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Santa
À janela que esconde
O velho sândalo de ouro desmaiado
Da viola cintilante
Outrora com flauta ou mandora,
Está a Santa pálida, mostrando
O velho livro que se desdobra
Do Magnificat jorrando
Outrora segundo vésperas, completas:
A esta vidraça de ostensório
Que a harpa do Anjo aflora
Formada com seu voo vespertino
Para a delicada falange
Do dedo que, sem o velho sândalo
E o velho livro, ela balança
Sobre a plumagem do instrumento,
Musicista do silêncio
(Tradução de Dora Ferreira da Silva)
O ACASO
Cai
a pena
rítmica suspensa do sinistro
para se afundar
na espuma original
recente onde explode o delírio até ao cimo
desvanecido
pela neutralidade idêntica do abismo
NADA
SENÃO O LUGAR
inferior marulhar como
para dispersar um acto vazio
abruptamente
e
através da mentira
decidir
a sua perdição
nestas paragens
do vago
EXCEPTO
a altitude
TALVEZ
tão longe como
o lugar
velando
duvidando
brilhando e meditando