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Os óleos básicos lubrificantes, hidrocarbonetos derivados de petróleos

contendo 15 átomos de carbono, representam 90% do volume de um fluido lubrificante


sendo, portanto, o componente mais importante destes. Estes óleos podem ser
caracterizados como parafínicos, os quais são utilizados como lubrificantes de
automóveis e em processos industriais, e naftênicos, os quais são menos viscosos se
comparados às parafinas (devido à maior quantidade de carbono naftalênico).
Os processos de produção destes óleos, que define a faixa de viscosidade e
ponto de fulgor, elimina frações asfálticas e demais impurezas, varia de acordo com o
comprimento dos cortes da destilação a vácuo e se este óleo é parafínico ou naftênico.
Na primeira etapa do processo de produção efetua-se a destilação atmosférica
e a vácuo e a desasfaltação (preparo da carga). Os produtos da destilação atmosférica
são combustíveis (GLP, querosene, óleo diesel, nafta) e o resíduo atmosférico (RAT).
O RAT é então bombeado de forma a ser vaporizado (importante destacar que a
temperatura máxima utilizada é a de 360​o​C, evitando degradação térmica). A partir da
destilação a vácuo obtém-se então um resíduo (RV) que é enviado para a
desasfaltação. A desasfaltação, onde utiliza-se o propano como solvente (alta pureza
e não reage com os componentes a serem extraídos) consiste na extração de óleos
desasfaltados do RV. Os produtos da desasfaltação são o resíduo asfáltico (RASF) e,
após o processamento, o óleo desasfaltado (ODES), o qual é destinado à produção de
óleos básicos e parafinas. O resíduo asfáltico gera óleo combustível e cimento
asfáltico de petróleo (CAP).
É também utilizado o processamento de óleos básicos pela rota solvente para a
produção de óleos lubrificantes, onde se é utilizado um solvente em todas as etapas.
Após passar pelos processos iniciais (destilação atmosférica, a vácuo e desasfaltação)
os óleos são desaromatizados, tendo em vista que os compostos aromáticos têm
baixa viscosidade e se oxidam facilmente. Nesta etapa são obtidas duas fases
imiscíveis (fase extrato e fase rafinado) a partir da adição de um solvente adequado
que solubilize apenas aromáticos. A fase extrato é rica em solvente e, portanto, possui
a fração aromática extraída, e a fase refinado contém o óleo desaromatizado. Neste
processo também são removidos compostos de enxofre e nitrogênio presentes nos
anéis poliaromáticos.Os subprodutos da desaromatização podem ainda ser utilizados,
por exemplo, para recuperar pavimentos é como diluente de resíduo asfáltico. O

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rafinado e o extrato são enviados para um sistema de recuperação de solvente. Após
este processo, remove-se parafinas (desparafinação a solvente) que prejudicam o
escoamento do óleo a baixas temperaturas já que possuem alto ponto de fusão e alta
massa molar. A etapa final (hidroacabamento) consiste na redução ou remoção de
compostos sulfurados e oxigenados além de uma saturação de poliaromáticos, o que
propicia que o óleo seja mais estável à oxidação.
A razão solvente/carga, a temperatura de extração e a natureza da carga são
as variáveis que mais influenciam o processo de desaromatização. Ao aumentar a
razão solvente/carga ou a razão solvente/óleo (RSO), aumenta também a extração de
aromáticos e ao aumentar a temperatura, aumenta também a remoção de aromáticos,
fazendo com que diminua o rendimento do rafinado e melhore a qualidade do óleo
desaromatizado. A temperatura na qual há completa miscibilidade do solvente com a
carga, deve estar bem acima da temperatura usada na extração, visando evitar que
ocorra uma inundação na torre extratora. Quanto a natureza da carga, quanto mais
viscosa for a carga, maiores devem ser a temperatura e a RSO, para que se obtenham
rafinados com o mesmo valor de IV.
A desparafinação é o processo no qual as parafinas de alto ponto de fluidez
são removidas dos óleos básicos por cristalização e filtração. Assim, é feita a diluição
da carga e um resfriamento controlado. O solvente solubiliza o óleo, reduzindo assim a
sua viscosidade, e rejeita as parafinas cristalizadas, que são separadas do meio por
filtração.
Após a filtração, são obtidas duas correntes: o filtrado e a parafina oleosa
(torta). Em seguida, o óleo desparafinado segue para a parte subsequente do
processo.
As principais variáveis da desparafinação são: a qualidade da carga, a razão
solvente/carga, a velocidade de resfriamento, a temperatura de filtração, a rotação de
filtros, e a vazão de solvente utilizada na lavagem.
A composição da carga influencia na forma dos cristais, visto que as parafinas
lineares, que se apresentam em maior teor nas cargas destiladas, geram cristais
grandes, logo a torta é porosa, diferente das parafinas microcristalinas, que se
apresentam em maior teor nas cargas residuais, gerando cristais menores, fazendo
com que a torta seja menos porosa e dificulte a filtração.

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Uma RSO mais alta resulta em maior taxa de filtração, devido ao maior volume
de líquido. Entretanto, se o teor do solvente for muito elevado, sobrecarrega o sistema
de recuperação do solvente e/ou obriga uma redução na vazão de carga da unidade.
Resfriamentos lentos da mistura solvente/carga conduzem à formação de
cristais grandes, logo, cargas mais leves, que dão origem a parafinas com melhor
estrutura macrocristalina, podendo ser resfriadas mais rapidamente do que cargas
pesadas.
A temperatura de filtração é menor que o ponto de fluidez da carga e varia
conforme a mesma.
Nos filtros com tambores rotativos, usam-se velocidades menores quando se
tem cristais maiores de parafinas, por se ter uma torta mais porosa.
A parafina é lavada com solvente frio, visando reduzir a fração oleosa ainda
retida na torta.
O processo de hidroacabamento do óleo básico visa a conferir as
características de estabilidade, cor e corrosividade necessárias ao produto final. Isso é
obtido através da remoção dos compostos sulfurados e oxigenados presentes no óleo
que é carga do hidrocarboneto.
A desoleificação de parafinas tem como objetivo separar a parafina dura
(parafinas lineares) dos demais componentes. Nesse processo, a parafina oleosa e o
solvente são aquecidos, afim de dissolver toda a parafina para, em seguida, ser
recristalizada nos "congeladores" e filtrada.
A hidrogenação de parafinas é feita em uma unidade de hidrotratamento e visa
melhorar a cor do produto, pela hidrogenação de compostos aromáticos e compostos
contendo heteroátomos (enxofre, nitrogênio e oxigênio), mesmo presentes em baixos
teores.
O hidrorefino de óleos básicos lubrificantes é uma importante rota de produção
desses óleos, em que a mesma é dividida em duas rotas: HDT, em que a etapa de
desaromatização é substituída pelo hidrotratamento, permitindo uma melhoria da
qualidade dos destilados, da cor e da estabilidade à oxidação, e a outra rota é a HCC,
em que ocorrerá a desciclização dos hidrocarbonetos naftênicos e o craqueamento
catalítico controlado da carga.

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