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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE TECNOLOGIA – ITEC


FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA
DISCIPLINA: ENGENHARIA DE MATERIAIS
DOCENTE: AUGUSTA MARIA PAULAIN FERREIRA FELIPE

3° EXERCÍCIO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS.

AMANDA VITÓRIA LIMA FERREIRA


(201807540050)

Belém – PA
2021
RESUMO SOBRE NANOTECNOLOGIA

Nanotecnologia é a habilidade de manipular átomos e moléculas individualmente para


produzir materiais nanoestruturados e micro-objetos com aplicações no mundo real
(Miller, 2005). Por outro lado, a nanociência se refere ao estudo do fenômeno e da
manipulação de sistemas físicos que produzam informações significativas, pontuando as
diferenças, em uma escala conhecida como nano (10-9m = 1nm) com comprimentos
típicos que não excedam 100 nm em comprimento em pelo menos uma direção.

Nos últimos anos, a ciência e a tecnologia em nanoescala tem atraído diversos


pesquisadores de diferentes áreas, uma vez que os materiais nanoestruturados tem
causado uma grande expectativa no impacto que esses materiais podem causar na
melhoria da qualidade de vida. A esperança no avanço dessa ciência está voltado,
principalmente, ao avanço de uma revolução industrial, se tornando a nova potência do
crescimento econômico.

Os materiais nanoestruturados apresentam, pelo menos, uma de suas dimensões em


tamanho nanométrico, ou seja, em escala 1/1.000.000.000, ou um bilionésimo do metro
(1 nm = 10-9 m). Desse modo, nessa escala de tamanho, os materiais apresentam novas
propriedades, antes não observadas quando em tamanho micro ou macroscópico, por
exemplo, a tolerância à temperatura, a variedade de cores, as alterações da reatividade
química e a condutividade elétrica.

O principal objetivo dessa nova ciência está intimamente ligado a habilidade de se


trabalhar em nível atômico, molecular e macromolecular a fim de criar materiais,
dispositivos e sistemas com propriedades e aplicações fundamentalmente novas, antes
não possíveis de serem analisadas. Os materiais podem ser nanopartículas, nanocamadas,
nanofios ou nanotubos, dependendo do papel que ele irá executar. Dessa maneira, a
funcionalidade, que consiste na execução de algumas funções químicas ou biológicas, por
meio da projeção e manipulação desses materiais de forma controlada e pré-determinada,
sendo uma das principais características dos nanomateriais que possibilita sua grande
gama de aplicações, tem como habilidade executar funções específicas.

Ademais, as áreas de aplicações da nanotecnologia são diversas, sendo elas, na


medicina, na alimentação, rede de programação, no estudo toxicológico, no processo de
dessalinização da água, entre vários outros.
Na indústria de alimentos, os estudos com a nanotecnologia visam uma transformação
tecnológica diante da gama de aplicações que esses nanomaterias podem causar, por
exemplo, alterando a forma como o alimento é produzido, processado, embalado,
transportado e consumido.

Em se tratando de desenvolvimento, muito se fala de estudos de embalagens inteligentes


afim de otimizar a vida dos produtos nas prateleiras, uma vez que tem sido um dos
principais objetivos de muitas empresas. Esses sistemas de embalagens seriam capazes
de ajustar buracos ou rasgos, responder às alterações ambientais como temperatura,
umidade, entre outros, além de sinalizar ao consumidor se a comida estiver contaminada.

Um exemplo da aplicação da nanotecnologia na solução para melhorar a barreira de


proteção dessas embalagens é de uma indústria chamada Bayer Polímeros que
desenvolveu o filme para embalagens Duretano KU2-2601 que é mais transparente e
resistente do que os existentes no mercado. Esse produto é conhecido como “sistema
híbrido” que é enriquecido com um enorme número de nanopartículas de silicatos que
reduz enormemente a entrada de oxigênio e de outros gases, assim como a saída da
umidade, prevenindo a deterioração do alimento. Também, a Kodak está desenvolvendo
um filme especial antimicrobiano que tem a capacidade de absorver oxigênio do alimento
impedindo que o alimento se deteriore.
QUESTÕES SOBRE POLIMORFISMO

1- Fazer um resumo do polimorfismo do Carbono.

Inicialmente, polimorfo (significando “muitas formas”) é o termo dado a uma das


formas cristalinas em que uma mesma substância pode ser encontrada, ou seja, o
polimorfismo é caracterizado por alguns metais, ou até mesmo não metais, que
apresentam mais de uma estrutura cristalina. Ademais, quando presente em sólidos
elementares, esta condição é reconhecida por alotropia. Um exemplo clássico do
polimorfismo é o carbono nas suas formas grafite e diamante.

O carbono é um dos elementos mais importantes no nosso dia a dia, uma vez que existe
em maior quantidade nos seres vivos, podendo ser encontrado tanto em materiais
orgânicos como inorgânicos. Além disso, seus átomos podem se ligar de diversas formas,
seja carbono e carbono, ou outros elementos existentes. Nesse sentido, um átomo de
carbono possui 6 prótons e 6 elétrons, ocupando a 6ª posição na tabela periódica, onde
sua configuração eletrônica no estado fundamental é:

1s2 2s2 2p2

No orbital 1s2 os elétrons estão fortemente ligados, sendo que os 4 elétrons restantes
ocupam orbitais atômicos 2s 2 2p2 , caracterizados como elétrons de valência. O carbono
pode realizar hibridizações dos tipos sp, sp2 e sp3 , sendo encontrados em diferentes
formas alotrópicas conhecidas como: grafite, diamante, carbono amorfo, nanotubos,
fulerenos e grafeno.

De maneira energética, para a formação dos polimorfos alotrópicos do carbono, é


interessante que os elétrons se rearranjem na camada de valência, a qual é a mistura dos
orbitais s e p, uma vez que estão em níveis energéticos mais próximos, por meio da
migração de um elétron do orbital s para o orbital p, o que nada mais é do que a
hibridização.

Na hibridização do carbono sp2 , 3 elétrons encontram-se igualmente distribuídos em 3


orbitais híbridos degenerados e simétricos, o que se chama de ligações 𝜎, e o elétron
restante no orbital p tem capacidade de formar uma ligação 𝜋, a qual representa ligações
fracas quando comparadas com as ligações 𝜎, com outro orbital p. Em seguinte, a
geometria molecular representada por esta hibridização é do tipo trigonal plana 120°.
Nesse sentido, a estrutura do grafite constitui-se de átomos de carbono unidos por
ligações do tipo sp2 e organizados de forma hexagonal formando planos grafíticos. Esses
planos de carbono estão dispostos um sobre os outros podendo conferir ao grafite a
estrutura hexagonal, apresentando empacotamento de átomos do tipo ABAB ou
ligeiramente menos estável do tipo ABCABC, forma romboédrica. Desse modo, esses
planos são interligados por uma fraca interação de Van de Walls, produzida pelo orbital
𝜋 estarem deslocados sobre os dois lados do plano, sendo a interação entre o sistema de
elétrons 𝜋 responsável pelo empilhamento planar.

Ademais, a alta mobilidade desses elétrons deslocalizados permite ao grafite boa


condutividade. Em relação a sua estrutura eletrônica de bandas, cada orbital p
perpendicular ao plano da folha da grafita apresenta um elétron de valência por átomo de
carbono e, desta forma, a combinação de orbitais p originam orbitais moleculares que se
estendem por todo o plano grafítico o que caracteriza um continuo energético definido
como banda de energia.

Figura 1: Estrutura Hexagonal do grafite.

Já para o diamante a hibridização ocorre para o carbono sp3 , onde o orbital 2𝑠 interage
com os três orbitais 2p, resultando em 4 elétrons de valência igualmente distribuídos em
4 orbitais híbridos degenerados do tipo sp3 . Nessa configuração, o átomo de carbono
central possui seus 4 elétrons localizados nos vértices de um tetraedro regular, o qual
representa uma estrutura tetragonal. As ligações formadas nessa estrutura são do tipo 𝜎,
e o ângulo formado entre estas ligações é de 109°28’ onde cada orbital híbrido pode
formar 4 ligações simples do tipo 𝜎.
Figura 2: Estrutura do diamante.

No entanto, o diamante caracteriza-se por apresentar uma estrutura cúbica constituída


de átomos de carbonos ligados covalentemente com cada átomo vizinho ocupando os
vértices de um tetraedro regular.

2- Grafeno: estrutura e aplicações.

O grafeno, originado da junção de grafite com o sufixo – eno, o qual significa à dupla
ligação existente, consiste em uma monocamada plana de átomos de carbono,
organizados em células hexagonais com átomos hibridizados na forma sp2 , resultando
em um elétron livre por átomo de carbono no orbital p. Em outras palavras, no grafeno a
hibridização do carbono sp2 acontece quando o orbital s combina-se com dois orbitais p
para formar 3 orbitais planares formando ângulos de 120º. Cada um desses orbitais tem
um elétron, e de maneira energética favorável seria de suma importância a combinação
com outro semelhante, por exemplo, com um dos 3 orbitais sp2 de outro átomo de
carbono. Assim, fica claro que átomos de carbono estão organizados numa estrutura
planar formada por hexágonos regulares, cujos vértices são ocupados por um átomo,
constituindo o grafeno, onde cada ligação tem dois elétrons, o que torna a estrutura
favorável.

Figura 3: Estrutura Cristalina do Grafeno.


Essa estrutura singular do grafeno fornece várias propriedades superiores, tais como
altas condutividades elétricas e térmicas, alta biocompatibilidade, boa transparência, boa
resistência mecânica, flexibilidade inerente e enorme área superficial específica. Baseado
nisso, essas características têm atraído os cientistas e a indústria tecnologia por suas
infinitas possibilidades de uso.

A aplicação do grafeno pode ser exemplificada como sendo um material integrante dos
eletrodos de uma bateria, onde pode solucionar as limitações tanto das baterias como dos
supercapacitores convencionais. Apesar de uma bateria armazenar uma grande
quantidade de energia, a descarga não pode ser feita de forma rápida devido à sua
densidade de potência relativamente pequena. Por outro lado, supercapacitores, que
normalmente apresentam elevada densidade de potência, podem descarregar a energia
num curto espaço de tempo, mas sua capacidade de armazenamento de energia é pequena.
Nesse sentido, baterias à base de grafeno, além de contornar esse problema, resultam em
sistemas de menores dimensões e mais leves, com elevada densidade de energia e
potência.

Outra aplicação do grafeno está voltado ao desenvolvimento de biossensores, nos quais


são compostos por um elemento ativo sensitivo, denominado de sensor, o qual é um
dispositivo que possui um receptor que proporciona o reconhecimento da substância a ser
analisada e um transdutor que gera sinais elétricos, ópticos, térmicos ou magnéticos
quando um determinado composto é identificado. Ademais, para o desenvolvimento de
biossensores se utiliza o processo de funcionalização, o qual tem como objetivo permitir
a fixação de biocompostos diretamente na folha do grafeno. Esse processo de
funcionalização é feita basicamente por ligação não covalente, uma vez que outros
métodos danificam as propriedades do grafeno. No entanto, essa ligação se fundamenta
em interações de empilhamento 𝜋 − 𝜋 e permite uma subsequente imobilização direta e
altamente específica de vários compostos biológicos no dispositivo. Adicionalmente, a
funcionalização não covalente não introduz defeitos estruturais no grafeno, minimiza as
ligações não específicas e, consequentemente, as propriedades de transporte elétrico são
menos afetadas. Isto permite a detecção direta e específica da proteína alvo.

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