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2.2.1 CIMENTOS
Os Cimentos Portland são obtidos através da calcinação, (até cerca de 1500 ºC) de uma mistura bem proporcionada:
A composição potencial do cimento é obtida a partir da sua análise química, isto é, da determinação das quantidades relativas dos silicatos e dos
aluminatos que se formaram durante a produção do CLINQUER, sendo as suas proporções o fator determinante de várias das propriedades do
cimento, como por exemplo, a resistência à compressão, calor de hidratação, resistência química, permeabilidade, porosidade, etc.
Vantagens:
Responsável pela resistência mecânica da pasta;
Graus hidratação bastante elevado já nas primeiras idades => Principal constituinte responsável pelas resistências iniciais do Concreto;
Liberta grande quantidade de calor de hidratação principalmente nas primeira idades (120 cal/g);
Liberta grandes quantidades de HIDROXIDO DE CALCIO - - Portlandita, durante a Hidratação.
Desvantagens:
O elevado calor de Hidratação, sobretudo em peças de grandes massas, pode gerar retração térmica e plástica, intensificando a fissuração
O Hidróxido de Cálcio pode ser facilmente removido da massa do concreto solidificado, pela ação das água percolantes, enfraquecendo o
concreto. Por outro lado, quando na presença de sulfatos e de umidade, pode reagir com outros compostos do cimento originando compostos
expansíveis capazes de fissurar o elemento estrutural.
Vantagens:
Contribui para a resistência mecânica da pasta, mas em menor % que o (C3S); o desenvolvimento da resistência dá-se de forma mais lenta,
não tendo a mesma importância sobretudo nas primeiras idades do concreto.
Grau de hidratação é significativamente menor que o (C3S), cerca de (62 cal/g), principalmente nas primeiras idades.
Liberta menores quantidades de HIDROXIDO DE CALCIO - - Portlandita, (cerca de 1/3 de C3S), durante a Hidratação.
Desvantagens:
Pela menor libertação de Hidróxido de Cálcio, é menos sensível a ataques químicos, mas proporciona menor proteção contra a corrosão das
armaduras.
Pelo baixo calor de libertação se a peça estiver sujeita a temperaturas negativas, pode levar a que o concreto não faça presa.
Vantagens:
Rápida hidratação, e maior libertação de calor (207 cal/g), principalmente nas primeiras idades.
Para a necessária redução da velocidade de Hidratação do (C3A), adiciona-se Gipsita (gesso) ao cimento, o que faz este processo ser o
elemento controlador da velocidade de pega, já que a Gipsita reage com o aluminato tricálcico, formando Sulfaluminatos de Cálcio.
Em geral o teor de Gipsita, é pequeno e nem todo o (C3A) existente no cimento se transforma, nas primeira horas em Sulfoaluminatos de Cálcio.
Pequena contribuição para a Resistência Mecânica da pasta, (apenas nos primeiros tempos)
Não liberta HIDROXIDO DE CALCIO - - Portlandita, durante a hidratação, ao contrario pode fixar uma certa proporção de cal livre,
libertada pelos Silicatos.
Desvantagens:
Se no concreto endurecido houver aluminato ou monosulfaluminato hidratado, estes, em presença de hidróxidos de cálcio, da umidade e de
fosfatos, provenientes de solos gessíferos, água do mar ou efluentes industriais, poderão reagir, dando origem ao trissulfaluminato (etringite),
que é expansivo e pode por isto, causar a fissuração do concreto.
Vantagens:
Não contribui praticamente para a Resistência Mecânica
Tem calor de hidratação entre o (C3S) e o (C2S), ou seja de (100 cal/g).
Apresenta boa estabilidade química.
Vantagens:
O Oxido de Magnésio pode ser expansivo quando na forma de PERICÁLCICIO, que se hidrata muito lentamente após o endurecimento do
cimento, conduzindo a fissura;
A Cal Livre (CaO) no cimento deve-se a problemas da fabricação do clinquer, ou da hidratação do cimento. Trata-se de um composto indesejável,
porque a sua hidratação é fortemente expansiva, causadora de fissuras nos elementos estruturais. Assim como o hidróxido de cálcio libertado
pela hidratação do C3S e do C2S, a Cal Livre hidratada também pode ser solubilizada por águas ácidas, enfraquecendo a resistência do concreto.
Os Álcalis, constituem um problema quando se trabalha com agregados reativos, ou seja, agregados que possuem Sílica, capazes de reagir com
os Alcalis dos cimentos (NA2O, K2O), dando origem a compostos expansivos. Os Alcalis são também constituintes lixiviantes do concreto.
De forma a que sejam diminuídos os riscos de um concreto se vir a deteriorar precocemente, deve o cimento a ser utilizado em determinada obra,
deve ser resistente ao agente agressor.
tratando-se de meio ambiente cujo principal agente agressor sejam os sulfatos, casos em que em princípio, o componente do cimento mais
passível de ataque é o aluminato tricálcico, deve-se preferencialmente empregar cimentos que apresentem baixo teor deste componente
(C3A), de acordo com a seguinte ordem de prioridade:
no caso de se ter um meio ambiente cujo agente agressor sejam as águas puras, ácidas ou carbônicas, devem-se empregar, por ordem
de prioridade, os seguintes cimentos:
quando o problema consiste na agressividade ao concreto por ação de sílica reativa (agregados deletérios), deve-se empregar,
preferencialmente, os seguintes cimentos:
em função dos agregados a utilizar e das condições ambientais, de forma a inibir o desenvolvimento de reações expansivas, em muitos
casos será recomendável a utilização de cimentos com baixos teores de álcalis.
em obras em concreto armado ou em concreto protendido, é imprescindível limitar o teor de cloretos nos cimentos, por serem eles excelentes
condutores de corrente elétrica, corrente esta gerada por pilhas de aeração ou por alcalinidades diferenciais, o que, com toda a certeza, virá
a ocasionar a corrosão localizada das armaduras, no caso do concreto armado, ou a corrosão sob tensão, no caso dos fios e cordoalhas
dos cabos de protensão.
Os agregados utilizados no concreto, seja do ponto de vista econômico ou do ponto de vista técnico, exercem influência sobre algumas
características importantes, como a redução de retração, o aumento da resistência aos esforços mecânicos e outros.
De modo geral, os agregados são considerados inertes, mas, no entanto, possuem características físicas e químicas que intervém no
comportamento do concreto. Decorrente disto, só devem ser utilizados quando isentos de substâncias nocivas (torrões de argila, matérias contendo
carbono, material pulverulento e impurezas orgânicas), tendo grãos resistentes e de preferência arredondados, pois a forma dos grãos facilita o
adensamento do concreto.
Os agregados a utilizar nos concretos para recuperação estrutural normalmente possuem limitações quanto ás suas dimensões, por três razões:
• limitações no equipamento de aplicação (caso típico do concreto projetado);
• limitações quanto à espessura da camada a aplicar;
• limitações quanto ao espaçamento entre as barras da armadura existente.
Uma questão a prevenir, pela gravidade dos danos que causa às estruturas, é a reação álcalis-agregados, que resulta da interação entre certos
componentes de alguns tipos de agregados (sílica reativa) e os hidróxidos alcalinos (sódio e potássio) libertos pelo cimento durante sua
hidratação, ou ainda, vindos ao concreto pela penetração de íons cloreto, por agressão ambiental.
Os fatores determinantes para ocorrência destas reações álcalis-agregados são não só a presença e o percentual de agregados reativos, e
o tipo e a concentração de álcalis no cimento, mas também as condições ambientais de temperatura e, principalmente, de umidade.
Para prevenir estas reações e seus danosos efeitos expansivos no concreto, é necessário fazer-se uma avaliação consciente da probabilidade de
sua ocorrência, em função da existência ou não dos fatores determinantes descritos, particularmente pela análise química dos agregados e do
cimento.
Por outro lado, deve-se proceder da mesma forma na prevenção às outras reações expansivas conhecidas, sejam elas, a álcalis dolomita e a de
rochas caulinizadas e de feldspato calcossódico com sulfatos.
Assim, os agregados graúdos devem ser, obrigatoriamente, provenientes de rochas inertes, não apresentando atividade quando misturados ao
cimento e sendo inalteráveis ao ar, à água e a variações de temperatura. Não podem ser utilizados na confeção de concretos os calcários fracos,
os feldspatos e os xistos. Além disto, estes agregados não devem, de maneira geral, ser muito porosos, não podendo absorver mais do que 10%
do seu volume em água.
Mackenzie Pós-Graduação em Engª Civil, 2014 Fernando Monteiro
2.2.3 AGREGADOS MIÚDOS
Na fabricação do concreto poderão ser empregues agregados miúdos oriundos de jazidas naturais (areias e cascalhos), assim como escórias
siderúrgicas e outros produtos cujo emprego tenha sido aprovado pela prática ou, preferencialmente, que a sua adequabilidade tenha sido
demonstrada em laboratório.
Os agregados miúdos devem ser isentos de limos e de outras matérias orgânicas, assim como de argilas e siltes, que diminuem a aderência à
pasta de cimento ou que prejudicam o endurecimento do concreto.
Pelas mesmas razões apontadas em relação aos agregados graúdos, a granulometria dos agregados miúdos tem influência muito grande na
qualidade do concreto. Quanto à densidade, pode-se dizer, de maneira geral, que a medida da densidade de um agregado miúdo é a medida da
sua qualidade: densidade baixa indica que o agregado é poroso e pouco resistente.
A compactação do agregado miúdo é a relação entre o volume real e o volume aparente. Um concreto será tanto mais resistente quanto maior for
a compactação do agregado miúdo empregado em sua fabricação (quanto maior a compactação, menor o volume de vazios, e, por conseguinte,
menor também a quantidade da pasta de cimento requerida). Por outro lado, a durabilidade, ou a saúde do concreto, será tanto maior quanto maior
for a sua compactação.
Tal como para os agregados graúdos, também para os agregados miúdos devem ser tomadas precauções para prevenir contra a ocorrência de
reações expansivas que possam vir a afetar o concreto, cuidados esses que devem incidir na escolha adequada do tipo de cimento e na análise
química dos agregados. Particular atenção deve ser dada, neste aspeto, à questão da presença de sílica reativa nas areias.
As areias do mar podem ser usadas para concretos não armados e de baixa responsabilidade, desde que não contenham cascas de ostras
(calcários) e estejam limpas. Eventualmente, os sais que elas contêm podem provocar eflorescências, mas estas são de menor importância. No
entanto, não se deve esquecer que a ação do sal marinho pode modificar o tempo de pega e a velocidade de endurecimento do concreto.
2.2.4 ÁGUA
A água de mistura do concreto é, possivelmente, o seu componente menos dispendioso, mas também é, seguramente, um dos mais importantes.
É a quantidade de água utilizada (fator água/cimento) que determina a resistência final do concreto, como pode ser visto na Figura 2.1, e do ponto
de vista estrutural, a estrutura pode desenvolver sintomas patológicos graves caso sejam empregadas águas não potáveis ou com forte presença
de cloretos, que podem contribuir significativamente para a instalação e o desenvolvimento do processo de corrosão das armaduras.
Desta forma, a água a utilizar na mistura do concreto deve ser potável, não devendo conter matérias em suspensão, impurezas químicas (cloretos
e sulfatos) e resíduos industriais, especialmente os hidratos de carbono (açúcares) que, mesmo em pequenas quantidades, podem retardar em
muito e até mesmo impedir a pega do concreto.
A água do mar não é recomendada para utilização no concreto, pelos efeitos que pode causar, mas pode ser empregada, quando não houver outra
disponível, para os concretos não armados, de cimento Portland, desde que tenha seus teores de álcalis limitados a um mínimo.
Os mesmos critérios devem ser adotados com relação à água utilizada na cura do concreto, já que esta participa ativamente do processo de
endurecimento, especialmente no caso de altas temperaturas ambientes.
Mackenzie Pós-Graduação em Engª Civil, 2014 Fernando Monteiro
A influência da água na alteração das propriedades do concreto acontece através das substâncias nela dissolvidas ou em suspensão (argila, silte).
Nestes casos, se a quantidade for elevada, poderá acontecer o impedimento da cristalização dos produtos da reação do cimento com a água, com
a consequente perda de coesão do produto.
Quanto às partículas dissolvidas, três cenários serão previsíveis:
• presença de íons que se combinem com o cálcio do cimento, retardando ou mesmo impedindo a pega e o endurecimento do concreto,
como no caso das águas magnesianas;
• presença de íons álcalis ou sulfatos, que podem exercer sua ação sobre o cimento ou agregados, levando a reações expansivas;
• presença de íons capazes de promover a corrosão das armaduras, tais como cloretos, sulfetos, amônio e nitratos.
Assim, tanto a água para mistura, quanto a para cura, precisam atender a limitações em matéria de íons perigosos, devendo ser obrigatoriamente
submetida a análises químicas.
Os aditivos são produtos que são adicionados em pequenas quantidades referidas à massa de cimento (< 5%), antes ou durante a amassadura,
provocando as modificações requeridas das propriedades normais do betão fresco ou endurecido.
Existem atualmente uma grande variedade de produtos com a finalidade de modificar as propriedades tecnológicas do betão, tornando difícil a sua
classificação. Sob o ponto de vista prático, o que tem maior interesse são os efeitos que se procuram alcançar com a utilização de aditivos, sendo
os principais os seguintes:
- melhorar a trabalhabilidade
- retardar a presa
- acelerar a presa
- acelerar o endurecimento nas primeiras idades
- aumentar a resistência aos ciclos gelo-desgelo
- diminuir a permeabilidade
- criar uma ligeira expansão
- ajudar a bombagem
- inibir a corrosão de armaduras
Em resumo, o controle de qualidade e os atestados de proveniência dos aditivos são elementos indispensáveis para que, ao invés de ajudar, não
se esteja complicando a obtenção de um bom concreto. Neste particular, a escolha do aditivo adequado, a certeza de que o produto colocado na
obra foi realmente o escolhido, a avaliação dos efeitos secundários deste produto e a competência na sua aplicação são providências necessárias
e condicionamos à garantia de uma boa execução.
1ª Proposta - Manual técnico, recomendado pela disciplina, (Autores: Vicente Sousa e Thomas Ripper) … Pgs. 78, 79, 80
Verificando que uma estrutura de concreto armado ou protendido apresenta problemas patológicos, torna-se necessário proceder a uma vistoria
detalhada e cuidadosamente planejada para que se possa determinar as reais condições da estrutura, de forma a avaliar as anomalias existentes,
suas causas, providencias a serem tomadas e os métodos a serem adotados para a recuperação ou o reforço.
As providências a adotar, e mesmo os limites a seguir quanto à avaliação da periculosidade de determinados mecanismos de deterioração, podem
e devem observar a importância das estruturas em termos de resistência e durabilidade, assim como, muito particularmente, a agressividade
ambiental.
O quadro 1.7 apresenta a metodologia genérica para a inspeção de estruturas convencionais, dividida em três etapas básicas:
- levantamento dos dados;
- análise dos mesmos (dados);
- diagnóstico.
A etapa do levantamento dos dados é extremamente delicada e deve ser feita por engenheiro experiente em Patologia das Estruturas, que seja
capaz de caracterizar com o máximo rigor a necessidade ou não de adoção de medidas especiais.
Esta é a etapa que fornecerá os subsídios necessários para que a análise possa ser feita corretamente, e compreende os seguintes passos:
A última etapa, o diagnóstico, só poderá ser efetuada após a conclusão das etapas de levantamento e de análise. Frequentemente ocorre ter-se
que retornar à primeira etapa, pois só após algumas tentativas de diagnóstico é que se consegue saber da necessidade de coleta e análise de
novos elementos. O diagnóstico, dependendo de uma série de fatores (econômicos, técnicos, de segurança e de conforto), poderá levar o analista
a conclusões diversas, inclusive, em casos extremos, a recomendar a utilização condicionada ou mesmo a demolição da estrutura, já que o binômio
custo-benefício pode indicar a inviabilidade de se efetuar a recuperação ou o reforço, em virtude da extensão dos danos e do alto custo envolvido.
No Brasil - não existe normas especificas de reabilitação, somente diretrizes técnicas (por ex: NBR 6118/2014, entre outras)
Na Europa - assinalam-se nos Quadros 4.2, 4.3, 4.4 e 4.5 os principais documentos aplicáveis no projeto de reabilitação de estruturas
de concreto armado.
O EUROCÓDIGO 2 – PROJETO DE ESTRUTURAS DE BETÃO, designadamente no Cap. 4 – Durabilidade e recobrimento das Estruturas,
classifica os principais mecanismos de deterioração das estruturas de concreto armado, em função das condições de exposição ambientais.
Devidamente conhecidos os mecanismos de degradação e objetivamente impostas as disposições construtivas e de qualidade dos materiais,
poder-se-á contrariar o desenvolvimento de tais mecanismos. As disposições construtivas anteriormente referidas, são enquadradas no que se
refere de garantia de durabilidade.
AMBIENTE DE EXPOSIÇÃO
Consoante as condições de exposição dos elementos estruturais, naturalmente que os riscos de deterioração são diferentes.
Em termos regulamentares definem-se então diferentes classes de exposição
ambiental como indicado no QUADRO 4.1 expresso no EC2 - CAP 4, de acordo
com a Norma EN 206-1;
NOTA: O recobrimento mínimo no quadro, pressupõe que se trata de edifícios de Classe 4, ou seja, edifícios correntes com período vida de 50 anos.
Conceção e Projeto:
Execução
Controlo Técnico de Execução
Recobrimentos
Qualidade do Betão
Cura
Muitas vezes na sequência de avaliação de estruturas durante a sua vida útil pode
resultar a necessidade de uma reparação. Exemplo de uma “ Inspecção (avaliação
de uma situação de reação álcalis-agregados) e início da reparação/reforço “
onde Sd representa o valor de cálculo do esforço atuante na estrutura e R’d corresponde ao valor de cálculo do esforço resistente residual do
elemento.
Para a determinação do valor de cálculo dos esforços atuantes, deverá ter-se em
consideração o facto de se estar a analisar uma estrutura existente eventualmente
danificada e com uma história de carga. Assim sendo, a sequência de cálculo do
valor dos esforços atuantes na verificação de segurança aos E.L.U. em estruturas
existentes, passa pela modelação da estrutura existente, através da análise de
DADOS, das caraterísticas dos Materiais, da Estrutura e das Ações.
Por outro lado, tendo em conta a história de tensões e o efeito da fendilhação do
concreto na distribuição dos esforços, dever-se-ia adotar um modelo de análise não
linear, no modelo adota-se o Modelo elástico linear com redistribuição de esforços,
tendo em conta a facilidade de aplicação deste modelo
A série NP 1504 tem como objetivo a definição dos produtos e sistemas para a proteção e reparação de estruturas de betão, bem como o
estabelecimento dos seus princípios, métodos, requisitos, controlo de qualidade e avaliação da conformidade e especificações referentes à
aplicação dos mesmos. As partes constituintes da norma, que incluem todos estes aspetos, estão estruturadas da seguinte forma:
NP 1504-1: Definições;
NP 1504-2: Sistemas de proteção superficial do betão;
NP 1504-3: Reparação estrutural e não estrutural;
NP 1504-4: Colagem estrutural;
NP 1504-5: Injeção do betão;
NP 1504-6: Ancoragem de armaduras de aço;
NP 1504-7: Proteção contra a corrosão das armaduras;
NP 1504-8: Controlo da qualidade e avaliação da conformidade;
NP 1504-9: Princípios gerais para a utilização de produtos e sistemas;
NP 1504-10: Aplicação de produtos e sistemas e controlo da qualidade da obra.
A NP 1504, nomeadamente na sua 9 parte, define as opções possíveis a considerar na escolha de uma estratégia de gestão da estrutura.
A estratégia de gestão definida pela norma baseia-se no conceito de vida útil da estrutura, conceito este que pressupõe que a estrutura de concreto
tenha o desempenho pretendido para um determinado período de tempo.
Na realização do projeto do sistema de proteção e reparação há que ter também presente, um outro parâmetro importante, a vida útil de projeto.
Este conceito difere do primeiro, querendo traduzir que a estrutura tenha um período de tempo de serviço adequado às condições de utilização
previstas a que estará sujeita.
De acordo com as exigências futuras relativas à vida útil da estrutura assim há que adequar decisões apropriadas, considerando as seguintes
possibilidades:
Não fazer nada e simplesmente monitorizar;
Reanalisar a capacidade da estrutura, podendo conduzir a uma alteração de funcionamento;
Prevenir ou reduzir outras deteriorações;
Reforçar ou reparar e proteger toda ou parte da estrutura de concreto;
Reconstruir ou substituir toda ou parte da estrutura de concreto;
Demolir toda ou parte da estrutura de concreto.
A descrição seguidamente apresentada corresponde a uma primeira abordagem à realização do projeto de reparação.
No sentido de auxiliar a realização de um projeto de reparação, a NP 1504-9, propõe, de forma flexível, as fases ilustradas na Fig. 3.3..
Esta avaliação deverá ser sempre conduzida tendo em conta os seguintes aspetos:
Estado visível da estrutura de betão existente;
Os ensaios que permitem aferir o estado do betão e das armaduras;
A conceção original do projeto;
O ambiente, incluindo a exposição à contaminação;
A história da estrutura de betão, incluindo a da exposição ambiental;
As condições de utilização (ações sobre a estrutura);
Requisitos para utilizações futuras.
Nos subcapítulos que se seguem serão abordados os princípios, métodos, produtos e sistemas referentes ao projeto de reparação.
Todas as questões relacionadas com as fases subsequentes serão descritas de uma forma mais exaustiva posteriormente.
Da convergência entre o estado atual dos elementos e o estado pretendido à posterior, em consonância com os objetivos das medidas a tomar e
com os requisitos funcionais, assim serão definidos os sistemas e métodos a utilizar para a proteção e reparação dos elementos, Fig. 3.4..
Na série EN 1504, é estabelecido um conjunto de princípios e métodos passíveis de serem adotados para a reparação e proteção de estruturas
de concreto, separadamente associados aos defeitos do concreto e à corrosão das armaduras. São referidos igualmente métodos cujos requisitos
e aplicações não são especificados pela referida série, o que de todo não induz diretamente a sua ineficácia.
A cada princípio estão associados vários métodos e para cada método é possível adequar produtos ou sistemas, Fig. 3.5..
Os sistemas surgem da conjugação de dois ou mais produtos aplicados de forma sucessiva ou conjunta.
Aos produtos em si, que correspondem a tipos químicos, podem ainda estar associados os seus constituintes principais
São portanto especificados seis princípios relacionados com os defeitos do concreto e cinco com a corrosão das armaduras. Os esquemas
apresentados nas Fig. 3. 6. Fig. 3.7, representam a estruturação dos vários métodos existentes para os possíveis princípios de proteção e
reparação.
Um dos métodos previstos para este princípio é a impregnação hidrofóbica (H), designada pela NP 1504-9 como um tratamento do concreto
destinado a produzir uma superfície repelente à água.
Geralmente não há alteração da sua aparência porque não existe uma película contínua superficial no elemento, os seus poros não são
preenchidos, mas a superfície interior dos poros e capilares fica revestida.
Quando é aplicada uma impregnação (I), a porosidade superficial do elemento fica reduzida, consequentemente, os poros e capilares ficam
parcialmente ou completamente preenchidos.
Pode ainda ser aplicado um revestimento (C) para conferir proteção contra o ingresso no elemento de concreto a reparar. Neste caso o
revestimento irá produzir uma camada superficial contínua sobre a superfície do concreto. Terão espessuras compreendidas entre 0,1 mm e 5,0
mm, podendo em determinadas situações, atingir espessuras superiores a 5,0 mm. São consideradas películas finas até 1,0 mm de espessura ou
espessas com espessuras compreendidas entre 1,0 mm e 5,0 mm [16].
A Fig. 3. 8. ilustra os esquemas tipo da impregnação hidrofóbica (H), da impregnação (I) e do revestimento (C).
Este método é utilizado para casos em que o concreto se encontre deteriorado, podendo ser realizada com o recurso à aplicação à mão ou
moldando concreto ou argamassas fluidas ou à aplicação de concreto projetado (Fig. 3.10.).
A primeira opção está contemplada na NP 1504 e a projeção do concreto é referenciada pela EN 14487-1.
O reforço estrutural é utilizado em situações em que a deterioração do concreto é tão significativa que o elemento já perdeu parte da sua
capacidade resistente. É necessário ter sempre em atenção a possibilidade dos métodos aplicados imporem ao elemento a reparar novos estados
de tensão. Estes métodos poderão passar pelo reforço com placas coladas, em aço ou de compostos armados com fibra de vidro, ou a aplicação
de pré-esforço. Alguns exemplos são apresentados nas Fig. 3.11
Para este princípio, de acordo com a Fig. 3.7, são definidos cinco métodos diferentes, utilizados em situações em
que as armaduras estejam já despassivadas ou em processo de despassivação.
O “Aumento do recobrimento com concreto ou argamassa” sugere a execução de uma camada adicional nesses materiais que acabará
por conferir um acréscimo de proteção à armadura passivada.
Se o concreto está altamente contaminado ou num nível de carbonatação avançado, poderá ser viável a remoção de toda a zona
carbonatada e a posterior restituição por concreto novo ou argamassa, como prevê o método “Substituição do concreto carbonatado ou
contaminado”. Nestes casos dever-se-á também considerar a hipótese de combinação deste método com o princípio “Proteção contra o ingresso”,
realizando uma proteção superficial, por exemplo, contra o ingresso de cloretos. A hipótese da possível contaminação dos materiais de reparação
pelo concreto carbonatado também deverá ser avaliada. Os materiais a aplicar, tanto para o aumento do recobrimento como para a substituição
de concreto contaminado, deverão cumprir todos os requisitos previstos pela NP 1504-3.
Na “Realcalinização eletroquímica do concreto carbonatado” é conferida à armadura um acréscimo de proteção contra a corrosão,
aumentando a alcalinidade do concreto, sem ser propriamente necessário que a armadura já esteja despassivada. Este método baseia-se na
aplicação de uma corrente temporária num circuito fechado cujo cátodo (ligado ao pólo negativo) é a armadura e o ânodo (conectado ao pólo
positivo) é composto por uma malha metálica introduzida num eletrólito. O eletrólito geralmente utilizado é o carbonato de sódio, embora também
possa ser utilizado o carbonato de potássio. A solução alcalina de carbonato de sódio penetra no concreto por eletroosmose, provoca a eletrólise
da água e promove a geração de iões hidróxilos (OH-) o que induz o aumento do pH do betão e restitui a passividade das armaduras. Muitas
vezes torna-se necessário cobrir toda a zona a tratar com plásticos, fixando-os com a ajuda de peças de madeira. A duração associada a este tipo
de tratamento geralmente é de três a sete dias. A experiencia desta prática é ainda reduzida, cerca de 10 anos, com o consequente aparecimento
de efeitos indesejados tal como o aparecimento da reação álcalis-agregado, que promove da degradação do concreto. Ver fig. 3.12 e 3.13
Na Fig. 3.15, é possível observar a extração eletroquímica de cloretos aplicada a uma estrutura em betão armado por projeção do eletrólito,
constituído por uma pasta de celulose embebida, com o intuito de manter a humidificação da superfície.
AUMENTO DA RESISTIVIDADE (RI),- limitação do teor de humidade através de tratamentos superficiais, revestimento (C), ou proteção externa
Este princípio baseia-se no seguinte pressuposto: o decréscimo do teor de humidade tende a aumentar a resistividade do concreto, a um
nível tal, que a taxa de corrosão se torna insignificante. O princípio pressupõe a utilização de métodos que implicam a aplicação de tratamentos
superficiais como as impregnações hidrofóbicas e revestimentos, que podem aumentar a resistividade elétrica do concreto. A consideração deste
princípio é apenas possível em situações onde haja a garantia que o concreto não absorve água proveniente de outras origens.
Há ainda que referir que o aumento da resistividade não é aconselhável sempre que esta comprometa totalmente a saída de água do concreto ??
Os requisitos para os produtos e sistemas a aplicar para todos os métodos previstos neste princípio são definidos pela NP 1504-2.
CONTROLO CATÓDICO (CC) – limitação do acesso de oxigénio ao catódo por saturação ou revestimento superficial
O objetivo do controlo catódico é a inativação dos cátodos pela limitação do acesso do oxigénio a todas as zonas passíveis de sofrer corrosão.
Criação de condições de modo que as áreas potencialmente catódicas das armaduras, fiquem incapazes de promover reação anódica. Com esta
inibição a possibilidade de corrosão estará então restringida. Os produtos e sistemas referentes a este princípio não constam na série NP 1504.
PROTECÇÃO CATÓDICA (CP) – por aplicação de potencial elétrico ** (Importante - ver artigos nas Pag. seguintes)
Quando a contaminação por cloretos ou a carbonatação da armadura são já muito expressivas este princípio surge como um dos mais
indicados para o controlo da corrosão. Através da passagem de uma corrente contínua de baixa intensidade, de um ânodo exterior, através do
concreto, para o aço tornando o seu potencial mais negativo (catódico). Desta forma é possível prevenir ou eliminar a corrosão das armaduras.
A proteção catódica pode ser realizada por corrente impressa, com a colocação de uma malha que envolve o elemento recoberta com material
cimentício ou com ânodos localizados, ou por ânodos de sacrifício como os ânodos de zinco e alumínio.
Nas Fig. 3.16. e Fig. 3.17 estão exemplificados alguns métodos de proteção catódica.
A proteção catódica, nomeadamente pela aplicação de corrente elétrica, é definida na EN 12696 e é descrita como eficaz no caso de ser
acompanhada por ações de monitorização e manutenção adequadas. Pode ser aplicada independentemente do nível de contaminação de cloretos
e reduz a contaminação do concreto. Este método, basicamente consome a humidade e o oxigénio no interior do concreto, produz iões hidróxidos
e consequentemente gera um aumento da alcalinidade, o que vai restaurar o filme passivante das armaduras. Por outro lado, os iões negativos
(cloretos, hidróxidos, sulfatos), são repelidos pelo cátodo (armadura), ficando deste modo liberto do agente agressor.
PRINCÍPIO
I IMPORTANTE
Este princípio só é eficaz se a armadura for devidamente tratada de modo a ficar isenta de corrosão. A formação de áreas anódicas pode ser
controlada pela aplicação localizada de revestimentos ativos diretamente nas armaduras ou pelo seu revestimento completo, formando uma
cápsula, ou ainda pela aplicação de inibidores de corrosão no concreto.
De uma forma geral, existem então revestimentos ativos e revestimentos estanques (Fig. 3.18.). Os primeiros contêm pigmentos eletricamente
ativos que podem fornecer proteção catódica localizada ou funcionar como inibidores. Já os revestimentos estanques isolam a armadura da água
dos poros envolventes.
Os revestimentos à base de resinas epoxídicas, considerados estanques, revelam uma boa aderência à superfície do aço, uma boa resistência
a temperaturas extremas (gelo e calor de hidratação) e ainda uma boa resistência à difusão de vapor de água, dos iões cloreto e dos gases.
É possível também classificar os inibidores como orgânicos, baseados de uma forma geral em aminas e ésteres solúveis, e inorgânicos,
baseados, geralmente, no nitrito de cálcio (inibidor anódico).
Estes inibidores podem ser aplicados diretamente na superfície de um elemento de concreto (Fig. 3.19.) ou adicionado durante a amassadura do
concreto, como adjuvante (ou seja; aditivo, com o fim de melhorar as caraterísticas inibidoras do concreto).
Os requisitos para produtos e sistemas referentes aos revestimentos ativos e barreira das armaduras constam da NP 1504-7, já para a aplicação
de sistemas e produtos inibidores no concreto não existe nenhuma EN ou ETA (Aprovações Técnicas Europeias)
Além das questões gerais que se prendem com a localização dos trabalhos, as condições de acesso, a urgência da intervenção e a durabilidade
expectável, na escolha das soluções de reabilitação devem ser tidos em consideração os seguintes aspetos:
As propriedades dos materiais e tecnologias a adotar devem preencher os requisitos para a proteção e reparação das estruturas;
As condições químicas e físicas do substrato;
A resistência mecânica e a estabilidade da estrutura durante todas as fases do processo construtivo, bem como em condições de serviço;
A compatibilidade dos materiais de reabilitação com o substrato em betão a manter e com as armaduras, bem como a compatibilidade com
os diferentes produtos e sistemas a utilizar no esquema de reparação (como por exemplo diferenças entre os gradientes térmicos dos
materiais);
Evitar criar condições galvânicas que podem causar a corrosão das armaduras;
Assegurar que as propriedades elétricas da estrutura são apropriadas, no caso de se optar pela utilização de processos eletroquímicos;
Medidas para assegurar que a preparação do substrato de betão existente e a utilização dos produtos de proteção e de reparação estão de
acordo com as recomendações do fabricante;
Avaliar os riscos para a saúde e segurança durante a execução dos trabalhos (por exemplo, a queda de detritos, a inalação de poeiras).
As ações a desenvolver, tendo por objetivo a conservação, reabilitação e o reforço das estruturas, podem ser as seguintes:
Consiste numa ação de reparação que diminui a velocidade de desenvolvimento da deterioração. O objetivo é proteger contra o ingresso dos
agentes agressivos associados à deterioração da estrutura.
b) Tapamento de fissuras
O tratamento de fendas inclui o seu preenchimento com produtos adequados ao tipo de fenda em presença (ativa ou passiva), selagem superficial
e/ ou reforço de fendas.
Os materiais de preenchimento de fendas mais correntemente utilizados são os de origem mineral ou inorgânicos, como as caldas de cimento
ou cal, e os poliméricos ou orgânicos, tais como as resinas de epoxy ou de poliuretano.
As caldas utilizam-se normalmente na colmatação de fendas passivas com aberturas superiores a 0.3 mm, dado que são pouco flexíveis e pouco
fluidas. Por sua vez, as resinas utilizam-se para colmatar fendas muito finas, na medida em que se tratam de materiais muito fluidos.
Dada a rigidez elevada destas resinas não se aplicam a fendas ativas.
A selagem de fendas aplica-se nos casos de pequenas fendas passivas, cuja reparação basta ser superficial, ou em casos de fendas ativas
com amplitudes de abertura assinaláveis. Utilizam-se normalmente materiais como mástiques ou produtos de silicone ou poliuretano.
Os revestimentos devem ter a capacidade de tapar as fissuras, o que requer uma elevada elasticidade do material de revestimento. A capacidade
de tapamento de fissuras por revestimento depende da espessura do revestimento e da sua elasticidade, sendo possível fazer a ponte de
fissuras até 0,5 mm de espessura. Para fazer a ponte de fissuras superiores, é requerida a inserção de materiais fibrosos, por exemplo sob a forma
de tecidos.
A flexibilidade da resina, em regra, não é suficiente para tratar fissuras ativas no caso de grandes movimentos
provocados por cargas cíclicas e diferenças de temperatura, devendo, nestes casos, ser encarada a hipótese de
instalar juntas de dilatação permanentes.
A substituição do betão contaminado é o trabalho de reparação de betão mais comum e é realizada com base nas conclusões de um relatório de
diagnóstico efetuado previamente, e em função das contaminações detetadas, dando origem a projetos de reabilitação da estrutura de betão
armado, que pode ser mais ou menos complexo.
As estruturas em betão armado não revestidas com um adequado material de proteção, em estado funcional, inseridas em ambientes marítimos e
industriais são, em geral, objeto de ataque químico ao betão a partir do exterior, o que leva à sua deterioração inexorável a longo prazo. São
exemplo de agentes agressivos os sulfatos, sulfuretos, nitratos, nitritos, ácidos orgânicos, etc..
Em ambientes não industriais, os contaminantes mais habituais são o dióxido de carbono, que leva à carbonatação do betão e à consequente
diminuição do pH do mesmo (em qualquer localização geográfica), e os cloretos (próximo da faixa costeira). Estes afetam as armaduras devido à
destruição da película passivante que protege as armaduras no betão enquanto jovem, levando depois à delaminação do betão, quando as
armaduras oxidadas e aumentam de volume.
Daqui resulta a necessidade de se substituir o betão contaminado, fissurado ou já delaminado, devido a estes mecanismos de degradação e, em
certas situações, até algumas áreas do betão são, por exemplo, para complementar armaduras com perda de secção.
Na esmagadora maioria dos casos, os agentes contaminantes penetram do exterior para o interior, pelo que, o betão estará contaminado
parcialmente, em profundidade, o que engloba normalmente as armaduras do betão aquando da intervenção de reparação. Excetuam-se os casos
em que os contaminantes são introduzidos inadvertidamente aquando da confeção do betão, estando então contaminado em toda a sua
profundidade.
A quantidade de betão a remover varia em profundidade e, também, em área superficial, podendo ser determinada através de testes que identificam
a presença dos contaminantes, a profundidade de contaminação e as áreas deterioradas. Os testes mais comuns utilizam o indicador da
fenolftaleína, para determinar in situ a profundidade da frente de carbonatação em superfícies recém-expostas e o teor total ou, mais precisamente,
o teor solúvel em ácido, de cloretos existentes no betão. Os cloretos e outros contaminantes podem ser detetados por amostragem no local e
análise química, segundo o prEN 14629:2003-03 para o teor de cloretos e segundo a BS 1881 parte 124 para outra análise química.
Para a determinação da profundidade de uma frente de carbonatação, o método mais utilizado é através da aspersão de uma solução alcoólica de
fenolftaleína sobre uma superfície de betão acabada de cortar. As zonas de coloração rosa correspondem a um pH maior do que 9 e, portanto,
ainda não carbonatadas.
Uma vez tidas em conta estas considerações, devem ser satisfeitos os seguintes requisitos básicos:
O substrato deve ficar com as condições requeridas no que diz respeito à limpeza, rugosidade, fendilhação da zona não
removida, resistência à tração e à compressão, existência de cloretos ou outros contaminantes e sua profundidade de
penetração, profundidade de carbonatação, teor de humidade, temperatura e grau de corrosão da armadura;
Os produtos e sistemas de proteção e reparação escolhidos devem ser compatíveis com o betão do substrato e com as
armaduras existentes e devem utilizar-se produtos e sistemas que evitem o risco de criar condições que possam causar a
corrosão no futuro, como, por exemplo, envolver totalmente as armaduras com novo material alcalino e a aplicação de
revestimentos de proteção;
A obtenção das corretas condições de armazenamento e aplicação dos materiais no que respeita à temperatura, humidade e
temperatura de condensação ambientes, força do vento e precipitação e qualquer proteção temporária que seja necessária.
Os danos por deterioração e o processo de reparação podem provocar redução da capacidade de suporte de carga da estrutura. Tal deverá ser
tido em conta no projeto de reparação e na subsequente aplicação, considerando eventuais requisitos para a diminuição das cargas ou sobrecargas,
para suportes adicionais temporários ou permanentes e para a sequência da reparação, de forma a ter em conta a capacidade de carga da
estrutura.
A reparação do betão num pilar implica a remoção do betão com a redução, temporária, da sua capacidade resistente:
Embora muitas reparações não afetem o desempenho estrutural, deverá reconhecer-se que sucessivas reparações na mesma estrutura ao longo
do tempo podem enfraquecê-la progressivamente ao substituir-se betão estrutural por novos materiais.
Os materiais de substituição são necessariamente diferentes do betão original, tendo de ser observadas determinadas condições de
compatibilidade na sua aplicação. O material de substituição pode não suportar a sua parte da carga, se tiver propriedades diferentes das do
material removido, devido à retração ou contração térmica inicial ou devido a tensões na estrutura aquando da reparação.
OS MATERIAIS DE BASE CIMENTÍCIA (CC) que se utilizam na substituição do betão contaminado são, por sua vez, de tipo diverso,
podendo ser subdivididos em quatro subgrupos principais:
Argamassas pré-doseadas, tixotrópicas, utilizadas principalmente na reparação de fachadas e outros elementos de edifícios correntes
com estruturas aporticadas em concreto armado, em faces laterais e nas faces inferiores de elementos, em intervenções com pequenas
espessuras, não ultrapassando, em regra 5 cm.
São materiais constituídos por cimento, agregados miúdos, adjuvantes expansivos e compensadores da natural retração. Estes produtos
podem ainda levar uma pequena percentagem de fibras de polipropileno, de polivinil-alcóol ou de poliamida, que lhes melhoram a
tixotropia, além de minimizarem a fissuração plástica e melhorarem a sua impermeabilidade. Na obra, deve-se misturar água à argamassa
segundo as quantidades especificadas pelo fabricante do material.
Em trabalhos de reparação de estruturas de concreto armado em que o volume de material a substituir seja pequeno, há por vezes interesse em
utilizar ARGAMASSAS DE CIMENTO HIDRÁULICO-POLIMÉRICO (PCC), também conhecidas por argamassas pré-doseadas
bi-componentes. Existe uma grande variedade desses produtos.
Os materiais bi-componentes que se utilizam na substituição do concreto contaminado são, por sua vez, de tipo diverso, podendo ser agrupados
em dois subgrupos principais:
Argamassas tixotrópicas, que não escorrem, podendo ser aplicadas em superfícies com qualquer inclinação em relação à horizontal.
Estes materiais podem incorporar fibras à semelhança dos seus homólogos mono-componentes;
Argamassas auto-nivelantes, com grande fluidez, recomendadas para aplicações em superfícies horizontais.
Estes materiais de reparação são sempre mais caros do que os seus homólogos mono-componentes, mas apresentam as seguintes vantagens:
Mais elevada resistência mecânica ao impacto e ao desgaste;
Melhor comportamento em ambientes industriais e agressivos;
Possibilidade de aplicação em menor espessura;
Menor probabilidade de fissuração.
Para restaurar o concreto original dum elemento deteriorado de uma estrutura e devolvê-lo às suas formas e funções originais, existem três métodos
principais previstos na Norma NP ENV 1504-09 (Restauração do concreto – Princípio 3):
A limpeza deverá ser feita cuidadosamente, até a superfície ficar completamente limpa, por meio de:
Escova de aço, manualmente, em pequenas áreas;
Meios mecânicos, por percussão e por abrasão;
Decapagem por jacto de ar e de areia; Jacto de água; jacto de água quente
Decapagem por jato de ar abrasivo, com partículas abrasivas;
Limpeza a ar comprimido, vácuo ou vapor;
Utilização de solventes e outros produtos químicos.
A marcação das zonas de betão a remover deve ser feita, tanto quanto possível, segundo figuras geométricas
simples, procurando-se reduzir a razão perímetro do contorno / área da remoção.
REMOÇÃO DO CONCRETO
Seja qual for o método de reparação da camada superficial de betão, as condições do substrato de betão a manter são de importância fundamental
na durabilidade do método de reparação.
Para assegurar uma boa aderência entre o concreto/argamassa de reparação e o betão existente é necessário remover os materiais
desagregados, deteriorados e contaminados que possam afetar a reparação.
Nos métodos 3.1, 3.2 e 3.3, na extensão da remoção devem ser tidos em conta os fatores relevantes e a necessidade de ter recobrimento não
contaminado, envolvendo na totalidade das armaduras, conforme adiante indicado. De outro modo, o processo de corrosão recomeçará. Noutros
métodos, como os electroquímicos, tal poderá não ser considerado necessário.
Se a armadura se apresentar corroída na zona do betão danificado, após a remoção deste, ou a profundidade da remoção vier a revelar-se
insuficiente, deve ser aumentada de forma a expor toda a armadura.
Para tal, o corte deverá ir além das armaduras, em profundidade, assumindo-se o maior dos seguintes valores, pelo menos:
O diâmetro dos varões da armadura;
A máxima dimensão do agregado do material de reparação, acrescido de 5 mm;
Um mínimo de 20 mm, se o betão estiver contaminado com cloretos.
O concreto contaminado com cloretos deverá ser removido à volta de toda a armadura. Se não houver corrosão das armaduras, o concreto
carbonatado ou contaminado com cloretos pode não ser removido se forem utilizados métodos eletroquímicos na reparação ou o concreto for
suficientemente seco.
Esta tarefa tem como objetivo a remoção de todo e qualquer processo nocivo à boa saúde das armaduras. Assim, o corte de concreto justifica-se
sempre que houver corrosão do aço das armaduras, já implantada ou com possibilidade de vir a acontecer, como no caso de concreto segregado,
e deve garantir não só a remoção integral do betão contaminado, como também a futura inserção dos varões num meio alcalino protetor.
O equipamento mais utilizado nas operações de remoção do betão é o martelo demolidor portátil por percussão, que deve ser de um tipo mais
pesado do que o utilizado para as operações de limpeza mecânica e mais leve do que o que se utiliza nos trabalhos de demolição total.
Em geral, utilizam-se martelos elétricos ou pneumáticos com peso entre 6 e 10 kg com ponteiro terminando em ponta aguçada (quanto mais pesado
for o martelo, maior será a sua potência demolidora). Os martelos trabalham a ar comprimido, eletricidade e, menos frequentemente, a gasóleo.
Os martelos demolidores por percussão são rápidos, aplicando 900 a 3000 pancadas por minuto.
A hidrodemolição é um método eficiente, com um rendimento muito superior a qualquer um dos métodos mecânicos, sendo a demolição realizada
de uma forma seletiva, sem causar vibrações nem danos secundários (microfissuração).
O controlo da pressão de água garante que as armaduras do betão são limpas, mas não são de outro modo afetadas.
Outras vantagens da hidrodemolição: Não se desenvolvem microfissuras no substrato; Não danifica a armadura; O betão fissurado é
removido selectivamente, reduzindo ao mínimo a remoção de betão são; Minimiza-se o impacto ambiental (ausência de barulho e poeira);
Dispensa-se a operação de limpeza após a remoção; O rendimento é elevado, na ordem de 100 m2/dia por equipamento.
Após a operação anterior de remoção de betão concluída, e antes que os sistemas de reparação e de proteção sejam aplicados, são realizados os
trabalhos de preparação das armaduras.
As armaduras, quer as existentes quer as novas que sejam introduzidas, devem ser preparadas de acordo com a especificação, o princípio
e o método escolhidos entre os da NP ENV 1504-9 e com o desempenho estrutural requerido. A extensão de qualquer limpeza, revestimento,
remoção ou substituição deve ser especificada no projeto, tendo em conta a possível necessidade de prevenção da corrosão e a necessidade de
obter a ligação especificada entre os produtos e sistemas de reparação e as armaduras.
A escovagem manual é uma técnica que se deve aplicar exclusivamente em pequenas superfícies e, muito particularmente, no caso de pequenas
extensões de varões de aço que estejam com evidências de corrosão. Em alternativa, pode utilizar-se a escovagem mecânica, com melhor
rendimento, eventualmente mantendo a escovagem manual para zonas menos acessíveis.
A proteção das armaduras está coberta pelo Princípio 11 (Controlo das áreas anódicas – CA):
Pintura das armaduras com revestimentos que contenham pigmentos ativos que proporcionem um ambiente alcalino, ou funcionem
como inibidores de ação eletroquímica ou ainda que forneçam uma reação galvânica sacrificial (método 11.1);
Pintura das armaduras com revestimentos barreira que constituam uma barreira para evitar que a água dos poros do betão, contendo
cloretos ou outros contaminantes, alcance as armaduras (método 11.2).
Fica assim coberto o uso de revestimentos na armadura, quer para assegurar proteção, quer para proporcionar uma camada de base sobre a qual
a argamassa de reparação ou o concreto novos podem ser aplicados.
Nos presentes casos de estudo, vamos abordar a reabilitação de superfícies de concreto à vista cujas patologias verificadas na superfície do
elemento estão diretamente relacionadas com a corrosão das armaduras no seu interior, designadamente pela ação de cloretos e por
carbonatação. Relativamente à deterioração do concreto considerar-se-á dois cenários: deterioração apenas localizada, visualizando-se o
destacamento do concreto, e deterioração avançada originando a perda parcial da secção do elemento inicial.
Assim sendo, temos 4 casos de estudo nos quais se centrará a aplicação da NP 1504 (Fig. 4.1).
A escolha destes exemplos, tanto ao nível das causas para a corrosão das armaduras como da própria gravidade de deterioração do elemento é
justificada pela frequência de situações idênticas verificadas na prática corrente das ações de reabilitação.
ENSAIOS PRELIMINARES
Na realização da inspeção preliminar ao elemento em estudo, passível de reabilitação, são utilizados auxiliares de diagnóstico como o
fissurómetro, o esclerómetro, o medidor de humidade, etc. Além destes, com o sentido de reforçar o diagnóstico é necessário realizar outros
ensaios preliminares adequados às patologias em estudo. Assim, antes de se estabelecer qualquer metodologia para a reparação do elemento,
é importante realizar ensaios, sendo que hoje em dia, existem vários que, além de beneficiarem de novas tecnologias, são sobretudo ensaios não
destrutivos ou, pelo menos, induzindo no elemento técnicas pouco intrusivas.
Desta forma poderemos ter os seguintes princípios associados à estratégia de reabilitação, segundo a NP1504 e a bibliografia referida.
De acordo ainda com esta norma as argamassas ou concretos podem ser classificados como:
“estruturais”, de classe R3 ou R4,
e “não estruturais”, de classe R1 ou R2.
Estas características de desempenho são válidas para qualquer campo de utilização de qualquer produto, seja ele classificado como estrutural ou
não estrutural.
Os princípios “Restauração do concreto” e “Reforço Estrutural” englobam igualmente a aplicação de argamassas ou concretos estruturais ou
não estruturais, sendo que a sua seleção dependerá da escolha da estratégia de reabilitação, adequada ao grau de deterioração do elemento
e ao ambiente em que se insere.
ESTES MATERIAIS DE REPARAÇÃO (argamassas ou concretos estruturais e não estruturais) PODEM SER CLASSIFICADOS
DA SEGUINTE FORMA:
Resistência mecânica: varia em função do tipo de formulação. As resistências à flexão e à tração diminuem e a resistência à compressão
aumenta com a introdução de cargas na sua formulação;
Aderência aos suportes: normalmente elevada (superior a 2 MPa);
Retração durante a cura: é baixa, muito inferior à dos materiais cimentícios. Por norma as formulações de poliéster apresentam uma
retração superior à das formulações de epóxido;
Módulo de elasticidade: não apresentam comportamentos lineares, dependendo da formulação e das cargas utilizadas. Ao aumento da
percentagem de cargas utilizadas na sua formulação está associado um aumento do módulo de elasticidade;
Extensão na rotura: pode variar entre 1,5 a 5%. A introdução de cargas na sua formulação pode reduzir muito este valor;
Coeficiente de dilatação térmica: é muito superior ao dos materiais cimentícios. Esta diferença é importante em uniões de substratos em
que a espessura da camada de resina seja superior a 1mm, como no caso de revestimentos de piso, podendo ocorrer a rotura na sua
interface;
Resistência química: são resistentes à água, aos ácidos não oxidantes e álcalis, gasolina, entre outros;
Resistência à temperatura: geralmente não sofrem alterações até aos 50 – 70ºC. As resinas epóxido têm maior resistência à temperatura
do que as de poliéster;
Comportamento a longo prazo: as resinas epóxido são as que apresentam maior durabilidade, quer em presença de água, quer sujeitas
à fadiga.
As argamassas à base de ligantes orgânicos não conseguem promover a passivação das armaduras, pelo que é aconselhável a proteção
das mesmas com o recurso a tratamentos anticorrosivos. Para aplicações não estruturais são utilizadas argamassas de ligante poliéster, sendo as
argamassas de ligante epoxídico recomendadas para as seguintes utilizações
Argamassas de reparação de estruturas em que seja necessário uma cura rápida (trabalhos marítimos, por exemplo);
Reparações de pequenas espessuras (< 3cm) ou zonas angulosas (destacamento de betão devido à corrosão);
Selagens e ancoragens de elementos metálicos submetidos a elevados esforços de tração com redução dos comprimentos de
amarração e execução e reparação de juntas de estradas.
Às argamassas com cimento hidráulico e polímeros, a incorporação de polímeros na sua constituição permite uma melhoria da
resistência à fissuração por retração. De uma forma geral, a presença de polímeros permite o controlo do desenvolvimento da fissuração
associada à retração plástica, sendo que a permeabilidade desta camada diminui.
A estas argamassas estão geralmente associadas as seguintes vantagens:
aumento da capacidade de adesão ao suporte,
aumento da resistência física, química e à abrasão.
A compatibilidade entre os materiais de reparação e o substrato existente é importante para assegurar a qualidade e durabilidade da
reabilitação do elemento deteriorado. Entre outros fatores, a compatibilidade dimensional, que traduz a capacidade do material de reparação de
resistir a variações de volume sem perda de aderência ao substrato, surge como o fator mais importante.
A falta de compatibilidade dimensional está muitas vezes na origem de patologias precoces em trabalhos de reparação, associadas por exemplo:
Tensões resultantes de retração excessiva sobretudo em argamassas hidráulicas e argamassas com cimento hidráulico e polímeros;
Expansão excessiva em algumas argamassas de retração controlada;
Excessiva dilatação térmica seguida de um arrefecimento brusco durante o processo de cura.
As dimensões, forma e espessura da área a reparar, o módulo de elasticidade, a capacidade resistente e a fluência são igualmente parâmetros
que influenciam a compatibilidade dimensional.
A compatibilidade estrutural e mecânica é outro dos fatores a ter em conta, à qual estão associados os seguintes parâmetros principais:
a resistência (à compressão, tração e flexão), o módulo de elasticidade (à compressão, tração e flexão), a tensão de aderência e o coeficiente de
dilatação térmica. Para argamassas utilizadas em reparações não estruturais os dois últimos parâmetros são determinantes, assumindo as
resistências mecânicas e os módulos de elasticidade maior importância na seleção de argamassas a utilizar em reparações estruturais.
De uma forma geral é recomendado que a resistência mecânica e a tensão de aderência do material de reparação sejam iguais ou superiores à
do substrato onde será aplicado. Já o módulo de elasticidade e o coeficiente de dilatação térmica devem ser semelhantes ao do substrato a reparar.
Posteriormente, em situações em que se preveja a necessidade de conferir um acréscimo de proteção contra a corrosão das armaduras,
como por exemplo no caso de uma exposição significativa à ação de iões cloreto, aplicar-se-á um inibidor de corrosão em todo o elemento já
reparado. Na presença de carbonatação a aplicação deste tipo de produtos é, geralmente, dispensável. Como já foi anteriormente referido não
existe documentação técnica que refira requisitos de desempenho a exigir para este tipo de produtos.
Numa fase final serão aplicados produtos que conferirão uma proteção superficial ao elemento reabilitado. Estes elementos poderão ser
impregnações hidrofóbicas, impregnações e revestimentos segundo a NP 1504-2. Para conferir uma proteção ao elemento contra a ação da
carbonatação é usual a seleção de revestimentos. Para estes produtos, neste âmbito de aplicação, são definidas para todas as utilizações, pela
NP 1504-2, o conjunto das seguintes características de desempenho:
Permeabilidade ao CO2;
Permeabilidade ao vapor de água;
Absorção capilar;
Aderência por arrancamento.
Uma característica que poderá contribuir para o aparecimento de defeitos no revestimento por pintura é a permeabilidade ao vapor de água.
Situações em que existe retenção de água por detrás do revestimento conduzem ao aparecimento de empolamentos e destacamento do substrato.
A Fig. 4. 11. apresenta a permeabilidade ao vapor de água de diferentes tipos de revestimentos por pintura.
Argamassa farofa - A argamassa farofa, ou argamassa seca, é uma mistura de cimento Portland com areia fina, na proporção de uma parte de cimento
para 2,5 a 3 partes de areia em peso, com o fator água/cimento compreendido entre os valores 0,33 e 0,40. A quantidade de água utilizada na mistura deve ser
apenas a suficiente para que se possa formar, apertando com as mãos, mas sem muito esforço, uma bola do material, e a superfície desta bola não deve
apresentar nenhum brilho, o que seria sinal de excesso de água.
Esta argamassa, bastante seca, como o próprio nome diz, é um material que também é utilizado para preencher cavidades na estrutura.
Por causa do baixo fator água/cimento, o fenômeno da retração é praticamente inexistente, e, além disto, sua resistência final também é bastante elevada.
Concreto convencional - O concreto convencional ainda é o material mais utilizado em serviços de recuperação e reforço de estruturas de concreto. Para
os trabalhos serem executados com sucesso, a dosagem <lo concreto a ser aplicado deve ser feita tendo-se em mente que as diferenças de retração entre o
concreto a aplicar e o concreto já existente na estrutura devem ser minimizadas. Se a peça a ser restaurada ou reforçada for bastante nova, não tendo ainda o
seu concreto sofrido a maior parte da retração, o traço do concreto novo deve se aproximar o maís possível do traço do concreto antigo. Por outro lado, se a
peça for antiga, o seu concreto já terá sofrido toda ou praticamente toda a sua retração, e, neste caso, o traço do concreto novo deve ser escolhido de modo a
reduzir a sua retração ao mínimo. O meio mais eficaz para se alcançar tal objetivo é a redução do fator água/cimento, empregando-se aditivos plastificantes ou
superplastificantes. Se possível, o concreto novo deve ser misturado e deixado em repouso por 30 a 60 minutos, de forma a diminuir a retração após o
lançamento. Os traços muito ricos em cimento também devem ser evitados, pois apresentam grande retração.
Nos reparos em que o concreto novo é colocado em cavidades existentes no concreto antigo, a sua retração tende a criar fissuras na interface. Para evitar isto,
utilizam-se aditivos expansores, os quais podem ser de dois tipos: os que liberam gases e os que são à base de limalha de ferro. Dentre os do primeiro tipo, o
de uso mais corrente é o pó de alumínio, que produz hidrogênio que, por sua vez, provoca a expansão do concreto fresco, compensando assim a retração de
pega do concreto. Os aditivos com limalha de ferro têm sua ação baseada na oxidação da limalha, o que provoca a sua expansão e, consequentemente, a
expansão do concreto.
Concreto Projetável - Diz-se que um concreto é projetável quando o seu transporte da misturadora até o local de aplicação, é feito através de um tubo,
sob impulsão de ar comprimido, a uma velocidade constante e elevada.
As principais características do material concreto quando aplicado sob projeção: densidade (e, consequentemente, compacidade, impermeabilidade e baixa
porosidade) e capacidade aderente (auto-sustentabilidade), dispensando o uso de fôrmas, características que, em conjunto, o indicam como material apropriado
para recomposição de seções em um processo de recuperação.
MATERIAIS CONCRETO DE CIMENTO E POLÍMEROS: Argamassas com cimento hidráulico e polímeros (PCC);
Os concretos e as argamassas de cimento Portland modificados com polímeros são materiais pré-misturados por adição de monômeros ou polímeros durante
a fase de mistura dos materiais, sendo posteriormente o conjunto curado ou polimerizado. Estes materiais têm grande aplicabilidade em trabalhos de recuperação
ou de reforço de estruturas de concreto, em que os fatores alta resistência mecânica e química e a rápida entrada em serviço sejam preponderantes. Além disto,
são materiais de fácil preparação, pois são fabricados de maneira análoga ao concreto (ou argamassa) de cimento Portland comum. Estes materiais podem ser
de diferentes tipos, tais como o concreto (ou argamassa) modificado com látex, o concreta (ou argamassa) modificado com epóxi ou ainda modificado com
resinas à base de P.V.A.
A grande maioria de produtos como estes, comercializados no nosso país, é apresentada sob a forma de emulsão de polímeros, que devem ser estáveis em
meios com pH elevado. A ação do polímero só é sentida quando a emulsão é rompida por secagem, o que implica que o concreto em questão não deva ser
curado em meio úmido.
As já referidas vantagens de aumento das resistências mecânicas e à abrasão e, principalmente, a resistência à adesão são mais sentidas quando o material é
aplicado sob forma de camadas pouco espessas.
Argamassas ou concretos modificados com epóxi - Para a obtenção destes materiais, são misturados ainda na betoneira os ingredientes sólidos
do concreto, acrescentando-se a seguir a resina, o catalisador e a água, separada ou simultaneamente. Regra geral, o fator água/cimento utilizado é da ordem
de 0,30 e a relação epóxi/cimento fica em torno de 0,20. Com isto, pela simples mistura, na massa do concreto, de uma resina epóxi apropriada, obtém-se um
material de altas resistências mecânica e química com capacidade de aderência bastante melhorada em relação aos concretos comuns
Quanto à forma de utilização, a sílica ativa pode já vir condicionada ao cimento ou ser empregada diretamente na mistura do concreto, sob a forma de lama ou
"in natura" (pó). Para seu melhor desempenho é necessária a utilização de aditivos fluidificantes ou plastificantes.
Os concretos com sílica ativa apresentam pH inferior ao do concreto comum, sendo, por isto, mais sensíveis aos efeitos da carbonatação e menos trabalháveis.
Este material tem sido utilizado também, e com muito sucesso, nas misturas para aplicação por projeção e, principalmente, nos concretos de alta resistência.
MATERIAIS PRÉ-FABRICADOS: E costume designar por materiais pré-fabricados todos os materiais preparados em indústrias, chegando ao local
da obra prontos para serem aplicados. Entre os materiais pré-fabricados utilizados na construção civil, os que são aplicados em trabalhos de recuperação e de
reforço de estruturas de concreto são as argamassas prontas, adesivos, materiais para injeção e grouts, cujas características principais são a seguir destacadas.
ARGAMASSAS PRONTAS - Em trabalhos de recuperação ou de reforço de estruturas em que o volume de material a utilizar for pequeno, é muitas vezes
conveniente empregar argamassas pré-misturadas com polímeros, que são fabricados por empresas especializadas em aditivos para concreto.
Existe uma grande variedade desses produtos em comercialização ou em processo de pesquisa.
Entre os tipos de argamassas prontas existentes no mercado, destacam-se:
argamassas de base mineral (cimento);
argamassas de base resina epóxi;
argamassas de base resina poliester;
argamassas de base resina furânica;
e argamassas de base resina fenólica.
Argamassas de base mineral (cimentícias) - São produtos que não apresentam retração, o que é fundamental para as obras de recuperação ou de
reforço de estruturas de concreto. Não são corrosíveis (alta resistência química) nem inflamáveis e têm pH alcalino. São apresentadas sob a forma de dois
componentes, que devem ser misturados na hora da aplicação, sem adição de água e sempre conforme as instruções dos fabricantes. No Brasil existem
indústrias que produzem uma linha de argamassas pré-misturadas de cimento e areia com adição de resina acrílica, normalmente apresentadas em duas
modalidades:
argamassas autonivelantes, com grande fluidez, recomendadas para aplicações em superfícies horizontais;
argamassas tixotrópicas, que não escorrem, podendo ser aplicadas em superfícies com qualquer inclinação em relação à horizontal. Este produto leva
ainda um acréscimo de fibras poliamidas.
Argamassas de base resina epóxi - São as chamadas argamassas de polímeros, que são produtos obtidos com agregados miúdos e um ligante de
polímero (acrescentando-se à mistura agregados graúdos, obtêm-se concretos de polímeros). Tanto a argamassa como o concreto de polímeros constituem
excelentes materiais para reparos de falhas em elementos estruturais, porém, por razões de ordem econômica, seu emprego fica limitado a falhas localizadas,
de pequenas dimensões. Existem disponíveis no mercado argamassas pré-dosadas de resina epóxi fornecidas em três componentes: resina, catalisador e areia
de quartzo. Como a resina epóxi tem alto poder de aderência ao concreto e ao aço, esta argamassa pode ser utilizada com sucesso para reparos superficiais,
ancoragem de chumbadores, cobrimento de barras adicionais, etc, podendo, por ser tixotrópica, ser aplicada sem limitações, mesmo na vertical.
Argamassas de base resina furânica - São produtos à base de resinas furânicas líquidas, catalisador e agregados de sílica, carbono, barita ou coque
pulverizado, com propriedades em tudo semelhantes às de base estervinílica, com a vantagem de poderem ser utilizadas em temperaturas de até 200ºC.
Argamassas de base resina fenólica - São produtos em que os agregados são os mesmos que os utilizados na fabricação das argamassas de base
resina furânica, sendo as resinas, fenolformaldeídos, e o catalisador, necessariamente ácido. Têm tempo útil para aplicação reduzido e precisam ser mantidas
em ambiente refrigerado. Têm propriedades semelhantes às de base furânica, mas não resistem ao ataque de oxidantes fortes, álcalis fortes, nem a temperaturas
superiores a 175 °C.
ADESIVOS: Como o próprio nome já diz, os adesivos são materiais utilizados para colar materiais a elementos estruturais já existentes.
Os adesivos disponíveis no mercado podem ser à base de epóxi, PVA e acrílico.
Os adesivos de base epóxi são polímeros fornecidos em dois componentes: monômero e catalisador. Após a mistura dos dois componentes, o material
permanece viscoso durante um certo tempo, denominado "potlife", depois endurece e se solidifica, adquirindo então elevada resistência mecânica. A mistura
dos componentes deve ser feita com um agitador mecânico ou manual, tomando-se cuidado para que seja bem feita e homogênea.
Os adesivos de base acetato de polivinila - polímero vinílico, comumente designado por PVA, que apresenta boa resistência ao intemperismo, sendo
utilizado, na construção civil, em tintas, revestimentos e membranas impermeabilizantes - têm como principais aplicações o preparo de chapisco e a confeção
de argamassas, pois, quando diluídos na água de amassamento, proporcionam à argamassa melhor aderência sobre aos substratos.
Os polímeros acrílicos são uma família de compostos resultante da polimerização de monômeros, que, por sua vez, são ésteres do ácido acrílico ou do ácido
metacrílico, que apresentam transparência cristalina e excecional resistência química, sendo utilizados na construção civil sob a forma de placas transparentes
semelhantes ao vidro, painéis de revestimento de paredes, em tintas, impermeabilizações (como selante para juntas e como material para execução de
membranas) e como adesivos, neste caso com aplicação semelhante à dos adesivos de base PVA.
MATERIAIS PARA INJEÇÃO: A injeção de resinas sintéticas, com alto poder adesivo, permite restabelecera monoliticidade de elementos de concreto
fissurados.
Diversas resinas são para tanto utilizadas, como as acrílicas, as poliéster e as epoxídicas, sendo estas últimas as de uso mais corrente.
As resinas epoxídicas, são polímeros fornecidos em dois componentes. Após a mistura e a solidificação, caso o material não tenha sido empregado, deve ser
abandonado, pois a utilização de solventes para fluidificar a resina endurecida não pode ser permitida, já que o solvente evapora, deixando vazios que
prejudicarão a performance do elemento estrutural injetado. Desta forma, o uso de solventes para economizar a resina é uma prática que deve ser coibida nas
obras. Com resinas bastante fluidas e equipamento a ar comprimido, é possível fazer injeções em fissuras com aberturas inferiores a 0,1 mm.
Diante da impossibilidade de se remover a possível umidade existente no interior das peças fissuradas, devem ser utilizadas formulações epoxídicas insensíveis
à presença de água.
O grout de base mineral é um material constituído por cimento, agregados miúdos, quartzos, aditivo superplastificante e aditivo expansor (pó de alumínio),
que possibilitam a obtenção de elevada fluidez, tornando possível a sua aplicação em regiões dos elementos estruturais de difícil acesso. Além disto, em virtude
da presença de aditivo expansor na mistura, há maior garantia de que todos os espaços da região do reparo serão preenchidos. Na obra, deve-se misturar água
ao grout segundo as quantidades especificadas pelo fabricante do material.
O grout de base epóxi é um composto epóxi-poliamida, fornecido em dois componentes, que, quando convenientemente misturados, resultam em produto
de grande fluidez, baixa viscosidade, e, após o endurecimento, excelentes resistências química, mecânica e abrasiva.
A seleção dos materiais a serem utilizados em reparos e um importante e complexo processo, envolvendo o entendimento o que e requerido no reparo,
características dos materiais, requisitos para a sua aplicação, metodologia de aplicação, etc.
A aplicação dos materiais de reparo requer o entendimento de suas propriedades, avaliação das vantagens e desvantagens, detalhes de preparação de estrutura,
técnicas de aplicação, custos e procedimentos posteriores a sua utilização.
Um dos maiores desafios na escolha dos materiais e avaliar seu comportamento junto com o substrato. As mudanças das tensões no substrato e nos materiais de
reparo podem causar trincas, fissuras, delaminação e desagregação do material de reparo. A aderência do material de reparo na estrutura tem que ser observada, de
forma a que o resultado final seja de uma estrutura solida e monolitica.
Outro dado importante a ser considerado sobre o material de reparo e o do mesmo possuir caraterísticas suficientes para suportar as cargas de serviço. Para tanto, o
material deve ter caraterísticas próprias de desempenho que devem ser analisadas. O ideal seria que o material de reparo assumisse os níveis de tensões do concreto
original. Há casos em que o material de reparo possui módulo elástico muito inferior ao da estrutura, fazendo com que o mesmo não absorva a sua parte de esforços.
É improvável que o material de reparo não tenha pelo menos uma pequena retração durante a cura e que o mesmo se comporte da mesma maneira como o substrato
de concreto, frente as cargas aplicadas, mudanças de temperatura e umidade. Assim sendo, a escolha dos materiais de reparos e um compromisso importante para o
desempenho final do reparo.
Materiais utilizados em reparos - A quantidade de materiais utilizados em reparos e elevada e novos materiais são continuamente desenvolvidos e lançados no
mercado. Também suas propriedades e campo de utilização são variáveis.
Para facilitar a descrição dos mesmos, vamos subdividi-los segundo sua maior propriedade, qual seja o requisito de resistência, aderência, proteção, revestimento e
auxiliares. Vale lembrar que um material de reparo pode ter varias propriedades em conjunto, como resistência, impermeabilidade, proteção, etc.
Os materiais de reparos podem também ter sua classificação de indicação relacionada a profundidade do reparo, como por exemplo:
Rasos: reparos de profundidade variando entre 3 mm (tipo estucamento) a 30 mm (ponto de atingir as armaduras).
Médios: reparos com profundidade entre 30 mm 60 mm.
Profundos: reparos com profundidade superior a 60 mm.
RESISTÊNCIA:
Concreto moldado - O concreto moldado e um tradicional material utilizado para reparação estrutural. Usualmente, procura-se utilizar o concreto em reparos de
maiores dimensões. Em grande parte destas ocasiões, o concreto utilizado tem suas características modificadas para o incremento de propriedades e características
mais adequadas para a sua utilização, como impermeabilidade, resistência, minimizar retração, aumento da resistência química, etc.
As principais modificações introduzidas são:
Utilização de cimentos especiais ou compostos, como o CPII-Z (com pozolana), CPIV (cimento pozolânico), CPV (alta resistência inicial), CPI-S (resistente a
sulfatos), etc.
CAD – Concreto de Alto Desempenho – Concreto com elevada resistência, com adição de aditivos superplastificantes, sílica ativa, etc., podendo também ser
incorporados escoria, fibras metálicas ou sintética,, etc.
Aditivos inibidores de corrosão, como nitrito de sódio ou cálcio, éster aminas, benzoato de sódio, molibdato de sódio, etc.
Polímeros em forma de latex, como acrílico, SBR (estireno butadieno), etc.
São normalmente utilizados em reparos profundos
Grautes - Grautes são argamassas industrializadas, cujas características principais são a elevada fluidez, baixa permeabilidade,
ausência de retração (retração compensada) e elevadas resistências iniciais e finais.
São utilizados em muitas aplicações, como reparos estruturais, chumbamento de equipamentos, ancoragem de tirantes, etc.
Os grautes podem ser industrializados com aglomerantes de base mineral (cimento Portland, cimento aluminoso) ou sintético
(resinas epoxi), com agregados de quartzo ou metálico, aditivado com superplastificantes, compensadores de retração, podendo ou não
conter microssílica.
Para grandes vãos, pode ser adicionada ao graute base cimenticia brita lavada de granulometria ate 9 mm, usualmente até 30 % do
volume do graute.
São produzidos também alguns grautes cimentícios especiais com elevada resistência inicial (10 a 20 Mpa em 2 horas)
para reparos rápidos em pavimentos, chumbamentos de trilhos, etc.
Os grautes são aplicados para reparos médios ou profundos.
As argamassas são utilizadas para reparos rasos, desde um estucamento de poucos mm, ate reparos de profundidade media. Deve-se tomar cuidado com algumas
argamassas que sofrem retrações acentuadas, normalmente quando aplicadas em espessuras superiores a 20 mm. As argamassas com fibras apresentam melhor
comportamento na redução da retração e possuem boa tixotropia para aplicações verticais e “sobre cabeça”.
INIBIDORES DE CORROSÃO: Os inibidores de corrosão são produtos com o fim especifico de proteger as armaduras do concreto armado contra a
corrosão das armaduras. Podem ser dos tipos de primer aplicados sobre as armaduras, ou como aditivos incorporados as argamassas, grautes e concretos. Os aditivos
inibidores são mais utilizados durante o processo de concretagem da estrutura, como forma preventiva contra a corrosão por cloretos.
Primer anticorrosivo -
Epoxi com zinco
São produtos aplicados diretamente sobre as armaduras rigorosamente limpas. Podem ser a base de resina epóxi rico em
zinco, que e mais eletronegativa que o aço, formando uma proteção catódica atuando como ânodo de sacrifício. Como o zinco
não se expande no processo de oxidação, não provoca o desplacamento da capa protetora de concreto. Existe alguma
polémica na eficiência do epóxi rico em zinco, devido a dificuldade de aderência do epóxi pela dificuldade de limpeza da
armadura e de sua efetividade contra o ataque de cloretos.
Cimentos poliméricos aditivados
São produtos base cimento, polímeros e aditivos inibidores de corrosão, como o nitrito de cálcio, éster aminas, etc, que
recompõe a capa passivadora alcalina e inibem a continuidade da corrosão.
Aditivos inibidores
Nitritos
O nitrito de cálcio dentre outros oferece proteção devido aos íons de nitrito competir com íons de cloreto pelos ions férreos produzidos pelo aço. Este mecanismo
de inibição de corrosão e distinto dos inibidores anteriormente discutidos que envolvem uma redução do ingresso de íons de cloreto. A efetividade do nitrito de
cálcio dependente da quantia de íons de cloreto que uma estrutura de concreto armado será exposto durante sua vida de serviço, e a seleção de uma dosagem
apropriada de aditivos inibidores. Os nitritos são misturados a concreto e argamassas.
INJEÇÕES EM TRINCAS E FISSURAS: A injeção sob pressão de materiais em trincas e fissuras e utilizada para obturar e preencher vazios, para “colar”
ou solidarizar as trincas e fissuras, para impermeabilizar ou vedar infiltrações, como os produtos descritos abaixo
Epóxi - As resinas epóxi são produtos com elevado poder de adesão, viscosidade e
densidade semelhante ao da agua. É possível a combinação de endurecedores mais ou menos
rápidos, podemos regular o tempo de vida “pot life” e o tempo de endurecimento.
As resinas epóxi são normalmente utilizadas para injeções de solidarização de trincas e fissuras
“mortas”, isto e, das que não se movimentam. A injeção de resinas epóxi em trincas e fissuras
vivas, pode acarretar no surgimento de novas fissuras adjacentes, já que a estrutura esta criando
uma junta para a sua movimentação. As resinas epóxi não devem ser utilizadas em fissuras que
estejam umidas no momento de sua aplicação.
As resinas epóxi utilizadas para injeção deverão ter baixa viscosidade, tempo de endurecimento
compatível com o tempo necessário para a injeção e total preenchimento dos vazios, cura rápida,
baixa retração, resistências mecânicas superiores ao do concreto, baixo módulo de deformação.
Cimento - A injeção de calda de cimento e utilizada em algumas ocasiões, em trincas de abertura acima de 1 mm, em solos, muros de arrimo, barragens,
tuneis, etc., com a utilização de calda de cimento aditivada com plastificantes ou superplastificantes, como também com microssilica.
Existe no mercado brasileiro aditivo em pó para cimento, com retração compensada, que introduz a característica de tixotropia na calda de injeção, utilizada para injeção
em bainhas de protensão, ancoragens de tirantes, injeções em rochas, etc.
ADESIVOS: Os adesivos são materiais de grande utilização como material auxiliar de reparações.
Os mais utilizados são as resinas epóxi (fluidas, em pasta ou gel) e as resinas acrílicas, estas ultimas utilizadas puras ou em calda de cimento (exemplo: 3 partes
de cimento, 1 parte de resina acrílica e 1 parte de agua).
As resinas epóxi são mais utilizadas para colagens de concreto novo com concreto velho, e outras aplicações de alta exigência de cargas, como fixação de pinos e
tirantes, colmatação de trincas antes de injeções.
ENDURECEDORES DE SUPERFÍCIE: Os endurecedores de superfície são aplicados para melhorar a resistência a abrasão de pavimentos rodoviários
e aeroviários, pisos industriais, como também em regiões sujeitas a erosão por agua, como vertedouros, canaletas com fluxo de agua em alta velocidade.
Os endurecedores são classificados em dois grupos:
Materiais aspergidos
São materiais compostos de cimento, aditivos especiais, agregados de quartzo ou metálico, que são aspergidos sobre o concreto ainda fresco e incorporados
a massa do mesmo, formando uma capa superficial monolítica de elevada dureza, resistente a impactos e a abrasão.
Os agregados de quartzo são os mais utilizados em pisos industriais normais e os agregados metálicos, mais dúcteis e mais indicado em situações de elevada carga
de trafego, impacto e abrasão.
Endurecedores químicos
São produtos líquidos à base de silicatos e fluorsilicatos aspergidos sobre o piso de concreto, que reagem com o
hidróxido de cálcio originário da hidratação do cimento, formando compostos mais resistentes. Os endurecedores químicos
são antipó e melhoram a resistência a abrasão em concretos comuns, não resultando em melhora significativa em concretos
bem executados e curados.
Antes da aplicação de qualquer produto referido é necessário proceder à preparação do substrato, armadura e betão, de acordo com os
processos indicados no QUADRO 4.4
em que se verifique mediante os ensaios referidos na (Fig. 4.7. e na Fig. 4.8), que:
As armaduras localizadas mais próximas da superfície do elemento estão totalmente expostas, tanto varões longitudinais como transversais
(cintas ou estribos), verificando-se uma perda parcial da secção do elemento;
A profundidade de carbonatação atinge zonas para lá da localização das armaduras, sendo que toda a espessura de recobrimento está
carbonatada e é maior perto das zonas onde a secção do elemento está deteriorada;
O nível de corrosão das armaduras é elevado e detetado ao longo de todo o elemento numa extensão considerável.
Posto isto, os princípios e métodos de proteção e reparação serão aplicados ao elemento de forma extensa (Fig. 4.18.).
De uma forma geral, para a aplicação de argamassa cofrada existem duas possibilidades para realizar a sua cofragem.
O primeiro método sugere a realização de cofragens com uma abertura no topo, o cachimbo, de forma a permitir o lançamento da argamassa
para o seu interior (Fig. 4. 20.).
Posteriormente, após a cura da argamassa e a remoção da cofragem a saliência
correspondente à abertura da cofragem será removida.
A cofragem deverá ser rígida e estanque sendo muito bem apertada contra o
suporte para suportar a pressão a que estará sujeita e para promover a pressão
necessária ao produto de reparação contra o substrato, permitindo a sua
“respiração” normal [31]. A pressão possivelmente necessária a aplicar numa
cofragem está exemplificada na Fig. 4. 21..
Posteriormente à aplicação da argamassa estrutural, aplicar-se-á por pintura um revestimento com o objetivo de promover uma proteção contra a
carbonatação do elemento reparado, aumentando a sua resistividade.
Assim sendo os princípios e métodos de proteção e reparação serão aplicados ao elemento de forma localizada (Fig. 4.16.).
Seguindo a ótica de uma reparação localizada e contribuindo para a prevenção do reingresso de cloretos aplicar-se-ão, para além dos
produtos já referenciados, um inibidor de corrosão, para reforçar a proteção contra a corrosão das armaduras, e uma impregnação hidrofóbica, ao
invés de um revestimento por pintura, como proteção superficial. Esta impregnação hidrofóbica será aplicada no âmbito também do princípio
controlo da humidade (MC), ao contrário da proteção superficial selecionada no caso 1. A consideração deste princípio é importante na presença
de ambientes com iões cloreto. Como já foi referido anteriormente, a absorção de água por parte de um revestimento de proteção está diretamente
relacionada com o ingresso de iões cloreto
Assim sendo aplicar-se-á os princípios e métodos de proteção e reparação para restituir a secção do elemento em toda a sua extensão, conforme
esquematizado na Fig. 4.24..
Na Fig. 4.25., está representado o sistema a aplicar na reparação deste elemento, na ótica de uma reparação generalizada a toda a sua secção,
contribuindo para a prevenção do reingresso de cloretos. Assim, considerou-se a aplicação de argamassa cofrada, em semelhança com o descrito
no CASO 2, e a aplicação de um revestimento por pintura no âmbito dos princípios PI, MC e RI, de acordo com o referido no CASO 3, relativamente
à presença de iões cloreto.
De seguida aplicar-se-á o produto de colagem e a argamassa estrutural cofrada, cujos requisitos seguem o descrito no CASO 2, tanto para os
produtos em si, como a sua própria aplicação e preparação de substratos (concreto e armadura);
Por último, segue-se a aplicação de um revestimento por pintura cujos requisitos para a sua própria aplicação e preparação do substrato são
idênticos aos definidos no CASO 1
Em todos os sistemas apresentados nos CASOS 1,2,3,4, é possível considerar-se a aplicação de uma argamassa de barramento ou de
nivelamento posteriormente à aplicação da argamassa de reparação. Esta argamassa é aplicada com o intuito de conferir uma camada de
acabamento antes da aplicação de revestimentos de proteção ou impregnações com o objetivo de regularizar a superfície em si, podendo também
corresponder a exigências do ponto de vista estético.
Características do ponto de vista estético, referentes tanto a estas argamassas como aos produtos de proteção superficial, não são mencionadas
na série NP 1504.
O primeiro produto a aplicar após o tratamento das superfícies é o Weber.rep fer. Segundo a sua ficha técnica é um revestimento anticorrosivo das
armaduras, conferindo-lhe proteção contra a corrosão. Deverá ser aplicado sobre as armaduras com trincha ou pincel em camadas espessas.
Seguidamente é aplicado, nas zonas a reparar do elemento, o Weber.tec basic, uma argamassa de reparação não estrutural. Segundo a sua ficha
técnica, entre outras aplicações, é utilizada para retoques e defeitos em betão.
Após a aplicação desta argamassa de reparação, weber.dry KF, é aplicada à trincha em todo o elemento uma argamassa fina de impermeabilização
para conferir proteção superficial ao elemento.
Esta argamassa foi selecionada para esta finalidade porque, dentro dos produtos compatíveis com este sistema, adequa-se da melhor forma
possível à proteção requerida em termos dos princípios: proteção contra o ingresso (PI) e aumento da resistividade (RI), definidos no caso 1.
Em termos estéticos, este produto permite um acabamento comum
de uma argamassa fina aplicada à trincha, uniforme em todo o
elemento, de cor branco ou cinza (Fig. 5. 4.), semelhante ao tom da
superfície de betão aparente. Para além de um acabamento
realizado com trincha permite igualmente realizar acabamentos com
palustra ou com esponja, conferindo-lhe texturas diferentes.
De acordo com a Fig. 5. 5. o primeiro produto a aplicar, na armadura e na superfície do concreto, após o tratamento das superfícies, é o Emaco®
Nanocrete AP. Segundo a sua ficha técnica confere uma proteção anticorrosiva às armaduras, promovendo igualmente aderência das superfícies
em concreto armado às argamassas de reparação.
Posteriormente aplicar-se-á o Emaco® Nanocrete R3, uma argamassa estrutural de classe R3, PCC (argamassa com cimento hidráulico e
polímeros), pela NP 1504-3, reforçada com fibras. Entre outras aplicações é utilizada para a reparação de zonas degradas em betão como testeiras
de varandas, arestas de vigas e pilares à mão.
Na sua sequência é aplicada o Protectosil CIT, um inibidor de corrosão aplicado em todo o elemento, promovendo um acréscimo de proteção ao
reingresso de iões cloreto.
Posteriormente será aplicado o Masterseal® 303, uma impregnação hidrofóbica segundo a NP
1504-2, como proteção superficial do elemento reabilitado.
O produto cumpre os requisitos impostos pela NP 1504-2[20], sendo classificado com
impregnação hidrofóbica de classe I. Esta impregnação é incolor, pelo que dará ao elemento
uma cor e textura muito semelhantes à da argamassa aplicada anteriormente, mas com um
aspeto um pouco mais brilhante (Fig. 5. 7.). Argamassa essa de cor cinza, semelhante à cor
da superfície de betão aparente.
O primeiro produto a aplicar após o tratamento das superfícies é o Mapefer 1K. Segundo a sua ficha técnica é uma argamassa cimentícia
anticorrosiva para proteção das armaduras cujos requisitos de desempenho se encontram enquadrados na NP 1504-7. Esta argamassa, aplicada
nas armaduras, atua como revestimento activo das armaduras e também como promotor de aderência às argamassas de reparação seguintes.
O Mapegrout SV surge neste sistema como argamassa de reparação fluida de retração controlada para, entre outras aplicações, para reparação
de estruturas de betão muito degradadas mediante vazamento em cofragem. Segundo a sua ficha técnica é uma argamassa da classe R4 do tipo
CC (argamassas hidráulicas) pela NP 1504-3, com uma consistência entre fluida e super fluida.
Após a aplicação desta argamassa de reparação, para promover a regularização da superfície do elemento, aplicar-se-á o Monofinish.
Este produto, segundo a sua ficha técnica, é uma argamassa cimentícia da classe R2 do tipo PCC pela NP 1504-3[20] e é também considerado
um revestimento pela NP 1504-2[16] no âmbito dos princípios: controlo da humidade e aumento da resistividade, tendo sido este último considerado
na estratégia de reabilitação deste elemento.
Posteriormente aplicar-se-á o revestimento de protecção em todo o elemento, o Colorite Beton. Este revestimento necessita primeiramente da
aplicação de um primário, neste caso o Malech. O Colorite Beton é um revestimento de proteção aplicado por pintura pela NP 1504-2[16], no âmbito
dos princípios: protecção contra o ingresso, controlo da humidade e aumento da resistividade.
De seguida é aplicado o produto Sika® Ferrogard® 903, uma impregnação inibidora da corrosão do betão. Esta impregnação, segundo a sua
ficha técnica, é aplicada sobre o betão até à saturação, penetrando no elemento e sendo, por conseguinte, atraída para as armaduras. Ao combinar-
se com as armaduras retarda o início da corrosão e reduz a velocidade de corrosão.
Para finalizar o sistema selecionado para a reabilitação do elemento em estudo aplicar-se-á um revestimento, como proteção superficial, o
Sikagard®-660 ES. De acordo com a sua ficha técnica, é uma tinta acrílica com, entre outras características, resistência à exposição ambiental e
resistência à permeabilidade de cloretos. Este produto está enquadrado na NP 1504-2 sendo, como tal, considerado um revestimento de proteção.
O seu âmbito de utilização engloba os seguintes princípios e métodos, referidos como importantes para a reabilitação do elemento em estudo na
Fig. 4.25.
Proteção contra o ingresso (PI) – Revestimento (Princípio 1, método 1.3 da NP 1504-9);
Controlo da humidade (MC) – Revestimento (Princípio 2, método 2.3 da NP 1504-9);
Aumento da resistividade (RI) – Revestimento (Princípio 8, método 8.3 da NP 1504-9).
Apresentando uma absorção capilar de w = 0,003 kg/m2.h0,5 cumpre a recomendação, relativamente à penetração de iões cloreto
(w < 0,01 kg/m2.h0,5).
Para além destas propriedades a ficha técnica deste produto refere ainda a existência de boletins de ensaio referentes às seguintes propriedades:
Permeabilidade à água líquida, ao vapor de água e ao CO2;
Resistência à abrasão;
Resistência aos álcalis, aderência, permeabilidade à água, carbonatação, permeabilidade aos cloretos e resistência ao
envelhecimento.
O reforço de elementos estruturais pode ser conseguido substituindo materiais de fraca qualidade por materiais mais resistentes por adição de
reforços e por redistribuição de cargas impondo deformações no sistema estrutural.
Os materiais mais utilizados nos reforços são os concretos de elevado desempenho, varões e chapas de aço, laminados e mantas de
compósitos de fibras de carbono e de vidro, cabos e varões de pré-esforço e várias combinações destes materiais.
O reforço de estruturas tem por objetivo melhorar o seu comportamento face às ações estáticas e dinâmicas a que irão estar sujeitas.
No reforço de uma estrutura deve procurar-se, tanto quanto possível, respeitar o equilíbrio estático da estrutura e adotar soluções que não
introduzam acréscimo de peso significativo.
O reforço sísmico de estruturas conduz à introdução na estrutura de elementos de resistência elevada, de forma a assegurar um
comportamento adequado da mesma quando submetida a um sismo.
Seguem-se os trabalhos de reforço estrutural, idênticos aos adotados para uma estrutura em que se pretenda aumentar a sobrecarga de utilização
ou melhorar o comportamento estrutural.
No caso dos “Reforços Passivos”, os materiais de reforço irão em geral funcionar apenas para o acréscimo de carga, sendo mobilizados
via o acréscimo de deformação. Para ultrapassar em parte esta limitação, a estrutura deverá ser aliviada de todas as cargas que possam ser
removidas durante a execução do reforço, de modo a garantir que as armaduras/elementos de reforço sejam mobilizados para a maior parcela
possível das ações variáveis. O ideal será mesmo anular parcial ou totalmente o estado de deformação correspondente às ações permanentes,
através de processos auxiliares (escoramento, etc.).
No caso dos “Reforços Activos” tal não é preciso, pois o próprio controlo da deformação do elemento estrutural associado ao processo, garante
a transmissão da parcela de carga pretendida para os materiais de reforço.
A técnica de reforço de secções por adição de chapas metálicas consiste na colocação de chapas metálicas na
superfície do elemento a reforçar, fixas ao concreto por colagem e/ou aplicação de buchas.
Esta técnica aplica-se sobretudo quando se consideram insuficientes as armaduras existentes e adequadas as
dimensões e qualidade do betão existente e ainda quando se pretende obter um acréscimo dos esforços
resistentes sem que no entanto conduza a um aumento da rigidez do elemento estrutural.
Vantagens:
A facilidade e rapidez de execução, a pequena perturbação nas dimensões arquitetónicas e o facto de recorrer a
materiais correntes, esta técnica tem vindo a ser aplicada crescentemente no reforço de estruturas desde os anos
60 do século passado.
Desvantagem:
No entanto, com a utilização de chapas de aço exteriormente ao betão, aumenta-se a vulnerabilidade da estrutura à ação do fogo e à corrosão.
Para além destes dois fatores, indicam-se ainda como desvantagens desta técnica a dificuldade de manuseamento das chapas metálicas devido
ao seu peso, a limitação do comprimento das chapas e o custo da cola.
Manuseamento:
As chapas metálicas são ligadas á superfície de concreto por meio de colagem através de resina epóxy e na maior parte dos casos solidarizadas
com buchas metálicas para elevar os níveis de confiança relativamente ao comportamento monolítico da secção mista.
Os principais requisitos desta técnica são os seguintes:
Uma aderência excelente entre a resina de colagem e o concreto, e entre a resina e a chapa metálica, que se consegue com as seguintes
medidas:
Remoção de partículas soltas de betão, leitada superficial, óleos e poeiras, por tratamento com martelos pneumáticos, jacto de
areia e escovas de arame;
Limpeza das chapas metálicas para remoção da película de óxidos e para desengorduramento;
Aplicação de tratamento anticorrosivo das chapas, através de um primário adequado à superfície de colagem ao concreto;
Para minimizar a existência de bolhas de ar na resina de colagem, as chapas metálicas devem ser seladas em toda a periferia
do concreto e a resina deve ser aplicada por injeção dispondo de pontos de purga, de forma a garantir o total preenchimento
com resina.
NOTAS: A chapa metálica não deverá ter uma espessura superior a 10 mm;
Para assegurar a preservação do reforço em caso de incêndio, a face reforçada do elemento estrutural pode ser protegida através da
aplicação de uma camada de argamassa de betão de elevada resistência ou pela aplicação de placas à base de gesso, que assegurem um tempo
de corta-fogo pretendido.
44)
Trata-se de uma solução idêntica ao reforço com chapas, em que são integrados na estrutura de
betão armado perfis metálicos ligeiros, normalmente cantoneiras ou perfis em «U» dispostos nos
cantos dos elementos em betão armado.
Analogamente à solução de reforço com chapas, os perfis
metálicos são solidarizados à estrutura de betão armado através
de colagem com resina epoxídica aplicada por injeção e buchas
metálicas de fixação, ou em alternativa soldadas umas ás outras.
No caso de se pretender um acréscimo de capacidade resistente e de rigidez da estrutura, pode optar-se pela introdução de perfis metálicos de
elevada rigidez, solidarizados à estrutura existente através de conectores, constituindo uma estrutura mista aço-betão.
Podem ser introduzidos de forma a reduzir vãos de lajes esbeltas, devendo atender-se ao desenvolvimento de momentos negativos nas lajes sobre
os novos apoios, que normalmente conduzem a reforços.
É uma solução utilizada em situações em que a estrutura apresenta deficiências
estruturais importantes, resultantes de erros de projeto, execução ou grande
alteração no tipo de utilização. Analogamente à solução de reforço com chapas,
os perfis metálicos são solidarizados à estrutura de betão armado através de
colagem com resina epoxídica, aplicada por injeção e buchas metálicas de
fixação.
A opção de ligação de perfis deste tipo em lajes com elevadas deformações, não
é muito eficaz, na medida em que o perfil só é mobilizado quando o monolitismo
se verificar, ou seja, espera-se deformações na laje até que o apoio se faça sentir
com total transmissão das cargas excedentes.
A ligação laje-viga não é pacífica, visto que as espessuras de ligação entre estes
elementos, são variáveis e podem ser elevadas.
No caso de se pretender um acréscimo de capacidade resistente da sessão e simultaneamente um aumento de rigidez da estrutura, caso
os condicionamentos arquitetónicos o permitam, pode optar-se pelo aumento das secções dos elementos estruturais, através de enchimentos em
concreto armado, solidarizados à estrutura existente através de conectores.
A técnica de encamisamento de secções com betão armado, consiste no aumento da secção do elemento a reforçar através da adição de uma
nova camada de betão que envolve a secção existente e na qual se inserem as novas armaduras
Esta técnica aplica-se no reforço de vigas à flexão e ao esforço transverso, pelo aumento de área de armadura resistente. No caso de pilares, para
além do reforço à flexão e ao esforço transverso, é ainda possível aumentar a resistência à compressão e ductilidade devido ao efeito de
confinamento conferido pela nova armadura transversal.
Para o reforço estrutural, com alargamento de seção (em concreto), a metodologia normalmente a adotar
é a seguinte:
Sanear o concreto superficial para assegurar uma aderência adequada ao concreto de reforço;
Execução de conectores (furação e selagem com resina epoxídica);
Colocação de armaduras;
Concretagem com concreto autonivelante, recorrendo a cofragem (formas) estanque.
A introdução de armaduras adicionais utiliza-se quando se pretende obter um acréscimo dos esforços resistentes.
A armadura pode ser introduzida nos elementos de concreto existentes e, neste caso, não
conduz a um aumento da rigidez do elemento estrutural.
As novas armaduras podem ser inseridas em ranhuras efetuadas no concreto, sendo
solidarizadas à estrutura existente por injeção de resina epoxídica.
No caso de se pretender proceder à ligação das novas armaduras às armaduras existentes,
pode optar-se pelo empalme ou por soldadura elétrica.
De acordo com a ISO 8930 (EUROCOMP, 1996) a sigla F.R.P. refere-se a uma família de materiais compósitos designada por “Fiber Reinforced Polymer” cuja
tradução portuguesa será “Polímeros Reforçados por Fibras”.
Os materiais compósitos de F.R.P. são constituídos, essencialmente, por fibras de reforço embebidas numa matriz polimérica. Adicionalmente,
acrescentam-se cargas de enchimento designadas por “fillers”, de forma a tornar o material mais económico e, eventualmente, aditivos com funções específicas.
A utilização de laminados e mantas de fibras de carbono impõe-se como alternativa ao reforço com chapas metálicas, pela versatilidade das soluções e rapidez
de execução. As elevadas tensões a transmitir à secção de betão implicam a realização de ensaios prévios para determinação da resistência à tração superficial do
betão e a adoção de procedimentos rigorosos para a preparação das superfícies e aplicação dos compósitos.
Na construção civil, a utilização de laminados de fibras de carbono surge como alternativa interessante à colagem de chapas metálicas para reforço de elementos
de betão armado, principalmente pela redução de peso próprio, que facilita o transporte, o manuseamento e a colocação em obra. Por outro lado, é dispensada a
execução de conectores, que tornam o processo mais moroso e podem danificar as armaduras existentes.
A utilização de F.R.P. como armaduras não metálicas torna-se cada vez mais atrativa, tendo em conta as excelentes
propriedades que estes materiais apresentam, tais como, a elevada resistência à tração, a resistência à corrosão, a elevada
resistência à fadiga, o bom amortecimento ao choque e isolamento eletromagnético.
As propriedades de um compósito de F.R.P. dependem, essencialmente, dos seguintes fatores:
Propriedades das fibras;
Propriedades da matriz;
Razão fibra/matriz no compósito;
Orientação das fibras na estrutura do compósito;
Fibras de reforço
As fibras de reforço são responsáveis pela resistência e rigidez do F.R.P..
As fibras contínuas mais correntes nos materiais F.R.P. para aplicações
em engenharia civil são
as fibras de carbono (C),
as fibras de vidro (G) e
as fibras de poliamida aromática (aramida A),
das quais são produzidos os respetivos compósitos reforçados, denominados internacionalmente por:
Comparativamente aos metais, realça-se a elevada resistência à tração, os elevados módulos de elasticidade, e o comportamento perfeitamente elástico destes
materiais até à rutura
A seleção do tipo de fibras a utilizar num sistema F.R.P. deverá ser feita em função da resistência, rigidez e durabilidade requeridas pela técnica de reforço projetada.
Os sistemas reforçados com fibras de carbono (C.F.R.P.) são os mais usados em reforço de estruturas de betão armado por colagem de armaduras não metálicas,
tendo em conta a elevada resistência à tração, elevado módulo de elasticidade e baixo peso específico das fibras de carbono, quando comparadas com as restantes
fibras disponíveis no mercado.
O sistema bidirecional permite, com uma só manta, o reforço em duas direções, situação que à partida poderia ser interessante em lajes, mas que, no entanto,
introduz dificuldades de aplicação.
Nos sistemas CURADOS “IN-SITU” o fabrico do material F.R.P. é efetuado na zona do elemento a reforçar. Simplificadamente, estes sistemas
baseiam-se na aplicação direta de fios, mantas ou tecidos secos ou pré-impregnados sob uma resina epóxida de impregnação, previamente aplicada na superfície
do material a reforçar. Existem atualmente múltiplas técnicas de aplicação destes sistemas, propostas pelos diferentes fabricantes, embora na sua essência apenas
defiram nos produtos aplicados.
A capacidade resistente da peça vem condicionada pelo critério de rotura imposto, o qual induz um
determinado comportamento do elemento na rotura.
A prevenção dos restantes modos de rotura da estrutura deve ser realizada a partir da verificação de
determinados parâmetros que procuram controlar o risco desses mesmos modos ocorrerem.
No Quadro 6.16 sintetizam-se os principais modos de rotura verificados em vários ensaios realizados por
investigadores que se dedicam a esta matéria.
Introduzir uma força exterior que seja capaz de compensar a existência de indesejáveis acréscimos de tensões interiores, ou que seja capaz de contribuir para um
incremento na capacidade resistente de um determinado elemento estrutural será, talvez, em termos de conceção, a maneira mais simples de se proceder à
recuperação ou ao reforço de peças de concreto.
A técnica de protensão exterior (não aderente), com a utilização de barras ou cabos, vem sendo a preferida, quase que pela unanimidade dos especialistas na
matéria, quando se trata de serviços de recuperação ou reforço de estruturas, cujos casos mais comuns, em termos de justificação ao recurso à protensão, são os
que a seguir, em forma de resumo, são exemplificados:
costura de fendas em vigas (como se pode observar na Figura 3.44), a ser realizada, basicamente, pela
introdução de uma deformação no sentido contrário ao da formação da fissura;
Existem diversos métodos para a ligação dos cabos ou dos varões de pré-esforço:
Ancoragens nas vigas de bordadura;
Colocação de blocos de amarração em betão ou metálicos («cadeiras»), solidarizados às extremidades
da viga ou laje;
Ancoragem em diafragmas existentes;
Desviadores: estes dispositivos podem ser metálicos ou em betão armado e são ligados às vigas
existentes através de varões curtos para pré-esforço.
PUBLICAÇÕES:
Coutinho, Joana Sousa. Durabilidade. FEUP, 2001;
Manual “ Patologia, recuperação e reforço de Estruturas de Concreto” de Thomaz Ripper e Vicente
Sousa, Editora PINI, 1998;
Ripper, Thomaz. Curso de durabilidade, reparação e reforço de estruturas de concreto - IST, 1997;
Lança, Pedro; Mesquita, Carlos. Relatório Oz n.º 416. 2002a;
Apostilha da disciplina “ Conservação e reabilitação de Estruturas de Concreto “ – Faculdade
Engenharia Univ. Porto - FEUP;
Slides, da disciplina “ Patologia do Concreto Armado - Curso Mestrado de Bolonha - IST, Lisboa “;
Slides, da disciplina “ Construção e Reabilitação das Construções - Curso Mestrado de Bolonha -
Universidade do Minho “;
Slides, da disciplina “ Conservação e Reabilitação da Construção – Curso Mestrado de Bolonha – Esc.
Sup. Tecnologia Beja “;
Eva Antunes, curso de Mestrado, IST, 2010;
MaurÍcio Santos, curso de especialização - Latus Sensu, UFMG, 2012;
Flávia Poggiali, curso de especialização – Latus Sensu, UFMG, 2009;
Rita Catarino, Curso de Mestrado, FEUP, 2010;
VÍtor Coias, IST, autor de diversos livros sobre o Tema “PATOLOGIA E REABILITAÇÃO “;
Slides de Reforço Estrutural da disciplina “ Construção e Reabilitação das Construções “ - Curso
Mestrado de Bolonha - Universidade do Minho “;