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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E ENGENHARIAS

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

LEONARDO BONFADA GÜTLER

ABORDAGEM SOBRE MÉTODOS DE CÁLCULO DE ENERGIA INCIDENTE:


ESTUDO DE CASO

Ijuí

2019
LEONARDO BONFADA GÜTLER

ABORDAGEM SOBRE MÉTODOS DE CÁLCULO DE ENERGIA INCIDENTE:


ESTUDO DE CASO

Projeto de pesquisa apresentado como requisito para


aprovação na disciplina de Trabalho de Conclusão de
curso de Engenharia Elétrica da Universidade Regional
do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

Orientador: Professora Me. Caroline Daiane Radüns

Ijuí

2019
LEONARDO BONFADA GÜTLER

ABORDAGEM SOBRE MÉTODOS DE CÁLCULO DE ENERGIA INCIDENTE:


ESTUDO DE CASO

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para a obtenção do título de
ENGENHEIRO ELETRICISTA e aprovado em sua forma final pelo professor orientador e pelo
membro da banca examinadora.

Ijuí, 20 de dezembro de 2019

Prof. Caroline Daiane Radüns

Mestre pela Universidade de Passo Fundo - Orientador

Prof. Caroline Daiane Radüns

Coordenador do Curso de Engenharia Elétrica/UNIJUÍ

BANCA EXAMINADORA

Prof. Caroline Daiane Radüns (UNIJUÍ)

Mestre pela Universidade de Passo Fundo

Prof. Eliseu Kotlinski (UNIJUÍ)

Mestre pela Universidade Federal de Santa Maria


Dedico este trabalho a minha família, fonte de
amor e inspiração.
AGRADECIMENTOS

A minha família, eterna gratidão, por me acompanhar, incentivar e fornecer todo o amor
necessário;

A minha orientadora Prof.ª Caroline Radüns, pelo aprendizado, atenção e apoio;

Aos meus colegas e amigos pelos bons momentos de estudos e descontração;

Aos professores do curso de Engenharia Elétrica da UNIJUI pelo companheirismo e por


todo conhecimento transmitido.

A todos que fizeram parte da minha vida até aqui. Muito obrigado.
RESUMO

GÜTLER, L. B. Abordagem sobre métodos de cálculo de energia incidente e estudo de


caso. 2019. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Engenharia Elétrica, Universidade
Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, Ijuí, 2019.

Em qualquer serviço envolvendo energia elétrica a segurança do trabalhador e o cuidado com


a vida vem em primeiro lugar. Nem sempre é possível realizar uma intervenção em uma
instalação elétrica com ela desenergizada, portanto os trabalhos realizados em instalações
energizadas devem ser sempre acompanhados por medidas de segurança capazes de mitigar os
riscos existentes. Um dos principais riscos associados é a energia incidente oriunda de um arco
elétrico na instalação. O presente trabalho tem por objetivo apresentar o fenômeno do arco
elétrico, suas características físicas, categorias de roupas de proteção, métodos matemáticos
para o cálculo de energia incidente e apresentar as normas vigentes que tratam sobre arco
elétrico. Por fim é aplicada a metodologia para determinar os níveis de energia incidente em
uma instalação real e são propostas ações de melhoria no sistema.

Palavras-chave: energia incidente, arco elétrico, segurança no trabalho


ABSTRACT

GÜTLER, L. B. Approach to incident energy calculation methods and case study. 2019.
Completion of course thesis. Electrical Engineering Course, Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, Ijuí, 2019.

In any service involving electricity, worker safety and care of life come first. It is not always
possible to perform intervention on a de-energized electrical installation, so work on energized
installations must always be accompanied by safety measures that mitigate existing hazards.
One of the main associated risks is the incident energy from an electrical arc in the facility. The
present academic work aims to present the electric arc phenomenon, its physical characteristics,
protective clothing categories, mathematical methods for the calculation of incident energy and
to present the current norms that deal with electric arc. In the end, the methodology to determine
the incident energy levels in a real installation is applied and system improvement actions are
proposed

Keywords: incident energy, electric arc, safety at work.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Comportamento físico do arco elétrico..........................................................21

Figura 2 - Transferência de calor durante um arco elétrico............................................24

Figura 3 - Posicionamento dos manequins.....................................................................25

Figura 4 - Manequim envolto por chamas decorrentes do arco elétrico ..............................26

Figura 5 - Resultados obtidos através dos sensores........................................................26

Figura 6 - Perfil da corrente de curto-circuito................................................................27

Figura 7 - Regra dos Nove.............................................................................................30

Figura 8 - Classificação das queimaduras......................................................................31

Figura 9 - Curva de Stoll................................................................................................32

Figura 10 - Diagrama fasorial da tensão e corrente para diferentes comprimentos de


arco............................................................................................................................................36

Figura 11 - Testes realizados em configuração aberta (esquerda) e aberta (direita)......38

Figura 12 - Energia Incidente para as configurações aberta e fechada em função da


corrente de falta.........................................................................................................................39

Figura 13 - Fluxograma para o cálculo de energia incidente segundo a IEEE-1584......45

Figura 14 - Diagrama unifilar simplificado da instalação..............................................52

Figura 15 - Coordenograma atual da instalação (esquerda) e diagrama unifilar


(direita)......................................................................................................................................58
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Normativas Internacionais...........................................................................33

Quadro 2 - Categoria de perigo/risco.............................................................................34

Quadro 3 - Quadro resumo dos métodos de cálculo de energia incidente.......................46

Quadro 4 - Passos para cálculo da energia incidente e determinação da distância segura


de aproximação..........................................................................................................................50

LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Dados comparativos de acidentes de trabalho envolvendo eletricidade.........16

Tabela 2 - Relatório de estatísticas no setor elétrico brasileiro (2005-2010)..................17

Tabela 3 - Comparação entre arco elétrico e fogo repentino...........................................23

Tabela 4 - Potência do Arco x Distância........................................................................37

Tabela 5 - Limites de aplicação do método IEEE 1584..................................................41

Tabela 6 - Classes de equipamentos e distâncias de trabalho.........................................43

Tabela 7 - Tempos típicos de operação de disjuntores em 60 Hz..................................43

Tabela 8 - Fator "x" e distância entre condutores para tipos de equipamentos e classes
de tensão....................................................................................................................................44

Tabela 9 - Limites de aplicação dos métodos.................................................................46

Tabela 10 - Fatores de Demanda para Iluminação e Tomadas Carga mínima e fatores de


demanda para iluminação e tomadas.........................................................................................53

Tabela 11 - Fatores de Demanda para climatização – Comercial...................................54

Tabela 12 - Resultados dos cálculos de energia incidente para as barras estudadas.......59

LISTA DE SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABRACOPEL Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade

ANSI American National Standards Institute

ASTM American Society for Testing and Material

ATPV Arc Thermal Protection Value

CCM Centro de Controle de Motores

CFOI Census of Fatal Occupational Injuries

CLT Consolidação das Leis Trabalhistas

EBT Breakopen threshold energy

EPI Equipamento de Proteção Individual

EUA Estados Unidos da América

IEC International Electrotechnical Commission

IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers

FUNCOGE Fundação Comitê de Gestão Empresarial

MTE Ministério do Trabalho e Emprego

NFPA Natinoal Fire Protection Association

NR-6 Norma Regulamentadora 6

NR-10 Norma Regulamentadora 10

OHSAS Occupational health and safety management systems


OSHA Occupational Safety and Health Administration

QGBT Quadro geral de baixa tensão

RIC Regulamento Interno de Consumidores

SEP Sistema Elétrico de Potência

cal/cm² Calorias por centímetro quadrado

kA Quiloamper

kg Quilograma

kW Quilowatt

ms Milissegundo

V Volt

V/cm Volt por centímetro

ºC Graus celsius
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 15
1.1 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 19
1.1.1 Objetivo Geral ................................................................................................................. 19
1.1.2 Objetivo Específico ......................................................................................................... 19

2 O FENÔMENO DO ARCO ELÉTRICO E A ENERGIA INCIDENTE ....................... 20


2.1 O ARCO ELÉTRICO ......................................................................................................... 20
2.1.1 O Arco Elétrico Como Elemento do Circuito ................................................................. 21
2.1.2 Energia Incidente ............................................................................................................. 22
2.1.3 Causas e Efeitos do Arco Elétrico ................................................................................... 24
2.1.4 Estudo de Curto Circuito ................................................................................................. 26
2.1.4.1 Período Subtransitório .................................................................................................. 27
2.1.4.2 Máximo Valor Instantâneo Possível da Corrente de Curto-Circuito (Ip) ..................... 28
2.1.4.3 Corrente de Curto-Circuito Simétrica Eficaz Inicial (I”k) ........................................... 28
2.1.4.4 Período Transitório ....................................................................................................... 28
2.1.4.5 Corrente de Curto-Circuito de Interrupção (Ib) ............................................................ 28
2.1.4.6 Período Permanente ...................................................................................................... 29
2.1.4.7 Corrente de Curto-Circuito em Regime Permanente (Ik) ............................................. 29
2.2 VESTIMENTAS ANTICHAMAS ..................................................................................... 29
2.2.1 Tolerância do Tecido Humano às Queimaduras.............................................................. 29
2.2.2 Determinação das Vestimentas Antichamas.................................................................... 32
2.3 MÉTODOS DE CÁLCULO DE ENERGIA INCIDENTE ............................................... 35
2.3.1 Método de Ralph Lee ...................................................................................................... 36
2.3.2 Método de Doughty-Neal ................................................................................................ 38
2.3.3 Método IEEE 1584 .......................................................................................................... 40
2.3.3.1 Corrente de Curto-circuito ............................................................................................ 41
2.3.3.2 Energia Incidente Normalizada .................................................................................... 42
2.3.3.3 Cálculo da Energia Incidente ........................................................................................ 43
2.3.3.4 Distância de Segurança ................................................................................................. 45
2.4 COMPARAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS ........................................................................ 46
2.5 NORMATIVAS.................................................................................................................. 47
2.5.1 Normas Internacionais ..................................................................................................... 47
2.5.2 Normas Nacionais............................................................................................................ 47
3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 49

4 ESTUDO DE CASO ............................................................................................................ 52


4.1 LEVANTAMENTO DE DADOS DO SISTEMA ............................................................. 52
4.2 ESTUDO DE CURTO CIRCUITO .................................................................................... 55
4.3 BARRAMENTOS .............................................................................................................. 56
4.4 DISJUNTORES .................................................................................................................. 57
4.5 COORDENOGRAMAS ..................................................................................................... 57
4.6 NÍVEIS DE ENERGIA INCIDENTE ................................................................................ 58
4.7 ANÁLISE DOS RESULTADOS ....................................................................................... 59

5 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 61

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 63

ANEXO I - DIAGRAMA UNIFIILAR COMPLETO DA INSTALAÇÃO ...................... 66

ANEXO II - DIAGRMA UNIFILAR DA SUBESTAÇÃO ................................................ 67

ANEXO III - PROGRAMA EM MATLAB PARA CÁLCULO DE NÍVEIS DE


ENERGIA INCIDENTE ........................................................................................................ 68
15

1 INTRODUÇÃO

Sempre que necessário realizar intervenções em instalações elétricas, boas práticas de


saúde e segurança devem ser colocadas em primeiro lugar. Em um mundo ideal tais
intervenções seriam realizadas com a instalação desenergizada, no entanto nem sempre é
possível atender essa premissa devido a toda gama de atividades existentes. Dessa forma,
medidas de segurança devem ser tomadas para prevenir e evitar riscos aos trabalhadores durante
a execução das atividades.

Um dos principais riscos em atividades envolvendo eletricidade é o arco elétrico, mais


especificamente a energia incidente oriunda dele. Tal energia é responsável por provocar
problemas aos trabalhadores, como queimaduras, ferimentos por projeção de estilhaços,
rompimento de tímpanos devido o ruído produzido e também pode levar o trabalhador
envolvido a óbito.

A fim de evitar com que ocorram acidentes oriundas de um arco elétrico é que se faz
necessário seu estudo, compreendendo sua natureza, como ele surge e dimensionando sua
magnitude para, por fim, adotar as melhores formas de proteção para quem está suscetível aos
danos causados por esse fenômeno.

A necessidade de medidas de controle para os riscos relativos a choques elétricos já é


consenso entre os profissionais da área da eletricidade, portanto tem-se evoluído muito nos
últimos anos no que se refere a legislações e normas técnicas que estabelecem procedimentos
de trabalhos no que se refere a serviços em eletricidade. No Brasil, existem diretrizes e
procedimentos chamadas de Normas Regulamentadoras (NRs), sendo classificadas de acordo
com as características e atividades exercidas em cada trabalho. Tais normas passaram a ter
cumprimento obrigatório em 1978, através da portaria nº 3.214, aplicadas a todos os
trabalhadores regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Nesse contexto, a NR 10 tem o objetivo de estabelecer os requisitos e condições


mínimas necessárias para a realização de serviços relacionados com a eletricidade. Ela passou
por uma atualização em 2004, por meio da portaria nº 598 do Ministério do Trabalho e Emprego
(MTE), tendo em vista que o número de acidentes envolvendo serviços em eletricidade
continuava muito alto.
16

A Fundação COGE (Fundação Comitê de Gestão Empresarial), entidade sem fins


lucrativos, desenvolve um importante trabalho sobre estatísticas de acidentes no setor elétrico,
divulgando anualmente o Relatório de Estatísticas de Acidentes no Setor Elétrico Brasileiro.
Na Tabela 1, tem-se o comparativo de dados de acidentes de trabalho entre os anos de 1999 e
2002.

Tabela 1. Dados comparativos de acidentes de trabalho envolvendo eletricidade .

INDICADORES 1999 2000 2001 2002


1 - Nº de empregados (média) 111.166 101.720 97.320 96.248
2 - Horas-homem de Exposição ao 229.698.944 213.094.959 196.558.920 200.078.780
Risco
3 - Acidentados Típicos das Empresas
Acidentados com Afastamento 1.435 1.239 1.047 1.059
Acidentados sem afastamento 1.023 1.009 991 826
Total 2.458 2.248 2.038 1.885
Consequência Fatal 26 15 17 23
Taxa de Frequência 6,25 5,81 5,41 5,29
Taxa de Gravidade 903 686 763 905
4 - Tempo Computado Total (dias) 207.477 146.250 147.660 181.136
5 - Acidentados das Empreiteiras
Consequência Fatal 49 49 60 55

Fonte: FUNCOGE (2002)

Conforme esses dados, percebe-se que o número de trabalhadores envolvidos em


acidentes fatais estava em um crescente, mostrando a ineficiência das normas vigentes até
aquele momento. O novo texto trouxe condições de trabalho mais seguras já que contempla
orientações e procedimentos desde as etapas de projeto, execução, operação e reformas, assim
como as etapas de geração, transmissão, distribuição e o consumidor final. Inclui ainda, os
serviços realizados em suas proximidades, observando as normas brasileiras e as normas
técnicas e, na ausência destas, as normas internacionais (KASSEM, 2013).

No entanto, as alterações realizadas na NR 10 não se mostraram tão eficazes como o


esperado. Em outro levantamento de dados realizado pela Fundação COGE, Tabela 2, fica
evidente que não existe a tendência de redução de acidentes ao longo dos anos (2005-2010).
17

Muito tem-se evoluído no que diz respeito a normas e procedimentos no que se refere a
serviços em eletricidade, no entanto os riscos associados ao arco elétrico ainda foram pouco
explorados e carecem de mais atenção por parte dos agentes envolvidos.

Tabela 2. Relatório de estatísticas no setor elétrico brasileiro (2005-2010).

Ano
Indicadores
2005 2006 2007 2008 2009 2010
1 - Nº de
Empregados 97.991 101.105 103.672 101.451 102.766 104.857
(média)
2 - Horas-homem
de exposição ao 196.523 200.219.744 201.981.289 203.945.395 201.104.170 207.109.916
risco
3 - Acidentados
Típicos das
empresas
Acidentados com
1.007 840 906 891 781 741
afastamento
Acidentados sem
1.026 918 897 901 763 651
afastamento
Total 2.003 1.758 1.803 1.752 1.544 1.392
Consequência Fatal 18 19 12 15 4 7
Taxa de Frequência 5,12 4,20 4,49 4,17 3,58 3,59
Taxa de gravidade 759 719 538 568 238 337
4 - Tempo
Computado Total 149.252 144.018 108.756 115.748 47.920 69.853
(dias)
5 - Nº de
empregados das
89.283 110.871 112.068 126.333 123.704 127.584
Contratadas
(média)
6 - Acidentes das
Contratadas
Consequência Fatal 57 74 59 60 63 72
7 - Acidentados da
População
Consequência Fatal 305 293 324 331 288 308
Fonte: FUNCOGE (2013)

Nos EUA, através do seu relatório anual de estatísticas com acidentes elétricos (Census
of Fatal Occupational Injuries - CFOI), contabilizou, nos últimos 22 anos (1992-2013) um
número de 5587 fatalidades envolvendo eletricidade, conforme Gráfico 1. Conforme a
Industrial Safety & Hygiene News, associa-se 80% dessas fatalidades a queimaduras
provocadas pela ação do arco elétrico. Cabe ressaltar que ao longo dos anos o número de
18

fatalidades caiu significativamente, no entanto ainda representa um número expressivo. Além


dos dados de acidentes fatais, os EUA ainda registram cerca de 2000 casos de queimaduras
oriundas de acidentes envolvendo arco elétrico que dão entrada em hospitais do país.

Gráfico 1. Número de acidentes fatais nos EUA envolvendo eletricidade (1992-2013).

400
350
300
250
Fatalities

200
150
100
50
0
1990 1995 2000 2005 2010 2015
Year
Fonte: Fire Protection Research Foundation (2015).

No Brasil, a Fundação COGE apresenta a estatística do número de acidentados por arco


elétrico dividido por área, entre os anos de 1999 e 2011. Percebe-se, na Gráfico 2, que a maioria
dos acidentes estão atrelados à área da distribuição da energia elétrica.

Gráfico 2. Estatísticas de morte por arco elétrico no Brasil (1999-2011).

45
40 Geração
40
35 32 Transmissão
30 31
30 27 27 Distribuição
26
25 21 Outros
20 18
15 16 16
15 12
10
5 4 4 4 4
5 2 3 2 1 2 1 3 1 2 1 2 1 31 2 2 1 2
00 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 01 0
0
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Fonte: FUNCOGE (2013)

A Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade


(ABRACOPEL) ainda complementa essa informação ressaltando, em seu Anuário Estatístico
Brasileiro dos Acidentes de Origem Elétrica (ano base 2017), que o total geral de mortes por
19

acidentes de origem elétrica é de 627. Importante ressaltar ainda que esse número reflete apenas
uma parcela do total de acidentes corridos, devido ao não registro de muitos acidentes.

Além de prejuízos para o trabalhador, acidentes representam custos para empresas no


âmbito financeiro. Segundo Resende (2016), a Occupational Safety and Health Administration.
(OSHA), em um trabalho de 2014, mostra que os custos de um colaborador que se acidenta
giram em torno de 62.500 dólares, quando não fatal. Nesse cálculo não entram os custos
indiretos, que podem levar a cifras ainda maiores. Em âmbito nacional, conforme dados da
FUNCOGE (2010), foram gerados 558.824 horas de trabalho, perdidos em decorrência dos
acidentes com lesão. Tais acidentes geraram um custo estimado, direta e indiretamente, de R$
380 milhões.

Fica claro após a análise de todos os dados que as perdas geradas por acidentes de
trabalho, sejam eles com consequências fatais ou temporárias, são significativas, tanto no
aspecto humano, no caso de perda de vida, em sequelas decorrentes desse acidente, e até mesmo
no aspecto econômico que impactam diretamente empresas e previdência social. Posto esse
cenário torna-se cada vez mais evidente a necessidade de conscientização sobre os perigos do
arco elétrico e da evolução das medidas necessárias para diminuir e eliminar os riscos
associados.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

Apresentar os conceitos de arco elétrico e energia incidente, bem como o cálculo da


energia incidente e sua relação com a definição de equipamentos de proteção individual para
riscos elétricos

1.1.2 Objetivo Específico

 Realizar a revisão bibliográfica acerca da energia incidente, contemplando


legislação e normas técnicas nacionais e internacionais, artigos e estudos prévios.
 Determinar os métodos de cálculo de energia incidente.
 Aplicar as metodologias em uma instalação real.
 Determinar o grau de proteção das vestimentas antichama.
20

2 O FENÔMENO DO ARCO ELÉTRICO E A ENERGIA INCIDENTE

Dentre os riscos oferecidos pela eletricidade, o fenômeno do arco elétrico destaca-se


como um dos mais danosos aos trabalhadores. Conhecer sua natureza física e energia incidente
gerada durante um arco é fundamental para determinar os riscos advindo dele. O arco elétrico
tem uma duração, normalmente, de menos de um segundo e se inicia quando a ionização do ar
é suficiente para permitir a passagem da corrente elétrica. Conforme Ralph Lee (1982), uma
vez iniciado o arco, a corrente percorre um caminho formado por gases metálicos gerados pela
vaporização dos condutores, movimentando-se em alta velocidade, em torno de 100 m/s. Como
resultado dessa passagem de corrente elétrica uma grande quantidade de energia é liberada na
forma de calor e ondas de pressão devido a esse caminho apresentar uma resistência elétrica à
passagem da corrente. Essa energia oferece uma série de riscos para as pessoas que estão nas
proximidades, sendo que quanto mais perto da fonte do arco mais danosos serão os resultados.

2.1 O ARCO ELÉTRICO

De acordo com Lang e Neal (2007), as falhas que originam um arco elétrico estão
associadas, geralmente, a curtos-circuitos podendo ser entre fases ou fase-terra, e que evoluem
rapidamente para um curto-circuito trifásico. Seu comportamento é caótico, envolvendo rápida
mudança na sua geometria devido a convecção, jatos de plasma e forças eletromagnéticas. A
determinação da sua impedância se apresenta como uma dificuldade tendo em vista efeitos
como a extinção e reignição, mudanças no trajeto, entre outros efeitos. As correntes elétricas
criam forças de atração e repulsão sucessivas, movendo os jatos de plasma que por sua vez
aumentam a nuvem de plasma em expansão que é empurrada para fora formando uma poeira
de plasma que pode recombinar com outras moléculas, formando outros materiais. Além da
poeira de plasma, pedaços dos eletrodos fundido também são jogados para fora, gerando uma
chuva de materiais derretidos. A Figura 1 ilustra de modo simplificado o comportamento do
arco elétrico.
21

Figura 1. Comportamento físico do arco elétrico.

Fonte: (CONCEIÇÃO, 2015)

Durante o estabelecimento do arco, a corrente começa a passar pelo ar ionizado gerando


quantidades enormes de calor e expelindo de forma explosiva gotas fundidas do material
condutor e estilhaços. Além desses riscos, o acidentado está exposto a grandes volumes de
fumaça tóxica, luz extremamente intensa e uma onda pressão dos gases em expansão.

2.1.1 O Arco Elétrico Como Elemento do Circuito

Segundo Ralph Lee (2000), ao analisar o arco como um elemento do circuito, percebe-
se que o nível de tensão tem grande influência no fenômeno. O vapor gerado durante o arco
elétrico possui resistência muito superior ao metal em estado sólido, resultando, então, em uma
queda de tensão ao longo do arco na faixa de 30 a 40V/cm, que é milhares de vezes maior do
que no condutor sólido. A impedância do arco é puramente resistiva devido sua indutância ser
desprezível, resultando em um fator de potência unitário. Em sistemas de baixa tensão apenas
a diferença entre a tensão da fonte e a tensão do arco irá forçar a corrente de falta através da
impedância total do sistema. Isso se deve ao fato de que a queda de tensão referente ao arco
consome uma parte significativa da tensão fornecida ao circuito. Dessa forma, a corrente de
falta tende a estar estabilizada para sistemas em baixa tensão.

Ainda, segundo Ralph Lee (2000), para circuitos com tensões mais elevadas, o risco
torna-se maior. O comprimento do arco é consideravelmente maior, considerando a queda de
22

tensão de 40 V/cm. A estabilização se torna impossível devido ao fato de que o valor da queda
de tensão se torna pouco representativo comparado com os níveis de tensão do sistema. Dessa
forma, a ocorrência do arco elétrico nesses sistemas pode levar a novos curtos circuitos se o
arco elétrico atingir outros circuitos ou equipamentos.

Para sistemas que possuam configurações fechadas, ou seja, onde existe um invólucro
circundando os condutores, exemplo do painel elétrico, o confinamento do arco elétrico acarreta
na diminuição da sua impedância e também a tensão do arco tende a ser menor, o que não se
observa para configuração abertas. No entanto, esse tipo de sistemas provoca um aumento da
energia térmica liberada, uma vez que ao confinar o arco a energia tende a se direcionar para a
parte aberta resultando em um aumento na densidade energética fornecida pelo arco elétrico
naquela direção. De acordo com Neal, Bingham e Doughty (1997), essa energia pode aumentar
em 3 vezes para as configurações fechadas, dependendo da corrente de falta.

Conclui-se então que o nível de tensão terá grande influência na corrente de falta, uma
vez que a tensão resultante será a diferença entre a tensão da fonte e a tensão do arco (30 – 40
V/cm). Configurações fechadas apresentam a vantagem de reduzir a impedância do arco
elétrico, no entanto aumentam a transferência de energia na forma convectiva.

2.1.2 Energia Incidente

De acordo com Ralph Lee (2000), dentro os perigos apresentados durante a ocorrência
de um arco elétrico, a energia incidente apresenta-se como o mais relevante, uma vez que ele é
responsável pela maioria dos ferimentos aos trabalhadores expostos a um arco elétrico. Portanto
é fundamental compreender os fatores que influenciam na sua intensidade além de conhecer as
metodologias para determinar sua intensidade.

Segundo a norma norte-americana NFPA 70E - 2015 (Standard for Electrical Safety in
the Workplace), que visa estabelecer práticas de segurança para trabalhadores em contato com
serviços em eletricidade, a energia incidente oriunda de um arco elétrico é “a quantidade de
energia impressa em uma superfície, a uma dada distância da fonte, gerada durante a ocorrência
de um arco elétrico”. Já no Brasil a energia incidente é definida, pelo Ministério do Trabalho e
Emprego, como parte da energia liberada como resultado do arco elétrico ou do fogo repentino
que incide sobre determinado ponto de interesse, geralmente o trabalhador.
23

É fundamental ter conhecimento dos valores de energia incidente de determinada


instalação para o correto dimensionamento das proteções adequadas para o trabalhador,
geralmente expressas em cal/cm². Sabe-se que durante a ocorrência do arco elétrico a
transmissão do calor oriundo da energia incidente ocorre principalmente por radiação, mas
também por convecção e condução. A Tabela 3 mostra um comparativo dos riscos existentes
entre o evento do arco elétrico e fogo repentino, proporcionando uma noção dos perigos e danos
que os trabalhadores estão expostos.

Tabela 3. Comparação entre arco elétrico e fogo repentino.

FOGO
FATORES DE EXPOSIÇÃO A PERIGOS ARCO ELÉTRICO
REPENTINO
Gama Energética Total de Incidentes (cal/cm²) 2 para > 100 4 para 30
Percentual de Energia Radiante 90 30-50
Percentual de Energia Térmica Convectiva 10 50-70
Tempo de Exposição Potencial (segundos) 0,01 para > 1 1 para 15
Forças Concussivas Alta Variável
Quantidade de Ar Ionizado Presente Alta Moderado
Presença de Fumaça Sim Sim
Respingos de Metal Fundido Sim Não
Mecanismo de Recorrência Religar Reignição
Fonte: Adaptado (NEAL, 1996)

Nota-se que a energia incidente no caso de um arco elétrico pode chegar a 100 cal/cm²
uma vez que o fogo repentino alcança 30 cal/cm² para os piores casos. Outro ponto que se deve
atentar é o tempo em que a energia é liberada. O arco elétrico tem uma duração muito menor
comparada com o fogo repentino, com uma duração máxima de 1 segundo, já que o tempo de
ocorrência do arco raramente ultrapassa esse valor.

Pode-se estimar a energia incidente devido ao arco elétrico utilizando-se parâmetros


como: diagrama unifilar da instalação elétrica, tensão de alimentação, correntes de curto
circuito, características dos sistemas de proteção das instalações elétricas (tempo de atuação da
proteção), posição do trabalhador etc. (Ministério do Trabalho e Emprego, 2016). A Figura 2
ilustra didaticamente a transferência da energia radiante da fonte do arco elétrico para um objeto
a uma distância r.
24

Figura 2. Transferência de calor durante um arco elétrico.

Fonte: (RESENDE, 2016)

O arco acontece entre os terminais 1 e 2, sendo delimitado a área As onde ocorre a


movimentação do arco. A energia emitida é representada por Qs e a energia absorvida pelo
corpo está indicado como Qo. Segundo Lee (1982), a energia se dá conforme a Equação 1.

Qs xAs
Qo = A (1)
4πr2 o

Esse modelo proposto por Ralph Lee foi a primeira modelagem apresentada para a
energia absorvida por um corpo a uma certa distância da fonte do arco elétrico.

2.1.3 Causas e Efeitos do Arco Elétrico

De acordo com Roscoe (2009), as principais causas ligadas ao surgimento de um arco


elétrico, são:

 Falha na isolação entre fase-fase e fase-terra devido a perda progressiva de


isolamento causada por descargas parciais em isoladores e acúmulo de poeira,
resultado em uma diminuição da resistência superficial.
 Sobretensões transitórias devido a surtos de manobra diminuindo a isolação
gasosa.
 Aquecimento com micro descargas, provocando a ionização do ambiente devido
ao aumento da resistência de contato entre conexões elétricas.
25

 Intervenções inadequadas de manutenção e operação, sendo esta uma das


principais causas de acidentes na indústria e no setor elétrico.

Todas essas falhas descritas anteriormente podem ser responsáveis pelo surgimento do
arco elétrico e dos perigos inerentes a ele, destacando-se a energia incidente, já abordada no
ítem anterior, como a mais perigosa. No entanto não se pode ignorar os outros efeitos do arco,
uma vez que queimaduras não são o único problema gerado. Resende (2016), explica:

A elevada temperatura causa a expansão do ar ao redor do arco elétrico bem como a


expansão do metal que constitui o condutor. O cobre, por exemplo, expande 67000
vezes o seu volume quando passa do estado sólido para gasoso. Os riscos associados
a essa expansão são ondas de pressão, ruído de alta intensidade e projeção de
estilhaços. As ondas de pressão podem facilmente chegar a uma magnitude de 105
Pascal, valor suficiente para arremessar um ser humano, causar rompimento dos
tímpanos e colapsar os pulmões. A intensidade do ruído associado a esse fenômeno
pode chegar a 160 dB. Ressalta-se que o máximo ruído de impacto tolerável pelo
ouvido humano sem sofrer danos é 140 dB. Finalmente o material derretido é expelido
para fora da região do arco e atinge uma velocidade de 1100 km/h, rápido o suficiente
para que os estilhaços penetrem completamente no corpo humano. (RESENDE, 2016,
p. 9)

No ano de 2000, Crnko e Dyrnes realizaram testes em dois manequins para determinar
os danos causados por queimaduras, perda de audição, danos aos pulmões e fraturas. Os testes
foram realizados em um painel de distribuição trifásico (CCM) de 480 V e corrente de curto
circuito simétrica de 22,6kA. O sistema de proteção estava ajustado para interromper o arco em
6 ciclos (100ms). Os resultados foram colhidos através de sensores apropriados.

Primeiramente posicionou-se os manequins conforme Figura 3, um manequim mais


próximo do painel e outro mais afastado, simulando o trabalhador que está executando a tarefa
e outro que está supervisionando.

Figura 3. Posicionamento dos manequins.

Fonte: (CRNKO; DYRNES, 2000)


26

O teste foi realizado com as condições de operação descrita anteriormente e medidas


com os sensores. A ação do arco pode ser observada na Figura 4, onde o manequim mais
próximo ao painel está envolto por chamas.

Figura 4. Manequim envolto por chamas decorrentes do arco elétrico.

Fonte: (CRNKO; DYRNES, 2000)

A Figura 5 mostra os resultados obtidos para o manequim posicionado mais próximo ao


painel.
Figura 5. Resultados obtidos através dos sensores.

Fonte: (CONCEIÇÂO, 2016)

Os pesquisadores concluíram que um trabalhador exposto a essas mesmas condições


teria queimaduras incuráveis na face, pescoço e mãos, possível dano ao tímpano, podendo levar
a surdez e pressão no peito que poderia atingir valores acima dos 600 kg, acarretando em danos
severos a órgãos internos e os pulmões. (CRNKO; DYRNES, 2000).

2.1.4 Estudo de Curto Circuito

Quando ocorre uma falta no Sistema Elétrico de Potência (SEP), a corrente que circula
é determinada pelas forças eletromotrizes internas das máquinas no sistema, por suas
27

impedâncias e pelas impedâncias existentes no sistema entre as máquinas e a falta (BOCK,


2018). No momento da ocorrência de um curto-circuito na rede, ocorre um aumento do fluxo
magnético no entreferro do gerador síncrono, reduzindo as reatâncias da máquina. Logo após o
início do defeito, o fluxo reduz-se em virtude da força magnetomotriz da corrente na armadura,
chamado de “reação de armadura”. Assim, distingue-se três períodos durante a ocorrência de
uma falta, cujos tempos de duração dependem basicamente das constantes de tempo da
máquina: período subtransitório, período transitório e período permanente. A forma de onde da
corrente de curto-circuito está apresentada na Figura 6.

Figura 6. Perfil da corrente de curto-circuito.

Fonte: Adaptado (IEC-60909, 2016).

2.1.4.1 Período Subtransitório

Nesse intervalo está presente a participação dos motores no curto-circuito. Durante esse
período, a corrente de contribuição dos motores é majorada devido a redução da reatância das
máquinas, reatância subsíncrona, decorrente da saturação do circuito magnético. A duração do
período subtransitório irá depender dos tipos de fontes conectadas ao sistema durante o curto-
circuito (MARDEGAN, 2012).

Outro fator de contribuição para o período subtransitório está relacionada à componente


de corrente contínua (CC) que aparece na corrente de falta (assimétrica) e que está relacionada
à energia armazenada nas indutâncias do sistema no momento em que ocorre a falta. Essa
assimetria dependerá de dois fatores, o valor da tensão no instante em que ocorre a falta e o
valor de X/R do sistema (RESENDE, 2016).
28

Durante o período subtransitório, dois valores de corrente são definidos e são


importantes para a avaliação do curto-circuito na instalação.

2.1.4.2 Máximo Valor Instantâneo Possível da Corrente de Curto-Circuito (Ip)

A partir desse valor de Ip, define-se:

 Capacidade de estabelecimento de disjuntores de média e alta tensão;


 Capacidade de estabelecimento de disjuntores de baixa tensão do tipo caixa aberta.
 Correntes dinâmicas de barramentos de painéis e CCM.

2.1.4.3 Corrente de Curto-Circuito Simétrica Eficaz Inicial (I”k)

Corresponde ao valor eficaz da componente simétrica da corrente de curto-circuito no


instante do evento (1/2 de ciclo). Através dele, define-se:

 Capacidade de interrupção de disjuntores de baixa tensão e fusíveis;


 Ajuste das funções de sobrecorrente instantânea (ANSI 50) dos dispositivos de
proteção;
 Cálculo da energia incidente para o curto-circuito máximo.

2.1.4.4 Período Transitório

Período seguinte, correspondendo a uma diminuição mais lenta da corrente de curto-


circuito, até ser atingido o valor permanente desta corrente. Nessa etapa a corrente é menor que
no período anterior e maior que no período seguinte. Nesse intervalo define-se:

2.1.4.5 Corrente de Curto-Circuito de Interrupção (Ib)

Valor eficaz de um ciclo da componente de corrente alternada ou corrente contínua da


corrente de curto-circuito, no instante de abertura de circuito no polo do dispositivo de
interrupção. Adotado para o estudo tempo de 5 ciclos (83,33 ms). Através de Ib, define-se:

 Capacidade de interrupção de disjuntores de alta e média tensão;


 Ajuste das funções de sobrecorrente temporizadas (ANSI 51) dos relés de proteção.
29

2.1.4.6 Período Permanente

Essa é a última fase da corrente de curto-circuito e ela se estende até a interrupção da


corrente. Nesse período somente a contribuição da concessionária permanece para o curto-
circuito. A assimetria se encerra por completo devido ao fim do período transitório. Para sistema
onde não há a presença de cargas motóricas e a relação X/R for muito baixa, a corrente
permanece praticamente constante durante toda a duração da falta.

2.1.4.7 Corrente de Curto-Circuito em Regime Permanente (Ik)

É o valor eficaz da corrente quando somente a fonte contribui para a corrente de curto-
circuito e o período transitório se encerrou por completo. O valor de Ik define:

 Ajuste das funções de sobrecorrente temporizadas de relés de proteção;


 Corrente térmica de disjuntores de alta, média e baixa tensão;
 Cálculo da energia incidente para o curto-circuito mínimo.

2.2 VESTIMENTAS ANTICHAMAS

De acordo com a OHSAS (Occupational health and safety management systems), a


utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) é a última medida da hierarquia de
controle, porém, quando a análise de risco determinar necessária a utilização, esse deve ser
especificado adequadamente.

É necessário conhecer conceitos e definições relacionados aos tipos de vestimentas


existentes para proteção contra os efeitos térmicos provenientes do arco elétrico. Relacionar a
capacidade do tecido de suportar o calor com o grau de proteção proporcionado pela roupa é
crucial para o devido dimensionamento do equipamento de proteção.

2.2.1 Tolerância do Tecido Humano às Queimaduras

De acordo com o Ministério da Saúde (2012), as queimaduras são lesões decorrentes de


agentes (tais como a energia térmica, química ou elétrica) capazes de produzir calor excessivo
que danifica os tecidos corporais e acarreta a morte celular. Tais agravos podem ser
classificados como queimaduras de primeiro grau, de segundo grau ou de terceiro grau.
30

Essa classificação leva em conta a profundidade do local atingido, a extensão, a


localização, a idade da vítima, a existência de doenças prévias, condições agravantes e inalação
de fumaça. Para queimaduras envolvendo arco elétrico as consequências podem ser com
ferimentos de segundo e terceiro grau caso as medidas de proteção não forem adequadas. Neste
caso utiliza-se a regra dos nove, criada por Wallace e Pulaski, que determina a superfície
corporal queimada (SCQ) aplicada a pessoas acima de 10 anos de idade. A Figura 7 apresenta
a divisão do corpo segundo essa regra.

Figura 7. Regra dos Nove.

Fonte: (VALE, 2005)

A Figura 8 irá descrever os três graus de queimaduras existentes conforme a sua


profundidade, avaliando o resultado estético e funcional da pele. Para tal são avaliadas apenas
as áreas afetadas por queimaduras de segundo e terceiro graus.
31

Figura 8. Classificação das queimaduras.

Fonte: (RESENDE, 2016)

Há ainda outro trabalho referente a queimaduras no corpo humano. Stoll e Chianta


(1969), nas décadas de 1950-1960, estabeleceram a correlação entre a elevação da temperatura
suportável pelo corpo humano e o tempo de exposição. Essa correlação ficou conhecida como
curva de Stoll (Figura 9), e é utilizada como referência para padrões de testes da ASTM
(American Society for Testing and Material) e da NFPA (National Fire Protection Association).
32

Figura 9. Curva de Stoll.

Fonte: Adaptado (STOLL; CHIANTA, 1971)

A curva superior apresenta os valores para tempo x temperatura para uma queimadura
incurável, enquanto a curva inferior os valores para tempo x temperatura para queimaduras
curáveis.

2.2.2 Determinação das Vestimentas Antichamas

A NFPA 70E - 2015 apresenta os requisitos norte-americanos para práticas seguras de


trabalho em eletricidade que foram estabelecidas pelo Technical Committee on Electrical Safety
in the Workplace. Os requisitos para equipamentos de proteção individual remetem às normas
de ensaios e fabricação da American Society for Testing and Material (ASTM).

Internacionalmente há diferentes normativas que estabelecem requisitos para EPIs


contra efeitos térmicos. O Quadro 1 mostra os normativos internacionais.
33

Quadro 1. Normativas Internacionais.

Nível EUA Internacional Europa França

Normas de
NFPA 70E - EM 50110 NF C-18510
Segurança

Normas de ASTM IEC


EN NF EN
produtos ANSI ISO

Fonte: (RESENDE, 2016)

Tanto as normas americanas quanto as internacionais estabelecem requisitos


construtivos de ensaios e certificação e padrões que estabelecem os métodos de avaliação dos
materiais.

As vestimentas são constituídas de tecidos especiais que tem o objetivo de evitar que os
trabalhadores sofram queimaduras. Em 1999, a ASTM definiu o indicador ATPV (Arc Thermal
Protection Value) para medir a resistência desses tecidos contra o arco elétrico. O ATPV é
definido na ASTM F 1959-06 como a energia incidente sobre um material que resulta em uma
probabilidade de 50% de que o calor transferido através de uma amostra do material resulte em
queimadura de segundo graus, de acordo com a curva de Stoll.

Os ensaios das roupas antichamas para determinação do ATPV consiste na avaliação


das estimativas de lesões causadas por queimaduras de segundo grau. Se em algum momento
durante a realização do ensaio ocorrer danos no material, como orifícios, diz-se que correu
breakopen. A energia incidente que resulta em 50% de probabilidade de ocorrência de
breakopen é chamada breakopen threshold energy (EBT – J/cm² ou cal/cm²). O valor de
resistência ao arco a ser informado na roupa deve ser o menor entre o ATPV e o EBT.

A NFPA 70E - 2015 ainda determina a utilização de EPIs com as seguintes


características:

 Vestimentas para arco elétrico: deve possuir fácil e rápida remoção por parte do
usuário e deve estar adequada ao nível de energia incidente.
34

 Proteção para a cabeça: Utilizar balaclava resistente a arco juntamente com


protetor facial quando a região traseira do pescoço estiver exposta. O capuz
carrasco deve ser usado quando a energia incidente exceder 12 cal/cm².
 Proteção para a face: O protetor deve ter classificação adequada ao nível de
energia incidente ao qual está exposto. Devem ser utilizados protetores faciais
para face, queixo, testa, orelhas e áreas do pescoço. Óculos de segurança deve
ser sempre utilizado sob o protetor facial.
 Proteção para as mãos: Luvas de couro ou luvas resistentes a arco devem ser
utilizadas. No caso de luvas de couro, utilizar com espessura mínima de 0,7 mm.
 Proteção para os pés: Botas de couro devem ser utilizadas para níveis de energia
incidente superiores a 4 cal/cm².

O Quadro 2, também presente na NFPA 70E - 2015, apresenta as categorias de perigo e


risco na realização das atividades envolvendo serviços em eletricidade, bem como
indica os EPIs necessários de acordo com o nível de energia incidente ao qual o
trabalhador está esposto.

Quadro 2. Categoria de perigo/risco.

Categoria
Roupa de Proteção e EPIs
Perigo/Risco
Roupa de proteção, não tratada e não fundível, em fibra
natural (algodão não tratado, viscose, seda ou misturas
destes) com um peso de tecido de pelo menos 4,5 oz/yd².

EPIs
0
Camisa manga comprida
Calças compridas
Óculos de segurança
Protetor auricular (tipo plug)
Luvas de couro
Roupas com ATPV de 4 cal/cm²
Calça e camisa manga comprida

EPIs
1 Óculos de segurança ou óculos de proteção
Capacete
Proteção auditiva (tipo plug)
Luvas de couro
Sapatos de couro
Roupas com ATPV de 8 cal/cm²
2
Calça e camisa manga comprida
35

EPIs
Óculos de segurança ou óculos de proteção
Capacete
Proteção auditiva (tipo plug)
Luvas de couro
Sapatos de couro
Roupas com ATPV de 25 cal/cm²
Calça e camisa manga comprida ou macacão
Luvas
Capuz Carrasco

3 EPIs
Óculos de segurança ou óculos de proteção
Capacete
Proteção auditiva (tipo plug)
Luvas de couro
Sapatos de couro
Roupas com ATPV de 40 cal/cm²
Calça e camisa manga comprida ou macacão
Luvas
Capuz Carrasco

4 EPIs
Óculos de segurança ou óculos de proteção
Capacete
Proteção auditiva (tipo plug)
Luvas de couro
Sapatos de couro
Fonte: (CONCEIÇÃO, 2015)

2.3 MÉTODOS DE CÁLCULO DE ENERGIA INCIDENTE

Conhecendo os riscos associados ao arco elétrico percebe-se a necessidade de medidas


de controle e preventivas, sob pena de perdas materiais e humanas. Dentre os riscos associados,
o que apresenta maior histórico de lesões em seres humanos, como apresentado nos capítulos
anteriores é a energia incidente. Dessa forma, será dada atenção ao estudo dos modelos
matemáticos para o cálculo de sua magnitude e as medidas de precaução necessárias a fim de
minimizar e até mesmo eliminar os efeitos do arco elétrico.

Para isso serão abordadas as principais metodologias de cálculo de energia incidente e


as limitações de cada método, envolvendo o método de Ralph Lee, pioneiro no cálculo de
energia incidente, método de Doughty-Neal e o Método IEEE.
36

2.3.1 Método de Ralph Lee

O trabalho de Ralph Lee (2000) focou inicialmente em determinar as distâncias seguras


para os trabalhadores nas imediações do arco elétrico. A partir do trabalho de Stoll e Chianta,
Lee apresentou as temperaturas que podem causar queimaduras curáveis (T < 80°C) e
incuráveis (T > 96°C), para tempos de exposição iguais a 100 ms, e propôs modelos para o
cálculo das distâncias seguras para que queimaduras incuráveis não ocorressem (RESENDE,
2016).

Seu trabalho não levou em conta experimentos práticos para investigar a relação do
modelo matemático com e a energia irradiada no curto-circuito trifásico real. Dessa forma,
concluiu que os resultados deveriam ser conservadores e deveria ser baseado nas condições do
sistema onde teria máxima energia irradiada. O método desenvolvido baseia-se no modelo do
arco atuando como uma resistência estática. A Figura 10 mostra o circuito em que Lee
considerou para a modelagem do sistema e o respectivo resultado através do diagrama de fases.
O circuito consiste em uma fonte de tensão 𝐸∞ , a impedância do sistema Zs até o ponto da falta
e a resistência do arco elétrico Ra. Foi desconsiderada a resistência do sistema até o ponto de
falta.
Figura 10. Diagrama fasorial da tensão e corrente para diferentes comprimentos de arco.

Fonte: (LEE, 1982)

Sabe-se, através da teoria de circuitos, que a máxima transferência de potência para 𝑅𝑎


se dá quando |𝑍𝑠 | = |𝑅𝑎 |, o que resulta em |𝐸𝑠 | = |𝐸𝑎 |. Dessa forma para se determinar a
máxima potência transferida da fonte para o arco elétrico, Ralph Lee considerou a resistência
37

do arco igual a impedância da fonte, por consequência a máxima potência do arco será metade
da potência de curto-circuito naquele ponto (RESENDE, 2016). Logo, o cálculo da energia
incidente pode ser determinado conhecendo a corrente máxima de curto-circuito trifásica, o
tempo total de duração do arco elétrico e a distância do trabalhador a partir da origem do arco,
resultando na Equação 2, a seguir:

0,512xIxVxtA
E= (2)
D2

onde:

E: Energia Incidente (cal/cm²);

I: Corrente de curto-circuito (kA);

V: Tensão de linha (V);

tA: Tempo de duração do arco (s);

D= Distância de trabalho do ponto do arco elétrico (pol).

A metodologia de Ralph Lee oferece baixa complexidade para o cálculo da energia,


podendo ser facilmente aplicada se conhecido os parâmetros da equação. Ralph Lee chegou a
apresentar, para um tempo de exposição de 100ms e para determinadas distâncias, qual a
potencia do arco causaria queimaduras curáveis e incuráveis (Tabela 4).

Tabela 4. Potência do Arco x Distância

Distância Potência do Arco - MW


Polegadas cm Curável Incurável
20 50 5,2 7
24 61 7,5 10
330 76,2 11,8 16
36 81,4 17 23
60 152,4 47 64
120 304,8 189 256
Fonte: (RESENDE, 2015)

O modelo matemático apresenta coerência em sua construção, no entanto alguns


aspectos importantes não foram levados em consideração na sua elaboração. Primeiramente,
considerar a resistência do arco igual a impedância da rede não se confirma, uma vez que
dificilmente ocorrerá em casos práticos. Outro aspecto desconsiderado é de que o arco apresenta
38

comportamento dinâmico, modificando seu valor durante o tempo. Também se considerou


como toda a energia elétrica convertida em energia incidente, uma vez que parte dessa energia
é consumida no processo de fusão e vaporização dos condutores e deslocamento de ar. A
inexistência de uma forma para calcular a corrente de arco e a falta de estudo do confinamento
do arco são fatores que limitaram o trabalho desenvolvido.

Por outro lado, essa foi a única referência para se determinar a energia incidente oriunda
de um arco elétrico, mostrando-se um bom recurso para situações com configuração aberta até
600 V. Na medida em que apresentam-se sistemas com faixas de tensões mais elevadas, o
método se torna ineficaz, não sendo aplicado em pátio de subestações, linhas de transmissão e
redes de distribuição.

2.3.2 Método de Doughty-Neal

Doughty e Neal (1997) deram sequência ao trabalho de Ralph Lee, apresentando um


progresso em relação ao método do último. Sua pesquisa é resultado de uma série de testes em
laboratório com resultados obtidos através de medições com sensores (Figura 11) nas
configurações aberta (a) e fechada (b), e foi realizada ao longo de três artigos, sendo que no
último denominado Predicting Incident Energy to Better Manage the Electric Arc Hazard on
600 V Power Distribution Systems estão apresentadas as fórmulas de cálculo.

Figura 11. Testes realizados em laboratório.

(a) (b)
Fonte: (RESENDE, 2015)
39

O trabalho de Doughty e Neal (1997) possibilitou uma maior compreensão do fenômeno


do arco elétrico e também no aperfeiçoamento no método de cálculo da energia incidente, além
de corroborar com os estudos de Lee, mostrando que nem toda a energia da fonte é convertida
em energia incidente.

Os ensaios mostraram que para sistemas em 600 V em configurações abertas, a energia


incidente medida ficou próxima de 80% do máximo teórico. Por outro lado, para sistemas em
2400 V, as medições fiaram próximas de 40%. Já para configurações fechadas os calores de
energia incidente podem ser até três vezes maiores do que para configurações abertas. A Figura
12 mostra como a energia incidente se torna maior para a configuração aberta (open arc) e para
configuração fechada (arc in box) conforme a corrente de falta aumenta.

Figura 12. Energia Incidente para as configurações aberta e fechada em função da corrente de falta.

Fonte: (DOUGHTY; NEAL, 1998)

Abaixo estão apresentadas as equações para cálculo da energia incidente nas


configurações abertas e fechadas, conforme método de Doughty-Neal:

EMA=5271. D−1,9593 tA (0,0016. I2 − 0,0076. I + 0,8938) (3)

EMB=1038,7. D−1,4738 tA (0,0093. I2 − 0,3453. I + 5,9675) (4)


onde:

EMA: Energia Incidente em configurações abertas (cal/cm²);

EMB: Energia Incidente em configurações fechadas (cal/cm²)


40

D: Distância do arco ao indivíduo (in);

tA: Tempo de duração do arco (s);

I: Corrente de curto-circuito no ponto estudado (kA).

Verificou-se que as equações possuem uma dependência linear da energia incidente com
o tempo de duração do arco elétrico, o que se torna importante para definir medidas de
atenuação do arco.

A metodologia de Doughty-Neal representou um avanço na determinação da energia


incidente, apresentando um método mais eficiente de cálculo de do que o proposto por Lee.
Apesar de possuir a limitação de ser aplicado em sistemas de até 600 V e corrente de curto
circuito entre 16 e 50 kA, o método engloba uma esfera significativa de sistemas em que pode
ser aplicado o método, uma vez que são inúmeros os painéis elétricos existentes na indústria
com esse nível de tensão.

2.3.3 Método IEEE 1584

No ano de 2000, o IEEE (Institute of Electrical and Electronic Engineers) concluiu um


trabalho que se tornou o método de cálculo de energia incidente mais difundido devido a sua
abrangência. O estudo considerou trabalhos desenvolvidos até então, passando por Ralph Lee,
Doughty-Neal e outros estudos complementares.

O IEEE Standard 1584 –2002 - Guide For Performing Arc-flash Hazard Calculation,
apresentou uma metodologia que estendeu os limites de aplicação do cálculo de energia
incidente, podendo ser utilizado em sistemas trifásicos, em configurações abertas ou fechadas
e em baixa ou média tensão (RESENDE, 2016). Riscos relativos a estilhaços e projeções de
metais derretidos, ondas de pressão e fumaça tóxica não foram contempladas no estudo.

A Tabela 5 mostra os limites de aplicação da metodologia.


41

Tabela 5. Limites de aplicação do método IEEE 1584.

PARÂMETRO FAIXA DE APLICAÇÃO


Nível de Tensão 0,208 a 15 kV
Frequência 50 ou 60 Hz
Corrente de Falta 0,7 a 106 kA
Distância entre fases (GAP) 13 a 152 mm
Barramentos expostos, CCM, conjunto de manobra,
Equipamento
painéis, disjuntores, cabos
Isolado, solidamente isolado, aterrado por alta
Aterramento
impedância, aterrado por baixa impedância
Número de Fases 3
Fonte: (RESENDE, 2016)

Para o desenvolvimento do método são necessárias as seguintes informações:

 Tensão nominal;
 Corrente de curto-circuito trifásica;
 Tipo de instalação: barramento exposto ou encapsulado;
 Tipo de equipamento: conjunto de manobra, CCM, cabos;
 Distância entre os condutores no local do arco elétrico (gap);
 Tipo de aterramento do neutro dos transformadores;
 Tempo de atuação dos dispositivos de proteção;
 Tempos de abertura de disjuntores.

2.3.3.1 Corrente de Curto-circuito

Como já dito anteriormente, a corrente de curto-circuito durante um arco elétrico sofre


um decréscimo em relação a corrente de curto sem a presença do arco devido a impedância que
surge na área por onde se dá o arco elétrico. Devido ao fato de que em sistemas de média tensão
esse decréscimo não ser tão significativo quanto em sistemas de baixa tensão, são propostas
duas fórmulas de cálculo para corrente limitada por arco, uma para média tensão (Equação 5) e
outra para baixa tensão (Equação 6).

Tensão abaixo de 1 kV:

log(𝑎) =K+0,662xlog(Ibf)+0,0966xV+0,000526xG
+0,5588xVxlog(Ibf)-0,00304xGxlog(Ibf) (5)
42

Tensão maior ou igual a 1 kV:

log(Ia)=0,00402+0,983xlog(Ibf) (6)

onde:

Ia: corrente de curto-circuito limitada por arco elétrico (kA);


K: -0,097 (configurações fechadas) ou -0,153 (configurações abertas);
Ibf: corrente de curto-circuito transitória simétrica eficaz (kA);
V: tensão do sistema (kV);
G: distância entre os condutores (mm).

Deve-se calcular a corrente correspondente a 85% do valor de Ia levando em


consideração que podem ocorrer situações de pequena variação de corrente que pode influenciar
no tempo de atuação da proteção do sistema, acarretando em resultados conservadores para o
cálculo de curto-circuito.

2.3.3.2 Energia Incidente Normalizada

O cálculo da energia incidente normalizada é uma etapa matemática intermediária para


a determinação da energia incidente final. Essa energia deve ser calculada considerando uma
distância de trabalho de 610 mm e um tempo de atuação de proteção de 200 ms (relé +
disjuntor). O cálculo é realizado através da seguinte equação:

log(En)=K1+K2+1,081×log(Ia)+0,0011×G (7)

onde:

En: Energia Incidente normalizada (J/cm²);


K1: -0,555 (barramento encapsulado) ou -0,792 (barramento aberto);
K2: 0 (não aterrados ou aterrados com alta resistência) ou -0,113 (sistemas aterrados);
Ia: Corrente de curto-circuito limitada por arco elétrico calculada (kA);
G: distância entre os condutores (mm).
43

2.3.3.3 Cálculo da Energia Incidente

Antes de chegar ao valor final de energia incidente (E) é necessário obter o tempo de
atuação dos relés e disjuntores, curvas dos fusíveis e elos fusíveis, bem como a distância entre
a fonte do arco elétrico e o trabalhador. Também é necessário conhecer o espaçamento entre os
condutores das três fases.

A IEEE disponibiliza valores típicos para essas variáveis. A Tabela 6 apresenta a


distância da cabeça e o tronco para o ponto do arco elétrico, e não das mãos uma vez que que
na cabeça e no tronco que acontecem as lesões mais graves.

Tabela 6. Classes de equipamentos e distâncias de trabalho.

TIPO DE EQUIPAMENTO DISTÂNCIA TÍPICA DE TRABALHO (mm)


Conjunto de manobra 15 kV 910
Conjunto de manobra 5 kV 910
Conjunto de manobra de baixa tensão 610
CCMs e panéis de baixa tensão 455
Cabos 455
Outros Determinar em campo
Fonte: (RESENDE, 2016)

Além da distância de segurança, a IEEE-1584b de 2011, apresenta os tempos usuais


para os tempos de abertura de disjuntores conforme o nível de tensão. Apesar das diferenças
entre fabricantes, tecnologia empregada e configurações do equipamento, a Tabela 7 se
apresenta como uma boa referência quando a tarefa de obtenção dos dados em campo for
onerosa.

Tabela 7. Tempos típicos de operação de disjuntores em 60 Hz.


TIPO DE DISJUNTOR tABERTURA (CICLOS) tABERTURA (s)
Baixa Tensão (<1000 V) 3 0,05
Média Tensão (1-35 kV) 3-5 0,05 - 0,08
Alta Tensão 3 0,05
Obs.: Essa tabela não considera os tempos de operação dos relés externos.
Fonte: (RESENDE, 2016)

A Tabela 8 apresenta os fatores de distância x e as distâncias típicas de espaçamento


entre os barramentos (G). O fator de distância x está relacionado ao nível de tensão e a
geometria envolvida. O mesmo foi obtido empiricamente ao longo dos ensaios realizados e
44

considerados para a elaboração da metodologia IEEE. O fator x não é, portanto, um dado a ser
obtido em campo (RESENDE, 2016).

Tabela 8. Fator "x" e distância entre condutores para tipos de equipamentos e classes de tensão.

GAP ENTRE
TENSÃO TIPO DE FATOR DE
CONDUTORES
NOMINAL (kV) EQUIPAMENTO DISTÂNCIA x
(mm)
Exposto 10 – 40 2
Conjunto de Manobra 32 1,473
0,208 – 1
CCM e painéis 25 1,641
Cabos 13 2
Exposto 102 2
>1–5 Conjunto de manobra 13 – 102 0,973
Cabos 13 2
Exposto 13 – 152 0,973
>5 – 15
Cabos 13 2
Fonte: (RESENDE, 2016)

Após a coleta dos dados de energia incidente normalizada (En), distância de trabalho e
tempo de atuação das proteções, passa-se ao cálculo da energia incidente final (E). Para a
variável tempo cabe ressaltar que é a soma do tempo de abertura do disjuntor e do relé. Para
instalações em baixa tensão protegidos apenas por disjuntor considera-se apenas o tempo de
atuação desse. Para circuitos protegidos por fusíveis deve ser considerado o tempo de atuação
do fusível. A Equação 8 mostra o método de cálculo para a energia incidente.

𝑡 610𝑥
E=Cf×En× ( )×( 𝑥 ) (9)
0,2 𝐷

onde:

E: Energia Incidente normalizada (cal/cm²);


Cf: Fator de tensão: 1 (tensão > 1 kV) ou 1,5 (tensão ≤ 1 kV);
En: Energia incidente normalizada (J/cm²);
D: Distância (mm) do ponto do arco elétrico até o trabalhador;
G: distância entre os condutores (mm).
45

2.3.3.4 Distância de Segurança

Reajustando a Equação 9 podemos determinar a distância segura de operação, a qual a


energia incidente não cause lesões por queimadura de 2º graus ao indivíduo. Essa distância será
considerada a distância segura de aproximação para as pessoas sem utilização de medidas de
proteção. Segundo Stoll e Chianta (1971), o valor de energia incidente para esse caso é de 1,2
cal/cm². A Equação 10 apresenta o método de cálculo.

1
𝑡 610𝑥 𝑥
𝐷𝐵 = [4,184 × 𝐶𝑓 × ( ) × ( 𝐵 )] (10)
0,2 𝐸

onde:

DB: Distância de segurança (mm²);


EB: Valor de energia incidente que não provoca queimadura de 2º graus (1,2 cal/cm²);

A Figura 13 apresenta um fluxograma da metodologia IEEE.


Figura 13. Fluxograma para o cálculo de energia incidente segundo a IEEE-1584.

Fonte: (RESENDE, 2016)


46

A metodologia IEEE-1584 requer um maior número de informações para o cálculo de


energia incidente que o método de Ralph Lee e Doughty-Neal, tornando-se mais trabalhosa para
aplicar. No entanto os resultados alcançados correspondem mais fielmente com os valores
verificados em testes.

2.4 COMPARAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS

Dentre as metodologias apresentadas, o método IEEE-1584 e Doughty-Neal têm maior


utilização e apresentam resultados parecidos para tensões até 600 V. De 600 V a 15 kV o
método IEEE se mostra mais eficaz. O método de Ralph Lee apresenta bons resultados em
configurações de até 600 V, porém somente em configurações abertas. Abaixo, no Quadro 3 e
Tabela 9, estão apresentados, respectivamente, um quadro resumo dos métodos de cálculo e
outro quadro com os limites de aplicação de cada um.

Quadro 3. Quadro resumo dos métodos de cálculo de energia incidente.

Método Limites/Parâmetros
Calcula a energia incidente e a distância de
segurança do arco elétrico em configurações
Ralph Lee, "The Other Electrical Hazard:
abertas; conservadora para tensões acima de
Electrical Arc Flash Burns"
600 V e se torna ainda mais conservadora à
medida que a tensão aumenta
Calcula a energia incidente para arcos
Doughty-Neal, "Predicting Incident Energy
trifásicos em sistemas até 600 V; aplica-se a
to Better Manage the Electrical Arc Hazard
correntes de curto-circuito entre 16 kA e 50
on 600 V Power Distribution Systems"
kA .
Calcula a energia incidente e a distância de
segurança do arco elétrico para: 208 V a 15
IEEE 1584, Guide for Performing Arc Flash kV; trifásico; 50 Hz a 60 Hz; corrente de
Calculations curto-circuito de 700 a 106.000 A; e
espaçamento entre condutores de 13 mm a
152 mm.
Fonte: Adaptado (RESENDE, 2016)

Tabela 9. Limites de aplicação dos métodos.

Métodos de Cálculo de Até 600 V 601 V a 15 kV Maior que 15 kV


Energia Incidente 1Ø 3Øa 3Øb 1Ø 3Øa 3Øb 1Ø 3Øa 3Øb
Ralph Lee S-C S S-C S-C N N² N² N² N²
Doughty-Neal S-C S S N N N N N N
IEEE-1584 S S S S S S N N N
Fonte: Adaptado (RESENDE, 2016)
47

1 Ø: Monofásico - configuração aberta


3 Ø a: Trifásico - configuração aberta
3 Ø b: Trifásico - configuração fechada (box)
S: Resultado aceitável para o tipo de arco elétrico
N: Resultado não aceitável para o tipo de arco elétrico
S-C: Resultado aceitável para o tipo de arco elétrico, porém muito conservador

Uma tendência na indústria dos dias atuais é a utilização de equipamento elétricos


encapsulados visando a diminuição dos índices de choques elétricos. Dessa forma fabricantes
tem atentado cada vez mais para riscos relativos ao arco elétrico em configurações fechadas.

Ainda, segundo Resende (2016), para instalações elétricas aéreas, subestações


desabrigadas, linhas de transmissão e para o SEP em geral, os métodos de Doughty-Neal e IEEE
não são recomendados, restringindo pelos próprios limites de aplicação.

2.5 NORMATIVAS

2.5.1 Normas Internacionais

Como informa Resende (2016), em 1970, nos Estados Unidos, a Occupational Safety
and Health Act (OSH Act) foi aprovada com o intuito de impedir que os trabalhadores sofressem
ferimentos ou viessem a óbito em seus locais de trabalho, definindo ser de responsabilidade dos
empregadores a garantia do local de trabalho seguro. Essa lei criou a OSHA, Occupational
Safety and Health Administration, que estabelece e aplica as normas de segurança no trabalho
nos Estados Unidos.

A NFPA 70E, aprovada pelo American National Standards Institute – ANSI, tem o
objetivo de ajudar empresas e trabalhadores a evitar acidentes e mortes devido a choque, arco
elétrico e explosão devido ao arco. Além disso, inclui outros procedimentos como seleção de
EPI adequado, condições de trabalho, e treinamento de funcionários.

Por fim, ainda apresenta definições quanto aos riscos associados ao arco elétrico,
avaliando riscos, definindo distâncias seguras e especificação de EPI, além de relacionar as
categorias de EPI de acordo com o nível de arco elétrico.

2.5.2 Normas Nacionais

As Normas Regulamentadoras (NR) são diretrizes e procedimentos, divididos em 36


NRs, sendo classificadas de acordo com as características e atividades exercida em cada
48

trabalho, cada qual elaborada por profissionais especializados com o objetivo de promover a
segurança e a saúde no trabalho. Tais normas passaram a ter cumprimento obrigatório em locais
que possuam trabalhadores conduzidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em 1978
quando aconteceu a aprovação das normativas, através da portaria nº3.214 regulamentadas pelo
Ministério do Trabalho e Emprego.

Dentre as NR aprovadas, estava a primeira versão da Norma Regulamentadora nº10 –


Instalações e Serviços de Eletricidade, que veio a passar por uma alteração em 2004, passando
a ser intitulada de Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade. De acordo com
Resende (2016), a necessidade da atualização da NR-10 surgiu na década de 90, especialmente
em 1998, quando se iniciou o processo de privatização do setor elétrico. O processo atingiu
80% da distribuição e 20% de geração, o que incorreu em significativas mudanças no processo
e organização do trabalho no setor de energia elétrica.

A norma só entrou em vigor a partir de 2006, 24 meses após sua publicação, devido aos
prazos concedidos para o cumprimento dos itens da nova NR-10. Ela está em vigor há 10 anos
no país, no entanto ainda são inúmeros os casos de desconformidades encontrados nas empresas
espalhadas pelo território, evidenciando que o tema da segurança ainda não é prioridade em
muitos locais.

Quanto o assunto é arco elétrico, a norma se mostra deficitária. A norma não faz
menções claras e específicas a respeito dos perigos relacionados nem mesmo apresenta
avaliações de riscos, distância de segurança e nem mesmo a NR-6 (Equipamentos de Proteção
Individual), apresenta especificações de EPI relacionados aos riscos associados ao arco elétrico.

Apenas 3 itens podem ser relacionados a segurança envolvendo arco elétrico, são eles,
alínea (c) do item 12.2.4, o item 12.2.9.2 e alínea (a) do item 10.3.9. Onde os dois primeiros
discorrem sobre as especificações de EPI e adequação das vestimentas de trabalho quanto à
inflamabilidade e o último discorre a respeito da proteção contra queimaduras.

No entanto, na falta de informações a respeito da segurança envolvendo arco elétrico, o


Ministério Público, no uso de suas competências, estabeleceu as “normas técnicas de ensaios e
os requisitos obrigatórios aplicáveis aos Equipamentos de Proteção Individual – EPI
enquadrados no Anexo I da NR-6. Dessa forma, os normativos americanos e internacionais
devem ser atendidos nos testes de EPI contra arco elétrico que são comercializados no Brasil.
49

Percebe-se, no Brasil, uma forte defasagem normativa quando o assunto é proteção


contra os efeitos do arco elétrico. Apesar da NR-10 de 2004 refletirem o aprimoramento técnico
e intensificarem as discussões no campo da segurança e saúde ocupacional envolvendo serviços
em eletricidade, persiste no país um desconhecimento e falta de entendimento relativo a
aplicabilidade e obrigatoriedade das normas nacionais e internacionais.

3 METODOLOGIA

O presente trabalho fez uso da abordagem quantitativa de pesquisa, o que significa


traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las (MENEZES e
SIILVA, 2005).
50

Para alcançar os objetivos do trabalho foi utilizado o método dedutivo que, segundo
Menezes e Silva (2005), tem o objetivo de explicar o conteúdo das premissas, partindo da
análise do geral para o particular a fim de se chegar a uma conclusão. As etapas da pesquisa
estão apresentadas no Quadro 4.

Quadro 4. Etapas de realização do trabalho.

ETAPA

1 O fenômeno do arco elétrico e a energia incidente.

2 Métodos de cálculo de energia incidente.

3 Coleta de dados do sistema

4 Cálculos de curto-circuito

5 Cálculo de energia incidente

6 Análise dos resultados e propostas de melhorias


Fonte: (AUTOR, 2019).

1ª Etapa: O fenômeno do arco elétrico e a energia incidente


Nesta etapa procurou-se descrever o arco elétrico, investigando sua natureza física,
como ele surge e sua principal consequência: a energia incidente. Buscou-se apresentar as
características do arco elétrico e os riscos associados à energia incidente bem como formas de
proteção contra ele, abordando as vestimentas antichamas e como determinar corretamente
quais e quais tipos de vestimenta o trabalhador deve utilizar conforme cada caso. Para esta
etapa, foram utilizados artigos, pesquisas e estudos de caso como referência.

2ª Etapa: Métodos de cálculo de energia incidente


Para a determinação das vestimentas antichamas e procedimentos seguros de trabalho,
deve-se ter conhecimento dos níveis de energia incidente do sistema. Portanto foi apresentado
os métodos de cálculos existentes, apresentando suas particularidades e limites de aplicações.

3ª Etapa: Coleta de dados do sistema


51

Nesta etapa realizou-se a coleta das informações do sistema elétrico do prédio do


DCEeng da UNIJUI, averiguando forma de funcionamento, capacidade dos equipamentos
instalados, coleta de documentos como diagrama unifilar da instalação e análise das
informações nos locais em estudo. Os locais analisados foram a subestação e o Quadro Geral
de Baixa Tensão (QGBT), levando em consideração a normativa IEEE-1584-2002.

4ª Etapa: Cálculos de curto-circuito


Através da utilização do software SKM Power Tools foi possível analisar os níveis de
curto-circuito e curto-circuito limitado por arco nas barras da instalação. Essa é uma etapa
importante, visto que o nível de curto-circuito influencia nos níveis de energia incidente.

5ª Etapa: Cálculo de energia incidente


Para determinação dos níveis de energia incidente desenvolveu-se uma rotina de cálculo
em Matlab, uma vez que o software SKM Power Tools não era capaz de realizar os cálculos
com as condições reais da instalação.

6ª Etapa: Análise dos resultados e propostas de melhorias


Após realizados todos os cálculos e simulações computacionais, apresenta-se os
resultados dos cálculos obtidos e determina-se o tipo de vestimenta que se deve utilizar numa
eventual intervenção nas instalações elétricas. Também são propostas melhorias que possam
ser realizadas a fim de manter o sistema em perfeito funcionamento.
52

4 ESTUDO DE CASO

4.1 LEVANTAMENTO DE DADOS DO SISTEMA

A instalação elétrica em análise apresenta cargas que operam em um nível de tensão


trifásico de 380 V e monofásico de 220 V. A subestação principal recebe energia da
concessionária em 23,1 kV e rebaixa esse nível de tensão para 380 V, distribuindo para os
demais quadros de distribuição da instalação. A Figura 14 apresenta o diagrama unifilar
simplificado da instalação.

Figura 14. Diagrama unifilar simplificado da instalação.

Fonte: (AUTOR, 2019).

O sistema é atendido por um transformador trifásico de 75 kW, que é responsável por


fornecer energia para o QGBT, que por sua vez, distribui para os circuitos da instalação
composto por tomadas de força, iluminação e climatização. Cabe ressaltar que o conjunto
gerador não está conectado à instalação. O diagrama unifilar completo é apresentado no Anexo
I, enquanto que o diagrama unifilar da subestação pode ser visto no Anexo II.

Conforme o levantamento realizado, calcula-se a demanda da instalação conforme a


Equação 11.

D= a + b + c + d + e + f (11)
53

onde:

D: demanda;
a: demanda de iluminação e tomadas;
b: demanda dos aparelhos para aquecimento (chuveiros, aquecedores, fornos, fogões, etc.);
c: demanda dos aparelhos climatizadores de ar e/ou condicionadores de ar tipo janela;
d: demanda das unidades centrais de condicionadores de ar, em kVA, calculadas a partir das
respectivas correntes máximas totais (valores a serem fornecidos pelos fabricantes),
considerando o fator de demanda de 100%;
e: demanda dos motores elétricos e máquinas de solda a motor;
f: demanda das máquinas de solda a transformador, aparelhos de eletrogalvanização e de raio
X;
Obs: todos os valores expressos em kVA.

O Regulamento de Instalações Consumidoras (RIC) do Departamento Municipal de


Energia de Ijuí (DEMEI), apresenta os fatores de demanda iluminação e tomadas (Tabela 10) e
para cargas de climatização (Tabela 11).

Tabela 10. Fatores de Demanda para Iluminação e Tomadas Carga mínima e fatores de demanda
para iluminação e tomadas.
CARGA MÍNIMA
DESCRIÇÃO FATOR DE DEMANDA %
(W/m²)
Bancos 50 86
Clubes e semelhantes 20 86
Igrejas e semelhantes 15 86
Lojas e semelhantes 30 86
Restaurantes e
20 86
semelhantes
Auditórios, salões para
15 86
exposições e semelhantes
Barbearias, salões de
30 86
beleza e semelhantes
Garagens, depósitos, áreas
5 86
de serviço e semelhantes
Fonte: RIC 100 para os primeiros 20kW
Oficinas 30DEMEI (2017).
35 para o que exceder de 20kW
100 para os primeiros 40kW
Postos de abastecimento 20
Tabela 11. Fatores de Demanda para climatização – Comercial.
35 para o que exceder de 20kW
54

POTÊNCIA INSTALADA 86 para os primeiros 12kW


Escolas e semelhantes 30
EM APARELHOS 50 DEMANDA
FATOR DE para o que exceder
(%) de 12kW
(kVA) 40 para os primeiros 50kW
Hospitais e semelhantes
1 a 25 20 100 o que exceder de 50kW
20 para
26 a 50 5090para os primeiros 20kW
51 a 100
Hotéis e semelhantes 20 4080para os seguintes 80kW
Acima de 100 70 o que exceder de 100kW
30 para
Potência P (kW) 8 < P  9 40
0<P1 86 9 < P  10 37
1<P2 80 10 < P  11 35
2<P3 74 11 < P  12 33
Residências 30 3<P4 66 12 < P  13 31
4<P5 58 13 < P  14 30
5<P6 52 14 < P  15 29
6<P7 47 15 < P 28
7<P8 43

Fonte: RIC DEMEI (2017).

Conforme análise da instalação tem-se o seguinte valor de carga instalada:

 Iluminação: 21,48 kW
 Tomadas: 106,08 kW
 Climatizadores: 45,92 kVA

Para as cargas de iluminação e tomadas aplicou-se o fator de demanda definido para


escolas e semelhantes e para a carga de climatização o fator correspondente para potência
instalada de 26 a 50 kW. Os cálculos estão apresentados abaixo:

 Iluminação e tomadas: Conforme Quadro 15.


Total= 127,56 kW.
D12= 12 kVA x f (12)
D12= 12 kVA x 0,86
D12= 10,32 kVA

Dex= (CTotal – 12.000) x f (15)


55

Dex= (127.560 W – 12.000) x 0,5


Dex= 57,78 kVA

DI,T= D12 + Dex (16)


DI,T= 10,32 kVA + 57,78 kVA
DI,T= 68,10 kVA

 Climatizadores: Conforme Quadro 14.


Total= 45,92 kVA.
Dclim= Cclim x f (17)
Dclim= 45.920 VA x 0,9
Dclim= 41,33 kVA

 Demanda total calculada:


DTotal= DI,T. + DClim. (18)
DTotal= 68,10 kVA + 41,33 kVA
DTotal= 109,43 kVA
onde:
CI,T: carga total instalada para iluminação e tomadas.
D20: demanda para os primeiros 20 kVA.
Dex: demanda para a carga excedente.
Cclim: carga total instalada de climatização.
Dclim: demanda para climatização.
Dtotal: demanda total da instalação.

4.2 ESTUDO DE CURTO CIRCUITO

Primeiramente, para chegar-se aos valores de energia incidente, é necessário conhecer


os níveis de curto circuito da instalação. Conforme apresentado anteriormente, os níveis de
curto circuito são fator determinante para o valor final da energia incidente, uma vez que são
proporcionais. Para encontrar os valores das correntes de curto circuito no barramento do
transformador e do QGBT foi utilizado o software SKM Power Tools for Windows (PTW),
versão 8.0.2.7. Esse software realiza simulações de curto circuito, qualidade de energia,
seletividade, partida de motores, energia incidente, entre outros. Para esse estudo foram
utilizados os módulos de curto circuito (DAPPER) e seletividade (CAPTOR). Para os cálculos
de energia incidente, e posterior definição das vestimentas antichamas, foi desenvolvido um
programa no software MATLAB (Anexo III). Cabe ressaltar que, se tratando de uma versão
demonstração do software, não foi possível executar as simulações com os equipamentos reais
presentes na instalação, portanto foi utilizado equipamentos genéricos, mas com configurações
56

iguais ou próximas e que proporcionam resultados condizentes com a realidade. O software é


capaz de realizar cálculos de curto circuito em mais de uma metodologia, mas para esse caso o
método considerado foi o IEC-60909, enquanto que para os níveis de energia incidente,
utilizou-se a IEEE 1584.

As correntes de curto-circuito da entrada da subestação, conforme dados fornecidos pela


concessionária, são:

𝐼3Ø = 3298,37𝐴

𝐼1Ø𝑇 = 892,74𝐴

Rel. X/R= 5,47

Analisar o perfil da carga da instalação é um passo importante para os cálculos de curto-


circuito, pois cargas como motores de indução contribuem consideravelmente com as correntes
de curto circuito. No caso da instalação estudada tal cálculo não é necessário considerar na
análise pois o tempo de contribuição das cargas rotativas é muito pequena, de acordo com a
IEC-60909.

4.3 BARRAMENTOS

Para a avaliação dos barramentos, deve-se observar os valores das correntes térmica e dinâmica
do painel. A corrente térmica está relacionada com a suportabilidade (temperatura) dos barramentos e
deve ser maior que a corrente de curto-circuito transitória (Ib) naquele ponto. O barramento deve
suportar essa corrente por até 1 s sem sofrer danos. A corrente dinâmica está relacionada com o esforço
mecânico que os barramentos experimentam durante o curto-circuito (RESENDE, 2016). Ou seja:

Idinâmica>IP
Itérmica>Ib

Para o presente trabalho, a avaliação de curto-circuito através do módulo DAPPER do


software SKM, será importante para determinar os níveis de energia incidente oriunda de arcos
elétricos, pois ele fornece os valores de Ip, I”k, Ib e Ik. Para o estudo de energia incidente, tanto
para curto-circuito máximo e curto-circuito mínimo, as correntes I”k e Ik serão especialmente
importantes.
57

4.4 DISJUNTORES

Disjuntores são equipamentos com a finalidade de estabelecer, conduzir, interromper e


suportar correntes elétricas sob condições normais de operação (tensão máxima de rede) e nas
condições anormais (curto-circuito, por exemplo), sendo indispensáveis em qualquer sistema
elétrico, independente da sua tensão de operação ou dimensões da instalação.

Primeiramente, o disjuntor deve ser capaz de identificar condições de falta no circuito,


como na ocorrência de curto-circuito. Todo equipamento deste tipo é especificado através da
sua Capacidade de Interrupção Nominal (Isc), que deve ser maior que a corrente Ib assimétrica,
definida anteriormente, para um tempo equivalente ao de abertura do disjuntor. Quando não
conhecido o tempo de abertura é recomendado utilizar Ib para 5 ciclos.

Outra análise importante é a capacidade de estabelecimento do disjuntor que é definida


como a capacidade de fechamento do disjuntor sob um curto-circuito já estabelecido, operando
sob tensão nominal. Corresponde ao maior valor de corrente que o disjuntor é capaz de
estabelecer (fechar e travar) quando operado sob tensão nominal (SAMPAIO, 2012). Para o
presente estudo, composto somente por disjuntores de baixa tensão esse valor é igual a 2,2 vezes
a corrente nominal e esta corrente deve ser maior que a máxima corrente de pico (Ip), também
definida anteriormente. Os disjuntores de baixa tensão são chamados de termomagnético, onde
atuam termicamente para detectar sobrecargas, e magneticamente para detectar curtos-circuitos.
Podem ser em caixa moldada ou caixa aberta e isolados a ar, óleo ou SF6. Para este trabalho,
estão presentes somente disjuntores em caixa moldada isolados a ar.

4.5 COORDENOGRAMAS

Os coordenogramas são gráficos de corrente por tempo (I x t), representados em escala


log-log, onde se esboçam as curvas de suportabilidade dos elementos protegidos e as curvas
dos dispositivos que farão a proteção desses equipamentos (RESENDE, 2016).

Na Figura 15 está apresentada o coordenograma atual e diagrama unifilar da instalação


em estudo onde constam: curva de suportabilidade do transformador (TR) e ponto de Inrush
(TX), curva de cabos do lado primário do transformador (CA) e secundários (CB) e as curvas
de atuação dos dispositivos de proteção, fusível (FU) e disjuntores de medição (DG) e disjuntor
geral do QGBT (DQ).
58

Analisando o coordenograma percebe-se que os cabos do lado primário estão protegidos


pelo fusível e os cabos do lado secundário estão protegidos pelo disjuntor (DG). Nessa primeira
análise já se percebe um erro de coordenação, uma vez que o os cabos de baixa deveriam ser
protegidos pelo disjuntor DG e o DQ deveria proteger os barramentos do QGBT.

Figura 15. Coordenograma atual da instalação (esquerda) e diagrama unifilar (direita).

Fonte: (AUTOR, 2019).


O coordenograma permite extrair informações importantes para avaliação dos níveis de
energia incidente no barramentos em estudo. Contanto que as correntes sejam conhecidas, as
curvas dos dispositivos de proteção, nesse caso disjuntor e fusível, fornecem o tempo de
duração do arco elétrico para as corrente de curto-circuito máximo e mínimo que, somando-se
com o tempo de abertura dos dispositivos, chega-se a duração total da falta. No entanto, como
o sistema está descoordenado, e com uma instalação ultrapassada conforme a norma vigente da
concessionária, adotou-se o valor típico de abertura do disjuntor de baixa tensão, mostrado na
Tabela 9, como tempo de abertura, não considerando o tempo de abertura do fusível.

4.6 NÍVEIS DE ENERGIA INCIDENTE


59

Utilizando o método IEEE-1584, apresentado no capítulo 4.3, necessitamos utilizar os


valores das correntes de curto-circuito (I”k e Ik) das barras da instalação em análise, os tempos
de atuação das proteções, extraídos do coordenograma, e as condições físicas da instalação
(distância de trabalho, espaçamento entre os condutores, configuração aberta ou fechada e tipo
de aterramento) para realização do cálculo de energia incidente nas barras da instalação e, por
fim, propor as medidas de controle necessárias e também melhorias no sistema elétrico.

Os resultados obtidos estão na Tabela12.

Tabela 12. Resultados dos cálculos de energia incidente para as barras estudadas.

Tensão Ib Ia td GAP D E Cat. Ds


Barra Icc At
kV kA kA s mm mm cal/cm² Risco mm
I”k
2,7 2,68 0,73
(máx)
QGBT 0,38
Ik
0,05 SA 70 450 0 803
2,56 2.54 0,69
(mín)
I”k
3,6 3,55 0,38
(máx)
SUB 23,1
Ik
0,05 SA 350 910 0 1222
(mín) 3,57 3,52 0,37

Fonte: (AUTOR, 2019).

Na primeira coluna da Tabela 12 identifica o local em análise (QGBT ou subestação),


enquanto na segunda coluna indica o nível de tensão nesse local. A coluna I cc indica qual das
correntes de curto-circuito foi usada para o cálculo de energia incidente, podendo ser as
correntes máximas (I”k) ou correntes mínimas (Ik), uma vez que a metodologia IEEE-1584
recomenda realizar os cálculos para tais correntes. A coluna Ib indica o valor da corrente de
curto circuito na barra. A coluna Ia apresenta o valor de corrente limitada por arco. Para o tempo
de abertura dos dispositivos de proteção (t d) foi considerado somente o tempo típico
demonstrado anteriormente (0,05 s). As colunas At, GAP e D apresentam, respectivamente, as
informações de tipo de aterramento (SA – solidamente aterrado), espaçamento entre os
barramentos e distância típica de trabalho. Para a coluna GAP, os valores foram coletados
através da análise em campo da instalação. O resultado da análise de energia incidente é
apresentado na coluna E. Na penúltima coluna mostra a categoria do risco de energia incidente,
para determinação da roupa de proteção conforme a NFPA-70E, apresentado no Capítulo 3, e
a última apresenta a distância segura de trabalho.

4.7 ANÁLISE DOS RESULTADOS


60

Analisando a Tabela 12 e os dados da instalação percebe-se que as barras em estudo não


apresentam nível de incidente crítico, sendo que ficaram abaixo de 1 cal/cm², tanto para níveis
de curto-circuito máximo e mínimo. Um ponto interessante para análise é que a resistência de
arco elétrico reduziu a corrente de falta, mas não significativamente, devido ao nível de curto
não ser tão elevado e o tempo de atuação das proteções considerado ser baixo.

Apesar do nível baixo de energia incidente, o uso de materiais de proteção é


indispensável. Para a instalação em estudo recomenda-se o uso de equipamentos categoria de
risco zero, ou seja, o usuário deve estar munido de roupa de proteção em fibra natural, não
tratada e não fundível, camisa de manga comprida, calças compridas, óculos de segurança,
protetor auricular e luvas de couro.

O principal problema da instalação encontra-se no dimensionamento da subestação e


nas proteções da instalação, como mostrado no coordenograma (Figura 16), o sistema encontra-
se totalmente descoordenado, apresentando chave fusível, dimensionamento do transformador,
conforme cálculo de demanda, tipo de medição e coordenação dos disjuntores em desacordo
com as normas vigentes da concessionária. Tais problemas de dimensionamento do sistema
pode ocasionar em problemas graves de sobrecarga no sistema, podendo danificar o
transformador, cabos elétricos, proteções e, podendo até danificar os aparelhos ligados à
instalação.
61

5 CONCLUSÃO

Tendo em vista o aumento do número de acidentes com trabalhadores e usuários de


instalações elétrica, resultando em lesões para as pessoas, danos materiais para empresas, e até
mesmo fatalidades, é que se percebeu que os estudos de arco elétrico e energia incidente
deveriam ser aprofundados. Desde as primeiras abordagens a respeito do tema, apresentadas
por Ralph Lee, e tendo como base os dados de aumento do número de acidentes, muito se
evoluiu e, paralelamente, as medidas de controle ao risco do mesmo. No entanto, tomando como
base o cenário nacionail, faz-se necessário desenvolver normas que detalhem o assunto da
energia incidente e as medidas de proteção.

O arco elétrico apresenta um comportamento caótico, devido a forças de atração e


repulsão criadas pelas correntes elétricas. Esse comportamento faz com que o seu estudo e
determinação de sua impedância seja onerosa. Também, como resultado desse comportamento
caótico, os trabalhadores estão expostos aos riscos associados a ele como fumaça tóxica, luz
intensa, onda de pressão dos gases em expansão e enormes ondas de calor, sendo esta a maior
causadora dos maiores prejuízos à saúde das pessoas.

As formas de proteção do trabalhador contra os efeitos da energia incidente podem se


dar de diferentes formas, sendo pela utilização de roupas de proteção, caracterizando-se como
uma barreira de proteção para o indivíduo, ou eliminando o risco. Para casos onde não há a
possibilidade de eliminação do risco, emprega-se técnicas de diminuição da corrente de curto-
circuito através da diminuição do tempo de atuação dos dispositivos de proteção, sempre
observando o correto funcionamento do sistema, reduzindo consideravelmente os níveis de
energia incidente.

Com o objetivo de determinar os níveis de energia incidente, foram apresentados


diferentes métodos de cálculo. Tais métodos possuem limites de aplicação e são indicados para
determinadas situações, de acordo com as características do sistema. O método IEEE-1584
apresenta uma metodologia que amplia os limites de aplicação do cálculo de energia incidente
e que acabou sendo utilizada para o desenvolvimento deste trabalho. Os resultados obtidos
servem de base para a determinação das medidas aplicáveis para diminuição dos níveis de
energia incidente e especificação das vestimentas antichamas.
62

No estudo realizado os níveis de energia incidente foram baixos, sendo utilizado


somente a forma de controle do uso de EPIs categoria de risco “0” (zero). O principal problema
encontrado diz respeito ao dimensionamento da instalação, onde é evidente estar
completamente desatualizada tendo em vista a carga instalada e o tipo de fornecimento do local.

5.1 PROPOSTA DE CONTINUIDADE

Como proposta de continuidade do estudo apresentado, sugere-se realizar um novo


projeto da subestação da instalação, observando as normas vigentes da concessionária,
estabelecendo a coordenação do sistema de proteção. Após o projeto da subestação realizar
novamente o estudo de energia incidente nas barras da instalação, considerando todos os tempos
de atuação das proteções, para, por fim, determinar as medidas de segurança necessárias.

Os cálculos de curto-circuito podem ser realizados através das metodologias IEC, ANSI
e COMPREENSIVE. Dessa forma pode-se analisar os níveis de energia incidente para
diferentes correntes de curto-circuito.
63

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66

ANEXO I
DIAGRAMA UNIFIILAR COMPLETO DA INSTALAÇÃO
67

ANEXO II

DIAGRAMA UNIFILAR DA SUBESTAÇÃO


68

ANEXO III

PROGRAMA EM MATLAB PARA CÁLCULO DE NÍVEIS DE ENERGIA


INCIDENTE

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