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Circuitos Eletrônicos Analógicos:

Circuitos com
Amplificadores Operacionais

Prof. Pedro S. Almeida

Pedro de Assis Sobreira Jr.


Conteúdo da aula
 Introdução ao amplificador operacional
 Conceito idealizado
 Análise com circuitos idealizados
 O operacional real – circuito e limitações

 Aplicações como amplificador linear

 Aplicações não-lineares
 Comparadores
 Osciladores
 Amplificadores não-lineares

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Introdução
 Antes mesmo de ser um dispositivo prático, o
amplificador operacional é uma entidade
teórica da eletrônica analógica:

 Características: entrada não


inversora
 Amplificador diferencial
 Ganho diferencial infinito
saída
 Ganho de modo comum nulo (single-ended)
entrada
 Banda passante infinita inversora
 Impedância de entrada infinita OpAmp ideal
 Impedância de saída nula

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Introdução
 Modelo interno – amplificador diferencial de
tensão ideal
A = ganho diferencial
(idealmente infinito; muito
Zo ≈ 0
grande na prática: > 100 dB)
+ v1 -
vo = A.(v1-v2)
vs1
+ v2 - Ganho de sinais de modo
comum é nulo
vs2 A.(v1-v2)
(se vs1 = vs2, vo = 0)

AdB Resposta em frequência:


OpAmp ideal ≈∞
Zi ≈ ∞

log(f)

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Introdução
 O ganho idealmente infinito não tem aplicação
linear para o amplificador em malha aberta!
 única aplicação é como comparador
 É necessário operar o amplificador com
alguma realimentação negativa para realizar
funções lineares (amplificadores)
 É possível operar com realimentação positiva
para aplicações não lineares (comparadores e
osciladores)

Realimentação negativa:
Realimentação
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Introdução
Realimentação negativa: parte da saída
é retornada à entrada, subtraindo-se.

Realimentação vo  A. v1  v2  Equação do amplificador


diferencial
Parcela “k” da saída que é
v2  k.vo realimentada à entrada
Daí a equação se torna:
A
vo  A. v1  k.vo   vo  v1
A.k  1
A 1
No limite, como A é muito grande: vo  lim v1  v1
A
A.k  1 k
Ou seja, a saída agora só depende da
parcela de realimentação k e da entrada!
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Introdução
Um circuito com impedâncias genéricas
v1 Outra propriedade interessante:
curto circuito virtual entre + e -
vs1 Por KVL:
vs2 vo vk   vo  v2   A  v1  v2   v2

Proporcionalidade entre a tensão na porta


inversora e a tensão realimentada é o
v2 vk = vo-v2 coeficiente de realimentação:
vk
k
Portanto:
v2
A
k.v2  A  v1  v2   v2  v2  v1 Com realimentação
A  k 1 negativa, a tensão nas
duas portas se torna
A obrigatoriamente igual!
No limite, como A é v2  lim v1  v1
muito grande: A
A  k 1 (note que isto independe de k !)
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Análise de circuitos com operacionais
 Portanto, estas duas diretrizes podem ser
seguidas para análise de circuitos com
operacionais operando c/ realimentação
negativa:

 Supor que a tensão nas duas portas é igual


(curto-circuito virtual)
 Supor que nenhuma corrente circula para dentro
do amplificador (impedância de entrada infinita)

 A partir disto, é possível derivar vários


circuitos lineares empregando operacionais.

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O amplificador operacional real
 O circuito real possui limitações:
 Não tem impedância de entrada infinita – mas é
muito grande.
 Não tem impedância de saída nula – mas é muito
pequena.
 Não possui banda passante infinita.
 Não possui ganho de modo diferencial infinito –
mas é muito grande, como dito.
 Não possui ganho de modo comum nulo – mas
possui alta rejeição de modo comum (CMRR >
100 dB).
 Sua saída está limitada a, no máximo, os níveis de
alimentação (saturação do operacional).
 Máximo dv/dt de saída – “slew rate”, V/µs
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O amplificador operacional real
+VCC
+VCC saturação

saturação = sinal diferencial (v1-v2)


+VCC / -VEE
vs1
Ro
vs2
Ri -VEE
A.(v1-v2) limitação de
frequência

-VEE Resposta em frequência real:


AdB polo compensação
ADC

Compensação c/ polo se faz 20 dB/dec


necessária também por  fc  0 dB
questões de estabilidade
log(f)

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Circuito interno de um operacional
Circuito de um µA741

Amp.
diferencial

Estágio de saída
(buffer – amp.
classe AB)

Estágio de ganho
+ compensação
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Circuito interno de um operacional
Amp. Diferencial – “long-tailed pair”
+VCC

vdiff

(+) (-)

IB
-VEE
Coração do
amplificador
operacional
moderno

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Circuito interno de um operacional
Implementação de um simples opamp CMOS:

+VDD +VDD +VDD

(+) vo

(-)
IB
-VSS -VSS -VSS
-VSS

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Aplicações lineares
Amplificador inversor Lembrando das 2 diretrizes básicas para análise:

v1  v2
ii
if ii  i f
Portanto, neste circuito:
vi R1 R2
v2 vo
v2  v1  0
v1
vi  R1ii
R2 i f  v2  vo  vo

O que resulta no ganho do A impedância de entrada será:


amplificador inversor:
vo R2 vi
  Z i   R1
vi R1 ii
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Aplicações lineares
Amplificador não inversor Novamente:

v1  v2
ii  0
R1 R2
v2 vo Neste circuito:
vi v1
v1  vi
ii=0
R1 1
v2  vo  vo
R1  R2 1
R2
R1
Portanto o ganho do A impedância de entrada será:
amplificador não inversor é:
vo R2 vi
  1 Zi   
vi R1 ii
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Aplicações lineares
Somador inversor Neste circuito:

ia i f  ia  ib  ic ia 
va
if R1
va v2  v1  0
ib R1 R2 ib 
vb
vb As correntes são: R1
ic R1 vc
vc ic 
v2 R1
R1 vo
v1
E a tensão de saída: vo   R2i f

Portanto a saída será uma


combinação linear das entradas: A impedância de entrada será:

R2 R2 vk
 vo    va  vb  vc   
R1 R1
v
k
k
Z i   R1
ik
para k entradas para cada entrada
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Aplicações lineares
Buffer unitário Neste circuito:
(ou seguidor de tensão)
v2  vo
v1  vi
v2 vo Portanto a saída será igual à entrada:
vi v1
 vo  vi
ii=0
A impedância de entrada será
infinita, pois ii = 0

Circuito muito útil para o “isolamento” de sinais – um sinal com alta impedância
pode alimentar uma carga de baixa impedância, por exemplo; ou um sinal de
impedância Zs pode ser conectado a uma carga de impedância ZL diferente de
ZS sem que haja reflexão do sinal (casam-se as impedâncias, colocando ZS =
ZL na saída do operacional)

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Aplicações lineares
Amplificador de transresistência Neste circuito:
(ou conversor corrente-tensão)
ii  i f
if v2  v1  0
ii
Portanto relacionam-se tensão
v2
R vo de saída com a corrente de
entrada:
v1
 vo   Rii

A impedância de entrada vista pela


corrente injetada no circuito é:

v  caso ideal de um amplificador com entrada


Zi  2  0 em corrente (como os de transresitência – V/I –
ii e o amplificador de corrente – I/I)
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Aplicações lineares
vb  vo
ib  i f 
Amplificador diferencial Neste circuito: R1  R2
ib va
if ia 
vb R1  R2
R1 R2
R1 v2 vo R2
va v1 v1  va  v2
R2  R1
ia R2 vb  v2  R1ib
E as malhas:
v2  vo  R2ib
 R2 vb  vo Resolvendo
vb  va R  R  R1 R  R
para vo:
 R2
 vo   va  vb 
2 1 1 2

v R2 vb  vo R1
 vo  R2
 R2  R1
a
R1  R2
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Aplicações lineares
Integrador (inversor) Neste circuito: v2  v1  0
vi
vi R iC iC  ii 
R
C Utilizando a relação clássica de circuitos:
ii v2 vo
d d
iC  C  v2  vo   C vo
v1
dt dt

Substituindo iC e resolvendo para vo:

1

 vo   vi dt R0
RC R
vi C
vo
Numa implementação prática, utiliza-se
um resistor para limitar o ganho DC:

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Aplicações lineares
Diferenciador (inversor) Neste circuito: v2  v1  0
vi if d
i f  iC  C vi
R dt
iC C v2 vo
v1 A saída será:

vo   Ri f   RiC
Resolvendo para vo:

d
 vo   RC vi
dt
vi R R
∞ C vo
Numa implementação prática, utiliza-se um
resistor para limitar o ganho em altas frequências:

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Aplicações não lineares
 As aplicações não lineares, em geral, envolvem realimentação
positiva (para produzir oscilação ou biestabilidade) ou
nenhuma realimentação (e.g., comparadores sem histerese).
 São utilizadas em geradores de forma de onda, osciladores e
comparadores, entre outros.
 Existem também amplificadores não lineares (i.e., aqueles cuja
saída é uma função não linear da entrada) – a exemplo,
amplificadores logarítmicos e exponenciais.

Comparador não inversor: Comparador inversor:


vi vi
vo vo

Vref Vref

vi ( t ) vi ( t )

vo ( t ) vo ( t )
0 0 5 10
Vref Vref

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Aplicações não lineares
Comparadores com histerese – “Schmitt Trigger”

vo
R1 R2
vo vi
vi
R1 ST inversor
T  VS
R1  R2

vo
vi R2
R1 vo vi
R1
T   VS ST não inversor
R2
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Aplicações não lineares
Comparador com histerese como gerador de onda quadrada:
Oscilador de relaxamento com operacional
Se R1 = R2, o nível de comutação
(trigger) do comparador é ±½ VS
R1 R2
vo
vo
vC
R t
C vC

Com a carga e descarga exponencial do capacitor, é possível calcular o período:


T  2RC.ln( 3 )
VS  3  2 TRC 
 VS  1  e 
equação para
meio período (T/2) 1
2  2  f 
2RC.ln( 3 )
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Aplicações não lineares
Sistema c/ realimentação positiva
Oscilador em ponte de Wien
A(s)
R2
R1 vo
B(s) L( s ) A( s ).B( s )
R C Eq. Característica: 1  L( s )  0
R Critério para oscilação (Barkhausen):
C
módulo : L( jo )  1
L( jo )  1
fase : L( jo )  0
Para este circuito:
R2  R2  1
A( s )  1  Ganho do amplificador
1    1
R1 (não inversor) Critério  R1  3
1
B( s )  Ganho da malha de
o RC 
1
3  sRC  1 realimentação positiva
o RC
sRC
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Aplicações não lineares
Oscilador em ponte de Wien
 R2  1
* 1    1
Critério  R1  3
R2
R1 vo o RC 
1
o RC
R C
R Oscilador senoidal na
frequência angular ωo
C
 1
   Frequência da oscilação
Re sulta que :  o RC
 R2  2R1 Condição para oscilação se manter

* Lâmpada como “gain control”: solução elegante do


mestrado de William Hewlett (fundador da HP);
HP200A: oscilador de precisão em ponte de Wien.

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Aplicações não lineares
Oscilador em ponte de Wien - simulação

f  1,6kHz

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Resumo
 Os amplificadores operacionais possuem amplas aplicações,
tanto lineares quanto não lineares.
 Foi introduzido o conceito do amplificador operacional, seu
funcionamento básico como elemento idealizado e as técnicas de
análise que se destinam à sua operação como amplificador e/ou
oscilador.
 Foi apresentada a construção básica dos operacionais modernos
transistorizados, e seu funcionamento.
 Algumas características dos operacionais reais foram
apresentadas, mostrando que o circuito real (integrado) se
aproxima muito bem do circuito idealizado, o que permite que
análises idealizadas sejam feitas para sintetizar circuitos
analógicos com operacionais.
 Foram apresentados vários circuitos empregando operacionais,
suas aplicações e características.

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Bibliografia

AN-31 da National Semiconductor

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