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Iré e Osogbo

Em cada busca pelo oráculo de Ifá, em cada busca pelas verdades de Orunmilá que
fazemos nos indica se viemos Iré (positivo) ou Osogbo (negativo) e a maioria das
pessoas pensa que sempre o melhor a sair é o Iré, mas isto é inconscientemente,
porque pouca importância damos em entender de uma maneira clara e precisa que
significado tem o Iré e o Osogbo que nos saiu e simplesmente pensamos que o Iré é o
bom e o Osogbo é o mal. Se entendermos o significado do Iré e o Osogbo que nos foi
marcado, será mais fácil entender o que nos está dizendo o Orunmilá.

Para entendermos o que significa o Iré e o Osogbo, vamos ver o que passaria a
humanidade se não houvesse o Osogbo. Se não existisse o Osogbo teríamos bons
governantes, bons pais, boas esposas, bons filhos, bons netos, bons bisnetos, etc,
teríamos um bom trabalho, boa saúde, uma boa casa, um bom carro, não sofreríamos
por dinheiro, não teríamos inimigos, não teríamos problemas com a justiça, de certo os
policiais não existiriam porque não seriam necessários, não existiria a bruxaria e,
portanto não necessitaríamos ter que tirá-las, não haveria acidentes, não nos faltaria a
comida nem teríamos problemas com a natureza como, por exemplo, os terremotos,
furacões, tsunamis, etc. Inclusive poderíamos pensar que teríamos uma boa morte,
mas NÃO, isso não pode ser porque a morte é um osogbo, assim como não
morreríamos e se não morremos então, nossos avós e bisnetos teriam boa saúde,
seguramente seguiriam tendo mais filhos e cada vez haveria mais e mais pessoas
povoando o mundo, mas nosso mundo é limitado e mais cedo ou mais tarde não
caberíamos mais aqui e estaríamos em tremendo conflito criado por nós mesmos e
sem a possibilidade de resolvê-lo. Não poderíamos pensar em pedir ajuda aos Orishás,
pois se nunca tivemos um problema, então nunca antes lhes pedimos ajuda e nunca
antes os atendemos, nunca tivemos que fazer uma obra para estar bem e
seguramente como nunca nos resolveram um problema não temos fé neles, porque
nunca houve uma ação que nos permitisse ter fé e por essa mesma razão tampouco
teríamos fé em Olodunmaré Portanto não haveria uma maneira de resolver nosso
problema. A morte seria uma necessidade para manter o equilíbrio, logo a morte nem
sempre chega de maneira repentina e na maioria dos casos a pessoa se enferma antes
de morrer, portanto o Osogbo Arun (enfermidade) também é necessário. Há pessoas
que morrem por uma tragédia e, portanto é Osogbo Eyó e também é necessário;
pessoas que morrem por acidente e vivem o Osogbo Acoba, tem pessoas que perdem
seus filhos antes de nascer por uma maldição e, portanto é o Osogbo Aragun e
também é necessário, assim como o Osogbo Fitiguo e os demais não mencionados.
Estes Osogbos são necessários para que possa chegar o Osogbo Ikú, mas nem todos os
Osogbos quando se apresentam provocam a morte, por exemplo, em um acidente
podem morrer duas pessoas, outra ficar aleijada e outra ficar com simples arranhões
sem importância, da mesma forma que os Osogbos necessários para morrer nem
sempre vão provocar a morte de maneira automática, mas criam problemas que
muitas vezes não estão ao nosso alcance resolvê-los e disso nasce uma maneira
natural da necessidade de nos apoiarmos nos orishás, em Orunmilá, em Olodunmaré,
etc.

O Iré por definição é tudo que é bom que pode vir para a pessoa, mas não
necessariamente o Osogbo é todo o mal. O Osogbo é tudo aquilo que não é Iré e que
serve para manter o nosso equilíbrio como indivíduos e como seres humanos até que
nos chegue o dia de nossa morte.

O efeito do Iré e do Osogbo tem que ser visto de maneira individual, ou seja, para cada
pessoa, porque o que para uma pessoa é Osogbo para outra pode ser Iré. Por exemplo,
o fato do falecimento de um grande escritor no auge de sua carreira seguramente será
visto com uma tragédia a nível mundial, mas sem demora se morre uma pessoa que
vinha sofrendo nos últimos dez anos de sua vida de câncer, será visto como algo bom,
como um alívio, tanto para a pessoa, quanto para a família.

O efeito do Iré e do Osogbo não vale só em função da idade da pessoa, mas também
de seu estado de saúde, de sua posição econômica, de ser homem ou mulher, de sua
profissão, vai da pessoa ser solteira ou casada e se tem ou não filhos, sem tem ou não
pais, enfim o efeito do Iré e do Osogbo depende das circunstâncias em que se
encontra cada pessoa no momento da consulta ou do Itá.

Outro fator importante a considerar é a duração do Iré e do Osogbo. Há Irés que


podem ser efêmeros e temporários e Osogbos que duram uma vida toda. Por exemplo,
um atleta que sempre foi pobre e ganha a corrida dos 100 metros rasos em um
campeonato mundial de atletismo, seguramente lhe esperará um futuro com muito
dinheiro se souber se cuidar e se manter num alto nível competitivo, mas se esse
atleta que agora se vê com dinheiro se envolve com mulheres e amigos, pode em
pouco tempo regressar a pobreza por não ter conseguido manter o Iré.

O fato de sair Iré em uma consulta, não significa que esteja totalmente livre do
Osogbo, lembrando que o Osogbo Arayé nos rodeia desde antes de nascermos. Em
outras palavras, o estado da pessoa (Iré ou Osogbo) é de caráter transitório já que em
um mesmo dia podemos passar de Iré a Osogbo em mais de uma ocasião, porém o
estado que mais predomina na pessoa no tempo presente ou futuro é o que nos indica
a consulta, assim mesmo não é porque saiu Osogbo na consulta que significa que tudo
vai sair mal até que cheguemos a um estado de Iré.

O Iré temos que saber mantê-lo e o Osogbo temos que saber afrontá-lo. O Iré serve
para o bem viver no planeta Terra se a pessoa souber aproveitá-lo e mantê-lo. O
Osogbo serve para manter o equilíbrio e para nos levar a morte. A morte não é mais
que o fim de uma etapa para o espírito que cada um de nós temos. O espírito não
morre e virá a Terra as vezes que forem necessárias até que alcance um crescimento
tal que lhe permita “exercer” outro tipo de atividade sem a necessidade de voltar a
reencarnar como humano.

Todos estamos influenciados por energias que nos rodeiam. Estas energias de todo
tipo nos podem afetar positiva ou negativamente. Há vezes que em só nos
aproximarmos de uma pessoa, podemos nos sentir mal ou incomodados, do contrário
também acontece, nos transmitindo uma boa sensação. Determinados lugares nos
transmitem também sensações e percepções positivas ou negativas.

Também nosso astral pode estar afetado por essas energias e isto influencia de
maneira direta em nossas vidas. Quando realizamos uma consulta, buscamos o estado
deste astral pessoal e este pode encontrar-se Iré (bem) ou Osogbo (mal).

Existem distintos tipos de Iré ou Osogbos, como por exemplo, Iré Ariku (Um bem de
saúde) ou Osogbo Ikú (mal de morte). Em função do signo (Odú) obtido e do tipo de Iré
ou Osogbo, é que o Babalawó ou Omo Orishá pode definir de maneira precisa que
situação está afetando a pessoa consultada. Em base nisso se tomam as medidas, seja
para evitar um mal ou para atrair e assegurar um bem anunciado.

Ifá Ni L’Órun

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