Você está na página 1de 9

Introdução

A célula é a menor unidade estrutural e funcional dos organismos. Unidade


estrutural porque as células constituem os tecidos e os órgãos, e unidade
funcional porque são capazes de exercer as funções básicas da vida,
como metabolismo, produção de energia e reprodução. As células são
classificadas em procariontes e eucariontes (do grego pro, primeiro; eu,
verdadeiro, e karyon, noz, núcleo). Dos vários tipos de moléculas
presentes na célula temos Ácidos nucléicos (RNA - ácido ribonucléico e
DNA - Ácido desoxirribonucléico). Os procariontes surgiram muito antes
dos eucariontes. A síntese de proteínas ou tradução corresponde à etapa
final da transferência de informação genética, armazenada no DNA, para
as moléculas de proteínas, que são os principais componentes estruturais
e funcionais das células vivas.

Pg. 3
As células procarióticas são muito diferentes das eucarióticas. A sua
principal característica é, então, a ausência de membrana celular,
individualizando assim, o núcleo. Para além disso, não têm alguns
organelos, o que lhes confere um tamanho bastante reduzido. O DNA que
possuem encontra-se na forma de um anel não-associado a proteínas. As
células eucarióticas são mais complexas que as procarióticas. Possuem
membrana nuclear individualizada e vários tipos de organelos. A maioria
dos animais e plantas a que estamos habituados estão dotados deste tipo
de células.

Do DNA ao RNA
No processo de evolução celular, atravessaram-se as seguintes fases.
RNA capaz de dirigir a sua autorreplicação e capaz de intervir na síntese
de proteínas (ribossomas), aparecimento da membrana celular,
aparecimento do DNA como molécula mais estável do que o RNA, e com
capacidade para dirigir a sua própria replicação (replicação semi-
conservativa). O DNA é mais estável do que o RNA porque: Tem uma
desoxirribose em vez de uma ribose. A ribose tem um grupo OH no
carbono dois segundo a sua composição química, que pode sofrer
hidrólise, O DNA é constituído por duas cadeias antiparalelas, sendo mais
difícil ocorrerem mutações ver figura 1. O DNA possui a base timina, em
vez do uracilo. Este último é mais instável pois pode sofrer metilação; O
DNA possui um mecanismo de autorreparação de erros. Assim, o RNA foi
progressivamente substituído pelo DNA, que ganhou uma importância vital
para os organismos vivos.

Pg. 4
Fura – 1: cadeias antiparalelas do DNA ou ADN

Diferenças entre os nucléicos


Tanto o DNA quanto o RNA, são polímeros lineares de nucleotídios
conectados entre si via ligações covalentes denominadas ligações
fosfodiéster. As diferenças entre RNA e DNA não se restringem aos tipos
de monômeros constituintes. Na maioria das vezes o DNA apresenta-se
como uma longa hélice dupla com uma estrutura secundária regular e
simples conforme podemos constatar na figura1. Os RNAs são,
geralmente, moléculas de fita única bem menores que o DNA,
Apresentando uma enorme diversidade de estruturas secundárias, Estas
características estruturais estão relacionadas às funções destas duas
macromoléculas na célula. Os processos de tradução corresponde à etapa
final da transferência de informação genética, armazenada no DNA.

Pg. 5
Tradução
tradução é um processo no qual a mensagem codificada no DNA é
subsequentemente transcrito pelo RNA mensageiros descodificando e
convertidos em cadeias de aminoácidos em organelas chamadas
ribossomas. Este processo acorre em ambos os organismos seja
eucariotas ou procariotas.

Processo de tradução
Durante a tradução essa informação, expressa em um RNA, é utilizada
para comandar a síntese de uma proteína. O processo de tradução
envolve três componentes principais:
o RNA mensageiro (RNAm) que contém a informação necessária para
direcionar a síntese de proteínas, o RNA de transferência (RNAt) que
carregam os aminoácidos que serão incorporados à proteína e os
ribossomos que reúnem o RNAm e o RNAt, de modo a permitir que o
aminoácido correto seja incorporado à proteína. A tradução começa
próximo à extremidade 5’, que corresponde ao terminal amino da proteína
e prossegue em direção à extremidade 3’ do RNA, que corresponde ao
terminal carboxila da proteína. A mensagem genética está contida em um
código triplo, não sobreposto, sem vírgulas, degenerado e universal.
Somente uma combinação das quatro bases existentes no RNA (A, T, C e
U) três a três pode gerar o número de combinações ou códons (64)
necessários para codificar cada um dos 20 aminoácidos que podem
ocorrer nas proteínas. Nenhuma base é compartilhada entre códons
consecutivos. O ribossomo move-se ao longo de três bases por vez e
como não existe qualquer base interveniente entre os códons, o código é
denominado sem vírgulas. O código é degenerado, porque mais de um
Pg. 6
códon podem codificar o mesmo aminoácido e universal, porque é o
mesmo seja em bactérias ou no homem. Três códons (UAA, UAG e UGA)
não especificam aminoácido e são utilizados como sinais para interromper
a síntese de uma proteína. O códon AUG, que especifica somente a
metionina, tem um duplo papel: ele codifica a metionina em qualquer lugar
em que ele se encontre no RNA e também marca o início da síntese
proteica.

Etapas de tradução
A tradução é um processo dinâmico que envolve a interação de enzimas,
RNAt, ribossomos e RNAm de maneiras específicas para produzir uma
molécula de proteína capaz de desempenhar uma função celular
específica. Esse processo é normalmente dividido em três etapas:
iniciação, alongamento e terminação. A iniciação da síntese de
proteínas ocorre quando um ribossomo (ambas as subunidades) é
acoplado ao RNAm e o sítio P é ocupado por uma molécula de metionina –
RNAt. Este complexo é formado pela ação de proteínas conhecidas como
fatores de iniciação. Em procariontes três fatores de iniciação (IF-1, IF-2 e
IF-3) participam do processo e em eucariontes existem pelo menos 12
fatores de iniciação diferentes. O complexo de iniciação se forma
justaposto à extremidade 5’ da região codificadora do RNAm e a N-formil
metionina (fmet) é o primeiro aminoácido incorporado em todas as
proteínas bacterianas. A montagem do complexo de iniciação é dirigida
pela hidrólise de GTP e o movimento deste complexo ao longo do RNAm é
dirigido pela hidrólise de ATP.

Pg. 7
Alongamento e Terminação
O alongamento começa com a ligação de um RNAt, carregado com um
aminoácido, ao sítio A do ribossomo. Em seguida, a peptidiltransferase
cataliza a formação de uma ligação peptídica entre o aminoácido do sítio A
e o aminoácido do final da cadeia peptídica crescente no sítio P.
Participam deste processo dois fatores de alongamento (Tu e FE-G) e
ocorre a hidrólise de GTP. A cadeia peptídica está agora transitoriamente
ligada ao sítio A. o ribossomo é então 2. Genética Molecular 75 movido um
códon abaixo no RNAm e a cadeia peptidíca nascente no sítio A se move
para o sítio P. Todo o processo recomeça para a adição do próximo
aminoácido. Esta fase é idêntica tanto em células procarióticas e
eucarióticas mas os fatores de alongamento são diferentes.
A terminação da tradução se dá quando o sítio A do ribossomo atinge um
dos códons de terminação do RNAm. Três fatores protéicos denominados
de fatores de liberação (R1, R2 e R3) reconhecem estes e fazem com que
a proteína que está unida à última molécula do RNAt , no sítio P, seja
liberada. Este processo é uma reação dependente de energia obtida pela
hidrólise de GTP. Após a liberação da proteína recém-sintetizada, as
subunidades ribossômicas, o RNAt e o RNAm, se dissociam umas das
outras Tradução: Ocorre no citoplasma, sendo a segunda parte da síntese
proteica. Consiste na leitura do mRNA proveniente do núcleo, da qual
surge uma seqüência de aminoácidos, que constituí a proteína. Nas
moléculas de tRNA apresentam-se cadeias de 75 a 80 ribonucleotídeos
que funcionam como intérpretes da linguagem do mRNA e da linguagem
das proteínas. O processo da tradução encerra com três etapadas:
Pg. 8
iniciação, alongamento e finalização: -Iniciação: A subunidade menor do
ribossomo liga-se à extremidade 5' do mRNA, esta desliza ao longo da
molécula do mRNA até encontrar o códon de iniciação (AUG). O tRNA
transporta o aminoácido metionina em seu sítio de ligação. A metionina
liga-se ao códon de iniciação por complementaridade. A subunidade maior
liga-se à subunidade menor do ribossomo. -Alongamento: Um 2º tRNA
leva um aminoácido específico de acordo com o códon. Estabelece-se
uma ligação peptídica entre o aminoácido recém chegado e a metionina. A
enzima Peptidil-Aminoacil-Transferase cataliza a ligação entre os
aminoácidos trazidos pelo tRNA. O ribossomo avança três bases ao longo
do mRNA no sentido 5' → 3', repetindo-se sempre o mesmo processo. Os
tRNA que já se ligaram inicialmente, desprendem-se do mRNA
sucessivamente. -Finalização: O ribossomo encontra o códon de
finalização (UAA, UAG ou UGA) terminando o alongamento. O último tRNA
abandona o ribossomo, as subunidades do ribossoma separam-se,
podendo ser recicladas e por fim, o peptídeo é libertado.
Tradução é o processo que, ao nível dos ribossomas, permite a síntese de
proteínas a partir de mRNA. Os mecanismos de síntese são semelhantes
nos procariotas e eucariotas, embora existam algumas diferenças,
nomeadamente na iniciação da tradução e no número de proteínas
traduzidas a partir do mesmo mRNA. O mRNA de eucariotas é
monocistrónico, ou seja, apenas contém informação para a síntese de uma
proteína. Já o mRNA de procariotas pode ser policistrónico, o que significa
que pode albergar informação para a síntese de várias proteínas. À
sequência de genes contemplados no mesmo RNA, do qual resulta um
mRNA policistrónico, dá-se o nome de operão. Nos terminais do mRNA,
tanto de procariotas como de eucariotas, existem regiões não traduzidas
Pg. 9
(UTR – unstranslated regions) que podem conter informação necessária à
iniciação e terminação da tradução.
Conclusão
O processo de tradução ocorre em ambos os organismos eucariontes e
procariontes, no entanto, existem várias diferenças importantes no
processo global entre os dois grupos de organismos. Ribossomas em
células eucarióticas são maiores do que aquelas em células procarióticas.
A introdução começa quando o codão de inicio se encontra na cadeia de
mRNA pela pequena subunidade do ribossoma, nos eucariontes têm
apenas um codão de iniciação, isto é, uma proteína é introduzida na altura
e no procariontes vários codões implicando também varias proteínas o
acabamento da tradução começa quando o ribossoma atinge uma
paragem codão no mRNA por meio de um processo chamado terminação.

Pg. 10
Bibliografia:

 ALBERTS, B.; JOHNSON, A.; LEWIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS, K.;
WALTER, P. Molecular Biology of the cell. 4.ed. New York: Garland
Science, 2002. p. 550.
 http://www2.bioqmed.ufrj.br/prosdocimi/courses/bioquimica/Aula_9_Tr
aducao.pdf
 http://w3.ufsm.br/labdros/arquivos/bioCelular2.pdf
 http://www.ufrgs.br/livrodehisto/pdfs/1Celula.pdf

Pg. 11

Você também pode gostar