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“Os elementos na formação do universo”

Certa vez, tudo era a mais absoluta escuridão. Tudo era o mais absoluto vazio.
Nada existia. Nada se via. Tudo era nada!
Deus, ao perceber que nada acontecia, enviou um de seus filhos, Fogo, para
acabar com a escuridão.
Ao chegar, Fogo se concentrou e, com toda a sua força, lançou toda a sua luz
em todas as direções. Quando viu sua obra, Fogo ficou mais e mais inflado e
pensou: Ah, meu pai deve estar orgulhoso de mim! Tenho certeza de que ele
me chamou porque sou seu filho mais poderoso.
Deus, quando olhou para a luz de seu filho, disse: “Fogo, querido, tu és mesmo
especial. Agora, através de ti, não há mais escuridão”. - E voltou-se para uma
de suas filhas e disse: “Terra, agora quero que vás e ocupes este imenso
espaço que Fogo iluminou”.
Ao ver sua irmã sendo convocada, Fogo voltou-se para seu pai e disse: “Por
que fizestes isso, meu pai? Minha luz não foi suficiente”?
“Calma, Fogo. Tu serás sempre especial. Mas jamais deves esquecer que não
és meu único filho. Teu brilho sempre será admirado, mas se olhares em volta,
verás que nada iluminas. Há apenas o vazio”.
Terra, ao ver que seu pai terminara o que tinha a dizer, entrou vagarosamente
no vazio iluminado. Em cada um de seus lentos e pesados passos, Terra
depositava rochas, montanhas e vales. Após trabalhar dias e noites sem parar,
Terra, com seu jeito sério, voltou-se para seu pai e disse: “Agora está tudo
pronto. Fiz o mais perfeito que pude, meu pai”.
Deus, conhecendo a responsabilidade de sua filha, lhe disse: “Tu fizestes mais
do que te pedi, cara filha. Sou-lhe muito grato e gostaria de te ver descansar
depois de tanto trabalho”.
Ao ver que Terra repousava, voltou-se para seu terceiro filho dizendo: “Ar,
temos agora montanhas e vales iluminados, mas tudo está muito parado.
Quero que vás e traga movimento”.
Rapidamente, Ar elevou-se e se dirigiu a todas as direções. Os ventos fortes
pintavam o espaço com a poeira das rochas que se desprendiam em
redemoinhos por todos os lados. Pequenos pedaços de rochas por todos os
lados encontravam-se, formando as mais diversas combinações de cores e
formas.
Ao ver que não havia mais coisas diferentes a se fazer, Ar olhou para seu pai e
perguntou o que estava acontecendo. Deus, sempre compreendendo a
natureza de seus filhos, pediu para que Ar tivesse um pouco de paciência, pois
em breve iria poder ver com seus olhos o motivo de tudo aquilo.
Com sua última filha em seu colo, Deus, ao ver que tudo estava muito seco,
pediu: “Água, minha filha, quero te ver permear todo este mundo”.
Diante do pedido de seu pai, Água suavemente estendeu seus braços e uma
chuva começou a precipitar. Aos poucos, esta chuva foi se tornando intensa e
toda a paisagem começou a se transformar. Lagos e oceanos começaram a se
formar nas depressões, rios nos vincos dos vales e grandes quantidades de
terra eram carregadas montanha abaixo. As águas começavam a penetrar o
solo, preenchendo os espaços vazios debaixo das montanhas, para depois
brotar e fazer nascer novos rios.
Ao sentir a profundidade de seu trabalho, Água se sentia cada vez mais plena.
Tamanha era sua plenitude, que mais e mais fazia jorrar chuva de suas mãos.
Ao ver que sua filha não seria capaz de parar, Deus segurou suas mãos e a
abraçou, dizendo: “Calma, minha amada filha. Teu trabalho está feito. Se
deixares teus sentimentos falarem mais alto, poderás destruir tudo o que
criamos”.
Ao voltar a si, Água pediu desculpas a seu pai, que lhe perdoou na mesma
hora dizendo que adorava ver tamanha demonstração de entrega, de amor.
Nesta altura, os quatro filhos estavam juntos a admirar sua criação, quando
Deus lhes aproximou e disse: Venham comigo, quero lhes mostrar algo.
Assim, todos desceram juntos e os quatro filhos ficaram olhando em volta,
ainda admirados com a beleza de tudo o que estava a sua volta, mas sem
entender porque seu pai os havia trazido até ali.
Ar, o mais curioso, foi quem perguntou: “Pai, porque nos trouxestes até aqui”?
Após uma pausa, na qual olhou carinhosamente nos olhos de cada um, disse:
“Meus amados, eu jamais pediria a vocês para realizar tamanho trabalho, se
não fosse para um fim extremamente nobre. Cada um de vocês emprestou
suas qualidades a este universo. Cada um de vocês faz parte de tudo isso que
está a nossa volta. Mas é somente agora, depois de termos vocês quatro
juntos, é que o meu trabalho começa”.
Ditas estas palavras, do centro de Deus começou a nascer infinitas fagulhas
que começaram a se espalhar ao longo de tudo o que existia, em cima e
abaixo da terra, nas montanhas e vales, nos rios, lagos e oceanos. Seus filhos
ficaram imóveis, estarrecidos, ante a visão que se descortinava ao redor.
Inúmeras formas de vida nasciam. O verde das plantas tingiam vales e
montanhas. Pássaros riscavam o céu. Flores coloriam planícies. Animais
exibiam sua força e beleza por todos os cantos.
A vida estava criada e, com todo amor que era capaz de irradiar, Deus fez
nascer a mais bela e poderosa de suas criaturas. O ser humano.
Virou-se para seus recém nascidos filhos e disse: “Homens e mulheres, muito
trabalho lhes espera. Entretanto, o mais importante de todos será conhecer
profundamente seus sentimentos, para que possam aprender a amar e assim,
compartilhar de toda a minha criação banhados na mais plena felicidade”.

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