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mapas participativos, podendo cada É por isso que deve estar sempre em
Mesmo na fase de sensibilização, dum acordo formal entre os implemen-
um dele ter opiniões particulares sobre consideração o exercício de validação da
tadores do projecto, uma operação de
transmitindo a informação e organizan- a forma como a comunidade ocupa e informação com as terras circunvizinhas,
caça profissional autorizada. Sendo que por se tratar destas comunidades que
do o processo para a delimitação de utiliza o espaço, a AAAJC teve até,
a legislação determinou que uma parte trabalham na análise do cartograma para
terras das comunidades, afinal, estas algumas experiências, a classificação
das taxas de caça e de troféus seria sua confirmação junto das comunidades,
entendem como importante porque desses mapas pois, no geral, apresen-
partilhada entre a comunidade, o que foram identificadas durante o diag-
serve de condição para acesso a direi- tam os alegados limites do território da
governo local e o próprio projecto, nóstico. Mas não basta que seja realizado
tos. As comunidades que não estavam comunidade, identificam as comunida-
surgiu uma situação curiosa em que a este exercício excluindo a visita a cada
muito a favor da delimitação das suas des vizinhas por nome e localização
maior parte foi para a comunidade. O comunidade referida. Pois, só assim será
terras comunitárias já são, em parte, oferecendo inclusive, uma ideia da extraído o mapa de consenso que deve ser
esquema começou em 2001 e, até 2004,
mobilizadoras das outras, porque presença e distribuição da terra e dos analisado em várias reuniões. Há que
houve um aumento constante das
afinal, terras delimitadas dão direitos recursos naturais no território. Mas referir que o processo de delimitação de
receitas acumuladas para os grupos da
em benefício das próprias comunida- qualquer exercício destes, pode exigir terras comunitárias não pode continuar na
comunidade e do projecto. As comuni-
des. Das experiências que a AAAJC fortemente a utilização de fotografias ausência dum acordo entre as diferentes
dades viram dai, muitas vantagens.
colheu nestes exercícios, tendo em aéreas ou de imagens de satélite com comunidades.
respeito o primeiro passo que envolve uma resolução razoável, embora quase
informar a população local sobre a Mesmo sem incluir de forma genérica a Os cenários de direitos sobrepostos dão
impossível, pelos custos que represen-
legislação da terra e doutros recursos fase de diagnóstico, utilizando o Diag- mais benefícios directos às comunidades e
ta.
naturais, e sobre assuntos de desenvol- nóstico Rural Participativo que incide aos seus membros do que os ‘direitos
em provar que a comunidade tem um isolados’ da comunidade. Estes cenários
vimento local, centrando-se nas possi-
direito adquirido à terra, obtido através A delimitação de terras requer ainda o incluem combinações entre direitos da
bilidades oferecidas por estas platafor-
da ocupação, de acordo com as normas cruzamento de referências e confirma- comunidade com concessões florestais,
mas, fica desde logo evidente que o
e práticas costumeiras, e que deve por ção de informações porque ao compa- direitos da comunidade com direitos
processo visa garantir os direitos à terra privados de DUAT, direitos da comunida-
rar os diferentes mapas participativos e
e aos recursos naturais e por isso, para de com zonas de caça e direitos da comu-
uma melhor gestão dos mesmos. nidade com áreas registadas de parques e
de conservação. Estes pacotes de direitos
Estando a trabalhar na província do sobrepostos, e a sua interacção, constitu-
Niassa, em parceria com o Centro de em uma ferramenta forte para a produção
Aprendizagem e Capacitação da Socie- de benefícios locais, derivados do uso da
terra e dos recursos naturais. No entanto,
dade Civil, CESC, no quadro do Projec-
o princípio dos direitos sobrepostos nem
to Land Use Rights (LUR) focado ao
sempre é claro para os decisores e para os
Uso Sustentável da Terra e Recursos administradores da terra. Até porque
Naturais, financiado pela Cooperação quanto aos administradores das terras, os
Suíça de Desenvolvimento (SDC) recor- serviços de cadastro expressam dúvidas
remos a um exemplo concreto relatado sobre se a questão dos direitos sobrepos-
do projecto Chipanju Chetu que come- tos devia fazer parte dum registo de
çou em 1999, numa área rica em áreas cadastro, uma vez que coloca alguns
de floresta natural e de fauna bravia, desafios técnicos em comparação com o
mas com ausência quase total de con- sistema de parcela-única-direito-único,
trolo sobre a exploração de madeira e a que é um sistema baseado em parcelas
caça. No projecto começou a haver uma únicas.
coordenação entre os Serviços Provinci-
Em consonância com a existência de
ais de Florestas e Fauna Bravia, desig-
vários direitos individuais e dos agrega-
nação anterior, e várias ONGs que
dos familiares, ao abrigo do direito comu-
tentavam controlar a exploração dos nitário global, também deviam existir
recursos faunísticos e florestais e as opções que permitam aos proprietários de
actividades subsequentes, para tornar a completando-os com outras informa- direitos individuais retirar as suas terras
isso, estabelecer os limites territoriais
população local consciente dos seus ções acerca da história, dos sítios soci- da jurisdição consuetudinária, assim que
sobre os quais estes direitos se aplicam,
direitos ao abrigo da Lei de Terras e da ais e religiosos, dos sistemas de produ- houver necessidade de o fazer. Os meca-
há necessidade de estabelecer as res-
legislação florestal, o que conduziu à ção e do uso dos recursos naturais e da nismos para atingir este objectivo estão
ponsabilidades institucionais pela incluídos na legislação de terras no país.
delimitação formal da área em Março gestão da terra, produz-se um mapa
gestão de terra, levando em conta Há um consenso quanto ao facto desta
de 2003 e à emissão dum certificado composto com base no consenso, cha-
aspectos de esclarecimentos do funcio- forma de “desanexação” só poder ocorrer
para a comunidade. mado o “cartograma”. Muitas das
namento das instituições locais ligadas se for acompanhada de diálogo e de
à terra e à gestão, uma série de técnicas vezes, o cartograma não tem escala, não consenso entre o indivíduo particular e as
A área delimitada abrangeu 6.000 km2, visuais para estabelecer o funciona- é o produto de trabalho de agrimensu- pessoas que gerem os direitos consuetudi-
com uma população estimada de 2.570 mento da gestão da terra e dos sistemas ra, mas apresenta distâncias e áreas nários. Volvidos estes anos todos de sua
pessoas (ou de cerca de 650 famílias), de produção, incluindo a sua expansão proporcionais do território da comuni- implementação, há que assumir que esta
distribuídas de forma bastante equili- territorial e técnicas para constituir a dade e dos seus recursos naturais. Foi parte da lei ainda não foi explorada e
brada entre as cinco aldeias de Nova dinâmica da ocupação do espaço ao assim que a AAAJC trabalhou nas requer uma fase piloto. Pode ser que a
Madeira, Matchedje, Lilumba, II Con- terras de Gundana, Nchacha, Chueza, discussão quanto à possibilidade de
longo do tempo.
gresso e Maumbica. Só que a delimita- Salima, entre outras no distrito de Dôa. transferência destas tais terras alienadas a
ção de terras, em seguida, evoluiu para terceiros, incluindo a pessoas de fora da
Entendendo que os diferentes grupos comunidade, também precisa de mais
um novo projecto do qual o elemento
de interesse produzem uma série de reflexão.
mais significativo foi o estabelecimento
Nossa Identidade: A Associação de Apoio e Assistência Jurídica as Comunidades (AAAJC), é uma organização da Socie-
dade Civil Moçambicana, não-governamental, sem fins lucrativos, de âmbito nacional, fundada em 2008 e com os seus
estatutos legalmente publicados em 2010 no Boletim da República nº. 2, III serie, 4º suplemento de 19 de Janeiro.
Penhane
OFICIAL NEWSLETTER OF THE ASSOCIATION FOR SUPPORT AND LEGAL ASSISTANCE TO COMMUNITIES
Our ID: Association for Support and Legal Assistance to Communities (AAAJC), is a non-governmental, non-profit,
Mozambican Civil Society organization, nationwide, founded in 2008 and with its statutes published in 2010 in Bulletin
of Republic no. 2, III series, 4th supplement of 19 January. The headquarters is in the city of Tete.