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CARTA ABERTA À COMUNIDADE ACADÊMICA DO CURSO DE MEDICINA,

PROGRAD E REITORIA DA UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO

Prezados,

Sabe-se que a situação emergencial na qual se encontra o país é alarmante e


preocupante, em razão da pandemia da COVID19 e de suas terríveis
consequências sociais, econômicas e culturais. É sabido também que as desordens
causadas por tal situação assolam de forma mais feroz o meio público, implicando
em entraves com resoluções mais complexas. É um momento de extrema cautela,
pois a hora do retorno às atividades é chegada e isso, de forma incontrolável, nos
assusta e nos impele a tomar todos os devidos cuidados para uma retomada
prudente e diligente.

Segundo a notícia publicada pelo portal G1 em 14/05/2020, apenas 6 de 69


instituições federais adotaram ensino remoto após a paralisação de suas atividades,
constituindo um cenário onde pouco menos de 100 mil dos 1,1 milhão de alunos
estão com aulas virtuais, contra mais de 960 mil estudantes parados, isso sem
incluir as instituições estaduais, o que aumentaria ainda mais o denominador de tal
razão matemática.

É sabido também que o cenário em instituição pública tem dificuldades


consideráveis, em se tratando de adotar medidas para um retorno com justiça e
ponderação. No entanto, a comunidade acadêmica entende que 80 dias úteis
compõe um tempo vultoso para que decisões e articulações sejam feitas.
Compreende-se que ações estão sendo feitas, bem como deixamos reiterado aqui a
nossa total consciência de que as manobras são mais difíceis de ser articuladas e,
portanto, executadas. Porém, em outros cenários igualmente públicos, inclusive
dentro do próprio estado de Pernambuco, decisões já foram tomadas e planos
detalhados de retomada já foram divulgados e estão sendo postos em prática.

Gostaríamos também de salientar que basicamente todas as informações novas às


quais temos acesso advém de meios de informação como jornais, e não de meios
próprios da universidade. É necessário não só mais transparência para com a
comunidade acadêmica, como também mais agilidade nas tomadas de decisão.

A respeito do que foi explanado, é emergencial a apresentação de um projeto com


planos concretos para o retorno das atividades de toda a Universidade de
Pernambuco, e, em especial do curso de medicina. Diferentemente dos demais
curso de graduação, que possuem carga horária entre 3.000h e 4.000h, o curso de
medicina tem 7.200h como carga horária mínima, é praticamente o dobro. Já
atrasamos nossos cursos em 6 meses, e agora estamos diante da possibilidade de
um atraso em 1 ano! Nossa graduação é composta por aulas teóricas e práticas
durante os seus 4 anos iniciais, finalizando com 2 últimos anos de estágio
obrigatório, chamado de internato médico, totalizando 6 anos. A atividade do
internato, no que se refere ao campus Garanhuns, já se encontra em previsão de
retomada e isso implica diretamente no retorno da turma anterior, 8 período. A
principal motivação dessa implicação é o fato de haver um enorme trâmite
apresentado pela SESPE no que tange ao cenário de vagas para o internato
médico, fato esse, exposto pela própria comissão responsável pela organização
desses estágios curriculares.

Com o retorno do internato e a permanência da paralisação dos períodos


subsequentes, visivelmente poderá criar-se um cenário onde haverá dificuldade de
retomar vagas nos hospitais da rede pública e privada do estado de Pernambuco.
Tendo em vista que a UPE compartilha estágios com alunos de outras instituições
públicas e privadas, e sabendo que as faculdades privadas deram continuidade a
seus cronogramas e a suas atividades, fica evidente o motivo de tal preocupação.

Retardar a volta às atividades acadêmicas tem como consequência não somente a


perda do semestre, como também de vagas para nosso estágio curricular
obrigatório. Um duplo prejuízo.

Até então, um grande impedimento para o retorno do período 2020.1 era a não
autorização de aulas práticas e de práticas de estágio curricular obrigatório, no
entanto, em 10 de julho de 2020 foi alterado o Decreto nº 49.055, de 31 de maio do
mesmo ano, para o Decreto nº 29.193, onde no ​§ 4º diz ​: “​A partir de 13 de julho de
2020, fica permitido nas instituições de ensino superior situadas no Estado de
Pernambuco a realização de aulas práticas e de práticas de estágio curricular
presenciais relativas ao primeiro semestre letivo.​ “

Frente a isso, torna-se viável a retomada de atividades práticas presenciais,como


dito pelo decreto acima exposto, junto com aulas remotas, formando dessa forma a
modalidade indicada pela própria instituição, o ensino híbrido.

Outras instituições públicas apropriaram-se da urgência em adotar medidas mais


céleres para o curso de medicina, em relação aos demais. Portanto, pedimos que a
PROGRAD tenha um olhar ​especial ​e​ urgente​ para o referido curso.

Situações especiais requerem atenção e medidas especiais.

Atenciosamente,

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