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KRISTA SANDOR
Tradução: Ariella
Revisão Inicial: Vandinha
Revisão Final: Patricia
Leitura Final: Dalilah
Conferencia: Rose, Iza Fernanda & Ana Lídia
Formatação: Ariella
nista de renome mundial - até a noite em que sofre uma lesão que
Park.
— Sr. Quem?
— É muito mais parecida com a tia Ethel do que uma colegial sa-
fada, Britney Spears, por volta de 'Hit Me Baby One More Time'.
— Zoe, você sabe que eu tive uma apresentação hoje à noite. Tenho
sorte que meu pai me deixou sair.
Em nunca mentiu para o pai, mas Zoe estava implorando para ela
ir a Sadie's Hollow durante todo o verão. Ela pegou sua mochila e en-
controu o olhar de Zoe. Sua amiga havia acrescentado um lábio carnu-
do exagerado aos olhos de seu cachorro.
Em olhou para o frasco. Quero dizer, não importa se ele está aqui.
Eu apenas pensei que seria bom vê-lo.
— É isso aí? Você apenas pensou que seria bom vê-lo? Ele é seu vi-
zinho, não é? Você está me dizendo que não o vê desde que voltou?
Zoe estava certa. Michael MacCarron era seu vizinho do lado. Pra-
ticamente todas as memórias de infância dela o incluíra. Nascidos no
mesmo dia no mesmo hospital, Midwest Medical em Langley Park, Kan-
sas, Michael Edward MacCarron e Mary Michelle MacCaslin vieram a
este mundo parecendo gêmeos com seus pequenos tufos de cabelos rui-
vos e pele clara.
Ela viajava sem parar nos últimos três anos. Duas passagens em
Viena e depois ziguezagueizando entre Londres, Nova York e Tóquio. Foi
emocionante, mas não deixou tempo para visitar o Langley Park.
Ela era tão comum quanto alguém que havia se apresentado para
uma audiência privada para a rainha da Inglaterra. Em, sabia que sua
reputação poderia intimidar alguns dos estudantes; mas ela esperava
que, enquanto estudassem e brincassem juntos, eles a vissem como
uma pessoa real. Uma pessoa que precisava de música para sobreviver,
assim como precisa de ar para respirar. Uma pessoa que não conseguia
imaginar um dia sem Beethoven, Mendelssohn ou Tchaikovsky. Sua
vida sempre giraria em torno da música e agora ela estava cercada por
pessoas da sua idade com a mesma paixão e impulso.
Elas haviam dirigido pelo menos uma hora ao sul de Langley Park
e agora estavam diretamente no que parecia ser o meio do nada.
— Cemitério?
— Ei. Zoe disse, agarrando sua mochila e puxando-a para fora dos
degraus. O sorriso irônico de sua amiga foi substituído por um olhar
severo.Não dê esses passos. Estou falando sério.
Mas antes que Em pudesse fazer outra pergunta, Zoe estava levan-
do-a para o vazio.
Gabe sorriu. Ele está bem. Ele ainda acha que pode me dizer o que
fazer, complexo clássico de irmão mais velho, mas está muito mais
tranquilo desde que conheceu Kara.
Isso a fez rir. Ela riu quando partiu para a tenda delas e jogou os
pacotes e sacos de dormir dentro. Alguém lhe entregou outro copo de
ponche e ela engoliu o líquido saboroso em segundos.
Dedos mágicos.
— Não achei que você fosse capaz de ficar em pé por muito mais
tempo, senhorita Time Traveler Extraordinaire.
Kyle soltou uma risada, as mãos ainda em volta da cintura fina de-
la. — Isso mesmo, mas você sempre foi a melhor.
Em sorriu para ele. — Eu estava girando. Zoe foi para Mary Jane
Land, e eu andei por aí com dinossauros azuis.
Michael balançou a cabeça, Em você não pode nem pesar cem li-
bras. Eu acho que você já teve o suficiente.
Ele sentiu vontade de tocá-la. Ele queria passar os dedos sobre ca-
da pequena sarda que tinha em suas bochechas.
Pare com isso, MacCarron. Esta não é uma das líderes de torcida
fanáticas disputando atenção. Esta é a Em.
Ele não parava de olhar para ela. Ela sempre foi tão bonita? A úl-
tima vez que a viu foi há três anos, quando ela voltou a Langley Park
para passar o Natal com o pai. Os pais de Em se divorciaram quando
ela era jovem, e ela costumava dividir seu tempo entre Langley Park
com o pai e Sydney, na Austrália, com a mãe. Mas uma vez que ela co-
meçou a viajar para estudar violino em todo o mundo, ele a viu cada vez
menos.
— Por que você está olhando assim para mim? — ela perguntou.
— Eu quero que você saiba ela ergueu o dedo indicador, — que ho-
je à noite eu ajudei a levantar bastante dinheiro para a Sinfonia de
Kansas City. Como grandes quantia de dólares.
— Eu sei.
1
https://www.youtube.com/watch?v=xNVkRy64teA
— Você não pode fazer isso, pode? Uma vez uma boa garota, sem-
pre uma boa garota.
— Ei, — disse Em, agarrando sua mão. Seu toque enviou uma on-
da de eletricidade surgindo do ponto de contato. “Você se lembra de
quando tocamos” Heart and Soul 2"no piano quando estávamos no jar-
dim de infância?
2
https://www.youtube.com/watch?v=cCXoK04gefY
Porra, ele poderia se perder nos olhos dela. Ela ainda usava aque-
las calcinhas de algodão, aquelas com pequenas flores, como quando
era apenas uma menina?
Chega, MacCarron!
Ele deu um soco mental na boca. Claro que não. Ela não tinha oito
anos. Ela tinha dezoito anos, uma mulher. A garotinha com quem ele
costumava tocar duetos de piano e lanterna cresceu.
Ele colocou a mão grande sobre a dela. Por um segundo, ele pen-
sou que Em tremia, mas então ela começou a tocar. Enquanto seus de-
dos dançavam através das teclas imaginárias do piano, Michael sentiu
cada nota e pôde ouvir a música quase como se estivesse dentro dela,
conectada a ela.
Ele a silenciou com um beijo. O corpo dela ficou tenso. Ele afastou
uma fração, permitindo que seus dentes beliscassem seu lábio inferior.
O contato fez sua cabeça nadar. Os lábios dela se separaram e ele apro-
fundou o beijo. Ela suspirou em sua boca, suas respirações se tornando
rasas. Se beijar Em fosse a última coisa que ele faria, ele morreria um
homem feliz. Mas ele queria mais. Ele deslizou a língua na boca dela e a
acariciou em um ritmo quente e desesperado, implorando para que ela
correspondesse à sua intensidade.
— Oh, Michael.
Em falou não apenas com seu pênis, que estava implorando por li-
bertação como um touro em uma rampa, mas com sua alma. Quando
ela guiou a mão dele pelas finas teclas do piano, um despertar quase
espiritual explodiu dentro dele, como se estivesse na encruzilhada de
um tornado e uma maré.
A admissão foi tão honesta, tão real, tão crua. Ele só conseguiu
responder pressionando os lábios nos dela.
Tiffany manteve o olhar fixo nele, o nariz arrebitado, que ele consi-
derava fofo, agora parecia infantil. Gabe diz que todo o equipamento es-
tá pronto para ir. Essa festa esta foda, C, H, A, T, A, sem músicas de-
centes.
Michael virou-se para Em. Eu disco a maioria das festas. Estou fi-
cando muito bom. Muito bom? Tiffany latiu. Você é o maldito chefe.
— Isso foi legal disse Tiffany, segurando uma xícara Solo vermelha
do ponche azul.
Em pegou o copo. Ela sorriu para ele, e seus lábios inchados fize-
ram seu pênis apertar contra sua bermuda. Eu vou ficar bem. Eu vou
encontrar minha barraca. Quero vestir roupas mais confortáveis.
Tiffany bufou. Acho que ninguém lhe disse que é uma zona estri-
tamente sem mangas em Sadie's Hollow.
Michael não pôde evitar sua resposta. Ele já estava excitado com
aquele beijo com Em. Tiffany não era sua namorada, nem mesmo perto.
Eles estavam juntos em todas as festas de Sadie's Hollow, e ela era gos-
tosa, uma líder de torcida com pernas assassinas. Com Tiff, era foda,
pura e simples.
Nada.
Não seria nada, porque ele não iria transar com ela - não na festa
de Hollie na escola secundária. Não era isso que Em merecia. E ela não
era apenas uma garota. Ela era literalmente uma das principais violinis-
tas do planeta.
A porra do planeta.
Ela sorriu para ele, mas seu rosto caiu quando Tiffany rastejou pa-
ra fora da tenda.
— Eu sei que essa não é o jeito dela, mas eu a vi com você! Eu imaginei
que ela estaria segura com você de todas as pessoas. Eu não pensei que
você a abandonaria por Tiffany, a "foda fácil" Shelton. Você ainda não
superou essa merda?
Uma camada de suor pegajoso cobria sua pele, mas não era da
umidade abafada do Kansas. — Você a vê? — ele gritou para Zoe, que
estava procurando o lado oposto do buraco.
Ela não respondeu, mas seu ritmo ficou frenético enquanto ela ba-
lançava tendas, acordando os habitantes adormecidos, nenhum dos
quais era Em.
— Vamos verificar as árvores— ele gritou. — Você não acha que ela
entraria no cemitério, não é?
O rosto de Zoe ficou sem toda a cor. — Como eu iria saber? Jesus,
Michael, onde ela está?
— Merda! — Seu olhar foi atraído para o chão, e ele pegou um co-
lar quebrado de pérolas.
Zoe caiu de joelhos. — Porra! O que aconteceu com a mão dela, Mi-
chael?
MICHAEL
Zoe olhou para Em. — Apenas nos leve ao hospital, Michael. Tem
que ser o hospital do meu pai. Tem que ser Midwest Medical em Langley
Park. É o centro de trauma nível mais próximo. Eles conseguirão levar
um cirurgião de mão para lá mais rápido do que em qualquer outro lu-
gar. —
— Sim, acho que pode ser ácido ou LSD. Mas é algo que a faz alu-
cinar.
— E você, Zoe Stein? Você está envolvida nisso tudo também? Não
posso imaginar que seu pai ficaria feliz em tê-la misturada com drogas.
O que aconteceu?
Nenhum movimento.
Sem dor.
Nada.
Michael enfiou as mãos nos bolsos. — Em, vamos lá. Você precisa
se lembrar de algo.
— Agora, o bom Deus sabe que eu seria o último a julgar, mas ve-
ja, apenas veja o que Deus deu àquela garota. E o que ela faz com todo
— Em, vai ficar tudo bem, — disse Zoe, com medo e exaustão
amarrando suas palavras.
Zoe enxugou uma lágrima. — Nós não estaremos longe. Vai ficar
tudo bem.
— Ela só quer dizer que estamos aqui para você, Em—, — disse
Michael.
— É Adam.
— Claro que sim— disse ela. Ela levantou a blusa e revelou um su-
tiã de renda preta. Se isso não o calasse, nada o faria. Os nerds adora-
vam renda preta.
Homem alto. Isso nunca fez sentido. Mas as palavras foram cimen-
tadas em seu cérebro.
— Isso é bom! Muito bom! Aposto que ele ficará feliz em vê-la. —
Por que ela estava descarregando nesse cara? Não era dela se der-
ramar assim, n coragem.
Era um distúrbio respiratório que seu pai tinha por causa dela. O
acidente dela o levou a voltar a fumar. Ele havia desistido quando ela
era bebê, mas após o ferimento, o estresse e a culpa o levaram de volta
ao hábito de lobo solitário.
Fazia mais de uma década desde que ela voltou. Nos primeiros
anos após o acidente, seu pai a visitou na Austrália. Essas visitas foram
difíceis. Eles nunca conversaram sobre sua lesão, e a culpa pairava so-
bre cada interação. Suas visitas iam de uma vez por ano a cada poucos
anos e agora, aqui estava ela, dirigindo para Langley Park. Fazia três
anos desde que ela viu o pai. Em sua última visita à Austrália, ele ten-
tou esconder o cheiro do tabaco com balas de hortelã e chiclete. Ele
atribuiu uma tosse quase constante às alergias. Em sabia no minuto
que ele a deixou, ele estava fumando.
— Você deve ter ido embora há muito tempo. Dez, quinze anos
atrás, eram principalmente idosos e muitas lojas vazias. Mas agora, é
como Beaver Cleaverville por aqui. Todo mundo está comprando as ca-
sas antigas e reformando-as. Você nunca saberia que Kansas City fica-
va a apenas alguns quilômetros de distância. Parece Smalltown, EUA.
A maioria das casas em Langley Park era do tipo Tudor, com al-
guns bangalôs coloniais, federais e aconchegantes espalhados. Enquan-
to o Quadrangular americano compartilhava algumas semelhanças com
o estilo federal boxier, o Quadrangular exibia uma grande trapeira cen-
tral e um telhado baixo de pirâmide e quadril que deixava um pouco de
saliência. Quando criança, ela costumava ficar de pé ao lado de sua ca-
sa e pressionar seu corpinho nos tijolos arranhados para se manter se-
ca durante as tempestades de verão. Mas um choque de raiva esmagou
a doce lembrança quando ela se lembrou de quem estava pressionado
contra a casa ao lado, sorrindo para ela.
Uma semana atrás, seu pai ligou. Mas essa ligação era diferente
dos check-ins sem graça. Ele havia se mudado para uma cabana de es-
tar assistida no Campus de Vida Sênior de Langley Park. Aconteceu rá-
pido. Duas semanas antes, ele sofreu seis ataques respiratórios e pas-
sou dez dias internado no hospital. Os médicos disseram ao pai que, a
menos que ele quisesse uma vida que girasse em torno das visitas às
urgências e emergências, viver por conta própria não era mais uma op-
ção viável. Então, quando uma unidade cobiçada no campus de vida
assistida ficou disponível, ele a pegou.
Ela pegou uma caixa de leite, cheirou e fez uma careta com o chei-
ro azedo. Um pedaço de queijo cheddar com mofo nas bordas estava em
um prato ao lado de uma caixa de comida do The Park Tavern Grill. Ela
fechou a porta e rasgou a sacola de doces.
Estava gelado.
Ela deu dois passos hesitantes para dentro. A luz da lua brilhava
através da janela e ela ofegou. — Ele nunca tocou em nada.
Em embalou seu dedo quebrado. Ela não tinha falado uma palavra
desde sua explosão no hospital. Uma semana se passou desde a cirur-
gia. Mesmo com a chegada da mãe, ela ainda não tinha pronunciado
uma palavra.
Ela observou as mãos do dr. Stein, mas sua mente estava na corda
A, a terceira corda do violino, e como seu dedo anular dançava, desliza-
va e estalava agilmente ao longo dele.
Esmagá-lo.
Rasgue os pinos.
Rasgue as cordas.
Ela precisava segurar Polly uma última vez. Ela equilibrou o pesco-
ço do violino na mão esticada. O queixo dela se conectou com o resto do
queixo enquanto seu corpo encontrava um alinhamento perfeito, e seus
músculos relaxavam em posição. Como o último adeus entre os aman-
tes no final de um caso, ela inalou o cheiro de madeira e resina. Ela fe-
chou os olhos e lembrou-se da última peça que tocara, Nel cor più non
mi sento, de Paganini.
A partir desse momento, ela não sentiria mais nada. Uma voz som-
bria sacudiu sua mente. Raiva e raiva seria um santuário do tormento
de seus sonhos perdidos. Ela olhou o instrumento e sua visão ficou em-
baçada. Ela sabia o que tinha que fazer.
Ela assumiu que o pai jogara tudo fora ou, pelo menos, colocara
essas lembranças do passado em uma caixa, deixadas para sentar
abandonadas e esquecidas no canto do porão como velhos anuários do
ensino médio.
As pérolas da avó.
A casa estava parada quando ela alcançou seu pico, e ela gritou em
uma onda de fúria e alívio.
Ela agarrou o mapa e forçou o ar fresco aos pulmões. Ela não po-
dia chegar à casa de seu pai toda extressada.
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O ciclo-riquixá, também conhecido como ecotáxi, pedicab.
Seu trabalho no Renwick Center foi a única coisa que a levou nos
primeiros anos após o acidente. As crianças e o silêncio a isolaram do
mundo musical, enquanto também lhe deram algo diferente de sua rai-
va por Zoe e Michael para concentrar sua energia. Renwick durante o
dia, e afogando suas mágoas com Jack Daniels à noite, tornou-se sua
rotina.
— Pai, você não precisa vender a casa agora. Eu poderia lhe dar o
dinheiro para cobrir o que você deve pela cabana. Vovó Mary me deixou
muito em seu testamento. Mais do que eu preciso, pai.
Tinha que haver mais na noite do acidente. Alguém tinha que sa-
ber alguma coisa. Outra pessoa deve ter participado de sua lesão. E
agora, ela tinha dois meses para descobrir a verdade. Dois meses para
reunir o que aconteceu naquela noite de agosto. Dois meses para mos-
trar ao pai que ela não tinha jogado a vida fora.
— Vou preparar a casa para entrar no mercado, pai. Você não pre-
cisa se preocupar com nada. Apenas descanse. Volto para visitar em
breve.
O pai estendeu a mão para ela e ela colocou a mão esquerda na de-
le. Ele olhou para a cicatriz no dedo anelar e deu um aperto suave na
mão dela. — Obrigado Em. Obrigado por voltar para casa.
— Suponho que você está aqui para ajudar a vender a casa de seu
pai?
Era surreal ouvir alguém que não fosse o pai chamá-la pelo apeli-
do. Depois de deixar o parque Langley, ela passou por Mary Michelle.
Foi mais fácil. Ela precisava se distanciar da pessoa que era e largar o
apelido foi o primeiro passo para deixar seus sonhos de lado.
— Isso, sim!
Ela sabia o que Michael estava pensando, e não lhe daria a satisfa-
ção de olhar para a cicatriz irregular que atravessava o comprimento do
dedo anelar.
A voz dele. Deus, ela sentiu falta da voz dele. Agora era mais pro-
funda, diferente, mas ainda o mesmo. Era como ouvir uma música pre-
ciosa que você havia esquecido o quanto amava.
O suficiente.
Você voltou? É isso aí? É o que ele tem a dizer depois de todo esse
tempo?
Michael sempre corria para ela. Ele sempre foi o único a enfrentar
a tempestade. Ensopado, ele corria pelas calçadas e achatava o corpo
contra o lado da casa ao lado dela. Em quase podia sentir seu ombro
molhado pressionando o dela enquanto eles riam e ouviam a chuva,
uma sinfonia de som - as gotas ecoando no telhado.
Imperdoável.
— Você sabe que ele não faria. Depois que Em partiu para a Aus-
trália, Bill mal falou uma palavra sobre ela.
— Eu sei.
Kathy nunca chamou isso de terapia, mas a cada dois dias ela li-
gava para o escritório de advocacia MacCarron no centro da cidade on-
de Michael estava trabalhando para seu pai durante o verão. Ela per-
guntava se ele poderia ajudar ela e Zoe em um projeto de jardinagem.
Sempre haveria algo pesado para levantar ou um enfeite de gramado
para se mover. Enquanto os três trabalhavam no quintal do Stein, eles
conversavam. No começo, era difícil para ele discutir seus sentimentos,
mas depois de algumas semanas, ele se viu assistindo o telefone no es-
critório de advocacia de seu pai, esperando que a próxima ligação fosse
de Kathy Stein.
Ele nunca esqueceu as palavras de Kathy: você não pode forçar al-
guém a perdoá-lo, mas pode aprender a conviver com o conhecimento de
que fez tudo o que era humanamente possível para tentar consertar as
coisas.
— O dique.
Depois que ele se despediu de Zoe, ele deixou Cody de volta em ca-
sa e pegou seu moletom da Universidade de Missouri-Kansas City
School of Law. Em pode não ter nada a dizer, mas ele não deixaria nada
acontecer com ela. Ele não se importava se suas intenções eram anti-
quadas. Ele seria condenado se ele iria ficar parado enquanto ela pas-
seava no bar sozinha no Halloween.
Em tinha uma vantagem sobre ela, algo que dizia: eu posso ser pe-
quena, mas vou te foder . Pequena e curvilínea em todos os lugares cer-
tos, ela se moveu em direção ao bar como se fosse a dona do lugar.
Era fácil para ele observá-la, mas ainda assim ela estava fora de
sua linha de visão. O lugar estava lotado com várias camadas de clien-
tes em pé ao redor do bar, muitos tentando entrar para pedir bebidas.
Michael se estabeleceu ao lado de um grande grupo. Sua mandíbula se
apertou enquanto observava Fifty Shades se inclinar e sussurrar algo
no ouvido de Em. Suas pernas estavam cruzadas entre as dele, revelan-
do mais de sua coxa. A posição parecia íntima, e Michael quase carre-
gou a barra quando o cara colocou a mão no joelho dela, mas sua aten-
ção foi mais baixa quando Em esfregou a bota na perna do nerd.
Ou ele estava enfeitiçado por Em como o pobre rapaz com quem ela
estava brincando na pista de dança?
Ele passou a mão sobre a nuca ruiva e no rosto. Ele teve que parar
de pensar sobre o que seria estar dentro dela - porra do céu, se seu pau
tivesse algo a dizer sobre isso. Ele precisava ter certeza de que esse ca-
ra, ou qualquer outro coringa, também não tivesse a chance de desco-
brir.
O que diabos ele ia fazer? Invadir e jogá-la por cima do ombro co-
mo um homem das cavernas? Socar Fifty Shades na mandíbula por re-
agir a Em da maneira exata que ele fez? Felizmente, Em parecia menos
preocupada com o cara, enquanto seu olhar focava na banda.
O queixo de Michael caiu. Mas ela estava certa. O violino pode ser
considerado um violino ao tocar bluegrass, folk, country ou músicas
mais dançantes. O instrumento foi considerado violino ao tocar música
clássica e jazz. Mas nenhuma dessas regras era rígida e rápida.
Quem era essa mulher? Não a garota doce e inocente que ele havia
beijado em Sadie's Hollow.
— Essa música geralmente não está no nosso set, mas acho que
podemos agradar o cavalheiro zumbi, — respondeu o cantor. — O que
você diz Red? Você está pronta para o desafio? —
O cantor fez um gesto para ela ficar ao lado dele no centro do pal-
co.
— Então é assim Red? Vocês todos falam isso? Você pode devolver
o violino.
Ele a viu tocar bastante antes do acidente, mas apenas peças clás-
sicas. Enquanto ela estava sempre linda de assistir, seu corpo se tor-
nando um com a música, isso era algo completamente diferente. Isso
era sexy e poderoso.
Ela ficou rígida. O som de Michael chamando-a pelo seu nome ver-
dadeiro causou arrepios na espinha.
Ela balançou a cabeça. — Eu não toco mais. Eu não posso. Eu, vo-
cê e Zoe agradecemos por isso, não é? —
O que diabos havia acontecido com ela? Por que ela não saiu do
bar quando viu a banda tocando? Ela ficou longe, muito longe da músi-
ca nos últimos doze anos. Passar um tempo com sua avó australiana
surda e ajudar sua mãe em suas pesquisas com crianças surdas lhe
permitiu viver uma vida com pouca exposição à música. Mas agora que
ela estava de volta a Langley Park, as regras e limitações em que confia-
ra para se isolar do mundo da música estavam se desintegrando como
cubos de açúcar em uma caneca escaldante de chá.
Michael estremeceu.
Ela sabia disso! Tudo o que ela era para ele era alguma atração de
carnaval que despertou sua curiosidade.
O gesto a fez rir. — Você tem que estar brincando comigo. Então
agora você se importa com o meu bem-estar
Ela olhou para cima e tentou ver a pessoa que estava segurando
seu cotovelo. — Eu conheço você?
Ela olhou para Michael. Ele estava olhando para ela e apertando o
capuz nas mãos.
Ela queria dizer a Michael para se foder. Quem era ele para fazer
alguma exigência? Mas o corpo dela estava preocupado demais com os
dedos dele enquanto roçavam o pescoço dela. Ela nem percebeu o gra-
nizo criando uma camada de gelo na calçada.
Porra, essa paixão estúpida que ela sempre abrigara por Michael
MacCarron. Maldito aquele pequeno espaço em seu coração que nunca
esqueceria a maneira como ele a beijou.
Michael enfiou as mãos nos bolsos, mas seus olhos ficaram presos
nela. Ela encontrou o olhar dele. Eles eram como crianças em um con-
curso de olhar fixo, nem dando nenhuma indicação de derrota.
Kyle quebrou o impasse. — Nós devemos ir, Em. Michael está certo
em ficar à frente do tempo.
Ela piscou. — Você disse alguma coisa? Sinto muito, estou toda na
minha cabeça agora. O que você falou?
— Para voce?
— É a minha profissão.
Ela soltou uma risada nervosa. — Eu não acho que estou na lista
de suas pessoas favoritas.
Ele deu um sorriso simpático. — Eu sinto Muito. Isso deve ser ter-
rível.
— O que você acha que poderia ter acontecido? " ele perguntou,
entrando na Foxglove Lane.
Em olhou para a casa dela. Ela não estava pronta para ir para ca-
sa. Ela não estava pronta para ser cercada por sua antiga vida. E ela
certamente não estava pronta para estar a poucos passos de Michael
MacCarron.
— Que tal irmos tomar uma bebida. Ainda não estou pronta para
encerrar a noite.
— A menos que você tenha algum lugar que você precisa estar, —
Emendou.
Sam.
Sam tinha sido o irmão mais velho que ela nunca teve. Ele era
primo de Michael, mas eles pareciam mais irmãos, com os mesmos ca-
belos ruivos e olhos verdes. Sam passou muito tempo na infância de
Michael. Ele seria encarregado de levá-los ao parque ou ao jardim botâ-
nico. Sempre alto para a idade dele, Sam era um gigante gentil, quer ele
estivesse empurrando-a nos balanços ou levantando-a para pegar uma
folha de um galho de árvore.
Uma rajada de vento sacudiu os galhos nus das árvores que ladea-
vam a rua, e Em inalou o perfume de hortelã e capim-limão do capuz de
Michael. Ela tinha esquecido que ainda estava usando. Ela puxou a ja-
queta ao seu redor. Mas antes que ela tivesse a chance de voltar a pen-
sar em Michael, seu olhar viajou pela taverna até uma mesa alta perto
dos fundos. Zoe estava sentada sozinha, pegando o rótulo de uma gar-
rafa de cerveja, os olhos fixos em Sam.
Depois de todos esses anos, Zoe ainda estava ansiosa por Sam
Sinclair?
Kyle era o doce tipo de cachorrinho que ela perseguia, mas ela não
podia ir lá com Kyle - especialmente com a mãe de todas as pessoas que
cuidavam de seu pai.
Kyle assentiu.
Michael saiu das sombras e a luz da lua iluminou seu rosto. Seus
traços eram rudes como um pai exasperado, esperando um adolescente
rebelde quebrando o toque de recolher. Ele esfregou a nuca e cruzou os
braços. — Por que você demorou tanto para chegar em casa? E por que
diabos você estava andando? Kyle Benson tentou mexer com você?
Ela se abaixou sob o braço dele e entrou. — Não tenho nada a dizer
para você e não há nada que possa me dizer que mudaria alguma coisa.
Então, eu não vejo o ponto.
Ela se juntou a ele e baixou o olhar para onde o dedo indicador es-
tava no meio C.
— Em, você sabe que Zoe e eu tentamos entrar em contato com vo-
cê. Nós escrevemos cartas. Nós ligamos. Sabíamos que não havia como
fazer isso direito, mas você nos interrompeu. Realmente destruiu Zoe.
Ela teve que voltar para casa depois do primeiro ano de faculdade.
Ela pegou a mão dele e o puxou para sentar no banco do piano. Ele
obedeceu. Ela soltou a mão dele, ficou entre as coxas e apoiou as mãos
nos ombros dele. Agora eles estavam olho no olho.
— Você sente muito? — Ela disse as palavras como uma viúva ne-
gra tecendo sua teia.
Ele assentiu.
Ela sorriu. Essa viagem de poder fez seu núcleo vibrar de excita-
ção.
Em deslizou a mão para baixo e tocou em seu pau por cima da cal-
ça. Ele estremeceu e implorou por seu toque.
Michael MacCarron como seu igual era uma perspectiva muito as-
sustadora.
Ela abriu os lábios para responder. Mas ela não conseguiu falar.
Uma pontada de ansiedade explodiu em seu peito. Nenhum de seus
truques iria funcionar com ele. Tudo o que ela pôde fazer foi olhar nos
olhos dele por um breve momento antes de ele se virar e sair pela porta
da frente.
Ele viu seu pai em todos os cantos do espaço. Fotos de seu pai re-
cebendo o prêmio de Advogado Mais Prestigiado de Kansas City e tro-
féus de golfe estavam nas prateleiras. Uma fotografia de sua mãe e pai
no dia do casamento estava ao lado de um vaso de girassóis murchas.
Depois que sua mãe faleceu sete anos atrás, seu pai insistiu em
manter o vaso cheio da flor favorita de sua esposa morta. Michael jogou
os girassóis caídos no lixo e os substituiu pelo buquê fresco. Ele olhou
para as flores. Fazia séculos desde que seu pai entrou no escritório. Mi-
chael não tinha que continuar a tradição do girassol. Mas na segunda-
feira de manhã, sua primeira parada foi sempre na florista no centro da
cidade de Langley Park.
Não era como se ele não estivesse com outras mulheres. Ele namo-
rou pessoas diferentes através da faculdade de direito. Mas nada nunca
ficou preso. Todo relacionamento carecia de algo que ele não podia
identificar. Quando a saúde de seu pai se deteriorou, sua vida no na-
moro passou de esparsa para inexistente.
— Eu não tinha ideia de que ela estava voltando para casa. O Dr.
MacCaslin não mencionou nada para mim, nem mesmo quando eu o
ajudei a mudar para o chalé assistido.
— E como está seu pai? — ela perguntou, mas antes que ele pu-
desse responder, Ben Fisher apareceu por trás da porta fechada da sala
de conferências.
— Graças a Deus pelo café, — disse Ben com um sorriso. Ele pe-
gou a xícara fumegante e tomou um gole.
— Eu acho que deveria haver uma lei que, se o dia seguinte ao Hal-
loween cair em um dia da semana, eles cancelam a escola, — disse Ben
com uma risada.
— Kate era um urso para acordar esta manhã e exigiu Kit Kats no
café da manhã.
— Concordo. Espero que você tenha algo bom planejado para Jen-
na hoje à noite - acrescentou Michael.
Mesmo que Ben fosse o irmão mais velho de Zoe, Michael sabia
que Zoe nunca compartilhou os detalhes de Sadie's Hollow com ele. Ben
conhecia o resto da cidade - Em se machucou enquanto festejava, ter-
minando qualquer chance de carreira na música, e ela havia deixado o
Langley Park para morar com a mãe na Austrália.
Ele estaria dentro de sua casa de garagem, mexendo com sua esta-
ção de trabalho de áudio digital quando ela finalmente retornasse. Um
hobby que ele praticava em segredo.
Seu pai nunca apoiou seu amor pela música e, especialmente, não
entendeu sua afinidade pelo baixo com camadas de melodias eletrôni-
cas. O talento de Em era algo que seu pai podia entender. Claro, estava
tudo bem para Mary Michelle MacCaslin seguir seus sonhos. Ela era
uma renomada violinista clássica. E o que ele era? Segundo o pai, ape-
nas um garoto fazendo barulho.
Eram sete e dez da manhã. Em passou por essa hora todos os dias
desta semana. Agora sexta-feira, uma garoa fria de novembro apimen-
tou o ar e escureceu a calçada. Ele ajustou o espelho retrovisor do car-
ro. Como um caçador esperando por sua presa, ele se sentou e obser-
vou a Mercedes passar. Ele reagendou todas as suas reuniões até a
próxima semana. Sua sexta-feira estava aberta, e ele precisava desco-
brir para onde diabos ela estava indo todos os dias.
Ele a seguiu para o sul, deixando a área de Kansas City até se fun-
direm na Highway 169 e os arranha-céus da cidade foram substituídos
por campos inativos e gado itinerante. Eles dirigiram quase meia hora
antes de ela pegar a saída 59 e depois clicar.
Ele cortou a ignição. Ele queria lhe dar uma vantagem. Mais im-
portante, ele queria pegá-la fazendo o que diabos ela estava fazendo no
vazio.
Ele fechou o paletó e passou pelo cemitério. Ele olhou para os de-
graus de pedra calcária que levavam ao buraco.
Michael piscou. Em olhou para ele, suas mãos não tocando mais
violino, mas em bolas apertadas contra seus quadris. Um rubor enver-
gonhado subiu por seu pescoço exposto e suas bochechas floresceram
escarlate.
Michael enfiou as mãos nos bolsos da calça jeans. Era a única ma-
neira de impedi-los de puxar o capuz de sua cabeça e entrincheira na
de Em. Ela tinha que estar congelando.
Seus olhos estavam alinhados com o delineador preto que ele a viu
usar na noite de Halloween, e a maquiagem tinha borrado, fazendo-a
parecer uma fada distópica. Ele reuniu sua determinação e suavizou o
olhar, esperando que ela diminuísse a raiva.
Michael soltou um suspiro. Não era isso que você queria. O sexo
não teve nada a ver com a pequena façanha que você fez.
Ele sabia que a lenda de Os Passos para o Inferno era uma história
boba passada de geração em geração para impedir que jovens inquietos
desfigurassem as lápides antigas. Mas suas palavras ainda saíram em
um suspiro rouco.
— Em, eu.
Ela estava segurando firme sua raiva. Ele podia sentir isso irradi-
ando dela. Os olhos dela ardiam com isso. Mas além da raiva, havia
tristeza enterrada nas profundezas de seu olhar.
Ela se virou e foi para o cupê. Suas mãos tremiam e ela largou as
chaves enquanto tentava destrancar a porta do carro.
Ele pegou as chaves. Ela estava de costas para ele. Os ombros dela
subiram e caíram com a respiração em impulsos raivosos. Ela se virou e
se encostou no carro. O olhar dela passou por ele como um matemático
avaliando uma equação.
Ela tentou puxar as mãos do aperto dele, mas ele segurou firme.
As palavras dela doíam. Suas palavras o cortaram completamente, mas
ele sabia que ela estava mentindo. Ela pode não perceber, mas ele per-
cebeu. Raiva e raiva podem ter sido sua configuração padrão nos últi-
mos doze anos, mas não era quem ela era.
Michael soltou as mãos dela, mas em vez de deixá-la ir, ele segurou
o rosto dela. — Você esquece, eu te conheço a vida toda. Não me impor-
to se faz doze ou doze mil anos, sempre conhecerei seu coração.
Teria feito mais sentido dirigir, mas os quatro tiros de Teeling que
ela deu depois de voltar para casa de Sadie's Hollow ainda estavam com
a cabeça nadando. Esta cidade já pensava que ela era uma tola egoísta
e imprudente. Adicionar um acidente de carro à sua lista de realizações
apenas provaria que estavam certas - e mataria o pai dela.
Ela chegou à cabana do pai, mas antes que pudesse bater, ele
abriu a porta.
O pai dela apertou o ombro dela. — Você está pronta para subir?
Noland olhou para Michael com raiva nos olhos. — Quem diabos é
você? Tire suas malditas mãos de mim!
C #, B, A, A
E, F #, G #, A, G #
F #, E, F #, E, C #
Ele pegou a mão dela. — Eu sempre amei esse hino. Seu pai e eu
costumávamos sentar na varanda da frente e ouvir você tocar repetida-
mente. Bill, não é?
— Michael sentiu sua falta, Em, — disse Noland, olhando para o fi-
lho.
Noland assentiu, mas voltou sua atenção para Em. —Você virá me
visitar em breve, não é? Talvez com um pouco menos disso— Ele apon-
tou para os olhos dela. — Você não precisa, querida. Você não tem nada
a esconder.
Ele deve ter percebido a mudança na resposta dela, mas antes que
pudesse responder, Anita Benson emergiu da multidão.
Tom passou pelas famílias e acenou. — Em, Bill, é tão bom ver vo-
cês dois! Isso foi alguma coisa, Em. Como você sabia que essa música
ajudaria a Noland?
— Você deveria fazer isso, criança, — disse Bill. Seus olhos brilha-
vam de emoção.
O que ela deveria dizer? Ela jurara voltar a tocar, exceto que ape-
nas se apresentava na frente de um salão de baile lotado.
Seus olhos estavam cheios, mas não com bondade ou mesmo a lu-
xúria que ele tinha visto quando ela tentou seduzi-lo. Não havia como
errar o que ele viu nos olhos azuis de safira dela: pena. Ele apertou a
mandíbula.
— Eu sei o que você vai dizer, Mary Michelle, e não quero ouvir, —
disse ele, levantando-se.
— Eu não sabia sobre o seu pai, — disse Em, dando a Cody um úl-
timo tapinha em sua cabeça antes que ela se levantasse para encará-lo.
Ele manteve uma expressão neutra. — Você responde uma das mi-
nhas perguntas e eu responderei uma das suas.
— Imaginei que seu pai teria lhe contado tudo isso depois da ex-
plosão de meu pai no recital.
— Meu pai disse que, às vezes, ele não reconhece você, Em acres-
centou suavemente.
Ele soltou um bufo incrédulo. Se você já sabia sobre o meu pai, por
que diabos você perguntou?
— Por quê?
Ele passou várias vezes naquela noite por anos, tentando lembrar
se tinha visto algo suspeito. Mas esses pensamentos sempre chegavam
à mesma conclusão vergonhosa: ele estava muito ocupado tocando mú-
sica e perdendo tempo com Tiffany Shelton para não ter notado nada.
— Eu não vim aqui para brigar com você, Michael. Fechei tudo so-
bre Langley Park por tanto tempo. Doze anos se passaram. Mas para
mim, é como se eu voltasse no tempo.
Ele não podia vê-la, mas podia senti-la. A energia dela. O espírito
dela. Ele manteve o olhar fixo no saco de pancadas. Pensamentos dela
pressionados contra sua casa chamando-o para correr pela chuva e se
juntar a ela ecoaram em sua mente. Ele sentiu a mesma atração agora,
Culpa e desejo torceram dentro de seu peito. Em não teve que ter-
minar sua frase para que ele soubesse o que ela queria dizer. Depois
que ele a deixou, ele nunca mais voltou. Ele nunca foi encontrá-la.
Mas isso não significava que ele não poderia ajudá-la agora.
Ela balançou a cabeça, mas o sulco na testa lhe disse que estava
considerando a oferta dele.
— Eu não estou lhe dizendo isso para machucá-la, Em, Ele falou
quando uma ideia veio a ele.
Michael encontrou seu olhar. Era como estar diante de uma barra-
gem de lembranças segundos antes de ceder. Lembrou-se do sorriso no
rosto dela e de seu riso doce e borbulhante enquanto corria através da
chuva em sua direção. Lembrou-se de adormecer ao som dela tocando
violino tarde da noite enquanto a música escapava pela janela aberta do
quarto e flutuava sobre ele como beijos suaves.
Ele sabia que ela também sentia. A história deles preencheu o es-
paço entre eles. Memória após memória estalou e estalou como fogos de
artifício no quarto de julho.
— Eu sei que você não confia em mim. Mas prometo que não vou
decepcioná-la novamente.
— Você não precisa decidir nada agora. Você sabe onde eu estarei
amanhã. Depende de você, Mary Michelle.
Ela vestiu uma calça jeans e uma camiseta justa e depois terminou
a roupa com uma jaqueta de couro cortada. Antes de sair de casa, ela
parou em frente ao espelho pendurado no hall de entrada. Ela esfregou
o rosto no chuveiro e se esqueceu de abrir a bolsa de maquiagem. Um
punhado de sardas beijou a pele de suas maçãs do rosto. Mas foram
seus olhos que chamaram sua atenção. Sem o delineador pesado, a cor
que envolvia suas pupilas explodiu como um campo de hortênsia azul
profunda que não estava mais envolta em um denso nevoeiro.
Depois que ela saiu da casa de Michael na noite anterior, ela pas-
sou o resto da noite se mexendo e se virando. Sua mente foi bombarde-
ada com uma lista interminável de prós e contras. Depois que ela resol-
veu tudo, havia apenas uma escolha. Ela tem que descobrir o que acon-
teceu na noite do acidente por qualquer meio possível. Se isso significa-
va permitir que Michael ajudasse, que assim seja.
Ela sabia em primeira mão que ele não era mais um garoto.
Uma onda de vergonha espinhosa passou por ela. Por que ela ten-
tou seduzi-lo? Era uma coisa estúpida e infantil pensar que ela poderia
colocar Michael com seus encontros anteriores.
O que ela deveria dizer? Eles estavam procurando uma ponte velha
e alguns homens altos?
Pontes velhas? Ela ficou chocada por ele se lembrar de suas me-
mórias fragmentadas: homens altos, ponte velha e o pedaço de Pagani-
ni.
Antes que ela pudesse dizer outra palavra, Jenna continuou: Você
sabe com quem pode querer conversar...
— Ei, Em, — disse Zoe. Sua voz quase inaudível sobre a conversa
do café.
O grupo parou.
Jenna voltou sua atenção para Em. Veja bem, não faz muito tem-
po, Zoe conseguiu me rastrear.
Aqui estava. O ramo de oliveira. Tudo que Em teve que fazer foi es-
tender a mão e pegá-lo. Ela sabia que Zoe queria ajudar. Ela podia ver o
apelo nos olhos castanhos de sua velha amiga. Deixe-me ajudá-lo. Deixe-
me tentar fazer isso certo. Em se mexeu na cadeira.
Quem era essa mulher? Ela era como duas partes de Mary Poppins
e uma parte de rainha do baile.
Zoe assentiu quando uma garotinha entrou pela loja e caiu no colo
dela.
— Isso é tão legal, Kate disse Jenna, depois voltou sua atenção pa-
ra Em. Eu não tinha ideia de que você era professora.
Kate saltou no colo de sua tia. Agora você pode me mostrar a placa
para Jedi Knight? É para o meu pai. Ele ama Guerra nas Estrelas.
Esse foi o eufemismo do século. Mas antes que ela pudesse res-
ponder, ela ouviu alguém chamando seu nome.
Ela se virou para ver a mãe de Zoe, Kathy Stein, correndo em sua
direção.
Em olhou de Ben para Michael. Por que você olharia o meu Qua-
drangular?
— Ben é o arquiteto que eu queria lhe contar. Foi ele quem reno-
vou muitas casas em Langley Park acrescentou Michael.
O rosto de Kathy se iluminou. Está certo! Você deve vir à nossa fes-
ta de fim de ano daqui a apenas algumas semanas. E Michael estou co-
locando você no comando de trazer Em.
-— Até breve, querida. Estou tão feliz que você esteja em casa disse
Kathy, dando-lhe um último abraço antes de seguir o filho até a cafete-
ria.
Casa.
A palavra soou estranha aos seus ouvidos. O lar nunca fora um lu-
gar físico. Nunca importou se ela estava na Ásia, Europa ou América do
Mas ela não podia negar que algo sobre Langley Park falava com
sua alma - uma conexão que ia além do tijolo e argamassa de sua casa
até seu próprio DNA.
Ela odiava o quanto ela queria entrar no carro dele. Era muito
mais fácil odiá-lo com um oceano entre eles.
MICHAEL OLHOU PARA EM. Eles haviam percorrido quase oitenta qui-
lômetros a sudoeste até Sadie's Hollow em silêncio. Ela olhou para fren-
te, seu olhar treinado na estrada. Expressão em branco e ilegível.
Ele brincou com a idéia de ligar o rádio ou colocar uma fita no ve-
lho deck do Range Rover para tentar distraí-la, mas ele sabia que seria
inútil. Tudo o que ele podia fazer era esperar até que ela descobrisse o
que estava acontecendo em sua cabeça. E não era como se ele não ti-
vesse coisas para contemplar.
Ele olhou para baixo quando seu telefone tocou um e-mail recebi-
do. A cobertura celular é irregular nos bastões. Pode ser um email da
Zoe. Você pode dar uma olhada?
Ele manteve o olhar fixo na estrada, mas ele podia ouvir o sorriso
na voz dela.
Todas as noites desde então, ele tinha ido para a cama com a me-
mória de seu corpo pequeno e apertado em volta dele. Suas coxas pres-
— Deve haver vinte deles - e estes são apenas os que estão próxi-
mos ao oco.
— Mas eu não tenho... Ela parou, mas ele sabia o que ela estava
pensando. Ela não teve muito tempo. Ela teve que vender a casa o mais
rápido possível para permitir que o pai finalizasse a compra da casa de
campo do Senior Living Campus.
— Ei, Kyle. O que você está fazendo aqui fora? — Ela perguntou.
— Você está aqui para tentar se lembrar mais sobre a noite em que
você foi ferida? Kyle perguntou.
Kyle coçou a parte de trás da cabeça. Eu acho que você teria mais
sorte ao norte daqui. Não consigo pensar em muitas pontes por aqui.
— Por que você não gosta de Kyle? O que ele fez com você?
— Eu não gosto do jeito que ele olha para você. respondeu Michael,
mantendo o olhar fixo nos sapatos.
Ele a cortou. Sinto muito por ter abandonado você por Tiffany
Shelton!
— Eu não sei mais o que posso dizer, Em. Porra, vou me desculpar
com você todos os dias pelo resto da minha vida, se é isso que é preciso.
— Você não está bravo com ele. Você está com raiva de si mesmo
ela disse.
Nada.
Esta foi sua sexta viagem ao oco em tantos dias. Ela dirigiu as
quase oitenta milhas, para trás e para trás frente, todos os dias daquela
semana, esperando que algo despertasse sua memória.
Ele olhou para cima e Em deu um leve aceno de cabeça. Eles esta-
vam dançando um com o outro com brincadeiras o dia todo.
— Isso é horrível! Sinto muito disse Em, olhando para Michael, que
permaneceu em silêncio.
Ela estava tão encantada com a história de Tina Fowler que quase
esqueceu que ele estava lá.
Ela não iria mais receber nada de Mindy Lancaster. Ela pode ter
decepcionado o pai. Ela pode ter decepcionado toda essa cidade. Mas a
The Sound Of Home
KRISTA SANDOR
raiva que a mantinha longe da música, longe das lembranças que ame-
açavam separá-la com culpa e tristeza, estava se transformando. Essa
nova raiva precisava aprender a verdade. Essa nova raiva teve um in-
cêndio por trás, alimentado por uma determinação obstinada.
Era como se toda alma viva que ouviu Em tocar fosse atraída para
o salão de baile. Até os garçons estavam imóveis segurando bandejas,
congeladas no lugar.
4
https://www.youtube.com/watch?v=DqpPRj6UZqc
A expressão de Em relaxou.
Michael forçou um sorriso. Ele não sabia o que doía mais, pensan-
do na época em que seu pai se lembrava dele, ou agora, quando ele não
lembrava.
Ela estava dando uma bronca nele, e ele ficou agradecido por ter-
minar qualquer conversa sobre seu pai.
— Eu odeio desapontá-la, mas não acho que você ficará muito im-
pressionada. Ao longo dos anos, aprendi que um fluxo constante de Li-
onel Ritchie intercalado com alguns Bee Gees é o que faz com que essa
multidão continuar.
Ela riu e o som tomou conta dele como uma brisa quente de verão.
5
https://www.youtube.com/watch?v=XpqqjU7u5Yc
— O que é, Em?
— Oh, Cristo ele riu.É Eunice Teller. Ela deve ter passado pelas en-
fermeiras. Ela é como Houdini. Prepare-se para uma caminhada pela
estrada da memória.
— Sra. Teller era nossa enfermeira de parto ele disse, ainda segu-
rando uma risada.
— Nossa o quê?
Agora fazia sentido. Fazia anos desde que vira a Sra. Teller, e a
mulher parecia antiga até então.
— Foi aí que você conheceu seu Bobby, certo Anita? A mulher con-
tinuou. Que pena o que aconteceu em LaRoe. O rosto da sra. Teller se
iluminou. Eu vi a irmã mais nova dele aqui. Ela sempre foi tão boa em...
Depois que Michael saiu para levar a Sra. Teller de volta ao Centro
de Atendimento à Memória, ela se despediu do pai e caminhou a curta
distância até Foxglove Lane.
O que faz você pensar que é algo além de medíocre? Você nem jogou
nada difícil.
Ela olhou para a caixa de violino em sua mesa, enfiou as mãos nos
bolsos do capuz e foi para a cozinha. Ela colocou a chaleira para ferver
e encostou-se ao balcão da cozinha.
No mesmo dia ela viu Zoe, Ben, Kathy, Kate e Jenna. Ela encon-
trou Kyle Benson em Sadie's Hollow e tocou piano para os residentes do
Senior Living Campus.
Essa foi a razão de voltar para casa, certo? Ela precisava ajudar o
pai a vender a casa, mas e depois? Voltar para a Austrália? Claro, ela
adorava trabalhar no Renwick Center e estar perto de sua mãe. Mas
sua vida não parecia mais tão em preto e branco. A raiva que costuma-
va sustentá-la não era suficiente.
Ela tomou um gole do chá e olhou pela janela. Sua casa da gara-
gem estava escura, mas havia uma luz acesa dentro da de Michael. As
janelas quadradas brilhavam amarelo-alaranjadas como um farol na
escuridão.
Ela vestiu suas velhas botas de chuva e viu seu reflexo na janela.
Cabelo bagunçado. Moletom com capuz de grandes dimensões. Minús-
culos shorts de dormir e botas de chuva velhas. Ela parecia a definição
de um acidente de trem. Mas a aparência dela não importava. Ela só ia
à garagem de Michael perguntar pela sra. Teller.
Ela abriu a porta dos fundos e agarrou a caneca quente. Uma brisa
gelada agitava os galhos das árvores, e ela dobrou o passo quando suas
respirações saíram em suspiros curtos e excitados.
Não havia motivo para se excitar, mas seu coração discordou. Cla-
ro, ela queria perguntar a Michael sobre a Sra. Teller. Essa era a razão
suficiente para estar caminhando pelo quintal, meio vestida, não era?
Foco.
— Posso entrar?
— Por que você não faz isso em casa? — Ela perguntou, cami-
nhando para o canto mais distante e dando uma cutucada no saco de
pancadas.
— Não, Michael, você sabe que não foi isso que eu quis dizer.
— Não é nada, — disse ele e alcançou para fechar seu laptop, mas
Em colocou a mão dela em cima da dele.
— Em, ele respirou. Você tem que saber. Você não perdeu nenhum
de seu talento. Você ainda consegue.
A língua dele traçou a costura dos lábios dela. — Você gosta disso
não é? — ele respirou.
Ele manteve uma mão no pescoço dela, e com a outra, abriu o zí-
per do capuz. A mão dele encontrou o peito dela, e ela arqueou contra
ele quando ele amassou a carne delicada, e seus mamilos se apertaram
em picos agudos.
Doce Jesus, ele era sexy quando estava dizendo a ela o que fazer.
— Por que você ainda está vestindo calças? — Ela ofegou contra os
lábios dele.
— Porra, Em. Eu sempre soube que seria assim — ele rosnou e de-
sabotoou sua calça.
Seus olhos verdes escureceram. Meu pai tem estágio seis da doen-
ça de Alzheimer. Você sabe o que isso significa?
— Significa grave declínio, porra. Isso significa que ele não conse-
gue se lembrar das pessoas que vê todos os dias. Pessoas que ele co-
nheceu a vida inteira. Ele tem ilusões. Ele acha que estamos todos fora
para pegá-lo.
Noland desviou o olhar do filho e deixou cair no rosto dela. Ele sor-
riu. Ela estava prestes a retribuir o sorriso dele com um dos seus quan-
do a expressão de Noland se desvaneceu.
Noland deu uma risada. Que diabos você está brincando? Meu fi-
lho tem sete anos.
O homem mais velho se inclinou para frente. Você não é meu filho,
seu mentiroso bastardo.
Noland recuou, mas desta vez, Michael estava pronto para o gan-
cho de direita de seu pai e evitou o soco.
Mas antes que ele pudesse dizer outra palavra, seu corpo ficou mo-
le e Noland MacCarron ficou pendurado como uma boneca de pano nos
braços de seu filho.
— Eu sei que você vai dizer que piorei para a Noland. Mas da últi-
ma vez que toquei para ele, funcionou. A última vez que toquei para ele,
ele me reconheceu. Ele voltou para si mesmo. Você estava lá, senhora
Benson. Você viu isso.
— Eu sei o que você viu pode ser bastante chocante, — disse Anita,
dando um tapinha no ombro dela. Mas o que aconteceu hoje à noite é
um produto de sua doença.
— Claro que você fez. Anita fez um gesto para ela se sentar. Nin-
guém duvida disso.
A boca de Em ficou seca. Tudo o que Anita Benson disse era ver-
dade.
Anita abaixou a voz. Sra. Teller acha que somos todos de Garrett. É
um produto da demência dela.
Em assentiu.
Em tentou encontrar seu olhar, mas Michael não fez contato visu-
al.
18
— Michael, fale comigo. Por favor, diga alguma coisa.
Mas havia uma coisa que ele tinha certeza: Ele não tinha tempo
para a pena dela.
Os olhos dele focaram. Ele ficou tão perdido em sua fantasia que
quase esqueceu o pai.
Ele deu uma risada. Você não queria nenhuma ajuda. Você teve
mais de uma década doze anos para responder minhas cartas. Eu teria
feito qualquer coisa para ajudá-la. Agora você está de volta e mal está
me deixando levantar um dedo. Eu sou basicamente seu motorista glo-
rificado.
— Chega de meu pai pelo amor de Deus! Sim, é péssimo. Sim, isso
parte meu coração. Mas é a minha cruz para carregar.
— Foi uma noite longa, Em. Nós dois estamos cansados. Entre e
descanse um pouco.
Ela cruzou os braços. Eu não tenho pena de você. Eu sei que é isso
que você está pensando. Mas você está errado. Ela pegou a mochila e
deu um passo em sua direção. Se o que você pensa que vê nos meus
olhos é pena, ela disse e respirou trêmula, então você não me conhece.
E você nunca fez.
Ele fechou os olhos e passou a mão pelo rosto. Ele odiava admitir,
mas estava feliz que ela estivesse com ele esta noite. Sua presença, sua
vontade de fazer o que pudesse para ajudar - isso lhe trouxe conforto.
Ela tocara violino hoje à noite. A Polly dela. Cristo, isso não poderia
ter sido fácil para ela. Ele nem tinha certeza de que Polly havia sobrevi-
vido quando ela destruiu seu quarto após o ferimento. Ele espiou o
quarto dela quando ajudou o pai a se mudar. As camadas de tempo e
Ele olhou para a janela. Ela estava tocando para ele. Ela sempre
tocou para ele. Ele podia ouvir a voz dela chamando-o em todas as no-
tas, em todas as vibrações de suas pontas dos dedos pressionadas nas
cordas delicadas. Ele irrompeu pela porta da frente e subiu correndo as
escadas para o quarto dela. Seu coração sempre soube encontrá-la. Ele
poderia ter sido vendado. Ele ainda teria feito isso sem um arranhão.
— Eu vejo tudo, Em. Ele deslizou as mãos pelas costas dela e a le-
vantou em seus braços. Você é meu tudo.
Ela havia tirado o jeans e estava de volta com aquele doce short de
pijama. Suas pernas nuas envolveram sua cintura enquanto seus dedos
pressionavam suas nádegas através do tecido fino. Ela não estava
usando calcinha. Seu pênis virou aço, e Em lançou um gemido ofegan-
te.
Ela sentiu isso também. A conexão deles era mais do que luxúria
carnal. Era camada sobre camada de sorrisos e risadas. Um loop infini-
to de memórias e música.
Ele mudou seu corpo mais para a cama, mas parou quando algo
pressionou sua coxa. Ele se abaixou e puxou um colar de pérolas. —
Estas são as pérolas? — Ele os segurou sob a luz da lâmpada. Faltava o
fecho, e finos pedaços de fio torcido pendiam frouxos de cada lado, onde
algumas pérolas deveriam ter descansado.
Ele procurou o rosto dela. Ele conhecia cada sarda, cada pestana.
Ele memorizou todos os seus sorrisos. O rosto dela assombrara seus
sonhos há anos.
Seu sorriso tímido floresceu, e ele conhecia aquele sorriso fácil, pe-
gajoso com picolé de cereja escorrendo pelo queixo. Ele segurou o rosto
dela. — Eu preciso saber que você acredita nisso também — disse ele,
inclinando-se e tomando o lábio inferior suavemente entre os dentes.
Seu olhar se voltou para cima e ele seguiu a linha do corpo dela.
Ela estava esparramada na cama, como em sua fantasia, cabelos ruivos
escorrendo pelo travesseiro, mãos descansando sobre a cabeça. Ele no-
tou um flash branco emaranhado entre os dedos dela. As pérolas. Um
novo choque de luxúria atingiu seu pênis. Ele agarrou seus quadris e
trabalhou seu broto inchado com a língua.
Sua pele esquentou sob o toque dele, enquanto seu núcleo ficou
quente e úmido. Ela se contorceu e torceu. Seus suspiros, juntamente
com gemidos doces, pareciam mais bonitos do que qualquer música que
ele já ouvira. Seus quadris se contraíram sob seu toque em uma batida
constante que apenas os dois podiam ouvir. Ela gritou, o êxtase ras-
gando através dela quando suas coxas se apertaram ao redor dele, e ela
cavalgou cada onda de felicidade.
Puta merda.
Claro, ela tocava piano e violino desde que voltou para casa em
Langley Park, mas não tocara nada tecnicamente difícil. O teste real se-
ria Paganini. Um calafrio percorreu sua espinha ao pensar nisso. Ela
não estava pronta para experimentar Nel cor più non mi sento. Ainda
não.
Ela não teve que se virar para saber que ele estava atrás dela. Mi-
chael passou um dedo pelas costas dela e juntou os cabelos na mão de-
le.
Ele beijou a pele sensível atrás da orelha dela. Eu pensei que esta-
va sonhando quando ouvi o piano.
Ela procurou o rosto dele. Mesmo que eu ainda possa tocar como
antes e não estou dizendo que posso. Eu ainda preciso saber o que
aconteceu naquela noite. Eu preciso saber para o meu pai. Eu preciso
saber por mim mesma. Preciso que todos em Langley Park saibam que
não quis decepcioná-los.
Ele riu e enroscou a mão nos cabelos dela, passando os longos fios
ruivos pelos dedos. É minha mãe.
Ela apertou os lábios nos dele, mas congelou quando ele colocou
algo sólido em seu colo. Ela abriu os olhos e estreitou o olhar. Era um
violino. Mas não um violino tradicional como sua Polly. Essa coisa pare-
cia algo saído de um filme de ficção científica. Como um violino comum,
tinha quatro cordas, um apoio para o queixo e estacas no topo para afi-
nar. Mas este violino estava completamente limpo, com pequenas toma-
das na lateral e um interruptor para ligar e desligar.
Era difícil não ficar animado quando Michael emanava uma alegria
tão crua.
Ela fechou os olhos e passou o arco pelas cordas.Oh meu Deus ela
exclamou, abrindo os olhos.
Ela passou o arco pelas cordas, mas o que saiu não foi o que Cho-
pin compôs. Como uma ourivesaria transformando metais preciosos em
obras de arte, ela tocava a música, dobrando-a e moldando-a em algo
novo.
Então a música parou. Em piscou uma vez, depois duas vezes. Ela
se deslocou para aquele lugar onde sua mente pairava entre este mun-
do e o outro.
Ela assentiu. Ela não confiava em sua voz. Como música, ela nun-
ca se desviou das notas escritas na página. Como um soldado treinado,
ela seguia todas as marcações, todas as notações. Ela passou toda a
infância tocando piano e violino exatamente como o arranjo exigia. Ela
nunca sonhara em colocar sua marca em algo tão atemporal como a
peça de Chopin.
Ela engoliu em seco. Ele também vivia no coração dela. Ela tentou
cortá-lo, tentou encadear a parte dela que sempre seria dele. Mas esta-
va sempre lá, por mais que tentasse lutar contra isso. Seus ventos ro-
dopiantes de raiva e ressentimento não podiam destruir o lugar onde
Michael sempre viveu em seu coração.
Ele trabalhou o corpo dela, mais e mais fundo. Suas respirações ir-
regulares vieram em batidas quentes entre beijos. Mary Michelle, você é
tão doce e tão apertada.
O nome dela, pingando dos lábios dele, parecia tão quente e tão
sujo. Ela não conseguiu se segurar e encontrou a liberação, as pálpe-
bras tremulando, seu corpo não era mais o seu.
Ela encontrou o olhar dele. Ele deve ter visto a verdade nos olhos
dela, porque o sorriso torto que ele lhe deu enviou faíscas ricocheteando
o comprimento de sua coluna.
— Isso é bom, Em. Não é como nada que eu já ouvi. Nós podería-
mos fazer isso. Nós poderíamos fazer música juntos.
— O que é isso?
Ela pegou a mão dele. Você sabe que eu não ligo para isso.
— Por que ele fez isso? Ele estava tentando consertar alguma coi-
sa?
— Eu sabia que algo estava errado com meu pai depois que minha
mãe faleceu. Ele esqueceria pequenas coisas, uma reunião aqui, um
prazo de entrega lá. Eu disse a ele que ele precisava contratar um secre-
tário jurídico. Mas você conhece meu pai, ele gostava de fazer tudo so-
zinho. Ele se orgulhava de ser auto-suficiente.
— Ele não entrou no escritório um dia. Liguei para a casa, mas ele
não atendeu. Eu tive que cobrir todas as suas reuniões, assim como as
minhas. Então, eu não consegui parar na casa até tarde. Quando che-
guei aqui, entrei nisso - ele disse, com o olhar fixo na escada.
— Tentei dizer a ele que minha mãe estava morta, mas ele apenas
me encarou como se eu fosse louco. Tornou-se beligerante, começou a
arrancar a grade, atingindo os postes com um machado como um luná-
tico. Eu o observei por quase uma hora. Michael soltou um suspiro
cansado. Finalmente, eu decidi ajudá-lo. Imaginei que, se ajudasse, po-
Em apertou sua mão. Ela estava tão envolvida com a raiva que
nunca perguntou ao pai sobre Michael; e, quando o pai fizesse um bre-
ve comentário sobre Langley Park, ela mudaria de assunto.
— O que você fez? Quero dizer, você tinha que saber que ele não
podia trabalhar?
Ele segurou o rosto dela nas mãos e deu um beijo na testa dela. É
o mais feliz que já estive há muito tempo.
Ela bateu nas costas dele e riu quando seu estômago soltou outro
coro de rosnados.
— MacCarron, você sabe muito bem que não fazemos parte da Le-
gião Rebelde.
— E vejo que você arrastou meu primo inútil para longe do traba-
lho. Caminho a percorrer acrescentou Sam e deu um tapa nas costas de
Michael.
— Sua cara feia não poderia fazer isso, com certeza Michael res-
pondeu com um sorriso atrevido.
Michael encontrou seu olhar. Não por muito tempo, — disse ele,
seus olhos verdes escurecendo.
Sam apoiou os braços no bar. Ouvi dizer que você está fazendo vi-
agens para Sadie's Hollow?
— Sim.
— Ben tem Star-dar. Ele pode sentir uma discussão sobre Guerra
nas Estrelas em qualquer lugar num raio de oito quilômetros - disse
Zoe, soprando um beijo exagerado no irmão mais velho.
— “Nem mencione que Jar Jar seja o que for ou você ficará presa
aqui por dias”, — disse Zoe com uma risada trêmula.
— Não, ele não mencionou nada disso. Eu sabia que Nick era ami-
go de Sam há muito tempo, mas nada sobre a esposa de Ben. Jenna,
certo?
Essa não era a verdade, mas Em assentiu. Ela viu o jeito que Zoe
estava assistindo Sam na noite de Halloween. Naquele breve momento,
Zoe pegou uma batata frita do prato. Ele lembrou da sua refeição
favorita. Leite com chocolate e tudo.
Zoe assentiu e bateu mais uma batata. Agora que ele está meio
preparado para concorrer a um cargo estadual, eu o notei assumindo
mais projetos comunitários centrados no Kansas provavelmente tentan-
do suprir seu currículo. Mas, tenho que lhe dizer, não sei se ele real-
mente quer concorrer a alguma coisa. O conteúdo bonito do cara com
apenas tirar fotos. Parece muito importante para a mãe dele. Ela dirá a
quem quiser ouvir. Você se lembra dela, enfermeira Ratched.
— Essa área foi atingida com força. Eles costumavam ter uma fá-
brica de cimento que empregava literalmente todo mundo que não era
agricultor por aí. A fábrica faliu ou foi fechada. Não me lembro. Isso
aconteceu anos atrás. Enfim, essa Tina Fowler foi morta. Ela era algum
— Sim, — disse Em. Você deveria ter ouvido a garçonete falar so-
bre ela.
— Eu teria que checar duas vezes para ter certeza absoluta, mas
acho que Tina Fowler pode ter morrido na mesma noite em que você se
machucou em Sadie's Hollow.
— Isso deixa uma janela de pelo menos oito horas, Em. Oito horas
que você não se lembra e oito horas ninguém se lembra de ter visto vo-
cê.
— OK. Vou investigar mais isso. Zoe pegou o telefone e rolou a lista
de contatos. Posso verificar com o repórter que cobriu a história.
— Obrigado, Z.
Um calafrio passou por ele, mas não era do frio. Ele faria tudo o
que estava ao seu alcance para ajudar o Dr. MacCaslin a pagar por sua
cabana no Senior Living Campus, mas o pensamento de outra pessoa
morando no Quadrangular de Em bateu como um soco no estômago.
Era uma noite fria, mas não fria. As luzes quentes que cruzavam a
praça da cidade eram sua única companhia. A sorveteria em frente ao
Park Tavern havia fechado a loja à noite e as famílias de Langley Park
— Eu mencionei isso para Zoe, e ela sabia tudo sobre isso porque a
Kansas Public Radio fez uma história sobre os dez anos de sua morte,
alguns anos atrás.
— OK. Não sei para onde você está indo com isso.
— Zoe acha que meu acidente pode ter acontecido na mesma época
em que Tina Fowler foi morta.
— Eu não sei. Eu sei que não faz muito sentido, mas é uma coinci-
dência bem estranha, certo? Quero dizer, quantas batidas e corridas
você acha que acontecem em uma cidade desse tamanho? Não podem
ser muitos.
Ele a levou até um banco. Nós vamos descobrir isso. Nós vamos
encontrar as respostas. Só não sei se Tina Fowler faz parte da equação.
Cristo, ele desejou ter uma porra de uma bola de cristal que lhes
daria a resposta. Ele desejou poder estalar os dedos e Em não teria que
sair, não teria que vender o Quadrangular. Seu coração afundou. Eles
foram feitos para ficar juntos.
Ele fechou os olhos e encostou a testa na dela. Ele tentou ser posi-
tivo. Uma coisa de cada vez, MacCarron. Ela não vai embora amanhã.
Há tempo. Ele repetiu o mantra como uma oração.
— Cotilhão? — Em perguntou.
Em riu. — E a valsa?
— Pelo menos eles conseguem ouvir uma bela peça de música dis-
se Em, balançando ao ritmo.
Ele teve uma ideia. Ele levantou as mãos unidas e apoiou a palma
da mão nas costas dela.
— Mas você não trabalha em uma escola para crianças surdas? Ele
abandonou a valsa e voltou a balançar de um lado para o outro.
— Em, você fez o que tinha que fazer para sobreviver. Eu não estou
te julgando. Eu nunca pensaria menos de você.
Ela encontrou o olhar dele, e ele quase se afogou nas infinitas pis-
cinas azuis.
A incerteza passou por ele. Ele tentou falar, mas ela o silenciou
pressionando o dedo indicador nos lábios dele.
— Sim, Michael diz que eles fizeram uma boa divulgação no Dia de
Ação de Graças. Além disso, nós dois podemos estar com nossos pais
dessa maneira.
— Ele tem dias bons e ruins. Eles ajustaram seus remédios e ele
não teve nenhum episódio violento recentemente.
Ela realmente iria vender esta casa? Não havia escolha. Ela teve
que. O pai dela precisava da receita da venda do Quadrangular para
comprar sua casa de campo assistida. Era tão simples assim.
— Ei, Kyle! Estou tão feliz por ter encontrado você. Ela olhou para
a bolsa. Preciso contratar um fotógrafo para tirar algumas fotos do meu
Quadrangular. Você já fotografou casas?
Em olhou para o relógio. Eram dez e pouco. Ela tinha pelo menos
algumas horas antes de encontrar Michael no Senior Living Campus.
— LAR DOCE LAR, — DISSE Kyle, abrindo a porta lateral de sua casa
de garagem.
Ela encontrou o olhar de Kyle. Sim, eu sei o que você quer dizer.
Kyle ergueu os olhos da pilha de fotos. Minha mãe pegou isso para
mim. Mas nada está escrito em pedra ainda. O cara que ocupa o assen-
to agora foi preso com sua amante de dezenove anos e tem um passado
cheio de má conduta sexual. O jornal fez uma exposição completa sobre
ele. Alguns ativistas locais que conheci através do meu trabalho com a
Sociedade Histórica demonstraram algum interesse em me candidatar,
mas ainda é cedo no processo.
Mindy Lancaster?
— Tia Mindy? Em repetiu. Eu não sabia que você era parente dos
Lancasters?
— Meu pai era o irmão mais velho de Mindy. Ela era muito mais
nova que meu pai, quinze anos mais nova. Meu pai morreu logo após a
foto ser tirada. Kyle apoiou a foto na prateleira. É a única foto que te-
nho dele. Um incêndio destruiu todas as fotos e lembranças de quando
eu era bebê.
— Não é grande coisa, Em, — disse ele. Seu sorriso estava de volta
no lugar. Você pode levar as fotos com você. Deixe-me saber se e quan-
do você gostaria que eu fotografasse sua casa.
Ela encontrou seu olhar e apalpou seu pau. Você ainda tem que
perguntar?
O olhar dele foi para a mão dela.Um pouco menos disso, senão
acho que não vou conseguir passar pelo jantar.
— Ele diz que eles não estão perto, continuou ela. Eu quero saber
porque?
— Outra hora, Tom ofereceu com um sorriso fácil. E pelo que ouvi,
você pode ser ainda melhor agora do que quando era menina.
— EU NÃO ACHO que posso comer mais uma mordida, — disse Bill
MacCaslin e deu um tapinha no estômago.
Michael cortou uma fatia de torta para o pai. Eles fazem um ótimo
trabalho todos os anos.
— Você tem certeza que está bem, Em? — Michael perguntou, co-
locando o braço em volta da cadeira dela. Sra. Teller está certa. Você
quase não teve nada.
— Isso é tão doce disse a sra. Teller a Noland e Bill. Michael é tão
atencioso quanto meu Rodney. A mulher sorriu e voltou sua atenção
para Michael Rodney.Eu já contei a vocês jovens sobre o meu primeiro
encontro com Rodney?
Em não percebeu que suas mãos estavam tremendo até que Mi-
chael alcançou seu colo e lhes deu um aperto tranquilizador.
— Ela está aí, — disse a sra. Teller e acenou para Anita Benson.
— Sra. Teller, querida - começou Anita, foi uma tarde agitada. Va-
mos voltar para o seu quarto para descansar um pouco.
Bill deu uma piscadela para ele. Você e Em não têm um lugar pa-
ra estar? Além disso, seria bom para meus velhos ossos esticar um
pouco as pernas antes de voltar para a cabana. Ele se levantou e amar-
O rosto de Em caiu.
- E quando ela ligou para Anita, Sra. Hale. Você não acha isso es-
tranho?
Ele jogou uma piscadela para ela. Por que eu tenho que fazer al-
guma coisa
— Por quê? Ele repetiu, sorrindo. Porque você nunca foi ao baile e
ninguém te forçou a sofrer torturas de cotilhões de valsa.
— Oh sim?
Ela encontrou o olhar dele. Ok, você tem a localização coberta. Não
sou especialista, mas não deveria haver música?
— Você poderia fazer isso, Em. Nós poderíamos fazer isso juntos.
Quero dizer, em apenas algumas semanas já criamos quatro faixas. E
eles são bons. Eles são muito bons.
Ele sorriu aquele sorriso torto. — Não volte para a Austrália, Em.
Fique comigo.
Ela queria gritar que sim, mas algo a estava segurando. — E a mi-
nha mãe?
Ela sorriu para ele. Eu preciso que você me leve a algum lugar.
Este lugar também tinha horrores para ele. Ele não se atreveu a fe-
char os olhos. Se o fizesse, sabia o que veria. Em, inconsciente e cober-
to de um pó cinza. Cabelos ruivos espalhavam-se empoeirados e cober-
tos de suor sobre os degraus. E a mão dela. Cristo, aquele corte raivoso
no dedo, coberto de sangue seco e pedaços de vidro e terra.
— Juro pela minha vida. Nunca mais serei imprudente com seu co-
ração. Eu sempre vou mantê-la seguro. Eu te amei a vida toda. Eu co-
nheço todos os seus sorrisos. Eu memorizei cada sarda. Eu nunca,
nunca vou decepcioná-la novamente, Em.
Ele ligou o carro e ligou o fogo. Através do brilho dos faróis, eles
observaram o ar cheio de sopro encharcar com grossas correntes de ge-
Ele virou para uma estrada rural. Ele não tinha certeza de qual de-
les, e ele não se importava. Ela o apalpou com força, persuadindo seu
pênis a ficar quente e grosso.
— Eu pensei que você disse que seu Rover poderia passar por
qualquer coisa.
Ela pegou o pau dele na mão. — Talvez? Isso parece estar funcio-
nando para você.
— Está muito quente quando você diz isso. — Diga isso de novo.
— Eu, eu . . .
Ele tomou isso como um elogio quando ela não conseguiu respon-
der. Seu cabelo caiu livre do coque improvisado, e as ondas de casta-
nho-avermelhado brilhavam de um azul nebuloso à luz que vinha do
painel. Ela parecia uma criatura mítica balançando e balançando na
luz.
Em segurou o rosto dele nas mãos dela. Ela estava respirando com
dificuldade, tentando recuperar o fôlego. — Eu te amo Michael.
Ela inclinou a cabeça para o lado e deu-lhe seu sorriso mais doce
de picolé de cereja. Ele olhou nos olhos dela, mas algo estava diferente.
Ela não estava mais banhada apenas na luz azul do painel. Ele piscou
quando o zumbido de um motor de carro acompanhou o estouro de lu-
zes que agora iluminavam totalmente o rosto dela.
Seu coração disparou. Havia uma boa chance de que algum depu-
tado pobre de Garrett tivesse enviado para patrulhar as tranquilas es-
tradas do condado na noite de Ação de Graças. Michael levantou as cal-
ças e trabalhou para garantir sua dignidade. Se algum policial pedisse
para ele sair do veículo, as evidências de sua fuga estariam por toda a
frente de suas calças.
Em afagou seus cabelos e fechou o casaco, mas fez pouco para es-
conder as meias rasgadas. Ele a olhou e soltou uma risada.
Ele colocou uma mecha selvagem ruiva atrás da orelha dela. Acho
que estamos bem apresentáveis.
O carro estava quase sobre eles. Uma luz branca encheu o interior
do Rover. Michael pegou o porta-luvas. Ele queria ter seu cartão de se-
guro pronto para o policial. Mas antes que ele pudesse olhar para cima,
o carro passou por eles. Tudo o que viu foram as luzes traseiras desa-
parecendo na escuridão nevada.
— Eu acho que não era um policial. Ele jogou seu cartão de seguro
de volta no porta-luvas. Provavelmente é algum fazendeiro.
— O que é, Em?
— Sim, acho que você está certa sobre a família dela. Mas as pes-
soas nesta área estão levantando dinheiro em seu nome há muito tem-
po. A garçonete da lanchonete pode ser a que está mantendo isso.
The Sound Of Home
KRISTA SANDOR
Em pressionou o dedo na cruz e traçou cada letra no nome de Ti-
na.
Ele sabia que ela estava desesperada para descobrir o que aconte-
ceu na noite em que ela foi ferida. Não importava que ela ainda pudesse
tocar piano e violino. Naquela noite, esse ferimento havia transformado
seu mundo inteiro e roubado doze anos dela. Mas e se ela estivesse
agarrando palhinhas, procurando alguma conexão com aquela noite
para tentar explicar o que havia acontecido?
Ele espanou a neve dos ombros dela. Estamos bem longe do oco.
Não sei como você poderia ter chegado aqui.
Ela olhou para a pequena cruz de madeira. Era fácil ver o nome de
Tina esculpido na madeira sem o véu da escuridão da neve. O olhar de-
la seguiu para o vaso preso ao fundo do memorial à beira da estrada,
onde um novo buquê de girassóis recebia a manhã.
Michael apontou uma pétala fresca. Você está certa. O que quer
que estivesse aqui foi trocado.
Peggy.
Peggy assentiu.Eu não saio tanto assim. Nada muito lá fora, mas
algumas fazendas, nos dias de hoje. É bom saber que alguém ainda es-
tá honrando a memória de Tina.
Peggy bateu palmas. Que mundo pequeno! Tom é um dos meus fa-
voritos. Ele trouxe nossa Mindy de volta ao Kansas. Ele ainda está na
sinfonia?
— O que traz vocês para Garrett? Mindy perguntou, mas Peggy in-
terveio.
— Sim, eu não posso colocar meu dedo nisso. Mas parecia familiar.
— Você tem razão. Eu nunca conheci Anita e acho que Kyle tam-
bém era dessa área. Não há muito em Lyleville - apenas Sadie's Hollow,
o cemitério e um punhado de lojas e casas. Parece que LaRoe é uma
cidade fantasma há anos. Há uma chance de a Sra. Teller estar certa e
Ele pegou a mão dela e a levou aos lábios.Acho que você está ten-
tando levar tudo em consideração e analisar todas as opções. Isso não é
uma coisa ruim.
Ele segurou o rosto dela com as mãos e ela derreteu com o calor do
toque dele.
—Eu te amo, Em. Não há nada que eu não faria por você.
Em olhou para a tela. Ela diz que há uma emergência. Ela precisa
que eu vá ao estúdio de ioga. Em estendeu o telefone para Michael ver.
Parece que Zoe e outro número estão incluídos no texto.
— Mãe, você nos enviou um texto dizendo que houve uma emer-
gência e para chegar ao estúdio de ioga o mais rápido possível. Aconte-
ceu alguma coisa?
— Não, enviei uma mensagem para Jenna, Zoe e Em para que pu-
déssemos reequilibrar nossos chakras durante esse período turbulento
respondeu Kathy.
Ela conteve uma risada. Por que você não vai para casa, — disse
ela. O pobre homem parecia aterrorizado. — Eu te encontro mais tarde.
— Você deveria ter dito a ele que íamos sincronizar nossos ciclos
menstruais, — disse Zoe, enxugando uma lágrima da bochecha.
Em estava rindo tanto que ela mal conseguia falar. Zoe chamou
sua atenção, e eles estavam de volta ao lugar especial que você faz com
sua namorada mais querida. De volta às noites passadas compartilhan-
do segredos e sonhos. De volta aos preguiçosos dias de verão, mergu-
lhando os dedos dos pés no lago Boley.
— Acho que não tenho as roupas certas para ioga, sra. Stein.
— Tire suas botas e meias, querida. As poses que faremos hoje não
exigirão roupas especiais - respondeu Kathy.
Zoe tirou os sapatos e mexeu os dedos dos pés. Depois que termi-
narmos este yoga de emergência, teremos uma discussão séria sobre o
seu vício em Buda.
As meninas riram, mas Zoe tinha razão. Várias velas acesas eram
cabeças de Buda de cera.
Eu sei, eu sei disse Em.Mas seria uma grande ajuda para mim se
pudéssemos conversar. Se você pudesse me dizer o que lembra daquela
noite.
— Qualquer coisa que você se lembra pode ser útil, — disse Micha-
el, passando o braço em volta de Em e esfregando seu ombro.
MICHAEL PEGOU A MÃO DELA. Vamos pegar seu casaco e sapatos. Você
deve estar congelando.
— Não, ele mora em Nashville, mas voa por toda parte. Sempre que
passa uma escala em Kansas City, fica com Sam ou com uma tia que
tem nas proximidades em Mission Springs.
Zoe estalou os dedos. Sim! Vamos fazer isso. Eu queria lhe contar,
falei com a repórter que fez a história no aniversário de dez anos da
morte de Tina Fowler, alguns anos atrás.
Eles andaram alguns passos ao lado do The Drip. Michael foi pedir
enquanto Zoe e Em pegavam uma mesa.
— Sim, mas havia outra coisa que ela se lembrava do caso disse
Zoe, agora empoleirada na beira do assento.
— Você tem certeza de que são as palavras" homens altos "e não
um bando de caras altos? — Michael perguntou.
O olhar de Zoe dançou entre eles, um brilho irônico nos olhos. Mas
então seu olhar se suavizou. Eu sou a favor de colocar velhos demônios
para descansar. Ela fez uma pausa e tamborilou com os dedos sobre a
mesa.Então o que vem depois? Eu esqueci de perguntar. O sonho de
adolescente, Tiffany Shelton, lembra de alguma coisa? Eu assumi que é
por isso que você correu para fora do estúdio.
— Eu sei que você nunca gostou dela, Z, mas ela parecia genuina-
mente arrependida por aquela noite.
— Acho que sei por que tantos de seus clientes são velhinhas, —
disse ela e ajeitou a gravata.
— Tenho certeza de que é algo enorme. Talvez não seja seu intelec-
to?
— Oh, sim, Zoe e Sra. Stein já mandaram uma mensagem duas ve-
zes esta manhã confirmando que estaremos lá.
Michael levantou o queixo e deu um beijo nos lábios. Não doeu na-
da.
— O dever chama.
— Eu amo você, Mary Michelle, — disse ele, seu olhar verde sálvia
suavizando quando ele deu um último beijo na testa dela.
Tiffany fez uma pausa, mas Em se forçou a ficar quieta. Ela preci-
sava dar a Tiffany espaço para conversar.
— Parece que você está indo bem agora. Você tem dois filhos lin-
dos.
Tiffany olhou para o lago. Eu passei por aquela noite na minha ca-
beça desde que você me parou na rua. Tudo o que me lembro é de al-
guém me entregando uma bebida, e então eu dei a você.
— Você se lembra quem lhe deu a bebida? Foi Gabe Sinclair? Ele
me entregou uma bebida quando cheguei com Zoe.
Tiffany ofegou. Parece que você estava drogada. Eu tinha essa ami-
ga na faculdade e o mesmo aconteceu com ela quando ela tentou o Spe-
cial K.
— K especial? Em ecoou.
— Ninguém me disse para lhe dar essa bebida, Em. Só o fiz porque
queria afastar Michael de você. Mas, se esse soco foi cravado com algu-
ma coisa, não acho que foi para você. Deve ter sido para mim.
Ela soltou um suspiro. Até onde sabemos, a bebida tinha que está
com algum tipo de droga. Você consegue pensar em algum garoto do
ensino médio que gostava desse tipo de coisa?
— Ainda não. Eu verifiquei com ele alguns dias atrás. — ele disse
que faria uma ligação, mas não tinha ouvido nada. Eu sei que o Depar-
tamento de Polícia de Garrett é muito fraco quando se trata de dólares
para a aplicação da lei. Quem quer que ele contatou pode estar inunda-
do de casos. Podemos perguntar a ele novamente hoje à noite. Há uma
boa chance de ele estar na festa.
Michael pegou a mão dela. Você tem certeza de que está pronta pa-
ra uma festa hoje à noite? Eu sei que seu estômago estava incomodan-
do você mais cedo e agora tudo isso com Tiffany é bastante estressante.
Ela olhou por cima do ombro para onde havia segurado o violino
Paul Bailly no banco de trás.Eu não gostaria de decepcionar a senhora
Stein.
Kathy levou-os para dentro e pegou seus casacos. Ela olhou para o
estojo de violino. — Posso? — Ela perguntou, gesticulando para o caso.
Em entregou.
Em assentiu, sabendo que se ela dissesse alguma coisa, sua voz fa-
lharia de emoção.
Kathy encerrou o caso. Como está a sua mãe? Aposto que ela está
ansiosa para levá-la de volta à Austrália.
— Minha mãe está indo bem. Conversei com ela hoje mais cedo,
mas não pretendo voltar para a Austrália tão cedo.
— Eu quero tocar Ring Around the Rosie, — veio a voz de uma ga-
rotinha.
— Veja, Michael disse com um sorriso irônico.Eu disse que eles le-
varam essa coisa de Guerra nas Estrelas a sério.
A mulher sacudiu a cabeça. É tão bom ver você, Em. Nós nos co-
nhecemos há muitos anos. Fiz sua cirurgia de reparo do tendão.
— Dr. Medina - disse Em, pegando a mão da mulher.É tão bom ver
você. Eu não estava no meu melhor na última vez que nos vimos.
— Não me lembro assim disse a médica. Lembro que você era uma
jovem muito corajosa. Posso? Ela apontou para a mão machucada de
Em.
Ele deu um tapinha no ombro dela. Todos! Todo mundo, posso ter
sua atenção? Ele chamou enquanto as conversas se acalmavam. Temos
Ela assentiu. Foi isso. Antes de sua lesão, seu presente era algo
que ela sempre teve. Desde o momento em que acordou, até os segun-
dos antes de adormecer, seu presente estava com ela como uma gêmea
inseparável. Mas após o acidente, pela primeira vez em sua vida, ela es-
tava completamente sozinha, sem seu companheiro musical constante.
— Seu presente ainda está lá. Na verdade, acho que você nunca
pareceu melhor — disse Tom.
— Claro, Em, Tom disse com o mesmo sorriso gentil que ele lhe de-
ra quando criança. Mas você deve saber, tudo estará lá quando você
estiver pronta. Apenas diga a palavra. Não tenho certeza de quando vo-
cê está voltando para a Austrália, mas...
— Somos gratos por todo o seu amor e amizade. Somos gratos pe-
los muitos presentes que a vida nos dá todos os dias.
— Somos gratos por ter Em casa. Fico feliz em lhe dizer que ela de-
cidiu ficar em Langley Park.
A sala mudou seu foco de Kathy para ela. Michael passou o braço
em volta dos ombros dela e deu um beijo em sua têmpora.
Kathy piscou para conter as lágrimas. Querida, é tão bom ter você
em casa. Vamos todos levantar nossos copos e, com profunda gratidão
em nossos corações, vamos brindar a Langley Park. Não é só onde mo-
ramos. É onde nós amamos.
— Não, você sabe que eu não faria isso, Em, — disse ele, apertando
a mão dela.Dê uma olhada. Deixei a caixa na cozinha.
— Olhe para eles, — disse ela quando Cody se juntou a ela na co-
zinha. Ela adorava usar agendas para registrar não apenas o tempo de
prática, mas quase todos os aspectos de seu dia. Desde os oito anos de
idade e até o acidente, ela gravou todas as suas atividades diárias.
Ela teve que sair dali. Mas para onde ela iria? Ela pegou o telefone
do bolso de trás. Passava pouco das três da tarde, mas era véspera de
Natal. Ela olhou para a casa da garagem. O cupê Mercedes vermelho
cereja espiava através das janelas quadradas.
Ela iria dar uma volta. Limpe a cabeça dela. Ela abriu a garagem,
pegou as chaves do bolso e ligou o motor. Cascalho triturou e cuspiu
em um som zangado quando ela desceu a calçada e entrou na Foxglove
Lane.
O que ele estava pensando? Ele realmente acreditava que ela ficaria
satisfeita com isso? Essa traição deveria ser o presente de Natal dela?
Ela entrou na Mulberry Drive e uma garoa gelada embaçou seu pá-
ra-brisa. Ela ligou as palhetas no momento em que o telefone tocou,
alertando-a para uma nova mensagem de texto. Ela parou perto da ca-
feteria e olhou para a tela. Foi um texto de Michael.
Encontrei sua nota. Não é o que você pensa. EM é Eve Medina. Dr.
Medina. Os arquivos que eu enviei foram suas cirurgias. Venha para ca-
sa, Em. Nós precisamos conversar. Eu preciso ver você. Encontrei todos
os testes. Eu te amo, Em. Eu nunca iria pelas suas costas. Sempre somos
melhores juntos.
— Kyle?
Kyle estava digitando algo em seu telefone. Em olhou por cima. Ela
não sabia dizer se era um texto ou e-mail. Ela esperou que ele respon-
desse, mas ele não respondeu.
Ele sorriu, mas algo em sua voz fez os cabelos da nuca dela arrepi-
arem.
Kyle olhou para cima e a pegou observando-o. Ele não disse nada.
Ele nem sequer moveu um músculo.
Sam colocou a mão no ombro dele. Deixe-me dizer que Benson es-
tava fechando agora, e eu vou ajudá-lo a olhar.
Kyle olhou por cima do fim do bar e depois jogou de volta outro ti-
ro. O cara parecia uma merda.
Kyle não resistiu. Ele ficou mole nas garras de Michael. Nunca de-
veria ser Em.
Kyle encontrou seu olhar com os olhos vermelhos.Era para ser Tif-
fany. Em nunca deveria ter tomado essa bebida.
— Onde está Em? Eu sei que você sabe, Kyle. Você não estaria
sentado aqui acariciando esta pérola e se metendo no esquecimento do
outro lado.
Michael puxou Kyle para que eles fiquem nariz a nariz. Onde está
Em?
— Não, ligue para Clay Stevens. Veja se ele recebeu notícias do de-
tetive de Garrett. Deixe Clay saber o que está acontecendo. Eu tenho
que ajudar Em. E Kyle vai me mostrar o caminho.
Em olhou para a arma. Por que você está fazendo isso, Mindy?
— Eu era criança. Tom era meu professor. Nunca foi mais do que
isso.
— Então você mandou Kyle me drogar e cortou meu dedo para que
eu não pudesse tocar?
Mindy soltou uma risada seca.Você acha que Kyle poderia planejar
algo assim? Kyle nem sabia que você estaria no vazio naquela noite. Vo-
cê não deveria ter aquela bebida estúpida e com cravos. Ele estava
guardando para outra garota. Não, Kyle, como seu pai e avô, só sabia
como estragar as coisas. Kyle ficou tão assustado quando viu você be-
ber o soco espetado. Ele não sabia o que fazer. Ele entrou em pânico e
trouxe você para a antiga fábrica de cimento da nossa família. Mas você
continuou piorando e, depois de algumas horas, ele começou a surtar.
Ele estava voltando para o oco para confessar quando aquela cadela de
bicicleta entrou em seu caminho.
Homem alto.
— Não há para onde ir, Em, — Mindy chamou. Sua voz ecoou con-
tra as paredes de concreto. Eu segui suas pegadas. Eu sei que você po-
de me ouvir.
— Tenho certeza de que você pode dizer, a partir deste estado, que
a história da família Hale não é feliz. Veja bem, meu pai e meu irmão
não foram cortados do mesmo tecido que meu avô. Meu pai quase jogou
esta planta no chão. Ele era ganancioso. Ele queria sugar cada centavo
que pudesse desta planta. Ele começou a despejar águas residuais po-
luídas no riacho para reduzir custos. Depois que ele morreu e meu ir-
mão Bobby assumiu, eu rezei para que mudasse as coisas. Ele tinha
Anita, e Kyle era apenas um bebê. Mas ele não era melhor que meu pai.
Só que ele não apenas ainda estava despejando lixo no riacho, mas
também estava canalizando dinheiro da planta para alimentar seu pe-
queno hábito de jogar. Ele se matou neste mesmo edifício. Ele se tran-
cou em seu escritório e, quando as autoridades estavam prestes a ar-
rombar a porta do escritório para levá-lo, ele puxou o gatilho.
— Por que você perderia o Tom? Mindy, você não está fazendo ne-
nhum sentido?
— Kyle virou-se para mim em busca de ajuda depois que ele bateu
naquela garota Fowler. Ele não podia contar para a mãe. Você sabe co-
mo ela é. Não, ele me ligou. Eu o encontrei no oco. — disse a ele que
Em correu para a saída. Eu estou aqui! Estou aqui ela gritou, es-
quivando-se de uma pilha de metal retorcido quando uma bala ricoche-
teou na parede de cimento.
Mindy firmou seu aperto nos cabelos de Em. Parece que vou con-
seguir matar dois coelhos com uma so cajadada hoje à noite.
— Você pode parar por aí, Michael, — disse Mindy, dando um pu-
xão forte no cabelo de Em.
— Não podemos fazer isso, tia Mindy. Isso tem que acabar — ele
disse e caminhou lentamente em sua direção.
Mindy balançou a cabeça. Você foi quem me disse que andava bis-
bilhotando há semanas. Eu os vi no restaurante em Garrett perguntan-
do tudo sobre Tina. Eles encontraram o memorial ao lado da estrada.
Eu lhe disse para parar de manter esse pequeno santuário a culpa é
sua.
Mindy pegou a mão de Kyle. Tudo pode ficar bem. Você tem a
chance de concorrer a um cargo estadual. Você tem a chance de trazer
alguma honra de volta à nossa família. Tudo o que sua mãe sempre
quis foi que você fizesse algo de si mesmo para não acabar como seu
pai. Ela se virou para Em.Você nunca deveria ter voltado ao Langley
Park. Você deveria ter ficado escondida a meio mundo de distância.
O lamento de uma sirene entrou pela sala com uma brisa gelada.
Kyle passou as mãos pelo rosto.Eu não queria que nada disso
acontecesse. Bater em Tina foi um acidente. Eu estava exausto. Eu es-
tava preocupado que Em tivesse uma overdose. Eu não estava prestan-
do atenção. Mas aconteceu, tia Mindy. Eu matei Tina Fowler. Eu deve-
ria ter ido direto à polícia.
Mindy deu uma risada. Meu irmão falhou com você e sua mãe. Não
vou falhar com você agora. Ela levantou a arma e apontou para
Em.Você não tem tudo, Mary Michelle MacCaslin. Você não merece isso.
Você nunca trabalhou para isso.
Outro tiro ecoou pela sala. Eles olharam para cima para ver Kyle,
segurando seu estômago, o sangue encharcando sua camisa. Uma Min-
dy chocada ficou de queixo caído, o revólver apertado firmemente em
suas mãos.
Mindy largou a arma quando Kyle caiu no chão, segurando seu es-
tômago.
Ela apertou a mão escorregadia dele. Eu sei, Kyle. Eu sei - ela dis-
se. Espere, Kyle. Uma ambulância está a caminho.
— Deixe os Fowlers saberem que sinto muito. Que eles saibam que
foi um acidente. Ela não sofreu. Ela se foi quando eu pude verificar seu
pulso.
Ele deu um beijo no topo da cabeça dela. A turma está toda aqui.
— Ah, que bom, Srta. MacCaslin. Você está acordada o médico dis-
se.
— Inferno que sim, vamos ficar, — disse Zoe. Ela se sentou na bei-
ra da cama e deu uma tapinha na perna de Em.
— Será um mundo totalmente novo para nós, — disse Em, sua voz
tingida de admiração.
Ela olhou para ele com olhos saciados. Seu corpo se apertou e a
base de seu pênis ficou tensa e preparada para a liberação. Ele encon-
trou o olhar dela, soltou um rosnado primitivo e se perdeu nas profun-
dezas de seus olhos azuis e em seu calor úmido, apertando-o como um
vício.
— Ainda vou voar. Vou dirigir o aeroporto, mas também darei ins-
truções sobre o vôo. Posso até pegar alguns vôos corporativos se a opor-
tunidade se apresentar. Agora, preciso descobrir uma situação de vida
mais permanente.
— Sério, Nick, não seria problema algum. Você pode ficar o tempo
que precisar, — acrescentou Em.
Sam deu um tapinha nas costas de Nick. O que quer que funcio-
ne, amigo. Estou feliz que você esteja fazendo de Langley Park sua casa.
Lindsey deu um passo para trás. Não quero ser rude, mas fiz uma
longa viagem. Eu gostaria de me instalar lá dentro.
Lindsey assentiu.
Nick olhou para a casa. Não, eu sei que ela se lembra de mim. Ela
só deseja que não.