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CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA DE CONTROLE E

AUTOMAÇÃO

CANHÃO PARA LANÇAMENTO DE PROJÉTEIS OBLIQUAMENTE

Leopoldina, MG
DEZEMBRO/2019
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CANHÃO PARA LANÇAMENTO DE PROJÉTEIS OBLIQUAMENTE

BRUNO RESENDE
DAIENE DUARTE
DANIEL MONTEIRO
MARCELLA DUQUE CARVALHO ANDRADE

Projeto Experimental apresentado à disciplina Física I,


como requisito parcial para obtenção de pontos no curso de
graduação em Engenharia de Controle e Automação.

Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais


Campus III – Leopoldina
DEZEMBRO - 2019
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 4
2 OBJETIVOS 4
2.1 OBJETIVOS GERAIS ......................................................................................................................................... 4
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................................................................. 4
3 JUSTIFICATIVA .......................................................................................................................................... 4
4 REVISÃO TEÓRICA ................................................................................................................................... 5
5 METODOLOGIA ......................................................................................................................................... 8
5.1 CONTRUÇÃO DO PROTÓTIPO ................................................................................................................. 8
5.1.1 Materiais ................................................................................................................................................ 9
5.1.2 Montagem ............................................................................................................................................... 9
5.2 ENSAIOS ....................................................................................................................................................... 10
6 CRONOGRAMA ......................................................................................................................................... 12
7 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................................... 12
8 ANEXOS 14
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1 INTRODUÇÃO

A arte da experimentação é a proposta didática da disciplina Física I, em que as


habilidades e conhecimentos técnicos foram desenvolvidos gradualmente. Dito isso, após
realização de diversos experimentos ao longo do curso, os alunos são desafiados a criar seu
próprio dispositivo para ensaio e compreensão dos fenômenos e grandezas físicas, através do
desenvolvimento de um canhão para lançamento de projéteis obliquamente.
O lançamento de projéteis, também conhecido como balística, consiste em lançar uma
partícula com velocidade inicial v0 num ângulo com o plano horizontal, sob a ação da gravidade
verticalmente para baixo e com trajetória parabólica.
Assim, o presente trabalho apresentará o projeto e construção de um dispositivo
denominado canhão para lançamento oblíquo, e relacionará as grandezas envolvidas,
verificando se os cálculos teóricos são coerentes com as medições realizadas durante o
experimento.

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVOS GERAIS

Comprovar que o lançamento de projéteis é um movimento que a partícula se


movimenta simultaneamente no plano horizontal com velocidade constante e no plano vertical
com aceleração constante.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Construir um protótipo de canhão para lançamento oblíquo de objetos, testar e validar


o comportamento do dispositivo, calcular as grandezas físicas que envolvem o sistema,
determinar as especificações do canhão e atestar que o lançamento de projéteis é um movimento
que a partícula se movimenta simultaneamente no plano horizontal com velocidade constante
e no plano vertical com aceleração constante.

3 JUSTIFICATIVA

A realização desse projeto experimental é importante para o aprendizado do


lançamento de projéteis, uma vez que todos os experimentos realizados em laboratório durante
o curso contemplavam apenas o movimento no plano horizontal. A construção do canhão de
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lançamento exige pesquisa dos conhecimentos teóricos da física I, aplicação de equações para
determinação das variáveis físicas, além da habilidade para desenvolvimento de protótipos e
solução de problemas, todos requisitos para a formação de um engenheiro de controle e
automação.

4 REVISÃO TEÓRICA

De acordo com (YOUNG, et al.) um projétil é qualquer corpo lançado com uma
velocidade inicial e que segue uma trajetória parabólica sob ação da aceleração da gravidade,
agindo verticalmente para baixo e resultante da composição de dois movimentos. Dessa forma,
uma bola chutada, uma bala disparada por uma arma de fogo ou até mesmo a bolinha de pingue
pongue em meio a uma partida podem ser classificados como projéteis. Vale a pena ressaltar
que toda a curva descrita pelo projétil se torna sua trajetória.
O movimento do projétil sempre estará introduzido em um plano vertical, sendo que a
velocidade inicial o determina. Isso se deve ao fato de aceleração da gravidade ser sempre
vertical, pois a gravidade não pode produzir um movimento lateral no projétil, dessa forma a
trajetória sempre ocorrerá em duas dimensões. Levando em consideração o que foi dito, um
plano xy será criado, sendo “x” o plano horizontal e “y” o vertical. (MORAIS, 2019). A Figura
1 apresenta a trajetória do lançamento oblíquo.

Figura 1 - Trajetória do lançamento obliquo

Fonte: (Alunos Online, 2019)


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Para entender o funcionamento do canhão é necessário também definir a força elástica,


força essa produzida pela compressão da mola. A força elástica é o trabalho que a mola exerce
sobre determinado objeto, podendo ser um trabalho negativo - quando a mola e esticada – ou
um trabalho positivo - quando a mola e comprimida ou volta para seu tamanho natural, como
mostra a Figura 2. Toda mola possui um “K” (constante elástica diferente, já que o mesmo é
determinado é pela natureza do material utilizado, e ainda, por suas dimensões). (YOUNG, et
al., 2016).

Figura 2 - Cálculo do trabalho realizado por uma mola amarrada a um bloco sobre uma superfície horizontal

Fonte: (YOUNG, et al., 2016)

A energia potencial elástica é definida por (YOUNG, et al.) como o processo de


armazenamento de energia em um corpo deformável, como uma mola ou uma tira de borracha.
Um corpo só é avaliado como elástico quando após uma certa deformação ele volta a ter as
mesmas dimensões antes de sofrer tais alterações. A fórmula usada para calcular a força
exercida por um corpo elástico é a da Lei de Hooke, criada pelo cientista inglês Robert Hooke
(1635-1703):
𝐹 = 𝐾 Δ𝐿
Onde:
F é a força em Newtons;
K é a constante elástica em N/m;
ΔL é a deformação da mola em metros.

A energia potencial elástica é a energia associada à elasticidade e deformação de


corpos flexíveis, e a fórmula para calculá-la é apresentada abaixo:
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𝐾𝑥²
𝐸𝑝 =
2
Onde:
Ep é a energia potencial em Joules;
K é a constante elástica em N/m;
X é a deformação da mola em metros.

Já entrando no tópico de conservação de energia, (HALLIDAY) define o princípio da


conservação de energia como “Sistema isolado no qual apenas forças conservativas causam
variações de energia, a energia cinética e a energia potencial podem variar, mas a soma das
duas energias, a energia mecânica do sistema, não pode variar”. Ou seja, independente do que
ocorra no sistema, não há perda de energia para o exterior.
Também segundo (HALLIDAY), energia cinética e a energia associada ao estado de
movimento de um objeto. Ou seja, quanto mais rápido o objeto se locomove, maior se torna a
energia cinética. Vale ressaltar que quando um objeto está em repouso (velocidade igual a zero),
a energia cinética é nula. A fórmula usada para calcular a energia cinética é:
𝑚 𝑣²
𝐸𝑐 =
2
Onde:
Ec é a energia cinética (em Newtons);
m é a massa (em Kg);
v é a velocidade (m/s).

As componentes da velocidade inicial podem ser obtidas através da projeção em seus


respectivos eixos com as seguintes relações:
𝑣𝑥 = 𝑣0 𝑐𝑜𝑠ϴ 𝑣𝑦 = 𝑣0 𝑠𝑒𝑛ϴ

O projétil sobe com contra a ação da gravidade, caracterizando um movimento


uniformemente retardado, a descida ocorre a favor da gravidade, definido um movimento
uniformemente acelerado. O tempo de subida e descida no lançamento são iguais. A velocidade
horizontal é constante, ou seja, o projétil percorre a mesma distância em cada intervalo de
tempo. No ponto de altura máxima do objeto a velocidade é nula, já que a queda iniciará a partir
desse ponto. Já o alcance máximo é a distância máxima que o objeto consegue alcançar na
horizontal. A partir da equação do alcance máximo, observa-se que a maior distância obtida
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será com o lançamento a 45°, uma vez que o seno de 90° é 1. As equações de altura máxima e
alcance máximo são apresentados a seguir, onde g é a aceleração da gravidade. (SALES, 2011).

𝐻𝑚𝑎𝑥 = (𝑣0 𝑠𝑒𝑛ϴ)2


2𝑔
𝐻𝑚𝑎𝑥 = (𝑣0 𝑠𝑒𝑛ϴ)2
2𝑔

5 METODOLOGIA

O trabalho foi efetuado em duas etapas, com projeto e construção do protótipo no


primeiro momento, e realização de ensaios para determinação das grandezas físicas do sistema
posteriormente.

5.1 CONTRUÇÃO DO PROTÓTIPO

A construção do protótipo foi iniciada com a pesquisa de modelos existentes de canhão


para lançamento de projéteis, tomando como premissa a simplicidade na construção em curto
período de tempo. Dito isso, foi tomado como inspiração um dispositivo comercializado em
sites de compra e venda, apresentado na Figura 3.

Figura 3 - Modelo de canhão comercializado

Fonte: (Mercado Livre, 2019)

A partir desse modelo foi realizada a customização do projeto e adaptação dos


materiais utilizados para componentes e peças acessíveis à equipe.
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5.1.1 MATERIAIS

Os materiais utilizados na construção do protótipo foram adquiridos a partir da


reutilização de peças e compra de cano e conexões em PVC, tendo custo total de R$35,00. A
base e suporte fixos do canhão vieram de restos de madeira da construção civil, o canhão foi
construído a partir da junção de cano e conexões em PVC com gatilho composto por ferro
reaproveitado, a mola utilizada saiu de um espiral de caderno, e o suporte do objeto para
lançamento foi adaptado de uma tampa de garrafa. Além desses materiais foram utilizados
parafusos, roscas e fita isolante.

5.1.2 MONTAGEM

A montagem do protótipo foi iniciada pela confecção do canhão, cortando e


conectando cano e junções de PVC, realizando um furo nos extremos por onde o ferro com
gatilho e mola atravessaria lateralmente. Na ponta desse ferro foi instalada uma tampa de
garrafa onde o objeto seria depositado para lançamento. Com o mecanismo do canhão pronto,
foi montada a base e suporte fixos de madeira para promover a movimentação do canhão,
obtendo os ângulos para lançamento. O protótipo montado é apresentado na Figura 4.

Figura 4 - Canhão montado

Fonte: Dos autores


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5.2 ENSAIOS

Para a determinação das grandezas físicas envolvidas no lançamento de projéteis


foram realizados ensaios e cálculos com aplicação das equações que regem os movimentos e
fenômenos da Física I, apresentados no referencial teórico no capítulo Revisão Teórica.
O objeto definido para lançamento foi a moeda de R$0,50, com massa igual a 9g. Além
da massa do projétil, é necessário considerar a massa do mecanismo de 93g, totalizando 102g
ou 0,102Kg.
Um dos principais componentes utilizados no canhão é a mola, responsável por
provocar o ímpeto inicial do lançamento. Para saber a força que seria aplicada ao projétil foi
necessário determinar a constante elástica da mola através de testes que avaliavam a
deformação da mola diante de uma força peso conhecida. O teste foi rudimentar e em ambiente
parcialmente controlado, com risco à confiabilidade das medidas encontradas.
A mola foi suspensa e presa por um fio flexível à maçaneta de uma porta e na sua
extremidade livre foi pendurado um gancho elaborado pelo mesmo fio e com peso de três
gramas. Em seguida foram pendurados quatro itens nesse gancho aumentando o peso
gradativamente e avaliando a deformação obtida em cada ação, conforme “Procedimento 1” em
Anexo. A Tabela 1 apresenta os dados coletados, onde ∆L é a variação da deformação e K a
constante elástica.

Tabela 1 - Ensaio para determinação da constante elástica


Massa suspensa Força (N) L0 deformação inicial (m) Lf deformação final (m) ∆L (m) K (N/m)
Colar 2,286 0,110 0,132 0,022 103,897
Nécessaire 3,590 0,110 0,143 0,033 108,802
Alicate 4,836 0,110 0,155 0,045 107,474
Produto de limpeza 5,150 0,110 0,160 0,050 103,005
105,794
Fonte: Dos autores

A constante elástica K foi definida pela Lei de Hooke através da fórmula:


F
𝐾=
Δ𝐿
Conhecendo a constante elástica da mola utilizada (105,794 N/m), foram determinados
dois níveis para o lançamento com diferentes forças, de acordo com a deformação da mola. No
primeiro nível a mola é comprimida 6cm com força de 6,348N, e no segundo nível a mola é
comprimida 7,5cm com força de 7,935N. A força foi definida pela equação:
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𝐹 = 𝐾 Δ𝐿
A força elástica aplicada gera uma energia potencial elástica quando o canhão está
travado (mola comprimida), e pode ser obtida através da equação:
𝐾 𝑥²
𝐸𝑝 =
2
Considerando o princípio da conservação de energia mecânica, a energia potencial
elástica será igual à energia cinética quando o projétil for lançado, tornando possível obter a
velocidade que a moeda terá com a manipulação das equações, conforme abaixo:
𝑚 𝑣² 𝑚 𝑣² 𝐾 𝑥²
𝐸𝑐 = >> = 𝐸𝑝 >> 𝑣 = √
2 2 𝑚

Assim, obtém-se que para o lançamento com a mola deformada 6cm (0,060m), a
velocidade da moeda será 1,932m/s, e para a compressão de 7,5cm (0,075m) a velocidade será
2,415m/s.
O alcance máximo da moeda, ou seja, a maior distância horizontal que ela poderá
obter, ocorrerá com o lançamento a 45º, sendo definido por:
𝑣0 2 𝑠𝑒𝑛 (2𝜃)
∆𝑆 =
𝑔
Dessa maneira, desconsiderando a resistência do ar, o alcance máximo da moeda a 45°
quando a mola estiver comprimida 6cm (0,060m) será 0,381m, e quando a mola estiver
comprimida 7,5cm (0,075m) será 0,595m.
Com as variáveis definidas, é possível estabelecer o comportamento e medições
práticas esperadas em cada lançamento para ângulos notáveis, conforme

Tabela 2.

Tabela 2 - Resultados teóricos esperados pelo canhão

Deformação mola Ângulo lançamento Velocidade Alcance máximo


30° 1,932 m/s 0,330 m
0,060 m 45° 1,932 m/s 0,381 m
60° 1,932 m/s 0,330 m
30° 2,415 m/s 0,515 m
0,075 m 45° 2,415 m/s 0,595 m
60° 2,415 m/s 0,515 m
Fonte: dos autores

Foram realizados lançamentos com o canhão verificando o alcance máximo alcançado


na prática, como mostra a Tabela 3.
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Tabela 3 - Medições realizadas com o canhão

MEDIDA 1 MEDIDA 2
Deformação mola Ângulo lançamento Velocidade Alcance máximo Alcance máximo
30° 1,932 m/s 0,340 m 0,330 m
0,060 m 45° 1,932 m/s 0,360 m 0,345 m
60° 1,932 m/s 0,280 m 0,300 m
30° 2,415 m/s 0,540 m 0,550 m
0,075 m 45° 2,415 m/s 0,570 m 0,570 m
60° 2,415 m/s 0,510 m 0,510 m
Fonte: dos autores

A variação média entre as medições práticas e os resultados teóricos foi de 3%,


validando o comportamento do canhão desenvolvido. O maior alcance foi obtido no lançamento
a 45°, como era previsto. No desenvolvimento dos cálculos foram desprezadas variáveis como
resistência do ar e atrito do gatilho, mas elas estavam presentes durante os testes, o que justifica
as diferenças nas medidas encontradas.

6 CRONOGRAMA

O cronograma de realização do trabalho é apresentado na Tabela 4.

Tabela 4 - Cronograma
Datas 21/11 22/11 29/11 30/11 01/12 02/12 03/12 04/12
Levantamento bibliográfico x X x
Construção do protótipo x x
Coleta de dados x x
Redação do trabalho x x x
Apresentação do projeto x
Fonte: Dos autores

7 BIBLIOGRAFIA

Alunos Online. 2019. Lançamento Oblíquo. Alunos Online. [Online] 02 de dezembro de


2019. https://alunosonline.uol.com.br/fisica/lancamento-obliquo.html#.

HALLIDAY, David. RESNICK, Robert. WALKER, Jearl. 2016. Fundamentos de Física -


Mecânica. Rio de Janeiro : LTC, 2016.
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Mercado Livre. 2019. Experimento De Física 1 - Cinemática - Canhão De Projétil. 21 de 11


de 2019.

MORAIS, Daniel Cardoso de. 2019. Lançador de Projéteis Configurável e Automatizado.


[Online] 29 de novembro de 2019. https://www.up.edu.br/blogs/enegenharia-da-
computacao/wp-content/uploads/sites/6/2015/12/2015.Daniel.pdf.

SALES, Gilvandenys Leite. MAIA, Marcilon Chaves. 2011. Física Básica I - Licenciatura
em Matemática. [Online] 2011. [Citado em: 30 de novembro de 2019.]
https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/429546/2/Fisica%20Basica%201-livro.pdf.

YOUNG, Hugh D e FREEDMAN, Roger A. 2016. Física I - Mecânica. s.l. : PEARSON,


2016.
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8 ANEXOS

ANEXO I: CANHÃO PARA LANÇAMENTO OBLÍQUO


Protótipo montado
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ANEXO II: PROCEDIMENTO 1


Determinação da constante elástica

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