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Ijuí
2019
LEONARDO BONFADA GÜTLER
Ijuí
2019
LEONARDO BONFADA GÜTLER
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para a obtenção do título de
ENGENHEIRO ELETRICISTA e aprovado em sua forma final pelo professor orientador e pelo
membro da banca examinadora.
BANCA EXAMINADORA
A minha família, eterna gratidão, por me acompanhar, incentivar e fornecer todo o amor
necessário;
A todos que fizeram parte da minha vida até aqui. Muito obrigado.
RESUMO
GÜTLER, L. B. Approach to incident energy calculation methods and case study. 2019.
Completion of course thesis. Electrical Engineering Course, Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, Ijuí, 2019.
In any service involving electricity, worker safety and care of life come first. It is not always
possible to perform intervention on a de-energized electrical installation, so work on energized
installations must always be accompanied by safety measures that mitigate existing hazards.
One of the main associated risks is the incident energy from an electrical arc in the facility. The
present academic work aims to present the electric arc phenomenon, its physical characteristics,
protective clothing categories, mathematical methods for the calculation of incident energy and
to present the current norms that deal with electric arc. In the end, the methodology to determine
the incident energy levels in a real installation is applied and system improvement actions are
proposed
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Dados comparativos de acidentes de trabalho envolvendo eletricidade.........16
Tabela 8 - Fator "x" e distância entre condutores para tipos de equipamentos e classes
de tensão....................................................................................................................................44
LISTA DE SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
kA Quiloamper
kg Quilograma
kW Quilowatt
ms Milissegundo
V Volt
ºC Graus celsius
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 15
1.1 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 19
1.1.1 Objetivo Geral ................................................................................................................. 19
1.1.2 Objetivo Específico ......................................................................................................... 19
5 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 61
1 INTRODUÇÃO
A fim de evitar com que ocorram acidentes oriundas de um arco elétrico é que se faz
necessário seu estudo, compreendendo sua natureza, como ele surge e dimensionando sua
magnitude para, por fim, adotar as melhores formas de proteção para quem está suscetível aos
danos causados por esse fenômeno.
Muito tem-se evoluído no que diz respeito a normas e procedimentos no que se refere a
serviços em eletricidade, no entanto os riscos associados ao arco elétrico ainda foram pouco
explorados e carecem de mais atenção por parte dos agentes envolvidos.
Ano
Indicadores
2005 2006 2007 2008 2009 2010
1 - Nº de
Empregados 97.991 101.105 103.672 101.451 102.766 104.857
(média)
2 - Horas-homem
de exposição ao 196.523 200.219.744 201.981.289 203.945.395 201.104.170 207.109.916
risco
3 - Acidentados
Típicos das
empresas
Acidentados com
1.007 840 906 891 781 741
afastamento
Acidentados sem
1.026 918 897 901 763 651
afastamento
Total 2.003 1.758 1.803 1.752 1.544 1.392
Consequência Fatal 18 19 12 15 4 7
Taxa de Frequência 5,12 4,20 4,49 4,17 3,58 3,59
Taxa de gravidade 759 719 538 568 238 337
4 - Tempo
Computado Total 149.252 144.018 108.756 115.748 47.920 69.853
(dias)
5 - Nº de
empregados das
89.283 110.871 112.068 126.333 123.704 127.584
Contratadas
(média)
6 - Acidentes das
Contratadas
Consequência Fatal 57 74 59 60 63 72
7 - Acidentados da
População
Consequência Fatal 305 293 324 331 288 308
Fonte: FUNCOGE (2013)
Nos EUA, através do seu relatório anual de estatísticas com acidentes elétricos (Census
of Fatal Occupational Injuries - CFOI), contabilizou, nos últimos 22 anos (1992-2013) um
número de 5587 fatalidades envolvendo eletricidade, conforme Gráfico 1. Conforme a
Industrial Safety & Hygiene News, associa-se 80% dessas fatalidades a queimaduras
provocadas pela ação do arco elétrico. Cabe ressaltar que ao longo dos anos o número de
18
400
350
300
250
Fatalities
200
150
100
50
0
1990 1995 2000 2005 2010 2015
Year
Fonte: Fire Protection Research Foundation (2015).
45
40 Geração
40
35 32 Transmissão
30 31
30 27 27 Distribuição
26
25 21 Outros
20 18
15 16 16
15 12
10
5 4 4 4 4
5 2 3 2 1 2 1 3 1 2 1 2 1 31 2 2 1 2
00 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 01 0
0
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
acidentes de origem elétrica é de 627. Importante ressaltar ainda que esse número reflete apenas
uma parcela do total de acidentes corridos, devido ao não registro de muitos acidentes.
Fica claro após a análise de todos os dados que as perdas geradas por acidentes de
trabalho, sejam eles com consequências fatais ou temporárias, são significativas, tanto no
aspecto humano, no caso de perda de vida, em sequelas decorrentes desse acidente, e até mesmo
no aspecto econômico que impactam diretamente empresas e previdência social. Posto esse
cenário torna-se cada vez mais evidente a necessidade de conscientização sobre os perigos do
arco elétrico e da evolução das medidas necessárias para diminuir e eliminar os riscos
associados.
1.1 OBJETIVOS
De acordo com Lang e Neal (2007), as falhas que originam um arco elétrico estão
associadas, geralmente, a curtos-circuitos podendo ser entre fases ou fase-terra, e que evoluem
rapidamente para um curto-circuito trifásico. Seu comportamento é caótico, envolvendo rápida
mudança na sua geometria devido a convecção, jatos de plasma e forças eletromagnéticas. A
determinação da sua impedância se apresenta como uma dificuldade tendo em vista efeitos
como a extinção e reignição, mudanças no trajeto, entre outros efeitos. As correntes elétricas
criam forças de atração e repulsão sucessivas, movendo os jatos de plasma que por sua vez
aumentam a nuvem de plasma em expansão que é empurrada para fora formando uma poeira
de plasma que pode recombinar com outras moléculas, formando outros materiais. Além da
poeira de plasma, pedaços dos eletrodos fundido também são jogados para fora, gerando uma
chuva de materiais derretidos. A Figura 1 ilustra de modo simplificado o comportamento do
arco elétrico.
21
Segundo Ralph Lee (2000), ao analisar o arco como um elemento do circuito, percebe-
se que o nível de tensão tem grande influência no fenômeno. O vapor gerado durante o arco
elétrico possui resistência muito superior ao metal em estado sólido, resultando, então, em uma
queda de tensão ao longo do arco na faixa de 30 a 40V/cm, que é milhares de vezes maior do
que no condutor sólido. A impedância do arco é puramente resistiva devido sua indutância ser
desprezível, resultando em um fator de potência unitário. Em sistemas de baixa tensão apenas
a diferença entre a tensão da fonte e a tensão do arco irá forçar a corrente de falta através da
impedância total do sistema. Isso se deve ao fato de que a queda de tensão referente ao arco
consome uma parte significativa da tensão fornecida ao circuito. Dessa forma, a corrente de
falta tende a estar estabilizada para sistemas em baixa tensão.
Ainda, segundo Ralph Lee (2000), para circuitos com tensões mais elevadas, o risco
torna-se maior. O comprimento do arco é consideravelmente maior, considerando a queda de
22
tensão de 40 V/cm. A estabilização se torna impossível devido ao fato de que o valor da queda
de tensão se torna pouco representativo comparado com os níveis de tensão do sistema. Dessa
forma, a ocorrência do arco elétrico nesses sistemas pode levar a novos curtos circuitos se o
arco elétrico atingir outros circuitos ou equipamentos.
Para sistemas que possuam configurações fechadas, ou seja, onde existe um invólucro
circundando os condutores, exemplo do painel elétrico, o confinamento do arco elétrico acarreta
na diminuição da sua impedância e também a tensão do arco tende a ser menor, o que não se
observa para configuração abertas. No entanto, esse tipo de sistemas provoca um aumento da
energia térmica liberada, uma vez que ao confinar o arco a energia tende a se direcionar para a
parte aberta resultando em um aumento na densidade energética fornecida pelo arco elétrico
naquela direção. De acordo com Neal, Bingham e Doughty (1997), essa energia pode aumentar
em 3 vezes para as configurações fechadas, dependendo da corrente de falta.
Conclui-se então que o nível de tensão terá grande influência na corrente de falta, uma
vez que a tensão resultante será a diferença entre a tensão da fonte e a tensão do arco (30 – 40
V/cm). Configurações fechadas apresentam a vantagem de reduzir a impedância do arco
elétrico, no entanto aumentam a transferência de energia na forma convectiva.
De acordo com Ralph Lee (2000), dentro os perigos apresentados durante a ocorrência
de um arco elétrico, a energia incidente apresenta-se como o mais relevante, uma vez que ele é
responsável pela maioria dos ferimentos aos trabalhadores expostos a um arco elétrico. Portanto
é fundamental compreender os fatores que influenciam na sua intensidade além de conhecer as
metodologias para determinar sua intensidade.
Segundo a norma norte-americana NFPA 70E - 2015 (Standard for Electrical Safety in
the Workplace), que visa estabelecer práticas de segurança para trabalhadores em contato com
serviços em eletricidade, a energia incidente oriunda de um arco elétrico é “a quantidade de
energia impressa em uma superfície, a uma dada distância da fonte, gerada durante a ocorrência
de um arco elétrico”. Já no Brasil a energia incidente é definida, pelo Ministério do Trabalho e
Emprego, como parte da energia liberada como resultado do arco elétrico ou do fogo repentino
que incide sobre determinado ponto de interesse, geralmente o trabalhador.
23
FOGO
FATORES DE EXPOSIÇÃO A PERIGOS ARCO ELÉTRICO
REPENTINO
Gama Energética Total de Incidentes (cal/cm²) 2 para > 100 4 para 30
Percentual de Energia Radiante 90 30-50
Percentual de Energia Térmica Convectiva 10 50-70
Tempo de Exposição Potencial (segundos) 0,01 para > 1 1 para 15
Forças Concussivas Alta Variável
Quantidade de Ar Ionizado Presente Alta Moderado
Presença de Fumaça Sim Sim
Respingos de Metal Fundido Sim Não
Mecanismo de Recorrência Religar Reignição
Fonte: Adaptado (NEAL, 1996)
Nota-se que a energia incidente no caso de um arco elétrico pode chegar a 100 cal/cm²
uma vez que o fogo repentino alcança 30 cal/cm² para os piores casos. Outro ponto que se deve
atentar é o tempo em que a energia é liberada. O arco elétrico tem uma duração muito menor
comparada com o fogo repentino, com uma duração máxima de 1 segundo, já que o tempo de
ocorrência do arco raramente ultrapassa esse valor.
Qs xAs
Qo = A (1)
4πr2 o
Esse modelo proposto por Ralph Lee foi a primeira modelagem apresentada para a
energia absorvida por um corpo a uma certa distância da fonte do arco elétrico.
Todas essas falhas descritas anteriormente podem ser responsáveis pelo surgimento do
arco elétrico e dos perigos inerentes a ele, destacando-se a energia incidente, já abordada no
ítem anterior, como a mais perigosa. No entanto não se pode ignorar os outros efeitos do arco,
uma vez que queimaduras não são o único problema gerado. Resende (2016), explica:
No ano de 2000, Crnko e Dyrnes realizaram testes em dois manequins para determinar
os danos causados por queimaduras, perda de audição, danos aos pulmões e fraturas. Os testes
foram realizados em um painel de distribuição trifásico (CCM) de 480 V e corrente de curto
circuito simétrica de 22,6kA. O sistema de proteção estava ajustado para interromper o arco em
6 ciclos (100ms). Os resultados foram colhidos através de sensores apropriados.
Quando ocorre uma falta no Sistema Elétrico de Potência (SEP), a corrente que circula
é determinada pelas forças eletromotrizes internas das máquinas no sistema, por suas
27
Nesse intervalo está presente a participação dos motores no curto-circuito. Durante esse
período, a corrente de contribuição dos motores é majorada devido a redução da reatância das
máquinas, reatância subsíncrona, decorrente da saturação do circuito magnético. A duração do
período subtransitório irá depender dos tipos de fontes conectadas ao sistema durante o curto-
circuito (MARDEGAN, 2012).
É o valor eficaz da corrente quando somente a fonte contribui para a corrente de curto-
circuito e o período transitório se encerrou por completo. O valor de Ik define:
A curva superior apresenta os valores para tempo x temperatura para uma queimadura
incurável, enquanto a curva inferior os valores para tempo x temperatura para queimaduras
curáveis.
Normas de
NFPA 70E - EM 50110 NF C-18510
Segurança
As vestimentas são constituídas de tecidos especiais que tem o objetivo de evitar que os
trabalhadores sofram queimaduras. Em 1999, a ASTM definiu o indicador ATPV (Arc Thermal
Protection Value) para medir a resistência desses tecidos contra o arco elétrico. O ATPV é
definido na ASTM F 1959-06 como a energia incidente sobre um material que resulta em uma
probabilidade de 50% de que o calor transferido através de uma amostra do material resulte em
queimadura de segundo graus, de acordo com a curva de Stoll.
Vestimentas para arco elétrico: deve possuir fácil e rápida remoção por parte do
usuário e deve estar adequada ao nível de energia incidente.
34
Categoria
Roupa de Proteção e EPIs
Perigo/Risco
Roupa de proteção, não tratada e não fundível, em fibra
natural (algodão não tratado, viscose, seda ou misturas
destes) com um peso de tecido de pelo menos 4,5 oz/yd².
EPIs
0
Camisa manga comprida
Calças compridas
Óculos de segurança
Protetor auricular (tipo plug)
Luvas de couro
Roupas com ATPV de 4 cal/cm²
Calça e camisa manga comprida
EPIs
1 Óculos de segurança ou óculos de proteção
Capacete
Proteção auditiva (tipo plug)
Luvas de couro
Sapatos de couro
Roupas com ATPV de 8 cal/cm²
2
Calça e camisa manga comprida
35
EPIs
Óculos de segurança ou óculos de proteção
Capacete
Proteção auditiva (tipo plug)
Luvas de couro
Sapatos de couro
Roupas com ATPV de 25 cal/cm²
Calça e camisa manga comprida ou macacão
Luvas
Capuz Carrasco
3 EPIs
Óculos de segurança ou óculos de proteção
Capacete
Proteção auditiva (tipo plug)
Luvas de couro
Sapatos de couro
Roupas com ATPV de 40 cal/cm²
Calça e camisa manga comprida ou macacão
Luvas
Capuz Carrasco
4 EPIs
Óculos de segurança ou óculos de proteção
Capacete
Proteção auditiva (tipo plug)
Luvas de couro
Sapatos de couro
Fonte: (CONCEIÇÃO, 2015)
Seu trabalho não levou em conta experimentos práticos para investigar a relação do
modelo matemático com e a energia irradiada no curto-circuito trifásico real. Dessa forma,
concluiu que os resultados deveriam ser conservadores e deveria ser baseado nas condições do
sistema onde teria máxima energia irradiada. O método desenvolvido baseia-se no modelo do
arco atuando como uma resistência estática. A Figura 10 mostra o circuito em que Lee
considerou para a modelagem do sistema e o respectivo resultado através do diagrama de fases.
O circuito consiste em uma fonte de tensão 𝐸∞ , a impedância do sistema Zs até o ponto da falta
e a resistência do arco elétrico Ra. Foi desconsiderada a resistência do sistema até o ponto de
falta.
Figura 10. Diagrama fasorial da tensão e corrente para diferentes comprimentos de arco.
do arco igual a impedância da fonte, por consequência a máxima potência do arco será metade
da potência de curto-circuito naquele ponto (RESENDE, 2016). Logo, o cálculo da energia
incidente pode ser determinado conhecendo a corrente máxima de curto-circuito trifásica, o
tempo total de duração do arco elétrico e a distância do trabalhador a partir da origem do arco,
resultando na Equação 2, a seguir:
0,512xIxVxtA
E= (2)
D2
onde:
Por outro lado, essa foi a única referência para se determinar a energia incidente oriunda
de um arco elétrico, mostrando-se um bom recurso para situações com configuração aberta até
600 V. Na medida em que apresentam-se sistemas com faixas de tensões mais elevadas, o
método se torna ineficaz, não sendo aplicado em pátio de subestações, linhas de transmissão e
redes de distribuição.
(a) (b)
Fonte: (RESENDE, 2015)
39
Figura 12. Energia Incidente para as configurações aberta e fechada em função da corrente de falta.
Verificou-se que as equações possuem uma dependência linear da energia incidente com
o tempo de duração do arco elétrico, o que se torna importante para definir medidas de
atenuação do arco.
O IEEE Standard 1584 –2002 - Guide For Performing Arc-flash Hazard Calculation,
apresentou uma metodologia que estendeu os limites de aplicação do cálculo de energia
incidente, podendo ser utilizado em sistemas trifásicos, em configurações abertas ou fechadas
e em baixa ou média tensão (RESENDE, 2016). Riscos relativos a estilhaços e projeções de
metais derretidos, ondas de pressão e fumaça tóxica não foram contempladas no estudo.
Tensão nominal;
Corrente de curto-circuito trifásica;
Tipo de instalação: barramento exposto ou encapsulado;
Tipo de equipamento: conjunto de manobra, CCM, cabos;
Distância entre os condutores no local do arco elétrico (gap);
Tipo de aterramento do neutro dos transformadores;
Tempo de atuação dos dispositivos de proteção;
Tempos de abertura de disjuntores.
log(𝑎) =K+0,662xlog(Ibf)+0,0966xV+0,000526xG
+0,5588xVxlog(Ibf)-0,00304xGxlog(Ibf) (5)
42
log(Ia)=0,00402+0,983xlog(Ibf) (6)
onde:
log(En)=K1+K2+1,081×log(Ia)+0,0011×G (7)
onde:
Antes de chegar ao valor final de energia incidente (E) é necessário obter o tempo de
atuação dos relés e disjuntores, curvas dos fusíveis e elos fusíveis, bem como a distância entre
a fonte do arco elétrico e o trabalhador. Também é necessário conhecer o espaçamento entre os
condutores das três fases.
considerados para a elaboração da metodologia IEEE. O fator x não é, portanto, um dado a ser
obtido em campo (RESENDE, 2016).
Tabela 8. Fator "x" e distância entre condutores para tipos de equipamentos e classes de tensão.
GAP ENTRE
TENSÃO TIPO DE FATOR DE
CONDUTORES
NOMINAL (kV) EQUIPAMENTO DISTÂNCIA x
(mm)
Exposto 10 – 40 2
Conjunto de Manobra 32 1,473
0,208 – 1
CCM e painéis 25 1,641
Cabos 13 2
Exposto 102 2
>1–5 Conjunto de manobra 13 – 102 0,973
Cabos 13 2
Exposto 13 – 152 0,973
>5 – 15
Cabos 13 2
Fonte: (RESENDE, 2016)
Após a coleta dos dados de energia incidente normalizada (En), distância de trabalho e
tempo de atuação das proteções, passa-se ao cálculo da energia incidente final (E). Para a
variável tempo cabe ressaltar que é a soma do tempo de abertura do disjuntor e do relé. Para
instalações em baixa tensão protegidos apenas por disjuntor considera-se apenas o tempo de
atuação desse. Para circuitos protegidos por fusíveis deve ser considerado o tempo de atuação
do fusível. A Equação 8 mostra o método de cálculo para a energia incidente.
𝑡 610𝑥
E=Cf×En× ( )×( 𝑥 ) (9)
0,2 𝐷
onde:
1
𝑡 610𝑥 𝑥
𝐷𝐵 = [4,184 × 𝐶𝑓 × ( ) × ( 𝐵 )] (10)
0,2 𝐸
onde:
Método Limites/Parâmetros
Calcula a energia incidente e a distância de
segurança do arco elétrico em configurações
Ralph Lee, "The Other Electrical Hazard:
abertas; conservadora para tensões acima de
Electrical Arc Flash Burns"
600 V e se torna ainda mais conservadora à
medida que a tensão aumenta
Calcula a energia incidente para arcos
Doughty-Neal, "Predicting Incident Energy
trifásicos em sistemas até 600 V; aplica-se a
to Better Manage the Electrical Arc Hazard
correntes de curto-circuito entre 16 kA e 50
on 600 V Power Distribution Systems"
kA .
Calcula a energia incidente e a distância de
segurança do arco elétrico para: 208 V a 15
IEEE 1584, Guide for Performing Arc Flash kV; trifásico; 50 Hz a 60 Hz; corrente de
Calculations curto-circuito de 700 a 106.000 A; e
espaçamento entre condutores de 13 mm a
152 mm.
Fonte: Adaptado (RESENDE, 2016)
2.5 NORMATIVAS
Como informa Resende (2016), em 1970, nos Estados Unidos, a Occupational Safety
and Health Act (OSH Act) foi aprovada com o intuito de impedir que os trabalhadores sofressem
ferimentos ou viessem a óbito em seus locais de trabalho, definindo ser de responsabilidade dos
empregadores a garantia do local de trabalho seguro. Essa lei criou a OSHA, Occupational
Safety and Health Administration, que estabelece e aplica as normas de segurança no trabalho
nos Estados Unidos.
A NFPA 70E, aprovada pelo American National Standards Institute – ANSI, tem o
objetivo de ajudar empresas e trabalhadores a evitar acidentes e mortes devido a choque, arco
elétrico e explosão devido ao arco. Além disso, inclui outros procedimentos como seleção de
EPI adequado, condições de trabalho, e treinamento de funcionários.
Por fim, ainda apresenta definições quanto aos riscos associados ao arco elétrico,
avaliando riscos, definindo distâncias seguras e especificação de EPI, além de relacionar as
categorias de EPI de acordo com o nível de arco elétrico.
trabalho, cada qual elaborada por profissionais especializados com o objetivo de promover a
segurança e a saúde no trabalho. Tais normas passaram a ter cumprimento obrigatório em locais
que possuam trabalhadores conduzidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em 1978
quando aconteceu a aprovação das normativas, através da portaria nº3.214 regulamentadas pelo
Ministério do Trabalho e Emprego.
A norma só entrou em vigor a partir de 2006, 24 meses após sua publicação, devido aos
prazos concedidos para o cumprimento dos itens da nova NR-10. Ela está em vigor há 10 anos
no país, no entanto ainda são inúmeros os casos de desconformidades encontrados nas empresas
espalhadas pelo território, evidenciando que o tema da segurança ainda não é prioridade em
muitos locais.
Quanto o assunto é arco elétrico, a norma se mostra deficitária. A norma não faz
menções claras e específicas a respeito dos perigos relacionados nem mesmo apresenta
avaliações de riscos, distância de segurança e nem mesmo a NR-6 (Equipamentos de Proteção
Individual), apresenta especificações de EPI relacionados aos riscos associados ao arco elétrico.
Apenas 3 itens podem ser relacionados a segurança envolvendo arco elétrico, são eles,
alínea (c) do item 12.2.4, o item 12.2.9.2 e alínea (a) do item 10.3.9. Onde os dois primeiros
discorrem sobre as especificações de EPI e adequação das vestimentas de trabalho quanto à
inflamabilidade e o último discorre a respeito da proteção contra queimaduras.
3 METODOLOGIA
Para alcançar os objetivos do trabalho foi utilizado o método dedutivo que, segundo
Menezes e Silva (2005), tem o objetivo de explicar o conteúdo das premissas, partindo da
análise do geral para o particular a fim de se chegar a uma conclusão. As etapas da pesquisa
estão apresentadas no Quadro 4.
ETAPA
4 Cálculos de curto-circuito
4 ESTUDO DE CASO
D= a + b + c + d + e + f (11)
53
onde:
D: demanda;
a: demanda de iluminação e tomadas;
b: demanda dos aparelhos para aquecimento (chuveiros, aquecedores, fornos, fogões, etc.);
c: demanda dos aparelhos climatizadores de ar e/ou condicionadores de ar tipo janela;
d: demanda das unidades centrais de condicionadores de ar, em kVA, calculadas a partir das
respectivas correntes máximas totais (valores a serem fornecidos pelos fabricantes),
considerando o fator de demanda de 100%;
e: demanda dos motores elétricos e máquinas de solda a motor;
f: demanda das máquinas de solda a transformador, aparelhos de eletrogalvanização e de raio
X;
Obs: todos os valores expressos em kVA.
Tabela 10. Fatores de Demanda para Iluminação e Tomadas Carga mínima e fatores de demanda
para iluminação e tomadas.
CARGA MÍNIMA
DESCRIÇÃO FATOR DE DEMANDA %
(W/m²)
Bancos 50 86
Clubes e semelhantes 20 86
Igrejas e semelhantes 15 86
Lojas e semelhantes 30 86
Restaurantes e
20 86
semelhantes
Auditórios, salões para
15 86
exposições e semelhantes
Barbearias, salões de
30 86
beleza e semelhantes
Garagens, depósitos, áreas
5 86
de serviço e semelhantes
Fonte: RIC 100 para os primeiros 20kW
Oficinas 30DEMEI (2017).
35 para o que exceder de 20kW
100 para os primeiros 40kW
Postos de abastecimento 20
Tabela 11. Fatores de Demanda para climatização – Comercial.
35 para o que exceder de 20kW
54
Iluminação: 21,48 kW
Tomadas: 106,08 kW
Climatizadores: 45,92 kVA
𝐼3Ø = 3298,37𝐴
𝐼1Ø𝑇 = 892,74𝐴
4.3 BARRAMENTOS
Para a avaliação dos barramentos, deve-se observar os valores das correntes térmica e dinâmica
do painel. A corrente térmica está relacionada com a suportabilidade (temperatura) dos barramentos e
deve ser maior que a corrente de curto-circuito transitória (Ib) naquele ponto. O barramento deve
suportar essa corrente por até 1 s sem sofrer danos. A corrente dinâmica está relacionada com o esforço
mecânico que os barramentos experimentam durante o curto-circuito (RESENDE, 2016). Ou seja:
Idinâmica>IP
Itérmica>Ib
4.4 DISJUNTORES
4.5 COORDENOGRAMAS
Tabela 12. Resultados dos cálculos de energia incidente para as barras estudadas.
5 CONCLUSÃO
Os cálculos de curto-circuito podem ser realizados através das metodologias IEC, ANSI
e COMPREENSIVE. Dessa forma pode-se analisar os níveis de energia incidente para
diferentes correntes de curto-circuito.
63
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Arc Flash Events. 2015. 96f. National Fire Protection Association. Quincy, Massachusets.
Disponível em:<https://www.nfpa.org>. Acesso em: 10 de março de 2019.
CRNKO, T.; DYRNES, S. Arcing Flash/Blast Review with Safety Suggestions for Design
and Maintenance. In IEEE Pulp and Paper Industry Technical Conference, jun. 2000, pp. 118-
126.
DOUGHTY, R. L.; NEAL, T. E.; DEAR, T. A.; BINGHAM, A. H.; Testing update on
protective clothing & equipment for electric arc exposure. In Conf. Rec. IEEE PCIC, pp.
323–336, Sept. 1997;
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ANEXO I
DIAGRAMA UNIFIILAR COMPLETO DA INSTALAÇÃO
67
ANEXO II
ANEXO III