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UMA REVISÃO GERAL SOBRE O CLIMA DA AMAZÔNIA

1 2 2
G i l b e r t o F I S C H , J o s é A . M A R E N G O , C a r l o s A. N O B R E

R E S U M O — Este trabalho busca apresentar, de uma maneira compacta, os principais resultados


científicos já alcançados pela comunidade brasileira e mundial sobre pesquisas na Amazônia.
Aborda-se o paleoclima da região, bem como as características atuais, em termos de temperatura
do ar e da distribuição de chuvas. São discutidos os principais sistemas atmosféricos atuantes na
região, tais como linhas de instabilidade, brisa fluvial, teleconexões com El-Niño, interação com
sistemas frontais no sul do país, friagens, além da variabilidade do clima nas escalas interanuais
e de longo-prazo. Tendo em vista as altas taxas de desmatamento em algumas partes da Amazônia,
são discutidos as principais modificações microclimáticas e resultados obtidos por simulações
numéricas devido à substituição de floresta tropical por áreas de pastagens. Finalizando, é
apresentado um resumo dos vários experimentos micrometeorológicos que ocorreram na
Amazônia nas últimas duas décadas.

P a l a v r a s - c h a v e : Amazônia, simulação climática, sistemas atmosféricos, experimentos


micrometeorológicos.
T h e Climate of Amazonia - A Review
A B S T R A C T — This paper describes recent research on some climatic aspects of Amazonia. It
describes the paleoclimate, characteristics of the present patterns of air temperature and rainfall
distribution, together with results from field observations of atmospheric phenomena (squall lines,
the Bolivian upper-tropospheric high, river breezes, relations with El Niño, interactions with polar
fronts and convection processes, cold spells, inter-annual and longer-term variability). Since
replaced by pasture. The paper concludes with a summary of micrometeorological studies

Key-words: Amazon region, climatic simulation, atmospheric system, micrometeorological experiments.

1. INTRODUÇÃO típicas de 1.200 m) e à leste pelo


Oceano Atlântico, por onde toda a
A Bacia Amazônica possui uma água captada na bacia escoa para o
área e s t i m a d a de 6,3 milhões de mar. Segundo o I B G E , a área da
quilômetros quadrados, sendo que Amazônia Legal no Brasil é de
2
a p r o x i m a d a m e n t e 5 m i l h õ e s em 5.032.925 km , compreendidos pelos
território brasileiro e o restante divido estados do Pará, Amazonas, Rondônia,
entre os países da Bolívia, Colômbia, Roraima, Acre e Amapá e parte dos
Equador e Peru. Esta região é limitada territórios do Tocantins, Mato Grosso
à oeste pela Cordilheira dos Andes e Maranhão. Imagens de satélites
(com elevações de até 6.000 m), à analisadas pelo INPE estimam em
2
norte pelo Planalto das Guianas (com 126.000 km a área já desmatada até
picos montanhosos de até 3.000 m), ao 1991, com uma taxa de desmatamento
2 1
sul pelo Planalto Central (altitudes anual de 21.000 km , a n o , durante o
1
Centro Técnico Aeroespacial (CTA/IAE-ACA), São José dos Campos, 12228-904, SP, Brasil.
(gfisch@aca.iae.cta.br)
2
Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/INPE), Cachoeira Paulista, 12630-
000, SP, Brasil.
período de 1978-1989, decrescendo fenômenos meteorológicos.
2
este valor para 11.130 km .ano~' du- Este trabalho a b o r d a v á r i o s
rante os anos de 1990-1991 (INPE, aspectos que caracterizam e determinam
1992). As regiões que mais sofreram com o clima da região amazônica. Na seção
o desmatamento são as partes Sul e Leste 2, descreve-se o paleoclima amazônico
do Pará (após a construção da rodovia com base em dados obtidos por estudos
Belém-Brasília) e as partes Norte do Mato geomorfológicos e palinológicos. A
Grosso e Sul de Rondônia (devido à descrição geral do clima é realizada na
rodovia Cuiabá-Porto Velho). seção 3, ao passo que os principais
A convecção na região amazônica sistemas e fenômenos meteorológicos
é um importante mecanismo de atuantes nesta região são analisados na
aquecimento da atmosfera tropical e sua seção 4. Resultados de estudos sobre
variação, em termos de intensidade e variabilidade e mudança climática na
posição, possue um papel importante na Amazônia são mostrados na seção 5.
determinação do tempo e clima desta Um resumo dos principais resultados
região. A liberação de calor durante a época micrometeorológicos de áreas de
chuvosa é tipicamente de 2,5 K.dia" 1
floresta e desmaiadas (pastagens) são
(Figueroa & Nobre, 1990), o equivalente apresentados na seção 6, sendo que
à uma precipitação de 10 mm.dia" . 1
resultados de simulações climáticas do
Molion (1987; 1993) estudou as efeito do desmatamento encontram-se
circulações de macro e meso-escala na seção 7. Uma descrição suscinta
que atuam na Amazônia e os processos dos principais experimentos realizados
dinâmicos que organizam e promovem a partir dos anos 80 é mostrado na seção
a precipitação naquela área. Segundo 8. Este trabalho busca apresentar, de
este autor, os m e c a n i s m o s q u e uma maneira compacta, os principais
provocam chuva na Amazônia podem resultados científicos já alcançados pela
ser agrupados em 3 tipos: comunidade brasileira e regional sobre
a) convecção diurna resultante do pesquisas na Amazônia.
aquecimento da superfície e condições
2. PALEOCLIMATOLOGIA
de larga-escala favoráveis;
b) linhas de instabilidade originadas na A Amazônia situa-se na região
costa N-NE do litoral do Atlântico; equatorial e possui um clima quente e
c) aglomerados convectivos de meso úmido, embora este comportamento não
e larga escala, associados com a tenha sido uma constância durante os
penetração de sistemas frontais na últimos 15.000 anos. Alterações da
região S/SE do Brasil e interagindo relação Terra-Sol provocaram mudanças
com a região Amazônica; significativas na quantidade de energia
Sendo assim, a nebulosidade e o solar recebida pelo planeta Terra,
regime de precipitação determinam o modificando a composição dos sistemas
clima amazônico, sendo que suas atmosféricos predominantes e,
características são o resultado de um consequentemente, o clima. A menor
complexo sistema de interações de insolação provocou movimentos do
anti-ciclone do Atlântico Sul e correntes do balanço de energia. A Amazônia,
o
oceânicas frias (corrente das Malvinas) situada na região entre 5 N e 10° S
em direção ao Equador. Com o recebe no topo da atmosfera um valor
2
resfriamento da temperatura do Oceano m á x i m o de 36,7 MJ.nr .dia~' em
Atlântico, os ventos alíseos penetraram Dezembro/Janeiro e um valor mínimo
2
no continente com menos umidade, de 30,7 MJ.nv .dia~' em Junho/Julho
provocando uma aumento da região de (Salati & M a r q u e s , 1984). E s t e s
aridez. As principais mudanças valores são reduzidos pela transmissão
climáticas e fítográfícas ocorridas du- atmoférica mas são, em média, da
2
rante o período quaternário foram ordem de 16-18 MJ.m" .dia"' para
resultados de freqüentes alterações valores de radiação solar incidente à
interglaciais e glaciais, as quais superfície. Medidas realizadas na
produziam mudanças bruscas, tais como A m a z ô n i a Central ( M a n a u s - A M )
a troca de vegetação predominante de indicam que os maiores totais de
floresta para savanas, durante períodos radiação que chegam na superfície
de clima mais frio e seco (glacial). ocorrem nos meses de Setembro/
Observações de pólen (Absy, 1985) Outubro, sendo que os mínimos são nos
encontradas em sedimentos indicam meses de Dezembro à Fevereiro. Esta
que, durante parte do Holoceno (entre distribuição é controlada pela nebulosi-
5.000 e 3.000 anos passados), grandes dade advinda da migração SE/NW da
áreas de savanas existiam na Amazônia, convecção amazônica (Horel et al.,
aonde atualmente existe floresta. 1989). Feitosa et ai (1997), através de
Associado à este resfriamento, ocorreu um conjunto de 3 anos de dados
o abaixamento do nível dos mares, com horários da energia solar, estudaram o
conseqüências na quantidade de água na comportamento médio da energia so-
Bacia Amazônica. Diagramas de pólen lar na área de Rondônia (RO), encon-
indicam que também não havia floresta ao trando valores integrados da radiação
1
final do Pleistoceno (aproximadamente solar ao longo do dia de 18,3 MJ.nrldia"
1
11.500 anos passados). Entre os anos de para a estação seca e de 17,1 MJ.m^.dia"
4.000 e 2.100 antes do presente e ao redorna estação chuvosa. Neste mesmo
do ano de 700 (1.200 DC), Absy (1985) a r t i g o , os a u t o r e s c o m p a r a m a
sugere que ocorreram grandes variações influência da superfície (floresta tropi-
de precipitação na região Amazônica, cal ou pastagem) na atenuação da
causando o abaixamento (e em alguns radiação solar pela atmosfera, mos-
casos secamente) de rios amazônicos, com trando que os aerossóis produzidos por
mudanças significativas na fauna e flora. fumaça de queimadas produzem uma
transmissividade de 0,58 na pastagem
3. CLIMATOLOGIA contra valores de 0,66 em áreas àe
O clima atual da região amazônica floresta, durante a estação seca. Du-
é uma combinação de vários fatores, rante a estação chuvosa, a radiação
sendo que o mais importante é a solar n a s áreas de floresta e de
disponibilidade de energia solar, através pastagem são praticamente iguais
2
(valores típicos de 17,0 MJ.rrr .dia"'). de exposição e mesmo de localização
Devido aos altos valores de energia (Molion & Dallarosa, 1990). A região
que incide na superfície, o comporta- amazônica possui uma precipitação
mento da temperatura do ar mostra uma média de aproximadamente 2.300
1
pequena variação ao longo do ano, com mm.ano , embora na fronteira entre
excessão da parte mais ao sul (Rondônia Brasil e Colômbia e Venezuela o total
e Mato Grosso), que inclusive sofre a anual atinge 3.500 mm. Nestas regiões
ação de sistemas frontais (denominados não existe período de seca. Estes
localmente por Friagens - veja seção valores de p r e c i p i t a ç ã o elevada
4.3). A amplitude térmica sazonal é da próximo à Cordilheira dos Andes
ordem de 1-2°C, sendo que os valores devem-se à ascençào orográfica da
médios situam-se entre 24 e 26°C. umidade transportada pelos ventos
Especificamente, Belém (PA) alíseos de leste da Zona de
apresenta a temperatura média mensal Convergência Inter-Tropical (ZCIT).
máxima de 26,5°C em Novembro e a Na região costeira (no litoral do Pará
mínima temperatura de 25,4°C em ao Amapá), a precipitação também é
Março. Por outro lado, Manaus (AM) alta e sem período de seca definido,
possui seus extremos de temperatura devido a influência das linhas de
nos meses de Setembro (27,9°C) e instabilidade que se formam ao longo
Abril (25,8°C). Salati & Marques da costa litorânea durante o período da
(1984) apresentam as médias mensais tarde e que são forçadas pela brisa
de 48 e s t a ç õ e s m e t e o r o l ó g i c a s marítima. A distribuição espacial e
espalhadas pela Amazônia. temporal das chuvas na Amazônia foi
A energia que atinge a superfície detalhadamente estudada por Figueroa
terrestre é devolvida para a atmosfera na & Nobre (1990), utilizando-se de 226
forma de fluxo de calor sensível estações pluviométricas; por Marengo
(aquecimento) e latente (evapotrans- (1995), que usou dados de convecção
piraçâo). Desta forma, o balanço de energia (Radiação de Ondas Longas) do Inter-
e umidade interagem, sendo que o saldo national Satellite Cloud Climatology
de radiação é particionado em tennos de Project (ISCCP) e também por Paiva
calor sensível e/ou latente, dependendo das & Clarke (1995). O máximo da chuva
condições ambientais e de água no solo. na região central da A m a z ô n i a
A precipitação é um dos elementos (próximo de 5°S) pode estar associado
climáticos mais importantes a ser analisado com à penetração de sistemas frontais
na região tropical, pois induz as da região sul, i n t e r a g i n d o e
características e comportamento dos organizando a convecção local. A
outros, tais como temperatura, umidade distribuição espacial e temporal da
relativa, ventos etc. Entretanto, a despeito precipitação derivada por Figueroa &
da simplicidade de sua medida, é uma Nobre (1990) é apresentada na Figura 1.
das variáveis meteorológicas mais O período de chuvas ou forte atividade
difícies de serem medidas, uma vez convectiva na região amazônica é
que possue erros do tipo instrumental; compreendido entre Novembro c Março,
sendo que o período de seca (sem amazônica foi efetuado por Kousky &
grande atividade convectiva) ocorre Kagano (1981). Usando radiossondagens
entre os meses de Maio e Setembro. realizadas na A m a z ô n i a Central
Os meses de Abril e Outubro são (Manaus, AM) e Oriental (Belém, PA)
meses de transição entre um regime e durante o período de 1968-1976, os
outro. A distribuição de chuva no autores encontraram que o vento em
trimestre Dezembro-Janeiro-Fevereiro altos níveis (200 hPa) é de oeste du-
(DJF) m o s t r a u m a região de rante os meses de inverno (Junho à
precipitação alta (superior a 900 mm) Agosto) nas duas localidades, embora
situada na parte oeste e central da a intensidade e ocorrência sejam
Amazônia, em conexão com a posição variáveis. Este a u t o r e s t a m b é m
geográfica da Alta da Bolívia. Por sugerem que a distribuição de chuvas
outro lado, no trimestre Junho-Julho- na Amazônia esteja relacionada com a
Agosto (JJA), o centro de máxima posição da Alta da Bolívia. Em relação
precipitação desloca-se para o norte e à água precipitável, esta é aproxima-
situa-se sobre a América Central. A damente constante ao longo do ano,
região amazônica, principalmente na com pequeno decréscimo nos meses
parte central, está sob o domínio do de seca. Salati & Marques (1984)
ramo descendente da Célula de Hadley, apresentam os valores médios de água
induzindo um período de seca bem precipitável para Belém (PA) e
2
característico. Este comportamente está Manaus (AM): 4,2 e 4,4 g.cnv , com
2
completamente de acordo com o ciclo amplitude anual de 1,1 e 0,9 g.cnr ,
anual da atividade convectiva na região, respectivamente. Rao et al. (1996)
conforme demonstrado por Horel et al. também apresentam valores de água
(1989). O ciclo diurno da precipitação precipitável na região como sendo da
2
na região tem sido menos estudado (por ordem entre 4,0 e 5,5 g.cnr .
exemplo Paiva (1996) e Ferreira da O balanço hídrico na região
Costa et al. (1997) mas os resultados amazônica é difícil de ser calculado,
obtidos mostram que, em áreas devido a falta de continuidade espacial
continentais, o período da tarde (entre e temporal das medidas da precipitação,
13-18 horas) registra acima de 30% dos inexistência de medidas simultâneas de
eventos de p r e c i p i t a ç ã o . Este vazões fluviais, desconhecimento do
comportamento é devido ao próprio armazenamento de água no solo etc.
ciclo de insolação e aquecimento da Entretanto, algumas tentativas de se
superfície. Em áreas p r ó x i m a s à entender melhor o regime hídrico dentro
grandes corpos d'aguas, Molion & da bacia hidrográfica têm sido
Dallarosa (1990) mostraram que ocorre realizadas, através de várias técnicas, tais
fenômenos de brisa fluvial, induzindo a como o método climatonônico (Molion,
formação de nuvens convectivas e 1975), balanço hídrico (Villa Nova et al,
precipitação (veja seção 4.5). 1976), e aerológico (Marques et ai, 1980;
Um estudo climatológico da Rocha, 1991). Através de técnicas
circulação troposférica sobre a região isotópicas da medida de concentração de
1
oxigênio em água da chuva na região foi de 585 mm.ano- .0 balanço hídrico da
amazônica, Salati et al. (1979) determi- região também foi estudado por
naram que a precipitação na região é Matsuyama (1992) utilizando-se dados em
uma composição da quantidade de água pontos de grade do Centro de Previsão de
evaporada localmente (evapotranspiração) Tempo Europeu (ECMWF) obtidos du-
adicionada de uma contribuição advinda rante o período do experimento FGGE.
do Oceano Atlântico. Desta maneira, pode- Em seus cálculos para um ciclo sazonal
se estimar que 50% do vapor d'agua que completo, Matsuyama (1992) estimou a
precipita pelas chuvas é gerado localmente evapotranspiração, como resíduo do
(pela evapotranspiração), sendo o restante balanço hídrico, em 1.139,1 mm, que
importado para a região pela fluxo representa 53% da precipitação média na
atmosférico proveniente do Oceano área de 2.152,6 mm, O escoamento super-
Atlântico. A contribuição advinda do ficial foi calculado em 1.013,5 mm, sendo
Oceano Pacífico é mínima (Salati & Vose, a contribuição do fluxo atmosférico de
1984). Marques et al. (1980) estimaram o 737,3 mm. Estes valores são consistentes
balanço de água na Amazônia usando a com as estimativas anteriores. Recente-
divergência do fluxo de vapor d'agua e mente, Rao et al (1996) usando também
obtiveram que 52% da precipitação na um conjunto de dados provenientes de
região entre Belém e Manaus é previsões numéricas (no caso dados
proveniente do Oceano Atlântico e o meteorológicos do ECMWF do período
restante (48%) é reciclado localmente Estes entre 1985-1989), confirmam que o fluxo
resultados coincidem com os de Salati et de vapor d'agua proveniente do oceano
al. (1979). Em média, a precipitação da Atlântico é importante no ciclo hidrológico
12 1
bacia é 12,0 x 10 n^.ano" , sendo que da região amazônica e que esta, por sua
a d e s c a r g a fluvial n a foz do rio vez, também induz o campo de vapor
12 3
Amazonas é 5,5 x 10 m .ano"' (Oltman, d'agua em grande parte do Brasil Central.
1967). Como conseqüência do balanço, o Embora estes números apresentem
resíduo (evapotranspiração) é de 6,5 x incertezas muito grandes, eles são um
l2 3
10 m .ano-' (Villa Nova et al, 1976). primeiro balanço de como ocorre o ciclo
Em um outro estudo complementar à hidrológico na região amazônica.
este, Salati & Nobre (1991) separaram
A evapotranspiração da floresta na
os vários componentes do balanço
região amazônica tem sido objeto de vários
hídrico e n v o l v i d o s na região
estudos (Villa Nova et al., 1976;
amazônica e chegaram à um valor
1
Shuttleworth et al, 1987, entre outros),
típico de 2.300 mm.ano" para a
principalmente em casos da evapo-
precipitação, sendo que a evapotrans-
transpiração potencial. As estimativas
piração local foi responsável por 1.200
-1
são de que a evapotranspiração potencial
mm.ano e o escoamento superficial
1
média seja entre 4,0-4,5 mm.dia-', com
por 915 mm.ano . O fluxo de vapor
variações sazonais decorrentes da
d'agua proveniente do Oceano Atlântico
-1
existência ou não de chuvas. Salati &
(input) foi de 1.350 mm.ano e o fluxo
Nobre (1991) apresentam um sumário de
de saída (output) para o Brasil Central
várias estimativas de evapotranspiração na
região amazônica, no qual os vários muito particular de a p r e s e n t a r o
métodos utilizados apresentaram valores desenvolvimento de um anti-ciclone
médios anuais entre 3,6 e 5,2 mm.ano . -1
em altos níveis (200 hPa), durante os
Entretanto, poucas são as medidas ou meses de verão, associado com a forte
estimativas da evapotranspiração real. Os convecção da região amazônica. Este
estudos de Marques Filho et al. (1986) e anti-ciclone foi denominado de Alta da
Fisch (1990) com medidas comparativas Bolívia (AB), pois situa-se sobre a
entre a evapotranspiração real (medida região do altiplano boliviano. Durante
com aparelhos de vórtices turbulentos) e a época de i n v e r n o , o c o r r e a
estimativas da evapotranspiração potencial desintensifícação da AB, com o seu
através de métodos diferentes (método de completo desaparecimento. A
Penman-Monteith no caso de Fisch (1990) localização geográfica da AB possui
e da teoria da similaridade para Marques variação intra-sazonal e inter-anual,
Filho et al. (1986)), chegaram a valores associada a convecção na amazônia.
entre a razão das evapotranspirações real Santos (1986) observou que, durante
e potencial de 0,3 para Fisch (1990) e 0,4 anos m e n o s c h u v o s o s na r e g i ã o
para Marques Filho et al. (1986). Estes amazônica, os centros da AB eram
valores são típicos para a estação seca, menos intensos. Analisando anos de
sendo que, na época chuvosa, Shuttleworth ocorrência de El-Nino, Jones & Horel
et al. (1987) sugerem que a evapotrans- (1990) reportam que, a AB localiza-se,
piração real seja igual a potencial, uma vez em geral, à oeste de sua posição
que o solo possui muita umidade. climatológica. Também foi observado
Recentemente, Maia Alves (1997) analizou por Carvalho (1989) q u e , para o
o ciclo sazonal da evapotranspiração real evento do El-Nino 82-83, a atividade
usando o modelo de Penman-Monteith e c o n v e c t i v a e p r e c i p i t a ç ã o na
obteve valores entre 3,4 e 5,0 mm.dia-' Amazônia diminuiu (veja seção 4.2),
para a região de Ji-Paraná (RO). Estas com a desintensifícação da AB. A
análises foram obtidas com os dados manutenção deste centro quente anti-
provenientes do sítio experimental de ciclonônico é devido à convergência,
floresta do Projeto ABRAÇOS. em baixos níveis, da umidade que vem
de nordeste e de leste. Esta convergência
4. SISTEMAS ATMOSFÉRICOS provoca forte convecção, condensação
ATUANTES NA REGIÃO e liberação de calor latente na média/alta
AMAZÔNICA troposfera, associada à atividade
convectiva. Entretanto, esta atividade
4.1 - Circulação Geral e Alta da convectiva possui um ciclo anual de
Bolívia deslocamento na região amazônica
A circulação geral da alta (trimestre DJF - verão) para sobre a
troposfera sobre a América do Sul tem região da América Central. A
sido bastante estudada nos últimos investigação deste fenômeno pode ser
anos (Santos, 1986; Carvalho, 1989). efetuada pelas observações pluviomé-
Esta região possui uma característica tricas ( M a r e n g o , 1992) ou p e l a
radiação de ondas longas (ROL), últimos 50 anos. Em Manaus (AM),
emitida p e l o topo . de nuvens e por e x e m p l o , o total mensal de
aglomerados convectivos (Horel et al, precipitação foi nulo, época em que a
1989; Marengo & Hastenrath, 1993) e normal climatológica apresenta um
medidos por satélites meteorológicos valor superior à 300 mm (Nobre &
de órbita polar. Já foi demonstrado que Oliveira, 1986). Em um e s t u d o
as o b s e r v a ç õ e s de R O L estimam complementar à este, Kayano &
convenientemente a precipitação tropi- Moura (1986) analisaram a precipita-
cal (Carvalho, 1989). Segundo os ção na América do Sul durante todo o
resultados de Horel et al. (1989), a evento do El Nino (junho de 1982 à
atividade convectiva sobre a America agosto de 1983), indicando que a
Tropical possui um deslocamento Amazônia sofreu um forte período de
sazonal ao longo do eixo SE/NW, seca, com total de chuva de
permanecendo aproximadamente 5 aproximadamente 50% menor que o
meses em cada hemisfério. valor climatológico. Devido a natureza
heterogênea da precipitação e da
4.2 - EI - Nino localização de pluviômetros/pluvió-
O evento do El Nino/Oscilação grafos próximo aos rios (Molion &
Sul (ENOS) de 1982-1983 foi um dos Dallarosa, 1990), a medida da vazão
mais intensos e afetou o tempo e clima de rios é uma medida robusta do ciclo
da América do Sul de várias maneiras hidrológico na área da Bacia, por
(Kayano & Moura, 1986). No caso da representar a soma dos fenômenos
r e g i ã o a m a z ô n i c a , este episódio hidrometeorológicos que ocorrem na
provocou um período extremamente área. N e s t e s e n t i d o , Molion &
seco (Janeiro/Fevereiro) durante a Carvalho (1987) analisaram a descarga
estação chuvosa na Amazônia Central. fluvial de rios na A m a z ô n i a e
O desvio da precipitação neste período correlacionaram suas vazões com o
(valor climatológico menos o valor evento ENOS 82/83. Os resultados
observado de 8 2 / 8 3 ) , apresentou obtidos para os rios Trombetas e Ji-
valores de até - 7 0 % na área de Paraná indicaram que as correlações
Manaus (AM), com um valor menor são positivas, sugerindo que o índice
na parte mais próxima do Oceano de oscilação sul possa ser um preditor
Atlântico ( -20 % em Belém). Este da variabilidade de chuva nesta região.
comportamento foi devido ao ramo Richey et al. (1989) também mostraram
descendente da célula de Walker que variabilidade inter-anual do regime
deslocar-se para a região sobre a de precipitação e descarga fluvial dos
Amazônia, inibindo a formação de rios está associada com eventos de ENOS
atividades convectivas (Nobre & e possue escala de tempo de 2-3 anos.
Rennó, 1985; Nobre & Oliveira, Uma série de outros estudos
1987). Este período (Janeiro/Fevereiro também demonstraram os efeitos do
82/83) foi caracterizado por possuir o evento E N O S na hidrologia da
menor índice p l u v i o m é t r i c o nos Amazônia. Aceituno (1988) mostrou
uma tendência da diminuição de chuva Ribeiro (1972), Hamilton & Tarifa
na Amazônia do Norte, durante anos (1978), Marengo et al. (1997) e Fisch
de El-Nino. Marengo (1991; 1992) et al. (1997a) detalharam estes efeitos.
mostrou que, em anos de El-Nino Fisch et al. (1997a) realizaram uma
muito intenso como foram os anos de estatística simples do n ú m e r o de
1925-26, 1975-76 ou 1982-83, a eventos de Friagem na região da
precipitação do verão foi mais baixa Amazônia durante os anos de 1.992 e
que nos anos normais sobre a 1993 e obteve uma freqüência de
Amazônia do Norte, resultado este que ocorrência de 7 casos por ano, durante
também se observa nos níveis de água os meses de Maio à Agosto. Brinkman
anormalmente baixos dos rios Negro & Ribeiro (1972) citam que, no caso
e Amazonas. Estudos observacionais da Amazônia Central, ocorrem de 2 a
realizados por Marengo & Hastenrath 3 Friagens por ano, durante os meses
(1993), e que foram comprovados por de seca (Junho a Outubro). Analisando
estudos de modelagem do clima de o evento de uma Friagem que atingiu
Marengo et al. (1993), mostram que, a região de Manaus (Julho de 1969),
durante anos de grande aquecimento Brinkman & Ribeiro (1972) mostraram
das águas do Pacifico equatorial central que a temperatura mínima naquele
(fenômeno do El-Nino), a ZCIT situa-se evento foi 12°C menor do que a média
anomalamente mais ao norte do que sua climatológica, provocando ventos
posição normal sobre o Atlântico Tropical. intensos. No caso das variações dos
Consequentemente os ventos alíseos de elementos climáticos, Hamilton &
NE são mais fracos, reduzindo a umidade Tarifa (1978) analisaram a penetração
que penetra no interior da região de uma intensa frente fria (ocorrida em
amazônica. Sobre o lado oeste dos Andes, 1972), que provocou decréscimos na
a convecção que produz as chuvas temperatura do ar em Cuiabá (MT) de até
abundantes ao norte do Peru, provoca, por 13°C. Outras observações importantes são
sua vez, movimentos de ar de subsidência a de que ocorre uma mudança de
compensatória no lado leste, contribuindo direção do vento (de Norte para Sul),
para uma menor quantidade de chuva na a cobertura de nuvens é total e que o
parte oeste da Amazônia. evento se extende até 700 hPa
(aproximadamente 3.000 m), prolongando-
4.3 - Friagens se por 3 dias (Fisch et al, 1997a). Ainda
Embora a região amazônica com r e l a ç ã o às c a r a c t e r í s t i c a s
situe-se geograficamente próxima ao meteorológicas da superfície, Marengo
Equador, a parte meridional sofre, et al. (1997) analisaram a extensão
eventualmente, da ação de sistemas espacial das modificações causadas
frontais, provocando o fenômeno por duas F r i a g e n s m o d e r a d a s
localmente denominado de Friagem. O ocorridas em 1994, observando que os
efeito destas invasões de ar polar na efeitos mais p r o n u n c i a d o s foram
Amazônia tem sido pouco estudado e obtidos na região do sul de Rondônia (Ji-
apenas os estudos de Brinkman & Paraná), na qual a temperatura do ar atinge
valores de 10°C, aproximadamente 8°C imagens de satélites. De acordo com
abaixo da média climatológica. Nas Coehn et al. (1989), as LICs constituem
regiões central e oeste da Amazônia 62% dos casos observados, sendo o
( M a n a u s - A M e M a r a b á - PA, restante (38%) compreendido de LIPs.
respectivamente), o decréscimo da Cavalcanti (1982) realizou um estudo
temperatura do ar não foi tão grande, climatológico e observou que a
embora a quantidade de umidade formação destas linhas posiciona-se ao
atmosférica também tenha diminuído, sul da Zona de Convergência Inter-
pois ocorreu a invasão de ar polar (frio Tropical (ZCIT), sendo o período de
e seco). As modificações na estrutura maior freqüência na época em que a
vertical da atmosfera foram estudadas ZCIT está mais organizada. Molion
por Fisch et al. (1997a), que observou (1987) descreve a influência destas Lis
um aumento intenso da velocidade do na distribuição de chuva da Amazônia
vento (principalmente na componente Central, observando que, durante à
meridional do vento), associado com noite e devido à d i m i n u i ç ã o do
um forte resfriamente (ao redor de contraste térmico oceano-continente,
15°C na camada limite atmosférica). estas Lis praticamente se dissipam,
Estas informações foram coletadas em para revigorarem-se no dia seguinte,
Julho de 1993, durante a realização do com o aquecimento da superfície. Os
experimento de campo do RBLE. aspectos climatológicos destas Lis na
Amazônia foram estudadas observa-
4.4 - Linhas de Instabilidade cionalmente por Coehn et al. (1989).
As Linhas de Instabilidade (Lis) Os resultados obtidos foram de que
que o c o r r e m na A m a z ô n i a são estas Lis podem atingir o extremo
responsáveis pela formação de chuvas oeste da Amazônia, com velocidade de
1
próximo à costa litorânea dos estados deslocamento entre 12 e 15 m.s"
do Pará e A m a p á , bem como de (aproximadamente 13 graus de longi-
precipitação na Amazônia Central, tude por dia). O comprimento e a
durante a e s t a ç ã o seca. E s t u d o s largura m é d i o s destas L i s é de
preliminares (Coehn et al., 1989) aproximadamente 1.500 km e 170 km,
mostraram que estas Lis são um dos respectivamente, sendo que os meses
sistemas atmosféricos atuantes na área com maior freqüência de ocorrência é
leste do Pará e que contribuem com 45% entre Abril e Agosto (Coehn et al,
da chuva que cai durante o período 1989). Por outro lado, Coehn et al.
chuvoso. Estas linhas são caracterizadas (1995) estudaram a penetração de
por possuir grandes conglomerados de Linhas de Instabilidade na região
nuvens cumulonimbus e são formadas Amazônia Central, durante o
devido à circulação de brisa marítima, experimento ABLE-2B (Garstang et ai,
podendo-se prolongar para o interior do 1990) nos meses de Abril-Maio de 1987.
continente (denominadas LIP) ou não Neste período as LIC compreenderam
(LIC). Devido a suas dimensões, estas 23 % dos casos, sendo o restante de
Lis são facilmente observadas por LIPs. Em um estudo de caso de uma
LIP intensa ocorrida no início de Maio, (rios Tapajós e Amazonas) e Belém (rios
observou-se que foram dois mecanismos Tocantins e parte sul da Foz do Rio
que provavelmente originaram e Amazonas). Molion & Dallarosa (1990)
propagaram esta LIP: ventos de leste mostraram que, considerando-se 4
intensos em baixos níveis (entre 900 e postos pluviométricos (1978-1988)
650 hPa) e presença de uma fonte de próximos à Manaus, o menor índice
calor a oeste da Amazônia. Os autores anual (1.843 mm) foi o da estação
concluem que as Lis que se propagam instalada em uma ilha no rio Negro,
na A m a z ô n i a são m e c a n i s m o s sendo o maior indíce (2.303 mm) na
complexos, em que ocorre interação localidade distante cerca de 100 km.
entre escalas: larga, meso e micro-
4.6 - Penetração de Sistemas
escala, sendo esta última provocada
Frontais e Organização da
por c i r c u l a ç õ e s entre nuvens e o
Convecção na Amazônia.
ambiente adjacente.
Oliveira & Nobre (1985)
4.5 - Brisa Fluvial
realizaram um estudo climatológico
A brisa fluvial é um mecanismo sobre a interação desta convecção tropi-
físico no qual o ar, devido ao contraste cal e a penetração de sistemas frontais
térmico entre água-terra, move-se em na região SE do Brasil, utilizando de 5
direção do continente durante o dia e anos (1977/1981) de imagens de
vice-versa à noite. Imagens de satélites satélites meteorológicos. Estes sistemas
mostram que as nuvens formam-se frontais provoca a organização e
preferencialmente sobre o continente formação de uma banda de nuvens
durante o dia, com movimentos de orientada no sentido NW/SE, e possue
subsidência na área dos rios. Oliveira sua máxima intensidade nos meses de
& Fitzjarrald (1993) comprovam a verão, aumentando o regime de
existência desta circulação fluvial nos precipitação da região (época chuvosa).
baixos níveis (até 1.500-2.000 m), Este aumento de convecção está
possuindo o sentido floresta/rio du- relacionado com a intensificação do
rante à n o i t e e início da m a n h ã , cavado em altos níveis, que é gerado
revertendo o sentido (rio/floresta) du- pela penetração da frente.
rante a tarde e início da n o i t e .
Observações radiométricas feitas por
5. VARIAÇÕES CLIMÁTICAS DE
avião durante o experimento ABLE
LONGO-PRAZO NA AMAZÔNIA
constataram um gradiente térmico en- O d e s m a t a m e n t o devido as
ter rio/floresta de -3°C durante o dia atividades humanas na Amazônia
e +6°C à noite (Oliveira & Fitzjarrald, aumentou rapidamente nas últimas
1993). Certamente estas influências décadas e há evidências de que esse
são mais intensas nas regiões em que dematamento afetou as características
a largura do rio é considerável, tais da baixa atmosfera. Resultados de
como próximo à Manaus (confluência simulações climáticas (Nobre et al.,
os rios Negro é Solimões), Santarém 1991; Manzi, 1993; Lean et al, 1996;
entre outros) estimam uma diminuição cotas do rio Negro, uma vez que não
de 15 a 30% da precipitação sobre há desmatamentos significativos ao
Amazônia, caso a região seja toda longo da Bacia do rio Negro. Da
desmatada. No entanto, até o presente mesma forma, análises de tendência
m o m e n t o , há p o u c a s e v i d ê n c i a s para v a z õ e s de outros rios da
o b s e r v a c i o n a i s de uma m u d a n ç a Amazônia, como os rios Jamari (RO),
climática na região. Ji-Paraná (RO), Tocantins (TO e PA)
Variações interanuais das não indicaram tendências climáticas.
chuvas na Amazônia têm sido uma Em todos eles foi observado um
constante preocupação para cientistas aumento dos níveis durante os anos de
e vários estudos foram desenvolvidos 1970 e 1980, sendo porém que este
considerando a resposta dos rios da a u m e n t o parece ser parte da
Bacia Amazônica a essas variações. variabilidade natural do clima e não
Importantes características do sistema um indicador de mudança climática.
climático da Amazônia podem ser É i n t e r e s s a n t e ressaltar os
e x t r a í d a s de o b s e r v a ç õ e s fluvio- resultados de Paiva & Clarke (1995),
pluviométricas, pois as variações da que indicam uma tendência negativa
descarga fluvial do rio Solimões/ de precipitação sobre boa parte do norte
Amazonas e de seus afluentes estão da Amazônia e da bacia do rio Xingu.
sincronizadas com a distribuição da Eles basearam seus resultados
precipitação na bacia e em suas sub- analizando séries de dados de precipitação
bacias. Marengo (1992) estudou as de 48 postos pluviométricos, com
variações do nível do rio Negro como intervalos de tempo entre 17 e 30 anos.
conseqüência da variação anual da Tardy et al. (1994) mostraram que, en-
precipitação relacionada a extremos do tre 1910 e 1990, a chuva e vazões de
ENOS. Grandes desvios negativos nos água do rio Amazonas têm diminuído
níveis do rio Negro foram observados sistematicamente. Entretanto, estes
durante 1925-26, 1935-36, 1966-67 resultados foram baseados em dados de
1979-80, 1983 e 1992, períodos que precipitação em Manaus e nas vazões de
coincidem com a ocorrência de fortes água do rio Amazonas em Óbidos,
e v e n t o s El-Nino (fase quente do sendo que essa úlltima série de dados
ENOS), o que evidencia a influência não é necessariamente homogênea. Na
do fenômeno sobre o nível desse rio. parte sudoeste da Amazônia, Ferreira
Para a Alta A m a z ô n i a (Peru e da Costa et al. (1997) compararam o
Equador), Gentry & Lopez-Parodi total de chuva ocorrido em áreas de
(1980) a p r e s e n t a r a m a h i p ó t e s e , floresta e de pastagem durante o
suportada por Rocha et al. (1989), de período compreendido entre 1992 e
que um incremento das descargas dos 1995 e obtiveram que o volume de
rios durante as décadas entre 1960 e água precipitado na floresta é cerca de 28%
1980 fosse devido a desmatamento. em média superior ao da pastagem,
Essa hipótese, entretanto, não se aplica indicando uma tendência de diminuição,
para a variabilidade interanual das conforme obtidos por previsões
climáticas ((Nobre et al, 1991; Manzi, Atmosfera (MCGAs) para se estudar
1993; Lean et al, 1996; entre outros). o efeito das trocas de energia entre a
Em recente relatório do Painel superfície e a atmosfera. C o m o
Intergovernamental de Mudanças ferramenta de análise da problemática
Climáticas (IPCC, 1996), estudos sobre a do desmatamento, vários estudos de
variabilidade e mudanças climáticas simulação numérica do clima em
indicam que é muito difícil separar a situações de floresta e desmatamento
componente humana da componente (troca de superfícies vegetadas de
climática, nas tendências observadas em floresta por pastagens) j á foram
dados de rios. A falta de dados de alta realizados (por exemplo Dickinson &
qualidade de precipitação e cotas/vazões Henderson-Sellers, 1988; Lean &
em muitas partes de Amazônia tomam Warrilow, 1989; Nobre et al, 1989;
difícil o estudo da variabilidade e 1991; Henderson-Sellers et al, 1993;
mudanças climáticas nesta região. Não só Lean & Rowtree, 1993; Manzi, 1993;
há muitas variáveis naturais, mas também Lean et al., 1996). Na Figura 2 é
a população muda o meio ambiente, o que apresentado, de forma compacta, os
na América Latina está acontecendo num r e s u l t a d o s do d e s m a t a m e n t o na
ritmo muito acelerado. Até o presente Amazônia obtidos por Nobre et al,
momento, não foram observadas (1991). De modo geral, os resultados
mudanças climáticas consistentes com os obtidos convergem em que ocorrerá
dados de rios analisados no Brasil e na um aumento de temperatura do ar
América do Sul. Entretanto, um forte próximo à superfície (variando de 0,6
sinal do E N S O , isto é, de uma à 2,0°C), uma redução nos totais de
variabilidade interanual, é evidente no precipitação e evaporação (de 20 a
nordeste do Brasil e com certa limitação 30% do valor de floresta) e uma
na Amazônia do oeste. estação seca mais prolongada. Estas
modificações certamente acarretarão
6. SIMULAÇÕES CLIMÁTICAS implicações ecológicias gravíssimas.
DO DESMATAMENTO DA Em um estudo preliminar, Nobre et al.
(1989) estudaram os i m p a c t o s
FLORESTA TROPICAL
climáticos devido ao desmatamento e
Na última década, a Amazônia tem obtiveram um aumento da temperatura
sido foco de atenção mundial devido à sua do ar de 1,3°C. Este aquecimento relativo
riqueza mineral, à sua grande biodiversi- da superfície de terra desmaiada e do
dade de espécies florestais e também ar imediatamente acima é consistente
pelos efeitos que o desmatamento em com reduções na evapotranspiração e
grande escala pode provocar no clima no fluxo de calor latente, uma vez que
regional e global. uma maior fração de energia radiativa
está disponível para a q u e c e r a
Com relação à associação floresta-
superfície terrestre e o ar acima. Além
clima, o desenvolvimento da informática
disso, a redução no comprimento de
facilitou a utilização de modelos
rugosidade diminui a eficiência dos
numéricos de Circulação Geral da
40S
80W 70W 60W SOW 40W SOW
80W 70W 60W 50W 40W 30W

80W 70W 60W 50W 40W 30W 80W 70W SOW 50W 40W 30W

F i g u r a 2. Modificações microclimáticas decorrentes do desmatamento da Amazônia: a)


temperatura do ar (graus), b) temperatura do solo (graus), c) precipitação (mm) e d) evaporação
anual (mm). (Extraído de NOBRE et al., 1989).

p r o c e s s o s de t r o c a t u r b u l e n t a , fronteira e inicial mais realistas do


contribuindo para um aumento de cenário da Amazônia, uma vez que os
calor na superfície e na c a m a d a parâmetros de controle (por exemplo
próxima à ela. No caso do balanço de fração da vegetação coberta, tipo de
energia à superfície (média espacial da solo, difusividade hidráulica etc) e de
área c o n s i d e r a d a ) m o s t r a que a superfície (albedo, comprimento de
r a d i a ç ã o solar a b s o r v i d a pela rugosidade, índice de área foliar etc)
superfície é menor no caso desmatado foram extraídos do conjunto de dados do
2
(186 W.m" ) do que na área de floresta ABRAÇOS. Os resultados obtidos fo-
2
(204 W.m ), devido às variações do ram coincidentes com os descritos por
albedo: este aumentou de 12,5% no Nobre et al. (1989) com redução na
caso floresta para 21,6% no cenário evaporação e precipitação e aumento
pastagem. O estudo efetuado por Lean da temperatura do ar na superfície. A
et al. (1996) representa as condições de diferença mais notável foi que a redução
1
na evaporação de 0,8 mm.dia" (do provoca, a nível sazonal, uma redução no
1
cenário de floresta (4,3 mm.dia" ) para saldo dc radiação de ondas curtas (8%) e
1
pastagem (3,5 mm.dia ) foi parcialmente total (3%), um aumento na temperatura
compensada por um aumento de média do ar (0,9°C), um redução pequena
convergência de umidade, resultando na umidade específica do ar, um aumento
em uma redução de precipitação menor da velocidade do vento, uma redução na
(redução de 7% do caso floresta para evaporação e precipitação (de 20% e
pastagem). Também ocorrem diferenças 14%, respectivamente) e um período de
regionais (Amazônia Sul e Norte): no seca mais prolongado (a época seca (total
caso da precipitação, por exemplo, mensal inferior a 50 mm) estende-se de
ocorre uma redução em todos os Junho-Julho no cenário floresta para Maio
meses da parte sul, embora existam à Agosto no caso pastagem). Com a
meses com redução e outros meses escolha de um mês tipicamente úmido
com aumento na parte norte. Para a (Janeiro) e um mês ao final da época seca
temperatura do ar, o valor global na (Setembro), analisou-se o comportamento
pastagem foi a de um aumento de horário dos fluxos de energia e dos
2,3°C, devido à um crescimento do elementos climáticos. O saldo de radiação
fluxo de calor sensível (+30% do caso (ondas curtas e total) é superior na floresta
de floresta). O objetivo deste texto é o em relação à pastagem, em ambas as
de apresentar, de forma sucinta, estações. A razão de Bowen é tipicamente
resultados obtidos por simulações de +0,3 durante a época chuvosa,
climáticas numéricas. Maiores aumentando para valores entre 1,0 e 3,0
d e t a l h e s sobre as e q u a ç õ e s da durante a estação seca. No caso da
d i n â m i c a do fluído u t i l i z a d a s , temperatura do ar, a floresta apresenta um
métodos de discretizaçâo, hipóteses valor máximo maior do que de pastagem
simplificadoras etc, podem ser encon- (diferença de temperatura de 1,2°C) du-
tradas nas p r ó p r i a s referências rante o período das chuvas e é inferior ao
mencionadas acima. mínimo da temperatura da pastagem na
Os dois artigos supra citados (Nobre estação seca (diferença de temperatura de
et ai, 1989; Lean et ai, 1996) abordaram -2,5°C). Obteve-se valores de umidade
as modificações climáticas a nível regional. específica similares na floresta e pastagem
Por outro lado, Fisch et al. (1997b) durante a estação chuvosa (tipicamente 16
analisaram com detalhes o comporta- g.kg"'), embora diferentes (floresta mostra
1

mento de variáveis meteorológicas na valores em tomo de 16 g.kg" e a pastagem


1

região específica de Ji-Paraná (RO) em possui valores de 10 g.kg" ) na época seca.


áreas de floresta e pastagem, utilizando- A velocidade do vento é mais intensa na
se de resultados gerados por Lean at al. pastagem em relação à floresta, sendo que
(1996). Nestas análises usou-se um no período seco a pastagem apresenta
1

conjunto de dados (valores horários du- ventos de até 3,5 m.s" . Rocha et al. (1996)
rante um período de 15 meses) gerados também utilizaram de simulação climática
após 5 anos de integração. De modo geral, para estudar o efeito do desmatamento lo-
a substituição de floresta por pastagem cal no clima da Amazônia, encontrando
que a evapotranspiração e precipitação na 1988; Sa et ai, 1988; Viswanadham etal.,
área de floresta é praticamente insensível 1990) principalmente com os dados da
para variações de umidade no solo, ao torre micrometeorológica da Reserva
passo que a pastagem possui suas Ducke (Manaus, AM).
características fortemente associadas à "Nos quatros anos de medidas de
umidade. Os autores encontraram que uma campo do Projeto ABRAÇOS ocoircram
saturação inferior à 60% conduz à baixas sete campanhas intensivas de moni-
taxas de evaporação e de precipitação. toramento do clima. O objetivo dessas
Estes valores foram posteriormente campanhas de campo foi o de avaliar os
confirmados observacionalmente por parâmetros físicos que descrevem a
Wright et ai (1992). micrometeorologia dos sítios
Buscando comprovar as variações experimentais e fornecer estimativas de
meteorológicas decorrentes do desmata- todas as componentes do balanço de
mento, Paiva & Clarke (1995) analisaram energia, incluindo evaporação, a qual
estatisticamente as séries temporais de 48 pode ser utilizada para calibrar modelos
postos pluviométricos na Amazônia e da superfície vegetada. Em média os
encontraram que, embora haja tendências sítios experimentais de floresta
estatísticas sobre as anomalias positivas ou absorveram 11% mais radiação do que
negativas, há indícios de que tendências as pastagens. Isto advém do fato da
negativas são mais comuns de ocorrerem floresta refletir menos radiação solar e
do que as positivas, sendo também mais emitir menos radiação de ondas longas.
freqüente nas partes da Amazônia Central O albedo médio da floresta foi de 0,13,
e Oeste. A parte leste possue mais ligeiramente mais alto do que o valor
tendências positivas, provavelmente em usualmente utilizado em simulações
função da p r o x i m a d e do Oceano numéricas de desmatamento, enquanto
Atlântico e brisa marítima. Outros que o albedo médio da pastagem foi de
estudos que demonstram a variabilidade 0,18, ligeiramente menor que os valores
da precipitação são os de Rocha et al. habitualmente utilizados. Surpreenden-
(1989) e Chu & Hastenrath (1994). temente as gramíneas das pastagens não
apresentaram uma forte sazonalidade do
7. MICROMETEOROLOGIA albedo, ao passo que o albedo da floresta
DE FLORESTA mostrou uma variação sazonal bem
A seguir, descrever-se-á os definida, que não ocorre devido aos
principais resultados de micrometeorologia efeitos de variações do angulo de
de floresta e pastagem, obtidos pelo Projeto elevação solar ou as variações de
ABRAÇOS (Nobre et ai, 1996; Gash & nebulosidade, mas está correlacionado
Nobre, 1997). Estes resultados foram com a umidade do solo. Embora o al-
baseados em observações e dados bedo dos sítios de pastagem não tenha
coletados nos três pontos experimentais do mostrado uma clara tendência sazonai,
Projeto ABRAÇOS. Ressalta-se que variações de mês a mês foram
trabalhos científicos anteriores foram observadas, estando associadas ao
realizados (por exemplo, Shuttleworth, índice de área foliar. Em Ji-Paraná,
diferenças sistemáticas na radiação so- estação seca estão a s s o c i a d o s à
lar incidente entre os sítios experimen- subsidência de grande escala, que é
tais de floresta e pastagem foram predominante próximo às fronteiras do
observadas durante a estação seca. Estas domínio florestal (como nas regiões de
diferenças podem estar relacionadas Marabá e Ji-Paraná no sudeste e sudoeste
com o aumento de nebulosidade sobre da Amazônia, respectivamente). A
a pastagem durante aquela época do umidade do solo estudada continuamente
ano, fato este evidenciado por Cutrim et durante todo o projeto A B R A Ç O S
al. (1995). Em se confirmando essas mostrou que, durante a estação seca,
observações, é um resultado importante houve s i s t e m a t i c a m e n t e maior
na medida que indica um efeito direto extração de água no solo sob a
da mudança de cobertura vegetal em um floresta, resultando em perfis mais
fenômeno atmosférico de mesoescala. secos ao final da época seca. Há claras
As p a s t a g e n s apresentaram indicações de que a floresta está
temperaturas máximas durante o dia extraindo água a profundidade maiores
mais altas e amplitudes de temperatura que 3,6 m (profundidade máxima das
também mais altas. Geralmente o medidas de umidade do solo). Estas
mínimo de temperatura foi menor à indicações encontram suporte nas
noite para a pastagem. Este resultado medidas de variações máximas de
está associado provavelmente as baixas armazenamento registradas para cada
velocidades do vento próximo à um dos sítios experimentais. O termo
superfície para as pastagens à noite, o de armazenamento do balanço de água
que pode levar à redução dos processos não foi nulo ao final do ciclo anual e, se
turbulentos de mistura na vertical e esses resultados fossem extrapolados para
maior estabilidade atmosférica. A a escala regional, a diferença entre a
temperatura durante o dia na área urbana precipitação e vazão fluvial não
de Manaus foi sistematicamente mais resultariam na evaporação média anual
alta que aquela nas duas áreas rurais de grande escala. O quadro geral de
(pastagem e floresta), mas as tempe- água no solo mostra que existem grandes
raturas na cidade à noite foram similares diferenças nas variações sazonais de
àquelas sobre a floresta. Há pequena conteúdo de água no solo, tanto entre
variação sazonal de temperatura em floresta e pastagem como entre os
Manaus ou Marabá, porém há um sítios experimentais. Essas diferenças
resfriamento considerável durante a ocorrem como r e s u l t a d o dos
estação seca em Ji-Paraná, associada à diferentes regimes de precipitação,
advecção de ar frio de latitudes combinados com as diferenças
extratropicais no Hemisfério Sul, devido propriedades do solo, comportamento do
à passagem de sistemas frontais. Um lençol freático e profundidade das raízes
marcante ciclo anual de umidade foi das florestas e gramíneas.
observado em Ji-Paraná e Marabá, mas Durante a estação chuvosa, a
não foi observado em Manaus. Valores partição de energia para evaporação
mais baixos de umidade durante a foi similar para floresta e pastagem,
mas a evaporação total da pastagem superfície e diminuição da evaporação
nesta estação foi tipicamente 10 a 15% sobre pastagens em comparação com
menor em comparação com a floresta a floresta. Observou-se também uma
devido a reduzida energia disponível na pequena diminuição da quantidade to-
pastagem e as rugosidades aerodinâ- tal de vapor d'agua sobre a pastagem
micas mais suavizadas. Durante a em relação a floresta. A arquitetura de
estação seca, as pastagens, que têm faixas de floresta inseridas em grandes
raízes mais rasas, foram todas afetadas extensões de áreas de pastagem é tal
pela diminuição das reservas de água no que a justaposição deste dois tipos de
solo, ainda que com intensidades superfície (floresta fria e úmida e
variadas dependendo do tipo de solo e p a s t a g e m quente e s e c a ) p o d e
precipitação. Nos solos argilosos de provocar movimentos de mesoescala
Manaus, a Iranspiração das pastagens (circulação térmica), auxiliando a
declinou rapidamente depois de somente erosão da camada limite noturna na
10 dias sem chuvas. Em contraste, pastagem. Também ocorre aumento de
nenhuma atenuação significativa em turbulência e advecçâo de energia
transpiração foi observada em qualquer dos nesta situação."
sítios de floresta durante os períodos secos,
inclusive durante as estações secas mais 8. EXPERIMENTOS
longas em Marabá e Ji-Paraná. METEOROLÓGICOS
Medições dos fluxos turbulentos REALIZADOS NA REGIÃO
de C 0 sobre a floresta da Reserva
2 AMAZÔNICA
Jaru m o s t r a r a m que ocorreu um
acúmulo de carbono pela vegetação, Nas últimas duas décadas, vários
que é o resultado do balanço entre a experimentos micrometeorológicos
quantidade dc carbono absorvida du- integrados (veja resumo na Tab. 1) foram
rante a fotossíntese e liberada pela realizados na região amazônica, com o
respiração. Se for extrapolado para toda objetivo de aumentar os conhecimentos
a região, estas estimativas significam relativos à interação entre floresta tropical
que a Amazônia seria um sorvedouro de e a atmosfera. Individualmente, vários
aproximadamente 0,5 Gigatoneladas de estudos foram feitos por pesquisadores do
carbono por ano e teria um papel INPA, Museu Emílio Gueldi e Universi-
importante no efeito estufa, se todo este dade Federal do Pará (entre outros), sobre
carbono fosse liberado instantaneamente estas interações. O experimento ARME
para a atmosfera. (Amazonian Research Micrometeorologi-
A camada limite atmosférica du- cal Experiment) teve como objetivo a
rante condições convectivas atingiu altura coleta de dados micrometeorológicos da
de 700 a 1.000 m mais altas sobre áreas partição de energia pela floresta amazônica
com desmatamento do que sobre áreas de e estimativas de evapotranspiração. Vários
florestas na região de Ji-Paraná, o que resultados científicos foram encontra-
mostrou-se consistente com as observações dos, dentro dos quais ressalta-se o fato
de aumento do fluxo de calor sensível à de que a floresta tropical não sofre o
Tabela 1. Descrição resumida dos experimentos micrometeorológicos na Amazônia

Nome Local Período dados coletados situaçãoatual Referência EntidadesEnvolvidas

ARME Manaus (AM) 1983-1986 a,b,f,g disponível Shurtleworth (1987) 1,2,4,6,8,10


ABLE Manaus (AM) 1985 (2A) e 1987 (2B) a,b,c,d,e disponível ABLE (1988, 1990) 1,2,3,4,6,8,12,13
FLUAMAZON Amazônia 1989 a,d disponível ROCHA (1991) 2,4,6,9

ABRAÇOS Manaus (AM) 1990-94 a,b,f,g disponível Nobre etal. (1996) 1,2,4,6,7,8,9,10,11

Marabá (PA) e

Ji-Paraná (RO)

RBLE Ji-Paraná (RO) 1992-94 a,b,c,d,f disponível Fisch (1996) 2,3,4,5,6,10

MACOE Manaus (AM) 1995 a,b,c,f consistência Culf etal. (1997) 1,2,4,5,6,7, 10,11

(1) Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA);


(8) Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA);
(2) Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE);
(9) Centro de Energia Nuclear na Agronomia (CENA)
(3) Universidade de São Paulo (USP);
(10) Institute of Hydrology - Reino Unido (IH)
(4) Universidade Federal do Pará (UFPA);
(11) University of Edinburgh - Reino Unido (UoE)
(5) Universidade Federal de Alagoas (UFAL);
( 1 2 ) National Aeronautics and Space Admistration - Estados Unidos - (NASA);
(6) Centro Técnico Aeroespacial (CTA);
( 1 3 ) University of New York at Albany - Estados Unidos (SUNYA);
(7) Universidade de Brasília (UnB)

(a) estação meteorológica de superfície


(b) fluxos turbulentos de momentum, de calor sensível e latente
(c ) balão cativo
(d) radiossondagem
(e) aviões instrumentados
(f) medidas de umidade no solo
(g) medidas de fisiologia vegetal
efeito da deficiência hídrica provocada a sazonalidade da evapotranpiração na
pela falta de chuvas, evapotranspirando área de pastagem, mas não na floresta
na taxa potencial ao longo do ano (Wright et ai, 1992) etc. Os conheci-
(Shuttleworth, 1988). Posteriormente, o mentos científicos sobre a influência do
experimento ABLE (Amazonian desmatamento no clima na estrutura da
Boundary Layer E x p e r i m e n t ) foi camada limite atmosférica foram
realizado com o intuito de coletar a u m e n t a d o s com a r e a l i z a ç ã o do
dados da estrutura da atmosfera da experimento RBLE (Rondônia Bound-
região a m a z ô n i c a para estudar ary Layer E x p e r i m e n t ) , com 3
liberação e ciclos de gases e aerossóis. campanhas de coleta de dados durante
Os principais resultados científicos época seca, em regiões de floresta e
estão compilados em dois números pastagem em Ji-Paraná (RO). As
especiais (ABLE-2A, 1988; ABLE- campanhas de coleta de dados foram
2B, 1990) e em Garstang et al. (1990). r e a l i z a d a s em s i m u l t â n e o com
O balanço hídrico em larga-escala du- medidas do Projeto ABRAÇOS. Os
rante este experimento foi analisado principais resultados estão compilados
por Souza (1991). Este mesmo assunto em Fisch (1996) e mostram que a
foi objeto de um outro experimento camada limite convectiva sobre a área
científico realizado em Novembro e de pastagem é muito mais desenvolvida
Dezembro de 1989 e denominado do que sobre floresta, sendo esta
FLUAMAZON (Fluxo de Umidade na diferença (em torno de 1.000 metros
região Amazônica). O objetivo deste mais profunda) devido à maneira como
experimento foi o de coletar dados de ar é feito a partição de energia n a
superior (radiossondagem) para realizar pastagem: o fluxo de calor sensível é
balanço de umidade na Amazônia, praticamente igual ao de calor latente.
juntamente com medidas isotópicas do Por outro lado, durante as condições
vapor d'agua e seus resultados foram noturnas, a camada limite noturna é
analisados por Rocha (1991). Com o mais profunda na floresta (350 m de
intuito de coletar dados dos fluxos de altura) do que na pastagem (230 m),
energia e dos elementos climáticos pois a rugosidade e a conseqüente
sobre as superfícies de floresta tropi- turbulência mecânica (ventos) auxilia
cal e de pastagem em três localidades o transporte de energia na floresta. A
distintas da Amazônia, iniciou-se o projeto descontinuidade térmica na pastagem
ABRAÇOS (Anglo Brazilian Amazonian é superior a da floresta. Lyra et al.
Climate Observational Study), que teve a (1994) mostram que a estrutura da
realização de missões de coleta de dados camada limite atmosférica (CLA)
em épocas secas e úmidas, durante os anos sobre a região de floresta em Ji-Paraná
de 1991-1995. Vários resultados científicos a p r e s e n t a - s e c o m p a t í v e l com as
importantes foram alcançados (veja um observações realizadas na floresta
resumo em Nobre et al. (1996), dentre os tropical do Congo, ressaltando que a
quais destacam-se a sazonalidade do al- CLA sobre a área de pastagem é, em
bedo de floresta tropical (Cuff et al., 1995), média, 66% superior a da floresta,
além de não entrar em colapso ao fi- Brasil, Estados Unidos e Europa (Reino
nal da tarde/início da noite, mantendo Unido, Holanda, Alemanha, França,
um aspecto estacionário durante todo o entre outros). O período de coleta de
período noturno. O papel da vegetação dados está planejado para ocorrer en-
de floresta tropical na liberação/ tre 1999-2000, c o m as a n á l i s e s
absorção de CO, atmosférico está sendo estendendo-se até o ano 2003.
estudado, com a realização de uma
campanha de coleta de dados do AGRADECIMENTOS
MACOE (Manaus Atmospheric C 0 2
Os autores desejam expressar seus
Experiment), realizado em novembro
agradecimentos à todos aqueles que,
de 1995, na região de Manaus (AM).
direta ou indiretamente, realizam
O objetivo deste experimento foi o de
pesquisas na Amazônia, tentando
coletar dados do perfil de C 0 na 2
compreender melhor a influência da
camada limite noturna em regiões de
floresta na determinação e caracteriza-
floresta t r o p i c a l . Os p r i n c i p a i s
ção do clima da região, em busca de
resultados (Culf et al, 1997) obtidos
m e l h o r e s condições de vida dos
foram que a concentração dentro do
amazônidas.
dossel da floresta é fortemente
influenciada pela formação de Bibliografia citada
inversões térmicas próximo à
superfície e que existe grande ABLE-2A 1988. Número Especial contendo
variabilidade espacial dos fluxos de artigos científicos do Experimento ABLE-
2A. Journal of Geophysical Research,
C 0 liberados pela floresta. Esta última
2
93(D2): 1349-1624.
conclusão foi baseada na realização de
ABLE-2B 1990. Número Especial contendo
balanço de C O , na camada limite artigos científicos do Experimento Able-
atmosférica. Finalmente, em um futuro 2B. Journal of Geophysical Research,
bastante próximo, será realizado um 95(D10):16721-17050.
grande experimento internacional (LBA Absy, M.L. 1985. Palinology of Amazonia: the
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logical record. In: G.T. Prance ; T.E. Lovejoy
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amazônica, que visa integrar todos estes Reino Unido, p.42-72.
resultados já obtidos, além de tentar Aceituno, P. 1988. On the functioning of the
entender como a Amazônia funciona southern oscillation in the South America
atualmente como uma entidade regional. sector - Part 1: surface climate. Monthly
Outros objetivos são o de conhecer Weather Review, 116(3):505-524.
como as mudanças nos usos da terra e Brinkman, W.L.F.; Ribeiro, M.N.G. 1972. Air
no clima irão afetar o funcionamento temperatures in Central Amazônia. Ill Vertical
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Aceito para publicação em 27.02.98

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