uma ideia de que a relação de trabalho é simétrica ou paritária –
art 16/1 CT – e à ideia de igualdade dos direitos de personalidade do trabalhador e do
empregador.
Contudo, não podemos ir por esta via,
na medida em que a relação laboral é
uma relação caracterizada pela
assimetria e porque os direitos que o
DT garante são mais para satisfazer a
posição do trabalhador e não tanto
(ainda que também) do empregador.
Quanto à questão dos dados pessoais, é outra norma que o art 17 CT contempla: visa proteger
não só o candidato ao emprego, mas o próprio trabalhador.
Na entrevista de emprego, são feitas certas questões que podem ter consequências a nível
pessoal. Compreende-se que a lei, no limite, proíba que o empregador procure reconhecer
certos dados do candidato/trabalhador:
a) a sua religião
b) se tem ideias ou não de formar família
c) a sua ideologia política.
d) …
Mas, por regra, se estas questões forem feitas, a lei reconhece ao trabalhador um direito à
mentira: se o empregador não atua de boa fé, não se obriga a que o candidato o faça. Pode o
contrato ser invalidado pela violação do princípio da boa fé contratual? Tem-se entendido que,
em medida de proteção de uma expectativa jurídica, não se deve assentir na invalidade do
contrato, desde que o motivo pelo qual se quer invalidar seja uma mentira referente à vida
privada do candidato, agora trabalhador.
Temos uma norma comunitária (Regulamento de Proteção de Dados) que não vai acrescentar
nada ao CT, vindo sim obrigar os Estados e várias entidades a criar entidades responsáveis pelo
controlo de dados pessoais. Não vem restringir o acesso aos dados mas sim
obrigar a que os empregadores estejam obrigados
a pôr uma pessoas responsável por esse
tratamento, ou então a contratar entidades
especialmente com certificado de inscrição na
associação nacional de proteção de dados para
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desenvolver essa função.
Quanto aos testes médicos, o código limita a liberdade de submissão dos trabalhadores a estes
testes. Claro que a lei admite a exigência destes testes quando sejam essenciais para garantir a
boa execução e segurança do trabalho.
ex: num condutor de autocarros, é preciso saber do estado de saúde do condutor. Então, o
condutor pode estar sujeito a exames, mas não os pode fazer diariamente ou de forma
sucessiva, porque isso coloca em questão a liberdade e personalidade do condutor.
Outra questão que deve ser referida é a da discriminação, que é um aspeto fulcral da tutela da
personalidade. A proibição da discriminação está estipulada na lei, mas em certas situações,
não em situações de, por exemplo, não se dar o trabalho a uma pessoa por ela ser menor de
idade.
Temos uma tutela da igualdade ao nível laboral, vista no acesso ao emprego e na execução do
trabalho. Tal está no art 23 do CT, que refere-se também à discriminação direta (assenta
objetivamente em determinados aspetos) e a indireta (difícil de detetar, são discriminações
que formalmente não são diretas mas que pelos efeitos prejudicam certos grupos sociais em
detrimento de outros).
î Uma nota ainda: admite-se que o empregador possa fixar/estabelecer regras junto do
trabalhador sobre à sua reserva privada. Pode, por exemplo, com base no art 22 do CT,
proibir o uso do e-mail profissional para questões pessoais.
Todas estas limitações, quando violadas, são solucionadas por responsabilidade por danos
morais, por danos patrimoniais,…
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Por regra, o assédio é vertical (entre trabalhador e empregador), mas temos também um
assédio horizontal: entre trabalhadores.
→ Nos casos de desocupação, temos uma forma de reagir: direito de ocupação efetiva:
com alguma discussão, pergunta-se se pode o empregador limitar-se a pagar ao
trabalhador, mas não o deixar praticar o seu trabalho. A verdade é que, por regra, o
esvaziamento de funções pode ser um dos comportamentos capazes de integrarem o
conceito de assédio ou mobbing. De facto, temos de olhar aos interesses materiais e
não patrimoniais do trabalhador que com isto seriam postos em causa. Por isso, a
solução está no art 129 CT, juntamente com o art 59/1 a) CRP.
No atual contexto de grande pressão, o fenómeno do assédio tende a agravar-se, ainda que o
atual CT proíba o assédio, no art 29/1 CT, estando a definição de assédio no n2 e no n3 o
conceito de assédio sexual.
a) O trabalhador lesado tem direito a ser indemnizado pelos danos patrimoniais e não
patrimoniais (art 29/4 CT)
b) O assédio é uma contraordenação muito grave, pelo qual responde o empregador (art
551 CT), sem prejuízo do disposto no art 29/5 CT.
c) A prática de assédio por um trabalhador legitima o uso do poder disciplinar patronal,
podendo levar ao despedimento por justa causa do autor do assédio nos casos mais
graves.
d) A prática do assédio pelo empregador leva a justa causa de resolução do contrato de
trabalho, ocorrendo o mesmo se o empregador se vier a revelar conivente com o
assédio que houvera sido feito por um trabalhador (art 394/2 f) CT).
O CONTRATO A TERMO
A questão que aqui se coloca é: o trabalhador é contratado por um certo período, mas será
que isto dá uma ideia de segurança no emprego, prevista no art 53 CRP? Uma relação laboral
é segura quando não está prevista a sua extinção. Aliás, esta ideia de segurança no emprego
foi o primeiro dos DLG dos trabalhadores a ser criado.
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Apesar da estabilidade que um contrato de trabalho de tempo indeterminado dá, na verdade,
nem sempre as empresas conseguem assegurar um trabalho de duração indeterminada,
porque podem precisar de mão de obra para um certo período.
î Olhando aos arts 139 e ss CT, essencialmente no art 140/1 CT, temos dois requisitos
para se admitir a existência desta figura do contrato a termo. No art 140 CT, temos os
requisitos materiais para a existência destes contratos:
1. Podemos recorrer à contratação a termo se a necessidade for temporária
2. A duração da contratação tem de ser igual à duração da necessidade
Há, claro, uma incerteza quanto à duração da relação laboral porque não se sabe também da
duração da necessidade de mão de obra, a priori. De todo o modo, estes elementos são
importantes para a apreciação do regime da contratação a termo que virá a seguir.
î Já quanto ao art 140/2 CT, refere-se ao que pode ser uma necessidade temporária da
empresa. Porém, este conceito é, mesmo assim, muito vago. Isso leva a que possam
ser consideradas como tal todas as necessidades que o empregador quisesse.
î E quanto ao art 140/4 CT, não se levantam questões? A verdade é que sim, porque
acabamos por entender que o contrato a termo pode também satisfazer, por fim,
interesses permanentes das empresas.
1. Forma escrita – art 141/1 CT, mais todos os outros requisitos do artigo. A
inobservância da forma traz a nulidade da clausula de termo resolutivo – art 147/1 c)
CT.
2. Motivo justificativo da contratação a termo – art 140/5 CT. Se este for indicado e não
existir, a consequência está no art 147/1 a) e b) CT. Se existir e não for indicado, art
147/1 c) CT.
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î Pelo art 139 CT, a contratação a termo pode ser afastada pelos Instrumentos de
Regulação Coletiva de Trabalho (IRCT). Em regra, eles podem deixar de exigir a forma
ou o facto de os contratos a termo virem satisfazer interesses da empresa que sejam
de pequena duração.
Por outro lado, quando falamos desta contratação, temos de fazer uma sub-divisão entre a
contração a termo certo e a termo incerto.
24
c) No caso dos contratos de muito curta duração: no art 142 CT, só estão
previstos para a atividade agrícola enquanto atividade sazonal (ex: vindimas) e
para eventos turísticos.
Há entidades que desenvolvem eventos turísticos mas que não têm uma
atividade turística: é o caso da organização da Queima das Fitas. Pode então
considerar-se isto um evento turístico e permitir a contratação da pessoa por
um período de 1 semana?
Estes contratos de muita pouca duração não podem exceder 15 dias. Se
houver problemas, temos de fazer prova que se trata destas situações
previstas no art 142/1 CT.
d) A duração está no art 148 CT e estabelece um limite máximo, no art 148/3 CT,
nos termos do qual um contrato a termo certo não pode ultrapassar os 3
anos, nem pode este contrato ser renovado mais do que 3 vezes. A renovação,
nestas 3 vezes, não pode ultrapassar um total de 3 anos.
ex: um contrato de 2 anos não pode ser renovado 3 vezes por um período de
2 anos, porque isso ultrapassa o limite dos 3 anos.
ü Olhando ao regime da renovação, temos de dizer que vigora aqui uma regra supletiva
de renovação automática. No silêncio das partes, o contrato dá-se como renovado nos
mesmos moldes do contrato inicial, ou, se for uma segunda ou terceira renovação, vai
a nova renovação ser feita nos mesmos moldes da ultima renovação. A isto chamamos
25
de renovação tácita.
Assim, para que o contrato caduque por expiração do prazo, é preciso que alguma das
partes acione o mecanismo da caducidade, nos termos do art 344/1 CT.
Contudo, 3 notas:
ii. A renovação só ocorrerá se, à data da mesma, subsistir o motivo que lhe deu origem –
art 149/3 CT. No caso do motivo desaparecer (ex: um trabalhador doente deixa de
estar doente ou um trabalhador doente morre), deixa-se de precisar de um contrato a
termo. Olhando ao caso concreto, ou o contrato caduca, ou passa a contrato sem
termo – art 147/2 a) CT.
Há uma similitude na renovação dos contratos a termo certo e incerto: o n1 do art 143 CT é
extenso, vindo dizer que, quando o contrato a termo termina, a lei estabelece um prazo dentro
do qual o empregador não pode contratar a termo ninguém para exercer aquelas mesmas
funções. O tempo é 1/3 da duração do contrato anterior, com ou sem renovação, sendo que o
que importa é a sua duração total.
A lei, no art 140/2 CT, foi no sentido de prevenir a fraude: a regra, enquanto norma que
proíbe a sucessão de contratos a termo, alarga o seu âmbito de aplicação. Esta norma aplica-
se aos casos em que:
Se estas situações se verificarem, a lei estabelece a ideia de que aquela necessidade nunca foi
temporária ou, se o foi, passou a ser definitiva.
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ü Por fim, quanto à caducidade do contrato a termo certo, está no art 344 e 345 CT. O
contrato a termo caduca, vencido o respetivo termo.
A parte que quiser extinguir o contrato a termo tem de avisar com antecedência a
outra dessa mesma vontade de não querer renovar, pretendendo que o contrato
caduque. Se tal não acontecer, o contrato ou renova-se ou transforma-se em contrato
sem termo. Pode-se pedir indemnização, nos termos no art 344/2 CT.
Nos casos em que é o trabalhador a fazer cessar o contrato, então não receberá
nenhuma indemnização, porque nenhuma expectativa sua foi frustrada.
1. Sabemos que a duração da relação laboral é curta, mas não sabemos qual a sua
duração certa.
3. Quanto à duração: não pode passar os 6 anos – art 148/4 CT. Um contrato a termo
incerto, que pode durar até 6 anos, também só dura enquanto durar a necessidade.
Este não é renovável.
Se o prazo vier a ser excedido sem que o termo incerto se tenha verificado,
transforma-se este contrato a contrato sem termo – art 147/2 b) CT.
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Isto não leva a que automaticamente se converta o contrato: daqui surge a
indemnização do art 345/3 CT.
a) Pelo art 147/2 c) CT, onde se diz que o empregador, num contrato a termo
incerto, que tenha comunicado o prazo do termo ao trabalhador durante o
tempo exigido por lei, está obrigado a contratar o trabalhador se este
continuar a trabalhar depois da caducidade do contrato a termo, sendo que
para isso é preciso uma aceitação por parte do empregador.
NOTA:
→ Facilmente se entende o porquê: numa contratação a termo certo, a pessoa sabe por
quanto tempo é contratado. No termo incerto, tanto pode durar 3 meses a duração de
trabalho como pode durar 6 ou 12. Assim, o trabalhador neste caso não sabe em que
momento estará no desemprego. Para limitar esta incerteza, então a lei limitou os
casos em que este tipo de contratação se pode verificar.
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Aula do dia 19/10/2018
Quanto aos contratos que serão analisados, temos de destacar a exigência da forma: precisam
de ser escritos, desde logo para facilitar o processo de fiscalização. Com esta fiscalização,
acabamos por suprir a menor liberdade que é dada ao trabalhador na relação laboral.
A questão da forma releva para as partes, mas não deixa de relevar também fora disso.
Por fim, este tipo de contrato assenta numa subordinação jurídica – parasubordinação
na medida em que é uma figura intermédia entre o trabalho subordinado e o trabalho
autónomo. Sobre esta matéria, para além da lei 101/2009, de destacar o art 10 CT.
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normal de trabalho, que é um crime contratualizado entre as partes para se
trabalhar menos do que aquilo que a lei exige.
É preciso haver referência clara a este tipo de contratos.
û Têm de especial:
§ Aspetos estritamente patrimoniais: Um dos aspetos de medição da
atividade laboral é o tempo. Por isso, se num setor o horário é de
40h/semana e, num setor semelhante, é 35h/semana, este deverá
ganhar menos do que aquele, porque a remuneração presume-se
proporcional ao horário de trabalho.
û É nos arts 150 a 156 do CT que se define este tipo de relação laboral. Temos
de distinguir o trabalho parcial vertical (eliminam-se certos dias inteiros de
trabalho, trabalhando as 8h diárias nos outros dias) do trabalho parcial
horizontal (reduz-se a carga horária todos os dias da semana).
A opção por um ou outro tipo vai ser definida por acordo das partes, feito por
escrito, sob pena de se considerar um contrato de trabalho a tempo inteiro –
art 153/3 CT.
30
û Por regra, quando se passa de trabalho a tempo completo para tempo parcial,
pode o empregador contratar um substituto a termo certo (art 140/2 d) CT).
Quando o contrato a termo parcial terminar, volta o trabalhador a exercer as
suas funções na integra – art 155/4 CT).
Uma última nota: não deixa de ser estranha a norma do art 151 CT, onde a lei quer garantir a
contratação a tempo parcial, não havendo entraves, porque cada vez mais esta é uma
alternativa à contratação a tempo completo. Faz-se isto para se conseguir diminuir as
situações de desemprego, porque se acha melhor trabalhar em situações de contratação a
tempo parcial do que o desemprego.
Por outro lado, quer-se também garantir às empresas um modo de contratação segundo as
suas necessidades (em tempo de crime, os horizontes não são otimistas). Dai que o trabalho a
tempo parcial seja a única modalidade de contrato de trabalho ao qual podemos recorrer
livremente e sem limites.
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a) A prestação não pode ser inferior a 6 meses, tendo pelo menos 4 de
ser consecutivos – art 158/2 CT.
b) A antecedência da chamada ao trabalho tem de ser feita pelo menos
com 20 dias de antecedência - art 158/3 CT.
î A comissão de serviços
Aqui, temos uma relação laboral normal, mas que se caracteriza pela relação interpessoal que
existe entre as partes. Está o regime no art 161 CT, e pode ser desenvolvido em 3 casos:
Se se aplicar este regime a outro tipo de funções, o contrato de trabalho passa ao contrato
strandard.
Estes contratos podem ser exercidos por pessoas que já trabalhavam na empresa (comissão de
serviço de trabalhador interno/em sentido técnico) ou por trabalhadores novos (comissão de
serviço de trabalhador externo/ em sentido amplo).
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î Na comissão interna, o documento escrito (art 162/3 e /4 CT) deve respeitar o
disposto no art 162/3 c) CT.
î No caso da comissão externa, o art 162/2 e art 162/3 d) CT.
A lei reconhece às duas partes a possibilidade de denunciar a comissão (art 163/1 CT), e
também pode o empregador resolver unilateralmente o contrato da comissão, o que coloca o
problema constitucional de se saber se isto não viola o principio da causalidade do
despedimento, do art 53 CRP.
Por causa desta questão temos de distinguir, dentro da comissão externa e interna, entre:
§ O acordo pode ser denunciado em 30 dias depois da sua execução – art 167/2 CT.
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§ Cumpre ainda destacar mais requisitos, previstos nos artigos:
î 166/5 CT + art 166/7 CT.
î 169 CT.
î 170 CT.
î 168 CT.
î 169/3 CT.
î 171 CT.
§ Uma nota interessante: o trabalhador que tenha sido vitima de violência doméstica
tem direito a exercer a sua atividade profissional em regime de teletrabalho – art
166/2 CT. Estranho? Não, porque o objetivo é que ele saia da casa da morada de
família, o que é um requisito neste tipo de teletrabalho – art 195/1 b) CT.
Também têm mais facilidade de acesso a este regime as pessoas com filhos com
menos de 3 anos – art 166/3 CT.
Neste tipo de relações, o contrato que liga o trabalhador à empresa de trabalho temporário
pode ser um contrato a prazo ou a termo. Contudo, esta ideia de trabalho temporário refere-
se à atividade desenvolvida para o utilizador/empresa que emprega e não quanto à duração
do vinculo do trabalhador com a empresa que contrata: esse vinculo pode ser de tempo
indeterminado ou a termo.
Este é um fenómeno cada vez mais realizado, mas que tem levantado um conjunto de
questões: desde logo, é importante que o legislador torne claro o papel de cada um dos
sujeitos intervenientes na relação.
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Aula do dia 23/10/2018
Quanto aos arts 127, 128 e 129 CT, falam das garantias e deveres do trabalhador e do
empregador na prestação do trabalho.
→ Desde logo, o dever de humanidade (que é também uma garantia para a outra parte)
que se tem de verificar, sabemos, não só dentro da empresa, e não só do lado do
trabalhador, mas também do empregador.
Por outro lado, pelo art 128 e) CT, temos uma norma que mexe com elementos sensíveis da
relação laboral. São criados aqui dois deveres para o trabalhador:
b) O dever de não concorrência – aqui, a lei usa uma linguagem pouco exata. Em
primeiro lugar, quando fala da lealdade, tem-se entendido que as partes devem guiar-
se pela boa fé.
Não é difícil aceitar a legalidade deste dever. Todavia, há um aspeto a ter em conta:
temos de entender o dever de não concorrência enquanto concorrência desleal: não
pode o trabalhador, de forma dissimulada, desenvolver um trabalho que retire
clientela ao seu antigo empregador.
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Quanto a deveres da entidade patronal, de referir, rapidamente:
1. O dever de ocupação efetiva: não basta ao empregador pagar o salário, é preciso que
crie condições para os trabalhadores exercerem a sua função.
Este pode ser entendido tanto enquanto direito como enquanto dever, dependendo
da parte que é analisada.
Quando se fala nos poderes de direção, podemos falar deste em sentido amplo (todas as
faculdades de comando e direção que decorrem de um contrato de trabalho no sentido de
determinar a forma de prestação de trabalho do trabalhador).
3. Poder disciplinar: é também de salientar, pelo art 98 CT, que o trabalhador pode estar
sujeito a medidas disciplinares estabelecidas pelo empregador.
Esta é uma relação única no DCivil que, mesmo assim, não se pode livrar dos princípios
da justiça pública e da igualdade das partes.
Estamos perante um poder sancionatório genuíno que a lei atribui a um particular, o
que é raro porque há muito que o poder sancionatório passou para o Estado. Aqui, é o
próprio interessado na punição que vai punir.
Vai fazê-lo com base nos elementos previstos no art 328/1 CT, que estipula um
conjunto de formas sancionatórias. É certo, mesmo assim, que algumas destas sanções
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levantam dúvidas (exemplo da diminuição da remuneração do trabalhador ou
diminuição dos seus dias de férias).
De qualquer forma, a existência do art 328 CT significa:
Também de forma a controlar o empregador, referiu-se que este deve ter em conta
vários princípios:
ii- O processo disciplinar deve iniciar-se nos 60 dias depois ao dia em que o
empregador tem conhecimento da infração. É um prazo de caducidade
para iniciar um processo disciplinar. (art 329/2 CT).
iv- A aplicação da sanção deve ser feita nos 3 meses seguintes à decisão, sob
pena de caducidade (art 330/2 CT). Porque falamos de um poder punitivo,
temos vários aspetos do direito penal que têm de ser aplicados. Tal está
37
no art 330/1 CT.
5. Empregador razoável: por regra, a relação laboral não pode ser posta em causa
por causa do facto que se desenvolveu: ela deve continuar. Contudo, pode o
empregador suspender o trabalhador, na medida em que a sua presença se
demonstre inconveniente para o processo. Não há, contudo, referência ao que é
ou não inconveniente: sendo, então, nesse momento, que se invoca a ideia do
empregador razoável.
Nos casos em que o trabalhador acha que sofreu uma sanção abusiva, temos a possibilidade
do poder disciplinar depois analisar o caso, desde que haja impugnação judicial da referida
sanção disciplinar – art 329/7 CT. É dado um direito de ação judicial ao trabalhador.
Estas categorias são uma forma de exprimir o objeto do contrato de trabalho e, com
base nesta, pode o empregador decidir, em cada momento, que atividade pretende
que o trabalhador desenvolva. Categoria pode então ser um limite à liberdade do
empregador.
Como? O legislador vem corrigir as partes naquilo que elas estipularam, havendo uma
redefinição e reconfiguração legal em ordem à identificação e delimitação do objeto
contratual – o que as partes contrataram é alterado – sendo-lhes juntadas funções afins
funcionalmente ligadas.
Mesmo assim, a tutela dada à categoria profissional leva a que o empregador não possa baixar
a categoria do trabalhador – art 129 e) CT – salvo nos casos previstos no art 119 CT.
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Até a mudança para categoria superior tem de ser consensual, contanto com o consentimento,
ainda que tácito, do trabalhador.
A mobilidade funcional
Na relação laboral, o que há, sim, é um principio de que o trabalhador exerce um trabalho
correspondente à categoria que ficou estipulada no contrato – art 118/1 CT. É o principio da
invariabilidade da prestação.
Mas isto impede que ao trabalhador sejam pedidas funções de outra categoria? Não. Por
causa da flexibilidade empresarial, as empresas pedem que o trabalhador seja
“funcionalmente móvel”. Daí o conteúdo visto no art 120/1 CT.
De referir, então, que é reconhecido um ius variandi à entidade empregadora. Mesmo assim,
com limites:
Mesmo com tanta liberdade, o legislador, no art 120/2 CT, foi mais longe: as partes do
contrato, através de uma simples estipulação contratual, podem alargar o direito de variação
e, assim, subverter a excecionalidade deste regime.
î Pelo art 115 CT, o contrato de trabalho funciona como um titulo que atribui faculdades
ou capacidades jurídicas que, em principio, se não tem.
De facto, a legitimidade do trabalhador para executar funções em nome do
empregador decorre do próprio contrato.
Todavia, existem certos negócios jurídicos onde o trabalhador tem de ter requisitos
especiais de legitimidade. É o caso dos advogados, que precisam de ter uma
procuração para atuar em nome da empresa. Isto ocorre porque os poderes de que
carece um advogado quanto à empresa são maiores do que os de um “normal”
funcionário.
Nas profissões com mais necessidade técnica, bem como para aquelas com maiores
poderes deontológicos, o trabalhador exerce uma autonomia técnica: sempre que
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tem ordens para desenvolver certo ato, pode recusar se a execução da ordem ferir os
deveres deontológicos.
A autonomia técnica não tem a mesma garantia que tem a chamada autonomia
deontológica. Só as vamos distinguir por necessidades dogmáticas, porque o art 116
CT fala das duas.
û O advogado, por exemplo, tem um saber que, por muitas vezes, a entidade
empregadora não tem. Isso indica que, se depois a entidade empregadora
tenta dirigir a defesa do advogado, pode o advogado ir por outro caminho, se
entender que essa é a forma que melhor tutela os interesses do empregador.
Claro que o exercício dessa autonomia será um pouco mais restrita: o
advogado deve exercer a sua função de acordo com aquilo que sabe melhor.
b) Também pode acontecer que certo trabalhador tenha título mas seja privado de
exercer aquela profissão no futuro. Nestas situações, o contrato caduca porque se
verifica uma impossibilidade superveniente.
î Quanto à dinâmica do contrato de trabalho, ocorre porque cada trabalhador tem uma
função a exercitar. A regra é que cada trabalhador exerça as funções para as quais foi
contratado.
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Daqui podem surgir três situações, não estando uma prevista na lei:
1) O trabalhador, com isto, pode ser promovido: a lei não refere a situação da
promoção. Para haver promoção, tem o trabalhador de dar também o seu
consentimento.
2) O trabalhador pode ser despromovido: o art 119 CT estipula requisitos para isto:
A. Uma razão objetiva que está ou na esfera do empregador ou na do
trabalhador.
B. A entidade que tutela a relação laboral tem de dar a sua concordância.
C. Tem de haver um controlo por parte da entidade de inspeção do trabalho.
O LOCAL DE TRABALHO
Está no art 193 CT e é um elemento essencial do trabalho, na medida em que as pessoas fazem
a sua vida em torno do local onde desenvolvem a sua relação laboral.
Cada vez mais este elemento cria instabilidade, principalmente quanto a trabalhos itinerantes
ou ambulatórios. Por regra, fica estipulado no contrato de trabalho o local onde se vai exercer
a função; se tal não acontecer, temos que interpretar convenientemente, baseados na boa fé,
e delimitar esse local de trabalho.
Ainda assim, não pode haver uma completa indeterminação, no contrato de trabalho, do sitio
onde este vai ser prestado.
Se é no contrato que fica estabelecido onde o trabalho vai ser exercido, e se entre nós vigora o
principio pacta sunt servanda (os contratos são para serem cumpridos!), então, vamos pela
ideia de que não podemos alterar o local de trabalho – pelo menos, por vontade unilateral de
qualquer um dos intervenientes (art 406/1 CT).
A garantia da inamovibilidade vem também a ser consagrada no art 129/1 f) e art 193 CT, e é
uma regra que vigora na ordem jurídica.
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• Local de trabalho efetivo: resulta da direção patronal.
Por regra, coincidem; todavia, sendo o primeiro mais amplo que o segundo, este pode mudar
sem que aquele seja alterado, algo justificado pela normal execução do contrato de trabalho.
ü Coletiva (alínea a). O trabalhador não se pode opor à transferência, porque se vai
mudar o estabelecimento. Todavia, pode resolver o contrato, com direito a
compensação, se aquela mudança lhe causar prejuízo sério, ao abrigo do art 194/5 CT.
ü Individual (alínea b). Aqui, é preciso que a transferência não cause um prejuízo sério
ao trabalhador. Algo relativo, na medida em que este conceito de “prejuízo sério” não
se encontra tipificado. O trabalhador, em caso de prejuízo sério, pode desobedecer à
ordem do empregador – art 128/1 e) CT.
O legislador exige a apresentação de um motivo pela empresa – art 194/1 b) CT. Este é
definido pelo titular da empresa. Na prática, não será esta ressalva que evitará os
riscos associados a uma transferência de um trabalhador.
→ Definitiva: quando a situação de emprego que antes existia não surgirá novamente no
futuro. Aqui:
a) O trabalhador goza do poder de rescindir o contrato de trabalho, no caso de haver
prejuízo sério. Aplica-se à transferência coletiva e individual.
b) Se o trabalhador tiver prejuízo sério na mudança, e mesmo assim se mudar, terá
direito a uma compensação – art 194/4 CT.
c) No caso de transferência definitiva coletiva, o trabalhador goza de autonomia para
referir se vai ou não acompanhar a empresa. Se não acompanhar, tem de
indemnizar o empregador.
Quanto ao procedimento de transferência, está definido no art 196 CT, devendo haver uma
comunicação prévia, por escrito, ao trabalhador da intenção da sua transferência. Será de 8
dias se for temporária e de 30 se for definitiva.
Pelo art 194/4 CT, é da responsabilidade do empregador custear todas as despesas que
possam surgir da transferência do trabalhador.
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As transferências autorizadas pelos contratos
Aqui, temos de ter em atenção limites? Achamos que não, apesar de na relação laboral termos
de ver preenchidos vários valores constitucionais: a liberdade de iniciativa económica privada,
a garantia institucional de estabilidade no trabalho (art 53 CRP),…
Dir-se-á, aliás, que, apesar da excecionalidade deste regime (art 194/3 CT), a realidade é que
nem a inamovibilidade nem a mobilidade do trabalhador podem ser absolutas; podem é ser
negociadas pelas partes da relação laboral.
Apesar disso, não parece que as partes possam contratar que a entidade patronal será livre de
fixar o lugar de trabalho do trabalhador quando quiser, já que esta clausula traria problemas –
desde logo, a insuficiente determinabilidade do objeto da prestação laboral.
Temos ainda, no art 195 CT, a mudança do local de trabalho em caso de violência doméstica:
a vitima pode pedir a sua transferência para outros locais de trabalho da mesma empresa se se
verificarem um conjunto de requisitos previstos no artigo.
Quando preenchidos os requisitos, o empregador não pode negar a transferência, somente
adiá-la – art 195/2 CT.
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O empregador que use este artigo para adiar o máximo possível a transferência, dá ao
trabalhador o direito de:
a) suspender o contrato de imediato, até que a transferência ocorra – art 296/2 b) e art
195/3 CT. Esta faculdade de suspender o contrato é dada, mesmo quando a empresa não
tenha lugar para onde transferir o trabalhador.
De todo o modo, sendo um dos requisitos a queixa da vitima, não podemos ignorar as dúvidas
que saqui saem: porquê a necessidade da queixa, se este é um crime público? Pela
complexidade da questão, na lei 112/2009, o legislador altera a disposição e passa para
“apresentação de denuncia”.
Por causa desta relevância, a lei assenta no binómio tempo de trabalho/período de descanso.
Já o período de descanso está definido no art 199 CT e é todo aquele que não seja tempo de
trabalho.
§ Período normal de trabalho (art 198 CT): tempo de trabalho que o trabalhador se
obriga a prestar em contrato, medido em número de horas/dia e dias/semana.
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§ Período de funcionamento (art 201 CT): este diz respeito ao tempo durante o qual as
empresas podem funcionar. Inclui-se aqui o período de abertura (para as abertas ao
público) e período de produção (para as não abertas ao público). Este é definido pelas
autarquias locais.
Apesar da estipulação do período normal de trabalho caber às partes, por regra não pode
passar as 8h/dia e 40h/semana – art 203/1 CT.
→ Esta é a regra, que, na verdade, nem sempre se verifica, na medida em que, nos dias
de hoje, várias empresas desenvolvem a sua atividade 24h/dia. Assim, o tempo normal
de trabalho e o período normal de trabalho não coincidem.
Temos, por isso, assistido à criação de regimes flexíveis de tempo de trabalho. Hoje
são já uma grande percentagem e tenderá a abranger cada vez maiores percentagens.
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Nestes termos, se a proposta que o empregador faz à entidade coletiva de
trabalhadores sobre este tipo de matéria for aceite por, pelo menos, 75% dos
trabalhadores, o empregador pode alargar, aos restantes trabalhadores, esse acordo.
Temos aqui a lei a alargar a vontade individual aos restantes trabalhadores. O prof
levanta questões sobre isto, nomeadamente quanto à autonomia individual.
a) Por via de regulamentação coletiva- art 208 CT - o período normal de trabalho será
aumentado num máximo de 4 horas por dia.
b) Por via individual – art 208-A CT – aqui, o regime de banco de horas é definido por
acordo com o trabalhador.
c) Por via grupal – art 208-B CT – aqui, a lei vai no sentido do art 206 CT.
→ O período máximo é de uma média de 48 horas semanais. Isto não deixa de ser uma
forma de limitar a disponibilidade do trabalhador ao qual vamos aplicar um regime
normal de adaptabilidade.
1. Está no art 210/1 CT que fala das situações em que a situação de trabalho seja
intermitente ou de simples presença.
Aqui, permite-se que o período máximo de trabalho por semana possa ultrapassar a
regra.
2. No art 210/1 a) CT, temos uma norma aplicada aos trabalhadores de empresas e
entidades que não possam sobreviver aplicando os limites máximos de trabalho
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semanais.
Levanta-se problemas quanto à discriminação sobre a desigualdade de horário laboral:
porque é que os trabalhadores de entidades com fins lucrativos podem estar sujeitos a
um alargamento do período laboral, e os trabalhadores estaduais já não? É isto então,
a desigualdade de tratamento que já em cima se referiu.
Horário de trabalho
Se compete ao empregador fixar o horário de trabalho, também pode ele alterar o horário de
trabalho, incentivado por várias circunstâncias, desde que sejam de natureza objetiva. Diz-se,
no art 217/1 CT, que à alteração de trabalho se vão aplicar as disposições da sua criação.
Periodo de descanso
Por regra, o período de trabalho diário deve ser intercetado por um período de descanso, de
duração não inferior a 1h nem superior a duas, de forma a que o trabalhador não trabalhe
mais do que cinco horas seguidas – art 213 CT.
É de relevar também o período de descanso de, pelo menos, 11 horas seguidas entre dois
períodos de trabalho diários e consecutivos – art 214 CT.
Já quanto ao descanso semanal, pelo art 232 CT, o trabalhador tem direito a pelo menos um
dia de descanso por semana que, por regra, é ao domingo. Porém, nas empresas que
trabalham ao domingo, o dia de descanso não é ao domingo – art 232/2 CT.
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2. Se houver acordo entre as partes de o descanso ser noutro dia.
Pelo /3, podemos ainda acrescentar um dia de descanso semanal que seja complementar.
No caso de ser previsto um dia de descanso complementar (ou seja, dois dias de descanso por
semana), o período de descanso que é exigido para um dia de descanso semanal também se
aplica no dia complementar.
No art 233 CT, diz-se que, quando gozamos de um dia de descanso semanal obrigatório e um
dia de descanso diário logo a seguir (que é a regra, porque eles devem ser gozados de forma
continua), entre o dia de descanso semanal e o dia de descanso complementar deve-se
verificar um descanso de 11 horas.
Se, porém, em vez disso vier, a seguir ao descanso obrigatório, o dia
de descanso complementar, então aí considera-se que o descanso
diário de 11 horas seguidas (pelo art 214 CT) foi cumprido
simultaneamente ao dia de descanso complementar (art 233/2 CT).
Fora dos casos explicados no art 233 CT, deve considerar-se descanso semanal um período de
descanso de 24 horas.
A isenção de horário
Verifica-se nos trabalhadores que não têm um horário laboral determinado. Abrangidos por
isto são os trabalhadores de uma das situações previstas no art 218/1 CT. Nestas situações, as
partes podem acordar uma isenção de horário, por via do art 219 CT.
A isenção pode ser total, parcial/limitada ou modelada/relativa.
Se não virmos nenhum destes regimes, é a lei que estabelece os limites mínimos e máximos de
trabalho.
1. No art 265 CT, o trabalhador que beneficie desses horário têm de receber uma
compensação salarial.
2. Esta situação é, ainda, reversível.
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Desvantagem:
Os turnos são bons nas empresas que funcionam 24/7, 365 dias ao ano.
Podem ser:
Quanto à aplicação do regime de turnos, a lei vocaciona-se mais para o turno rotativo, que é o
que mais complexidade possui.
O trabalho noturno
É o trabalho que tem a duração mínima de 7h e máxima de 11h e no qual temos um período
de descanso.
Sempre que a convenção coletiva, dentro dos seus limites, não estabeleça nenhum limite ao
tempo de trabalho noturno, achamos ser preciso invocar um regime supletivo.
Esse regime diz que o trabalho deve ser desenvolvido entre as 22:00h de um dia e as 7:00h da
manhã de outro (duração de 9 horas, havendo sempre um período de descanso).
Tal está consagrado no art 223 CT.
î A lei, aqui, para além de demonstrar preocupação com o trabalhador, nos arts 224 e
225 CT, estipula uma retribuição acrescida para quem preste este tipo de trabalho,
pelo art 266 CT.
Quando é a convenção coletiva a estipular o horário de trabalho noturno, sabemos que ela
goza de uma certa liberdade de regulação.
A convenção coletiva pode designar certos períodos de trabalho noturno e escolher uma
duração de trabalho noturno entre 7h a 11h. De uma forma ou outra, trabalhando as 7h ou as
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11h em horário noturno, o período de trabalho entre as 00:00h e as 05:00h é sempre
considerado trabalho noturno.
O trabalho noturno é também especialmente desgastante. Por isso é que lhe são introduzidas
algumas limitações:
O trabalho suplementar
É aquele que é prestado para além do horário de trabalho. A lei prevê uma figura afim: uma
tolerância de 15 min para os trabalhadores acabarem de exercer o trabalho que estão a
executar no momento da saída, não sendo isto trabalho suplementar.
A matéria do trabalho suplementar está no art 226 a 231 CT, estando os efeitos previstos no
art 268 CT.
O recurso a este tem caráter excecional – art 227/1 e /2 CT. Aliás, só pode este tipo de
trabalho ser prestado em duas situações:
a) Trabalho suplementar pelo critério de necessidade (art 227/1 CT): são situações
transitórias e eventuais que, por si só, levam a estas exigências. O empregador só pode
recorrer a este tipo de trabalho quando a necessidade seja excecional e urgente.
Podem, então, pedir aos trabalhadores para prolongarem a mão de obra.
b) Trabalho suplementar pelo critério da indispensabilidade (art 227/2 CT): temos uma
afetação anormal da empresa por incêndio, inundação,…
Para compensar o tempo que não se trabalhou, e o prejuízo grave que se verificou,
recorremos a este tipo de trabalho.
No art 227/3 CT, vemos que o trabalho suplementar é obrigatório – basta que o empregador
invoque e prove a existência de um motivo dos em cima enunciados.
Quando associado ao regime de flexibilidade, são impostos limites a este tipo de trabalho
suplementar.
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Temos, aliás, regimes diferentes consoante o trabalho é dado durante dias normais de trabalho
ou dias de típico descanso semanal do trabalhador.
Por conseguinte, do art. 230/1, não decorre qualquer obrigação legal para o
trabalhador de continuar no seu posto de trabalho, mas tão só uma situação
particular em que o empregador pode exigir a prestação de trabalho suplementar
para satisfazer necessidades normais da empresa.
Este regime, por si, não levanta questões. Todavia, quando comparado com o
regime comum aplicável ao trabalho suplementar realizado em dia de descanso
semanal obrigatório, aí sim, as dúvidas surgem: nesta última situação, o
trabalhador fica com o direito de gozar um dia completo de descanso
compensatório ainda que a respetiva prestação não ultrapasse duas horas (art.
229º/4).
E, se no âmbito do art 230/1 CT, o trabalhador trabalhar mais do que duas horas
(se nessa duas horas não se verificar a sua substituição pelo trabalhador seguinte)?
De facto, não temos aqui um regime especifico, achando ser de aplicar o art 229/3
CT uma vez que, como se disse anteriormente, a prestação será realizada durante
o período de descanso diário, cuja duração é de 11 horas.
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Qual as consequências do trabalho suplementar?
1. Uma delas decorre do art 268 CT: é o direito a uma retribuição acrescida, nos termos
previstos no /2.
2. Outra do art 229 e 230 CT, que falam de um descanso compensatório remunerado.
3. Pelo art 231 CT, há a obrigação de registo de trabalho suplementar.
Os feriados
São dias de não trabalho em virtude de verificação de eventos religiosos, políticos ou sociais.
Quanto aos empregadores, aplica-se o art 236 CT e eles têm de encerrar ou suspender
a sua atividade que não sejam permitidas ao domingo.
Aquilo que mais relevo assume é quanto aos trabalhadores: estes ficam isentos de
trabalhar. São estas duas garantias que se inferem do conceito de feriado obrigatório.
Temos aqui dois aspetos que assumem relevância no art 269 CT:
a) o trabalho que não é prestado em dia de feriado não pode ser compensado depois por
trabalho suplementar.
b) o trabalhador merece ser compensado com remuneração nestes dias de feriado.
A lei admite ainda feriados facultativos – por regra, é a terça feira de Carnaval e a festa da
localidade, num máximo de dois dias de feriado facultativo por ano. Tal tem de estar
previsto, por via do art 235 CT.
Nos termos do art. 8º, n.º 4, da L. n.º 23/2012, as “regiões autónomas podem estabelecer, de
acordo com as suas tradições, outros feriados, para além dos fixados no Código do Trabalho,
desde que correspondam a usos e práticas já consagrados”.
→ Quanto ao trabalhador que presta trabalho normal em dia de feriado, aplica-se o art
226/2 CT a contrario. Olhando ao art 269 CT, bem como ao art 227 CT a contrario,
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estes trabalhadores desenvolverão trabalho suplementar em sentido técnico por
motivos normais da empresa.
Por isso, deve haver clara distinção entre este tipo de trabalho e o trabalho
suplementar propriamente dito (desde logo, porque ao primeiro não se
aplica o art 228 CT e ao segundo sim).
No que respeita aos efeitos, estes afastam-se dos previstos no regime comum: enquanto
neste, os trabalhadores que prestam atividade em dia feriado têm direito a um acréscimo de
50% da retribuição por cada hora de trabalho (calculada nos termos do art. 268º, n.º 2), no
caso das empresas dispensadas de suspender a laboração nos feriados, os trabalhadores têm
direito ou a um acréscimo de 50% sobre a retribuição ou a descanso compensatório
remunerado.
Esta alternativa conferida ao empregador prende-se com a eventual dificuldade das empresas
organizarem o trabalho nos dias em que os trabalhadores deviam gozar o descanso
compensatório. A escolha de um ou outro elemento é feita nos termos do art 278/1 CT,
podendo igualmente ser adotado, por acordo, o regime do art 229/3 e /4 CT.
→ Esta matéria está no art 237 CT, dizendo este artigo que o período máximo de fériasé
de 22 dias úteis por ano.
→ O trabalhador tem direito a um período de férias retribuídas, em cada ano civil, que
sevence no dia 1 de janeiro.
→ De relevar ainda o art 237/2 CT, que diz que o nosso direito a férias é sempre
adquirido olhando ao trabalho prestado no ano anterior – daí que, por regra, não
tenha direito a férias o trabalhador no seu primeiro ano de trabalho.
Mas como se depreende, no ano em que se inicia o trabalho, não podemos ter só
trabalho. Dai que surja o artigo 239 CT, com um regime especial: o trabalhador tem
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direito a 2 dias de férias por cada mês de trabalho, num total de 20 dias por ano. Este
direito só pode ser gozado até 6 meses após o inicio da execução do contrato.
Isto significa que, quem começa a trabalhar em dezembro, só terá direito, nesse ano, a
dois dias de férias – que terá de gozar após o mês 6 do ano seguinte.
Pelo art 239/2 CT, se o fim do ano civil (que é, geralmente, o fim da possibilidade de
gozo das férias) se der sem se terem passado os 6 meses de execução do contrato, dá-
se a possibilidade ao trabalhador de gozar desses dias até ao dia 30 de junho do ano
seguinte.
O que é que acontece? É que há uma cumulação do direito a férias: ele, nesse ano, já
poderá gozar dos dias de férias do ano anterior, e dos dias de férias desse mesmo ano
(para os quais conta o trabalho prestado no ano anterior, como vimos, e onde as férias
estão limitadas a 22 dias/ano).
Este regime, do artigo 239/1 e /2, vale também para o caso de impedimento prolongado do
trabalhador que se tenha iniciado em ano anterior, por força do /6. Não há um conceito
preciso do que será um impedimento prolongado, porque é um conceito indeterminado. Por
isso, devemos analisar caso a caso – se uma pessoa se encontrar num impedimento desde 25
de dezembro até 2 de janeiro, não se aplicará o regime do impedimento prolongado. Ainda de
relevar que daqui podem sair soluções caricatas: uma pessoa estar impedida de outubro a
dezembro de um ano, que se estiver a trabalhar a 1 de janeiro, terá direito a férias pelo
trabalho prestado no ano anterior. Já uma pessoa cujo impedimento se inicia a 1 de dezembro,
e vai até 5 de janeiro, poderá não ter direito a 22 dias uteis de férias.
→ Se, no ano em que iniciou, aquele impedimento tiver trazido a impossibilidade do gozo
de férias já vencidas, aplica-se o art 244/3 CT.
1. O direito a férias surge com o contrato de trabalho, porque sem relação laboral não
temos direito a férias.
2. Tudo o que vem a seguir fala da concretização e efetivação do direito a férias. Este
direito vai-se formando há medida que o trabalho se vai formando.
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De relevar ainda o art 239/4 CT: estipula um regime próprio de férias quanto ao contrato a
termo que dure menos de 6 meses.
Marcação de férias
São marcadas por acordo mas, em caso deste não se verificar, é a entidade empregadora que
as marca, desde que ouça os representantes dos trabalhadores nesse aspeto.
Se o fizer o empregador, deverá marcar para o período entre 1 de maio e 31 de outubro, dever
esse que é afastado se o IRCT ou o parecer dos representantes forem noutro sentido, ou ainda
se for uma microempresa.
A lei permite também que a empresa possa encerrar por causa das férias dos trabalhadores.
Temos limites, já que isto só pode ocorrer entre maio e outubro e não pode exceder os 15
dias, ainda que com flexibilidade.
Uma vez as férias marcadas, elas podem ser alteradas, pelo art 243 (motivos do empregador) e
244 CT (motivos do trabalhador):
Levantará mais questão a situação do empregador poder exigir o exercício das férias
nos dias anteriores à cessação do contrato de trabalho (que está sujeito a aviso
prévio), por via do art 241/5 e 243/3 CT.
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A tutela do direito de férias
a. o direito de férias é irrenunciável, não podendo ser compensado, por via do art 237/3
CT.
b. a violação do direito as férias é punida de forma severa: o art 246 CT diz que o
trabalhador tem o direito ao triplo de remuneração que devia auferir naquele tempo.
Para além desse direito, o trabalhador deve gozar as suas férias até ao dia 30 de abril
do ano posterior.
c. de destacar o art 247 CT: esta norma é universal, apesar de na prática discriminar os
trabalhadores que auferem piores salários. Apesar de o professor a achar
discriminatória, continua a vigorar. De facto, aqui, ocorre a proibição do trabalhador
trabalhar nas férias para outros empregadores (exceto se tiver autorização do
empregador).
d. Para efeitos retributivos, as férias são tempo efetivo de trabalho. É uma fixação legal,
já que sabemos que não há trabalho. A lei consagra também que, para além da
retribuição salarial, o trabalhador tem direito a um subsidio de férias.
Regime especifico quanto ao gozo de férias no momento da cessação do contrato: art 245
CT.
Sabemos que o direito a férias se vence (ou seja, é adquirido) no dia 1 de janeiro do ano civil
posterior ao ano em que o trabalho é prestado.
Daqui, podemos criar um regime quanto às ferias adquiridas num ano e o seu gozo incidir
num ano em que cessa o contrato de trabalho.
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quanto ao trabalho prestado este ano, porque o trabalho prestado a partir de 1 de
janeiro de 2017 seria a base já para a constituição do direito de férias do ano seguinte.
Uma nota importante: caso o contrato de trabalho cesse no ano civil subsequente ao
de admissão, ou cesse no próprio ano de admissão, aplicar-se-á o art 245/3 que manda
atender a um critério de proporcionalidade.
Aqui, aplica-se o art 239/1 e /2, por via do art 239/6 CT. Assim, quando voltar do impedimento
prolongado, ele terá direito a 2 dias de férias por cada mês de trabalho prestado
posteriormente ao impedimento.
Se, todavia, logo se seguida ele cessa o contrato, aplicamos também o art 245/4 CT: o
trabalhador vai ter direito à retribuição e ao subsidio de férias proporcionais ao trabalho
prestado no ano da verificação do impedimento. Ele não terá direito a uma compensação por
não ter as férias dos anos em que teve ausente.
Se ele já tiver gozado férias nesse ano, então não se aplica.
Nota: se tiver impedido durante 15 dias, e esses 15 dias abrangerem o 1 de janeiro, então não
achamos que ele perca o direito a gozar os dias de férias resultantes do trabalho de 2016.
AS FALTAS
O dever de estar ao serviço inclui, em si, a pontualidade e assiduidade exigida a um
trabalhador, prevista no art 128/1 b) do CT. Se estes elementos não forem cumpridos, o
trabalhador estará a faltar ao trabalho.
A lei quer combater a falta de assiduidade e, por isso, vai além da mera ausência. Por isso, e
considerada falta mais duas situações:
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A noção de falta está no art 248 CT e exige um elemento material (ausência física) e normativo
(no período de prestação de trabalho).
As faltas podem ser justificadas ou injustificadas.
As faltas justificadas
No art 249/2 CT, temos motivos que justificam a ausência do trabalhador, estipulados de
forma taxativa. Estas normas têm uma imperatividade absoluta – art 250 CT.
Tudo o que não estiver neste artigo, será motivo de falta injustificada. Entende-se que, quando
se verificam os factos previstos na lei que justificam a ausência do trabalhador, temos não uma
exoneração do dever de trabalhar mas o reconhecimento de um direito a não trabalhar.
Ø Questões levantam os arts 249/2 d) e i), na medida em que acabamos por ter aqui
uma situação de conceitos indeterminados, o que prejudica um pouco a situação deste
artigo ser taxativo.
Todavia, na alínea d), temos inserido elementos como a doença, o acidente, o
cumprimento da obrigação legal e, curioso, a falta por recurso à procriação
medicamente assistida.
Ainda que justificada, a falta tem de ser comunicada ao empregador, ex vi art 253 CT. O
empregador pode exigir prova do motivo invocado para faltar, o que não levanta problemas se
o motivo da falta for verdadeiro – art 254 CT.
Em certos casos, pode a falta justificada afetar o direito à retribuição nos termos do art 255/2
CT. Na alínea a e b, temos a ideia de inscrição do trabalhador em regime da SS ou em seguros.
A obrigação de inscrição é do empregador, podendo ser acionados quando o trabalhador falta
por motivo de doença em acidente de trabalho. Daí que, estando o trabalhador inscrito, o
direito à retribuição não seja garantido pelo empregador.
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§ De relevar as faltas justificadas exercidas ao abrigo do art 252 CT, porque, ai, embora
tenhamos a perda da retribuição, por via do art 255/2 c) CT, os dias são considerados
para prestação efetiva do trabalho – art 252/3 CT.
Vistos no art 256 CT, surgem da violação do dever de assiduidade, levando a que, por isso, ele
perca o direito à remuneração, por via do art 256/1 CT. Enquanto que os outros números são
pacíficos, o /1 levanta problemas disciplinares porque diz que qualquer falta pode, no primeiro
momento, ser objeto de um processo disciplinar porque o trabalhador faltou por culpa sua.
No limite, poderão as faltas injustificadas levar ao despedimento por justa causa, por via do
art 351/1 e /2 g) CT.
Aqui, importa falar da culpa, exigida no despedimento por justa causa (art 351/1 CT).
Em certos casos, o trabalhador que falta injustificadamente não tem culpa – o comboio
atrasou, o transito impossibilitou-o de chegar a tempo. Estas situações de risco,
porém, têm de ser assumidas pelo trabalhador. Achamos que nestes casos o
trabalhador não deve ser responsabilizado, porque ele não contribuiu para aquela
situação. Não deverá ser sancionado disciplinarmente, podendo ser esse atraso
considerado, todavia, para matéria de retribuição.
Situações relevantes:
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Aula do dia 20/11/2018
A RETRIBUIÇÃO
A noção de retribuição está no art 258/1 CT, nos termos do qual a retribuição é a prestação em
que o trabalhador tem direito em contrapartida do seu trabalho.
Cautela, porque sabemos de situações em que o trabalhador não presta trabalhão e recebe na
mesma a prestação: desde logo, nos feriados e nas férias.
Em sentido técnico, a retribuição é uma obrigação – supõe sempre uma obrigação por parte do
empregador. Todavia, não é uma obrigação qualquer: funda-se nas normas que regem o
contrato de trabalho. A retribuição é tudo o que é obrigatório, vem da relação laboral e das leis
aplicáveis ao contrato. Uma aferição que não tenha estas características não é uma
remuneração.
Dentro deste conceito, a lei, no /2, introduz um outro critério associado à ideia de retribuição
(quanto à qualificação das retribuições).
Temos:
a) A retribuição base
é a chamada retribuição pela categoria profissional ou pelas funções em que o
trabalhador é contratado e exerce. Aqui, incluem-se as diuturnidades, subsídios de
risco, de isolamento, de alimentação, transporte,…
Na prática, existiram elementos que levaram a lei, de forma a consagrar que todo o
trabalho deve ser remunerado, estabelece uma presunção de que tudo o que o
trabalhador recebe do empregador é uma remuneração – presunção iuris et tanctum
(art 258/3 CT).
b) Retribuição em espécie
Está definido no art 259 CT. Este diz que estas devem satisfazer as necessidades
naturais do trabalhador e da família e, por outro lado, o valor que é atribuído a essa
prestação também é importante.
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Apesar de haver uma presunção de que tudo o que é dado do trabalhador, pelo empregador, é
uma retribuição (art 258/3 CT), isso nem sempre ocorre. Temos de olhar aqui ao art 260 CT,
que estipula que certas atribuições serão consideradas retribuição e, noutros casos, outras
não.
→ Olhando à alínea a), fala das ajudas de custo – decorrem da relação laboral. Têm em
comum com a retribuição o facto de serem juridicamente devidas ao trabalhador e de
assumirem carater patrimonial.
Todavia, as ajudas de custo não pretendem pagar ao trabalhador por uma prestação de
trabalho, sendo pagas para o trabalho, não por ele.
No art 260 a) in fine CT, diz-se que as ajudas de custo podem fazer já parte da
retribuição do trabalhador quando:
a. As deslocações ou despesas sejam frequentes
b. As importâncias sejam excessivas olhando aos montantes normais de deslocação
c. As importâncias sejam consideradas, pelos usos, ou contratualmente, como
retribuição.
Exemplo: um trabalhador que é deslocado um dia para outro sitio, tem ajudas de custo
quanto a todas as despesas que o trabalhador tem a mais olhando ao seu dia normal
de trabalho. Claramente, há a obrigação do empregador se responsabilizar por estas.
Já não serão suportadas todas as ajudas de custo pelo empregador, se se verificar
alguma situação das em cima referidas.
Modalidades de retribuição
ü Retribuição mista: quando tem uma parte certa e uma parte variável.
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Pode acontecer que a retribuição não se apresente todos os meses (mais normal das variáveis
ou mistas). Aqui, a lei estabelece uma média da remuneração anual e verá aquilo que deve
prestar mensalmente.
Vistas no art 262 CT, onde se estipula o principio segundo o qual, na ausência de disposição
legal, convencional ou contratual em contrário, apenas a retribuição base e as diuturnidades
serão a base de calculo do valor das prestações complementares e acessórias.
Dentro das prestações complementares, podemos ter o subsidio de natal – art 263 CT – e o
subsidio de férias – art 264 CT.
Olhando ao art 268/1 CT, vemos que quando o trabalho suplementar é prestado em dia útil, o
acréscimo mínimo é de 25%. Há sempre o problema de saber se são normas imperativas ou se
podem ser alteradas pelos IRCT’s.
Achamos que não podem ser alteradas, apesar de acharmos também que não é uma situação
inequívoca e que não possa ser alterada. Baseamo-nos, contudo, na Convenção nº 1 da ONU:
diz que nem a lei nem convenção coletiva podem alterar estes valores.
Olhando ao art 268/2 CT, refere-se que o pagamento do trabalho suplementar é exigido
quando tenha sido previamente acordado ou quando tenha sido prestado sem tempo do
empregador manifestar a sua opinião.
→ Primeira parte do art 268/2: diz que é precisa a lei expressa e prévia para o trabalho
ser entendido enquanto suplementar.
Pode levantar questões porque o trabalhador pode deduzir que, naquela situação, era
a vontade do empregador considerar o trabalho enquanto suplementar e afinal não
ser. Recai sobre o trabalhador o ónus de entender a vontade do empregador.
→ Parte final do art 268/2: é estipulado, em certos casos, que se o empregador aceitao
trabalho suplementar, ainda que tacitamente, deve pagá-lo.
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Supondo que o trabalhador vem para a empresa e tem um acidente no caminho. Supondo que
fica impedido de voltar ao trabalho por 4h. Devem ser consideradas trabalho suplementar,
ainda que não tenha ficado estipulado em lei prévia e expressa do empregador? O dever de
permanência perto do local onde a viatura ficou danificada é um dever que decorre do contrato
de trabalho. Isto decorre então das próprias obrigações contratuais do próprio empregador.
Criou-se uma norma (art 269) que veio impedir que os empregadores usassem abusivamente o
recurso ao trabalho suplementar em situações não objetivamente necessárias.
Pode, no caso de precisar de trabalho suplementar em dia de feriado (e caso não seja uma
empresa que encerre ao domingo) optar por compensar o trabalhador com um descanso
equivalente a metade das horas de trabalho prestado ou a aumentar 50% o valor da
retribuição correspondente ao trabalho prestado.
O direito a auferir uma retribuição está no art 273/1 CT + art 59/2 a) CRP. Na estipulação da
retribuição, sabemos ter de ter em consideração a existência de um valor mínimo de
retribuição, para salvaguardar a posição dos trabalhadores mais desfavorecidos.
Qualquer contrato cujo remuneração seja inferior a este valor, acaba por ter uma clausula nula
e substituída por uma clausula com este valor mínimo de retribuição. Este valor mínimo tem
abrangência ao nível nacional, de forma interprofissional ou intercategorial.
Um outro principio quanto à determinação do valor da retribuição – art 270 CT + art 59/1 a):
para trabalho igual, salário igual (art 23/1 c) e d) CT).
A CRP estipula 3 critérios base aqui:
Note-se que este principio não proíbe que haja uma diferenciação salarial (aliás, esta deve
existir se o trabalho dos trabalhadores for também diferente).
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convenção coletiva, que leva a que só eles consigam aumentar o salário. Será que, com
base no art 270 CT e no principio da igualdade do art 13 CRP, tem o empregador a
obrigação de pagar mais aos restantes trabalhadores não abrangidos pela convenção
coletiva?
Ficará, certamente, vinculado a aumentar os restantes trabalhadores. Assim, o direito
de igualdade não cede perante o direito de contratação coletiva.
Ainda de relevar, no cálculo da retribuição que há, no art 129/1 d) CT, da existência da
proibição do empregador diminuir a retribuição, ainda que seja por acordo inter partes.
O modo
Está previsto no art 276 CT, e leva-nos a falar de um caráter genericamente patrimonial (mas
não total, porque já falamos das retribuições por espécie).
Quando ao lugar: por regra, deve ser paga no domicilio do devedor, não descurando de que as
partes podem convencionar livremente o local – esta é a regra do art 772 CC + art 277/1 CT. Se
o fizerem, o tempo que o trabalhador gastar para receber a retribuição é considerado tempo
de trabalho - /2.
Quanto ao tempo de pagamento: sabemos que, sendo o contrato de trabalho uma relação
duradoura, as obrigações que daqui saem são obrigações duradouras periódicas ou reiteradas.
No âmbito do art 278 CT, o tempo funciona como uma unidade de vencimento da retribuição.
Podemos ter aqui em consideração a semana, quinzena ou mês. De uma forma ou outra, deve
a prestação ser feita sempre em períodos iguais e certos. Com isto se preocupa o art 278/3 CT.
A obrigação retributiva vence-se automaticamente, sem ser preciso um aviso do credor. Ainda
de relevar, na parte do recebimento, o /4 e /5 do art 278 CT.
Ainda na questão do tempo, temos de falar da pós-numeração: o salário deve ser pago de
forma posterior à prestação de trabalho, não antecipadamente. De certa forma, isto criará
uma certa posição favorável à entidade patronal.
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A especial tutela da retribuição – a compensação da obrigação retributiva
O art 279 CT visa impedir que o empregador recorra à compensação e, dessa forma, coloque
em causa o direito a uma remuneração do trabalhador. De forma contrária, nada obvia a que
essa compensação seja usada pelo trabalhador, com o objetivo se saldar dividas suas com o
empregador. Em suma, as proibições de compensação do art 279 CT referem-se somente às
compensações unilaterais do empregador.
Mas, ainda de forma contrária ao que podíamos achar, há uma regra geral, do art 853/1 b) do
CC, que diz que os créditos impenhoráveis (como o será o direito ao salário) não estão sujeitos
a compensação. Por isso, nenhuma retribuição poderá ser submetida a compensação,
sabemos. Simplesmente, o legislador do CT veio estabelecer uma regra ainda maior quanto à
compensação desencadeada pelo empregador.
Mas então, porquê a regra do /3? De facto, esse artigo fala dos descontos: os descontos são
uma dedução no salário que se funda num crédito para terceiro, credito esse sobre o
trabalhador, e no qual a entidade patronal vai reter o montante dirigido ao desconto.
Neste domínio, temos várias restrições, porque não podem haver descontos no valor da
retribuição. No 279/2 CT, temos um certo temperamento da situação, porque se estipulam
exceções.
Do domínio laboral, a cessão do direito ao salário encontra-se disciplinada no art 280 CT. Ao
remeter para o regime da penhora, previsto no art 738 CPC, entendemos que, em principio,
2/3 da parte liquida do salário são impenhoráveis (/1), tendo esta impenhorabilidade um limite
máximo de 3 salários mínimos nacionais e como limite mínimo o montante de um salário
mínimo nacional (/3).
A cessão pode ter em consideração tanto créditos já existentes, como créditos futuros. Esta
ideia surge, mas é preciso tutelar a esfera do trabalhador.
Também, por via do art 279/1 CT, a parcial insusceptibilidade de cessão salarial olhará a esses
rendimentos, devendo-se ainda aplicar esta regra na pendência do contrato de trabalho, e
também após a extinção deste.
Isto é uma solução importante, porque a função alimentar do trabalhador permanece, mesmo
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depois da cessão do contrato.
Valerá, também, para as situações de insusceptibilidade de renuncia ao crédito salarial. Aliás,
isto faz mais do que sentido: sendo o crédito salarial parcialmente insuscetível de cessão a
terceiro, como se poderia compreender que o trabalhador fosse livre de a ele renunciar
integralmente?
Assim, as razões que presidem ao sistema restritivo contido no art 280 CT, valem ainda em
mais forte medida para a hipótese de renuncia, pelo que haverá que entender-se que a lei que
proíbe o menos (o menos gravoso para o trabalhador, que é a cessão do direito de crédito a
um terceiro) também proíbe o mais (a renuncia perante aquele e em proveito daquele a quem
se deve obediência).
Estipulada no art 337 CT, a prescrição é uma forma de extinção dos direitos de credito.
Invocada a prescrição, o vinculo não se extingue, mas a juridicidade resulta reduzida, porque a
garantia que a ordem jurídica dá limita-se a não poder o obrigado repetir o que haja prestado,
não valendo a prestação como liberalidade, mas como pagamento - art 304 CC.
→ Quanto ao curso da prescrição, deve iniciar-se quando o direito estiver disponível para
ser exercido – art 306/1 CC. Em certos casos, existem causas suspensivas da
prescrição.
Este é o núcleo essencial do art 337 – uma suspensão do curso da prescrição enquanto
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vigorar o contrato de trabalho. Isto é facilmente explicável, olhando à diferença de
forças das partes da relação laboral.
Nesta situação, o não exercício do direito pelo trabalhador não trará a ideia de que
este ao direito renunciou.
Uma outra critica se poderá colocar: o art 337 estipula uma situação de prescrição num prazo
de 1 ano. Se é certo que o regime geral permite que se reclamem direitos de créditos vencidos
há 10 ou 15 anos, a verdade é que os créditos em si decaem num período curtíssimo.
Se isto já é um problema, ainda maior será nos trabalhadores a termo certo, num
prazo de 6 meses: eles verão prescrever os seus direitos no prazo de 1 ano desde a
cessação do contrato, o que não parece correto porque estes trabalhadores são, por
causa da curta duração da relação laboral, os que menos sabem dos seus direitos.
Temos de distinguir, com base no art 733 CC, dois tipos de privilégios: os privilégios mobiliários
e os imobiliários, podendo ainda os mobiliários ser especiais ou gerais, por via do art 735/2 CC.
Já os imobiliários são sempre especiais.
Nos termos do art 333 CT, os créditos laborais são do trabalhador. Isto quer dizer que,
segundo o art 747/1 CC, os créditos laborais prevalecerão sobre os créditos com valor
mobiliário geral, mas também sobre os créditos com privilegio mobiliário geral elencados
naquela disposição do CC. Assim, o privilegio dos créditos laborais apenas cederá perante os
privilégios por despesas de justiça, por força do art 746 CC.
Se, contudo, estivermos perante um crédito de valor imobiliário especial, ele vencerá perante
direitos reais de gozo e de garantia de terceiros, em conformidade com o estabelecido no art
751 CC.
Isto só ocorre se o imóvel for do empregador – já não se o imóvel for arrendado ao
empregador.
Quem deve pagar a retribuição é o empregador. Mas e se ele não tiver dinheiro? Temos de
olhar ao decreto-lei 59/2015 que regula o Fundo de Garantia Salarial.
É financiado pelos empregadores de forma a cobrir os salários que, porventura, no futuro, não
possam prestar. Tal está também contemplado no art 336 CT. Dir-se-ia que, para além da
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garantia real em que consiste o privilégio creditório (art 333 CT), o direito ao salário é munido
de uma garantia pessoal, onde uma instituição publica responde também pelo cumprimento
da obrigação, em certos casos.
Temos uma obrigação importa pela lei no art 285 CT (ope legis).
Porque é que a lei estabelece esta mudança automática? Por dois motivos:
1. A mudança é do interesse do trabalhador (se aplicássemos as leis normais da
autonomia privada, haveria a caducidade do contrato na medida em que se
mudou um dos sujeitos da relação). Assim, com o regime que ficou estabelecido,
garante-se a segurança no emprego - art 53 CRP
Se isto não ocorrer, ele não se pode opor e tem de aceitar o novo empregador.
68
Mas e se o trabalhador não puder continuar objetivamente a receber a sua
remuneração? O que sucede se o empregador fica sem possibilidade de pagar a
remuneração será:
a) Podemos achar isto uma impossibilidade do empregador manter aquele
trabalhador ao seu serviço.
b) Pode despedir por motivos objetivos. É neste âmbito que a questão se deve
resolver. Claro que é o empregador que deve ver que consequências terá isso
para a sua atividade profissional, não sendo exigível do empregador manter
uma relação laboral na qual não há objeto.
A lei realça que o recurso a estes meios tem um duplo objetivo: assegurar a viabilidade da
empresa e garantir os postos de trabalho (seja de todos, seja de alguns).
Olhando aos efeitos da suspensão do contrato de trabalho, temos de analisar o art 295 CT:
→ /1: mantêm-se os mesmos direitos que antes existiam, paralisando-se outros deveres
(como a pontualidade e assiduidade). Se o poder de direção do empregador se
suspende, o mesmo não ocorre perante o poder disciplinar.
→ /3: aplica-se também aos contratos a termo. Se este for abrangido por uma suspensão,
isso significa que a necessidade para a qual o trabalhador foi chamado continua a
decorrer, simplesmente o trabalhador deixa de ser preciso. Nestes termos, a
temporalidade da necessidade não vence.
→ /4: os direitos e deveres que se suspenderam nos termos do /1, voltam a se verificar
quando a suspensão termina.
69
Aula do dia 27/11/2018
Está prevista no art 296/1 CT, sendo que a lei estipula um conjunto de requisitos para esta se
verificar.
ü O trabalhador não pode prestar o trabalho de forma transitória (ou seja, não
definitiva) mas prolongada (deve durar, pelo menos, 1 mês).
Se o impedimento durar menos de 1 mês, temos de aplicar o regime das faltas, por via
do art 249/2 d) CT.
ü Diz a lei também que, terminado o impedimento, o trabalhador, pelo art 297 CT, deve
apresentar-se ao trabalho no dia imediato à sua “alta”. Nem sempre as pessoas estão
bem depois de terem alto, podendo isto ser penoso.
Aqui, no caso de suspensão por motivo do trabalhador, temos de olhar a questões especificas:
B. A prisão do trabalhador
Outra coisa igualmente importante é a prisão: temos de falar aqui do principio da
presunção da inocência.
Achando que o ato do qual o trabalhador é responsabilizado não lhe é imputável,
porque existe uma presunção da inocência, então a prisão também não lhe será
imputável. Mas claro que isto traz problemas ao trabalhador, que está preso de forma
preventiva mas que acaba por não ser útil ao empregador, porque não lhe é produtivo.
Agora, entram os interesses do empregador: será exigível que ele substitua aquele
trabalhador durante o tempo de prisão preventiva? Podemos dizer que a prisão não
era culpa do trabalhador, porque ele está preso por força da lei e não de um ato que o
condena.
Por isso, achamos que o regime da suspensão do contrato não se devia aplicar para as
prisões de curta duração: o contrato não seria nem suspenso, porque o impedimento
não era prolongado (como não há regime a definir a curta duração, será difícil
introduzir na prática este mecanismo).
De certa forma, permite-se que, se de longa duração, o empregador tem direito a
despedir o trabalhador.
João Leal Amado não pensa assim, sendo esta a visão do professor Liberal.
70
Suspensão coletiva, por facto respeitante ao empregador
A suspensão pode também acontecer por razoes objetivas do lado do empregador. Tal está no
art 294 CT, e ocorrerá por vários motivos, previstos no art 294/1 e /2 a) CT.
está no art 298 CT. Ou o empregador suspende alguns trabalhadores, ou recorre à redução dos
períodos normais de trabalho (ou, em contrapartida, faz os dois). Cabe ao empregador a
escolha.
i. desde logo, os requisitos do art 299, 300 e 301 CT. No art 301, estipula-se que a
suspensão não pode ocorrer pro mais de 6 meses (ou de 1 ano, em caso de catástrofe
ou outra ocorrência anormal) e esse prazo de 6 meses pode ser prorrogado para mais
6 meses, mediante decisão escrita e fundamentada do empregador.
ii. depois de recorrer à suspensão e desta cessar, o empregador tem de deixar passar
algum tempo até a esta recorrer novamente - art 298 A CT.
iii. a decisão terá ainda de ser controlada pelo serviço com competência inspetiva do
ministério responsável pela área laboral. Este pode pôr termo à suspensão, caso
registe alguma das hipóteses do art 307/2 CT.
Quanto aos direitos do trabalhador, estão mais estipulados no art 305 CT. Em contrapartida
desses direitos, tem obrigação de frequentar as ações de formação profissional que o
empregador estabeleça – art 302 e 304/1 c) CT. Sobre os demais deveres do empregador,
analisar o art 303 CT.
Está previsto no art 309 CT. O trabalhador terá direito a 75% da retribuição se o encerramento
se der por motivo de força maior e a 100% se se puder imputar a suspensão ao empregador.
Se o trabalhador arranjar outro trabalho para exercer durante a suspensão, o salário que
receba de um outro lugar ser-lhe-á reduzido no salário desta instituição, encerrada
temporariamente.
71
Suspensão consensual, por mútuo acordo
→ Em caso de licença sem retribuição: pelo art 317 CT, podemos ter uma suspensão ou
redução. Ler, por ser importante, o artigo 313 CT. Aqui, o empregador pode recusar a
licença sem retribuição por um qualquer motivo do art 317/3 CT.
Nos termos do art 323 CT, o trabalhador que não receba a sua retribuição pode suspender o
contrato.
Criou-se um regime especial para prever estas situações. Apesar de estipulada na lei, é uma
forma de suspensão atípica. Consiste, aliás, num instituto que vai no sentido da exceção do
não cumprimento: se a entidade patronal não paga a retribuição ao trabalhador, então pode
este abster-se de praticar a sua atividade laboral.
Durante a suspensão, mantém-se os mesmos direitos e deveres existentes, por via do art 326
CT. Nos termos do 327, pode a suspensão cessar por qualquer um dos motivos lá estipulados.
A CESSAÇÃO DO CONTRATO
Com essa imperatividade, pretende-se limitar o arbítrio do empregador, já que ele só pode
cessar o contrato de acordo com as figuras que a lei prevê. Também se faz isto para assegurar
a segurança no emprego, que se vê não só no impedimento da cessação do contrato sem justa
causa, bem como no impedimento de se acabar por despedir alguém de forma discriminatória.
A lei, todavia, também protege os interesses do empregador quando haja uma inesperada
cessação do contrato pelo trabalhador. Se isso ocorrer, o trabalhador pode ter de indemnizar o
empregador se não o pré-avisou de que ia abandonar o trabalho (ver o caso em que há uma
transferência definitiva e o trabalhador não vai com o empregador).
As formas de extinção do contrato estão definidas no art 340 CT: a caducidade, demissão,
revogação e caducidade.
72
A EXTINÇÃO POR CADUCIDADE
Aqui temos as relações laborais que se extinguem por causa do próprio decurso do tempo, da
execução do fim visado com a contratação ou de qualquer outro facto ou evento
superveniente a que a lei atribui o efeito extintivo – art 343 CT.
Dir-se-ia, neste parâmetro, que o contrato a termo nasceu para caducar. A sua
caducidade encontra-se no art 344 e 345 CT.
Isto não indica, claramente, que um contrato de duração indeterminada não pode caducar, e o
mesmo com o contrato a prazo, ainda antes de se verificar o seu termo resolutivo.
73
via do art 347/3 CT.
→ Na situação de reforma (por velhice ou invalidez), dispõe o art 343 c) CT que pode o
trabalhador, reformado mas não incapacitado, continuar a prestar algum trabalho. Tal
está também no art 348/1 CT, onde:
§ Se autoriza o trabalhador a permanecer ao serviço
§ Converte-se o contrato em contrato a termo – a doutrina falará de um termo
improprio, que fica na mesma sujeito às regras da contratação a termo
resolutivo.
Estipulado no art 349/1 CT. Aqui, não é preciso haver nenhum motivo justificativo da rutura da
relação laboral, para além da vontade da entidade empregadora e da entidade trabalhadora.
Estamos perante um verdadeiro despedimento negociado.
Na prática, a proposta do acordo revogatório provém, geralmente, do empregador, e por isso,
os benefícios deste termo da relação laboral geralmente recaem também mais no lado do
empregador do que no do trabalhador.
Está prevista no art 349/2 CT. Existe por uma facilidade de comprovar o acordo de cessação e,
igualmente, para proteger a posição do trabalhador e a própria estabilidade do vinculo laboral.
Assim, a forma exigida para a cessação do contrato por mútuo acordo é uma forma maior do
que a que existe para a celebração do próprio contrato de trabalho.
o Por causa destes objetivos, a vontade tem de ser manifestada de forma livre,
esclarecida e ponderada. Se a forma escrita não for respeitada, temos a nulidade da
cessação, por via do art 220 CC.
Quanto aos efeitos do acordo extintivo, podem ser imediatos ou, a contrario, diferidos para um
momento posterior, sendo aqui o acordo sujeito a um termo suspensivo.
74
É a preocupação do art 348/3 CT, que diz que o acordo tem de prever a data em que
entra em produção dos Podemos ainda prever outros efeitos no acordo (como, por
exemplo, estabelecer um pacto de não concorrência), segundo o /4.
É a chamada compensação pelo fim do contrato. No art 349/5 CT, temos prevista esta matéria.
Presume-se que esta compensação inclui os créditos vencidos à data de cessação do contrato
exigíveis em virtude desta. Esta é uma presunção legal a favor do empregador.
Para exercer o seu direito de arrependimento, o trabalhador tem até ao sétimo dia seguinte à
data da respetiva da celebração. Todavia, se achar que o empregador não receberá a
comunicação dentro desse prazo, então deve aplicar-se o art 350/1 e /2 CT. A lei irá no sentido
de que o contrato se encontra celebrado na data em que ficou estipulada a produção de
efeitos.
Depois de exercer o seu direito de arrependimento, o contrato de trabalho volta aos trâmites
que sempre teve – se o empregador havia pago algo ao trabalhador pela extinção da relação
laboral, deve o trabalhador restituir-lhe tudo – art 350/3 CT.
Em certos casos do /4, o trabalhador não pode cessar os efeitos do acordo revogatório.
75
Aula do dia 30/11/2018
A noção de justa causa está no art 351/1 CT, tendo-se achado que é uma densificação da
noção constitucional. O estipulado no art 351/1 CT deriva de uma infração disciplinar, de
incumprimento contratual particularmente grave, de tal modo grave que determina uma
perturbação relacional insuportável.
O art 351/2 CT enumera factos, podendo qualquer um dos factos dali ser justa causa se
respeitar os requisitos do /1.
Os deveres do trabalhador
b. Dever de diligência – do art 128/1 c) CT. A sua falta também leva ao despedimento por
justa causa – art 351/2 d) CT.
d. Dever de lealdade – do art 128/1 f) CT. Manifesta-se nos deveres de não concorrência
e de sigilo profissional, sendo uma manifestação da boa fé processual. Pode levar, a
76
sua violação, a justa causa de despedimento – art 351/2 e) CT.
Não confundir o dever de não concorrência com o pacto de não concorrência: aquele é
um dever decorrente da lei, enquanto este é um pacto que pode ser celebrado entre
as partes para limitar a atividade do trabalhador durante um certo período de tempo
subsequente à cessação do contrato.
g. Dever de produtividade – art 128/1 h) CT + art 351/2 m) CT. Este último não deixa de
mencionar as reduções anormais de produtividade como constitutivas de justa causa
de despedimento. Também aqui se exige cautela, já que as reduções de produtividade
só poderão ser alvo de censura se vierem de uma conduta culposa do trabalhador.
O procedimento disciplinar
Fases:
1. A fase da acusação:
De realçar que o facto do empregador demonstrar a nota de culpa nada indica que o
trabalhador venha mesmo a ser dispensado. A inversa, todavia, não ocorre: a falta de nota
torna ilícito o despedimento – art 328/2 b) CT.
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→ Olhando ao art 354 CT: com a condição suspensiva do trabalhador em caso de culpa,o
empregador pode suspender o trabalho do trabalhador. Ainda que o trabalhador seja
suspenso, ele tem direito a uma retribuição.
2. A fase da defesa:
3. A fase da instrução:
após o acórdão 338/2010, a instrução passou a ser obrigatória nestas situações, devendo o
empregador sempre proceder às diligencias probatórias requeridas pelo trabalhador para que
este possa ver porque é que aquele o despediu.
O empregador, se achar os motivos impertinentes, deve disso constar em escrito. Na
instrução, aplicamos o art 356/3 e /4 CT.
o empregador apresenta cópia do processo à comissão de trabalhadores, que pode, nos 5 dias
uteis posteriores, juntar ao processo o seu parecer fundamentado – art 356/5 CT.
5. Decisão do empregador:
recebido o parecer, o empregador tem de decidir, no prazo do art 357 CT. Deve cumprir a
decisão os requisitos também do /3 e /4 do mesmo artigo: não pode a nota de culpa invocar o
argumento x, e o trabalhador ser despedido por y e z.
A decisão traz a cessação do contrato logo que chega ao trabalhador ou é dele conhecida ou
quando só por culpa do trabalhador não foi por ele oportunamente recebida.
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estruturas representativas dos trabalhadores – art 358/1 CT. Quanto aos restantes requisitos,
remetemos para os restantes números do art 358 CT.
OS DESPEDIMENTOS OBJETIVOS
O despedimento coletivo
Para um despedimento coletivo ser bem executado, temos de olhar aos requisitos dos arts 360
a 366 CT.
ü Nos termos do art 365 CT, o trabalhador pode antecipar o despedimento, levando a
que o contrato não termine com despedimento mas com denuncia. Deve fazê-lo
durante o prazo do aviso prévio, mantendo na mesma o direito a uma compensação,
calculada nos termos do art 366 CT. A compensação é de 12 dias da remuneração de
base e mais alguns dias, por cada ano completo de trabalho.
ü É, todavia, em relação ao art 366 CT que mais questões se levantam, já que este artigo
incide sobre o cálculo da compensação pecuniária a que o trabalhador terá direito. O
regime de cálculo mudou em 2011 e, posteriormente, em 2013, sendo esse o regime
que hoje temos.
Mas, para que contratos valerão estas novas normas, agora em vigor? Não as
podemos aplicar aos contratos celebrados antes destas alterações do CT, porque
foram feitos com base num regime em que a compensação tinha mais dias a serem
contados.
79
Segundo o art 366/4 CT, presume-se que o trabalhador aceita o despedimento quando
recebe na sua esfera esta compensação, que tem de ser sempre prestada, nos termos
do art 383 CT. Mas, pode o trabalhador afastar essa presunção, com base nos arts
366/5 CT.
Para isso, tem de devolver todo o valor recebido e arranjar forma de persuadir o
tribunal de que não aceitou o respetivo despedimento ao aceitar a compensação.
Fará sentido, olhando a todo o procedimento envolvido, da existência dessa
presunção? Na realidade, achamos que não, porque só serve para impedir a
impugnação judicial do despedimento por parte do trabalhador. Mais: a aceitação da
compensação não transforma este despedimento num despedimento por justo
acordo, e, por isso, nunca o direito de impugnar judicialmente a decisão de
despedimento, por parte do trabalhador, poderia ser assim posto em causa.
2. que a situação provocada por esse elemento leve a que aquele trabalhador não possa
continuar na empresa porque a empresa não tem lugar para ele.
3. os critérios que estão no /2: estipula uma ordem de prioridade a ser observada pelo
empregador, para que ele possa concretizar, de forma justa, qual o posto de trabalho a
extinguir. Temos de olhar ao pior desempenho, a quem tem menores habilitações
académicas e profissionais, menor experiencia,…
4. Uma nota relevante neste regime é que, se nos 3 meses anteriores o trabalhador tiver
sido transferido para posto de trabalho que venha a ser extinto, então ai ele terá
direito a ser recolocado onde estava, nos termos do art 368/3 CT.
O conceito de despedimento por inadaptação está definido no art 373 CT e tem de ser um
despedimento que surja com alguns dos sintomas previstos no art 374 CT. Aqui, depois do
80
empregador ter procedido às exigências do art 375 CT (que tentam integrar o trabalhador
através, por exemplo, de formações profissionais), o empregador desenvolve as comunicações
do art 376, e após ter decorrido a fase de consultas, regulada no art 377 CT, o empregador
poderá decidir pelo despedimento, nos termos do 378/1.
O trabalhador despedido por inadaptação gozará dos mesmos direitos dados ao trabalhador
atingido pelo despedimento coletivo – art 379. O seu /2 dá ao trabalhador a faculdade de
denunciar o contrato, mantendo o direito à compensação, mal tenha nas suas mãos a
comunicação do empregador, prevista no art 375/2 b). O trabalhador, contudo, só pode fazer
isto durante o prazo de aviso prévio.
Mas o que é a inadaptação? Diz-se inadaptada uma pessoa que não se modificou de acordo
com uma nova situação ou ambiente.
A contrario, é inapta a pessoa que não tem propensão ou capacidade para fazer
alguma coisa. São, por isso, figuras distintas.
A inadaptação tem de ser superveniente: ou seja, surgir depois do contrato. A aptidão
que tinha no momento da celebração do contrato chegava para o bom
desenvolvimento do trabalho.
A reforma introduzida pela lei 23/2012 levou a que o conceito de inadaptação viesse
reconduzir-se a situações motivadas pela modificação do posto de trabalho, em que há uma
alteração da prestação dada pelo trabalhador. As causas desta inadaptação são imputáveis ao
empregador.
Notas importantes:
2. O art 375/3 CT estipula que a demarcação de objetivos pessoais que não sejam
atingidos pelo trabalhador podem ser uma boa justificação para o despedimento por
inadaptação ou um despedimento por inaptidão.
Aqui, assistimos à inserção da clausula dos objetivos, que, contudo, nunca pode surgir
como uma clausula de despedimento automático. Neste sentido foi o Memorando da
Troika.
Concluímos, com o apoio do professor Liberal, que, no âmbito do art 375 CT, olhamos à
ineptidão e não à inadaptação, que nos surgirá como uma nova forma de cessação do
contrato.
Olhando à interpretação dos artigos mencionados, podemos dizer que a norma do art 375/3 b)
é uma norma inconstitucional, mesmo por situações de discriminação.
81
Aula do dia 5/12/2018
Mas como se calcula a compensação, nos termos do art 366 CT (para o qual remete o art 379)?
Supondo:
A trabalha 5 anos e recebe 600/mês, 20/dia. 20x12 dá 240€/ano, que tem de receber por cada
ano de trabalho prestado – 240x5, que dá 1200€.
Por estes cálculos, o valor da compensação nunca pode ser superior a 12x a retribuição base
mensal do trabalhador (600€), que dará, neste caso concreto, 7200€ de compensação total.
Assim, se A tivesse trabalhado 35 anos a receber 600€/mês, pelos cálculos em cima referidos,
iria ter direito a uma compensação global de 8400€. Nesta situação, reduzir-se-ia dos 8400€
para os 7200€.
Se trabalhou 5 anos, então receberá 23200€. Se, a contrário, ele tivesse trabalhado 32 anos na
empresa, então teria direito a 148480€ de compensação. Aqui, neste ultimo caso, já
aplicaríamos o limite do art 366/2 b) CT, que diz que o valor da compensação, quando temos
em consideração a alínea a) (que foi o nosso caso), não pode passar a retribuição mensal
mínima (580€) x 240. O valor seria de 139200€ e, por isso, o trabalhador via a sua
compensação ser reduzida de 148480€ para 139200€.
Estão estabelecidas nos arts 381 a 385 CT e podem surgir, globalmente, como:
A lei, contudo, prevê algumas causas especificas de ilicitude: no despedimento por justa causa,
a ilicitude virá se tiverem decorrido os prazos do art 329 CT ou se o processo disciplinar for
inválido, ex vi art 382 CT, em especial o /2.
De referir que as causas especificas de ilicitude do despedimento coletivo encontram-se
catalogadas nos arts 383 a 385 CT.
82
Os efeitos da ilicitude
Constam dos arts 389 a 393 CT. O trabalhador merece ser ressarcido pelos danos patrimoniais
e não patrimoniais (honra,…), por via do art 389/1 a) CT, e tem também direito à reintegração
no trabalho, pela alínea b).
Quando falamos de danos patrimoniais, o legislador não se refere aos chamados “salários
intercalares” (retribuição devidas ao trabalhador desde a data do seu despedimento até ao
transito em julgado da decisão judicial que o declara ilícito). Estes devem sim ser pagos ao
trabalhador, mas já por via do art 390 CT.
Assim, os danos patrimoniais referidos serão outros; desde logo, indiretos: no caso de
um despedimento injurioso, em que o trabalhador é acusado de ser ladrão e a
acusação é falsa.
Levanta-se uma outra questão: art 389/2 CT, que é claramente discriminatório.
Por regra, a opção vai para a reintegração do trabalhador, dai o surgimento do art 389/1 b) CT.
Por este artigo, entendemos ser esta a solução legal supletiva, em caso de ausência de
manifestação da vontade das partes.
Apesar de ser a regra supletiva, existem casos de exceção: em certas situações, permite-se ao
empregador vir manifestar a sua opinião contra a reintegração do trabalhador, nos termos do
art 392/1 CT.
Esta faculdade de oposição só surge em relação a certos trabalhadores, os seus fundamentos
têm de ser apreciados pelo tribunal e a faculdade decai em certas situações:
ü A palavra final competirá ao tribunal, sendo que o ónus da prova recai sobre o
empregador.
Note-se: a intervenção do tribunal na matéria, no caso de achar procedente o pedido
do empregador, não leva a que haja uma resolução judicial do contrato porque o
tribunal simplesmente limita-se a proceder com o pedido do empregador.
83
Aliás, a solução é igual quando o trabalhador opta pela indemnização – também será
precisa avaliação pelo tribunal que declare que o despedimento foi ilícito, sendo, aqui,
a causa da resolução pedida não pelo empregador, mas pelo trabalhador.
A grande diferença entre uma situação e outra é que na opção indemnizatória
estamos perante um direito potestativo do trabalhador e na oposição à reintegração
estamos perante uma mera declaração do empregador.
ü Temos exceções a esta oposição, introduzidas pelo art 392/2 CT, para que a oposição
patronal não incorra em beneficio do próprio infrator.
Para se invocar uma destas exceções à exceção do empregador poder invocar a
oposição de reintegração, o tribunal terá de analisar se foi o empregador a criar,
culposamente, as situações justificativas da sua oposição à reintegração do
trabalhador.
O montante será fixado pelo tribunal – art 391/1. O critério de cálculo da indemnização está
previsto no mesmo artigo.
→ Entre o mínimo e o máximo de dias anuais, estipulados no artigo, como deve o tribunal
graduar a indemnização? Deve olhar ao valor da retribuição do trabalhador, enquanto
fator de variação inversa, e avaliar o grau de ilicitude do despedimento, decorrente da
ordenação do art 381 CT, enquanto fator de variação direta, na medida em que
existem despedimentos mais ilícitos do que outros.
Vamos supor que, neste contexto, o trabalhador morre depois de ter pedido a indemnização
mas antes e haver decisão judicial que declara o despedimento ilícito. Quid iuris?
Aqui, não está o empregador obrigado a pagar a indemnização aos herdeiros do trabalhador.
Com a morte do trabalhador, o contrato cessa automaticamente, nos termos do art 343 b) CT.
Todavia, se vamos por este caminho, deixa de fazer sentido a indemnização. O que dissemos
para a morte do trabalhador vale igualmente para a reforma do trabalhador despedido.
A indemnização, por fim, contem duas espécies: a espécie tradicional e uma nova espécie,
introduzida em 2003, onde a indemnização é devida ao trabalhador que, optando pela via
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reintegratória, viu esta possibilidade ser afastada pela oposição do empregador. Todavia,
nesta ultima via, a indemnização do trabalhador será ainda maior, nos termos dos arts 391 +
392/3 CT.
Olhando ao art 400/1 CT, temos um principio da livre demissão do trabalhador. Apesar de
apoiado pelo nossos sistema, está este principio sujeito a uma compressão legal. A morte da
relação laboral por iniciativa do trabalhador só ocorrerá, desde logo, quando haja pré-aviso
deste para o empregador.
Este pré-aviso:
B. tem uma duração que pode variar, consoante a situação se insira no art 400/1, /2, /3
ou /4 CT.
C. se não for feito, então deve o trabalhador pagar ao empregador uma indemnização de
valor igual à retribuição base e diuturnidades correspondentes ao período da
antecedência em falta, segundo o art 401 CT. Não é por isso, todavia, que a denuncia
deixa de ser válida.
O legislador, mesmo aqui, não deixa de proteger o trabalhador, tanto em relação ao plano
temporal, como ao quantum indemnizatório a suportar pelo trabalhador em caso de
inobservância de cumprimento do pacto. Note-se que o incumprimento do pacto pode criar
grandes prejuízos ao empregador, eventualmente superiores às despesas deste com a
formação daquele. Mas, estipula a lei, que o trabalhador só responde até ao limite destas
despesas executadas pelo empregador.
Quanto a este pacto, a lei não exige a sua redução a escrito, mas neste sentido tem ido a
prática.
85
A revogação da denuncia
No art 402 CT, dá-se a possibilidade ao trabalhador de revogar a sua manifestação de vontade
na cessação do contrato. A isto chamamos de direito de arrependimento e tem de ser exercido
no prazo do /1.
Este direito de arrependimento pode aplicar-se quer quanto à denuncia, quer quanto à
resolução do contrato por vontade do trabalhador – art 397 CT. Contudo, se esta resolução faz
cessar logo o contrato, a denúncia encontra-se sujeita a um aviso prévio que funciona como
termo suspensivo aposto à declaração demissória do trabalhador.
Como nada é estipulado quanto ao prazo, acha-se que o empregador deve pedir o
reconhecimento da assinatura mal receba a comunicação escrita da resolução do
contrato pelo trabalhador.
O conceito de justa causa está no art 394 CT e a ocorrência de justa causa permite ao
trabalhador dissolver imediatamente a relação laboral, não tendo de respeitar os prazos do art
400 e podendo o trabalhador ter direito a uma indemnização nos termos do art 396 CT.
A demissão por justa causa pode ser motivada por dois elementos:
→ Justas causas subjetivas, vistas no art 394/2 CT e que são meramente exemplificativos,
ocorrendo quando o empregador atua com culpa.
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→ Justas causas objetivas, que estão aparentemente taxativamente determinadas no art
394/3 CT. Aqui, o empregador age sem culpa. Há uma querela sobre se o artigo é
taxativo ou exemplificativo, indo Leal Amado pelo taxativo e o prof pela ideia de serem
exemplificativos.
Quanto à falta de pagamento pontual da retribuição perfilha-se como estas duas justas causas,
consoante exista ou não culpa do empregador no incumprimento. Não esquecer que a culpa
do empregador é presumida, nos termos do art 799/1 CC. No âmbito do art 395/4 CT,
presume-se também a culpa do empregador em casos definidos no artigo.
A justa causa deve olhar ao grau de lesão dos interesses do trabalhador, bem como ao carater
da relação entre as partes – art 394/4 + 351/3 CT.
É preciso cautela a invocar o art 394/4 CT, na medida em que a justa causa que pode
ser invocada pelo trabalhador se demonstra muito mais ampla do que a que pode ser
invocada pelo empregador. Aliás, a justa causa de demissão engloba também razoes
que são alheias ao empregador.
O procedimento está no art 395/1 CT, e se for por motivo do empregador, tem de respeitar a
comunicação num prazo de 30 dias subsequentes aos factos que vão fundamentar a justa
causa, sob pena de caducidade.
Quanto a justa causa, a contrario, diga respeito a um elemento da esfera do trabalhador, a lei
determina que este deve notificar o empregador logo que possível – art 395/3 CT.
O desrespeito das exigências do art 395 CT determina a ilicitude, mas o trabalhador pode
afastar algumas das lacunas por via do art 398/4 CT.
Verificando-se a resolução do contrato por uma causa subjetiva, então o trabalhador tem
direito a uma indemnização nos termos do art 396 CT, especialmente o /5. O quantum de
indemnização é, todavia, limitado legalmente, nos termos do /1. Contudo:
87
Ø O art 396/4 CT estipula a indemnização em caso de contrato a termo, criando um
limite mínimo do qual a indemnização não deve passar. Aqui, devem aplicar-se as
regras gerais atinentes à determinação da indemnização mas o limite mínimo, isso sim,
será diferente.
Aplica-se quando a justa causa deriva de um elemento objetivo. Cabe ao trabalhador a prova
dos factos constitutivos da justa causa, e não o fazendo, a resolução será ilícita e isso dará ao
empregador o direito a uma indemnização pelos prejuízos causados – art 399 CT. Estranho,
mas ainda que irregular e ilícita, a resolução do contrato não será na mesma inválida.
Este art 399 CT remete para o art 401 CT, o que cria questões na medida em que se equiparam
as indemnizações a pagar se o trabalhador invocar justa causa mas esta não se provar e
quando o trabalhador denuncia o contrato, independentemente de justa causa, mas sem pré-
avisar o empregador.
O abandono do trabalho
É uma situação irregular e ilícita de cessação do contrato de trabalho. Ocorre uma rescisão
contratual tácita por parte do trabalhador que possibilita a cessação do vinculo laboral. Tal
está no art 403/1 CT.
Tem de haver:
O art 403/2 C estabelece uma presunção de abandono do local de trabalho, desde que o
trabalhador falte 10 dias seguidos ao trabalho sem ter informado o empregador do motivo
de ausência.
î basta que o trabalhador comunique a ausência. O motivo de ausência não tem de ser
um motivo justificativo de ausência, ou seja, não tem de se enquadrar nos motivos
justificativos da falta – o que está em causa é informar da ausência e não a justificar as
faltas.
î podemos ir pelo /4 do mesmo artigo, tendo o trabalhador de provar que só não fez a
comunicação de ausência porque um qualquer acontecimento alheio ou natural o
impediram. Nada impede que o trabalhador afaste a presunção depois do
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empregador enviar a comunicação de abandono prevista no art 403/3 CT.
Nos termos do art 403/5 CT, quando haja cessação do contrato por abandono do local de
trabalho, deve o empregador ser indemnizado pelo trabalhador. Para isso, é preciso que haja a
comunicação do empregador ao trabalhador referida no /3, porque sem esta o efeito extintivo
do contrato não se produz.
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