INTRODUÇÃO: DA NECESSIDADE DE UM NOVO MODELO PEDAGÓGICO
O modelo atual de ensino e
aprendizagem da gaita diatônica baseia-se em modelo empírico simplificador que faz com que o instrumento seja visto como uma curiosidade de um ou outro gênero musical, como o blues e o country, não valorizando nem explorando todas as potencialidades melódicas e harmônicas, mesmo sabendo que elas são possíveis e factíveis. Talvez isso se dê pelo fato de que a gaita diatônica tenha sido sempre considerada um brinquedo de fácil manipulação por crianças e jovens,o que não significa ser um instrumento de fácil execução. Com o advento da Internet e o desenvolvimento tecnológico do instrumento, houve uma maior divulgação de informações, que fizeram que essa idéia perdesse a consistência e, a cada dia, somos tentados a concluir que a gaita diatônica está em nível de igualdade com qualquer instrumento melódico (até mesmo com sua irmã, a gaita cromática), podendo executar a maioria das peças dedicadas a instrumentos tradicionais e clássicos, desde que levadas em conta suas peculiaridades sonoras. Hoje já não se pergunta se esta ou aquela peça pode ser tocada na gaita, apenas tendo em vista o gênero musical. A escolha geralmente está ligada ao gosto e vontade do executante. De modo que a gaita hoje está inserida no blues, country, rock, jazz, gospell, clássico, MPB e qualquer gênero que se possa imaginar; No entanto, o modelo atual de ensino e aprendizagem, me parece, não tem conseguido acompanhar essa evolução e faltam modelos adequados de métodos que facilitem o ensino e aprendizagem do instrumento em um contexto de paridade com os que são aplicados aos outros instrumentos. Em vista disso, a proposta deste trabalho visa buscar uma aproximação maior com os modelos de ensino tradicionais, voltados a Harmonia e Improvisação, aplicado a instrumentos melódicos e harmônicos, de olho nas potencialidades da gaita, bem como de suas características de timbre, de afinação e estrutura de harmonização. Sendo esta tarefa de difícil consecução, espero poder atender, pelo menos, aquelas pessoas que iniciaram seu processo de aprendizagem por algum meio, e, que se encontrando em um nível que possa acompanhar um método um pouco mais consistente em seu aspecto pedagógico, possam dele tira proveito. São essas pessoas que chamo aqui de iniciados da gaita diatônica e pretendo estar disponibilizando minhas experiências por meio das mídias informativas a medida que me forem solicitadas ou que surjam oportunidades geradas pelas dúvidas dos alunos em sala de aula. Como pré-requisito, é necessário que o aluno saiba os fundamentos da Música e da harmonia funcional. Exponho aqui um esboço de conteúdo teórico para que o aluno possa se situar e buscar complementos de sua formação musical.
- Som musical: denominação e sua
grafia - Origem, composição e afinação da tonalidade ocidental - Introdução à formação gráfica das escalas diatônicas Maiores - Formação gráfica das escalas diatônicas Maiores com sustenidos - Formação gráfica das escalas diatônicas Maiores com bemóis - Escalas diatônicas Maiores com dobrados sustenidos e dobrados bemóis - Relação entre dois ou mais sons - Graus tonais e graus modais - Escalas diatônicas modos menores - Escalas relativas e escalas homônimas - Armadura de clave das escalas diatônicas - modos menores - Consciência sonora dos fenômenos sonoros estudados - Ciclo tonal - Escalas cromáticas -Compreensão e grafia da duração do som e do silêncio - modificação da duração das figuras e pausas -Estudo do sistema métrico musical - motivo - compasso simples - compasso composto - outros tipos de compasso -Compreensão e notação dos andamentos -Notação das repetições -Dinâmica - tempo - contratempo - síncope - Relação melódica: "ascendente" e "descendente"; -Relação harmônica -Relações entre os sons (intervalo) - Relação tonal, relação politonal; -Relação diatônica (relação tonal); -Relação cromática e enarmônica (relações politonais) - Sensação psico - fisiológica das relações; Consonância; Dissonância; Batimento; Afinação, desafinação.