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2ª INSPETORIA DE CONTABILIDADE E FINANÇAS DO EXÉRCITO

UNIDADE I - FUNDAMENTOS DE
CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO

MATERIAL DE APOIO

ROTINAS DO
SETOR FINANCEIRO

SÃO PAULO
2019
MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS DO EXÉRCITO
2ª INSPETORIA DE CONTABILIDADE E FINANÇAS DO EXÉRCITO

MATERIAL DE APOIO
ROTINAS DO SETOR FINANCEIRO

SÃO PAULO
2019
Treinamento de Rotinas do Setor Financeiro

SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS DO EXÉRCITO


INSTITUTO DE ECONOMIA E FINANÇAS DO EXÉRCITO
CHEFE DA 2ª INSPETORIA DE CONTABILIDADE E FINANÇAS DO EXÉRCITO
Cel Guaraci Araruna de Mendonça

EQUIPE TÉCNICA – Seção de Contabilidade:


Cap QCO Cont Luciano Pinho Cerqueira
1° Ten QCO Cont Roberto da Silva Junior
1° Ten OTT Cont Hetiene da Silva Melo de Morais
2° Ten Int Délcio Ricardo Raposo Furtado

INFORMAÇÕES
2ª Inspetoria de Contabilidade e Finanças do Exército
Endereço: Rua da Independência, 632 - Bloco 2
Cambuci - São Paulo/SP - CEP: 01524-000
Prefixo RITEx: 826
Seção de Relações Públicas / Recepção
Tel: (11) 2915-6700
E-mail: rp@2icfex.eb.mil.br

Seção de Apoio Técnico e Treinamento - SATT


Tel: (11) 2915-6706
E-mail: s1@2icfex.eb.mil.br

Seção de Auditoria e Fiscalização - SAT


Tel: (11) 2915-6708
E-mail: s2@2icfex.eb.mil.br

Seção de Contabilidade - S CONT


Tel: (11) 2915-6707
E-mail: s3@2icfex.eb.mil.br
SUMÁRIO
UNIDADE I - Fundamentos da Contabilidade Aplicada ao Setor Público
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................1
2 PRINCIPAIS LEIS E NORMAS.........................................................................................1
3 DESPESA PÚBLICA.........................................................................................................3
3.1 PLANEJAMENTO......................................................................................................6
3.1.1 Fixação da despesa..........................................................................................7
3.1.2 Descentralizações de créditos orçamentários...............................................7
3.1.3 Programação Orçamentária e Financeira.......................................................8
3.1.4 Processo de licitação e contratação...............................................................8
3.2 EXECUÇÃO................................................................................................................8
3.2.1 Empenho............................................................................................................8
3.2.2 Liquidação..........................................................................................................9
3.2.3 Pagamento.........................................................................................................9
4 PLANO DE CONTAS.......................................................................................................10
4.1 ESTRUTURA DO CÓDIGO DA CONTA CONTÁBIL..............................................12
5 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS APLICADAS AO SETOR PÚBLICO......................15
6 CONCLUSÃO..................................................................................................................16
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................17
Treinamento Rotinas do Setor Financeiro – UD I – Fundamentos da CASP 1

UNIDADE I - FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE APLICADA AO


SETOR PÚBLICO

1 INTRODUÇÃO

O Encarregado do Setor Financeiro, como responsável pelas atividades


contábeis e financeiras da UG, necessita compreender quais normas e legislações
afetam sua rotina de trabalho. Nesse universo de informações, estão diversas leis e
normas referentes à Contabilidade Aplicada ao Setor Público.
Contabilidade Aplicada ao Setor Público é o ramo da contabilidade que
direciona a aplicação dos princípios e normas contábeis ao controle patrimonial de
entidades do setor público.
Você pode se perguntar o porquê de saber essas leis e normas para o
trabalho no setor financeiro. É muito simples. Você sabia que os lançamentos feitos
no SIAFI “tela preta” e no SIAFI WEB, realizados pelo encarregado do setor
financeiro, são registros contábeis. Pois bem, todas essas normas regulam e
orientam os procedimentos para o correto registro dessas informações.
Nesse ramo da contabilidade, chamado de CASP (Contabilidade Aplicada ao
Setor Público), existem inúmeras referencias que fornecem a sua base de
sustentação teórica e normativa. Vamos destacar as principais, apenas para
entendimento geral.

2 PRINCIPAIS LEIS E NORMAS

Lei n° 4.320/1964 - Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para


elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos
Municípios e do Distrito Federal.
É uma lei importante que estabeleceu regras para o controle das finanças
públicas, bem como a construção de uma administração financeira e contábil
sólidas. Tem seu enfoque voltado aos aspectos orçamentários, abordando princípios
orçamentários, execução orçamentária e controle do orçamento.
Lei 10.180/2001 - Organiza e disciplina os Sistemas de Planejamento e de
Orçamento Federal, de Administração Financeira Federal, de Contabilidade Federal
e de Controle Interno do Poder Executivo Federal, e dá outras providências.
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Essa lei estruturou os sistemas relacionados à finanças públicas, definindo


as finalidades, organização e competências de cada um deles. No caso da
Contabilidade Federal, por exemplo, delimitou que o Sistema de Contabilidade
Federal compreende as atividades de registro, de tratamento e de controle das
operações relativas à administração orçamentária, financeira e patrimonial da União,
com vistas à elaboração de demonstrações contábeis.
Lei Complementar no 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal) -
Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão
fiscal e dá outras providências.
É uma lei importantíssima para as finanças públicas e para a contabilidade,
uma vez que estabeleceu, por exemplo, a exigência de consolidação nacional das
contas públicas. Esta competência é exercida pela Secretaria do Tesouro Nacional
(STN) por meio da publicação anual do Balanço do Setor Público Nacional (BSPN),
congregando as contas da União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBCT
SP) - tratam-se das Normas “mãe” da Contabilidade Aplicada ao Setor Público. São
editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e estabelecem orientações
específicas a serem observadas pelos órgãos e entidades incluídos no campo de
aplicação da CASP.
Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP) - Para
simplificar nossa vida, a Secretaria do Tesouro Nacional (STN), que é o órgão central
de contabilidade do governo federal, reuniu o conjunto de procedimentos
(orçamentários, patrimoniais e específicos) que orientam os gestores na aplicação
de todo o arcabouço legislativo e normativo relacionado à CASP.
O Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP), que está na
sua 8ª edição, está dividido em 6 partes :
Geral - Contabilidade Aplicada ao Setor Público;
I - Procedimentos Contábeis Orçamentários;
II - Procedimentos Contábeis Patrimoniais;
III - Procedimentos Contábeis Específicos;
IV - Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP);
V - Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público (DCASP)
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Esse manual é uma excelente fonte de consulta, visto que aborda todos os
assuntos de maneira prática, utilizando-se de exemplos e exercícios. O usuário pode
utilizá-lo para compreender desde aspectos conceituais da execução orçamentária,
até verificar quais contas contábeis são afetadas no momento da liquidação de uma
despesa.
Pois bem, essas são as normas mais importantes e servirão como
instrumento de consulta mais aprofundada, quando necessário.
Vamos explorar alguns pontos importantes para o setor financeiro
constantes no MCASP sobre Despesa Pública, o Plano de Contas e as
Demonstrações Contábeis.

3 DESPESA PÚBLICA

Agora vamos falar dos gastos que a Administração Pública faz, mais
conhecidos como Despesas Públicas.
Segundo o MCASP, a despesa pública é o conjunto de dispêndios realizados
pelos entes púúblicos para o funcionamento e manutenção dos serviços públicos
prestados à sociedade.
Esses dispêndios são tipificados como Orçamentários e
Extraorçamentários, conforme esquema abaixo:

Dispêndio orçamentário - é toda transação que depende de autorização


legislativa para ser efetivada, ou seja, está no Orçamento Anual. São as despesas
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que foram planejadas no ano anterior e já estão previstas, como as despesas de


manutenção da OM.
Dispêndio extraorçamentário - é aquele que não consta no Orçamento
Anual, como, por exemplo, quando a OM devolve um depósito de garantia
contratual, ao fim do contrato. A OM teve um dispêndio, pois houve saída de
numerário, mas esse valor não pertence ao Orçamento.
Neste material, vamos tratar das Despesas Orçamentárias, por ser o nosso
foco maior.
Existem diversas classificações das Despesas Orçamentárias. Vamos tratar
das mais importantes, pois nosso objetivo aqui é dar uma visão geral desses
conceitos.
Essas são as classificações das Despesas Orçamentárias mais
relevantes:

Classificação Institucional - Essa classificação reflete a estrutura


organizacional e administrativa. Quem é responsável pela execução da Despesa.

Classificação Funcional - Segundo o MCASP, é composta de um rol de


funções e subfunções prefixadas, que servem como agregador dos gastos públicos,
por área de ação governamental, nos três níveis de Governo. Em que áreas a
Despesa será realizada.

Classificação por Estrutura Programática - Nos termos do MCASP,


toda ação do Governo está estruturada em programas orientados para a realização
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dos objetivos estratégicos, definidos no Plano Plurianual (PPA) para o período de


quatro anos. O que foi realizado por meio da Despesa.

Classificação Segundo a Natureza - Informa a categoria econômica da


despesa, o grupo a que ela pertence, a modalidade de aplicação, o elemento, além
do desdobramento facultativo do elemento de despesa (subelemento).

A classificação segundo a natureza é representada por um código composto


por oito algarismos, sendo que o 1º dígito representa a categoria econômica, o 2º o
grupo de natureza da despesa, o 3º e o 4º dígitos representam a modalidade de
aplicação, o 5º e o 6º o elemento de despesa e o 7º e o 8º dígitos representam o
desdobramento facultativo do elemento de despesa (subelemento), conforme
ilustrado a seguir:

Detalhando cada parte dessa codificação:

Categoria Econômica – Subdivide-se em despesas correntes e de


capital:
Despesas Correntes - as que não contribuem, diretamente, para
a formação ou aquisição de um bem de capital. São as despesas do dia-
a-dia, como aquisição de material de consumo ou pagamento de
despesas de energia elétrica.
Despesas de Capital - as que contribuem, diretamente, para a
formação ou aquisição de um bem de capital. São aquelas que
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contribuem para o aumento do patrimônio da OM, como as despesas com


obras e aquisição de material permanente.
Grupo de Natureza da Despesa (GND) - É um agregador de elemento
de despesa.
Modalidade de Aplicação - Indica se os recursos são aplicados
diretamente no âmbito da mesma esfera de Governo ou por outros entes da
Federação. Permite a eliminação de dupla contagem no orçamento.
Elemento - Identifica os objetos de gasto. Diferencia os gastos com
material de consumo dos gastos com serviços, por exemplo.

Essa classificação detalha a “famosa” ND (Natureza da Despesa), cuja


codificação e utilização, no âmbito do Exército, é orientada pelo:
Manual de Orientações aos Agentes da Administração (MOAA), da DGO;
Livro de Contrato de Objetivos Logísticos – 2019 (COL), do COLOG; e
Ementário para a classificação das despesas orçamentárias, do DGP.

O domínio dessas classificações é requisito para que o encarregado/auxiliar


do setor financeiro identifique com exatidão cada despesa realizada. Como
responsável pelos registros contábeis, é sua atribuição zelar pela correta
classificação das despesas, providenciando a regularização em caso de eventual
erro de classificação.
Agora que já identificamos os tipos de dispêndios e classificamos a Despesa
Orçamentária, vamos passar pelos estágios da despesa pública.
O Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP) apresenta
como estágios da despesa o Planejamento e a Execução. O que vem a ser cada
estágio, e como isso acontece, é o que vamos ver agora.

3.1 PLANEJAMENTO

O primeiro estágio, planejamento, abrange toda a formulação do plano e das


ações governamentais que servirão de base para a fixação da despesa
orçamentária, a descentralização/movimentação de créditos, a programação
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orçamentária e financeira, e o processo de licitação e contratação. Vejamos


cada passo.

3.1.1 Fixação da despesa

A fixação da despesa refere-se aos limites de gastos, incluídos nas leis


orçamentárias com base nas receitas previstas, a serem efetuados pelas entidades
públicas. A fixação da despesa orçamentária insere-se no processo de planejamento
e compreende a adoção de medidas em direção a uma situação idealizada, tendo
em vista os recursos disponíveis e observando as diretrizes e prioridades traçadas
pelo governo.
Conforme art. 165 da Constituição Federal de 1988, os instrumentos de
planejamento compreendem o Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e
a Lei Orçamentária Anual, documentos, estes, que nortearãoos gastos públicos no
médio e curto prazo.
O processo da fixação da despesa orçamentária é concluído com a
autorização dada pelo poder legislativo por meio da lei orçamentária anual,
ressalvadas as eventuais aberturas de créditos adicionais no decorrer da vigência do
orçamento.

3.1.2 Descentralizações de créditos orçamentários

Com as despesas autorizadas pelo Legislativo, o próximos passo é a


descentralização de créditos orçamentários, que ocorre quando for efetuada
movimentação de parte do orçamento, mantidas as classificações institucional,
funcional, programática e econômica, para que outras unidades administrativas
possam executar a despesa orçamentária.
Quando a descentralização envolver unidades gestoras de um mesmo órgão
tem-se a descentralização interna, também chamada de provisão. É o que
acontece quando a DGO provisiona (transfere) créditos para as UG Executoras.
Se, porventura, ocorrer entre unidades gestoras de órgãos ou entidades de
estrutura diferentes, teremos uma descentralização externa, também denominada
de destaque. Como é o caso das cooperações entre dois ministérios, por exemplo,
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quando o Ministério da Educação destaca (transfere) recursos orçamentários para o


Ministério da Defesa, para a execução da operação ENEM.

3.1.3 Programação Orçamentária e Financeira

A programação orçamentária e financeira consiste na compatibilização do


fluxo dos pagamentos com o fluxo dos recebimentos, visando ao ajuste da
despesa fixada às novas projeções de resultados e da arrecadação.

3.1.4 Processo de licitação e contratação

A UGE de posse dos créditos orçamentários, planeja a contratação e


executa o processo de licitação, que compreende um conjunto de procedimentos
administrativos que objetivam adquirir materiais, contratar obras e serviços, alienar
ou ceder bens a terceiros, bem como fazer concessões de serviços públicos com as
melhores condições para o Estado, observando os princípios da legalidade, da
impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade
administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e
de outros que lhe são correlatos. É o trabalho exercido pela Seção de Aquisições
das OM.

3.2 EXECUÇÃO

A transição do planejamento dá-se com o início da execução da despesa


orçamentária, que se dá em três estágios, na forma prevista na Lei no 4.320/1964:
empenho, liquidação e pagamento.

3.2.1 Empenho

O empenho, primeiro estágio da despesa, conforme o art. 58 da Lei no


4.320/1964, é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado
obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição.
Consiste na reserva de dotação orçamentária para um fim específico.
O empenho será formalizado mediante a emissão de um documento
denominado “Nota de Empenho”, no qual deve constar o nome do credor, a
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especificação do credor e a importância da despesa, bem como os demais dados


necessários ao controle da execução orçamentária.
Os empenhos podem ser classificados em:
Ordinário - é o tipo de empenho utilizado para as despesas de valor fixo
e previamente determinado, cujo pagamento deva ocorrer de uma só vez;
Estimativo - é o tipo de empenho utilizado para as despesas cujo
montante não se pode determinar previamente, tais como serviços de fornecimento
de água e energia elétrica, aquisição de combustíveis e lubrificantes e outros; e
Global - é o tipo de empenho utilizado para despesas contratuais ou
outras de valor determinado, sujeitas a parcelamento, como, por exemplo, os
compromissos decorrentes de aluguéis.

Nos casos em que o instrumento de contrato é facultativo, a Lei no


8.666/1993 admite a possibilidade de substituí-lo pela nota de empenho de despesa,
hipótese em que o empenho representa o próprio contrato.

3.2.2 Liquidação

Este é o estágio em que o Encarregado pelo Setor Financeiro entra em


cena, quando recebe a nota fiscal e registra a apropriação da despesa. Conforme
dispõe o art. 63 da Lei no 4.320/1964, a liquidação consiste na verificação do
direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos
comprobatórios do respectivo crédito e tem por objetivo apurar:
I – a origem e o objeto do que se deve pagar;
II – a importância exata a pagar;
III – a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação.
A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou serviços prestados terá
por base:
I – o contrato, ajuste ou acordo respectivo;
II – a nota de empenho;
III – os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva do
serviço.
É vedada a realização de despesa sem prévio empenho.
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3.2.3 Pagamento

Ainda no campo de atuação do titular do Setor Financeiro, o estágio do


pagamento consiste na entrega de numerário ao credor por meio de cheque
nominativo, ordens de pagamentos ou crédito em conta, e só pode ser efetuado
após a regular liquidação da despesa.
A Lei nº 4.320/1964, no art. 64, define ordem de pagamento como sendo o
despacho exarado por autoridade competente, determinando que a despesa
liquidada seja paga.
A liquidação e o pagamento são os mais conhecidos do encarregado/auxiliar
do setor financeiro, pois são os estágios cuja execução, por meio do SIAFI-WEB, é
sua atribuição.

Agora vejamos uma visão geral dos estágios da despesa:


Observem que é no estágio da execução orçamentária que o papel do
encarregado/auxiliar do setor financeiro se efetiva, perfazendo as etapas da
liquidação e pagamento. A operacionalização dessas etapas serão detalhadas em
unidade posterior deste treinamento.
Por agora, encerremos este tópico para conversarmos sobre o Plano de
Contas do Setor Público.
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4 PLANO DE CONTAS

Segundo o MCASP, Plano de contas é a estrutura básica da escrituração


contábil, formada por uma relação padronizada de contas contábeis, que permite o
registro contábil dos atos e fatos praticados pela entidade de maneira padronizada e
sistematizada, bem como a elaboração de relatórios gerenciais e demonstrações
contábeis de acordo com as necessidades de informações dos usuários.
O mais importante a ser entendido sobre o PCASP é que ele é uma maneira
de organizar as informações semelhantes com as mesmas características, de
maneira ordenada, ou seja, concentrar os valores registrados em grupos de contas.
Conhecer esses grupos auxiliará o encarregado do setor financeiro na
identificação das contas contábeis que serão utilizadas todos os dias, para consultas
de saldos e verificação dos lançamentos já realizados.
A metodologia utilizada para a estruturação do PCASP foi a segregação das
contas contábeis em grandes grupos de acordo com as características dos atos e
fatos nelas registrados. Essa metodologia permite o registro dos dados contábeis de
forma organizada e facilita a análise das informações de acordo com sua natureza.
O PCASP está estruturado de acordo com as seguintes naturezas das
informações contábeis:

Natureza de Informação Orçamentária - registra, processa e evidencia


os atos e os fatos relacionados ao planejamento e à execução orçamentária;

Natureza de Informação Patrimonial - registra, processa e evidencia os


fatos financeiros e não financeiros relacionados com a composição do patrimônio
público e suas variações qualitativas e quantitativas;

Natureza de Informação de Controle - registra, processa e evidencia os


atos de gestão cujos efeitos possam produzir modificações no patrimônio da
entidade do setor público, bem como aqueles com funções específicas de controle.

A figura abaixo esquematiza as classes (1º Nível) das contas contas


contábeis pela natureza da informação:
Observem que cada lado dessa estrutura apresenta uma letra (D ou C), que
indica a natureza do saldo contábil, de cada classe. As contas contábeis podem ter
saldo de natureza DEVEDORA (D) ou CREDORA (C). Logo, conforme acima, as
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contas do lado esquerdo da estrutura tem natureza DEVEDORA (D) e as do


lado direito CREDORA (C).
Esse entendimento auxiliará no acompanhamento dos lançamentos
contábeis no SIAFI, que nada mais são do que o registro dos atos e fatos ocorridos
na OM.

4.1 ESTRUTURA DO CÓDIGO DA CONTA CONTÁBIL

As contas contábeis do PCASP são identificadas por códigos com 7 níveis


de desdobramento, compostos por 9 dígitos, de acordo com a seguinte estrutura:
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O PCASP possui a seguinte estrutura básica, em nível de classe (1º nível) e


grupo (2º nível):

Guardem bem essa estrutura, pois com essas informações é possível


verificar, por exemplo, que a conta contábil 6.2.2.1.1.00.00 (Crédito Disponível) é
uma conta de natureza orçamentária, com natureza de saldo CREDORA (C), pois
se inicia com 6 (lado direito), e representa a execução do orçamento, pois seu 2º
nível é 6.2.
Esse tipo de identificação será muito útil nas consultas diárias realizadas no
balancete de verificação, no SIAFI, assim como para o aplicação das contas de
Variação Patrimonial Diminutiva (VPD), muito utilizadas no preenchimento das
situações, quando do registro de alguns documentos hábeis no SIAFIWEB. Em
outra unidade do treinamento esse tópico será abordado mais detalhadamente.
Recuperando conceitos do tópico anterior, sobre os estágios da despesa,
vamos observar alguns lançamentos contábeis desses estágios e atentar para seu
comportamento dentro do PCASP:
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Entender esses lançamentos dará a visão necessária do fluxo das


informações contábeis, permitindo ao responsável pelo setor financeiro identificar
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cada conta afetada por cada registro. Isto, portanto, permite o acompanhamento da
correção e qualidade das informações contábeis, cuja observância é uma de suas
atribuições.

5 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS APLICADAS AO SETOR


PÚBLICO

Como consequência do registro das informação contábeis, são produzidas


as Demonstrações Contábeis, que espelham um “retrato” da situação orçamentária,
econômica, financeira e patrimonial do ente público.
De acordo com MCASP, a Contabilidade Aplicada ao Setor Público (CASP)
tem como objetivo fornecer aos seus usuários informações sobre os resultados
alcançados e outros dados de natureza orçamentária, econômica, patrimonial e
financeira das entidades do setor público, em apoio ao processo de tomada de
decisão, à adequada prestação de contas, à transparência da gestão fiscal e à
instrumentalização do controle social.
O objetivo das demonstrações contábeis das entidades do setor público é
fornecer informação sobre a entidade que seja útil aos usuários para propósitos de
prestação de contas ou tomada de decisão.
As Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público (DCASP) são
compostas pelas demonstrações enumeradas pela Lei no 4.320/1964, pelas
demonstrações exigidas pela NBC T 16. 6 R1 – Demonstrações Contábeis e pelas
demonstrações exigidas pela Lei Complementar no 101/2000:
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Balanço Orçamentário;

Balanço Financeiro;

Balanço Patrimonial;

Demonstração das Variações Patrimoniais;

Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC); e

Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL).

A Parte V – Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público


(DCASP) do Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP) tem como
objetivo padronizar a estrutura e as definições dos elementos que compõem as
DCASP. Tais padrões devem ser observados pela União, estados, Distrito Federal e
municípios, permitindo a evidenciação, a análise e a consolidação das contas
públicas em âmbito nacional, em consonância com o Plano de Contas Aplicado ao
Setor Público (PCASP).
Para o objetivo deste treinamento, basta saber que as Demonstrações
são o resultado de todo o processo de registro de informações contábeis, que
oferecerão a informação sintética da gestão da OM. Para detalhamento de suas
estruturas e normatizações, o MCASP é a referência necessária.

6 CONCLUSÃO

Vimos nessa unidade inicial alguns conceitos de Contabilidade Aplicada ao


Setor Público (CASP), tateando suas principais normas, sua estrutura de
informações e abordando aspectos essenciais da Despesa Pública, elemento
fundamental do trabalho do Setor Financeiro.
Com esses conhecimentos básicos, avançaremos para a próxima unidade,
aprofundando as atribuições do Encarregado do Setor Financeiro e suas atividades
dentro do processo de execução orçamentária, financeira e patrimonial da OM.

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Lei nº 4.320, de 04 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito


Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos
Treinamento Rotinas do Setor Financeiro – UD I – Fundamentos da CASP 17

Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Diário Oficial [da] República


Federativa do Brasil, Poder Legislativo, Brasília, DF, 23 mar. 1964, Seção 1, p.
2745. Retificação Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 9 abr. 1964, p. 3195.
________Lei nº 10.180, de 06 de fevereiro de 2001. Organiza e disciplina os
Sistemas de Planejamento e de Orçamento Federal, de Administração Financeira
Federal, de Contabilidade Federal e de Controle Interno do Poder Executivo Federal,
e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,
Poder Legislativo, Brasília, DF, 07 fev. 2001, Seção 1, p. 2.
________Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas de
finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras
providencias. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 5 maio 2000, Seção 1, p. 1.
BRASIL. Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBCT
TSP). CFC: Conselho Federal de Contabilidade. Brasília, DF. Disponível em:
<https://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-contabilidade/nbc-tsp-do-setor-
publico/> Acesso em: 17 dez. 2018.
BRASIL. Portaria Conjunta STN/SOF, n° 02, de 22 de dezembro de 2016. Parte I, do
Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP). 7ª Edição. Brasília,
DF, dez. 2016.
BRASIL. Portaria STN, n° 877, de 18 de dezembro de 2018. Partes II, III, IV e V, do
Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP). 8ª Edição. Brasília,
DF, dez 2018.

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