- Marechal Dutra vence as eleições democráticas com o fim do
Estado Novo - Contexto de consolidação dos princípios liberais de Bretton Woods - O maior marco econômico é a ilusão de divisas: acreditava-se que o fato de terem sido aliados do ocidente atrairia investimentos e apoio financeiro americano e acreditava-se na alta do café. - A questão externa é que isso se mostrou falso levando a um período de ausência de dólar (prioridade americana na reconstrução europeia). As questões internas são a inflação e as contas públicas. - A Primeira Fase vai até metade de 1947: a taxa de cambio é mantida fixa e sobrevalorizada afim de facilitar a importação de insumos para o processo de industrialização. Além disso, sobrevalorizar a moeda ajuda no controle da inflação. - Como a entrada de dólar não se confirmou tem-se déficit comercial com os EUA e outros países e quedas nas reservas. - Na Segunda Fase, ao invés de desvalorizar a moeda diante a crise do BP como faziam os países europeus (medidas liberalizantes) decide-se por um controle cambial e de importações (maior controle do Estado, limitando a compra de dólar). - Na Política Interna temos uma Primeira Fase de enfoque ortodoxo com uma política monetária contracionista (altas taxas de juros controlam a inflação mas também o crescimento econômico) e uma política fiscal austera (controle de gastos visando equilíbrio nas contas públicas). Isso é bom economicamente mas tem custos políticos. Em 1948 as politicas fiscal e monetárias são afrouxadas pela expansão de crédito do Banco do Brasil. - Na Segunda Fase muda o rumo da política monetária pela visão expansionista do novo ministro da fazenda. Isso gera déficit nas contas públicas. - Programa de Substituição de Importações e industrialização: controle das importações e cambio sobrevalorizado incentivam a produção local (barato importar matéria-prima e pouca competição interna). Política de Crédito Subsidiado para Indústria aumenta a produção. 2) Segundo Governo Vargas (1951-54)
- Momento de radicalização política (Guerra Fria)
- Maiores marcos da campanha são industrialização e implementação de direitos trabalhistas - O governo recebe como herança inflação e desequilíbrio nas contas públicas. O cenário externo parece mais favorável com a subida no preço do café e com a posse de Truman que traz o olhar americano para a América Latina (além da recuperação europeia). - Nesse contexto é criada a Comissão Mista Brasil-EUA, visto uma necessidade de investimento em infraestrutura o olhar dos EUA surge como oportunidade. Elaboram-se projetos de melhoria na infraestrutura com financiamento externo. São privilegiados energia e transporte. Isso promove a entrada de divisas e a atração de capital externo para outros investimentos privados. - Numa Primeira Fase busca-se o equilíbrio das contas públicas e controle de inflação para apenas asna segunda realizar os projetos e focar no crescimento. Na prática é realizado um controle de gastos, aumento da arrecadação e politica monetária restritiva, mas não há grande controle do crédito. As contas públicas alcançam superávit e a inflação permanece a mesma. - Na política externa a taxa de cambio de mantem fixa e sobrevalorizada e há um relaxamento no controle de importações. O consequente aumento das importações com moeda sobrevalorizada vai levar a um déficit na balança comercial e esgotamento das reservas internacionais, atrasando os pagamentos das importações. - Em 1953 é eleito o republicano Eisenhower, que muda o rumo das politicas na América Latina levando ao fim da CMBEU - A possibilidade de empréstimo estava vinculada a interferências na politica econômica e com isso a crise cambial acabou levando a uma volta do controle de importações. Fracassa o controle da inflação e a possibilidade de implementar a segunda fase. - Há uma mudança ministerial e implanta-se a Instrução 70 da SUMOC: garante o monopólio cambial pelo BB, leiloes cambiais, bônus para exportação e taxação seletiva para importações. Isso gera um superávit nas contas externas mas déficit nas contas públicas na realização de projetos de infraestrutura. A inflação dispara. - Crise do salário mínimo, boicote ao café e alta inflação levam ao isolamento político de Vargas que culmina no seu suicídio. 3) Café Filho (1954-55)
- Inclinação conservadora ao ministério. Gudin tem orientação mais
ortodoxa e o foco inicial é resolver a inflação e a questão cambial. - A Instrução SUMOC 113 cria licenças especiais para a importação direta de bens de capitais, visando facilitar e assim atrair investimento estrangeiro. - Política econômica ortodoxa visando estabilização da inflação: freia o crescimento econômico pela limitação de crédito. Isso gera um movimento de falências e concordatas e bruta queda no FBCF. - Por ser excessivamente contracionista sai Gudin e entra Whitaker que defende uma política de expansão do crédito. Ele propõe uma unificação do cambio e desvalorização cambial com proteção tarifária (agenda do café). O projeto é rejeitado e mudam novamente de ministro.
Conclusão do período 1945-55: forte expansão do PIB, pressão
inflacionária, investimento em industrialização sendo a infraestrutura movida pelos recursos públicas (falha de obter financiamento externo), crises cambiais. A exportação e importação crescem no primeiro período (Dutra) mas não no segundo (Vargas). Queda nas importações industriais (caminho para um regime fechado de substituição de importações). Para o bem e para o mal há uma vitória politico-ideológica do nacional estatismo sobre o liberalismo. O lado bom é a industrialização e as transformações estruturais. O ruim é a acumulação de problemas macroeconômicos, intervencionismo, infraestrutura pouco eficiente (problemas da ausência de concorrência). Aumenta as disparidades sociais e regionais. Cresce a indústria mas não a educação. 4) Anos Dourados de JK (1956-60)
- Expectativa do “agora vai” nao so pelo crescimento mas pela
democratização e bem estar interno. Aliado às impressões externas (futebol, arquitetura, cinema, música) - Democracia com desenvolvimento - O plano de governo é o Plano Nacional de Desenvolvimento cujas principais diretrizes são acelerar o processo de transformação de país agrário para industrial e de rural para urbano. - O Plano de Metas é o apogeu do desenvolvimento e resgata projetos da CMBEU. “50 anos em 5” é o mais completo e coerente conjunto de investimentos públicos e privados até então, sendo direcionados para a infraestrutura. - Como resultado tem-se um crescimento acelerado, relativa estabilidade de preços (inflação não piora) e diluição da radicalização politica com o ambiente aberto e democrático. - Em relação a indústria é consolidado o modelo de substituição de importação. Busca-se autonomia no contexto do nacionalismo para superar restrições externas. - A infraestrutura se desenvolve no transporte (estradas e rodovias). Há estímulo a produção de bens intermediários (aço, cimento, metais etc.) e de bens duráveis (automóveis). Elas aumentam sua participação mostrando a modernização da indústria brasileira, não apenas crescimento. Por outro lado cai a importância do café. - Criam metas também para educação e alimentação - O mecanismo de implementação é por grupos setoriais com metas especificas. São realizados incentivos com isenções fiscais e garantia de mercado (lei do similar nacional). O cenário permaneceu favorável a investimentos estrangeiros pela SUMOC 113. - As linhas gerais por trás do plano eram: tratamento preferencial para a atração de capital estrangeiro, expansão do crédito (ligado a pressão inflacionaria que vai decorrer), ampliação da participação do setor público nos investimentos e estímulo a iniciativa privada. - Política cambial sem muitas novidades - “Lei das Tarifas”: simplificam o sistema de taxas múltiplas, introduz proteção específica por produto (aumento das tarifas de importação). Na exportação acontece a criação do conselho de política aduaneira. Isso esta ligado ao objetivo de acelerar o PSI. - A principal fonte de recurso foi o gasto público e por isso o déficit dobra. - Inflação resultante da expansão monetária (gatos público e crédito) custos do baixo financiamento privado. BB em déficit permanente. 5) Jânio Quadros e João Goulart (1961-64)
- Momentos de radicalização política. Período de instabilidade que
culmina no golpe de 64 - Durante o período Jânio Quadros, Clemente Mariani vai defender uma política econômica ortodoxa: reforma cambial (instrução SUMOC 204) de forte desvalorização e unificação cambial. Política econômica de contenção de gastos com corte de subsídios. Política monetária contracionista. Como resultado FMI libera mais empréstimos, a divida é re-escalonada e há aumentos das exportações. O aparente alinhamento com os EUA facilita a liberação de recursos. - Herança do período JK foi aceleração da inflação, déficit nas contas publicas e problemas cambiais. A política econômica de Mariani atua nas duas primeiras e a política cambial na última. - Objetivos da política econômica : estabilização (controle da inflação e da moeda), melhoria do balanço de pagamentos, recuperação do crédito externo e retomada do crescimento com capital internacional. - Sem apoio parlamentar JQ renuncia - No parlamentarismo de Goulart/Tancredo há uma tentativa de retomar esse plano de estabilização. O Ano de 61 foi metade JQ e metade JG: a instabilidade minava os investimentos mas a desvalorização melhorou a relação divida externa/exportações. A partir de maio de 62 começa a perda de controle da economia com o aumento do déficit e consequentemente da inflação. - Durante o segundo gabinete o plano de controle da inflação é atropelado. A lei da remessa de lucro limita as empresas internacionais (tentativa de se conciliar com a agenda nacionalista) - Em 1963 vence o presidencialismo. Celso Furtado aponta para um plano trienal de planejamento amplo com intervenção estruturada. O cepalino tenta conciliar crescimento econômico com reformas sociais e combate a inflação (metas inconciliáveis). O ministro da fazenda é Santiago dantas (realismo cambial e correção dos preços públicos). São tomadas medidas ortodoxas para a inflação (corte de despesas e contenção do credito) e estratégia desenvolvimentista. - Período de difícil negociação com os EUA (JG como ameaça) - Plano de controle da inflação é abandonado ( pressão trabalhista) - Volta dos subsídios, reajuste do salario mínimo e funcionalismo público, aliados ao contexto de estagflação culminam no golpe. 6) Castello Branco (1964-67)
- Combate a estagflação (PAEG + reformas fical e financeira)
- Distorções inflacionarias: desordem salarial com perdas reais e reajustes diferenciados, redução no investimento, controle de tarifas de serviço público , distorção no mercado de crédito e imprevisibilidade financeira (dificulta estabelecimento de orçamentos), setor privado se afasta dos investimentos de longo prazo, tributação injusta, desestímulo aos investimentos sociais em habitação e saneamento, falência do sistema de preços - Diagnóstico dos economistas: inflação tem origem no déficit publico, financiado pela expansão dos meios de pagamento tendo como raiz gasto publico, expansão do credito e aumento do salario acima da produtividade - A proposta para a política econômica é um combate gradual a inflação ( não piorar a recessão em curso e não comprometer a legitimidade política). Além disso defendiam a expansão das exportações e busca a retomada do crescimento. - PAEG: ajuste fiscal, metas para aumento da arrecadação e controle de despesas, reforma tributaria, aumento das tarifas publicas, correção salaria e controle do crédito. Objetivos do PAEG: conter progressivamente o processo inflacionário, retomar o crescimento, gerar emprego, aumentar a produtividade, equilibrar os desníveis setoriais e regionais, corrigir a tendência do déficit do BP e o estrangulamento externo. No geral são metas desafiadoras e até incompatíveis. - Resultados: aumenta a carga tributaria e as tarifas publicas (mais fácil na ausência do ambiente democrático) e redução do déficit de forma gradualista. - Política Monetária: aumento da taxa de juros real, expansão decrescente dos meios de pagamento, restrição ao crédito, reestruturação do sistema financeiro. Medidas para controlar a inflação sem frear tanto a economia. - Política econômica externa: abertura para o capital externo, estímulo ao ingresso de capitais internacionais, cooperação técnica com agencias, regulação para permitir captação de recursos externos por empresas brasileiras, mudança na legislação para investimento estrangeiro - Resultado: inversão da tendência deficitária do BP. O combate a inflação foi limitado por não ameaçar muito o ritmo da atividade econômica. - Reforma Estrutural Financeira: busca dotar o SFB de mecanismos de financiamento capazes de sustentar o processo de industrialização de forma não inflacionária (instituir um segmento privado de longo prazo). São instituídos o ORNT (correção monetária), Banco Central e BNDES. Reforma modernizante. - Reforma Estrutural Tributária: objetiva aumentar a arrecadação e racionalizar o sistema. No geral as reformas foram regressivas e centralizadores (beneficiando as rendas mais altas aumentando a participação dos mais pobres). - Criação do FGTS
7) Recuperação e Milagre (1968-73)
- Regime militar no período: radicalização (tortura AI-5 e exílio)
- Meta principal: retomar o crescimento (legitimar o regime). - Forte expansão do meio de pagamento e do crédito - Ampliação da demanda com base no mercado interno, destaque para os bens duráveis - Plano Estratégico de Desenvolvimento (PED): construção de um projeto nacional de desenvolvimento + acelerar o esforço interno e poupança e investimento. - Política Monetária gradualmente expansionista com redução da taxa de juros. Política de crédito expansionista ara consumidor e agricultura - Controle da Inflação: Compensação da expansão por controle de preços (CIP) , expansão da produção agrícola (maior oferta de alimentos), política salarial (incentivo a produtividade) e juros tabelados. - Redução do déficit - Política Fiscal: incentivos ficais, juros subsidiados, emissão crescente de títulos - Política cambial: taxas ainda fixas + mini desvalorizações (acompanham a inflação para não valorizar a moeda) - Condições externas favoráveis : juros baixos e alta liquidez internacional, período de expansão do comércio, termos de troca favoráveis, boa vontade dos EUA e aliados, crescimentos dos investimentos estrangeiros diretos e dos empréstimos, exportação e importação crescem. Explode o déficit na conta corrente e explode a dívida externa. - Está lançado o processo de aumento da participação dos empréstimos a taxa de juros flutuantes (efeito dramático nos anos 70). 8) A Era Geisel (1974-78)
- Ministro da Fazendo é Simonsen: prioridade de manter a
estabilidade - Ministro do Planejamento é Reis Velloso: prioridade de continuar a crescer - Política Externa: divida externa e pagamentos de juros obrigam a gerar superávit na CC ou conseguir mais empréstimos. Aumento do consumo de petróleo no período do milagre. Petrodólares financiam o déficit nas contas externas. - Contexto interno de auge e esgotamento do modelo de substituição de importação - PND II: investimentos públicos (BNDES e estatais) + privados para atuar nas áreas de fronteira entre o subdesenvolvimento e o desenvolvimento. Setores identificados como pontos de estrangulamento . É um projeto econômico que atendia ao politico (insatisfação com a repressão do regime). - A resposta para a constante inflação conduziria a restrições econômicas imediatas levando a consequências politicas. Conflito entre estabilizar a economia ou continuar o crescimento. - Geisel afirma que a inflação não é o problema numero 1 e prefere desenvolver o pais recorrendo ao credito externo. Isso se sustentou devido a grande liquidez internacional. - Deterioração das contas no exterior sustentada pelo aumento da divida externa.
9) Governo Figueiredo (1979-84)
- Desequilíbrio interno (inflação e divida interna) e ajuste externo
(equilíbrio da BC) - Heranças do governo Geisel: crescimento, aumento da inflação, desequilíbrio nas contas públicas (dívida interna) e aumento da dívida externa - Comando da política econômica como o Ministério do Planejamento (Simonsen) - Cenário econômico internacional afetado pelo Segundo Choque do Petróleo bem mais profundo que o primeiro levando ao aumento explosivo da inflação nos países industrializados e consequentemente ao aumento das taxas de juros internacionais (impacto direto sobre a dividida externa brasileira baseada em juros variáveis). O mundo passa por um período de ajuste com políticas monetárias restritivas e recessões. - 1982: moratória do México (instabilidade dos empréstimos na América Latina) - Efeitos: aumento das despesas com juros, retração das importações de países industrializados, dificuldade de novas captações no mercado internacional (percepção de risco) - Ajuste econômico Simonsen: início com medidas restritivas (diminuição do credito, investimentos estatais...). Alteracao na policial cambial com desvalorizações reais (maiores que a inflação para incentivar exportação). A solução para ele é a recessão. - Volta Delfim que opta por pressionar o crescimento. O ajuste é adiado. Maxidesvalorização em 1979. - Contexto Interno: correção das tarifas públicas, controle dos gastos estatais, aumento de subsídios. Aceleração da inflação. - Mudança da política salarial - Desequilíbrio externo continua: aumentam as exportações mas produtos importados aumentam de preço, aumento dos juros internacionais, diminuição das reservas. Aumento do problema externo. - Perda e confiança, resistência da inflação (mais indexada) e aumento da relação divida interna / PIB. - Ajuste recessivo é assumido em 1981: redução na necessidade de divisas (queda da demanda interna, redução da importação, desloca produção pra exportação). 81 marca o inicio da Recessão : contenção salarial, controle de gastos, aumento da arrecadação e das taxas de juros, contração do credito. Só se mantiveram os subsídios (agricultura). - 1983: empréstimo com o FMI, tirando a possibilidade de moratória. Nova maxidesvalorização. As metas de politica econômica foram cumpridas externamente mas não internamente. - 1984: ajuste externo foi realizado. Economia do mundo melhora. Brasil volta a crescer com base nas exportações