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CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURICIO DE NASSAU

CURSO: SERVIÇO SOCIAL

THALYSON HENRIQUES DANTAS DE SOUZA MEDEIROS

ASSISTENTES SOCIAIS E O PROCESSO DE ADOÇÃO DE CASAIS


HOMOAFETIVOS.

PARNAMIRIM/RN
2019
1. INTRODUÇÃO

A partir da promulgação da Constituição Federal Brasileira em 5 de outubro de


1988, o Estado brasileiro passa a reconhecer várias possibilidades de composição
familiar, ampliando esse conceito para além daquele expresso no Código Civil
Brasileiro de 1916, onde eram consideradas famílias apenas aquelas formadas
mediante o casamento (DIAS, 2013). O novo conceito de família permitiu uma
readequação nos moldes preestabelecidos cultural e socialmente de se pensar a
composição estrutural dessa instituição pôr parte da sociedade, indo além das
interpretações pautadas na lógica binária dos sexos, baseados em um modelo
patriarcal predeterminado.
A Carta Magna brasileira revela em seu artigo 5º que todos os brasileiros e
brasileiras são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza (CF., 1988),
tornando assim inconcebível toda prática discriminatória e preconceituosa contra os
cidadãos, inclusive contra aqueles que divergem a normativa heterossexual mesmo
que isso não ocorra de fato na prática. Nossa sociedade por vezes baseada em
preconceitos moralistas, expropria de indivíduos homossexuais alguns de seus
direitos fundamentais, entre eles o direito a igualdade.
Diante desse contexto, o público LGBTQIA+ (lésbicas, gays, bissexuais,
travestis, queer, interssexuais e assexuais) passa a solicitar ao Estado maiores
possibilidades de inclusão social, e entre essas possibilidades estaria a de casais
homoafetivos constituírem família, por meio da prática da adoção.
A intitulada adoção homoparental, apesar de não ser o termo mais correto na
hora de nomear tal prática, uma vez que seu uso faz recair sobre os indivíduos
adotantes os estigmas associados a sua orientação sexual, aparece para essa parcela
da sociedade no atual contexto histórico como forma de legitimação e efetivação de
direitos perante o Estado, onde casais do mesmo sexo buscam garantir seu direito a
constituir família, uma vez que, a prioridade nesses casos perpassam em torno de
proporcionar a crianças e adolescentes a possibilidade de serem reinseridos em um
núcleo familiar.
Ruas et al. (2009) explica que as dificuldades impostas a casais homossexuais
que desejam adotar, terminam que por corroborar em um duplo processo de
abandono vivenciado por crianças e adolescentes, fazendo que estes permaneçam
institucionalizados.
Os Assistentes Sociais enquanto profissionais capacitados a fazer uma análise
crítica da realidade, tem como dever ético-político posicionar-se em favor da equidade
e da justiça social, empenhando-se na tentativa de eliminar todas as formas
preconceito, incentivando o respeito a diversidade, assim como preconiza o Código
de Ética do/a Assistente Social de 1993. Observa-se que os princípios éticos e
políticos dos/as Assistentes Sociais orientam esses profissionais a desenvolverem
condutas favoráveis a adoção de casais homoafetivos, uma vez que está prática não
encontra impedimentos legais, como expresso por (FUTINO & MARTINS 2006),
contribuindo assim na construção de uma nova ordem societária, sem dominação,
exploração de classe, etnia e gênero.
O foco dessa pesquisa se pauta em uma tentativa de esclarecer para o leitor,
como tem se efetuado a atuação desses profissionais Assistentes Sociais quando o
assunto é a adoção de crianças e adolescentes por parte de casais homoafetivos.
Para alcançarmos o objetivo aqui proposto, buscaremos aprofundar nossa
compreensão a respeito de como tem se dado esse processo buscando destacar as
questões de gênero que dificultam a adoção de casais homossexuais, assim como
abordar a importância do Movimento LGBTQIA+ nas conquistas referentes a adoção
e por fim identificar a importância do trabalho do e da Assistente Social no processo
de adoção entre casais homoafetivos.

2. JUSTIFICATIVA

O interesse pela temática que envolve a adoção por parte de casais


homoafetivos, assim como a curiosidade em descobrir como se daria a efetivação
desse direito, surge a partir de questionamentos e reflexões que me inquietaram após
realizada algumas leituras em artigos científicos que abordavam tal assunto. Tais
artigos acabaram que por despertar um interesse rumo ao entendimento de quais
seriam as questões de gênero que acabariam corroborando para um significativo
aumento nas dificuldades encontradas por casais do mesmo sexo que manifestam o
interesse em adotar.
Pretende-se assim, ampliar a compreensão da sociedade a respeito dos novos
modelos de famílias que se constituem na contemporaneidade, e que em alguns
casos, divergem a normativa heterossexual da família monogâmica a qual estamos
habituados.
Ainda em consonância com as leituras realizadas em Artigos e Revistas
Especializadas em Serviço Social, foi possível observar que apesar de constatar-se
um considerável aumento no quantitativo de publicações referentes a essa temática
nos últimos anos, a discussão ainda é escassa e pouco explorada, possibilitando a
aqueles que se interessam pelo assunto a possibilidade de desconstruir e reconstruir
conceitos sociais e culturais que encontram-se demasiadamente engessados em
nossa sociedade.
A categoria dos Assistentes Sociais, enquanto profissionais que encontram
expresso em seu Código de Ética princípios que norteiam um fazer profissional em
direção a defesa intransigente dos direitos humanos, e reafirmam também, o empenho
da categoria na eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando o respeito
e a diversidade (CFESS, 1993). Veem na proposta de construção familiar que é feita
por parte de casais do mesmo sexo ao Estado, uma possibilidade de colaborar junto
as minorias e aos movimentos sociais (LGBTQIA+), respeitando assim mais um
princípio ético profissional rumo a construção de uma “nova ordem societária, sem
dominação, exploração de classe, etnia e gênero” (CFESS, 1993, p.24).
Pressupõe-se que posturas profissionais conservadoras, posturas essas que
divergem ao posicionamento que se é esperado de um Assistente Social, além de não
colaborarem na desmistificação e diminuição do preconceito em sociedade, acabam
por sua vez dificultando ainda mais a efetivação de direitos garantidos em lei desde a
promulgação da Constituição Federal, no ano de 1988.
Diante do aqui exposto, o problema de pesquisa ao qual nos propomos a
pesquisar, diz respeito a como tem se materializado a atuação profissional de
Assistentes Sociais no tocante a adoção de crianças e adolescentes por parte de
casais homoafetivos. Pretende-se obter uma melhor compreensão sobre a
importância de um profissional Assistente Social nesse processo, como aquele capaz
de elaborar uma análise crítica a respeito da realidade social, compreendendo os
determinantes sociais e culturais que levam ao preconceito e a discriminação sofrida
por esses casais que buscam constituir família por meio da adoção, atuando como
agentes facilitadores neste processo que caracteriza nada além de uma efetivação de
direitos comuns a qualquer cidadão que comprovar ser capaz, não sendo considerado
como critério avaliativo a sua sexualidade do indivíduo adotante.
Sendo assim, tendo como base esse contexto, as questões norteadoras que
direcionaram essa pesquisa serão: quais as questões de gênero que dificultam a
adoção de casais homossexuais?; qual a importância do movimento LGBTQIA + nas
conquistas referentes a adoção?; e por fim, qual a importância do trabalho do
Assistente Social no processo de adoção entre casais homoafetivos.

3. OBJETIVO GERAL

Analisar o trabalho do e da Assistente Social junto a casais homoafetivos em


processo de adoção.

3.1. Objetivos Específicos

• Destacar as questões de gênero que dificultam a adoção de casais


homossexuais.
• Abordar a importância do Movimento LGBTQIA+ nas conquistas
referentes a adoção.
• Identificar a importância do trabalho do e da Assistente Social no
processo de adoção entre casais homoafetivos.

4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Em diversas partes do planeta pessoas que nascem fora dos padrões pré-
estabelecidos por sociedades majoritariamente heteronormativas tendem a enfrentar
momentos difíceis no que diz respeito a própria aceitação e a aceitação da sociedade.
Diante disso, Mott (2010, p. 99) acrescenta que “somente após 150 anos depois da
descriminalização da homossexualidade, alguns poucos gays e lésbicas ousaram
identificar-se e lutar por seus direitos”, iniciando assim um processo revolucionário
que lançaria as bases do movimento LGBTQIA+ no mundo.
A Stonewall Riot (Rebelião de Stonewaal) foi um episódio com significativa
relevância na construção e na afirmação identitária de pessoas LGBTQIA+ no que
tange a busca por igualdade de direitos. Esse acontecimento teve início em 28 de
junho de 1969 em um bar gay situado na cidade de Nova York (EUA). A revolta teve
duração de seis dias, e era uma resposta às ações arbitrárias de policiais que
rotineiramente promoviam batidas e revistas humilhantes aos homossexuais que
frequentavam o Stonewall Inn. Essa rebelião lançaria as bases para o movimento
LGBTQIA+ não apenas nos Estados Unidos, mas em todo o mundo. Sobre esse
acontecimento, Brasas (2001) afirma que os fatos ocorridos naquela rebelião
proporcionaram

“uma volta radical na história do mundo gay e, na continuação, afetaria a


história do mundo moderno em geral, ao dar lugar à configuração social e
política de uma minoria que exerce uma influência cada vez maior sobre as
instituições e a cultura. O conceito de liberação e o sentido da própria
dignidade de inumeráveis pessoas em todo o mundo se veriam afetados
decisivamente por aqueles acontecimentos” (BRASAS, 2001, p. 280).

Cinquenta anos após a Revolta de Stonewall, pessoas homossexuais já


conseguem desfrutar de boa parte daqueles direitos que foram um dia vislumbrados
em 1969. Entre esses direitos, encontra-se o de constituir família. A partir da
interpretação da Constituição Federal de 1988 realizada pelo Supremo Tribunal
Federal (STF) em 5 de maio de 2011, passam a serem reconhecidas as uniões
estáveis entre casais homoafetivos, inclusive em caráter de igualdade a uniões
heterossexuais, tendo como base princípios constitucionais como por exemplo: o da
dignidade humana. Nesse sentido Rios enfatiza que

Ao comandar igual tratamento jurídico entre homossexuais e heterossexuais


a igualdade formal transita, desde modo, da tolerância a respeito à
diversidade; da ideia de direitos de minorias para a igualdade de direitos de
todos os membros da comunidade (RIOS, 2002, p.74).
A união estável entre pessoas do mesmo sexo possibilitou uma verdadeira
desconstrução/reconstrução nos conceitos pré-estabelecidos e normatizados de se
entender a instituição família. De acordo com Gama “Houve uma completa
reformulação do conceito de família, no mundo contemporâneo. O modelo tradicional
de família perdeu espaço para o surgimento de uma nova família, [...]” (2008, p.23-
24). Oportunizando assim, que todos os outros modelos familiares que não se
encaixavam no padrão de Família Nuclear Burguesa encontrassem possibilidades de
legitimação perante a sociedade.
Entre os novos modelos familiares possíveis na contemporaneidade estão as
famílias intituladas homoafetivas. Dias (2009), traz a união homoafetiva como sendo
o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo que se unem mediante recíproca
afetividade e respeito, no intuito de constituírem uma vida em comum.
Apesar da expressiva conquista de direitos alcançada por parte da população
LGBTQIA+ nos últimos anos, alguns mitos e preconceitos ainda servem como
empecilhos para que de fato ocorra a efetivação plena dos direitos desses cidadãos.
A exemplo disso, temos as dificuldades encontradas por esses casais que pretendem
efetivar a adoção.
Em sua gênese a adoção levava em consideração apenas os direitos do
adotante, “O instituto era utilizado na Antiguidade como forma de perpetuar o culto
doméstico (VENOSA, 2009, p.483)”. Sendo assim pais que não pudessem ter filhos
recorriam a adoção como forma de manutenção societária. Entretanto no Brasil,
séculos mais tarde, a configuração desse processo sofrerá diversas alterações.
Em 13 de junho de 1990 será sancionada a lei 8.069 – Estatuto da Criança e
do Adolescente (ECA). A respeito do estatuto Guerreiros (2007, p. 26), afirma: “esse
dispositivo incorpora a concepção presente no texto constitucional de 1988, no qual a
criança e o adolescente são vistos como sujeitos de direito [...]”. A partir do ECA os
direitos dos adotandos passam também a serem levados em consideração.
Diversos obstáculos são encontrados por casais homoafetivos quando estes
expressam seu desejo de ampliar o núcleo familiar por meio da prática da adoção.
Uma das principais barreiras encontradas por esses casais se pautaria em um mito,
um preconceito presente no discurso conservador que acredita que falta de ambos os
sexos poderia interferir na construção da identidade sexual da criança.
Levando em consideração tal problemática Ruas et al. (2009), expressa que
não existem pesquisas científicas, em particular nas áreas psicológica, médica e
jurídica que apontem a homossexualidade como patologia, ou que até mesmo a
convivência com outras pessoas possa tornar alguém homossexual. Tendo em vista
que a maior parte dos homossexuais é proveniente de casais tipicamente
heterossexuais (VECHO; SCHNEIDER, 2005). Diante disso, acreditamos que toda
criança deve ter uma segunda chance de se sentir acolhida e protegida em um núcleo
familiar. Assim como sinalizamos rumo a compreensão de que esses novos modelos
de família, em particular a homoafetiva, precisam sim lutar pelos seus direitos, e entre
eles está o de constituir a homoparentalidade.
A parentalidade exercida por casais homoafetivos ou por pessoa homossexual
que pretende adotar é intitulada homoparentalidade. O termo foi criado na França no
final do século XX e recai sobre esses sujeitos de maneira um tanto quanto negativa,
uma vez que evidencia a orientação sexual do indivíduo, o que não ocorre com casais
heterossexuais já que não se fala em heteroparentalidade, mas apenas em
parentalidade. Grossi, Uziel e Mello (2007), entendem a homoparentalidade como
uma forma de parentalidade exercida por casais ou pessoas homossexuais que
resolvem ser pais/mães.
O casamento, assim como o vínculo biológico, não são mais fatores
determinantes na formação da família contemporânea. O que se enfatiza na
atualidade, é que possa ser oferecido a essa criança ou adolescente uma segunda
chance de construir laços afetivos. Sobre o espaço de destaque que ocupa o elo
afetivo como fator essencial na formação da família, destaca Santos

Os novos modelos de família tendem a tornar a instituição mais igualitária,


além de consentânea com a nova realidade que se apresenta a cada dia,
menos sujeita a regras e aos preconceitos e fomentadora do que de mais
positivo pode haver no homem: o amor (SANTOS, 2014, p.28).

O Serviço Social faz parte dessa luta enquanto profissão historicamente ligada
a instituição familiar. Se faz necessário por parte desses profissionais o
comprometimento ético político com as demandas trazidas pelos usuários, pessoas
essas que buscam acessar a política. Assim como prestar assistência a todos os
modelos possíveis de famílias, inclusive as homoafetivas, sobre os trâmites legais
pelo qual o processo de adoção transcorrerá. Sendo tal direcionamento orientado
pelas diretrizes estabelecidas na PNAS (Política Nacional de Assistência Social), o
foco da política de assistência perpassará em torno do princípio da Matricialidade
Sociofamiliar.
De acordo com a PNAS Brasil (2004, p. 40), “a matricialidade sociofamiliar se
refere à centralidade da família como núcleo social fundamental para a efetividade de
todas as ações e serviços da política de assistência social”. Fundamentando o
posicionamento ético dos Assistentes Sociais que orientaram os casais homoafetivos
que buscam adotar. E consequentemente proporcionando a essas crianças e
adolescentes que por algum motivo estão distantes de seu núcleo familiar de origem,
uma reintegração sociofamiliar e afetiva.
Sobre a atuação profissional Martins (2014, p. 62), argumenta que “a
intervenção profissional torna-se essencial nesse processo já que sua avaliação
permite um aprofundamento do caso contribuindo para o parecer do magistrado”.
Deste modo, evidencia-se a importância de que estes profissionais estejam
comprometidos com os princípios ético políticos da profissão na hora de elaborar um
Estudo ou um Parecer Social (neste último caso quando solicitado pelo Juiz), de
maneira que não haja possibilidade de fissuras em sua apreensão da realidade, assim
como em sua prática profissional, combatendo posturas conservadoras e contrárias
aos princípios morais/norteadores da profissão.
O conjunto CFESS-CRESS também se posiciona a esse respeito e no 34º
Encontro Nacional lançou uma campanha em prol da liberdade de orientação e
expressão sexual nomeada “O amor fala todas as línguas”, no intuito de descontruir a
heterossexualidade como a única forma de expressão da sexualidade dos seres
ajudando no enfrentando desta expressão social cada vez mais em evidência na atual
conjuntura brasileira. Assim também como contribuir nesse longo processo
reivindicatório de direitos, rumo ao entendimento de que essas crianças ou
adolescentes tem o direito de crescer em um ambiente psicologicamente e
socialmente saudável, que provavelmente não foi encontrado nesse padrão
heterossexual que as negligenciaram, mas que podem sim ser proporcionados por
esses casais homoafetivos que as desejam acolher.
Portanto, acreditamos que essa pesquisa poderá contribuir com os Assistentes
Sociais que se encontram em seus espaços socio-ocupacionais diante desta
demanda ainda tão pouco abordada e conflitante. Assim como elucidar aos casais
homoafetivos que pretendem adotar sobre as legislações em vigor no país
responsáveis por garantir a igualdade de direitos e deveres a essa parcela da
população.

5. METODOLOGIA

O método de investigação científica a ser utilizado nesse estudo será a


pesquisa qualitativa. Será utilizada como forma de buscar uma melhor compreensão
a respeito da realidade social na qual estão inseridos parte dos sujeitos que fazem
parte desse processo, os Assistentes Sociais. Godoy (1995), considera que a
abordagem qualitativa não se apresenta como uma proposta de estruturada rígida,
possibilitando que no decorrer da pesquisa sejam feitas alterações, proporcionando
aos investigadores a possibilidade de explorarem o uso da imaginação e da
criatividade na proposição que se faz rumo a exploração novos enfoques. Opta-se
aqui então para o desenvolvimento dessa pesquisa pelo método qualitativo, uma vez
que, como apontado Neves (1996, p. 2):

“Os métodos qualitativos trazem como contribuição ao trabalho de pesquisa


uma mistura de procedimentos de cunho racional e intuitivo capazes de
contribuir para a melhor compreensão dos fenômenos.”

Tal abordagem, permite que profissionais Assistentes Sociais reflitam para


além da numerologia, possibilitando o estudo dos seres humanos e as relações
sociais por eles vivenciadas (GODOY, 1995).

Ainda sobre a abordagem qualitativa asseguram Minayo, Deslandes e Gomes


(2009, p. 14) que “[...] é preciso afirmar que o objetivo das Ciências Sociais é
essencialmente qualitativo. A realidade social é cena e o seio do dinamismo da vida
individual e coletiva com toda a riqueza de significados dela transbordante. [...]”.
Procura-se assim, entender os fenômenos a partir da perspectiva dos sujeitos
que participam da situação abordada, proporcionando ao pesquisador a possibilidade
de atribuir sua interpretação a respeito dos fenômenos estudados.
Visando possibilitar uma melhor compreensão a respeito de como tem se
estabelecido a contradição: família homoparental, e preconceitos, e analisando as
dificuldades encontradas na efetivação desse direito, esse projeto irá basear-se no
método dialético. Sobre esse método afirma Gil (2008, p. 32):

“A dialética fornece as bases para uma interpretação dinâmica e totalizante


da realidade, já que estabelece que os fatos sociais não podem ser
entendidos quando considerados isoladamente, abstraídos de suas
influências políticas, econômicas, culturais etc.”

Segundo Engels (1974), citado por Gil (2008, p. 32), o materialismo dialético é
compreendido como método usado para se compreender a realidade. Esse método
confere ao Assistente social a possibilidade de intervir na realidade dos agentes
sociais, compreendendo e analisando de maneira crítica as contradições que
perpassam a adoção homoparental.
Esse projeto de pesquisa terá como base a realização de revisão bibliográfica
em revistas especializadas da área e artigos científicos. Foi possível constatar a
relevância desse tipo de pesquisa como contribuinte no processo aprendizagem, uma
vez que a revisão bibliográfica “[...] é parte de um projeto de pesquisa, que revela
explicitamente o universo de contribuições científicas de autores sobre um tema
específico. [...]” (SANTOS; CADELORO, 2006, p. 43).
Sendo assim, compreendemos que a revisão bibliográfica propicia ao
pesquisador um caminho a ser seguido rumo as novas descobertas. Por intermédio
da revisão bibliográfica, o indivíduo apropria-se da temática a ser estudada, uma vez
que a seu alcance encontram-se, por vezes, um considerável número de contribuições
já publicadas por outros autores, contribuindo ainda mais para o enriquecimento de
dados na sua pesquisa.

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