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Fuga, manifestação e propósito – A experiência de Moises e a nossa!

Êxodo 3. 1-12

A história de Moisés é muito interessante! Temendo que o recém nascido fosse morto pelos
egípcios, sua mãe o colocou em um cesto sobre o rio. Sendo encontrado pela filha de Faraó,
acabou que a própria mãe do pequeno Moisés o criou, a pedido da filha do faraó, até que
possivelmente, desmamado, quando não mais precisaria da cuidadora que era sua mãe, ele foi
entregue definitivamente a filha de faraó para que recebesse a educação conforme os costumes
egípcios.

Fato é que Moisés cresceu consciente da existência de duas realidades distintas. A realidade
hebréia, marcada por condições sub-humanas no Egito e a realidade egípcia, sobretudo, uma
realidade percebida de dentro do palácio, como parte da família real. Este é o Moisés que nasce,
cresce e se desenvolve em um contexto marcado por certas polarizações. Este é o Moisés que
da janela do palácio contempla a escravidão, a opressão, a miséria e a morte. Este é o Moisés
que vivencia um conflito interior, pois como parte do povo oprimido vive ao lado do opressor.

Moisés, discernindo as realidades distintas de seu tempo procurou agir! Entretanto,


inicialmente em seu modo de agir que demonstrava todo o seu inconformismo para com aquela
realidade, ele meteu os pés pelas mãos e como conseqüência disso, teve que fugir. Foi
necessária a intervenção de Deus, a manifestação de Deus, para que Moises pudesse, enfim,
compreender o que precisava ser feito e como ser feito.

Como Moisés, somos pessoas que de igual modo contemplam realidades distintas que geram
certo inconformismo. Se não geram, deveriam gerar, pois a dor e o sofrimento de quem quer que
seja deveria nos tocar incondicionalmente. Acontece é que o texto bíblico está ai para que
possamos em nosso inconformismo agir de acordo com a vontade de Deus! Então, olhando para
a experiência de Moisés, olhando para a sua fuga, para a manifestação de Deus e para o
propósito de Deus em sua vida, o que podemos apreender e aprender para o nosso próprio
tempo e para as nossas vidas? Com Moisés aprendemos que:

1) Quando fazemos o que é certo da maneira errada podemos acabar em fuga

Certo dia, Moisés saiu do palácio e foi visitar o seu povo e nessa visita se indignou com a
postura de um egípcio que espancava um hebreu. Ele se levantou contra ele, o matou e
escondeu o seu corpo na areia. Com este feito “heróico”, Moisés arrogou-se no direito de se fazer
juiz entre o seu povo, mas o seu feito heróico não conquistou o povo e ao invés de tê-lo como
protetor o povo o percebeu como uma possível ameaça.
Moisés se viu rejeitado pelo próprio povo e não demorou muito para que o seu crime (ainda
que motivado por boas intenções) fosse descoberto e chegasse aos ouvidos do faraó, que
procurou então tirar-lhe a vida! Naquele momento, começou a fuga de Moisés!

Fuga da sua identidade, pois foi rejeitado pelo povo a quem pertencia pelos vínculos
sanguíneos e fuga da sua lealdade, pois foi perseguido pelo faraó a quem estava vinculado pela
criação que teve. Sem casa e sem povo, Moisés fugiu, mas fugiu porque meteu os pés pelas
mãos, porque quis fazer a coisa certa da maneira errada, motivado e inspirado pelo seu senso de
justiça, agindo confiado em sua própria força.

Aqui entre nós irmãos e irmãs! Devido ao seu senso de justiça, você já meteu os pés pelas
mãos? Já se viu em alguma situação em que as suas boas intenções não foram compreendidas e
ai aquele amigo, aquele familiar, se voltou para você e disse: “De boas intenções o inferno está
cheio”. Ainda que as intenções fossem fundamentalmente boas, as interpretações equivocas, as
tornaram más e não lhe restando outra alternativa a não ser se esquivar e fugir!

Reflitamos sobre isso! Pois é bem possível que em nossos relacionamentos pessoais algo do
tipo já tenha acontecido. É bem possível que em algum momento, movido pelo nosso senso de
justiça, tenhamos feito a coisa certa da maneira errada ocasionando no distanciamento entre nós
e as pessoas que amamos, ocasionando assim a nossa fuga. Mas em segundo lugar com Moisés
aprendemos que:

2) Em nossas fugas Deus se manifesta para nos tirar do conformismo

Parafraseando o grupo Blitz Moisés esteve “Longe de casa, a mais de quarenta anos”. Sim,
Estevão quando deu o seu testemunho diante das autoridades em Atos 7 nos informa que Moisés
viveu na terra de Midiã por quarenta anos.

Aos quarenta anos de idade fugiu do Egito e permaneceu por mais quarenta anos em Mídiã.
Ali, casou-se, constituiu família, arrumou sua vida de modo pacato, tornou-se um excelente pastor
de ovelhas e produzia o necessário para sua própria subsistência.

Passaram-se quarenta anos que Moisés havia experimentado uma situação que o fez
abandonar tudo e recomeçar do zero. Situação que fez dele um peregrino em terra estranha, um
peregrino que se conformou com a vida que levava e que procurou esquecer ao máximo a vida
anterior. Entretanto, aos oitenta anos, ainda ativo no exercício do pastoreio de ovelhas, Deus se
manifestou a Moisés de maneira inconfundível para lhe tirar daquele conformismo, daquela
estagnação.

Do mesmo modo como Deus se manifestou a Moisés, Ele se manifesta a nós e a sua
manifestação tem por objetivo também nos tirar do conformismo. Tem por objetivo, nos
chacoalhar de maneira tão profunda que nos desperta do sono da conformidade. O sono da
conformidade de Moisés durou quarenta anos e a palavra de Deus para ele e para nós é a
mesma, não vos conformeis! Não vos conformeis porque o povo chora! Não vos conformeis
porque o povo sofre! Não vos conformeis porque o povo morre! Eu te envio, e por isso, vá na
força do meu Nome.

Portanto, saiamos do conformismo e voltemos a missão, inspirados pela manifestação de


Deus em nossas vidas. Em terceiro lugar com Moisés aprendemos que:

3) Quando fazemos o que é certo da maneira certa obtemos a vitória antes do fim

A partir da manifestação de Deus a Moisés, naquele lugar santo, lugar cuja santidade se
identifica não pela geografia, mas pela inconfundível presença de Deus, Moisés foi a partir de
uma longa conversa e capacitação vinda do próprio Deus, habilitado para fazer o que queria fazer
a quarenta anos atrás, mas agora da maneira certa. Não a partir da sua própria força, mas agora
a partir da força de Deus.

A partir da força de Deus, Moisés foi convidado a participar do processo de libertação do povo.
Como líder ele teria na palavra de Deus o maior sinal de vitória, “Eu serei contigo; e este será o
sinal de que eu te enviei; depois de haveres tirado o podo do Egito, servireis a Deus neste
monte”. O primeiro e o principal sinal de Deus para Moisés, não está no inicio, mas no final de
sua missão. É no final quando já ninguém estiver no Egito que Moisés testificará que Deus esteve
com ele e o sinal disso é que todos iriam adorá-lo no Sinai.

Para se mover na direção da vontade de Deus a partir de um sinal que se vê no final,


Moisés teve que mover-se por fé, crendo que apesar das intempéries que lhe sobreviriam, Deus o
faria vitorioso. Não é sem motivo que Hebreus faz questão de mencioná-lo, pois apesar de todas
as suas limitações, Moisés foi um homem que andou por fé. E por fé, aos oitenta anos, mas com
o mesmo vigor dos quarenta, Moisés partiu para o Egito e libertou o povo.

Somos falhos, somos pequenos, somos pesados de língua, mas se confiarmos no Deus
que nos dá a garantia de vitoria e andarmos por fé rumo a esta vitoria, Ele fará grandes coisas
por intermédio de nossas mãos.

É preciso andar por fé para que vislumbremos dias melhores, no que diz respeito ao
aspecto político, dias melhores no que diz respeito ao aspecto moral, dias melhores no que diz
respeito as enfermidades varias, dias melhores no que diz respeito aos relacionamentos
destruídos, dias melhores no que diz respeito aos conflitos pessoais, interpessoais e espirituais.
Como garantiu a Moisés a vitoria por antecipação, em Cristo Jesus o Deus que se
manifestou a nós, afirma que o Seu reino está próximo, mas este reino, só se vislumbra por fé.
Você tem fé? Se sim, então vá na força do Senhor, faça o que é certo da maneira certa e
contemple a vitoria.

Conclusão

Tal qual Moisés, das janelas de nossas vidas podemos contemplar realidades distintas!
Realidades que se contrapõem, realidades que nos entristecem e que geram indignação. Movidos
pelo Espírito de Cristo, somos desafiados para que como igreja façamos algo! Para que tomemos
parte com o oprimido e façamos o que é certo! Mas o texto nos ensina algumas coisas:

1) Não façamos o que é certo com as mesmas armas daqueles que fazem o que é errado.
Parafraseando Jesus, Martin Luther king disse certa vez que se agirmos na lógica do olho
por olho, todos ficaremos cegos;
2) Não permitamos que desanimados pelas impossibilidades das mudanças que desejamos,
os nossos corações sejam dominados pelo conformismo. Saibamos que para todo crente
conformado, o Deus inconformado se manifesta e chacoalha a vida;
3) Vivamos os desafios do presente, que são vários e que as vezes nos parecem
intransponíveis, com os olhos fitos em Jesus, o autor e consumador da nossa fé que nos
garante a vitoria e que nos diz, o reino de Deus está próximo.

Que em nossas fugas, Deus se manifeste! Que em suas manifestações ele nos encoraje e
nos envie para vivermos os seus propósitos! Quem em seus propósitos encontremos a alegria de
servir, sabendo que em Cristo, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou.
Que Deus nos ajude e nos abençoe, amém!

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