Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
https://gestaoescolar.org.br/conteudo/2194/qual-e-a-diferenca-entre-as-
competencias-gerais-da-bncc-e-as-socioemocionais
Desenvolvimento integral
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é a política pública que define os direitos de aprendizagens
de todos os alunos do Brasil da Educação Infantil ao Ensino Médio. Para nortear o trabalho das escolas
e dos professores em cada uma das etapas de ensino, a BNCC traz como pilares 10 competências
gerais que vão além dos saberes cognitivos (aqueles conhecimentos pautados pelos componentes
curriculares como Língua Portuguesa e Matemática). As competências gerais apontam para a
necessidade do desenvolvimento integral do estudante.
Aprovada em 2018, a BNCC está em fase de implementação em salas de aula de todo o país. Escolas
das redes públicas e particulares devem tê-la como referencial em seus currículos até o início do ano
letivo de 2020. No entanto, durante esse processo, competências gerais e socioemocionais têm se
tornado cada vez mais sinônimos – o que não é bem assim.
E as socioemocionais?
As competências socioemocionais começaram a ser investigadas depois dos anos 1930, quando
pesquisadores se debruçaram sobre quais seriam as palavras usadas para descrever os traços da
personalidade humana, conforme explicado aqui. Somente a partir dos anos 1980 foi possível chegar
aos cinco eixos que definem as competências socioemocionais: abertura ao novo (curiosidade para
aprender, imaginação criativa e interesse artístico), consciência ou autogestão (determinação,
organização, foco, persistência e responsabilidade), extroversão ou engajamento com os outros
(iniciativa social, assertividade e entusiasmo), amabilidade (empatia, respeito e confiança) e
estabilidade ou resiliência emocional (autoconfiança, tolerância ao estresse e à frustração).
Cada um desses eixos traz qualidades (ou de traços de caráter) que podem se entrelaçar com
competências cognitivas, criando capacidades híbridas, como, por exemplo, a criatividade e o
pensamento crítico.
Já César Callegari, que presidiu a comissão da BNCC no Conselho Nacional de Educação, não acredita
na separação das socioemocionais. “Imagino que quando se fala delas [socioemocionais] é no sentido
tático de chamar a atenção para alguns temas, como o respeito à diversidade e o trabalho
colaborativo, mas elas devem estar sempre em toda parte e não restritas ou confinadas a um
determinado setor no campo das competências”.
“O que era ponto de chegada hoje é apenas ponte de partida. O que o mundo está precisando é do
que chamamos de qualidades humanas, são os valores que de alguma forma você carrega para
sobreviver em um mundo em constante descontinuidade”, diz Mozart. “O tempo de um determinado
conhecimento científico não é como há 200, 300 anos. Quando você desenvolve essas competências
não será ajudado apenas na escola, mas na vida”, explica.
Qualquer que seja a denominação, o conceito de competência é conhecimento aplicado, que pode ser
mobilizado para determinada finalidade, de acordo com Callegari. “Sabemos que muitos
conhecimentos são relevantes mesmo que não possam ser rapidamente aplicados”. Para César
Callegari, apesar das críticas à BNCC esses direitos são fundamentais hoje, especialmente em face dos
ataques que a Educação vem sofrendo. “Temos que afastar a ideia do conhecimento como uma coisa
meramente utilitária”, diz.