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As alarmantes queimadas no hemisfério norte e sul

Aluna: Fernanda Mendonça Lima

Os Estados Unidos tem 70% da sua área para agricultura e pecuária, e com isso,
sobraram apenas 20% da sua cobertura natural dos biomas dos Estados Unidos,
levando em consideração, também, que boa parte é deserto. Vale salientar que os
Estados Unidos também sofreram as consequências disso, pois a erosão em solo
agrícola é cem mil vezes maior que a erosão natural. E sabemos q a floresta tropical é
mais úmida, logo desmatar as florestas tropicais é um impacto maior para o mundo do
que desmatar as florestas temperadas.

O Brasil tem a maior biodiversidade do planeta (22% das espécies de plantas do


planeta estão no Brasil), é o terceiro país do mundo em área de ocupação
agropecuária só perde para os Estados Unidos e a China.

O Brasil tem 67% da sua área cobertas por biomas nativos, sendo 63% destes 67 são
apenas florestas e disso a maioria esmagadora é a Amazônia, uma vez que a outra
cobertura florestal que a gente tem é Mata Atlântica já foi, praticamente, toda
destruída. Se compararmos com outros países desenvolvidos, aqueles que
preservaram as suas áreas nativas, como o Japão, por exemplo, que tem 70% da sua
área coberta ainda com biomas naturais, com isso, podemos notar que para um país
se desenvolver não precisa, necessariamente, destruir sua vegetação.

Em 30 anos o Brasil perdeu 70 milhões de hectares de floresta, quase 7% de todas as


florestas tropicais do mundo, e a partir de 1999 a mudança na politica cambial e
explosão dos commodity aceleraram o processo. O boom da soja começou em 2000 e
foi até 2005, teve relação com a alta dos commoditys, com a busca muito grande da
soja no mercado internacional, isso acarretou um grande desmatamento no Mato
Grosso e só foi brecado por causa da moratória da soja (responsável por reduzir o
desmatamento no país), que foi uma iniciativa do Greenpeace internacional
pressionando os compradores da soja do Brasil. No fim das contas, os produtores
rurais entenderam que não deveriam mais vender soja de uma área desmatada.

As queimadas não estão acontecendo exclusivamente no Brasil, estão acontecendo


em outros países como a Argentina, Paraguai e Bolívia. E mesmo aqui no Brasil não é
só a floresta amazônica que esta ardendo, outros estados como Mato Grosso, São
Paulo e Paraná também tem focos de incêndio.

Algumas pessoas, levando em consideração apenas o que a mídia divulga, estão


falando que essas queimadas são comuns nessa época do ano por causa do tempo
seco. Isso é uma meia verdade, pois o vento seco do inverno contribui para que o fogo
se espalhe, porém isso não quer dizer que a Amazônia fica seca ao ponto de
incêndios começarem de forma espontânea. Na Amazônia isso é praticamente
impossível, a menos que houvesse uma tempestade e um raio caísse no meio da
floresta dando inicio a um incêndio, isso seria possível, mas seria um fato isolado.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) entre


agosto de 2018 e julho de 2019 tivemos um aumento de 50% nos alertas de
desmatamento. Esses alertas coincidem com o “dia do fogo” organizados pelos
fazendeiros do sul do Pará, que segundo eles servia para mostrar trabalho para o
presidente Jair Bolsonaro. Na verdade, o próprio ministro do meio ambiente, Ricardo
Salles, afirmou que os incêndios eram de origem criminosa, após sobrevoar áreas
atingidas na região do Mato Grosso. Vale salientar que o código florestal libera a
queimada em algumas situações, então existem lugares onde se pode queimar
legalmente, mas o dono da terra sempre precisa ir antes a um órgão ambiental dizer
onde e quando precisa fazer essa queimada para conseguir uma autorização.

As áreas preservadas florestadas estão dividas em: 33% áreas privadas, 30% são
terras indígenas e áreas protegidas, 32% são terras publicas ou não cadastradas. É
aqui onde o desmatamento corre solto. A maior causa de desmatamento no Brasil,
atualmente, é a grilagem que consiste em roubo de terras publicas que são invadidas
e desmatadas para que, futuramente o “grileiro” reclame sua propriedade. E ainda
temos problemas em relação ao Cadastro Ambiental Rural (CAR) que foi a moeda de
troca quando foi aprovado o novo código florestal.

Cerca 33% das nossas áreas florestadas estão em áreas privadas, e por lei o produtor
rural que esta em área de floresta ou cerrado com biomas naturais tem que preservar
uma porcentagem para não assorear os rios, para não provocar erosão, etc. Em
contra partida, no início de 2019 o senador Flávio Bolsonaro (PSL/RJ) fez o projeto de
lei número 2362 que visa eliminar a obrigatoriedade de preservação em áreas
privadas, mas foi aberta uma consulta pública e a maioria da população votou não.

No Brasil cerca de 7,6% da área é destinada a agricultura e 20% é destinada a


pecuária, 1% são outros tipos de produção, 4% é macha urbana, mineração, etc.
Porém, temos que lembrar que nem todas as áreas de pastagem e agriculturas estão
apropriadas para essas práticas, pois o Brasil tem uma grande quantidade de solo que
foi degradado. Segundo dados da EMBRAPA, em 2016, 80% das áreas de pastagens,
ou seja, aquelas que já foram desmatadas, como sendo degradadas e não podem
mais ser usadas para pasto, ou seja, o Brasil tem um uso muito obtuso da terra, pois
mesmo aquela parte que produz é muito mal aproveitada.

Os incêndios que são causados pelo homem têm dois objetivos diferentes, um é
preparar o solo para novo plantio, o outro é usado para desmatar uma área. Este
segundo é feito da seguinte forma, primeiro cortam-se as árvores de um local,
normalmente com o que é chamado de correntão, que consiste em dois tratores
interligados por uma imensa corrente, eles vão andando e derrubando as árvores.
Essa floresta que foi derrubada fica um tempo no chão secando, geralmente
adentrando a estação de secas, pois só assim a vegetação perde umidade o suficiente
para que seja possível colocar fogo nela. Só depois que toda a vegetação foi
queimada é possível plantar o capim que o gado irá comer. O problema é que esse
fogo das florestas já derrubadas, muitas vezes, escapa para áreas não desmatadas e
caso esteja seco o suficiente acaba queimando também florestas que estão de pé, e
este é o principal tipo de queimadas que estamos vendo na Amazônia.

Como o Brasil ainda tem 67% de área não utilizada é natural pensar que podemos
utilizar sem destruir tanta floresta, mas infelizmente a coisa não é tão simples, pois o
Brasil possui muitas áreas com terreno irregular, com clima desfavorável e também
várias áreas degradadas.
A principal fonte de umidade da Amazônia é o oceano atlântico. Os ventos da região
do equador empurram a umidade do oceano para dentro da floresta, e as plantas não
só usam essa umidade, como devolvem cerca de 20 bilhões de toneladas de vapor
por dia para a atmosfera, isso cria um enorme rio feito de nuvens que corre por cima
de toda a floresta amazônica. É assim que ela produz as chuvas que caem não só
sobre a floresta, mas em várias outras regiões a sua volta.

Já os desertos tendem a se formar em regiões de latitude média, mas na América do


sul, nas regiões onde ficam Cuiabá, São Paulo, Buenos Aires e os Andes, na teoria
deveria ser um deserto, pois nos outros continentes, as regiões nessa latitude tem a
tendência de serem áridas, mas aqui isso não acontece porque a Amazônia se
encarrega de levar umidade até esses locais através do seu rio flutuante de nuvens
fazendo chover nesses lugares. O problema é que um dos efeitos do aquecimento
global é o aumento da temperatura dos oceanos, como o atlântico esta cada vez mais
quente parte da umidade que vinha do equador começa a viajar para outros lugares ao
invés de ir para a Amazônia e isso deixa a floresta mais seca e, dessa forma, o
desmatamento se torna um problema maior ainda, pois na região da floresta que sua
vegetação natural fica ainda mais seca ela passa a ser mais vulnerável ao fogo.

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