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O PAPEL DO PROFESSOR NA INCLUSÃO DIGITAL

DO ALUNO DO SÉCULO XXI

Albino Migueis Picado Netto1

Resumo:

Durante muito tempo acreditou-se que o professor deveria ser o centro do conhecimento e
referencial dentro do teatro pedagógico, mas em uma abordagem mais moderna ele aparece
como o mediador de um processo de aprendizagem, visto que o conhecimento não pode ser
transferido, segundo Vygotsky não podemos ensinar ninguém, mas podemos criar ambientes
onde as pessoas possam aprender, então neste quadro o papel do professor como o curador de
conteúdos e mediador deste processo. As tecnologias sempre foram um obstáculo para ao
desenvolvimento dos países mais pobres, muito restringido por sua pobreza e limitação de
divisas financeiras, e que isso muda com o cenário da atual revolução tecnológica, onde
quanto maior seu crescimento e oferta de produtos em seu ramo de atuação, uma saturação do
mercado acaba por produzir reduções drásticas dos preços, e o rápido lançamento de novos
produtos e tecnológicas, fazem cada vez mais os preços caíram, tornando cada vez mais
acessível diversas tecnologias. A inclusão digital em grande parte ocorre na escola e depende
crucialmente da qualidade do docente, muito no sentido que estes devem de fato ter aptidões e
conhecimentos avançados e generalistas nos temas que envolvem tecnologia da informação e
no uso destes eletrônicos, visto que em grande parte as formações tradicionais de pedagogia e
licenciatura não fornecem as habilidades e conhecimentos necessários para adquirir estas
habilidades.

Palavras-chave: Inclusão Digital, Revolução Digital, Letramento, Tecnologia,


Aprendizagem.

Abstract:

For a long time it was believed that the teacher should be the center of knowledge and
reference within the pedagogical theater, but in a more modern approach he appears as the
mediator of a learning process, since knowledge cannot be transferred, according to Vygotsky
we cannot teach anyone, but we can create environments where people can learn, so in this
1
albino.picado@gmail.com, Mestrando em Tecnologias Emergentes em Educação, Must University. Master
Business Administration em Business Intelligence, Universidade Positivo. Especialista em Produção Enxuta –
Lean Manufacturing, Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Engenheiro Industrial Madeireiro,
Universidade Federal do Paraná.
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context the role of the teacher as the content curator and mediator of this process.
Technologies have always been an obstacle to the development of the poorest countries,
greatly restricted by their poverty and limited financial currencies, and that this changes with
the scenario of the current technological revolution, where the greater their growth and supply
of products in their branch of performance, a saturation of the market ends up producing
drastic price reductions, and the rapid launch of new products and technologies, make prices
fall more and more, making various technologies increasingly accessible. Digital inclusion
largely occurs at school and depends crucially on the quality of the teacher, much in the sense
that they must in fact have advanced and general skills and knowledge on topics involving
information technology and the use of these electronics, since in large part traditional
pedagogy and undergraduate degrees do not provide the skills and knowledge needed to
acquire these skills.

Keywords: Digital Inclusion, Digital Revolution, Literacy, Technology, Learning.

1 Introdução

Durante muito tempo acreditou-se que o professor deveria ser o centro do

conhecimento e referencial dentro do teatro pedagógico, mas em uma abordagem mais

moderna ele aparece como o mediador de um processo de aprendizagem, visto que o

conhecimento não pode ser transferido, segundo Vygotsky (1986) não podemos ensinar

ninguém, mas podemos criar ambientes onde as pessoas possam aprender, então neste quadro

o papel do professor como o curador de conteúdos e mediador deste processo.

Neste papel de mediador do processo de aquisição de habilidades, os professores

devem fazer seus alunos adquirir estas capacidades novas, dentre elas as tecnológicas, pois as

mesmas fazem cada vez mais parte do cotidiano da vida de todos.

A quarta revolução digital provocará impactos sociais relevantes, Magalhães (2018)

aponta o impacto sobre a empregabilidade, devido a automatizações e robotizações que

eliminarão profissões em um futuro muito próximo, e o impacto econômico e social será

enorme caso as novas gerações não estejam preparadas e digitalmente incluídas.

Demo (2005) apresenta um fato amargo, onde a maioria dos alunos tem seu primeiro e

único acesso a tecnologia dentro das escolas, o que acaba por conferir o legado deste processo

de inclusão social ao professor.


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Papert (2008) destaca de maneira enfática que precisamos destacar que o processo de

inclusão digital requer alguns cuidados e não podemos resumir ele inteiramente à aquisição e

uso de equipamentos eletrônicos e digitais, mas criar significado neste uso e aplicação e

desenvolver sobretudo a autonomia deste processo, o aluno deve ser o protagonista para que

isso de fato seja internalizado por ele.

O paper foi elaborado através de uma pesquisa bibliográfica, com uma abordagem

qualitativa e com o objetivo de conceituar os principais pontos que envolvem o cenário atual

de transformação digital e a corrente necessidade de inclusão digital, e apresentar os desafios

que a docência possui, além de seu compromisso em viabilizar este processo com seus alunos,

com a possibilidade de amenizar possíveis impactos negativos evitando a segregação digital e

possíveis impactos social e econômicos profundos.

2 Desenvolvimento

A quarta revolução industrial é sobretudo marcada pela redução drástica dos custos

que envolvem a obtenção de tecnologias, muito provocada pela obsolescência prematura a

acelerada destas, frente a entrada constante e acelerada de novas tecnologias.

Para Rosenberg e Maiorino (2006) as tecnologias sempre foram um obstáculo para ao

desenvolvimento dos países mais pobres, muito restringido por sua pobreza e limitação de

divisas financeiras, e que isso muda com o cenário da atual revolução tecnológica, onde

quanto maior seu crescimento e oferta de produtos em seu ramo de atuação, uma saturação do

mercado acaba por produzir reduções drásticas dos preços, e o rápido lançamento de novos

produtos e tecnológicas, fazem cada vez mais os preços caíram, tornando cada vez mais

acessível diversas tecnologias.

Segundo Reuters (2020), existem mais de cinco bilhões de aparelhos de celular no

mundo registrados, sendo que a taxa de utilização em países em desenvolvimento é de 58%, e

a mesma taxa em países miseráveis saltou de 2% para 20% em apenas alguns anos. Em uma
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conferência de comercio e desenvolvimento das nações unidas, afirmou-se que os benefícios

do uso destes equipamentos vão muito além do acesso a informação, mas também servem de

suporte a pequenos empreendimentos, tudo isso baseado em uma tecnologia de baixo custo e

com alta acessibilidade aos usuários.

Para Bonilla & Pretto (2011) o advento da internet e a popularização dos

computadores teve seu marco em países subdesenvolvidos como o Brasil no início da década

de noventa, sobretudo trazendo estes equipamentos para bibliotecas, que em muitos países

fracassaram devido ao descolamento cultural profundo, fornecendo atividades e informações

desconectadas com suas realidades sociais.

Demo (2005) alerta que o analfabetismo digital, muito diferente dos demais provoca

profundos danos sociais e econômicos nos indivíduos, pois fornecem uma habilidade

imprescindível de ler a realidade, e fornecer elementos básicos para a subsistência e

empregabilidades dos indivíduos na sociedade, e é de fundamental importância que o próprio

indivíduo controle a sua inclusão, para garantir a perenidade e sustentação da mesma.

Segundo Bonilla & Pretto (2011), devemos começar a inclusão digital por conceder o

acesso à comunicação dos indivíduos mediada por computadores, utilizando redes

informacionais como a internet, e que devem ser sucedidos por uma estratégia que promova a

autonomia destas pessoas e seus grupos, e que não deve ser confundida com a transformação

pura destes indivíduos em consumidores de informática.

Demo (2005) destaca que a realidade socio econômica dos alunos ainda está distante

de possuir um computador em casa, então torna-se imprescindível que o processo de

alfabetização digital ocorra na escola, pois acaba por ser o único local disponível para a

grande maioria dos alunos.

Para Demo (2005) a inclusão digital em grande parte ocorre na escola e depende

crucialmente da qualidade do docente, muito no sentido que estes devem de fato ter aptidões e
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conhecimentos avançados e generalistas nos temas que envolvem tecnologia da informação e

no uso destes eletrônicos, visto que em grande parte as formações tradicionais de pedagogia e

licenciatura não fornecem as habilidades e conhecimentos necessários para adquirir estas

habilidades.

No livro digital As gerações e suas formas de aprender (n.d.), é apresentado as

gerações e seus conflitos de coexistência, e destacam-se como as gerações pertencentes ao

século XXI os chamados de “Geração Z” e “Geração Alfa”, que possuem em comum a

conexão com o mundo digital, verdadeiros nativos digitais, possuem necessidade de se

comunicar utilizando tecnologias digitais de comunicação e muitas vezes dando preferência a

“mobiles”.

Papert (2008) esboça de maneira visceral, esboços de uma teoria de aprendizagem

humana dentro de um mundo digital e altamente tecnológico, e que o papel dos professores é

imprescindível para esta aquisição e letramento digital, mecanismo que garante a inclusão

digital de maneira organicamente adicionada ao indivíduo.

Na visão de Papert (2008) muitos educadores propuseram inovações relevantes nos

processos de aprendizagem ao logo da história da pedagogia, contudo eles não tinham em

suas mãos na época as atuais tecnologias e aparatos digitais que possuímos hoje.

Papert (2008) alerta para o atual uso da tecnologia nas salas de aula que muitas vezes

ocupam soluções digitais como lousas eletrônicas e projetores, colocando o professor como

figura intocada e fonte detentora de todo o conhecimento. Além de desconectado com

metodologias atuais de aprendizagem, não acaba por promover a participação do aluno com

estas soluções digitais, fixando eles como atores pedagógicos passivos e espectadores do

processo de aprendizagem.

Na visão de Papert (2008) os computadores na sala de aula devem ser como próteses e

verdadeiras extensões do corpo e mente dos alunos, por este motivo é defensor da tese do
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computador pessoal, para desenvolver a autonomia intelectual do aprendiz desde os primeiros

anos de atividade escolar, e descartando a mediação de adultos e terceiros nos processos de

obtenção de informação por meio digital, tornando este canal de comunicação uma via

alternativa a forma predominante de escrita e leitura para os processos pedagógicos ao longo

da vida dos alunos e sua formação continuada.

Para Almeida (2015) as novas tecnologias fornecem novas possiblidades para

professores e alunos desenvolverem novas trilhas de aprendizado, docentes devem ser

incentivados a incluir no ambiente pedagógico estes elementos, pois estas tecnologias ao

serem utilizadas como ferramentas do conhecimento acabam por estabelecer nos alunos uma

experiencia única e distinta durante o processo de aprendizagem, proporcionando de maneira

muito forte a construção do próprio conhecimento.

3 Considerações Finais

Inegavelmente o uso de tecnologia não pode ser entendido como algum tipo de luxo

supérfluo, visto que as relações da sociedade para com seus integrantes têm utilizado estas

interfaces tecnológicas diariamente e com extrema frequência, inclusive alterando regras de

mercado e profissões, vejamos o que a Uber fez com a profissão de taxista em todo o mundo.

Podemos muitas vezes entender que tirar o professor do pedestal da sua autoridade no

processo de aprendizagem diminua sua importância neste contexto, mas erroneamente

estaremos ignorando que a responsabilidade de levar o aluno a outro patamar permanece.

Incluir digitalmente o aluno, não vai garantir a sua inclusão social, mas com certeza é

um requisito para que ele seja um cidadão economicamente e socialmente ativo, afinal

vivemos de fato em um mundo digital e isso não irá mudar.

O professor além de conduzir o processo de letramento da escrita e da fala,

ferramentas essenciais para o individuo pertencer a sociedade, também deve incluir neste
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processo o letramento digital, garantindo que o aluno esteja preparado para participar da

sociedade com os elementos básicos.

Colocar o uso das tecnologias como algo distante da rotina diária dos indivíduos,

promoverá a sua real exclusão da sociedade, impactando profundamente na vida destas

pessoas, em todos os sentidos, e principalmente no econômico, que acaba por ser fonte dos

demais fatores existenciais dos cidadãos da sociedade.

Cabe ao professor promover a autonomia do aluno no ato de escrever e ler, para que

este no futuro coloque em prática estas habilidades essenciais e básicas, e de maneira análoga

a inclusão digital também fornecerá os elementos básicos e essenciais para que estes sujeitos

estejam prontos para viver dentro de uma sociedade digital, e não à sua margem.

4 Referências Bibliográficas

Rosenberg, N., & Maiorino, J. (2006). Por dentro da caixa-preta: tecnologia e economia (1st

ed.). Unicamp.

Reuters. (2020). Uso de celular em países pobres pode eliminar a miséria, diz ONU.

Tecnologia e Games. Retrieved 17 Dec 2020, from

http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2010/10/acesso-a-celular-ajuda-a-eliminar-pobreza-

diz-estudo-da-onu.html.

Bonilla, M., & Pretto, N. (2011). Inclusão digital: polêmica contemporânea (1st ed.).

EDITORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA.

Ebook | DOT digital group. As gerações e suas formas de aprender [Ebook] (1st ed.).

Retrieved 17 December 2020.

Demo, P. (2005). Inclusão digital – cada vez mais no centro da inclusão social. Universidade

de Brasília (UnB).
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Papert, S. (2008). A máquina das crianças: repensando a escola na era da informática..

Tradução de Sandra Costa. Porto Alegre: Artes Médicas.

De Almeida, M., & Duarte Freitas, M (2015). DESAFIOS PERMANENTES. [Place of

publication not identified]: BRASPORT.

Magalhães, R., & Vendramini, A. (2018). Os impactos da quarta revolução industrial. GV-

Executivo, 17(1), 40. https://doi.org/10.12660/gvexec.v17n1.2018.74093.

Vygotsky, L. S (1985). A Formação Social da Mente: o desenvolvimento dos processos

psicológicos superiores. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1985.

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