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UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

ESCOLA SUPERIOR DE HOTELARIA E TURISMO

PANORAMA DE HISTÓRIA UNIVERSAL


IDADE CONTEMPORÂNEA

Ziva Domingos (Ph.D.)


Engrácia Vica (Me)
Períodos da História
Períodos da História

Fonte: https://2.bp.blogspot.com/-
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Partilha de África e Corrida a Africa (Sec. XIX)
• A exploração da África profunda pelos Europeus, em conjuntos com recentes
informações sobre recursos naturais explorados, com metais preciosos, minerais e produtos
tropicais, despertou o interesse das potencias do Velho Continente, cujas indústrias muito
clamavam por matérias-primas. Esta situação, combinada com tensões fortes no mapa
político europeu, conduziu a uma frénica divisão de África no último quartel do seculo XIX
(a chamada Partilha de África na Conferência de Berlim, decorrida em 1884, encorajou
os rivais europeus a repartir o continente africano).

• Os conflitos coaram por todos os territórios africanos, do leste a oeste, quando os


europeus, disputando-os entre si, começaram a combater as nações africanas. A França
assegurou a maior parte das regiões a norte, a ocidente e na região do equador; os Alemães e
os Belgas garantiram territórios na região do Congo; no Sul, os Portugueses fixaram-se em
Angola e Moçambique, enquanto os britânicos dominaram a leste da África do sul ao
Egipto, bem como partes do ocidente (acumulado um total de mais de dez milhões de
quilómetros quadrados a superfície). Outras nações europeias, como a Itália e a Espanha,
revindicaram o que restou.
• Pela mesma altura, a Europa começou a dar mostras de um interesse
crescente no continente africano. Até 1870, o interior da África
continental fora praticamente ignorado pelas potências europeias, em
parte devido ao simples desinteresse e em parte devido a uma falta de
resistência às doenças tropicais, problema que valeu a África o epíteto
de «cemitério do homem branco». As incursões europeias tinham-se
centrado sobretudo na cidade a costeiras, usadas como entrepostos
comerciais ou postos de reabastecimento, como no caso da cidade do
Cabo. O interior continuava a ser desconhecido, motivo por que a
África era designada como o «Continente Negro».
• Contudo, a medida que a Europa se industrializava, crescia também a novidade de
matérias-primas para alimentar as suas fábricas, e cada vez mais países
começaram a olhar para África como uma nova fonte de oferta, além de um
mercado onde vender os novos produtos manufaturados. E a descoberta do
quinino, que oferecia alguma proteção contra a malária, juntamente com a
invenção de novas vacinas, contribuiu para reduzir o número de europeus
vitimados pelas doenças e abriu o território a explorações mais aprofundadas, cujo
impulso foi de ordem religiosa: os cristãos europeus aperceberam-se da existência
de todo um novo continente pronto para receber a palavra de Deus.
• Quase desde o início, as nações europeias competiram agressivamente entre si por
novas terras. Em 1871, os Franceses tinham perdido território (e dignidade) para
os Alemães, e o seu império americano já não existia, em grande parte por causa
da Grã-Bretanha. Acresce que tinha adquirido um renovado apetite por possessões
coloniais na sequência da invasão da Argélia, e a África oferecia-lhes uma nova
oportunidade de expansão.
• Em 1882, receosos de que a instabilidade na região afetasse o funcionamento do
canal de Suez- que, construído em 1869, reduzia significativamente o tempo e o
custo das viagens para a India, os Britânicos invadiram e ocuparam o Egipto. E,
com o objectivo de proteger o Egipto de uma eventual invasão, conquistaram
também o Sudão, a sul. Com a estratégia Cidade do Cabo nas suas mãos desde o
início do seculo, a rota britânica para a Índia estava agora segura. Porém, a reação
inevitável a estas ações foi lançar outras potencias europeias à conquista de
territórios em África. A velocidade a que todos se precipitaram para o continente
encorajou Bismarck a convocar uma conferencia internacional em Berlim para
definir as regras da sua divisão. Nenhum africano foi convidado. Em apenas 20
anos, quase todo o continente estava sob domínio de uma potência europeia. De
todos os países africanos, apenas a Abissínia (mais tarde Etiópia) e a Libéria nunca
foram conquistadas por europeus. Tal como noutras conquistas europeias, os
nativos foram tratados sem grande respeito, tendo muitos sido escravizados e
mortos em resultado da investida para explorar o território e os seus recursos. A
recém-inventada metralhadora compensou a falta de meios humanos consignados
pelos governos europeus à tarefa de domesticar aquilo que consideravam de ser
uma terra selvagem.
• Muitas populações autóctones, como Ashanti, os Abissínios, os
Dervixes, os Zulus e os Marroquinos, combateram esta vaga de
agressão europeia, de início com êxito. Porem, na maioria parte das
ocasiões, foram derrotadas pelo poder de fogo superior dos Europeus.
As potencias foram traçando as fronteiras das suas colónias sem levar
em consideração a geografia local e a distribuição regional das tribos e
dos seus idiomas, em 1914, apenas a Etiópia e a Libéria
permaneceram Estados independentes. A primeira, a antiga Abissínia,
repeliu com êxito a colonização italiana em 1896, ao passo que a
segunda foi fundada como um estado independente por escravos
americanos liberados na primeira metade do século XIX.
• Um dos mais importantes e duradouros efeitos da colonização
europeia for a imposição de fronteiras que dividiram territórios tribais
e originaram conflitos que ainda hoje subsistem. Na ânsia de
delimitarem as duas novas colónias, as potencias coloniais desenharam
arbitrariamente linha retas num mapa, ignorando os grupos
linguísticos e as fidelidades tribais existentes. Seria preciso cerca de
meio seculo para que os países africanos ganhassem a confiança
necessária para se revoltarem contra os seus amos coloniais e
revindicarem a independência
Sul de África
• A região costeira do sul do continente africano havia sido
colonizada pelos Holandeses (conhecido por Bóeres ou Africânderes)
desde 1652, subjugando e desalojando a população indígena, os
Khoisan e os Khoikhoi (os primeiros retiraram-se para as montanhas).
Na década de 1770, os Bóeres deslocaram-se para o interior do
território, onde encontraram o povo Xhosa, mais sedentário. Seguiu-se
um seculo de guerra (guerra dos Xhosas, decorridas entre 1779 e
1879), enquanto colonos holandeses, e também britânicos, avançaram
para leste, para a região do rio Great Fish.
• Para proteger a sua carreira da India, os britânicos apoderaram-se da
região do cabo Boa Esperança em 1795, acabando por fundar a colónia
do Cabo em 1806. Numa tentativa de fugir ao controlo britânico da
região (e da abolição da escravatura), entre 1835 e 1843, doze mil
bóeres (descendentes de origem holandesa e de outras nações
europeia) deslocaram-se mais para norte, numa deslocação que ficaria
conhecida por Grande Jornada. Chegaria assim aos territórios futura
das províncias do Natal, Orange e Transval. Ao início, a Grã-Bretanha
reconheceu a sua independência.
• Entretanto, os Zulus (um povo guerreiro de idioma banto), que se tinha
tornados mais poderoso, expandiam o seu território comandado pelo
seu líder, Shaka (que reinou entre 1816 e 1828). Esta pretensão esteve
na base da generalização de conflitos entre as tribos indígenas no
período que mediou entre 1815 e 1840. Em 1878, os britânicos
invadiram o reino Zulu e apos uma derrota em Isandhlwana (na atual
África do Sul, no Leste), apoderaram-se da capital. Designado por
Zululândia, o território zulu foi transformado numa colónia britânica
em 1887 e, dez anos mais tarde, inserido na colónia do Natal.
A descoberta do ouro e de diamantes na região do Transval, conduziu a
tentativas britanicas (secretamente apoiadas pelo imperialista Cecil
Rhodes) para a apropriação da província. Londres torna-se o centro
financeiro mundial e necessita de um perante fluxo de ouro, o que
acabou por levar a um acérrimo combate de três anos que opôs os
Bóeres e os Britânicos entre 1899 e 1902. Inicialmente, os primeiros
obtiveram algumas vitorias, mas acabaram derrotados por reforços
britânicos e pela política de terra queimada de fazendas e a confinação
da população civil em campos de concentração. O tratado de paz de
1902 reconheceu a soberania britânica e conduziu a unificação de todos
os territórios sul-africanos em 1910.
• A Grã-Bretanha também pretendia expandir o seu império, que se vira
reduzido com a independência das colónias americanas. Além disso,
estava preocupada com a rápida industrialização da Alemanha, que
enveredara com o kaiser Guilherme II, por uma agressiva política de
crescimento. Tolhido pelas grandes potencias no centro da Europa, rei
Leopoldo II da Bélgica pressentiu que esta era a sua oportunidade de
obter território de uma forma que não implicasse guerra; com efeito,
mais territórios equivaliam a maior prestigio, pelo que o monarca
belga tratou de se apossar do congo como a sua propriedade pessoal.
De igual forma também, Portugal, Itália e um conjunto de outros
países procuraram entrar no jogo.

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