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INSTITUTO FEDERAL DA BAHIA

DISCIPLINA: PROCESSOS QUÍMICOS


PROFESSOR: CARLOS ALBERTO SUFFREDINI
ALUNOS: FELIPE PARAISO E LAVINIA NEVES

RESUMO: RECUPERÇÃO DO ENXOFRE


Unidades de recuperação de enxofre (URE) utilizam do Processo Claus modificado para,
a partir de gases efluentes do refino (ricos em 𝐻2 𝑆, chamado gás ácido), produzir enxofre.
As correntes de gás ácido são originárias de unidades de tratamento de aminas,
coqueamento retardado e HDT, que processam frações do petróleo que contém gases
sulfurados.
O processo Claus constitui-se de duas etapas em série: térmica e catalítica.
Na etapa térmica, ocorre a combustão estequiométrica do 𝐻2 𝑆 em uma fornalha que opera
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acima dos 850°C. Tal reação é dada por: 𝐻2 𝑆 + 2 𝑂2 → 𝑆𝑂2 + 𝐻2 0 , em que o sulfeto de
hidrogênio não queimado reagirá posteriormente com o 𝑆𝑂2 formando enxofre elementar:
2𝐻2 𝑆 + 𝑆𝑂2 → 3𝑆 + 2𝐻2 0 .
Na etapa catalítica (T<350°C), os gases provenientes da caldeira passam por reatores ou
processos catalíticos que provocam a reação do 𝐻2 𝑆 restante com o 𝑆𝑂2.

Descrição do processo:
1) Vaso de retenção de líquido:
O gás ácido proveniente das unidades de refino alimenta a URE através de um
vaso que retém líquidos (água, aminas, hidrocarbonetos) que podem provocar
danos aos queimadores, refratários, medidores, além de provocar reações
indesejadas.

2) Câmara de combustão e caldeira de recuperação de calor:


O gás ácido, sem líquidos, é encaminhado à fornalha, onde acontecerá a reação
com o oxigênio fornecido pelo soprador, em vazão para oxidação de 1/3 do 𝐻2 𝑆.
Contaminantes como amônia e hidrocarbonetos devem ser destruídos na
combustão para evitar danos a equipamentos e reações paralelas indesejadas.
Posteriormente, os gases da combustão são resfriados numa caldeira de
recuperação de calor, acoplada à fornalha. Enxofres que já escoam nesse processo
são encaminhados ao 1° pote de selagem, que evita contaminação do enxofre com
o gás ácido.

3) Reaquecedores, reatores e condensadores de enxofre:


Gases efluentes da fornalha vão para condensadores, onde o enxofre elementar é
condensado, separado do gás, encaminhado para outro pote de selagem, e por fim,
enviado para tanques de armazenamento. Como o gás restante ainda possui carga
de enxofre não convertido, é encaminhado para etapa catalítica, para assim, poder-
se converter máximo de 𝐻2 𝑆.
Processos da etapa catalítica:

1) Reaquecedor: Aquece os gases da reação à temperatura suficiente para evitar


condensação e deposição no leito (𝑇>𝑇𝑜𝑟𝑣𝑎𝑙ℎ𝑜 )

2) Reator: onde ocorre a reação que gera enxofre elementar: 2𝐻2 𝑆 + 𝑆𝑂2 → 3𝑆 +
2𝐻2 0 , em temperaturas acima do ponto de orvalho (230-250°C), que favorece
também reação de hidrólise do COS e 𝐶𝑆2. Alumina ativada são comumente
utilizadas como catalisor do processo, além da utilização de leitos catalíticos de
dióxido de titânio. Reatores subsequentes utilizam temperaturas inferiores, de
forma a ser favorecido pelo deslocamento do equilíbrio da reação.

3) Condensador: onde gases efluentes dos reatores são resfriados, e de onde são
condensados e removidos o enxofre elementar, estes encaminhados a potes de
selagem e posterior tanques de armazenamento. Os condensadores iniciais
trabalham em faixa de temperatura controlada (150-170°C), sendo outros
condensadores utilizados com temperatura menor para evitar ao máximo envio de
vapor de enxofre para incineradores.

RESOLUÇÃO N°436-22/12/2011 – CONAMA:


Estabelece valor mínimo de 96% de recuperação de enxofre contido na carga da URE
durante o ciclo de vida da unidade.
Sendo assim, considerando a carga inicial de 100% de 𝐻2 𝑆, espera-se recuperação de, no
mínimo, 96% do enxofre, sendo 3,8% dos compostos sulfurados remanescentes ao fim
do processo tratado em UTGR, que retorna 𝐻2 𝑆 ao início da URE, e restantes 0,2%
encaminhados à incineradores.

4) Incinerador: O efluente gasoso é encaminhado para um vaso coalescedor, onde


algum enxofre liquido ainda pode ser drenado para o tanque de armazenagem.
Gases sulfurados remanescentes são encaminhados à incineradores ou UTGR,
onde se procede a queima contínua do gás (T até 1090°C).

5) Armazenagem: Mantido entre 125-135°C em tanques de armazenamento de modo


garantir estado líquido e viscosidade apropriada para transferência.
Produto: comercializado na forma líquida ou sólida, podendo a última ser estocada a céu
aberto, e comercializada em forma granulada, em flocos ou pastilha, com pureza mínima
de 99,5% para sólidos e 99,9% para líquidos.

Variáveis importantes do processo:


1) Razão estequiométrica ar/gás ácido: análise importante para se atingir eficiência
máxima, pois influencia na reação dos gases desejados e minimiza reações
paralelas indesejadas.

2) Temperatura: importante para assegurar segurança e rendimento, atentando-se ao


controle das temperaturas de combustão, reatores e condensadores.

Segurança da URE:

Máxima atenção ao manuseio de gases ricos em 𝐻2 𝑆 e 𝑆𝑂2, sendo o 𝐻2 𝑆 incolor e


altamente tóxico, que pode causar desde irritações à morte, conforme tabela abaixo:

Enxofre líquido deve-se precaver quanto a solubilização do 𝐻2 𝑆, sendo adotado


preventivamente a desgaseificação no tanque de armazenagem.
O 𝑆𝑂2 provoca de irritações aos olhos e vias respiratórias à morte, sendo permitido teor
de 5cm³/m³ para um período de 8h e de 10cm³/m³ por apenas 15 minutos.
Fogo e explosão são os maiores riscos no manuseio do enxofre sólido.

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