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INOVAÇÃO NA AMAZÔNIA
DEBATES SOBRE TECNOLOGIA,
DESENVOLVIMENTO E
EMPREENDEDORISMO

Claudio Marcio Campos de Mendonça


Daniel Chaves
(orgs.)

2
Macapá, Amapá, Amazônia, Brasil, 2018.

Copyright © 2018, Autores

Reitora: Prof.ª Dr.ª Eliane Superti


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Leticia Picanco Carneiro, Lylian Caroline M. Rodrigues, Marcio Aldo Lobato Bahia, Mauricio Remigio Viana,
Raphaelle Souza Borges, Robert Ronald Maguina Zamora, Romualdo Rodrigues Palhano, Rosinaldo Silva
de Sousa, Tiago Luedy Silva

CHAVES, D.; MENDONCA, C. M. (Org.) . Inovação na Amazônia: debates sobre tecnologia,


desenvolvimento e empreendedorismo. 1. ed. Macapá: Editora da Universidade Federal do Amapá, v. 1.
464 p.2018.
ISBN 9788554760335

Todos os textos são de responsabilidade exclusiva de seus autores.


Capa: Daniel Chaves. Editoração eletrônica: Claudio Márcio Mendonça e Daniel Chaves

Editora da Universidade Federal do Amapá


Site: www2.unifap.br/editora | E-mail: editora@unifap.br
Endereço: Rodovia Juscelino Kubitschek, Km 2, s/n, Universidade, Campus Marco Zero do Equador,
Macapá-AP, CEP: 68.903-419

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ORGANIZAÇÃO

CLÁUDIO MÁRCIO CAMPOS DE MENDONÇA possui pós-Doutorado em Gestão na


Católica Porto Business School (2018), Doutorado em Administração pelo PPGA/UFRN
(2015), Mestrado em administração, Especializações: MBA em Gestão da Tecnologia da
Informação e Gestão Universitária. Graduações em Processamento de Dados (1996) e
Administração (2012) pela Universidade Potiguar - UnP. Atualmente Professor com
Dedicação Exclusiva na Universidade Federal do Amapá. Experiência nas áreas de
tecnologia da informação, educação a distância e gestão de ensino superior. Professor
Universitário desde 1997, lecionando disciplinas principalmente nos cursos de Sistemas
de Informação, Administração e Gestão Pública, além de disciplinas de Pós-Graduação
lato sensu e stricto sensu. Também atuado como Diretor de TI, Pró-Reitor de Graduação
e Diretor de Qualidade Acadêmica de Universidade Privada. Avaliador do MEC para
cursos de Administração à Distância. Contato: cmarcio@gmail.com

DANIEL CHAVES é professor adjunto de História Contemporânea na Universidade


Federal do Amapá (Unifap). Doutor em História Comparada pelo Programa de Pós-
Graduação em História Comparada (PPGHC/UFRJ), docente permanente dos Programas
de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional (PPGMDR) e Propriedade Intelectual e
Transferência de Tecnologia para a Inovação (ProfNIT/CAPES). Coordenador da Regional
Norte da Associação Fórum de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia
(FORTEC). Colunista de Inovação Tecnológica da Rádio CBN/Rede Amazônica.
Coordenador do Ponto Focal Unifap / PROFNIT (2018-2019). Láurea João Florentino
Meira de Vasconcelos de Inovação, da Academia Nacional de Farmácia (2017).
Pesquisador Visitante no Centro de Estudos Sociais/Faculdade de Economia da
Universidade de Coimbra (CES-FE/UC, 2016-2017). Pesquisa estratégias de Inovação para
o Desenvolvimento Regional; Transferência de Conhecimento e Tecnologia em Políticas
Públicas; Subalternidades, Emancipações e Semânticas políticas. Usa assinar Daniel
Chaves. Contato: daniel.chaves@unifap.br e daniel.s.chaves@gmail.com

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AUTORAS E AUTORES

Adriana Coutinho dos Santos, Alan Carlos Pereira Da Costa, Aléxia Galvão Assunção, Ana
Karla da Silva Moraes Arruda, Ananias Costa Oliveira, Carla Samara Campelo de Sousa,
Cláudio Márcio Campos de Mendonça, Claudionor de Oliveira Pastana, Cristhian Adan
Rodrigues Brito, Daniel Santiago Chaves Ribeiro, Débora Quaresma Ferreira, Diego
Armando Silva da Silva, Diego Souza Da Silva, Divana Monteiro e Souza, Eline Olímpia de
Souza Queiroz, Eudes Mata Vidal, Franciely de Oliveira Lima e Souza, Francisco Tarcísio
Alves Junior, Geraldo Neves Albuquerque Maranhão, Gustavo da Costa Rodrigues,
Jefferson dos Santos Pinto, Jesusa Vania Bagundes Nascimento, Jorgeane Gonçalves,
Kamila Pereira Tavares, Leiliane Penafort da Silva, Leticia Milena Gomes de Carvalho,
Lucas Silva da Trindade, Lúcio Dias das Neves, Luis de Jesus Pereira, Marcele Martins de
Lima, Márcio Luís Góes de Oliveira, Marcos Marciano Castro Ribeiro, Mario Teixeira de
Mendonça Neto, Nádia Fabrícia de Souza Marinho, Philippe da Costa Fonseca, Robson
Borges de Lima, Robson Antonio Tavares Costa, Vitor Hugo Santis Costa, Walzinto Rocha
Martins Neto, Weslley Thiago da Silva Dutra, Yago Castilho de Melo

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos aos autores por confiarem no projeto da produção do livro sobre


Inovação na Amazônia, desta feita contribuindo de forma relevante no fortalecimento do
ecosistema de inovação do estado do Amapá e para a região amazônica.

Este livro é resultado idealizado da soma dos esforços, das vocações e das possibilidades
da Inovação Tecnológica como crescimento e desenvolvimento para uma determinada
região, em uma determinada época no início do Século XXI.

6
APRESENTAÇÃO: POSSIBILIDADES E PERSPECTIVAS PARA INOVAÇÃO EM UM
ECOSSISTEMA INOVADOR EMERGENTE DA AMAZÔNIA BRASILEIRA

Envolvido em um esforço institucional regionalmente coletivo, ainda que em um


estágio de maturidade por ora distante da articulação industria-academia-governo

definida por Etzkowitz e Leydesdorff como a interação estruturante fundamental para a


ascensão de uma economia regional baseada no conhecimento 1, é inegável que o

estado do Amapá teve contemporâneo avanço em Inovação por meio de suas principais
instituições de pesquisa – todas públicas, frise-se com respeito tanto ao seu trabalho

quanto às instituições privadas de Ensino Superior. Não necessariamente nessa ordem,


Universidade Federal do Amapá (Unifap), Instituto Federal do Amapá (IFAP),

Universidade do Estado do Amapá (UEAP), Instituto de Pesquisas Científicas e


Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA) e Unidade Amapá da Empresa Brasileira de

Pesquisa Agropecuária (Embrapa) vêm realizando diversos esforços sumamente


necessários para alavancar, de forma significativa e transformadora, a promoção do que

hipotetizamos como o quadrante fundamental da Inovação na pesquisa científica: a


zeladoria da Propriedade Intelectual, a promoção da Transferência de Tecnologia, o

cultivo do Empreendedorismo Tecnológico Inovador e não menos importante, a


constituição de Políticas Públicas para o fortalecimento regional sistemicamente

funcional e, consequentemente, estruturando as relações.


Observando tais dinâmicas e padrões evolutivos institucionais, poderíamos

elencar, ainda trabalhando com a modelagem da Hélice Tríplice de Etzkowitz e

Leydesdorff, que cada qual destas instituições realizou, ao modo e necessidade que lhes
são respectivos, movimentos diferentes, porém complementares, de atuação em prol

1
ETZKOWITZ, Henry & LEYDESDORFF, Loet. The Triple Helix -- University-Industry-Government Relations:
A Laboratory for Knowledge Based Economic Development. EASST Review, Vol. 14, No. 1, pp. 14-19, 1995

7
deste quadrante da Inovação. Enquanto fundamentalmente a decana Unifap, instituição
que na borda das suas três décadas de vida, promoveu até então a maior proporção de

depósitos de pedido de propriedade intelectual, com pesquisas derivando em produtos,


por sua vez fortemente estruturadas em torno de três grandes áreas de expertise:

fármacos, tecnologia da informação e energia limpa e renovável. Nesta mesma direção,


a constituição do primeiro mestrado voltado diretamente para a Inovação como

Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia com perfil profissional técnico –


na esteira dos Mestrados Profissionais em rede, nova realidade da pós-graduação

brasileira – a Unifap também atua como referência formando pessoal permanente e


instalado em todas as instituições de ciência e tecnologia do estado, fazendo do Ponto

Focal PROFNIT que gere uma espécie de caleidoscópio da inovação amapaense. Seria
impossível, ainda na direção destas atribuições, ignorar o papel do IEPA, que não apenas

precisa ser contextualizado em função da sua fundamental atuação histórica na


constituição da pesquisa científica no Amapá pós-Território, como também operando

como um importante thinktank das potencialidades regionais, na sua orgânica conexão


junto ao Governo do Estado. Tal papel orgânico torna o IEPA indissociável da Fundação

de Amparo à Pesquisa do Amapá (FAPEAP) e da Secretaria de Estado de Ciência e


Tecnologia (SETEC), que por sua vez tem papel igualmente estratégico na indução,
promoção e avaliação de políticas públicas e ações subseqüentes na direção do
desenvolvimento regional tecnológico por meio da Inovação. Não obstante o primeiro

pedido de registro de patente de uma instituição pública do estado – a Vela de Urucuri,


em 1998 2 – o trabalho da articulação do governo do estado se apóia em diversas ações

históricas, cujas quais deve se destacar a Lei Estadual de Inovação do Amapá

(L2333/2018-GEA), promulgada em vinte anos depois do pedido da Vela de Urucuri, em

2
FILOCREÃO, Antônio Sérgio et al. Vela de urucuri ( attalea excelsa ) como repelente de mosquitos vetores de
endemias. Depositante: IEPA. BR n. PI9806594. Depósito: 17 jun 1998.

8
um contexto profusivo de legislações estaduais que acompanhavam as mudanças
contemporâneas e tendências do Marco Civil de Ciência, Tecnologia e Inovação no

governo federal (L13243/2016-GF). Mantendo-se atentos ao contexto das estruturas


governamentais estaduais, é possível notar o interesse institucional da UEAP na

constituição do seu Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT), alavancando assim as


interações sistêmicas em favor da Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia.

Diante do holismo intrínseco de tais discussões destas duas colunas, a criação e


operação em constante crescimento do NIT sustentado pelo IFAP demonstra a

percepção – absolutamente correta – a respeito da relação objetiva entre as dimensões


basais da Inovação como perpétuo objetivo: aderência ao setor produtivo e seus

Arranjos Locai; interconexão entre ensino técnico e pesquisa de nível superior e pós-
graduada; consecutividade de ações institucionalmente guiadas e, principalmente, uma

organização eficiente no arrolamento pesquisa-extensão.


Pretendemos apresentar, ora nesta publicação, não exatamente um retrato destes

30 anos de história do desenvolvimento regional do Amapá promovido pela Inovação,


potencializando suas vocações produtivas e espelhando a capacidade técnica de sua

malha científica institucional. Longe disso, notamos a impossibilidade prática de


completar tal objetivo em apenas uma publicação coletânea. Este objetivo, para se
executar com a maestria devida, perpassaria um extraordinário esforço que, para as
quatro mãos que organizaram este trabalho, resultaria impossível em apenas um único

volume e com o atual fôlego. Seria provavelmente um resultado injusto e incoerente


diante da incrível diversidade existente nestas três décadas em grupos de pesquisa,

ações de fomento, eventos fundamentais, gestões competentes, resultados históricos e

uma plêiade de programas de pós-graduação, artigos e resenhas, produções técnicas,


livros, produtos tecnológicos. Diante das realizações do meio acadêmico vis-à-vis as
suas possibilidades práticas: apresentamos nesta publicação um retrato fidedigno do

9
que, anos depois das pedras angulares de tais instituições, núcleos, programas e
fundações, torna-se razoável trazer a vós uma coletânea de vinte textos que em uma tão

exuberante diversidade, demonstram que a Inovação tornou-se o que deve ser: um


assunto recorrente, uma pauta pública, uma preocupação estratégica e um elemento

determinante para o desenvolvimento do estado do Amapá, da Amazônia brasileira e do


Norte do país.

Constata-se que cresceu em importância a prospecção tecnológica e inteligência


competitiva, e que estudar cenários futuros e vislumbrar possíveis nichos de atuação e

mudanças de trajetória tecnológica é tarefa para cada setor que a ICT pretendem
introduzir produtos ou processos competitivos. O abraço à inovação, aceitando a

celeridade dos tempos e a multiplicidade crescente de demandas promove a inovação a


um nível prioritário, essencial e estruturalmente constitutivo para o provimento de

soluções seguras desde a base do processo criativo até as mais variadas dimensões
institucionais, que cada qual relaciona e tem de solucionar seus dilemas, desafios e

problemas. As sinergias para a especulada Hélice Tríplice, portanto, são menos distantes
da realidade que parece; a questão central, nesse sentido, é o rumo do consenso

estratégico e as concessões necessárias para faze-lo, otimizando esforços em favor da


complementariedade que as ações podem atingir e alcançar.
O quadro exposto a seguir aponta para algumas das mais atuais pesquisas
realizadas no ecossistema amapaense de Inovação, como relato, abstração, reflexão,

caso ou gestão. Neste sentido, é impossível não apenas reconhecer estas histórias que
fizeram-nos chegar até este momento, a este ponto e a tal estágio de amadurecimento

possível diante do oportunizado, mas igualmente, para o que pode surgir de uma das

regiões mais sociodiversas, biologicamente ricas e com potencial logístico e energético


adequados para os padrões tecnológicos do século XXI.

10
Sem dúvida, como paradigma, a gestão da Inovação mudou sensivelmente. A
tendência ora fragmentária, ora descentralizadora, da revolução digital 4.0 aponta para

uma revisão cabal do papel da gestão da Inovação enquanto nucleação operativa


contemporânea. O Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT), conceito formalizado e

verticalmente implementado pela Lei 10.973/2004-GF, foi forja de um mundo pré-


revolução 4.0, onde prima-se pela automação, pela mobilidade, pela desmonetização e

pela pulverização da produção. Este universo, contestado pela transição do Século XX


para o XXI, desmonta a lógica na qual as cadeias de comando-controle operavam com

melhor distinção e diferenciação entre usuários e gestores. Com a pulverização da


gestão da informação, e consequentemente da novidade e da Inovação, universalmente

podemos entrever que o novo gestor da Inovação não é um concentrador de


informação e decisor meramente privilegiado, mas também um executor de políticas

pró-inteligência, fortalecendo seu papel sistemático e sistêmico de capacitar e orientar a


comunidade de inventores, cada vez mais conciente da força da Propriedade Intelectual

e da Transferência da Tecnologia. Onde estará a gestão da Inovação no mundo


revolucionado pela indústria 4.0? O foco usual dos NIT nas atividades primárias de

gestão da Inovação, portanto, cederia espaço para ações mais complexas de inteligência,
lobby e articulação empreendedora, multiplicando conhecimento. Então, as políticas
públicas não terminam com a liberalização e descentralização, elas só se adaptam às
condições do presente da baixa contemporaneidade, com menos intermediários para as

ações pró-Inovação, mais horizontalizada e reticular.


Para este futuro estamos buscando nos preparar para tais novas condições.

Convidamos, como de costume, a todas e todos para se envolver no assunto. E a todas e

todos, agradecemos a gentil atenção e desejamos uma boa leitura.

11
SUMÁRIO

TÍTULO DO ARTIGO Página


1
AMBIENTES PROMOTORES DE INOVAÇÃO: 15
CARACTERIZAÇÃO DO SUPORTE OFERECIDO PELAS
INCUBADORAS DE EMPRESAS DOS INSTITUTOS FEDERAIS
DA AMAZÔNIA
Márcio Luís Góes de Oliveira e Cláudio Márcio Campos de
Mendonça
2
AS RELAÇÕES ENTRE OS MECANISMOS DE GOVERNANÇA 41
DO TCU COM A METODOLOGIA ÁGIL DE PROJETOS SCRUM-
UM ESTUDO DE CASO EM UMA SECRETARIA DE ESTADO DA
AMAZÔNIA ORIENTAL
Cristhian Adan Rodrigues Brito, Eline Olímpia de Souza Queiroz,
Aléxia Galvão Assunção e Cláudio Márcio Campos de Mendonça
3
CENÁRIO DE PRODUÇÃO MADEIREIRO PARA MUNICÍPIOS 75
DO ESTADO DO AMAPÁ- UM APLICATIVO ANDROID
Philippe da Costa Fonseca, Leticia Milena Gomes de Carvalho,
Carla Samara Campelo de Sousa, Diego Armando Silva da Silva e
Francisco Tarcísio Alves Junior
4
COLABORAÇÃO DOS MEIOS DE MODAIS PARA O 94
DESENVOLVIMENTO- MODAIS UTILIZADOS NA
MOVIMENTAÇÃO DE INSUMOS NO ESTADO DO AMAPÁ
Yago Castilho de Melo e Kamila Pereira Tavares
5
CONFLITOS NA GESTÃO DOS RECURSOS NATURAIS EM
ÁREAS PROTEGIDAS NO ESTADO DO AMAPÁ- UM ESTUDO 112
DE CASO DO PARQUE NACIONAL CABO ORANGE
Mario Mendonça Neto, Divana Monteiro e Souza e Marcos
Marciano Castro Ribeiro
6
DESENVOLVIMENTO DE UMA PLATAFORMA DE 141
TRANSPORTE COLABORATIVO PARA O ESTADO DO AMAPÁ
Jefferson dos Santos Pinto, Lucas Silva da Trindade, Diego

12
Armando Silva da Silva e Francisco Tarcísio Alves Junior
7
EMPREENDEDORISMO COMO FERRAMENTA DE 170
DESENVOLVIMENTO ECONOMICO REGIONAL -
ELABORAÇÃO DE METODOLOGIA PARA CRIAÇÃO DE
EMPRESAS INOVADORAS NO AMAPÁ
Robson Antonio Tavares Costa
8
IMPACTOS DA INSERÇÃO DA INOVAÇÃO NO AGLOMERADO 191
MADEIRA E MÓVEIS NO MUNICÍPIO DE MACAPÁ
Kamila Pereira Tavares
9
INOVAÇÃO NA GESTÃO DE CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS 217
NA AMAZÔNIA
Mario Teixeira de Mendonça Neto, Ana Karla da Silva
Moraes Arruda e Marcele Martins de Lima
10
OTIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO POR MEIO DA SIMULAÇÃO 229
COMPUTACIONAL- APLICAÇÃO EM UMA EMPRESA DE
PROCESSAMENTO MECÂNICO DA MADEIRA
Débora Quaresma Ferreira, Gustavo da Costa Rodrigues, Weslley
Thiago da Silva Dutra, Robson Borges de Lima, Diego Armando
Silva da Silva e Francisco Tarcísio Alves Junior
11
PROCESSO LOGÍSTICO DO AÇAÍ- UM ESTUDO DE CASO NA 264
EMPRESA SAMBAZON
Alan Carlos Pereira Da Costa, Diego Souza Da Silva,
Walzinto Rocha Martins Neto e Cláudio Márcio
Campos de Mendonça
12
A POLITICA TRIBUTÁRIA DE CONCESSÃO DE INCENTIVOS 287
TRBIBUTÁRIOS NA AMAZÔNIA COMO ESTIMULO AO
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO.
Franciely de Oliveira Lima e Souza
13
MODELAGEM MATEMÁTICA APLICADA A PRODUÇÃO DE 309
MATERIAL DIDÁTICO AUDIOVISUAL EM CURSOS A
DISTÂNCIA

13
Nádia Fabrícia de Souza Marinho, Claudionor de Oliveira Pastana,
Diego Armando Silva da Silva e Francisco Tarcísio Alves Junior
14
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARTICIPATIVO E SEUS 333
EFEITOS NO CLIMA ORGANIZACIONAL NA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO AMAPÁ
Leiliane Penafort da Silva, Ananias Costa Oliveira, Luis de Jesus
Pereira e Cláudio Marcio Campos de Mendonça
15
PROSPECÇÃO ESTRATÉGICA DO CAFÉ COM CIÊNCIA PARA 358
DISSEMINAÇÃO DE PUBLICAÇÕES TÉCNICO-CIENTIFICAS EM
ACESSO ABERTO DA EMBRAPA AMAPÁ
Geraldo Neves Albuquerque Maranhão, Adelina do Socorro
Serrão Belém e Cláudio Márcio Campos de Mendonça
16
MAPEAMENTO PROSPECTIVO DO JAMBU: PESQUISAS E 375
PATENTEAMENTO
Geraldo Neves Albuquerque Maranhão e Jesusa Vania Bagundes
Nascimento
17
AS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS E OS QUILOMBOS DO 390
AMAPÁ: INOVAÇÃO PARA MANUTENÇÃO DOS SABERES
TRADICIONAIS AFRICANOS NA AMAZÔNIA APÓS O
PERÍODO COLONIALISTA.
Eudes Mata Vidal e Lúcio Dias das Neves
18
METODOLOGIAS CRIATIVAS E INOVADORAS PARA GESTÃO 401
DE COMPETÊNCIAS NA NOVA ECONOMIA
Jorgeane Gonçalves e Kamila Pereira Tavares
19
VISÃO PANORÂMICA SOBRE O E-COMMERCE NO AMAPÁ 429
Adriana Coutinho dos Santos e Kamila Pereira Tavares
20
PERSPECTIVAS SOBRE UMA EXPERIÊNCIA DE GESTÃO DA 445
INOVAÇÃO NO AMAPÁ: A POSSIBILIDADE UNIFAP
Daniel Chaves e Vitor Hugo Costa

14
AMBIENTES PROMOTORES DE INOVAÇÃO: CARACTERIZAÇÃO DO SUPORTE
OFERECIDO PELAS INCUBADORAS DE EMPRESAS DOS INSTITUTOS FEDERAIS DA
AMAZÔNIA

Márcio Luís Góes de Oliveira


Cláudio Márcio Campos de Mendonça

RESUMO:
As incubadoras de empresas são ambientes de grande importância para potenciais
empreendedores, tendo em vista reunirem em um mesmo ambiente diversos serviços
que, por vezes, são inacessíveis de maneira concomitante, como assistência
administrativa, infraestrutura básica, apoio na obtenção de financiamento, articulação
com parceiros, etc. Assim, objetiva-se com este artigo descrever o perfil do suporte
oferecido pelas incubadoras de empresas dos Institutos Federais da Amazônia às
empresas incubadas, procurando compreender em que estágio de maturidade estas
incubadoras se encontram. Foi desenvolvida uma pesquisa exploratória e descritiva, com
abordagem ao problema de forma qualitativa e quantitativa, utilizando a pesquisa do
tipo levantamento ou survey. Foram contatados 09 Institutos Federais, sendo que destes
03 ainda encontram-se em processo de institucionalização de suas incubadoras,
verificando-se, assim, a existência de 06 incubadoras de empresas, sendo a maioria do
tipo mista. Entre os pontos de convergência, citam-se a submissão ao edital como
metodologia de acesso, sendo a viabilidade técnica e o grau de inovação de produtos e
serviços ofertados entre os principais requisitos para o ingresso nas incubadoras. A
assessoria em marketing, a cessão de laboratórios e equipamentos e o apoio para a
captação de recursos foram as iniciativas mais recorrentes dentre as incubadoras
consultadas. Já as atividades de apoio para o registro da propriedade intelectual das
criações desenvolvidas pelos empreendimentos incubados foram as menos citadas.
Quanto aos recursos humanos, todas as incubadoras analisadas utilizam em maior parte
a mão de obra da própria instituição contando, porém, complementarmente com a
participação de parceiros institucionais.

Palavras-chave: Incubadoras de Empresas. Inovação. Empreendedores.


InstitutosFederais.

1. Introdução

Quando se trata do contexto atual e sob um olhar direcionado às micro e


pequenas empresas, verifica-se a importância deste tipos de empreendimentos.
15
Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae (2018),
as micro e pequenas empresas (MPEs) são responsáveis por 72% dos empregos formais

gerados no país, contando com uma participação de mais de 98% das empresas
formalizadas e representando mais de 50% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

No entando, há de se ressaltar o alto índice de empreendimentos que não


resistem nem aos primeiros meses de empreitada, encerrando por motivos diversos as

atividades. Segundo o Sebrae (2018), quase um quarto dos pequenos e médios


empreendimentos não resistem nem aos dois primeiros anos de constituição.

A temática de pesquisa, assim, abordará uma das principais ferramentas de


mitigação destas causas de insucesso das MPEs recém-criadas ou em vias de criação: as

incubadoras de empresas. Organismos que desde sua gênese tiveram como missão o
fortalecimento da cultura empreendedora e inovação para o desenvolvimento regional.

Assim ocorrera nos Estados e Unidos, iniciando na década de 1950 e no Brasil com a
gênese em meados de 1980 (ANPROTEC, 2012).

Porém a Amazônia, um complexo correspondente a 60% do território nacional,


composto pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins

e região ocidental do Maranhão ainda é incipiente quanto ao número de incubadoras.


Assim, em se tratando de Amazônia e também dos institutos federais, que assim
como os demais entes da rede federal, possuem entre as missões o estímulo ao
empreendedorismo, e o desenvolvimento científico e tecnológico, buscar-se-á com

presente artigo descrever o perfil do suporte oferecido pelas incubadoras de empresas


dos Institutos Federais da Amazônia às empresas incubadas, procurando compreender

em que estágio de maturidade estas incubadoras se encontram.

16
2. Referencial Teórico

2.1 Incubadoras

Incubadoras de empresas são habitats que objetivam instrumentalizar a


aceleração e consolidação de empreendimentos vocacionados para a inovação

(ANPROTEC, 2012). Visam, assim, o fortalecimento da ‚musculatura‛ mercadológica para


os micro e pequenos empreendimentos incubados, corroborando dessa forma com a

National Business IncubationAssociation - NBIA (2008), que enxerga a incubadora como


uma sistemática fundamental, principalmente na fase inicial dos empreendimentos

apoiados, momento este em que tais organismos encontram-se mais vulneráveis.


No que diz respeito à concepção do que hoje se entende como incubadoras de

empresas, as primeiras iniciativas datam da década de 1950 nos Estados Unidos, sendo a
primeira originada no Estado da Califórnia (1951) e a segunda em Nova York (1959),

ambas possuindo como escopo a reestruturação econômica americana e a criação de


emprego, em combate à recessão que sucedeu o período pós-segunda guerra.
Porém, somente na década de 1970, à partir do desenvolvimento do polo da
indústria da tecnologia da informação no Vale do Silício, localizado também na

Califórnia é que o processo de incubação de empresas fica mais evidente (SILVA;


VELOSO, 2013). O fomento a incubação ali implementado visava estimular os egressos

recém saídos da academia a enveredarem pelo mundo do empreendedorismo.

Já no Brasil as incubadoras tiveram sua gênese em meados década de 1980 à


partir de políticas públicas que visavam a criação de um programa de desenvolvimento
de parques tecnológicos no país, tendo como carro-chefe o Conselho Nacional de

17
Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq. As primeiras incubadoras do Brasil
tiveram como característica serem direcionadas ao desenvolvimento de

empreendimentos de base tecnológica, como biotecnologia, automação industrial e


tecnologia da informação (ANPROTEC, 2012), surgindo à partir da década de 1990

outras modalidades, como as de atividades tradicionais, economia solidária e


cooperativismo.

Dados da Anprotec (2016) apontam que atualmente o país possui 369


incubadoras, reunindo cerca de 2.310 empresas incubadas e 2.815 empresas já

graduadas, sendo que em 98% dos casos, as empresas incubadas geram produtos e
serviços inovadores em âmbito nacional e 15% em âmbito global e apenas 2% não

inovam, demonstrando assim, relativa maturidade do processo de incubação de


empresas no país.

2.2 Serviços Oferecidos por Incubadoras

Incubadoras de empresas não se tratam de espaços para mera ocupação, com

fornecimento de serviços como telefonia, internet e energia elétrica. Tratam-se de


ambientes colaborativos, que estimulem a interação das organizações incubadas com
outros players do mercado, como investidores, governo, empresas já consolidadas e,
claro, com outras em processo de incubação. Para Sampaio et al (2014, p. 66),

Elas prestam serviços qualificados, possuem corpo gerencial e


técnico habilitados a prestar apoio logístico, gerencial, de mercado,
de capital e tecnológico. Portanto, a incubadora necessita de bons
profissionais para atuarem de modo proativo no planejamento,
assessoramento e acompanhamento das empresas incubadas.
Tanto para agregar valor às atividades das empresas, como para
favorecer o desenvolvimento do perfil comportamental, formação e
incremento das experiências dos empreendedores.

18
Diversos aspectos são levados em consideração para o sucesso dos
empreendimentos em processo de incubação. São fatores humanos, gerenciais e

também conjunturais, podendo ser ameaças bem como oportunidades para o


desenvolvimento do negócio do empreendimento incubado. No que tange ao êxito dos

serviços disponibilizados no processo de incubação, há globalmente diversos estudos


que indicam os fatores determinantes para o sucesso de tais empreendimentos.

2.3 Serviços de Suporte financeiros

Como suporte financeiro podem ser entendidas ações de apoio para a captação

de recursos, para a compra de máquinas e equipamentos, capital de giro, etc. Para a


referida captação, a incubadora deve estimular que as empresas incubadas (ou ela

própria) participem de editais de fomento à ambientes promotores de inovação.


Instituições como FINEP, FAPs, MCTIC lançam editais neste sentido. Medeiros (1998) já

afirmava que, estes tipos de fomento, que ele chama de ‚capital semente‛ também
podem advir através de editais de concessão de bolsas, como é o caso dos editais do

MCTIC.
O suporte financeiro é de extrema importância para as empresas nascentes, pois
apesar de boas ideias, com modelos de negócios vocacionados à inovação, as garantias
e documentos solicitados à estes empreendimentos são os mesmos que para qualquer

tipo de empresa que busca aporte financeiro. Para Raupp e Beuren (2006) o suporte
financeiro é fundamental para o desenvolvimento dos negócios instalados nas

incubadoras. Ambos também entendem que o apoio em captação, pagamento e

aplicação dos recursos financeiros são modalidades de apoio financeiro.

2.4 Serviços de suporte em Infraestrutura

19
O suporte em infraestrutura, trata-se da disponibilização do aparato logístico para

o funcionamento da incubadora em suporte às empresas incubadas. Desta forma, a


disponibilização de salas, serviço de limpeza, segurança, telefonia, copa e cozinha entre

outros, fazem parte do rol de ações de apoio que as incubadoras disponibilizam. Em


resumo, como explicitam Raupp e Beuren (2011), suporte de estrutura dizem respeito às

estruturas física e humana que as incubadoras de empresas fornecem aos


empreendedores incubados.

Já Medeiros e Atas (1995), adicionam que prédios com módulos de uso individual,
hall de entrada, show room, áreas comuns como recepção, secretaria, salas de reunião,

de serviços de apoio e treinamento; serviços de secretaria; serviços de comunicação


como fax, telefone e correio também constam do rol do suporte estrutural das

incubadoras.

2.5 Serviços de suporte Administrativo

Através do suporte administrativo os empreendedores incubados devem


apreender estratégias quanto as atividade intrínsecas enquanto ‚players‛ de mercado.
Assim, estes estarão frente a frente com estratégias quanto a: gestão, marketing, vendas,
contabilidade e assessoria jurídica. Para Ries (2012), o empreendedor, deve abandonar a

ideia do ‚just do it‛ (apenas faça) em detrimento da utilização das práticas


administrativas.

Através do suporte administrativo, os empreendedores incubados poderão ter

acesso à modernas metodologias de gestão, que poderão fortalecer a entrada e


principalmente permanência destes no mercado. Dessa forma, Raupp e Beuren (2011),
entendem que o suporte administrativo disponibilizado pelas incubadoras aos

20
empreendedores corresponde ao processo de gestão das empresas incubadas. A partir
do suporte administrativo, os empreendedores ampliariam seus conhecimentos e

aprendem e teriam as ferramentas para gerenciar a empresa em vários aspectos,


condição esta, essencial para a sobrevivência no mercado.

3. Metodologia

A presente pesquisa fora realizada sob a ótica da tipologia exploratória e descritiva,

que para Almeida (2012) deve ser utilizada quando se tem como objetivo a descrição
das características de determinada população, sendo que a padronização quanto ao uso

de técnicas de coletas de dados estão entre as principais características desta tipologia


de pesquisa.

Quanto aos meios para o levantamento dos dados, optou-se pela utilização do
levantamento Survey, que para Babbie (1999), trata-se de um instrumento de pesquisa

que visa funcionar como mecanismo de exploração, de aplicação para o entendimento


inicial de determinado tema, buscando abarcar possíveis elementos críticos de um

estudo.
A coleta dos dados ocorrera entre os meses de novembro de 2018 e fevereiro de
2019, sendo que contou com a abordagem quantitativa e qualitativa, que para Babbie
(1999), leva em consideração tanto os instrumentos estatísticos, quanto a importância

dos processos e não apenas dos produtos.


O estudo contemplou uma população de 06 incubadoras, distribuídas nos 09

institutos federais que fazem parte da Amazônia brasileira, sendo contatados os

institutos federais dos seguintes estados: Amapá, Pará, Amazonas, Acre, Rondônia,
Roraima, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão. Fora realizado inicialmente contato
telefônico com os responsáveis pela gestão das incubadoras, por meio de acesso à uma

21
comunidade em uma rede social denominada de ‚Incubadoras da Rede Federal
(RFEPCT)‛.

Através da ciência de todos os responsáveis pela gestão das incubadoras, fora


realizada entrevista preliminar buscando absorver também dos gestores das incubadoras

possíveis questões que pudessem enriquecer o presente estudo, além do que fora
planejado no projeto desta pesquisa.

A posteriori fora encaminhado a cada uma um formulário eletrônico para a coleta e


apoio na tabulação dos dados. Os questionários continham perguntas abertas e

fechadas e foram aplicados a todos os coordenadores ou responsáveis das incubadoras.


Devido ao pouco número de incubadoras existentes, optou-se pela coleta e análise

dos dados da totalidade destas e não pela seleção de amostra, como seria possível caso
o número de instituições consultadas exorbitasse, dificultando a realização do estudo.

Foram pesquisadas as seguintes incubadoras dos Institutos Federais: a) Incubadora


Tecnológica de Cooperativismo e Economia Solidária (Pará); b) Incubadora de Empresas

Ayty (Amazonas); c) Rede de Incubadoras de Redinova (Rondônia); d) Incubadora de


Empresas (Tocantins); e) Incubadora de Empreendimentos Tradicionais Incubac (Acre) e

f) Incubadora de Empresas do Ativa (Mato Grosso).


Os IFs dos Estados do Amapá, Maranhão e Roraima ainda não possuem incubadoras
em funcionamento. Destas, a do Instituto Federal do Amapá (IFAP) e de Roraima (IFRR)
já encontram-se em estágio de comissões/grupos de trabalho para a criação. Já no caso

do Instituto Federal do Maranhão (IFMA) ainda não há perspectiva de criação de


incubadora em 2019. Em virtude de tal contexto, constarão na presente pesquisa os

dados (quantitativos e qualitativos) relativos às incubadoras já em funcionamento.

4. Análise e Interpretação dos Resultados

4.1 Caracterização das incubadoras pesquisadas

22
A investigação realizada na busca pela caracterização das incubadoras de

empresas dos IFs da Amazônia resultou nos seguintes dados: número de incubadoras
por ramo, área de atuação das empresas incubadas, tempo de funcionamento da

incubadora, tempo médio e tempo limite de incubação, número de empresas incubadas,


número de empresas graduadas, informações sobre os recursos humanos em atuação

nas incubadoras e por fim o detalhamento sobre os serviços técnicos oferecidos pelas
incubadoras aos empreendimentos apoiados.

4.1.1 Descrição geral sobre a área de atuação das incubadoras

No quadro 2 serão descritas as áreas preponderantes de atuação das incubadoras

consultadas, sendo divididas entre as tipologias de incubadoras: de base tecnológica, de


setores tradicionais e de atuação mista, em que entende-se que a incubadora tenha

‚knowhow‛ para dar o suporte tanto às de base tecnológica, quanto as de atuação em


setores tradicionais da economia.

Quadro 2: Número de incubadoras por área de atuação


TIPO DE INCUBADORA Nº PERC.
Incubadoras de Empreendimentos de Base 1 16,67%
Tecnológica
Incubadoras de Empreendimentos de Setores 0 0,00%
Tradicionais
Incubadoras de Empreendimentos de Atuação Mista 5 83,33%
Total 6 100%
Fonte: Dados da pesquisa.

Como resultado, tem-se a descrição de que atualmente nos IFs da Amazônia a


tipologia preponderante de atuação é a de incubadoras de atividades econômicas

mistas, ou seja, incubadoras que prestam assistência tanto a empreendimentos de base

23
tecnológica (Startups, Spin-Offs,etc), quanto a empreendimentos de base tradicional
(agricultura familiar, costura, artesanato, etc).

Em comparação com a pesquisa realizada por Raupp e Beuren (2012), que em


levantamento sobre o perfil do suporte oferecidos pelas incubadoras brasileiras às

empresas demonstrou que na região Norte existia apenas 1 incubadora, sendo esta de
atuação mista, diferente do contexto nacional, que na mesma pesquisa apresentava em

sua maioria, incubadoras de base tecnológica.


Os dados acima constantes corroboram com a Anprotec (2012), quando afirma

que as incubadoras de atuação mista, vem desde meados da década de 1990 ganhando
cada vez mais espaço. Segundo os gestores das incubadoras dos IFs da Amazônia

entrevistados, tal fato seria explicado em virtude da carência de mão de obra para
atuação no suporte à empreendimentos de maior complexidade, como os de base

tecnológica.
4.1.2 Ramo de atuação das iniciativas em processo de pré-incubação em

incubação

O entendimento das incubadoras estudadas não estão dissociados da


compreensão dos empreendimentos assistidos. Assim, segue no quadro 3 o
detalhamento quanto ao ramo de atuação das iniciativas apoiadas (em processo de pré-
incubação) e das empresas (incubadas) por parte dos IFs da Amazônia.

Quadro 3: Detalhamento das áreas de atuação das iniciativas apoiadas por instituto
federal.
RAMOS DAS INICIATIVAS APOIADAS
Quím/Alimen
TI Reciclagem Coop/Ec.Sol. Outros
N° IF .
Nº Nº Nº Nº Nº
1 IFPA - - - 03 -
2 IFAM 5 1 - - -

24
3 IFRO 2 % 2 % 1 % - % 1 %
4 IFTO - - 2 - 1
5 IFAC 3 3 3 - 1
6 IFMT - 6 - - -
Total 10 29,41% 12 35,29% 6 17,65% 3 8,82% 3 8,82%
Total de Iniciativas Apoiadas (pré-incubação e incubação) 34
Fonte: Dados da pesquisa.

Apesar de não fazer parte diretamente do escopo da presente pesquisa, entende-


se que o conhecimento das áreas de atuação dos negócios apoiados também faz parte

indiretamente do processo de compreensão do perfil de atuação das incubadoras

estudadas. Percebeu-se que das 34 iniciativas apoiadas, quase 65% são compostas por
atividades ligadas à tecnologia da informação, à indústria química e de alimentos, áreas

que, através de fortes ações em pesquisa e desenvolvimento (P&D) podem gerar


dividendos à região, através da transferência de possíveis produtos e serviços

inovadores para o mercado.


Já quanto aos 35% restantes, referem-se a empreendimentos relacionados ao

cooperativismo, economia solidária, agricultura familiar e reciclagem, atividades


fortemente relacionadas à cultura e atividades do homem amazônida, com forte teor de

inclusão social, mas com menor tendência de escalabilidade da produção.


Tomando por base as diversas tipologias de incubadoras adotadas pela Anprotec

(2012): mistas, tradicionais ou de base tecnológica, bem como as novas modalidades


emergentes de incubadoras: setoriais, agroindustriais, de cooperativas e culturais,

verifica-se que as incubadoras dos IFs da Amazônia possuem iniciativas apoiadas em


quase todas estas modalidades.

4.1.3 Estágio do vínculo no processo de incubação com as incubadoras

Quando da prospecção de empreendimentos ou iniciativas por parte das


incubadoras, não ocorre necessariamente o imediato processo de incubação. Pode

25
ocorrer uma etapa anterior, a pré-incubação, que visa o amadurecimento da iniciativa
apoiada, buscando verificar se esta realmente terá as condições mínimas para o

processo de incubação em si. Assim, segue no quadro 4 a caracterização quanto ao


estágio de incubação, informando o quantitativo e percentual de iniciativas incubadas e

em pré-incubação.

Quadro 4: Detalhamento do estágio de incubação dos empreendedores com as


incubadoras
ESTÁGIO DE INCUBAÇÃO Nº %
Iniciativas em Pré-Incubação 15 44,12%
Empreendedores em Incubação 19 55,88%
Total 34 100%
Fonte: Dados da pesquisa.

Dado o exposto no Quadro 4, o número de iniciativas em pré-incubação


corresponde a 44,12%, demonstrando que as incubadoras da Amazônia dedicam boa

parte dos esforços para o suporte inicial a grupos que pretendem formalizar empresas,
como: alunos, docentes, membros da comunidade, participantes de eventos de

promoção do empreendedorismo (Startup Weekends, Hackatons, feiras etc) e à


atividades introdutórias ao processo de incubação, como hotéis de projetos e empresas

Jr.
Verifica-se como fundamental a atividade de pré-incubação, corroborando assim

com Raupp e Beuren (2006) que entendem que incubadoras ainda iniciantes devam
dedicar ao menos os 2 primeiros anos de funcionamento para as atividades de pré-

incubação, para que a equipe da incubadora também adquira experiência para adentrar
nas atividades de maior complexidade.

Verifica-se, ainda, o grau de relevância no processo de pré-incubação, quando


observa-se o exposto por Sousa et al (2017) que em pesquisa realizada detectou que a
maioria das iniciativas em pré-incubação possuem pouco conhecimento sobre a
26
estrutura formal do plano de negócios, planejamento estratégico, formação de preços
além de custos operacionais.

Assim, explica-se o fato de pouco mais da metade (55,88%) das iniciativas


apoiadas dizerem respeito a empreendimentos já em processo de incubação,

demonstrando que as incubadoras dos IFs da Amazônia encontra-se ainda em


amadurecimento.

4.1.4 Modalidade de incubação e vínculo das iniciativas apoiadas pelas

incubadoras

Empreendimentos residentes são os que utilizam da estrutura física da


incubadora para o desenvolvimento de de suas atividades. Já as não residentes fazem

uso do suporte da incubadora, sem no entanto estarem instaladas fisicamente na


incubadora. Assim, Através do quadro 5, será apresentado o tipo de vínculo que os

empreendedores apoiados possuem com as incubadoras dos IFs da Amazônia:


residentes ou não residentes.

Quadro 5: Vínculo com as incubadoras de empresas e modalidades de incubação

VÍNCULO COM A INCUBADORA Nº %


Empreendimentos Residentes 12 35,29%
Empreendimentos não residentes 22 64,71%
Total 34 100%
Fonte: Dados da pesquisa.

Da análise com o vínculo com a incubadora, infere-se que, a maior parte dos
empreendimentos hoje apoiados pelos IFs da Amazônia, são da modalidade de não

residentes. Ou seja, trata-se de empreendimentos que possuem o suporte das


incubadoras, mas que não necessariamente estão instaladas nas dependências destas.

27
Dos 35,29% de empreendedores incubados, os Institutos Federais do Amazonas,
Tocantins e Rondônia são responsáveis quase pela totalidade, o que representa o grau

de maturidade destas incubadoras.


Os 64,71% referentes ao indicativo de empreendimentos não-residentes constam

na maior parte aos IFs do Acre, Pará, e Mato Grosso. Para a incubação na modalidade
residente, as incubadoras necessitam de estrutura física como: salas, computadores,

serviços de limpeza, segurança, etc, espaços, estes que por vezes as instituições podem
não possuir.

Raupp e Beuren (2011) afirmam que a disponibilização de salas, serviço de


limpeza, segurança, telefonia, copa e cozinha entre outros, fazem parte do rol de ações

de apoio que as incubadoras disponibilizam. Medeiros e Atas (1995), ainda adicionam


itens como: prédios com módulos de uso individual, hall de entrada, show room, áreas

comuns como recepção, secretaria, salas de reunião, de serviços de apoio, etc.


Assim, entende-se que devido à complexidade, custos e planejamento para se

possuir tais espaços, é que as incubadoras consultadas ainda priorizam a modalidade de


incubação não residente.

4.1.4 Dos Recursos humanos vinculados às incubadoras consultadas

No Quadro 6, seguirão as informações relacionadas aos recursos humanos


atuantes nas incubadoras, onde serão apresentados a quantidade e percentual quanto

ao vínculo funcional dos colaboradores e o grau de instrução.

Quadro 6: Números quanto ao vínculo dos recursos humanos ligados às incubadoras


VÍNCULO DOS COLABORADORES Nº %
Servidores efetivos 23 85,19%
Bolsistas 2 7,41%
Terceirizados 2 7,41%
Total 27 100%
Fonte: Dados da pesquisa.
28
Segundo o levantamento realizado, atualmente os IFs da Amazônia, possuem 27
colaboradores (servidores efetivos, bolsistas e terceirizados) diretamente vinculados às

incubadoras. Fora percebido que o único instituto federal a contar com servidores
terceirizados nas atividades da incubadora é o Instituto Federal do Amazonas (IFAM),

que conta, também somado ao Instituto Federal do Rondônia (IFRO) com o maior
número de servidores efetivos dedicados às suas incubadoras, contando cada uma com

06 servidores efetivos cada.


Entende-se, que seria salutar um número maior de bolsistas atuando nas

incubadoras, para o suporte ao processo de formação e desenvolvimento de


empreendedores. Quando se fala em bolsistas, se entende tanto pela atuação de

discentes dos níveis médio (técnico) e superior, quanto de bolsistas já formados, como
ocorre no caso da contratação de bolsistas ‚consultores‛, como os quais o Conselho

Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) vez por outra lança.


Sampaio et al (2014, p. 66) entendem que para o cumprimento de sua missão, as

incubadoras devem possuir corpo gerencial e técnico habilitados a prestar o apoio


logístico, de mercado, de capital e tecnológico. Destarte, devido a carência de capital

humano citada por todo os gestores de incubadoras consultados, lançar-se mão de


profissionais como bolsistas, e terceirizados, seria uma das soluções para o cumprimento
desta missão. Neste prisma, Raupp e Beuren (2011), também tratam da importância do
capital humano enquanto ferramenta primordial para as incubadoras.

Ao se tratar de corpo gerencial e técnico, Oliveira e Borges (2012) propuseram


que as incubadoras deveriam possuir no mínimo: coordenador da incubadora, gerente

(estes sendo servidores efetivos), administrador, contador, secretária, bolsistas e

estagiários.

29
Em países como Estados Unidos e da Europa há ainda a figura do empreendedor
visitante, profissional já atuante no mercado, e que desempenha importante papel para

o desenvolvimento dos empreendimentos apoiados NBIA (2008).


No Quadro 7, constarão as informações sobre o grau de instrução dos

colaboradores em atuação nas incubadoras dos IFs da Amazônia.

Quadro 7: Grau de instrução dos recursos humanos ligados diretamente às incubadoras


GRAU DE INSTRUÇÃO Nº %
Nível Médio 9 33,33%
Nível Superior 18 66,67%
Total 27 100%
Fonte: Dados da pesquisa.

Observa-se que 66,67% da mão de obra atuante são de pessoas com nível
superior o que pode indicar uma boa qualificação do quadro de colaboradores. Porém,

o que não significa uma boa qualificação especificamente para o desenvolvimento das
atividades nas incubadoras, o que se entende que conhecimentos sobre atividades

empresariais, rotinas administrativas, marketing, etc seriam fundamentais para a atuação


nestes ambientes.

Outro fator importante observado é que o índice de rotatividade, conhecido


também como turn over de gestores e demais colaboradores nas incubadoras é
significativo, o que também pode prejudicar os trabalhos. Assim, mesmo que haja uma
mão de obra qualificada, a falta de retenção desta pode implicar em grandes prejuízos

quanto à continuidade das atividades da incubadora.


Todos os gestores das incubadoras possuem nível superior, sendo que a maioria

com pós-graduação Lato Sensu. Na pesquisa realizada por Raupp (2012), que investigou
o grau de instrução dos coordenadores das incubadoras brasileiras, verificou-se que

apenas 20,37% do universo pesquisado não possuía graduação e que 50% não.

30
Assim, verifica-se que comparativamente que os IFs da Amazônia possuem um
número maior de graduados comparados com a pesquisa realizada à época.

4.1.5 Forma de acesso das empresas às incubadoras da Amazônia

A metodologia de acesso das empresas incubadas às incubadoras é um aspecto

de grande relevância no processo de prospecção de novos empreendimentos s serem


apoiados. Questões como as vocações das incubadoras, recursos humanos para a

atividade de suporte aos incubadoras, etc são questões importantes quando ao se


planejar a metodologia de acesso dos novos empreendimentos às incubadoras

ofertantes.
No Quadro 8, constarão os números quanto às formas de acesso para a atividade

de incubação.

Quadro 8: Números sobre a forma de acesso dos empreendedores às incubadoras


FORMAS DE ACESSO Nº %
Via Edital – Plano de Negócios 1 16,67%
Via Edital – Outros formatos de Seleção 4 66,67%
Outros (Sem editais) 1 16,67%
Total 6 100%
Fonte: Dados da pesquisa

Através das respostas adquiridas pelo formulário e por diálogos via telefone com

os gestores das incubadoras dos IFs amazônicos, pode-se observar que a submissão a
editais para o acesso aos serviços da incubadora correspondem a mais de 83% dos

casos.

Com relação aos 16,7% restantes, este trata-se da incubadora do Instituto Federal
do Pará – IFPA, que para a escolha das empresas incubadas, realiza visitas técnicas de

31
sensibilização a empreendimentos como cooperativas, associações e empreendimentos
de baseados em economia solidária.

Além da existência do plano de negócios, com relação aos critérios para seleção,
a viabilidade econômica do negócio, o impacto com relação à atividade inventiva e a

vinculação às vocações regionais estão entre os critérios mais citados pelos gestores das
incubadoras consultadas. Na Quadro 9 seguirão as informações sobre os números

relativos às atividades de suporte administrativo fornecidos pelas incubadoras dos IFs da


Amazônia. Ressalte-se que nas Quadros vindouras não constarão as somas do total

numérico e percentual, em virtude de haver mais de uma incubadora fornecendo o


mesmo tipo de suporte.

Raupp e Beuren (2012) verificaram que na fase de seleção os itens do suporte de


estrutura mais disponibilizados às empresas incubadas eram os serviços de treinamento,

onde na pesquisa realizada resultou em um percentual de 16,16% das incubadoras


consultadas.

4.1.6 Tipologia quanto ao suporte administrativo fornecido

Segundo o Sebrae (2018), o suporte administrativo é um dos pontos críticos dos


empreendimentos nascentes. Assim, foi realizado levantamento das principais tipologias
de suporte administrativo demandados pelas iniciativas apoiadas e oferecidos pelas

incubadoras, seguindo, assim o descrito no quadro 9.

Quadro 9: Números quanto aos tipos de atividades de suporte administrativo


fornecidos
SUPORTE ADMINISTRATIVO Nº %
Serviços Contábeis 3 50%
Orientação Jurídica 4 66,7%
Apoio em Divulgação e Marketing 5 83,3%
32
Registro e Legalização da Empresa 5 83,3%
Cessão de Equipamentos e Laboratórios 5 83,3%
Apoio na Aquisição de Materiais e 4 66,7%
Equipamentos
Serviços de Registros de Transf. de Tecnologia 1 16,68%
Outros 4 50,02%
Fonte: Dados da pesquisa.
Observa-se que o apoio em divulgação e serviços de marketing, a cessão de

equipamentos e laboratórios (Serviço de Label's) e os serviços de legalização das


empresas são os serviços mais oferecidos pelas incubadoras. Em comparação com o

estudo realizado por Raupp e Beuren (2011), pode-se verificar que o suporte
administrativo empreendido pelas incubadoras estudadas encontra-se de acordo com o

contexto nacional.
Porém, em ambas as pesquisas as atividades menos citadas foram as relacionadas

à proteção da propriedade intelectual (PI) e transferência das tecnologias (TT)


desenvolvidas pelos empreendimentos incubados. Apenas 16,68% das incubadoras

consultadas realizam este tipo de orientação e naquela não houve registros de serviços
na área PI e TT.

Já ao analisar comparativamente ao estudo realizado pela Anprotec (2012), que


através do documento intitulado ‚Estudo, Análise e Proposições sobre as Incubadoras de
Empresas no Brasil‛ divulgou um perfil do atendimento realizado pelas incubadoras do
país, observa-se que assim como no caso dos IFs consultados, os serviços de apoio

administrativo foram altamente demandados. Porém, os serviços de apoio ao


desenvolvimento da área fim da empresa, foram no caso da pesquisa realizada pela

Anprotec muito mais demandados que os serviços de cunho administrativo, como

secretaria, apoio contábil e/ou jurídico.

4.1.7 Tipologia quanto ao suporte financeiro fornecido


33
A gestão quanto a captação, aplicação e demais ações quanto ao incremento de

suporte financeiro aos empreendimentos incubados também estão no rol de ações


estratégicas para a gestão destes. Desta forma, segue no quadro 10 dados relacionadas

às atividades de suporte financeiro, com a indicação das ocorrências em números e


percentual, além das considerações qualitativas.

Quadro 10: Números quanto aos tipos de atividades de suporte financeiro fornecidos
SUPORTE FINANCEIRO Nº %
Suporte quanto à captação de recursos 5 100%
Consultoria para a Aplicação de Recursos 4 80%
Outros 3 60%
Fonte: Dados da pesquisa.

Quanto ao suporte financeiro, as incubadoras dos IFs da Amazônia não diferem


muito quanto às modalidades de suporte aplicadas nacionalmente. A totalidade das

incubadoras consultadas dizem prestar suporte quanto ao fomento à captação de


recursos (empréstimos e financiamentos) e 80% informaram capacitar os

empreendimentos quanto à aplicação de recursos.


Seguindo a mesma tendência, em pesquisa realizada por Raupp e Beuren (2012),

a captação de recursos e os custos compartilhados foram os itens do suporte financeiro


mais disponibilizados às empresas incubadas na fase de desenvolvimento, ficando a

aplicação de recursos e custos compartilhados ocupando posições relevantes na


pesquisa.

4.1.8 Tipologia quanto ao suporte em infraestrutura fornecido

O suporte quanto a infraestrutura relaciona-se aos empreendimentos residentes,


tendo em vista os não residentes não utilizarem da estrutura física das incubadoras.
34
Assim, serão descrito no quadro 11 os tipos de suporte em infraestrutura mais
disponibilizados às iniciativas incubadas.

Quadro 11: Números quanto aos tipos de atividades de suporte em infraestrutura


fornecidos
SUPORTE EM INFRAESTRUTURA Nº %
Sala para Funcionamento 5 83,3%
Show Roon para Apresentação de Produtos 1 16,7%
Serviços de Telefonia 3 50%
Serviços de Internet 5 83,3%
Serviços de Limpeza e Segurança 5 83,3%
Acesso à Biblioteca Institucional 5 83,3%
Acesso aos Laboratórios do Campus (Label) 5 83,3%
Outros 3 50%
Fonte: Dados da pesquisa
Quanto ao suporte em infraestrutura, verifica-se a grande incidência do processo

ainda vinculado ao fornecimento de salas com serviços de telefonia, internet e acesso a


toda a infraestrutura disponível também ao corpo discente da instituição, como

laboratórios e bibliotecas.
Como menor número, constam as experiências quanto à disponibilização de

espaço (show Room) para a apresentação dos produtos e serviços desenvolvidos pelos
empreendimentos incubados. Assim, depreende-se que caso seja fortalecido tal

modalidade de serviço, ajudaria no incremento dos produtos e serviços oferecidos por


estes empreendimentos. Basta para isso observar o exposto na Quadro 3, onde quase

65% dos produtos e serviços fornecidos pelos empreendimentos incubados nos IFs da
Amazônia são compostos por atividades ligadas à tecnologia da informação e a indústria

química e de alimentos.
Os dados supramencionados não diferem muito dos apresentados na pesquisa

realizada por Raupp e Beuren (2012), onde verificou-se que entre os itens mais
disponibilizados pelas incubadoras brasileiras às empresas incubadas eram os serviços

35
de limpeza e segurança, e os sanitários e copa, além dos serviços de serviços
disponibilização de recepção e salas de reunião e treinamento.

4.1.9 Informações quanto à viabilização do negócio dos empreendimentos

apoiados

No quadro 11 constarão as informações concernentes ao suporte específico


quanto às atividades dos negócios dos empreendedores apoiados. Destarte, o apoio

quanto as vendas, capacitações em marketing, planejamento estratégico, e quanto à


defesa da propriedade intelectual estarão entre as questões focadas.

Quadro 11: Números quanto aos tipos de suporte específicos quanto à atividade do
negócio
SUPORTE QUANTO À ATIVIDADE DO NEGÓCIO Nº %
Consultoria/Capacitação na Elab. de Planos de Neg. 6 100%
Consultoria/Capacitação em Marketing e Vendas 6 100%
Consultoria/Capacitação em Propriedade Intelectual 5 83,3%
Outros 2 33,3%
Fonte: Dados da pesquisa.

Seguindo o indicativo dos demais gráficos, quanto às capacitações em marketing


e vendas (Ex.:design thinking), elaboração de planos e modelos de negócios (business

plan, business modelcanvas, etc) as incubadoras têm desenvolvido a contento o suporte


às iniciativas apoiadas. Porém, tendo em vista o apresentado na Quadro 11, em virtude

da carência de mão de obra qualificada e da pouca demanda por parte dos

empreendimentos apoiados, as capacitações e suporte quanto a defesa da propriedade


intelectual ainda são os serviços de menor incidência entre os empreendimentos

apoiados.

36
Em comparação com recente estudo realizado pela Anprotec (2016), o apoio
quanto ao fortalecimento das competências para a elaboração de planos de negócios e

aos serviços de marketing e vendas, foram as atividades de maior demanda em ambas


as pesquisas. Outra coincidência fora que itens como apoio para a internacionalização

da empresa, contatos com profissionais seniores e exportação estão entre os itens de


menor incidência foram pouco citados enquanto demanda das empresas incubadas.

Já em comparação com o estudo realizado por Raupp e Beuren (2011), que


dividiu as demandas dos empreendimentos incubados por fases (seleção, implantação,

desenvolvimento, crescimento e liberação) onde apontou que as assistências em


marketing e orientação mercadológica foram as de maior demanda na fase de liberação.

Esta fase, é a última no processo de incubação representa a etapa em que a empresa já


está pronta para sair da e seu faturamento já atingiu um nível que a permite migrar para

uma nova sede física (MOREIRA, 2002).

4.1.10 Informações sobre se as incubadoras possuem receitas próprias ou não

No quadro 12, tratar-se de uma questão que demonstra significativamente o grau


de maturidade de uma incubadora: a quantidade de organizações que possuem receita
própria e que não dependem exclusivamente das entidades mantenedoras, neste caso
os institutos federais.

Quadro 12: Quantidade de incubadoras que possuem receita própria


INCUBADORAS QUE POSSUEM RECEITA PRÓPRIA Nº %
Possuem Receita Própria 1 16,7%
Não Possuem Receita Própria 5 83,3%
Fonte: Dados da pesquisa.

37
Através da análise da Quadro, observa-se que a maioria das incubadoras dos IFs
da Amazônia, ainda não possui fontes próprias de receita para a sustentação de suas

atividades. Ou seja, os valores pagos pelos empreendimentos incubados não são


suficientes para a subsistência da incubadora. Assim, 83,3% das incubadoras dos IFs da

Amazônia necessitam dos valores descritos na Programação da Lei Orçamentária Anual


(PLOA) da instituição para a execução das atividades de incubação.

O resultado da contabilização das contrapartidas de instituições parceiras, que


financeira ou economicamente também contribuem para com a receita das incubadoras

foi tão irrelevante que não constaram nos resultados desta pesquisa.
Dado o quadro exposto, verifica-se, mais uma vez a incipiência das incubadoras

dos institutos federais da Amazônia, ressaltando-se que nenhuma das incubadoras


consultadas informou ter algum vínculo ou ação conjunto com fundação de apoio,

órgão que pode ajudar decisivamente na captação e gestão e aporte de recursos nas
incubadoras.

4.1.11 Principais dificuldades relatadas pelos gestores das incubadoras

A descrição qualitativa da presente pesquisa, ocorrera enquanto resultado do


diálogo com os gestores das incubadoras, ouvindo-os sobre as características, carências
e forças do ‚ecossistema regional de incubadoras‛ dos IFs da Amazônia. Assim, após

consultas por telefone e também por formulário específico perguntando quais eram as
principais dificuldades encontradas pelas incubadoras dos IFs da Amazônia para a

realização de suas atividades, foram descritas as seguintes questões: a) Carência de

equipe técnica própria; b) necessidade de gestores com dedicação exclusiva a


incubadora; c) falta de capacitação dos servidores dos Campi que atuam diretamente
com as empresas; d) ausência de comunicação entre Campi e Reitoria quanto à missão

38
de cada na atividade de incubação; e) Dificuldade para o encontro de parceiros externos
para o apoio às atividades da incubadora; f) desconhecimento dos servidores dos Campi

da existência da Incubadora; g) ausência de Planejamento por parte dos coordenadores


das incubadoras nos Campi e h) Falta de um acompanhamento dos empreendimentos já

incubados (Pós-Incubados).
Principalmente no que tange à letra ‚b‛, observa-se a consonância com o descrito

no Estudo, Análise e Proposições sobre as Incubadoras de Empresas no Brasil realizado


pela Anprotec (2012), em que já naquela época revelava que a qualificação dos

profissionais responsáveis pela gestão e pelo apoio às empresas incubadas fora


considerada uma das grandes dificuldades enfrentadas pelas incubadoras, aliada aos

entraves na obtenção de recursos na busca da sustentabilidade e na integração desses


mecanismos aos sistemas locais e regionais de inovação.

Pode-se realizar, porém, outras observações à partir das informações coletadas.


Das 06 incubadoras consultadas, apenas uma (IFAM) possui um sítio próprio, com

diversas informações (regimento, editais, informações sobre empresas incubadas, etc)


para a consulta por parte da comunidade. Além disso outras formas de mídia social

também poderia ser abarcadas pelas incubadoras, porém apenas 2 incubadoras (IFAM e
IFMT) possuem página em mídia social alternativa(Facebook).
Outra questão fortemente apontada pelos gestores das incubadoras fora a
necessidade de fortalecimento das parcerias institucionais. Apesar da formalização dos

instrumentos de cooperação técnica, as atividades de incubação têm ficado na maior


parte das incubadoras consultadas com a própria equipe da incubadora. Em todas as

unidades consultadas o Sebrae é o principal parceiro na atividade de incubação, sendo

que este também possui limitações quanto à mão de obra.


Uma das soluções para a carência de profissionais com knowhowseria a utilização
de empreendedores convidados, como ocorre com frequências em universidades

39
americanas, europeias e em algumas de centro-sul do país. Trata-se de empreendedores
já em atuação no mercado e com larga experiência, podendo compartilhar com a

público incubado tal expertise.

5. Considerações Finais

A presente pesquisa obteve sucesso no objetivo almejado de duas formas. A primeira


se deu ao fato de ter conseguido realizar uma análise mais profunda quanto o atual

estágio de funcionamento das incubadoras dos institutos federais da Amazônia. Já a


segunda é que de posse dos dados será possível realizar comparativos tanto com outras

regiões do país, quanto com modelos internacionais de incubação, buscando, um


melhor entendimento sobre o processo de incubação e sobre como melhorar a

realidade das incubadoras da região.


Pode-se confirmar que as incubadoras de empresas amazônicas ainda têm muito a

evoluir, principalmente no que tange ao suporte específico à defesa das criações


desenvolvidas, quanto a transferência destas tecnologias para o mercado e também

quanto a capacitação do corpo técnico atuante nesses espaços.


Relacionando, pois, ao Estado do Amapá, que como falado possui atualmente apenas
uma incubadora, e que não funciona na plenitude do que fora planejado, espera-se que
esta pesquisa possa servir de embasamento para ações no que tange ao fortalecimento

e articulação para o aumento da capilaridade institucional. Para tanto, entende-se que


um programa ou estratégia estadual de desenvolvimento de incubadoras seria um dos

caminhos a serem seguidos.

Com tal iniciativa, entende-se que as ICTs e instituições de ensino estaduais e


federais poderiam através de aliança estratégica fortalecer o estímulo ao
empreendedorismo e desenvolvimento socioeconômico local, reduzindo, assim alguns

40
números desconfortantes como ocorre relação à atividade econômica amapaense, como
o índice de desempregados (21,5%) o maior do país em números relativos, segundo o

IBGE (2018).
Reforça-se, assim, a importância do fortalecimento das estratégias quanto ao

processo de incubação de empresas para que o país não fique na contramão do


processo de estímulo à inovação radical global.

6. Referências

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possibilidades. Brasília, DF: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de
Brasília, 2012.
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41
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43
AS RELAÇÕES ENTRE OS MECANISMOS DE GOVERNANÇA DO TCU COM
METODOLOGIA ÁGIL DE PROJETOS SCRUM: UM ESTUDO DE CASO EM UMA

SECRETARIA DE ESTADO DA AMAZÔNIA ORIENTAL.

CristhianAdan Rodrigues Brito


Eline Olímpia de Souza Queiroz
Aléxia Galvão Assunção
Cláudio Márcio Campos de Mendonça

RESUMO:
A finalidade deste artigo consiste na análise das relações entre os mecanismos de
governança adotados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) com a metodologia ágil
Scrumem uma Secretaria de Estado na região da Amazônia Oriental. Sob o prisma
metodológico, este estudo é exploratório e descritivo, sendo sua abordagem de cunho
qualitativo, onde foi realizado um estudo de caso. Como instrumento de coleta de
dados, elaborou-se uma entrevista com base em pesquisas exploratórias e nos
mecanismos de governança pública do TCU, tendo como participantes os
representantes dos três principais níveis hierárquicos da organização. No tratamento
dos dados coletados, foi realizada análise de conteúdo. Os resultados sugerem que no
PRODAP, na percepção dos gestores, há alinhamento com os mecanismos de
governança do TCU, de modo que a metodologia ágil Scrumauxilia no processo de
alcance dos objetivos estratégicos de maneira eficiente e eficaz, além de contribuir
com controle e acompanhamento da execução das atividades internas e a mitigação
deriscos.

Palavras-chave: gestão de projetos, metodologia ágil scrum, governança,


administração pública.

1 INTRODUÇÃO

A reconfiguração do modelo de administração pública pautada sob a ótica da


gestão por resultados tem apresentado uma crescente ampliação no quesito de

prestar serviços públicos com qualidade, levando eficiência e garantindo a satisfação


do maior cliente do Estado, o cidadão.
44
A sistemática acima descrita tem completa ligação com o processo evolutivo
dos moldes de administração adotados anteriormente no Brasil, desde o Patrimonial

ao Gerencial, visto que essa escala de evolução acompanha o desenvolvimento da


sociedade como um todo que necessita de resultados que façam a diferença.

Desta forma, frente aos diversos escândalos de corrupção dentre outros


fatos, partindo deste princípio de gestão por resultados, cresceu exponencialmente

a aplicação do conceito de governança corporativa no setor público que, conforme


Silva (2012) representa uma sistemática de aprimoramento de gestão e não uma

moda. Isso implica dizer que ela objetiva transformar uma organização desordenada
em um ambiente mais coerente, ético e eficiente, reduzindo os níveis de conflitos,

resultando em uma maior transparência para a administração. Ainda conforme Silva


(2012), em um conceito mais amplo, expõe que a governança corporativa é a união

de atitudes que tem por escopo a otimização do funcionamento de uma


organização, pública ou privada, resguardando a identidade dos investidores,

funcionários e detentores de crédito, viabilizando o acesso à recursos.

A partir da idealização da Nova Gestão Pública, diversas ferramentas

primordialmente utilizadas nas empresas do setor privado foram implementadas no


setor público, buscando a maximização dos resultados, redução de custos para os

cofres públicos, uma maior presença da voz da sociedade na tomada de decisões e


consequentemente maior transparência quanto ao gerenciamento do

patrimônioestatal.
O presente artigo busca por meio de um estudo de caso em um órgão

público responsável pela tecnologia da informação no estado do Amapá, analisar as


relações entre os mecanismos de governança adotados pelo Tribunal de Contas da
União (TCU) com a metodologia ágil Scrumem uma Secretaria de Estado na região
Amazônica.
45
2 REFERENCIALTEÓRICO

2.1 EVOLUÇÃO DOS MODELOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL

Conjecturou-se por volta do século XVIII, no Brasil, um modelo de

administração
pública advindo dos europeus no qual era bastante difícil distinguir as esferas pública

e privada, implicando diretamente na confusão entre patrimônio público e particular


do governante, tal modelo era denominado Patrimonial e, segundo Paludo (2012), foi

a primeira referência de administração do Estado, por mais desorganizado que fosse.


A forma como o gestor, na época o monarca, governava, desfrutava de uma margem

muito grande de atuação e influência, implicando diretamente em situações


inconcebíveis dentro da administração pública como nepotismo e corrupção que para

Bresser Pereira e Spink (2012) caracterizavam a norma de atuação na


administraçãoPatrimonial.

Para Felini (2013) a referência do conceito de administração pública

Patrimonial se dá ao sociólogo e economista alemão Max Weber (1864-1920), que


caracterizou tal modelo como uma dominação sobre a população, de forma que era

tomada como típica a ação de o gestor apropriar-se do patrimônio público em


detrimento da satisfação de suas necessidades pessoais, deixando a população

socioeconomicamente vulnerável.
Com a necessidade de superar o patrimonialismo, surgiu então o modelo

Burocrático que, para Silva (2015), foi fundamental, pois, é o modelo transitório
entre o Patrimonial e o Gerencial, que coagiu para que sucedesse uma
administração competente, impessoal e rígida.
46
Conforme Secchi (2009) o grande problema do padrão burocrático foi o
engessamento da Administração Pública, de forma que o gestor, em vez de poder

contar com uma aparência carismática para alcançar a dominação social, contou
apenas com a autoridade emitida pelas normas estatais, definido por Junquilho

(2010) como dominação legal, em que o poder hierárquico não é exercido em


função do domínio emitido pelo gestor, mas sim em razão do estabelecimento de

regulamentações institucionais.
Com o crescimento das demandas sociais por uma administração que não só

exigisse mais seriedade do administrador público como buscasse a eficiência na


prestação de serviços inerentes à atividade estatal, surgiu o modelo Gerencial

superando o Burocrático. O objetivo de tal modelo foi corrigir as anomalias nos


procedimentos e processos administrativos sob a ótica burocrática, desapegando-os

de tão somente o cumprimento de normas institucionalizadas, passando a ter como


escopo principal a valorização do cidadão como maior cliente e usuário dos

serviços, buscando a competência, eficiência e satisfação do cidadão (SECCHI, 2009).


Para Bresser Pereira (2015), o Gerencialismo emergiu partindo do princípio de

combate à corrupção e ao nepotismo sem a utilização de mecanismos inflexíveis de

ação, defendido por Prado (2011) como um meio de reação empregado frente à
crise vivenciada pela burocracia nos procedimentos administrativos, criando uma

atmosfera propícia para a aplicação de técnicas de administração empresarial na


esferapública.

2.1.1 A busca da eficiência através da Nova GestãoPública

De acordo com Kelly e Wanna (2001), a Nova Gestão Pública (NPM — New
Public Management) surgiu como uma resposta a restrição fiscal pela qual os
Estados Unidos passaram no final do século XX, visando corrigir e restringir o
47
orçamento estatal. Essa reforma possibilitou ao governo avaliar as melhores
soluções orçamentárias em um momento onde os mesmos encontravam-se

limitados, tornando-os mais eficientes e menoscustosos.


Para Vigoda-Gadot e Meiri (2008) a era gerencial ficou conhecida como o

novo modelo, trouxe diversos valores em seu plano para cumprimento dos objetivos
previamente estabelecidos, no qual se pode destacar a capacidade de resposta,

transparência e inovação. Houve destaque ao cidadão e aos resultados,


demandando do gestor público mais qualidade na prestação dos serviços (SLOMSKI,

2010).
A prestação de contas responsável (accountability) por parte dos agentes

estatais é um dos pontos desse novo modelo, visando atender as necessidades dos

cidadãos pela transparência. Essa é uma atividade complexa, que abrange a


combinação das atividades de estratégia, a tomada de decisão e ação, diagnóstico e

análise meticulosa dos cenários, tendo em vista a implementação de um programa


de êxito que servirá de exemplo (DI GIACOMO, 2011).

2.1.2 Governança Corporativa no SetorPúblico

Segundo Mendonça et al. (2013) e Bogoniet al. (2010), a governança


corporativa é um conjunto de métodos que tem como objetivo contribuir com os

processos organizacionais que visam tomadas de decisões referentes ao


aprimoramento do desempenho da mesma, além de minimizar os conflitos entre

gestores e stakeholders(MIRANDA; AMARAL,2011).

De acordo com Pantoja, Camões e Bergue (2010), a sociedade vem


demandando do setor público ações que estejam direcionadas para o alcance de
resultados e, para isso, é necessário que a administração pública modifique algumas

48
práticas visando a efetividade das ações.
Assim, pode-se dizer que no setor público a utilização de práticas voltadas à

governança objetiva implementar melhorias nos serviços prestados à sociedade

(MENDONÇA et al., 2013; BOGONI et al., 2010). Arôxaet al (2015) complementam


estabelecendo que o emprego de ferramentas de gestão é indispensável no setor

público, visto que possibilita o controle, acompanhamento e a avaliação dos


indicadores de desempenho para a tomada dedecisão.

2.2 MECANISMOS DE GOVERNANÇA DOTCU

Para que as funções relacionadas às boas práticas de governança, tais como,

avaliar, direcionar e controlar sejam executadas adequadamente, torna-se


necessário a adoção de mecanismos de governança como liderança, estratégia e

controle (TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, 2014).

2.2.1 Mecanismo deLiderança

Esse mecanismo é divido em 4 vertentes e engloba uma série de ações


humanas ou comportamentais que visam garantir os quesitos mínimos necessários

para práticas de uma boa governança, como: pessoas éticas, motivadas e que
possuam competência para assumir e liderar os principais processos organizacionais

(TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, 2014). Deste modo, pode-se dizer que para que
haja uma boa governança é necessário realizar a divisão de tarefas, na qual os

líderes assumem o papel de delegar funções para os liderados com o intuito de

maximizar o trabalho em grupo em prol dos objetivos organizacionais


(SOARES,2018).

49
a. Pessoas e competências: Refere-se à pessoas integrantes do processo de

trabalho que necessitam dispor de conhecimentos, habilidades e atitudes

visando alcançar os resultados organizacionais (TRIBUNAL DE CONTAS DA


UNIÃO, 2014), tendo em vista que os gestores devem possuir competências

para executar as funções estratégicas dentro da organização (MIRANDA;


AMARAL,2011).

b. Princípios e Comportamento: Retrata a importância do cumprimento da lei


como um dos princípios para uma boa governança pública que vislumbra
profissionais dotados de valores éticos (IFAC, 2013). Assim, as organizações

devem contar com pessoas providas de tais princípios e comportamentos


que possibilitem a prestação de serviços com excelência que podem ser

mensurados através da implementação de código de ética, de condutas e a


adoção de mecanismos de controles que evitem o conflito de interesses

(TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO,2014).


c. Liderança Organizacional: O líder tem como objetivo avaliar, direcionar e

monitorar os processos organizacionais em busca da mitigação dos riscos,


haja vista que os mesmos são responsáveis pelos resultados produzidos

(TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, 2014), além disso, os líderes possuem a


função de definir e dividir as atividades organizacionais aos colaboradores

para maximizar as chances de alcançar os objetivos e metas (SOARES,2018).


d. Sistemas de Governança: Consiste na maneira em que os diversos atores

que fazem parte da governança organizam, interagem e procedem perante

os processos de trabalho (TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, 2014), visando


alcançar uma boa governança por meio da administração dos recursos

necessários para a obtenção dos resultados (MARCELLI,2013).

50
2.2.2 Mecanismo deEstratégia

Refere-se aos processos que contribuem para as tomadas de decisões através


da avaliação das necessidades dos clientes e das projeções de cenários que visam

alcançar as expectativas dos stakeholderse as metas organizacionais (TRIBUNAL DE


CONTAS DA UNIÃO, 2014). Esse mecanismo possui 3 vertentes, que serão

apresentados abaixo:

a. Relacionamento com as partes interessadas: As organizações devem

buscar uma ótima relação com os stakeholderspara conhecer as necessidades

e expectativas e alinhá-las aos processos de trabalho, viabilizando o alcance


dos resultados organizacionais (TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, 2014).

Para Sousa (2016), os stakeholderssão fundamentais no processo de


planejamento estratégico, por isso, torna-se necessário a adoção de técnicas

voltadas para monitorar o relacionamento e a satisfação dosmesmos.

b. Estratégia organizacional: Consiste na criação de estratégias voltadas para


alcançar os objetivos organizacionais de maneira eficiente e eficaz

(CAVALCANTE; PIRIS, 2018; TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, 2014). Para


isso, torna-se necessário a identificação das necessidades dos clientes para a
elaboração dos objetivos que devem estar em conformidade com a missão e
visão (TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, 2014).

c. Alinhamento transorganizacional: refere-se ao relacionamento entre as

organizações que objetiva fortalecer a cooperação advinda do alinhamento


de objetivos específicos (TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO,2014).

2.2.3 Mecanismo deControle

51
Compreende uma série de procedimentos que objetiva o acompanhamento

de metas e indicadores, tendo em vista a necessidade de garantir o alinhamento dos

objetivos estratégicos (OLIVEIRA; PISA; AUGUSTINHO, 2016). Além disso, esse


mecanismo analisa os riscos, objetivando mitigá-los e o mesmo é dividido em três

vertentes que serão abordados abaixo (TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO,2014).

a. Gestão de Riscos e controle interno: objetiva identificar, analisar, mensurar

e monitorar os riscos organizacionais, para que os mesmos possam ser


mitigados através de medidas de controles internos (TRIBUNAL DE CONTAS

DA UNIÃO, 2014). Assim, torna-se necessário que o gestor trabalhe em


conjunto com os diversos setores da organização para obter uma visão

holística dos riscos apresentados, e assim, possa controlá-los (ÁVILA,2015).


b. Auditoria Interna: Trata-se de uma atividade autônoma que objetiva avaliar

se os controles internos estão alcançando os resultados almejados, além de


possibilitar melhorias nos processos de trabalho (TRIBUNAL DE CONTAS DA

UNIÃO,2014), desta forma pode-se dizer que a auditoria interna tem como
principal objetivo garantir a integridade, transparência e qualidade da

informação (OLIVEIRA; PISA; AUGUSTINHO,2016).


c. Accountabilitye transparência: Relaciona-se a responsabilidade do gestor

em garantir a implementação de mecanismos de prestação de contas

(MIRANDA; AMARAL, 2011; TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, 2014),


proporcionando a transparência das informações para a sociedade

(MENDONÇA, et. al.2013).

2.3 GESTÃO DE PROJETOS NO SETORPÚBLICO

52
A discussão sobre a utilização de modelos de gerenciamento de projetos do

setor privado em projetos do setor público ganhou força com as práticas do New

Public Management, as quais visam uma efetiva melhora nos métodos até então
empregados (DE SOUZA; REINHARD, 2016).

Já disseminada internacionalmente, a Gestão de Projetos vem sendo


difundida no Brasil, tanto pelas empresas privadas, e mais atualmente por algumas

organizações públicas. As práticas de administração privada que vem sendo


aplicadas na seara pública, estão sendo realizadas com o objetivo de promover uma

melhor prestação dos serviços prestados pelo Estado, bem com a supervisão dos
gastos, visto que, segundo o Manual Técnico do Orçamento – MTO (2018) todas as

ações advindas do Governo se estruturam por meio de programas direcionados


para a execução dos objetivos estratégicos definidos no Plano Plurianual(PPA).

Segundo Silva e Mendonça (2015) estratégia está relacionada com as metas e

os objetivos principais que uma organização apresenta em longo prazo, bem como
com as ferramentas que serão utilizadas para alcançá-las. Sendo assim, a Gestão de

projetos passa a ter um papel primordial para a organização, tendo em vista que
possibilita a tomada de ações necessárias para o planejamento e desenvolvimento

institucional (KERZNE, 2016).

Para Maceta, Berssaneti e Carvalho (2017), as definições de projetos no setor

público e no setor privado não se contrapõem, já que em ambos haverá uma


concorrência por recursos, sendo, por muitas vezes, escassos, podendo afetar sua

concretização. Ainda na visão destes autores, a maior diferença entre a gestão de


projetos pública e a privada está na obtenção de lucro, posto que na seara pública o

valor está atrelado aos desejos e percepções dos indivíduos,sociedade.


Já Vargas (2016) conceitua projetos como sendo uma série de atividades com
começo e fim pré-estabelecidos, objetivando o alcance dos resultados. Portanto, a

53
Gestão de Projetos visa coordenar e controlar todas as habilidades, técnicas,
conhecimento e ferramentas necessárias para a implementação do projeto,

direcionando para atingir metas (CRUZ, 2017).

2.4 SCRUM: METODOLOGIA ÁGIL PARA O DESENVOLVIMENTO DESOFTWARES

De acordo com Pinho, Nogueira e Franco (2014), o sistema de Tecnologias de

Informação e comunicação (TIC) é essencial para que as organizações possam

atingir seus objetivos, visto que possibilita à gestão atuar de maneira mais
participativa, adaptável e ágil.

O termo Metodologias Ágeis foi formulado em 2001, quando dezessete


especialistas em processos de desenvolvimento de software, criaram a Aliança Ágil e

a denominaram Manifesto Ágil (AGILE MANIFESTO, 2001). Através desta aliança


foram estabelecidos princípios comuns entre os métodos Scrum(SABBAGAH, 2014),

eXtremeProgramming (XP) (SOUZA, 2007), DSDM (TEIXEIRA et al., 2006) eoutros.


Ainda de acordo com o Agile Manifesto (2001), os princípios que permeiam o

desenvolvimento ágil estão atrelados às equipes que são auto organizadas, o que
possibilita o contato direto com os clientes e a entrega dos softwares em menor

intervalo de tempo. Ainda que o conceito de agilidade no desenvolvimento de


softwares seja algo complexo, características que possibilitem a simplicidade,
flexibilidade e interatividade são o foco de diversos autores, visando obter melhores
resultados em desempenho de tempo, custo e qualidade (AMARAL et al., 2011).

Para Soares (2004), as metodologias ágeis voltadas ao desenvolvimento de

software surgiram como resposta aos métodos tradicionais, e mesmo com essas
novas ferramentas, a produção de softwares confiáveis e entregues dentro dos
prazos e custos pré-estabelecidos ainda não é feita em larga escala.

54
Uma das peculiaridades de tais metodologias ágeis é a flexibilidade, ou seja,
se amoldam ao invés de serem preestabelecidas. Isso possibilita que a organização

faça alterações no planejamento na medida em que essas novas mudanças vão


surgindo (SOARES, 2004; LIBARDI, BARBOSA & BORGES,2010).

Vallerão e Roses (2013) estabelecem que a metodologia Scrumapresenta uma


maior ênfase no gerenciamento de interações, diferenciando-se dos demais

métodos ágeis que estão mais relacionados à parte técnica de desenvolvimento de


softwares, como o XP, por exemplo.
Segundo Sabbagah (2014), o Scrumpode ajudar a diminuir os riscos de
perdas, agilizar o processo de entrega de valor e a lidar com mudanças de

finalidade, auxiliando-as a se transformarem em vantagens para as organizações. Se


o método for utilizado de maneira correta, auxiliará a aumentar a qualidade do

produto que está sendo ofertado, assim como melhorar a produtividade daequipe.

A metodologia Scrumpossui alguns papéis que ajudarão na efetiva entrega


do produto, sendo eles: o ProductOwner(PO), o Scrum Master (SM) e o

Development Team. De acordo com Rubin (2012), tudo começa com a visão do
produto, sendo o PO responsável pela elaboração, manutenção e priorização de

uma lista de requisitos do sistema, denominada productbacklog.


Ainda de acordo com Rubin (2012) às funções do SM se voltam,

principalmente, à proteção da equipe das interferências externas e à remoção dos


obstáculos que possam vir a surgir ao longo do projeto. Desta forma, o Scrum

Master atua como um facilitador e líder, interferindo diretamente na

produtividade da equipe, visto que ajuda os indivíduos envolvidos a entender e


praticar os valores e princípios doframework.

Os analistas, administradores de bancos de dados e programadores,


utilizados na metodologia tradicional, dão lugar ao Development Team, sendo estes
55
responsáveis pela concepção do produto desejado com foco na meta estabelecida
pelo ProductOwner(DEEMER et al., 2012). Um fator relevante é a capacidade

interativa atribuída às equipes que utilizam tal metodologia, sendo a auto-


organização, o autogerenciamento e a multifuncionalidade suas principais

características. Essa dinâmica ocorre através de ciclos temporais, que podem ser
diários ou de interação, este ocorre geralmente no prazo de quatro semanas

(HIGHSMITH; COCKBURN, 2001).


Cada ciclo, também conhecido como Sprint, corresponde a um período de

tempo, devendo ser apresentado ao fim dele um produto final que foi estabelecido
na ProductBacklog. Essa efetiva entrega do software fornece indicadores ao PO e ao

SM, já que proporcionam uma visibilidade acerca do processo, se está ou não sendo
realizado de forma eficiente e eficaz (VALLERÃO; ROSES, 2013).

3 METODOLOGIA

O presente estudo embasou-se em uma pesquisa do tipo exploratória e

descritiva, onde a pesquisa exploratória tem por objetivo garantir ao pesquisador


fontes suficientes para o desenvolvimento da pesquisa e ao leitor, maior

abrangência acerca do estudo por meio de artigos, teses, dentre outras bases
científicas (GIL, 2008). Conforme Silva e Mendonça (2015) a pesquisa exploratória

perfaz uma interpretação qualitativa sobre o problema, garantindo que os temas


discutidos ao longo do trabalho sejam inteiramente contemplados e discutidos.

Ainda conforme Gil (2008), as pesquisas descritivas objetivam retratar as

particularidades de uma determinada amostragem, acontecimento ou de uma


prática que,para Aaker, Kumar e Day (2004) utilizam informações das investigações,

materializando-se por meio de presunções abstratas que não definem uma relação.

56
O enfoque ao problema se deu através da abordagem qualitativa, onde foi
realizado um estudo de caso, caracterizado por Gil (2008) como a investigação

excessiva de um ou alguns objetos da pesquisa, de forma que possibilite sua


compreensão por inteiro. Para Bogdan e Biklen (2003) existem cinco elementos

caracterizadores da pesquisa qualitativa como, espaço natural, informações


descritivas, precaução com o método, precaução com o conceito e procedimento de

avaliaçãoindutivo.

Tal estudo de caso é único no órgão público PRODAP – Centro de Gestão da


Tecnologia da Informação do estado do Amapá, pautado com base nos Mecanismos

de Governança do Tribunal de contas da União (2014) que somam três esferas:


Liderança, Estratégia e Controle, associando tais mecanismos às práticas

desenvolvidas nas atividades rotineiras dos servidores que, se utilizam de técnicas e


ferramentas de administração privada, como a metodologia ágil Scrum, para

garantir a eficiência na prestação do serviço público alcançando a gestão por


resultados na esferapública.

Como instrumento de coleta de dados foram realizadas entrevistas

estruturadas por meio de um roteiro elaborado com base em Costa et al (2018) e no


documento intitulado Governança Pública, do Tribunal de Contas da União (2014). A

pesquisa teve como participantes os representantes dos três principais níveis


hierárquicos da organização: Presidência (E1), Gerência (E2) e Coordenadoria (E3).

Foi utilizada a técnica complementar de coleta de dados, pautada sob entrevistas


estruturadas com os respondentes, consideradas por Prodanov e Freitas (2013)

como imprescindíveis quando realizada uma pesquisa qualitativa, porque visa o


entendimento dos temas elencados pelos entrevistadores aos eventos que

anteriormente não haviam sido constituídos, dispondo apenas de suspeitas dos

57
pesquisadores.

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOSRESULTADOS

Visando facilitar a compreensão sobre a gestão de projetos utilizando a


metodologia ágil Scrum, a análise e discussão dos resultados foi feita com base na
divisão que sugere o TCU (2014), que subdivide a governança em três grandes

mecanismos com seus respectivos desdobramentos: Liderança (pessoas e


competências; princípios e comportamentos; liderança organizacional; sistema de

governança), Estratégia (relacionamento com partes interessadas; estratégia


organizacional; alinhamento transorganizacional) e Controle (gestão de riscos e

controle interno; auditoria interna; accountability; transparência), que serão


abordados adiante.

4.1 MECANISMO LIDERANÇA

Preliminarmente, analisando a vertente de pessoas e competências, buscou-


se investigar se os colaboradores foram treinados e capacitados para a utilização da

metodologia ágil Scrum. O entrevistado E1 apontou que foram realizadas várias


etapas antes da implementação da metodologia, como mapeamento de

competências e habilidades dos funcionários, a fim de criar equipes específicas com


focos diversos voltados aos variados projetos desenvolvidos no órgão. A justificativa

de tal ação foi elencar em cada projeto pessoas com mais afinidade com os temas
para um melhor desenvolvimento das atividades.

Os entrevistados E2 e E3, afirmaram que houve treinamento, já o E3 foi além,


evidenciando que do treinamento para utilização da metodologia, também foram
58
treinados para utilizarem as ferramentas auxiliares como o Kanbane o Redmine. Tal
ação de treinar e capacitar é de fundamental importância para o sucesso da

implantação, ratificado por Miranda e Amaral (2011) como fator chave para
execução de tarefas dentro das organizações, bem como o TCU (2014) aponta para

a satisfação dos objetivos e alcance dos resultados esperados.

Ainda sobre a temática liderança, sob a ótica dos princípios e

comportamentos, foi analisada a relação entre a metodologia Scrume a conduta


ética dos servidores do PRODAP. Na visão dos entrevistados o cumprimento à lei é

de suma importância, bem como ter uma equipe dotada de valores éticos e morais,
devendo estes serem adotados como princípio para uma boa governança pública

(IFAC, 2013).

Dando continuidade, o E1 mencionou que a metodologia Scrumpossibilitou o

alinhamento entre os projetos, facilitando a implementação do processo de


meritocracia. De acordo com Bilhim (2017) a meritocracia, sistema no qual as

posições são preenchidas com base no mérito individual e não mais em critérios
preestabelecidos, vem ganhando espaço na Nova Gestão Pública, opondo-se ao

modelo burocrático de organização. Tal medida incentiva uma postura ética por
parte dos colaboradores, devendo ser adotada durante todo o processode

produtividade, sendo esta recompensada, em forma de gratificação, ao final de cada


mês.

Levando em consideração o mecanismo de liderança organizacional, o qual


conglomera uma série de métodos e práticas em prol de garantir os mínimos
requisitos para uma boa governança, buscou-se averiguar se a utilização da

metodologia ágil Scrumgerou um maior engajamento e participação dos servidores


nas atividades organizacionais, assim como quais as maiores dificuldades e

59
resistências encontrados neste processo de implementação. O E1 relatou que apesar
dos impasses, após a implementação da metodologia houve sim um engajamento

por parte das equipes, devido a divisão de tarefas de maneira clara. Constatou
também que o maior impasse se deu por conta da antiga cultura que culminou em

uma ausência de meritocracia. Desta maneira, a cultura deve ser levada em


consideração durante a gestão organizacional, pois mesmo sem ser controlável

pode afetar diretamente o processo gerencial e de tomada de decisão (OLIVEIRA;


LIMA, 2016).

Na visão dos entrevistados E2 e E3, o que contribuiu para o engajamento das


equipes foi a visibilidade na execução das atividades que a metodologia possibilitou,

bem como a mensuração da produtividade individual de cada setor. Agora é


possível avaliar qual colaborador está se destacando e qual está sendo ineficaz. Para

Cunha (2013), os indicadores de desempenho tornaram-se uma medida estratégica


de sobrevivência tanto para a própria organização, quanto para seus contribuintes.

Os sistemas de governança são um dos componentes constituintes do

mecanismo liderança, explanado neste tópico. Em vista disso, quando questionados


de que forma a metodologia ágil pode ajudar na divisão de atividades entre as

estruturas administrativas as respostas se deram de maneira unificada. Todos


afirmaram que tal metodologia permite que o responsável pela delegação de

atividades possa facilmente alocar papéis e funções na sua equipe, de forma


periódica, impulsionando a geração de indicadores que criem um panorama geral

do projeto, permitindo o acompanhamento do desempenho de criação dos


módulos que são entregues ao cliente para posteriorvalidação.

A situação acima descrita permite o feedback entre gestor e equipes, de


forma que caso perceba um mau desempenho, este seja sanado de forma rápida e

60
prática, impedindo a geração de problemas maiores e perda de tempo que,
conforme o TCU (2014) fazem parte do processo de interação diante dos processos

da rotina de trabalho, ratificado por Marcelli (2013) pelo intuito de se desenvolver


uma boa governança através da gestão dos recursos necessários ao alcance dos

resultadosplanejados.

Para Marcelli (2013) sistema de governança consiste em um conjunto de

elementos que visam alcançar uma boa governança por meio da administração dos

recursos necessários para a obtenção dos resultados. Partindo desse pressuposto,


quando perguntados de queforma a metodologia ágil Scrumpode contribuir para a

gestão e o fortalecimento dos mecanismos de governança pública, os entrevistados


mencionam que a metodologia se aplica aos processos de controle e estratégia

organizacional, tendo em vista que possibilita alinhar os projetos de acordo com a


necessidade do cliente. Deste modo, o PRODAP passa a trabalhar de maneira

qualitativa, visando alcançar resultados com eficiência eeficácia.

4.2 MECANISMOESTRATÉGIA

Inaugurando a categoria estratégia, buscou-se responder como o Scrumpode

facilitar a comunicação e acesso de informação das partes interessadas. Para


Sousa (2016), as organizações devem adotar técnicas voltadas ao monitoramento do

relacionamento e satisfação dos stakeholdersque são fundamentais no processo de


planejamento estratégico. Contribuindo com este entendimento, os entrevistados E2

e E3 mencionam que a metodologia ágil, implementada por meio da utilização da


ferramenta Redmine, permite que sejam desenvolvidos relatórios sobre o

andamento das atividades para as partes interessadas, além de contribuir para o


processo de comunicação. Porém, na opinião do E1, a ferramenta Scrumnão envolve

61
processo de comunicação com as partes interessadas. Esse desencontro de
pensamentos se deve ao fato de que o E1 possui o maior cargo da instituição, deste

modo, o mesmo executa mais as atividades administrativas enquanto os gestores E2


e E3 trabalham diretamente com a ferramenta.

Ao serem questionados sobre quais as principais justificativas para


implementar uma gestão por projetos no PRODAP utilizando a metodologia Scrum,

obteve-se como resposta unânime que a hierarquização verticalizada da


administração pública era ineficiente e engessava os processos, de forma que

atrasava a entrega dos resultados e fazia com que cada setor trabalhasse de forma
isolada, o que é ratificado por Secchi (2009) quando evidencia que o grande

problema da burocratização é o engessamento das organizações públicas.

Continuando a análise do mecanismo de estratégia organizacional, buscou-

se investigar de qual forma o Scrumauxilia o PRODAP a alcançar os objetivos


estratégicos de maneira eficiente e eficaz. Os gestores foram congruentes ao

enfatizar que ocorre por meio do alinhamento entre as necessidades dos clientes e

os objetivos da metodologia, que são capazes de mensurar o tempo para a entrega


do produto final, além de permitir uma sinalização rápida, fácil e compartilhada

entre os diversos integrantes do projeto que precisa ser desenvolvido, corroborado


por Amaralet al (2011) como a interatividade permitida pelas metodologias ágeis,

com o intuito de obter melhores resultados, bem como a redução de tempo e


custos operacionais, garantindo uma maior satisfação aocliente.

O alinhamento transorganizacionalé um dos componentes constituintes do


mecanismo estratégia. Desta forma, quando questionados sobre como o

Scrumpermite o alinhamento entre as organizações, os entrevistados E1 e E2 foram


enfáticos ao dizer que a metodologia não possibilita o alinhamento com os demais

62
órgãos, sendo utilizada apenas para o controle interno. E segundo o E3, faz-se
necessário estabelecer uma nova cultura, tendo o Scrumcomo ferramenta oficial nas

demaisorganizações.

Acerca da capacitação dos servidores que executam as atividades, bem como


o aprendizado de melhores práticas - benchmarking, os entrevistados mencionaram

que o PRODAP contratou por meio de licitação, uma empresa de consultoria para a
implementação da metodologia ágil Scrum. Em conformidade com o assunto, o TCU

(2014) aponta que o alinhamento transorganizacionalajuda a fortalecer a


cooperação proveniente do alinhamento de objetivos específicos.

4.3 MECANISMO DECONTROLE

Iniciando o mecanismo de controle, com foco na Gestão de Riscos e


controle interno, buscou-se demonstrar como a metodologia Scrumpossibilita

realizar o controle e acompanhamento da execução das atividades internas e a


mitigação de riscos. Segundo os entrevistados é possível realizar o controle e o

acompanhamento da execução das atividades através de relatórios que a


metodologia gera. As fraquezas que o projeto apresenta durante as etapas de

desenvolvimento, bem como todas as atividades executadas pelo PRODAP passam


por um processo de mitigação de riscos através do controle que é realizado pela

ferramenta Redmine. O Tribunal de Contas da União (2014) contribui com esse


entendimento ao dizer que para mitigar os riscos e controlar os processos

organizacionais, é necessário que o gestor identifique os riscos existentes para


posteriormente analisar, mensurar emonitorá-los.

O entrevistado E1 ressalta que a ferramenta Redmineé preenchida antes e


durante a execução das atividades. Isso possibilita que seja feita uma análise de

63
produtividade dos colaboradores, além de contribuir, segundo o E2, para avaliação e
o andamento do projeto que são acompanhados pelos gestores. A avaliação de

desempenho, sob a ótica do gestor, saiu da análise de indicadores de maneira


isolada, incluindo, agora, índices que envolvam o capital intelectual (DUTRA;

ZUPPANI; NASCIMENTO, 2014).

Dando continuidade à temática, foi verificado como a metodologia ágil


ajudana avaliação da eficiência e eficácia do desempenho das atividades, levando

em consideração os controles, regulamentações e governança. A auditoria interna


tem como objetivo mensurar se os controles internos estão alcançando os

resultados almejados (TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, 2014), além de


proporcionar a qualidade das informações necessárias para a execução das

atividades (OLIVEIRA; PISA; AUGUSTINHO,2016).

Segundo o E3 as atividades desempenhadas são registradas em uma ata de

encerramento que é gerada ao final de cada Sprint, demonstrando a quantidade de

hora e esforço que cada um gerou. Os gestores E1 e E2 ressaltam que a


metodologia permite mensurar o desempenho, produtividade das equipes, e o

tempo exato para a entrega de determinada aplicação.

A última questão do mecanismo de controle tratou sobre o processo de

transparência aos clientes, fornecedores do PRODAP e órgãos reguladores através


do Scrum. Segundo Mendonça et. al. (2013) o accountabilityproporciona a

transparência das informações. Partindo deste pressuposto os entrevistados relatam


que a utilização da metodologia Scrumpossibilita o monitoramento das equipes por

meio de indicadores e posteriormente ocorre a divulgação dos resultados que são

emitidos internamente para os órgãos e clientes.

64
4.4 MECANISMOS ECOMPONENTES

No Quadro 1, foram destacados os pontos mais relevantes referentes a

análise de resultados embasados pelos mecanismos e seus respectivos


componentes, na perspectiva dos gestores do PRODAP.
Quadro 1: Relações entre os mecanismos de governança do TCU e a perspectiva dos gestores do
PRODAP

MECANISMO COMPONENTES ANÁLISE DOS RESULTADOS POSICIONAMENTO DO


TCU

Liderança Pessoas e Mapeamento de competências e Refere-se aos


competência habilidades dos funcionários; colaboradores;
melhoria no desenvolvimento das desenvolvimento do
atividades; realização de conhecimento, habilidade
treinamento para a utilização de e atitude.
ferramentas.
Princípios e Equipe dotada de condutas ética Retrata o cumprimento a
comportamento e moral; Primam pelo lei; vislumbra os valores
desenvolvimento em éticos.
conformidade com as legislações.
Liderança Visibilidade na execução O líder deve mitigar
organizacional das atividades; riscos; objetiva avaliar,
mensuração direcionar e monitorar os
da produtividade de processos
cada setor. organizacionais.
Sistemas Facilita o processo de delegação Engloba processos de
de de funções; impulsionou a trabalho e atividades
governanç geração de indicadores para relacionadas a avaliação,
a acompanhar o desempenho das direcionamento e
atividades; facilitou o feedback monitoramento da
entre gestor e equipes. organização.
Estratégia Relacionament Permite a Elaboração de relatório Conhecer as necessidades e
o com as do andamento das atividades; expectativas dos clientes;
partes contribuir para o processo de manter uma ótima relação
interessadas comunicação e redução de falhas; com os stakeholders.
Tornou os processos mais
flexíveis.

65
Estratégia Possibilita o alinhamento entre as Cumprimento dos objetivos
Organizacional necessidades dos clientes e os de maneira eficiente e
objetivos da metodologia; eficaz; identificação das
permite uma sinalização rápida, necessidades dos clientes;
fácil e compartilhada entre a atender a missão e visão.
equipe.
Alinhamento Mapeamento de habilidades e Ajuda a fortalecer a
transorganizacional competências; capacitar os cooperação proveniente do
colaboradores de acordo com a alinhamento de objetivos
demanda. específicos.
Controle Gestão de Riscos e Análise de relatórios de risco; Visa identificar, analisar,
controle interno processo de mitigação de riscos mensurar e monitorar os
através do controle riscos organizacionais.
organizacional.

Auditoria interna Ajuda no processo de Preocupa-se em avaliar se


mensuração do desempenho os controles internos estão
individual; alcançando os resultados
produtividade das equipes; tempo almejados.
exato para a entrega de
determinada demanda.
Accountability Possibilita o monitoramento das Implementação de
e equipes através de indicadores; mecanismos de prestação
transparência divulgação dos resultados de contas.
internos para os órgãos e clientes.

Fonte: Pesquisa direta (2018)

5 CONSIDERAÇÕESFINAIS

Na atual conjuntura, caracterizada pela evolução dos modelos de


administração pública, o escopo gerencial ganhou destaque e tornou-se o mais

plausível entre os demais vivenciados tendo em vista que a administração pública


evoluiu para uma nova perspectiva de gestão, que leva em consideração a

qualidade no desenvolvimento de projetos pautados na eficiência e eficácia para a

satisfação das partes interessadas - steakholders.

Além disso, ratifica-se a importância da transparência medida pela prestação


66
de contas e a consolidação dos mecanismos de governança como fatores
determinantes para uma gestão eficiente que prima pela qualidade na prestação

dos serviços para o desenvolvimento social.


Após uma análise quantitativa, o objetivo desse estudo foi alcançado e

contatou-se as relações entre a utilização da metodologia ágil Scrumno PRODAP e


os mecanismos de governança pública apresentados pelo TCU (2014). No

mecanismo de liderança, identificou- se, através dos relatos dos entrevistados e


pesquisas bibliográficas que é relevante que os colaboradores sejam dotados de

conhecimentos e habilidades para o desenvolvimento das atividades demandadas.


Outro fator fundamental relacionado ao mecanismo de liderança caracteriza-se

pelo mapeamento de competências realizado no referido órgão estatal, que foi


primordial para a distribuição dos funcionários nos diversos setores operacionais, e

teve como objetivo a conformidade entre as habilidades apresentadas pelos


mesmos com as atividades demandadas pelos respectivos setores.

Ao relacionar a utilização da metodologia ágil Scrumpara a gestão de projetos


e o mecanismo de estratégia, é perceptível que todos os setores apresentaram

melhorias na execução das atividades que objetivavam alcançar as necessidades dos


clientes, além de possibilitar a criação de indicadores para mensurar o tempo de

entrega do produto final.


Dando prosseguimento, destaca-se que o Scrumpossibilitou a redução do

tempo para o alcance dos objetivos e metas organizacionais, tendo em vista que a
metodologia propiciou a utilização da ferramenta Redmineque permite o

alinhamento de todos os setores e a geração de relatórios com indicadores de


desempenho para possíveismelhorias.

Em relação ao mecanismo de controle, os resultados obtidos apontaram que a


ferramenta Redmine, proporcionou a melhoria do controle e acompanhamento na

67
execução das atividades, além de possibilitar a mitigação de riscos oriundos de
falhas no processo de desenvolvimento. Partindo desse pressuposto, destaca-se que

o Scrumcontribuiu para a consolidação de práticas de controles internos que


impulsionou a maximização da eficiência e eficácia no desempenho das atividades.

Sendo assim, a Importância do estudo é caracterizada por correlacionar a


utilização da metodologia ágil Scrumpara a gestão de projetos, com os mecanismos

de governança apresentados pelo TCU (2014).


Ficou evidenciado, por meio dos resultados obtidos que a metodologia

ágilScrum contribui com a governança pública, e que por meio desta prática a
organização consegue alcançar os objetivos estratégicos com eficiência e eficácia,

além de mitigar os riscos e controlar os processos de desenvolvimento.

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74
CENÁRIO DE PRODUÇÃO MADEIREIRA PARA MUNICÍPIOS DO ESTADO DO
AMAPÁ: UM APLICATIVO ANDROID*

Philippe da Costa Fonseca


Leticia Milena Gomes de Carvalho
Carla Samara Campelo de Sousa
Diego Armando Silva da Silva
Francisco Tarcísio Alves Junior

RESUMO:
As atividades econômicas da Amazônia ligadas ao meio ambiente se dão principalmente
pela extração de recursos naturais e a conversão de vários hectares de floresta para
outros usos por meio do manejo da vegetação para agricultura, pecuária e exploração
de madeiras. O objetivo desta pesquisa é propor um aplicativo android afim de escolher
o melhor cenário de produção madeireiro levando em consideração as características do
manejo na região. Para tanto serão avaliados cenários de manejo florestal levando em
considerações as percepção de comunidades, madeireiras, gestores, pesquisadores
analistas e extensionistas de órgão oficiais do estado que trabalham com manejo
florestal, afim de levantar as principais características do manejo, vantagens e
desvantagens de sua implementação, para alimentar um modelo multicritério e
identificar o melhor cenário dentre vários, onde esse modelo foi ajustado a uma
linguagem JAVA para que ele possa ser implementado em um aplicativo de celular, para
que esse aplicativo seja a interface de trabalho do usuário com o modelo afim de
facilitar as tomadas de decisão para seus usuários.

Palavras-chave: Método AnalyticHierarchyProcess, Sustentabilidade, Tomada de


decisão.

1. INTRODUÇÃO

As atividades econômicas da Amazônia ligadas ao meio ambiente se dão


principalmente pela extração de recursos naturais e a conversão de vários hectares de
floresta para outros usos por meio do desmatamento para agricultura, pecuária e
exploração de madeiras de forma não sustentável (BARLOW et al., 2016).
75
Em contraposição a esse cenário, existem as áreas ainda conservadas das
quais a maioria são ‚florestas comunitárias‛, isto é, habitadas e/ou utilizadas por povos e

comunidades tradicionais e grupos familiares (ANDRADE, 2017). Dados do Serviço


florestal brasileiro (2017), mostraram que aproximadamente 50% das florestas públicas

brasileiras, estão localizadas em áreas protegidas. Diante deste cenário, o manejo


florestal é uma alternativa para a economia sustentável, tendo em vista que contribui

para a conservação da diversidade funcional das árvores, proporcionando melhor


utilização dos recursos florestais (MENDES, 2016). E de acordo com Zanetti (2012) o

manejo florestal sustentável em florestas tropicais, oferece um retorno anual do primeiro


ano, que amortiza custos, viabilizando ainda mais o manejo florestal.

Scolforo (1998) diz que o manejo florestal pode ser praticado de duas maneiras:
sendo a primeira focada em aumentar a qualidade do produto final, sua dimensão e se

possível sua quantidade. Já a segunda tem foco no processo de tomada de decisão,


onde busca-se otimizar os benefícios sociais, econômica e busca um equilíbrio ecológico

para as principais diretrizes da tomada de decisão referentes ao uso dos recursos


florestais de forma sustentável. Essa atividade foi incorporada à legislação e à política

brasileira como forma de aliar conservação e alternativas de produção e geração de


renda (ANDRADE, 2017).
Dentro do manejo florestal sustentável existe várias ramificações, uma que vem
crescendo muito nos últimos anos é o manejo florestal comunitário, onde ele surge

como um a ferramenta para gerar renda extra para as comunidades que tem interesses
de fazer o manejo florestal em suas áreas (MEDINA; POKORNY, 2011).

O Manejo Florestal Comunitário é assumido como um potencial para gerar renda

e trabalho para os produtores familiares da Amazônia e contribuir para a manutenção


das florestas locais. Sua promoção tem buscado a capacitação dos produtores em
práticas de Exploração de Impacto Reduzido, organização em torno de cooperativas e

76
associações e estratégias para a busca de mercados atrativos, incluindo a adoção de
certificação (MEDINA; POKORNY, 2011). A visão do manejo florestal comunitário é a

capacitação dos produtores em práticas de Exploração de Impacto Reduzido,


organização em torno de cooperativas e associações e estratégias para a busca de

mercados atrativos, incluindo a adoção de certificação (MEDINA; POKORNY, 2011).


Em virtude dessa multi características, peculiaridades e adversidades, o manejo é

caracterizado em vários cenários de produção, no qual se deve fazer uma análise


detalhada de qual cenário mais se adequa a realidade da comunidade que fara o manejo

florestal comunitário, porem devido à grande variedade de informações essa decisão


não se torna fácil. A escolha do melhor cenário pode garantir vários ganhos para a

comunidade tanto quanto financeiro quanto de conhecimento e respeito ambiental, pois


mostra que eles podem valorar a floresta em pé e praticar o manejo sustentável.

O uso de técnicas para auxiliar na tomada de decisão se tonar essencial


assim segundo Agápito (2016) um dos métodos de pesquisa operacional multicritério

utilizado para auxiliar na melhor escolha de forma eficiente é o AHP


(Analytichierarchyprocess) que é uma técnica estruturada para tomada de decisão em

ambientes complexos em que diversas variáveis ou critérios são considerados com peso
para priorizar a seleção de alternativas mais viáveis, com isso, um aplicativo mobile que
consiga realizar os cálculos do método de forma rápida e com uma interface de
compreensão simples, conseguirá uma abrangência maior, pelo fato de sua simplicidade

e praticidade, de forma a está auxiliando os engenheiros florestais e gestores sobre os


melhores cenários de manejo florestal comunitário e servira como uma ferramenta para

apresentar aos produtores rurais os possíveis produtos que se podem retirar do manejo

florestal.
Nesse contexto levando em consideração as diferentes características,
peculiaridades adversidades do manejo comunitário, faz com que os estudos sobre

77
cenários de produção madeireira e proposta de uma abordagem multicritérios, torna-se
de grande importância para a tomada de decisão, pois o principal desafio é delinear

escolhas aderentes à realidade do meio rural amazônico, além disso, inserir novas ideias
e tecnologias, no intuito de maximizar lucro e minimizar custo e impacto ambiental

(ESPADA; ANDRADE; VASCONCELLOS, 2016).


Diante do exposto, o objetivo desta pesquisa é propor um aplicativo

android afim de escolher o melhor cenário de produção madeireira levando em


consideração as características do manejo na região.

2. METODOLOGIA

2.1. CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA


A classificação metodológica do presente estudo, quanto aos meios,

classifica-se como pesquisa de campo e bibliográfica, considera-se de campo porque foi


aplicado questionário a população amostral, e também é considerada bibliográfica pois

é realizado uma revisão de literatura sobre os principais cenários de produção e os


custos envolvidos em cada cenário. Quanto aos fins, classifica-se como descritiva e

exploratória. Considera-se descritiva porque busca descrever como ocorre o processo de


tomada de decisão para a escolha do melhor cenário de produção a ser adotado em
manejo comunitário e também será considerada exploratória devido ao seu fito de
investigar por meio da aplicação de questionários.

2.2. LEVANTAMENTO DOS DADOS

Inicialmente foram levantadas as características do manejo e os munícipios

com maior potencial madeireiro do estado do amapá. Para coleta de informações foram
aplicadas entrevistas semiestruturadas com o uso de questionários com Engenheiros
florestais, pesquisadores da empresa de Pesquisa Agropecuária do Amapá (EMBRAPA),

78
Instituto Estadual da Floresta do Amapá (IEF) e Organizações Não Governamentais
(ONGs) e Universidade do Estado do Amapá (UEAP). Sendo que as entrevistas foram

realizadas somente com aqueles que aceitaram de forma voluntária participar da


pesquisa, após o esclarecimento prévio do objetivo da mesma.

2.3. ANALISE DOS DADOS

Para cada um dos fatores foi atribuído uma nota indicando qual o grau de
importância dos mesmos no processo, obedecendo a pontuação que Saaty (1996)

define, para posteriormente, essas notas serem transformadas em ‚pesos‛ e poderem


ser estudadas pelo método AHP (AnalyticHierarchyProcess).

Para o desenvolvimento do método, foi aplicado um questionário


qualitativo, com perguntas sobre os fatores que influenciam na construção de cenários

de produção madeireiros, em que o entrevistado respondeu com notas de 1 à 5 para


análise das importâncias dos fatores.

2.4. CRIAÇÃO DO APLICATIVO

O aplicativo foi criado utilizado a IDE (IntegratedDevelopmentEnvironment)


Android Studio em sua versão 3.0.1 desenvolvida pela Google que de acordo com o site
Tecmundo ‚*...+ é um Ambiente de Desenvolvimento Integrado feito para facilitar a vida
de quem quer desenvolver aplicativos para a plataforma móvel da Gigante das Buscas.‛

(TECMUNDO, 2014). A IDE é totalmente gratuita e utiliza a linguagem JAVA para criação
dos códigos dos aplicativos.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. ENTREVISTAS SEMIESTRUTURADAS

79
Foram identificados 8 municípios Amapá, Laranjal do Jarí, Macapá, Santana,
Mazagão, Pedra Branca, Porto Grande e Serra do Navio, além disso foram entrevistados

27 profissionais da área, sendo 40% pesquisadores, 30% analistas ambientais, 20%


extensionistas e 10% gestores. Por meio da hierarquia de Saaty foram definidos os

principais fatores do manejo e as alternativas, tendo três (03) objetivos principais: melhor
disposição das upas, o produto a ser comercializado e a intensidade de corte (Figura 1).

Para preenchimento dos critérios, foram analisados os fatores que constituem um plano
de manejo florestal, após essa analise foram definidos os cenários. O modelo foi

repetido para todos os oito 08 municípios mencionados nas entrevistas.

Figura 1: Representação dos principais fatores do manejo florestal

A exemplo de aplicação foi analisado a variável Madeira Processada nos

municípios de Amapá (AP), Laranjal do Jarí (LJ), Macapá (Mcp), Santana (Stn), Mazagão
(Mzg) Pedra Branca (PB), Porto Grande (PG) e Serra do Navio (SN). Como pode-se

80
observar na tabela 1 em azul, Macapá é a que possui o maior peso em relação a madeira
processada. Macapá recebeu um grau de influência de 29%, é o maior município do

estado e o centro consumidor está mais perto da capital e por isso madeira processada
tem um maior grau de influência seguida dos municípios de Mazagão e Santana.

Tabela 1: Matriz reciproca da comparação do fator Madeira processada nos municípios estaduais

(Normalizada).

MADEIRA PROCESSADA

AP LJ MCP STN MZG PB PG SN AUTO NOR

VETOR M.

AP 1 0,8115 0,5690 0,6459 0,6289 0,7468 0,77096 0,8115 0,104686 3%


45 48 46 47 75 77 45

LJ 1,2322 1 0,7011 0,7959 0,775 0,9203 0,95 1 0,241345 7%

18 9 46 13

MC 1,7573 1,4261 1 1,1351 1,1052 1,3125 1,35483 1,4261 0,998377 29%

P 22 46 35 63 87 46

ST 1,5481 1,2563 0,8809 1 0,9736 1,1562 1,19354 1,2563 0,601318 17%


N 17 67 52 84 5 84 67
MZ 1,5899 1,2903 0,9047 1,0270 1 1,1875 1,22580 1,2903 0,669009 19%

G 58 23 62 27 65 23

PB 1,3389 1,0865 0,7619 0,8648 0,8421 1 1,03225 1,0865 0,336432 10%


12 87 05 65 05 81 87

PG 1,2970 1,0526 0,7380 0,8378 0,8157 0,9687 1 1,0526 0,296309 8%

71 32 95 38 89 5 32

SN 1,2322 1 0,7011 0,7959 0,775 0,9203 0,95 1 0,241345 7%

18 9 46 13
ƩI 10,995 8,9235 6,2571 7,1027 6,9157 8,2125 8,47741 8,9235 3,488823 100%

82 99 43 03 89 94 99

Legenda: Amapá (AP), Laranjal do Jarí (LJ), Macapá (Mcp), Santana (Stn), Mazagão (Mzg) Pedra Branca (PB),
Porto Grande (PG), Serra do Navio (SN) e Normalização (Norm).

81
Após a construção da matriz recíproca, calcula-se o auto vetor e

posteriormente é feita a normalização do auto vetor.

Tabela 2: Analise de fator cálculo de λmax, IC e RC – Madeira processada

MADEIRA PROCESSADA

MUNICIPIO Λmax ÍNDICE DE COERÊNCIA RAZÃO DE COERÊNCIA

AP

LJ

MCP

STN

MZG 7,417411 -0,083226972 -0,059026221

PB

PG

SN

Legenda: Amapá (AP), Laranjal do Jarí (LJ), Macapá (Mcp), Santana (Stn), Mazagão (Mzg) Pedra Branca (PB),
Porto Grande (PG) e Serra do Navio (SN)

Na tabela 2, pode-se observar o resultado do λmax, calculado, o índice de

coerência e posteriormente o Razão de coerência (RC) utilizando o Tabela 2 de


Coeficiente para uma matriz de ordem 8 = 1,41, onde tem-se a confirmação que o

julgamento é coerente, pois o RC < 0,2 (20%).


Assim feitas as análises e comprovação do fator madeira processada que pode ser

melhor analisado em cada cidade, após a normalização: Macapá - receberam um grau


de influência de 29%, é o maior município do estado e o centro consumidor está mais

perto por isso madeira processada tem um grau de influência seguida por Mazagão e
Santana. Os municípios que receberam um grau de influência menor são devido ao
grande número de grandes madeireiras nesses locais e o baixo centro de consumo local

82
fazendo com que inviabilize a venda nessa área. Este mesmo processo é feito com os
demais fatores, afim de identificar a importância que os municípios têm um ao outro

sobre o fator analisado.


Com as informações sobre o cenário é mais adequado para cada município do

estado do Amapá foi construído o aplicativo MFC Amapá, onde na sua tela inicial o
mesmo apresenta os municípios que se tem informações do melhor cenário de

produção madeiro.
Figura 2: Tela inicial do Aplicativo MFC Amapá

A o clicar no nome do município o aplicativo mostrará as informações

referente ao cenário de produção madeireiro mais adequado, com base na pesquisa e


nos cálculos feitos anteriormente, nas imagens abaixo será mostrado como é a tela de
informação para cada município e cada critério.

83
Figura 3: Tela de informações do melhor cenário para o município do Amapá

Figura 4: Tela de informações do melhor cenário para o município do Laranjal do Jarí

84
85
Figura 5: Tela de informações do melhor cenário para o município do Macapá

86
Figura 6: Tela de informações do melhor cenário para o município do Mazagão

87
Figura 7: Tela de informações do melhor cenário para o município do Pedra Branca

88
Figura 8: Tela de informações do melhor cenário para o município do Porto Grande

89
Figura 9: Tela de informações do melhor cenário para o município do Santana

90
91
Figura 10: Tela de informações do melhor cenário para o município do Serra do Navio

92
O botão de detalhes na aba de cenário, monstra informações relacionado a cada

cenário proposto como no exemplo de amapá que o detalhe mostrado é:


O cenário é formado por 10 UPAs distribuídas de formas continuas podendo ser

trabalhado com Madeira em pé ou em tora ou madeira serrada e resíduo no mesmo ano


tendo uma exploração contínua com uma intensidade de corte de 10m³/ha. O cenário

trabalha também com açaí e palmito, sendo o açaí extraído das quatros (04) primeiras
UPAs e o palmito tem um ciclo de corte de 4 anos contínuos, onde a primeira UPAP é

formada pela primeira UPA, a UPA dois (02) pela UPA dois (02) assim sucessivamente
Clicando no ícone de interrogação o usuário será direcionado para uma aba onde

ele terá informações sobre o aplicativo, autor e bibliografias utilizadas no aplicativo.

Figura 11: Identificação dos criadores e mensagem do mesmo para seus usuários

93
4. CONCLUSÕES

Os meios de produção madeireiros levantados nesse trabalho, mostraram-se


promissores com base na visão de profissionais experientes que trabalham com o

manejo florestal no Amapá. Os cenários de produção madeireiros devem ser bem-


criados, pois existem fatores como: Formato das UPAs; Forma de comercialização e

Intensidade de corte. Que influenciam diretamente na forma como o manejo é realizado,


e podem definir se o proprietário terá sucesso ou não com esse plano.

O modelo criado para solucionar o problema de quais opções escolher para os


cenários de produção madeireiro mostrou-se bastante eficiente, uma vez que foi

possível criar combinação para cada município dos 8 trabalhados, que auxiliaram na
tomada de decisão para escolher cenários de produção madeireiros para essas áreas. O

aplicativo MFC Amapá terá fácil acesso uma vez que será disponibilizado para download
na Play Store (Loja de Aplicativos do Android), o mesmo pode apresentar de forma

sucinta e clara os fatores mais importantes para criação de cenários de produção


madeireiros e quais opções escolher dentro desses fatores para cada um dos municípios

trabalhados, esse aplicativo poderá contribuir com os pequenos produtores que


pretendem desenvolver planos de manejos em suas áreas, mas não sabem que produto
é mais viável para comercializar, ajudará a pequenos empresários que pretendem
montar serrarias mas não sabem qual município é mais adequado para vender madeira

em tora para sua madeireira, o mesmo estará compartilhando informações o manejo


comunitário no Amapá, afim de incentivar pessoas a adotarem essa forma de extrair

riqueza da floresta sem que a mesma seja destruída.

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94
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95
COLABORAÇÃO DOS MEIOS DE MODAIS PARA O DESENVOLVIMENTO: MODAIS
UTILIZADOS NA MOVIMENTAÇÃO DE INSUMOS NO ESTADO DO AMAPÁ.
Yago Castilho de Melo

Kamila Pereira Tavares

RESUMO:
O objetivo principal deste artigo é identificar e compreender quais os meios de modais
predominantes são utilizados na movimentação de mercadorias no estado do Amapá e
qual sua colaboração para o desenvolvimento regional. Também é uns dos objetivos do
estudo tomar conhecimento das vantagens e desvantagens dos modais atuante no
estado do Amapá ao ponto de estabelecer novas estratégias. Entender o impacto
causado na economia e crescimento da região através de importação e exportação de
produtos, identificar sua parcela de contribuição para o desenvolvimento do local,
analisando seus pontos positivos e negativos, a fim de conhecer seus processos e
sistemas tecnológicos para possíveis investimentos na área. A construção do artigo é
aplicada de modo bibliográfica, fazendo-se analises do conceito de diversos autores. O
estudo evidencia a necessidade e limitação que o estado do Amapá possui com seus
modais na movimentação de produtos. Por fim, esboça-se a importância de conhecer a
especialidade individual de cada modal para desenvolver novas estratégias competitivas
e aplicação de investimentos para aprimoramento. Os investimentos aplicados em
infraestrutura para os meios de transporte pelo governo amapaense, são de forma
insuficiente, deixando a existência de falhas e necessidades, dificultando tomadas
inovadoras, atrasando o mercado empreendedor e impedindo a evolução do espaço.

Palavras-Chaves: Modais, desenvolvimento, importação e exportação.

INTRODUÇÃO

A ampliação e desenvolvimento do comércio se dá de forma inevitável por


conta da globalização, que por sua vez impulsiona os mercados de importação e

exportação. O sistema logístico tendo que acompanhar todo esse crescimento por sua
vez, trabalha de forma segura para oferecer todo o auxílio e suporte necessário para a

locomoção de tais produtos.

96
Os modais nada mais são do que o meio de transporte utilizado para
promover o deslocamento de um produto ao seu destino estabelecido, dessa forma se

tornando indispensáveis no processo logístico.


O importador ou exportador deve fazer de forma cuidadosa o

planejamento de movimentação de sua mercadoria pela cadeia de distribuição,


inicialmente deve escolher o modal que melhor se adequa a seus produtos para concluir

seu manuseio. Devemos ter consciência de que cada modal de transporte contém suas
vantagens e desvantagens, tal como fatores de custo de frete com relação ao valor da

mercadoria, rapidez e segurança na entrega, e vários outros fatores incluídos.


Em todo o território Amapaense é notável a presença de pelo menos um

dos diversos tipos de modais existentes, dando ênfase no modal rodoviário e


hidroviário, visto que esses dois modos de transportar algum produto são de extrema

importância para o desenvolvimento do estado já que juntos são responsáveis por quase
toda a locomoção de importação e exportação, além de gerarem emprego para a

população e economia para região.


O Estado do Amapá sofre com a constante limitação por parte dos modais

aéreo, ferroviário e dutoviário, a escassez em abundancia causa grande impacto na hora


de trazer ou levar um produto, seja no custo, tempo, flexibilidade, vida útil, entre outros.
A carência de equipamentos, processos e sistemas tecnológicos são notavelmente uns
dos influenciadores primordiais para existência de uma má condução e aproveitamento

dos processos logísticos e seus modais de transportes, deixando assim uma incerteza
para o empreendedor.

O artigo tem como objetivo analisar os meios de locomoção de

mercadorias através dos modais no estado do Amapá e avaliar quais os modais são mais
utilizados, entender sua colaboração para o desenvolvimento do estado e identificar
seus pontos positivos e negativos, tornando o trabalho um canal de exposição para

97
possíveis investidores, buscando demonstrar sua capacidade e potencialidade já
detectada, a fim de obter infraestrutura adequada, meios de transportes qualificados e

sistemas operacionais apropriados.


O trabalho é embasado em pesquisas bibliográficas por meio de livros

analisando conceitos de diversos autores, obtendo-se informações de como movimentar


mercadorias e gerar desenvolvimento econômico.

A escolha dessa proposta de estudo e pesquisa deu-se através de


promover um melhor compreendimento da real situação dos modais utilizados no

estado do Amapá, suas infraestruturas, limitações, rotas de tráfegos, investidores e


atuação no desenvolvimento socioeconômico e ambiental da região.

É de extrema importância manter conhecimentos aprofundados sobre cada


tipo de modal utilizado, conhecendo suas incapacidades e potencialidades individuais,

buscando investir em melhorias significativas.


O artigo segue a seguinte estrutura, sendo dividido em 6 partes:

Desenvolvimento regional; Escolha de modal; Processos logísticos; Comércio e custo de


transporte; Tecnologia e inovação; Prudência ambiental. Na primeira parte é

apresentado a parcela de contribuição dos modais de transporte para o


desenvolvimento regional. A segunda parte desenvolve os processos que melhor se
adequam a escolha do modal a ser utilizado. Assim, a terceira parte aborda a cerca de
técnicas e métodos logísticos. Já a quarta parte trata da relação com o mercado e seus

custos com transporte e movimentação de cargas e insumos. A quinta parte apresenta


os avanços de sistemas logísticos. Por fim, a sexta parte apresenta os cuidados que se

deve ter com o meio ambiente, bem como aplicação da logística reversa.

98
DESENVOLVIMENTO REGIONAL
A ideia de promover a expansão e desenvolvimento do comércio regional

através de fomentar a produção de insumos junto com a importação e exportação de


produtos e serviços por meio de modais gerando aumento na econômica, é o objeto de

estudo desse projeto.


De acordo com Silveira e Caixeta-Filho (2014) investidores no ramo de

transportes preferem setores com mais participação nos índices de movimentação de


mercadorias. Citam também que investimentos em transportes contínuos realizam

papéis ativos e passivos para obter desenvolvimento.


É importante atenção na hora de determinar e definir suas escolhas de

modais evitando correções ou perda.


Na decisão sobre quais investimentos em transportes devam ser

privilegiados no sentido de atingir objetivos de desenvolvimento, a distinção

entre esses papéis, ativos e passivos, é irrelevante. Em quaisquer casos, os


investimentos têm funcionalidade econômica, e os tomadores de decisão

deverão optar pelos projetos que sejam mais produtivos. (SILVEIRA; CAIXETA-

FILHO, 2014, p.21).

É encontrado uma conexão de retorno por ambas as partes envolvendo

melhorias nos meios de transportes e aumento econômico diante a um determinado


prazo de tempo razoável, ‚melhorias nos transportes estimulam progressos na indústria

e vice-versa‛ (SILVEIRA; CAIXETA-FILHO, 2014, p.19).


Aplicação de aperfeiçoamento nas áreas de modais são cuidadosamente

estudados, pois
o investimento em transportes é estratégico para uma política de

desenvolvimento econômico, principalmente se é elevada em conta sua alta


relação capital-produto, notadamente nas regiões que se encontram em
estágios incipientes de desenvolvimento. Embora na prática sejam observadas
99
correlações positivas entre incrementos nas facilidades de transportes deve ser

entendido como uma soma de recursos disponíveis que é desviada para a futura
geração de um serviço. (SILVEIRA; CAIXETA-FILHO, 2014, p.20).

Christopher (2016) aponta as megatendências que o desenvolvimento está


propenso a sofrer devido as rápidas mudanças tendenciosas por parte dos aspectos

demográficos e geográficos. É previsto um aumento da população nos próximos anos


com um crescimento considerável, ocorrendo o caso de alguns países tendo um

aumento populacional e outros a diminuição desse indicador, fato que se dá através de


uma migração entre países e também a entrada de novos habitantes vindo de zonas

rurais direto para zona urbana, gerando uma grande mudança nas despesas globais,
alguns mercados iram crescer enquanto outros despencarão. Empresas em geral devem

se manter atentas para essas grandes mudanças, pois implicará diretamente em um


novo modo de saber lidar com a situação encontrada, a primeira que melhor se encaixar

no mercado e atender as necessidades sairá na frente de seus concorrentes, até


surgirem outras ideias inovadoras a fim de promover sustentabilidade e

desenvolvimento.

ESCOLHA DE MODAL
A definição do meio em que será trabalhado o uso para transporte de

cargas se dá através de vários aspectos como a localização geográfica em que se


encontra, estrutura e suporte oferecido, fluxo de demanda e oferta, rotas de tráfegos,

vantagens e desvantagens, além de ter como analise o tempo, quantidade suportada,


preço final e outros (FIGUEIREDO et al., 2014)

O sistema logístico também pode ser trabalhado de forma integrado das


seguintes maneiras, intermodal e multimodal que será feito levantamento de dados

seguido de analises para desenvolver a melhor estratégia para adotar (FIGUEIREDO et al,
2014).
100
Para definição de adoção do modelo de modal em que será utilizado,
considera-se Figueiredo e outros (2014, p.230), ‚variáveis como agilidade, flexibilidade e

nível do serviço são consideradas, atualmente, como variáveis relevantes na tomada de


decisão para o transporte de carga‛.

De acordo com Valente e outros (2011), definir o meio de transporte que


será utilizado na movimentação de um serviço é de um modo geral simples, porém

pouco utilizada pelas empresas ou gestores. O autor também fala sobre a relação e
analise que deve ser feita para evitar problemas indesejáveis durante cada serviço de

transporte realizado, ações que devem ser praticadas como,


Determinar a demanda mensal de carga; fixar os dias de

trabalhos/mês e as horas de trabalho/dia; verificar as rotas a serem utilizadas,

analisando aclives, condições de tráfego, rugosidade da pista, tipo de estrada

(asfaltada, de terra, cascalhada) etc.; com dados sobre as rotas, determinar a

velocidade de cruzeiro no percurso; determinar os tempos de carga, descarga,

espera, refeição e descanso do motorista etc; analisar as especificações técnicas


de cada modelo de veículo disponível na praça, a fim de determinar o que

melhor atende às exigências necessárias para o transporte desejado; identificar a


capacidade de carga útil do veículo escolhido; calcular o número de viagens/mês

possíveis de serem realizadas por veículo; determinar o número de toneladas

transportadas por veículo. (VALENTE et al., 2011, p.47).

É de extrema importância e responsabilidade do gestor de transportes ficar


atento para a necessidade de manutenção em veículos utilizados pela empresa, o não

cumprimento dessa tarefa poderá resultar em grandes prejuízos para a organização. O


responsável deve manter em dia os cuidados com seus veículos, buscando alcançar

condições confortáveis na hora de transportar, também deve observar para que o custo
de reparos ou manutenções caibam dentro do limite econômico da entidade. Muitos
empresários trabalham com a ideia de que a manutenção é algo descartável, que não
101
tem tanta significância, portanto, deixando-a de lado será a melhor opção, pois irá
reduzir custos. Com essa forma de pensar o gestor acaba contribuindo para que tenha

resultados negativos. Podemos relatar como compreensão sobre manutenção, é


composto por um conjunto de medidas que consiste em deixar veículos em ótimas

forma de uso, evitando problemas como, na parte técnica, segurança e econômica.


Conforme Valente e outros (2016, p.202), ‚Se a manutenção for bem feita, além da

redução dos custos, essa conduta implicará também maior confiança aos clientes‛.
Outro fator que deve ser tomado com bastante relevância é a manutenção

de estoque, de acordo com Christopher (2016), o gestor precisa saber de forma efetiva
quanto custa o seu estoque e, trabalhar de forma precisa para maximizar resultados e

diminuir custos com perda de mercadorias obsoletas, estoque parado, manuseio, entre
outros.

PROCESSOS LOGISTICOS

Segundo Christopher (2016) a logística é o método ao qual se aplica


estratégias baseando-se na movimentação de recursos e armazenagem de materiais.

Esses processos quando executados de forma eficiente agregam grande valor para
empresa, gerando vantagem competitiva.
Pires (2016) afirma que, o homem passou a reconhecer a importância dos
processos logísticos desde muito tempo, quando foi obrigado a se preparar para as

guerras mundiais, causas que o levaram a desenvolver estratégias de abastecimento de


tropas, alimentos, remédios, munição, entre outros. Christopher (2016, p.1) reforça a

ideia dizendo ‚ao longo da história da humanidade, guerras são vencidas e perdidas por

forças e capacidades logísticas ou pela falta delas‛.


A logística e seus processos passaram a ser conhecidos na antiguidade,
onde foram cruciais e definitivos em batalhas travadas entre grandes nações históricas

102
durante o período da humanidade determinando seu sucesso ou a decadência. Do
passado até os dias atuais foram realizados estudos para aprimorar cada vez mais a

forma de movimentar produtos a fim de obter uma vantagem competitiva diante do


mercado globalizado e exigente. Diante da aplicação de novas pesquisas com o intuito

de apresentar melhores resultados na administração de transportes de produtos foram


revistos alguns paradigmas sobre processos logísticos que já estavam ultrapassados e

não se encaixavam corretamente nos dias de hoje, o primeiro tem relação ao conceito
de agregação de valor ao produto e o segundo corresponde a classificação tradicional

aos exercícios existente em uma cadeia de suprimentos ‚meios‛ e ‚fins‛ ( PIRES, 2016).
Com a chegada da globalização no brasil as empresas precisaram realizar

analises para criar novas estratégias com o intuito de se adaptar à nova realidade,
buscando se igualar ao nível globalizado. Fatores competitivos essenciais como o custo,

desempenho de entrega, flexibilidade e a qualidade (PIRES, 2016).


O objetivo que a logística propõe sobre seus serviços a fim de satisfazer as

necessidades de seus clientes, é integrando tempo, custo, qualidade, atendimento e


outros aspectos,
Torna-se evidente, com base nos comentários anteriores, que a

missão da gestão de logística é planejar e coordenar todas as atividades

necessárias para se atingir os níveis desejados de serviço prestado e qualidade

ao menor custo possível. A logística deve, portanto, ser vista como o elo entre o

mercado e a base de fornecimento. O âmbito da logística abrange a

organização, desde a gestão de matérias-primas até a entrega do produto final


(CHRISTOPHER, 2016, p.13,14)

Cadeia de suprimentos também é um fator que está incluso entre

processos logísticos, Pires (2016, p.36) define como ‚*...+ conjunto de companhias

103
autônomas, ou semiautônomas, que são efetivamente responsáveis pela obtenção,
produção e liberação de um determinado produto ou serviço ao cliente final‛.

Logística, transporte (modal) e cadeia de suprimentos estão totalmente


ligadas, é impossível gerar competitividade se existir falha por parte de alguma delas,

cada empresa necessita entender e usar de maneira eficiente e eficaz cada método
citado. Buscando conhecimentos sobre cadeia de suprimentos temos,
A cadeia de suprimentos é a rede de organizações que está
envolvida, por meio de ligações ‚a montante e a jusante‛, nos diferentes
processos e atividades que produzem valor na forma de produtos e serviços nas

mãos do consumidor final. Assim, por exemplo, um fabricante de camisas é a

parte de uma cadeia de suprimentos que se estende a montante pelos tecelões

até os fabricantes de fibras, e a jusante, pelos distribuidores e varejistas até o

consumidor final. Cada uma dessas organizações na cadeia são dependentes

umas das outras por definição e, ainda assim, paradoxalmente e por tradução,

não cooperam umas com as outras (CHRISTOPHER, 2016, p.16).

A administração de cadeia de suprimentos entende que cada setor da


empresa faz seu próprio trabalho sem depender de outra área, onde realiza determinada

tarefa sem se atentar se por exemplo outro setor está sendo afetado negativamente
com a realização da devida ação. É importante existir coordenação, gerenciamento,

direção e controle para que gerem resultados positivos, Christopher (2016, p. 18) ‚É
preciso reconhecer que o conceito de gestão de cadeia de suprimento, embora

relativamente novo, é na verdade nada mais do que uma extensão da lógica da


logística‛.

Pires (2016) destaca alguns dos processos logísticos mais trabalhados


recorrentes, falaremos a respeito delas na sequência, MilkRun é uma atividade para

abastecimento, mais precisamente, abastecimento de usinas que trabalham com o


manejo do leite e usinas pasteurizadoras, o objetivo geral é redução de custos logísticos
104
e atribuir o fator confiabilidade. O Cross-docking é aplicado de forma a ser voltado
constante para a cadeia de suprimentos, onde seus objetivos são voltados para redução

de estoques, aumentar a movimentação de produtos, melhorar a viabilidade de recursos


financeiros e reduzir seu lead time. Transit Point desempenha a função de alavancar a

forma efetiva e a aptidão de um sistema especializado em distribuição, especialmente se


tratando de estoques e armazéns, seu objetivo é levar seu produto com segurança aos

locais com mais dificuldade em acesso, o sistema acontece basicamente com o envio de
um veículo com capacidade absurda de carga até determinada área de encontro,

levando e abastecendo outros veículos menores que distribuíram o produto até o


destino final. Merge in Transit se aplica a uma pratica que consiste em processos de

distribuição no recinto de produtos em finais de ciclo e altos produtos com valor


agregado. Just-in-sequence reside em uma aplicação da logística que atua no processo

de abastecimento apoderando-se de termos básicos de just in time, satisfazendo o


cliente com a coisa certa, na quantidade certa e no momento correto.

COMÉRCIO E CUSTO DE TRANSPOTE

A participação dos modais como meio de locomoção de insumos é de


grande essência para o comercio interno de determinada região, promovendo renda e
um acréscimo no desenvolvimento ao qual o setor de importação e exportação provem
de grande influência ao que se refere em fornecer suprimentos para a população e de

expandir seu produto ou serviço através de exportações (CASTRO, 2014).


O custo de transportar um bem de um local para outro é ligado ao tipo de

modal que será utilizado no processo, seja ele qual for, terá grande influência no tempo

e preço final de determinado produto, Castro (2014, p.60) ‚nesse sentido, os custos de
transportes afetam a renda gerada em cada região (via exportação) e seus preços (via
importação – tanto de insumos, quanto de produtos finais)‛.

105
Obter um sistema logístico onde não exista eficiência por sua vez acaba
gerando grandes problemas, riscos e custos para empresa, dando uma congelada no

desenvolvimento (CASTRO, 2014).


Iniciar um negócio no ramo de transportes de modais é de suma

importância para geração de sustentabilidade, porém deve-se ficar atento quanto ao


nível de infraestrutura estabelecido pelo local onde será implantado, Castro (2014, p.61),

‚instalações precárias de transporte restringem as possibilidades de ganhos pelo


comércio‛.

A procura por transportes de cargas para importar ou exportar insumos


tem-se aumentado em razão do continuo crescimento do mercado de forma

globalizado, onde
o crescimento do produto ou da demanda por transporte de
carga ter-se expandido de forma elástica foi o marcante crescimento do
comércio interno brasileiro, nesse período, bem como da distância média
percorrida por esses fluxos. Desde os anos 70, nota-se um crescimento do
comércio inter-regional em todas as regiões brasileiras. (CASTRO, 2014, p.66).

Os meios utilizados como rotas para deslocamento e movimento de cargas

tem uma parcela de grande influência na geração de preço final de um produto, se os


lugares por onde os tipos de modais fazem seu trafego estiverem totalmente

descuidados acaba contribuindo com o custo de manutenção constante de veículos,


causando uma lentidão no processo de entrega (CORRÊA JUNIOR et al., 2014).

Segundo Corrêa Junior e outros (2014) uma forma de obter melhor


rendimento e ter um aproveitamento satisfatório na utilização de recursos transportados

é acordo de cargas de retorno.


Realizar o orçamento das atividades é fundamental para empresa obter
informações e criar possíveis estratégias e táticas, tradando-se de transportes é
substancial que se tenha uma boa previsão por parte dos gestores, de modo a evitar

106
custos desnecessários. O administrador tem o dever de se manter sempre alerta e
atualizado diante de variações que possa influenciar diretamente em seu orçamento

(VALENTE et al., 2011).


É de extrema importância manter o controle de custos sobre cada

operação de transporte, existe um número expressivo de variáveis que podem


influenciar em cada ação realizada no momento da movimentação, causando aumento

no custo e atrasos no prazo. Existem softwares capazes de realizar captação de dados e


transformar em informações para auxiliar nesse processo de controle, porém deve ser

feito também um treinamento por parte da empresa com seu colaborador a fim de
capacita-lo e deixa-lo apto para manuseio de tal ferramenta, aprimorando

consecutivamente no gerenciamento de frotas (VALENTE et al., 2011).


É necessário redobra a atenção para fatores que podem influenciar nos

custos dos transportes, o gestor responsável pelo serviço deverá se manter sempre em
alerta, pois existem métodos que realizados de maneira incorreta podem trazer aumento

de preço do produto final ou até mesmo prejuízos, da mesma forma se tais


procedimentos forem realizados de maneira adequada, trará benéficos e vantagem para

a empresa. Processos conhecidos como a, quilometragem desenvolvida, tipo de tráfego,


tipo de via, região, porte do veículo e desequilíbrio nos fluxos, técnicas que por sua vez
devem ser estudas e analisadas por gestores a fim de desenvolver a melhor estratégia
buscando garantir o sucesso diante de seus concorrentes, (VALENTE et al., 2016).

TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

Atualmente a tecnologia se tornou uma aliada constantemente presente

em qualquer organização que busca melhorias continuas e vantagens no mercado, com


intuito de minimizar riscos e aumentar suas oportunidades. Inovações tecnológicas
possibilitam o surgimento de assessórios e ferramentas utilizadas para o uso de

107
identificação de necessidades e disponibilizam suporte para criação e aplicação de
melhorias. (VALENTE et al., 2011).

É importante entender o poder de influência que a tecnologia possui sobre


as empresas de transportes, é necessário se manter atualizado e trabalhando para

construir e desenvolver novos métodos que tragam resultados e gerem diferenciação


diante dos seus concorrentes, é preciso estar um passo à frente da concorrência para se

manter no topo e ganhar mercado. Existem casos registrados de empresas de grandes


portes que foram ultrapassadas por pequenas empresas que obtinham ideias inovadoras

junto com a força da tecnologia. O avanço da tecnologia ganhou intensidade e


velocidade em uma proporção extraordinária, com isso obrigando as empresas de

transportes a ampliar sua visão e percebendo que para atender o mercado já não
bastava apenas uma boa gestão de frotas, é preciso manter-se modernizado a fim de se

manter estável ou acabar ampliando para atingir uma parte maior do mercado, portanto,
as empresas do ramo devem se manter atentas aos avanços tecnológicos e adquirir

sempre que existir viabilidade, Valente e outros (2016, p.321) ‚*...+ A entrega correta de
uma encomenda ou produto ao cliente certo, no lugar e hora programados, é a linha

divisória entre as empresas bem-sucedidas e as que fracassam no mercado‛.


Valente e outros (2016) afirma que cada vez mais as empresas de
transportes estão ganhando suporte, devido ao olhar dos grandes empresários e
gerentes voltar-se para as estratégias de transporte, onde ganha destaque. Fato esse

que ocorreu diante da mudança e informação da logística, produtividade e qualidade,


fatores também decisivos são os sistemas de apoio á decisão que dão total suporte para

o gerenciamento e desenvolvimento de estratégias.

Segundo Pires (2016), a anos estamos testemunhando grandes avanços


por parte da tecnologia, cabe a todos que constituem o mercado se adaptar para
permanecer ou expandir e explorar cada vez mais o meio econômico. O autor relata que

108
o surgimento da tecnologia em informação foi um ponto marcante, pois possibilitou o
surgimento de diversos métodos que vieram a somar com a questão de transportes,

logística, armazenamento e cadeia de suprimentos. Junto com a invenção da internet


vieram o poder da transmissão de dados, comunicação sem fio, que passou a oferecer

maior flexibilidade facilitando a comunicação e armazenamento de dados, melhorias na


alimentação de dados por parte de sistemas especializados, digitação, códigos de

barras, radiofrequência, e hoje em dia como conhecemos os cartões e etiquetas


eletrônicas. A internet propiciou melhorias em sistemas, facilidade em guardar

informações e flexibilidade para acessa-las, de forma a oferecer diretamente dados


disponíveis para analises e criação de estratégias competitivas.

Em momentos de decadência onde a economia esfria é preciso fazer a


diferença para se manter competitivo ao ponto de disputar mercado e não ceder

oportunidades para que concorrentes ganhem espaço roubando clientes e


reconhecimento. No período de baixa economia sairá na frente a empresa que melhor

se antecipar aos outros com estratégias inovadoras, formas de trabalho totalmente nova
e eficiente, surgimento ou melhorias em equipamentos buscando de uma forma

diferente aceitação e adaptação ao mercado de clientes bastantes exigentes. Exemplos


de mecanismos que contribuíram para a modernização no brasil,
Tecnologias de rastreamento e acompanhamento de veículos;
incorporação das tecnologias de GPS aos telefones celulares; melhora da

tecnologia de transmissão de dados em telefonia móvel; produtos tecnológicos

(softwares e hardwares) para a solução de problemas de roteirização de veículos;

softwares de controle de frotas e fretes; softwares TMS (sistemas de


gerenciamento de transportes); roteirizadores on-line; tecnologias de conexão

integral da frota; cursos e web cursos em gestão empresarial (VALENTE et al.,

2016, p.323).

109
Conforme Pires (2016), uns dos grandes resultados da explosão no
desenvolvimento da tecnologia e informação é o surgimento do e-commerce e e-

business, formas totalmente inovadoras desenvolvidas e trabalhadas de forma


eletrônica, onde o autor define e-commerce como o ‚uso geral da internet no mundo

dos negócios‛ e o e-business como ‚geralmente restrito aos limites das transações de
compra e venda‛.

Segundo o autor Christopher (2016), é incontestável a existência de uma


revolução multicanal, onde vem sendo estimulada pelo surgimento da internet, ao qual

disponibiliza uma nova plataforma e jeito de se fazer negócio. As empresas que se


encontram atrasadas ou desatualizadas no mercado, correm um risco maior de perda,

visto que não terá a mesma capacidade de filtrar informações dos clientes, fornecedores,
acontecimentos diários no que se ocorre no mundo, fatores que impactam em seu

negócio de forma indireta e diretamente. Uma organização com escassez de recursos


tecnológicos é uma empresa ultrapassada, pois não conseguira reagir as mudanças

econômicas como desejável. Christopher também relata o meio inovador em que as


organizações se encontram nos dias atuais, ofertas de compras e entregas diretamente

por meio da internet, seja através de sites, e-mails, propagandas e anúncios, tudo isso
pode ser feito de seu smartphone, computador ou qualquer outro aparelho compatível,
processos inovadores que estão cada vez mais recebendo investimentos e roubando o
espaço e flexibilidade de uma loja física.

Valente e outros (2016) apontam o surgimento de sistemas inteligentes de


transportes, que tem como finalidade oferecer suporte, eficiência e segurança no

deslocamento de pessoas e insumos. Sistemas e aparelhos tecnológicos gerados através

dessa ideia foram os radares ou câmeras de navegação para aviões e embarcações.


Outro sistema desenvolvido para auxilio inovador foram os GPS, ajudando no controle
de tráfegos dos meios de transportes.

110
PRUDÊNCIA AMBIENTAL

A importância com o meio ambiente é bastante pautada, pois leva-se em


consideração o espaço onde seres vivos sobrevivem. É levantado questões para

preservações relacionados ao meio ambiente seja ele terrestre, marítimo ou aéreo,


cuidados esses que causaram impactos ao futuro de forma abrangente (MONTEIRO;

MARTINS, 2014).
Uma forma de cuidar do espaço ambiental adotado por muitas empresas é

a política de reaproveitamento de seus produtos já utilizados, de forma a evitar acumulo


de lixo, incentivar consciência na população, entre outros fins,
a logística reversa é uma nova área da logística empresarial que
tem como preocupação o equacionamento da multiplicidade de aspectos

logísticos do retorno ao ciclo produtivo dos diversos tipos de bens industrias,

dos materiais constituintes dos mesmos e dos resíduos industriais, por meio da

reutilização controlada do bem e de seus componentes ou da reciclagem dos


materiais constituintes, dando origem a matérias-primas secundárias que se

reintegrarão ao processo produtivo. (MONTEIRO; MARTINS, 2014, p.212).

De acordo com Christopher (2016), no início do século XXI as questões

ambientas ganharam destaques no que se refere aos negócios e a sociedade pois, a


grande apreensão por medo de mudanças climáticas que devido ao aquecimento

global, estava provocando mudanças significativas não somente ao modo de


transportar, mas trazendo destruição ao meio ambiente de forma a ameaçar sua

sustentabilidade, passou-se a questionar as ações dos homens e da economia,


levantando a relação de impacto que possuem sobre afetar de forma negativa a

sustentabilidade de todo o globo terrestre. Sustentabilidade pode ser definida como, ter

111
capacidade de suprir necessidades sem comprometer o processo de gerações seguintes
para satisfazer suas próprias necessidades.

É desenvolvida uma ideia paralela chama Triple Bottomline (planeta,


pessoas e lucro), cujo seu conceito é embasado na importância de analisar impactos

causados por três aspectos fundamentais:


Meio ambiente (por exemplo, poluição; mudanças climáticas; o

esgotamento de recursos escassos etc.) Economia (por exemplo, efeitos sobre a

vida das pessoas e a segurança financeira; rentabilidade da empresa etc.).


Sociedade (por exemplo, redução da pobreza; melhoria das condições de vida e

de trabalho etc.), (CHRISTOPHER, 2016, p. 290).

Pires (2016) diz que, uma área que vem se alavancando diante das

circunstancias atuais é a logística reversa, que busca entender de que forma pode
reaproveitar um produto utilizado e descartado por devidos consumidores. O autor

continua com a seguinte afirmativa, a sociedade atual não está se importando com o
montante de sucata que estão produzindo e jogando por algum lugar da natureza, não

estão com intuito de preservar e nem se interessam com o mal que estão provocando
contra as gerações futuras, onde conforme definimos o conceito de sustentabilidade,

essa ideia está totalmente indo ao contrário e causando impactos negativos ao longo
prazo. A legislação mundial em geral acompanha esse fato e tende a consolidar a ideia

de que quem produz será responsável pelo entulho. Empresas percebendo essa vertente
já passaram a focar em desenvolver estratégias para reverter ou amenizar esse grande

problema, ficando na frente de seus concorrentes gerando uma vantagem competitiva,


principalmente se tratando de imagem, onde uma empresa que cuida, preserva e está

preocupada com o meio ambiente e as gerações futuras, agrega valor e conquista


novos clientes, contribuindo para a ideia de sustentabilidade.

112
Christopher (2016) faz comentários sobre a logística reversa, definindo-a
como um termo de processos com a intenção de resgatar os produtos de volta,

contudo, no final de sua vida útil. Também faz ponderações sobre o desafio das
empresas em buscar e desenvolver a melhor maneira de tratar com seus devidos

produtos depois que sua vida útil é chegada ao final, de que maneira fará para resgata-
los e como reutilizará em diante. Christopher afirma que no passado a logística reversa

era vista como um custo bastante alto, por essa razão muitas vezes não recebia a
atenção que precisava, em dias atuais esse olhar por parte das empresas mudou, onde

empresários e gestores de cadeia de suprimentos enxergam o processo da logística


como uns dos principais fatores para se atingir a sustentabilidade empresarial, e ainda

reduzir a quantidade de sucata que se encontra ao redor do planta inteiro.


Especula-se o crescimento sobre a concepção dos potencias danos

causados através dos gases de efeito estufa para com nosso planeta, gases que são
conhecidos como dióxido de carbono, óxido nitroso, metano e outros gases

fluorcarbonetos. Um ponto defendido por alguns pesquisadores é de que com o


aumento desses gases acaba influenciando em mudanças climáticas, mesmo que outros

sejam contrários a essa ideia (CHRISTOPHER, 2016).


Segundo Mill (2017) é preciso existir um equilíbrio entre economia e o
meio ambiente, o crescimento da população provoca um aumento na demanda de
produtos renováveis e não renováveis, questão que deve ser analisada e tomada

decisões cautelosas buscando evitar maiores danos ao ecossistema.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os meios de transportes são de extrema importância para o


desenvolvimento de qualquer nação, é por eles que produtos são levados de um lugar
para o outro até encontrar seu destino final, o consumidor.

113
Ao possuir um sistema de transporte eficaz a organização agrega
qualidade, confiabilidade por parte do cliente, reduz custos e tempo, organiza e controla

melhor seu estoque, obtendo uma vantagem competitiva diante de seus concorrentes.
Estudar os diferentes tipos de modais possibilita aprender sobre cada

especialidade individual, suas vantagens e desvantagens, processos decisivos ao se


definir qual o meio mais apropriado para locomoção de produtos. É importante frisar

que o modal rodoviário é o meio mais utilizado em todo brasil, incumbido de grande
participação na movimentação de cargas. Identifica-se imperfeições na infraestrutura,

reduzindo o desenvolvimento e a movimentação de insumos.


A disponibilidade e oferta de infraestrutura no estado do Amapá diante de

sua potencialidade é insatisfatória. Vivemos em um mundo cada vez mais globalizado e


atento para novas tecnologias. Grande parte da infraestrutura levando em consideração

os modais predominantes rodoviário e hidroviário no estado do Amapá se encontram


em situações precárias, ultrapassados ou em obras que não chegam a sua conclusão.

Essa necessidade impacta diretamente na evolução do transporte de cargas, entrada ou


saída da região. Levando a uma redução no desenvolvimento econômico e social do

estado.
Os meios logísticos em que o território Amapaense se encontra levando
em consideração seus transportes de cargas e frotas, são deficientes, uma vez que
sofrem constantemente com a falta ou escassez de métodos, processos, materiais e

sistemas modernizados ou especializados. Coeficientes que agregam muito para um


desenvolvimento organizacional e da própria região. Empreender na área, trazendo

tecnologia e recursos imprescindível seria fundamental, sabendo da grandeza e riqueza

que o estado possui. O que realmente falta é interesse e investimento em melhorias para
os devidos fins.

114
Os investimentos destinados a promover melhorias no setor de
estruturação dos modais não tem sido suficiente por parte do governo amapaense.

Contudo, é perceptível a modernização para os anos futuros em processos e sistemas de


transportes, antecipa-se a necessidade de intensivos e constantes investimentos, já que

os modais são indispensáveis no desenvolvimento de uma nação e seguem fundamento


de integração dos diferentes meios.

O estado do Amapá sofre com a escassez de pesquisas, dados,


informações, estudos e matérias relacionadas ao problema proposto nesse artigo,

prejudicando de forma significativa na criação de novas estratégias.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAIXETA-FILHO, José Vicente; SILVEIRA, Ricardo Martins. Gestão logística do
transporte de cargas. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2014.

CASTRO, Newton (colaborador) Gestão logística do transporte de cargas. 1. ed. São


Paulo: Atlas, 2014.

CHRISTOPHER, Martin. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. São


Paulo: Cengage Learning, 2016.

CORRÊA JUNIOR, Goncilio et al. (colaboradores) Gestão logística do transporte de


cargas. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2014.

FIGUEIREDO, Ana Beatriz Castro Monteiro et al. (colaboradores) Gestão logística do


transporte de cargas. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2014.

MILL, Alfred. Tudo que você precisa saber sobre economia. São Paulo: Editora Gente,
2017.
MONTEIRO, Adriane Fontana; Martins, Edson Aguiar (colaboradores) Gestão logística
do transporte de cargas. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2014.

115
PIRES, Sílvio R. I. Gestão da Cadeia de Suprimentos (Supply Chain Managemente):
conceitos, estratégias, práticas e casos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2016.

VALENTE, Amir Matar et al. Gerenciamento de Transporte de Frotas. 3. ed. São Paulo:
Cengage Learning, 2016.

VALENTE, Amir Mattar et al. Gerenciamento de transporte e frota. 2. ed. São Paulo:
Cengage Learning, 2011.

116
CONFLITOS NA GESTÃO DOS RECURSOS NATURAIS EM ÁREAS PROTEGIDAS NO
ESTADO DO AMAPÁ: UM ESTUDO DE CASO DO PARQUE NACIONAL CABO
ORANGE

Mario Mendonça Neto


Divana Monteiro e Souza
Marcos Marciano Castro Ribeiro

RESUMO:

O presente artigo discorre sobre a gestão dos conflitos existentes dos recursos naturais
em áreas protegidas no estado do Amapá. Portanto, compreender esses conflitos é
importante para a formulação das políticas e diretrizes para o processo produtivo do
estado e das comunidades tradicionais. Analisar-se-á a gestão e o manejo dessas
unidades de conservação, pois, em última análise os conflitos refletem o processo
histórico das lutas sociais e da transformação econômica na construção dos espaços
geográficos. Os recursos naturais são alvo de disputa por diferentes interesses e
concepções. Com isso, analisar-se-á o impacto do Parque Nacional de Cabo Orange
(PNCO) nas populações envolvidas e os respectivos conflitos. Para esta pesquisa utilizou-
se o enfoque qualitativo a partir de pesquisa feita In loco realizada no Parque Nacional.
Os dados e informações obtidos foram fundamentais para identificar os principais
conflitos existentes na preservação dos recursos naturais, bem como quais ações
estratégicas, foram relevantes para a tentativa de solução dos conflitos existentes.

Palavras Chaves: Gestão de Conflitos, Áreas protegidas, Parque Nacional.

1 Introdução

Os conflitos ambientais são presenças constantes no ato de gerir e manejar os

recursos naturais. Diversos povos e civilizações reconheceram, ao longo da história, a


necessidade de proteger as áreas naturais pelos mais diversos motivos. Entretanto, com
o passar do tempo, muitas dessas áreas foram sendo desmatadas para dar lugar à
117
ocupação humana. O interesse econômico, a corrupção e as falhas nos modelos de
gestão, tem comprometido seriamente o desenvolvimento do setor produtivo na

Amazônia e principalmente nos estados da região norte, comprometendo o


desenvolvimento sustentável e a preservação dos recursos naturais em áreas protegidas.

Com o intuito de proteger essas áreas, foi criado o Sistema Nacional de


Conservação da Natureza (SNUC), com a promulgação da Lei nº 9.985, de 18 de julho de

2000. A Lei do SNUC foi criada para gerar grandes avanços à criação e gestão das
Unidades de Conservação (UC) nas três esferas de governo, fomentando a preservação

da diversidade biológica, de modo a garantir, às gerações futuras, as riquezas naturais


existentes no país.

No Brasil, os conflitos surgem em todos os aspectos da gestão ambiental,


principalmente na gestão de unidades de conservação (UC’s), que é uma tipologia de

áreas protegidas.
As áreas protegidas são espaços que objetivam proteger e manter a diversidade

biológica, os recursos naturais e culturais, através de instrumentos legais ou outros


meios institucionais específicos. Dentro dos limites e no entorno destas áreas os

processos conflituosos são intensos e com diversas proporções, conforme será visto.

No Brasil, os princípios que nortearam a criação das primeiras áreas protegidas


foram idênticos aos do parque de Yellowstone: oferecer à população urbana acesso a
um lugar de grande beleza paisagística onde fosse possível desfrutar o prazer de

admirar a natureza. Os primeiros parques nacionais estabelecidos foram: o Parque


Nacional do Itatiaia, em 1937; o do Iguaçu, em 1939 e o da Serra dos Órgãos, em 1939.

Em relação à legislação brasileira, as áreas protegidas incluem as unidades de

conservação (UCs), Terras Indígenas (TIs), terras de quilombolas (TQs) e outras áreas
legalmente protegidas que, pela Convenção sobre Diversidade Biológica, são "definidas
geograficamente e destinadas, ou regulamentadas, e administradas para alcançar
118
objetivos específicos de conservação‛ (Convenção da Diversidade Biológica - CDB,
Artigo II, 1993). É importante ressaltar, contudo, que, de acordo com o Plano Estratégico

Nacional de Áreas Protegidas - PNAP, as TIs e TQs não devem ser reconhecidas
automaticamente como áreas protegidas dentro dos termos da CDB, pois os direitos

territoriais indígenas e quilombolas são inalienáveis, estando ou não ligados à


conservação da biodiversidade.

As unidades de conservação são uma das espécies do gênero de espaços


protegidos instituídas pela Lei 9985/00, como forma de regulamentar o artigo 225,

parágrafo III, da Constituição Federal de 1988, onde assegura a criação de espaços


protegidos, como forma de conservar e preservar ecossistemas que abrangem diversas

espécies de fauna e flora, mantendo o fluxo de ambientes que carecem de conservação.

Desta forma, ficou assegurada a conservação de espaços como forma de frear o

processo de exploração antrópica, assegurando recursos naturais a todos os sujeitos,


sejam estes, determinado ou indeterminados, conforme a premissa constitucional. O

fato é que muitos espaços são criados e não possuem plano de manejo para executar
uma política de inserção humana no processo de desenvolvimento econômico, neste

sentido Fiorillo (2013) enfatiza os chamados ‚Parques de papel‛, pois são espaços
criados sem qualquer ferramenta político-social para o desenvolvimento de atividades,

constituindo apenas, áreas com cercas e proibições, excluindo desta forma as


comunidades tradicionais e as possibilidades para o desenvolvimento sustentável.

2 Gestão de Áreas Protegidas

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE/2013), relatou que


os Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (IDS), o Brasil possuía 1.783 unidades de

119
conservação (UCs), terrestres e marinhas, com cerca de 1,5 milhão de km², superando as
áreas somadas de Portugal, França e Alemanha; As unidades da federação com as

maiores proporções dos seus territórios em áreas protegidas eram o Distrito Federal
(93,5%), Amapá (62,8%), Acre (32,3%) e Pará (32,2%). Juntos, Amazonas e Pará

concentravam 9,4% das áreas protegidas do país.


As Unidades de Conservação criadas pelo Poder Público Federal era

responsabilidade do IBAMA, e atualmente está sob a gestão do Instituto Chico


Mendes.Em abril de 2007 foi publicada a MP 366, que foi convertida na Lei Federal nº

11.516 em 28 de agosto de 2007, criando o Instituto Chico Mendes de Conservação da


Biodiversidade (ICMBio) e transferindo a gestão de todas as Unidades de Conservação

Federais do IBAMA para o instituto.


As áreas criadas pelo Estado, como Parques Estaduais, Estações Ecológicas,

Reservas Biológicas, Florestas Estaduais de Rendimento Sustentável e as Reservas


Extrativistas Estaduais são subordinadas e integrantes da estrutura básica dos Estados.

Isto não significa que o Estado-Membro só deva fiscalizar as áreas por ele criadas,
e a União as por ela instituídas. Haveria verdadeira afronta ao disposto no art. 225, da

CF/88, caso fosse essa a interpretação observada pelo Poder Público.


De acordo com a Lei nº 9.985/00 que rege esse Sistema Nacional de Unidades de
Conservação, as quais dividem-se em grupos:
1) As Unidades de Proteção Integral: que têm como objetivo a preservação da

natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos recursos naturais, ou seja, manter os
ecossistemas livres de alterações causadas pela interferência humana. Este grupo é

formado por: Estação Ecológica; Reserva Biológica; Parque Nacional; Monumento

Nacional e Refugio Silvestre.


2) As unidades de Uso Sustentável: têm o objetivo básico de compatibilizar a
conservação da natureza com uso sustentável de parcela dos recursos naturais, ou seja,

120
explorar o ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais
renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais

atributos ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável. São


formados por: Área de Proteção Ambiental (APA); Área de Relevante Interesse Ecológico;

Floresta Nacional; Reserva Extrativista; Reserva de Fauna, de Desenvolvimento


Sustentável e Particular do Patrimônio Natural (RPPN); (ANTUNES, 2000).

Entre as diretrizes que regem o SNUC, está o estabelecimento da garantia de que


o processo de criação e a gestão das unidades de conservação sejam feitos de forma

integrada com as políticas de administração.


Ressalta-se, por oportuno, que mesmo, a Unidade de Conservação de uso

sustentável deve contar com o plano de manejo da unidade, ou seja, um estudo


multidisciplinar de suas áreas que contemplem o diagnóstico de seus recursos naturais,

uma espécie de zoneamento da unidade.


Com efeito, de acordo com os princípios da participação e sustentabilidade –

estabelecidos pelo art. 225 da CF/88 – a obrigação de defender e preservar o meio


ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gerações é da

coletividade e do Poder Público em geral, aliás, conforme art. 23, VI e VII c.c art. 225,
ambos da CF/88.

A criação de áreas protegidas de uso direto e a demarcação de terras indígenas são


planejamentos característicos do modelo pós-moderno, mas a falta de articulação social

de investimentos do governo não viabilizam esses programas. Os financiamentos e as


ONGs internacionais tem ajudado a manter uma política estritamente preservacionista e

de exploração dos recursos naturais na Amazônia (ABRANTES, 2014).

A gestão do meio ambiente é dividida entre os governos: federal, estadual e


municipal, desempenhando cada um, funções e competências diferentes e particulares.
De acordo com a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 23, é competência comum
121
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. O critério utilizado pelos
órgãos responsáveis pela criação das áreas protegidas no Estado, inicialmente Instituto

Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF) e SEMA, e mais tarde pelo IBAMA, era o
de que havia grandes extensões territoriais desabitadas neste espaço da Amazônia.

Assim, o Amapá passou a fazer parte da meta mundial de conservação que objetivava
aumentar o número de áreas protegidas na região.

3 As Unidades de Conservação no Amapá

O Amapá possui uma variedade de ecossistemas caracterizados por mangues,

floresta de várzea e terra firme, campos inundáveis e cerrados, revelando uma


diversidade ambiental muito particular e diferente dos demais Estados da federação,

apresentando condições ambientais favoráveis, dado seu isolamento geográfico, além


disso, já destinou 72% do seu território às áreas protegidas, sendo deste percentual,

cinco terras indígenas e dezenove Unidades de Conservação, configurando 10,25


milhões de hectares. Destinadas à proteção dos recursos naturais, essas áreas são

instituídas por lei, por meio do poder público federal, estadual ou municipal, e devem
proteger o patrimônio natural e cultural do Estado que apresenta uma riqueza de

espécies de fauna e flora, nesse aspecto, assim descrito por Abrantes (2014).

Por todas essas características, segundo Abrantes (2014), o Amapá representa um

espaço de grande importância ambiental, o que começou a ser percebido a partir da


descoberta das minas do minério de manganês na Serra do Navio na década de 1940,

com a criação do Parque Nacional do Cabo Orange, a Reserva Biológica do Lago


Piratuba, a Estação Ecológica das Ilhas Maracá Jipióca e a Estação Ecológica do Jari. Essas

ações fazem parte da política ambiental do governo federal.

122
Estes espaços protegidos são, na verdade, unidades de conservação que estão
destinados ao estudo e preservação de exemplares da fauna e da flora, podendo ser

públicas ou privadas. Podem ser declarados por ato público ou previsão legal.

No Amapá, as principais categorias de Unidades de Conservação do SNUC são as

que compõem a tipologia de Unidade de Proteção Integral, e devem ser entendidas e


visualizadas, segundo Castro (1998, p. 112), como aquelas unidades de conservação que

não dispõem de condições para a habitação humana, em outras palavras, que impedem
qualquer tipo de ação antrópica, sendo acolhido somente o uso indireto dos seus

recursos naturais para uso exclusivo em atividades como pesquisa científica e turismo
ecológico. Sendo as principais Áreas Protegidas do Estado:

Figura 2 – Unidades de Conservação do Estado do Amapá.

Fonte: SEMA/AP, 2013.

123
As Unidades de Conservação do Estado do Amapá, representada na Figura 2,
baseando-se nos estudos de Pena e Menezes (2006), são as seguintes:

Reserva Biológica do Lago Piratuba: criada pelo Decreto Federal nº 84.914, de


16 de julho de 1980, tendo os seus limites alterados pelo Decreto Federal nº 89.932, de

10 de julho de 1984. Essa unidade de conservação foi instituída com o objetivo de


preservação integral da biota e dos atributos naturais existentes dentro de seus limites.

Encontra-se à margem esquerda da foz do rio Araguari. Habitam essa UC algumas


dezenas de famílias das comunidades de Tabaco e Milagre de Jesus, além dos

funcionários de algumas fazendas. Das terras de domínio particular existentes na área,


aproximadamente 5.000 ha (cerca de 1,40% da UC), foram desapropriadas e indenizadas.

Estação Ecológica Maracá-Jipioca: criada através do Decreto Federal nº 86.061,


de 02 de junho de 1981. Localiza-se na chamada concavidade da costa atlântica do

Amapá, próximo ao Cabo Norte. Esta UC não apresenta modificações significativas no


seu estado original desde a sua criação. No entanto, recentemente, por dois anos

consecutivos, ocorreram incêndios que afetaram parte dela. Atualmente, não há pessoas
morando na área, apenas os funcionários do IBAMA têm acesso a ela.

Estação Ecológica Do Jari: criada pelo Decreto Federal nº 87.092, de 12 de abril


de 1982. Teve a sua área alterada pelo Decreto Federal nº 89.440, de 13 de março de
1984. Aproximadamente 40% da UC ficam no município de Laranjal do Jari (AP) e os
60% restantes encontram-se no município de Almeirim (PA).

Floresta Nacional Do Amapá(FLONA): criada pelo Decreto-Lei Federal nº


97.630, de 10 de abril de 1989. Tem por finalidade promover o manejo dos recursos

naturais, com ênfase na produção de madeira e outros produtos florestais, garantir a

proteção dos recursos hídricos, das belezas cênicas e dos sítios históricos e
arqueológicos caso existam, assim como fomentar o desenvolvimento da pesquisa
científica básica e aplicada, da educação ambiental e ecoturismo.

124
Reserva Extrativista Do Rio Cajari: criada pelo Decreto Federal nº 99.145, de 12
de março de 1990, e modificada pelo Decreto Federal s/no, de 30 de setembro de 1997.

Suas terras compõem o Projeto Jari, que mantinha conflitos com a comunidade
tradicional remanescente de extrativistas, proibindo-a de exercer suas atividades por

muitos anos. Quando a UC foi criada, havia 1.478 moradores, pertencentes a 30


comunidades, habitando a área. De acordo com um levantamento feito no ano de 2013,

existiam 720 famílias em 56 comunidades, que extraiam castanha-do-brasil e açaí


(palmito e fruto) e praticavam a pesca artesanal e agricultura para produção de farinha

de mandioca. Todas as atividades eram regidas pelo Plano de Utilização, elaborado em


1997 com a participação das comunidades.

Parque Nacional Montanhas Do Tumucumaque: Criada em 22 de agosto de


2002, o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque (PNMT) é o maior Parque

Nacional do Brasil e uma das maiores áreas de floresta tropical protegidas do mundo,
com aproximadamente 3.867.000 hectares.

Reserva Particular Do Patrimônio Natural Retiro Paraíso: criada pela Portaria


Nº 86-N IBAMA, de 6 de agosto de 1997. Com uma área de 46,75 ha, fica localizada no

Município de Macapá, nas imediações do km 8 da rodovia BR -156. É de propriedade de


Zildekias Alves de Araújo.
Reserva Particular Do Patrimônio Natural Revecom: criada pela Portaria Nº
54-N - IBAMA, de 29 de abril de 1998. É de propriedade de uma empresa, a REVECOM

Comércio e Serviços Ambientais. A área apresentava um cenário constituído por flora e


fauna regionais típicas, junto a um braço do rio Amazonas no qual existe um ponto de

parada de aves migratórias.

Reserva Particular Do Patrimônio Natural Seringal Triunfo: Reconhecida


através da Portaria N º 89-N/IBAMA, de 10 de julho de 1998. O acesso à área se dá pela
rodovia BR-156, até o km 147.

125
Reserva Particular Do Patrimônio Natural Retiro Boa Esperança. Criada
através da Portaria Nº 120-N/IBAMA, de 24 de agosto de 1998, é de propriedade de

Maria Edmilsan Paulino de Lima.


Reserva Particular Do Patrimônio Natural Aldeia Ekinox: criada através da

Portaria nº 91/IBAMA, de 21 de novembro de 2000. Sua proprietária é Maria Cecília


Batista Le Cornec.

Reserva Biológica Da Fazendinha: criada em 14 de dezembro de 1984, através


do Decreto n.º 020/84. Segundo dados levantados no ano de 2003, apenas 30% da sua

área continuavam em bom estado de conservação. Existiam aproximadamente 230


famílias morando no interior da unidade e se beneficiando de seus recursos naturais. A

sua parte central encontrava-se ainda preservada, mantendo a flora primitiva.


Reserva Biológica Do Parazinho: criada em 21 de janeiro de 1985, pelo Decreto

Territorial E n.º 5. A unidade ocupa uma ilha integrante do arquipélago do Bailique,


Município de Macapá, situada na foz do Rio Amazonas. Não existe ocupação humana na

unidade. A presença permanente de pesquisadores e técnicos do projeto na unidade


tem permitido que os seus recursos naturais ainda estejam em excelente estado de

conservação.
Reserva De Desenvolvimento Sustentável Do Rio Iratapuru: Criada pela Lei
Estadual n.º 0392, de 11 de dezembro de 1997, tinha o objetivo de promover a
conservação e o uso sustentável de sua biodiversidade. Cerca de 150 famílias residiam

no entorno da unidade, em seis comunidades: Iratapuru, Cachoeira de Santo Antônio,


Retiro, São Militão, São José e Padaria.

Área De Proteção Ambiental Do Rio Curiaú: amparada pela Lei Estadual 0431,

de 15 de setembro de 1998. A APA foi criada originalmente pelo Decreto Estadual n.º
1417, de 28 de setembro de 1992. Na verdade, a unidade tem origem mais antiga, pois

126
evoluiu de uma Área de Relevante Interesse Ecológico - ARIE3, criada no local pelo
Decreto Federal n.º 89.336, de 31 de janeiro de 1984. O poder público estadual focalizou

a área sob os aspectos cultural e de preservação ambiental, tendo em vista que a região
do Curiaú, habitada por populações remanescentes de comunidades de escravos negros,

constitui importante legado da cultura afro-brasileira. Durante alguns anos, o poder


público tentou acrescentar a letra C (de cultura) à sigla ARIE, para transformá-la em

ARIEC do Curiaú, a fim de que a unidade fosse privilegiada pela chamada Lei Sarney - n.º
7.505, de 2 de julho de 1986, a qual previa a concessão de benefícios fiscais para

investimentos em sítios ecológicos de relevância cultural. No dia 25 de novembro de


1999, a Fundação Cultural Palmares, do Ministério da Cultura, criou, através do Título de

Reconhecimento n.º 001/99, o Remanescente de Quilombo da Comunidade do Rio


Curiaú, em uma área dentro da APA. O objetivo é assegurar as atividades extrativistas,

agropecuárias e de preservação do meio ambiente que sustentam a comunidade,


preservando seus aspectos sociais, culturais e históricos.

3.1 A Gestão da Unidade de Conservação do Parque Nacional do Cabo Orange


(PNCO)

Situado junto à foz dos rios Oiapoque e Uaçá, o PNCO abrange terras dos
municípios de Calçoene e Oiapoque. Foi a primeira unidade de conservação federal

criada no Amapá, estado que tem hoje 55% de seu território protegido por parques,
reservas e terras indígenas. O parque do Cabo Orange tem como limites a Guiana

Francesa, ao norte; as terras indígenas Uaçá e Juminã e, num pequeno trecho, o Projeto

3
Área em geral de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características
naturais extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota regional, e tem como objetivo manter os
ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a
compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza.

127
de Assentamento de Vila Velha, a oeste, e o Oceano Atlântico, a leste (WWF-Brasil,
2009).4

As terras que constituem essa unidade de conservação foram habitadas por várias
populações indígenas e, posteriormente, disputadas ao longo de séculos por

portugueses, franceses, ingleses e holandeses. Os registros materiais e culturais da


história dessa região estão presentes em vários pontos do parque nacional. O próprio

nome Cabo Orange, emprestado do acidente geográfico que marca o extremo norte do
litoral brasileiro, vem de uma homenagem feita por um holandês à realeza de seu país,

que tem a cor laranja como uma marca nacional (WWF-Brasil, 2009).
Figura 3 – Parque Nacional do Cabo Orange – AP.

Fonte: SEMA/AP, 2009.

O Parque Nacional do Cabo Orange (Figura 3), segundo Pena e Menezes (2006)
foi criado pelo Decreto Federal nº 84.913, publicado em Diário Oficial no dia 15 de julho

4
Organização não-governamental dedicada à conservação da natureza com os objetivos de harmonizar a
atividade humana com a conservação da biodiversidade e promover o uso racional dos recursos naturais
em benefício dos cidadãos de hoje e das futuras gerações.

128
de 1980. Essa unidade de conservação protege uma grande extensão de manguezais,
com faixas variáveis chegando a 10 km da costa marítima, e com ecossistemas terrestres

associados em excelente estado de preservação. Por conta de sua localização remota e


acesso difícil, desfavorecendo a presença humana, 90% dessa UC são totalmente

preservados. Nos restantes 10%, existem a presença de pequenos criadores ao longo do


rio Cassiporé e de populações tradicionais de pescadores e agricultores (Vila Taperebá e

Vila Velha), que vivem no seu entorno e praticam pesca e cultivos de subsistência (PENA
e MENEZES, 2006).

Estas ações têm sido relacionadas à falta de oportunidade aliada à pobreza das
populações do entorno, bem como à ausência de apoio público na criação e ma-

nutenção das mesmas, e à escassa participação pública na administração e manejo dos


seus recursos naturais (Wells, Brandon, 1992).

Por causa da localização remota em relação aos principais centros populacionais


do estado e da dificuldade de acesso, a UC do PARNA Cabo Orange lida com um

número relativamente diminuto de pequenos fazendeiros e pescadores tradicionais


residentes no seu entorno ou na sua área. Dessa presença humana decorrem incêndios,

invasões, criação de gado, agricultura, caça, pesca, desmatamentos e mineração dentro


da área da unidade.

3.2 Análise dos Conflitos Existentes no Parque Nacional do Cabo Orange (PNCO)

Em relação aos aspectos metodológicos para apresentação dos resultados


obtidos em pesquisa de campo, fundamentada nos preceitos de Gil (2017) e Goldenberg

(2004), de modo que os dados obtidos foram analisados sob o enfoque qualitativo. Por

questão ética e a pedido dos moradores, não foi exigido obrigatoriamente a sua
identificação, tanto no questionário aplicado às unidades familiares quanto na

129
apresentação dos resultados, utilizando-se para tanto, as iniciais do nome e a idade para
apresentação de suas informações.

No caso específico do PNCO, descreveu-se os conhecimentos e sentimentos da


população em relação ao ambiente, as formas de manutenção e conservação, os seus

entendimentos sobre a realidade das políticas públicas aplicadas ao meio em que vivem,
tornando-se uma representação estratégica para monitorar e fomentar mudanças de

atitudes nos grupos fomentadores da gestão ambiental local, aplicando novas políticas
tanto em nível municipal, estadual e federal, considerando o pressuposto de que a

sensibilização, por meio do conhecimento do sistema ambiental, é condição básica para


o envolvimento efetivo dos mesmos.

Em primeiro momento, analisou-se o perfil socioeconômico somente de 10


famílias de Vila Velha do PNCO, totalizando uma amostragem de 10% do contingente

populacional residente no principal centro residencial da Vila Velha.


A primeira questão feita aos moradores foi sobre a situação familiar, renda e

escolaridade. Assim, entre os 10 entrevistados, 40% possuíam o ensino fundamental,


60% afirmam ter um nível escolar inferior ao ensino fundamental. Posteriormente, 30%

afirmaram que 6 pessoas moravam na mesma casa, 20% possuíam 4 membros familiares
e 50% possuíam 7 membros familiares residindo sobre o mesmo teto. Para 100% dos
entrevistados, ‚o cabeça da família‛ (70% pescadores e 30% agricultores) é o único
componente gerador de renda familiar.

Em relação ao patrimônio, destes 10 entrevistados, 15% afirmaram que a casa em


que viviam era própria, 35% declararam ser emprestada e 50% viviam em situação

irregular. Como se percebe, a questão fundiária é um dos maiores problemas no Parque

Nacional do Cabo Orange, consequentemente um dos principais conflitos existentes,


tendo em caráter de urgência, a necessidade de mais debates sobre a questão.

130
O problema fundiário nas unidades de conservação precisa de uma gestão
integrada para ser resolvido. A permanência de ribeirinhos nas Unidades de

Conservação, no Parque Nacional do Cabo Orange (PNCO), não deve ser considerado
um problema pelo poder público e sim um sinal de que é preciso articular sua

permanência e forma de vida nas áreas onde tradicionalmente viviam, pois, as pessoas já
estavam lá quando o parque foi criado. Desde que estas comunidades tradicionais

entrem em um acordo para conservar a biodiversidade da região, não há nenhum


problema em sua permanência no local.

Os moradores entrevistados afirmaram que sua subsistência é da pesca e da


agricultura. Para os 70% de pescadores, as principais ações desenvolvidas era a pesca de

tucunaré, piranha e tracajá. Para os 30% de agricultores, as ações se voltavam para


plantação de banana e mandioca. O IBAMA, enquanto gestor da unidade, pretendia

alocar os 100 moradores da vila no trabalho de guardiões da natureza, evitando assim


os incêndios, desmatamentos, invasões a caça e a pesca predatórias.

Embora as atividades dessas populações tenham sido tipicamente de


subsistência, de pequena escala e com impactos limitados, representavam problemas

para a missão dessa UC. Por exemplo, a tartaruga (Podocnemisexpansa) tornou-se rara
nessa unidade de conservação devido à captura e à matança indiscriminada em passado
recente. Populações de tartarugas marinhas - tartaruga-verde (Cheloniamydas) e
tartaruga-de-couro (Dermochelyscouriacea) - desovavam nas suas praias - estavam

sendo pressionadas pela coleta sistemática de seus ovos e pelo comércio de suas carnes.
Embora esses dois fenômenos tenham sido registrados em muitos outros pontos da

Amazônia, e mesmo do litoral marinho brasileiro - merecendo programas de pesquisa e

recuperação das espécies e de educação ambiental -, é imperativo evitar o seu


agravamento dentro de uma unidade de proteção integral (PENA e MENEZES, 2006).

131
A sua situação fundiária era extremamente precária, pois 90% de sua área não se
encontrava regularizada. Com o apoio do PROBIO5, foi desenvolvido um Projeto de Uso

Racional do Entorno dessa UC, e elaborado o Plano de Desenvolvimento Sustentável


para a sua área adjacente, importante para a minimização das pressões antrópicas

exercidas sobre a mesma. Diversas organizações não governamentais (ONG´s)


manifestaram interesse em investir recursos financeiros e prestar auxílio técnico às Uc´s

do Amapá.
Os moradores da Vila Velha e na Vila do Taperebá viviam da forma mais

tradicional possível, do seu jeito antigo. Para chegar em alto mar enfrentavam maresia
feroz. Na região do parque, os rios têm a água salubre, por isso os moradores

enfrentavam uma jornada difícil até o Lago Maruani, onde buscavam água doce.
Próximo dele está à reserva indígena de Uaçá.

Atualmente a grande esperança dos moradores do PCNO é a regularização


fundiária. Único fomentador de anseios entre todos os entrevistados. Os moradores

esperam ansiosos a liberação dos recursos prometidos pela Instrução Normativa n.º 2,
de 3 de setembro de 2009, a qual, entre outras finalidades, segundo seu conteúdo:

Art. 1º A presente Instrução Normativa regula os procedimentos técnicos e


administrativos para a indenização de benfeitorias e desapropriação de imóveis
rurais localizados em unidades de conservação federais de domínio público.

Assim, com a Instrução Normativa n.º 2/2009, o Instituto Chico Mendes de

Conservação da Biodiversidade (ICMBio) abriu as portas para a resolução de uma série


de problemas fundiários que há anos acometem as unidades de conservação federais.

5
Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira - Esse projeto tem
como objetivo identificar ações prioritárias para a conservação e uso sustentável da biodiversidade,
apoiando subprojetos que promovam parcerias entre os setores público e privado, gerando e divulgando
conhecimentos e informações sobre a diversidade biológica brasileira.

132
Essa será a solução para mais de mil processos que estão sobrestados em virtude de
problemas que não eram contemplados pela norma antiga, ainda do Ibama. Como a

prioridade para a aplicação dos recursos provenientes da compensação ambiental é


justamente a regularização fundiária de unidades de conservação, a norma deverá

viabilizar a execução, nos próximos anos, de um montante de aproximadamente 250


milhões de reais em indenizações.

Outra porta que se abrirá com a Instrução Normativa n.º 2/2009, da Regularização
é a do reassentamento e indenização das populações tradicionais, que serão priorizadas.

Dessa forma, a regularização fundiária, como instrumento de implantação de unidade de


conservação, consiste não só, em delimitar o espaço territorial legalmente instituído pelo

Poder Público, como área ambientalmente protegida, mas, também, promover a


discriminação fundiária da unidade, identificando os posseiros e proprietários inseridos

dentro dos seus limites.

3.2 A proposta de Mediação de Conflitos


Diante das circunstâncias em que a participação pública nos colegiados e nas

audiências públicas é praticada, pode-se inferir que a política ambiental no Brasil está
desprovida de mecanismos que propiciem a resolução de conflitos ambientais. Essa
situação é agravada quando a apreciação e deliberação sobre as intervenções são da
responsabilidade do Instituto Chico Mendes e do IBAMA. O que gera consequências

drásticas, que fundamentam as razões para estabelecimentos de conflitos no PNCO.


Entre os fatores que contribuem para essa situação, destacam-se a precariedade

e a desigualdade das condições para os representantes das comunidades do PNCO dos

diversos interesses envolvidos participarem, ficando, assim, comprometida a participação


das representações da sociedade civil na construção de políticas públicas para o local
em que vivem e aplicam os preceitos do desenvolvimento sustentável.

133
Para Kakabadse (2002) existem fundamentalmente dois tipos de conflitos,
também ocorridos na realidade do PNCO:

Os conflitos potenciais, onde as situações mostram a possibilidade de confronto


eminente, e os conflitos manifestos, onde existem atores conscientes da possibilidade

do confronto, mas que tomam medidas de defesa de seus interesses.


Em ambos os casos a possibilidade de diálogo entre as partes é restrita. Na

grande maioria dos casos, conforme enunciam Nascimento e Drummond (2003), existem
quatro elementos centrais que devem ser considerados quando se analisa um conflito:

1 - Os atores: indivíduos, grupos, organizações ou Estados que têm identidade


própria, reconhecimento social e capacidade de modificar seu contexto, não se

esquecendo que estes são movidos por interesses, valores e percepções que são
próprias a cada um;

2 - A natureza: os conflitos têm natureza diferente, por isso eles podem ser de
natureza econômica, política, ambiental, doméstica, internacional, entre outras.

3 - Os objetos: sempre escassos ou vistos como tais, podem ser material ou


simbólico, profano ou sagrado, público ou privado, e assim por diante.

4 - As dinâmicas: cada conflito, segundo a natureza, tem uma história própria,


uma forma de evoluir, conhecendo períodos mais ou menos intensos, mais ou menos
rápido.
Assim é que, em muitos conflitos gerados em torno da disputa pelo uso de

determinados recursos naturais do PNCO, ocorre uma trama entre os atores, com
dinâmicas que precisam ser contextualizadas, uma vez que envolvem aspectos

históricos, culturais e éticos, muitas vezes submersos ou invisíveis. Por exemplo, a

continuidade dos cuidados e proteções da terra para consumo próprio e sustentáveis,


envolve geralmente alianças entre os diferentes atores que vivem no local, por razoes
diversas, essas alianças geram situações de grande complexidade e volatilidade. Os

134
conflitos surgem nesses embates e contrapontos de razões, que não convergem para a
coletividade, mas para o individualismo, caso de nível intralocal. Mas também, a casos de

forças externas, como é o caso das empresas que buscam influenciar os ribeirinhos que
residem no PNCO para coletar em suas terras, uma forma de degradar

irresponsavelmente os recursos naturais


Pode-se dizer que os conflitos modernos, sobretudo os socioambientais, são

inerentes à própria formação do modelo atual da sociedade. A gestão desses conflitos


tem se revelado, no Brasil e no PNCO, carente em grupos de excelência formados em

facilitação e/ou mediação.


Para a realidade do PNCO, pretende-se desenvolver uma metodologia de

mediação de conflitos participativa, que se desenvolve, basicamente, em cinco etapas:


1) diagnóstico do conflito (identificação do histórico e dos atores

envolvidos): contato com cada um destes atores para conhecer suas perspectivas e
preocupações, bem como as informações disponíveis sobre o conflito, identificar

representantes que estarão na mesa de negociações, explicar o funcionamento do


processo de mediação na seara coletiva e verificar se aceitam participar do processo,

assim como a equipe de mediadores proposta;


2) planejamento do processo (número, local, horário e duração das sessões
de mediação: estudos técnicos necessários; proposta de protocolo de conduta dos
participantes; tempo necessário para o compartilhamento de informações; forma de

permitir a participação de terceiros e de divulgar informações junto à imprensa;


3) sessões de mediação (reuniões conjuntas e privadas) e realização de estudos

técnicos;

4) redação do acordo (previsão clara de obrigações, prazos e responsáveis por


implementá-las; previsão de sanções para cada obrigação e de responsáveis pelo
monitoramento do seu cumprimento);

135
5) homologação do acordo pelas pessoas com poder de decisão em cada ente
público ou grupo participante e também em juízo.

Tal método de mediação de conflitos no PNCO pode ser um trabalho aplicado a


partir do diálogo, tendo como fundamento conhecimentos de diálogo, organizações,

liderança, psicologia organizacional e práticas criadas pelos próprios representantes da


comunidade com participação de professores universitários e organizações não

governamentais, como já acontece no caso do Projeto de Extensão da Universidade


Federal do Amapá, que implantou o Núcleo de Mediação Universitária – NUMED para a

solução dos conflitos naquela comunidade.


Pretende-se assim, nessa mediação de conflitos, entre muitos outros exemplos,

estabelecer o Diálogo entre empresas e comunidades, entre diferentes setores de uma


empresa, entre organizações do terceiro setor e seus financiadores, entre as empresas e

seus representantes. Oferecendo-lhes a possibilidade de mediação em conflitos que


incluam aspectos ambientais inerentes a área em questão, podendo ser ampliado para

outras áreas protegidas do Estado do Amapá como uma atitude inovadora e visionária
de melhoramento da gestão ambiental das áreas protegidas locais.

4 A Participação Pública em Colegiados de Decisão


No caso da proposta idealizada de resolução de conflitos no PNCO, há de se
tratar do conflito de participação pública em colegiado versus participação

governamental sob a égide de participação em instancias decisória e a mobilidade da


sociedade civil de direitos, onde preconizam suas intenções em víeis de complexidade

aditada pelas informações subsidiadas das necessidades convencionais de minorias que

prevalecem de artifícios de cunho partidários e de interesses próprios alheios à


necessidade da coletividade e do bem estar social, laborativo e de meio ambiente, que

136
inviabilizam o ingresso das decisões dificultando nesse pleito o poder público e a
coletividade em preservar o meio ambiente para o presente e futuras gerações.

Onde em julgamento está o uso dos recursos naturais e de meio ambiente, a


coexistência de um modelo reducionista de ideias equacionadas de conflitos de

participação pública em colegiado e das sociedades de proteção do meio ambiente


persistem em sustentar planos geradores de ampla defesa do homem com o meio

ambiente levando as consequências de desequilíbrios, um espólio ambiental desastroso.


A falta de diálogos entre a sociedade, governo versus planos coerentes onde emanam

decisões e possibilidades de participação nas decisões.


As discussões devem estar voltadas a mesa de negociação onde a audiência

pública é fundamental para a identificação dos conflitos, e nas soluções, saídas


emergenciais para os conflitos onde as diretrizes emergem para uma solução e não uma

dissolução do papel democrático nas decisões onde a complexidade de


heterogeneidade de interesses envolvidos, resultem de uma conduta de partilha dos

mesmos ideais e onde a gestão ambiental seja determinante na preservação do meio


ambiente e do homem.

Considerações Finais
O presente contexto nos permite avaliar que os conflitos existentes na criação e
gestão das UC’s se acentuaram e diversificaram no decorrer dos anos. Pois antes

prevalecia o interesse de proteção de áreas com características naturais, na forma de


santuários ecológicos, hoje surgiu uma nova concepção de áreas legalmente protegidas,

baseada no uso racional dos recursos naturais e no manejo de espécies.

Com isso, há a necessidade de um governo que priorize a transferência de terras,


que enxugue a máquina pública, principalmente unificando o setor de meio ambiente,
com portal da transparência nacional e termo de referência conjunta. Somente com

137
esse processo o Amapá já dá um salto de qualidade, pois são essas reivindicações dos
órgãos públicos de controle e do judiciário.

De acordo com Porto (2007) as reservas extrativistas têm sido apresentadas como
formas alternativas à exploração dos recursos naturais da região Amazônica. Este

modelo pauta-se na regularização fundiária de áreas historicamente ocupadas por


comunidades tradicionais, para os quais os produtos da floresta são fonte de

subsistência e comercialização, de acordo com as características dos ecossistemas locais.


Sabe-se que a criação, por força de lei, de parques, estações ecológicas e outras

áreas naturais protegidas, não consegue resolver problemas decorrentes das pressões
antrópicas, como desmatamentos, invasões, extração de produtos naturais, caça, pesca,

expansão das atividades agrícolas e industriais, entre outras, comprometendo,


consideravelmente, a preservação dos recursos naturais e culturais dessas áreas (Milano,

2000). Essa realidade acontece no PNCO.


Muitos são os conflitos enfrentados diuturnamente em nossa sociedade, onde

precisamos estabelecer novos paradigmas de tratar os conflitos existentes em nossa


sociedade. Fomentar e implementar uma cultura de novos métodos na resolução dos

litígios é preponderante para encontrar as soluções possíveis na gestão dos recursos


naturais em áreas protegidas do Amapá e do Brasil.

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141
DESENVOLVIMENTO DE UMA PLATAFORMA DE TRANSPORTE COLABORATIVO
PARA O ESTADO DO AMAPÁ

Jefferson dos Santos Pinto


Lucas Silva da Trindade
Diego Armando Silva da Silva
Francisco Tarcísio Alves Junior

RESUMO:
Este trabalho teve como objetivo apresentar o desenvolvimento de uma plataforma web
para o transporte colaborativo de cargas. Foi realizado um levantamento da capacidade
exportadora e importado do município de Macapá-AP e constatou-se que veículos que
realizam fretes para a cidade, geralmente voltam vazios, o que acarreta em ineficiência
logística e aumento de custo dos fretes. Partindo dessa premissa, foi desenvolvida uma
ferramenta web capaz de minimizar esse cenário, baseada em um novo conceito da
logística: O CollaborativeTransportation Management (CTM). Como resultado, obteve-se
um protótipo da plataforma, chamada de ‚Cargo‛, que possui o objetivo de conectar o
transportador e o embarcador visando gerar a troca de informações, busca por fretes de
retorno, além da contratação de novos fretes através da colaboração.

Palavras-chave: transporte rodoviário; plataforma web; importação; exportação;


Macapá.

1. INTRODUÇÃO

Segundo Lima (2008), o transporte rodoviário de cargas no Brasil enfrenta


obstáculos para a distribuição de produtos e serviços, devido a problemas estruturais

associados a questões políticas e sociais. Esses fatores definem um cenário de grandes


dificuldades como a má conservação das estradas proveniente de investimentos não

satisfatórios, os roubos de cargas, o elevado número de acidentes e o aumento do preço


médio do diesel nos últimos anos.

De acordo com pesquisas do ILOS (2014), as empresas brasileiras gastam,


em média, 8,7% da receita líquida com custos logísticos, considerando gastos com
142
transporte, estoque e armazenagem, razão para a pressão de redução desses custos. Na
mesma pesquisa, observa-se que, entre as principais contas de custos logísticos, a maior

é a de transporte, representando 55% dos custos.


Outro problema, são altas taxas de fretes de retorno vazios. Segundo

estatísticas da Secretaria de Transporte do Estado de São Paulo (2006) mostraram que


mais de 40% dos veículos de carga que trafegam, encontram-se na verdade vazios ou

extremamente subutilizados. Cada uma dessas viagens representa, necessariamente,


uma viagem perdida para os donos de transportadoras. O prejuízo, segundo a pesquisa,

pode chegar a até US$ 7 bilhões ao ano.


A cidade de Macapá-AP, assim como as demais cidades da região Norte do

Brasil, enfrenta complexos obstáculos para a distribuição de produtos e serviços, devido


a problemas estruturais associados a questões políticas. A região é considerada

logisticamente ‚isolada‛ pela falta de estradas e infraestrutura aeroportuária eficiente,


que dificulta o desenvolvimento de atividade econômica. Segundo a Associação das

Administradoras de Meio de Pagamento Eletrônico de Frete - AMPEF (2013),


especialistas apontam que os custos logísticos da região norte são em média, 30% e

40% maiores que no restante do país.


Somado a esses fatores, o transporte de cargas fracionadas contribuem
para o aumento do custo do frete, pois segundo Bowersox e Closs (2001) o custo de
transporte por unidade de peso aumenta à medida que o volume de carga diminui,

dificultando, principalmente a distribuição física para as empresas de micro e pequeno


porte, tendo em vista o baixo volume de distribuição.

Segundo Silva et al. (2009), como uma forma de minimizar os problemas

citados no tópico anterior e otimizar o transporte, recentemente surgiu o conceito de


CollaborativeTransportation Management – CTM, ou Gestão do Transporte Colaborativo,
que faz parte do novo conceito de logística. O conceito começou a ser mais difundido a

143
partir do ano 2000 nos Estados Unidos, através da abordagem do Collaborative
Planning, ForecastingandReplenishment–CPFR (Planejamento, Previsão e Reposição /

Reabastecimento Colaborativo), e tem como objetivo principal reduzir ou eliminar


ineficiências no processo de transporte, como por exemplo, o tempo de percurso,

inventário, espaço, erros e distâncias, por meio da colaboração. O CTM tem sido
apontado pelos especialistas como um instrumento útil para proporcionar reduções nos

custos das transações e riscos, aumento no desempenho de serviço e capacidade, e a


obtenção de uma cadeia de suprimentos mais dinâmica.

Bowersox e Closs (2001) afirmaram que quando há consolidação de


pequenas cargas em cargas maiores, obtém-se a vantagem da economia de escala, pois

o custo de transporte por unidade de peso diminui à medida que o volume de carga
aumenta. Assim, ao fracionar suas cargas para atenderem as expectativas de seus

clientes, essas empresas aumentam o custo do frete, diminuindo suas margens de


lucratividade ou aumentando seus preços, gerando dificuldades nas vendas.

No contexto das grandes e médias empresas a situação relatada se


diferencia das micro e pequenas, pois possibilita um custo/benefício muito melhor às

médias e grandes, tendo em vista que essas, na maioria das vezes, conseguem
consolidar suas cargas, atendendo seus clientes satisfatoriamente.
Portanto, o CollaborativeTransportation Management (CTM), pode ser
sugerido como uma ferramenta de auxílio para a movimentação de cargas em Macapá-

AP, por meio do uso de uma plataforma web, contribuindo não somente com o
crescimento das organizações envolvidas, como também com o desenvolvimento social

e econômico de toda a cidade, que é constituída principalmente de micro e pequenas

empresas, que dependem da expansão da atividade para crescer e melhorar a qualidade


de vida de seus habitantes.

144
Assim sendo, objetivou-se desenvolver uma plataforma web de transporte
colaborativo para a cidade de Macapá-AP.

2. GESTÃO DO TRANSPORTE COLABORATIVO

O termo Transporte Colaborativo foi apresentado pelo Comitê de Logística


do VoluntaryInter-IndustryCommerce Standards Association - VICS, no ano de 2000,

surgindo a partir de uma segmentação do CPFR. Segundo o comitê, o Gestão do


Transporte Colaborativo ou simplesmente Transporte Colaborativo é definido como um

processo que visa unir os parceiros de uma cadeia de abastecimento e prestadores de


serviços logísticos com o intuito de eliminar as falhas do planejamento e da execução do

transporte, e tendo como principal objetivo otimizar o desempenho operacional de


todas as partes envolvidas na colaboração.

Para Tacla (2003), a Gestão do Transporte Colaborativo é um processo


simultâneo ao CPFR, porém, independente, sendo estabelecida nas mesmas relações

entre os compradores e vendedores, contudo inserindo novas informações e etapas com


os transportadores; estende a atuação do CPFR desde a confirmação do pedido, e

continua na entrega do produto, inclui as transações comerciais com o transportador,


como o pagamento desses. Oportunidades para colaboração ocorrem em quatro
categorias principais entre compradores, vendedores e transportadores: planejamento
estratégico; previsão de demanda, re-suprimento; e execução física.

Segundo Browning e White (2001), o transporte colaborativo,


operacionalmente acontece quando há compartilhamento de um mesmo equipamento

de transporte para formar um ciclo fechado de movimentação de cargas. Para isso, é

necessário que os participantes estejam na mesma cadeia logística ou que os


embarcadores (donos das cargas) ofereçam cargas complementares.

145
Segundo Bowersox et al. (2006), a colaboração entre as empresas deve se
baseada em três pontos principais:

 Estimular a confiança e os valores mútuos necessários para desenvolver e


sustentar as operações e estratégias coordenadas, não devendo beneficiar apenas uma

parte dos envolvidos e sendo necessária uma visão e definição de objetivos


compartilhados entre clientes e fornecedores sobre os princípios da colaboração. Os

objetivos da colaboração precisam focalizar a oferta do melhor valor aos clientes finais.

 Devem ser estipuladas diretrizes formais que definam políticas e procedimentos

operacionais conjuntos para lidar com rotina e com eventos inesperados. Devem
estabelecer-se papéis de liderança e dividir responsabilidades, delineando a forma como

será compartilhado os planejamentos e as informações operacionais, criando vínculos


financeiros que tornem as empresas dependentes do seu desempenho mútuo. Além

disso, essas políticas, também devem motivar a partilha de riscos e de benefícios


devendo ser distribuídos entre os parceiros.

 As colaborações precisam ser sensíveis aos pontos negativos que podem ocorrer
nas suas ligações. Os parceiros devem estar dispostos a lidar com questões difíceis,

como o fim do relacionamento, antes da necessidade de realmente o dissolver.

Existem exemplos onde a ‚colaboração‛ implantada foi somente entre o

embarcador e seus transportadores, com melhorias na comunicação e na visibilidade das


cargas. Em casos mais abrangentes, o que ocorre é o compartilhamento dos veículos em

‚fluxos casados‛ de transporte de carga. Membros de uma mesma cadeia ou


embarcadores com cargas complementares se unem para formar ciclos de alta

produtividade, combinando cargas de retorno (FIGUEIREDO; EIRAS, 2007).

2. METODOLOGIA

146
A metodologia desta pesquisa basicamente consistiu no levantamento
bibliográfico, no levantamento de informações referentes à exportação e importação das

empresas de Macapá, e no levantamento de informações para o projeto e


desenvolvimento da plataforma web. Ressalta-se a disponibilidade baixa do

levantamento bibliográfico do tema abordado neste trabalho, tendo em vista a recente


conceitualização e prática do transporte colaborativo, pois segundo Figueiredo e Eiras

(2007), o tema foi apresentado pela primeira vez no ano de 2000, pelo Comitê VICS, e
consequentemente possui pouca quantidade de material publicado.

Inicialmente foi realizada uma pesquisa documental em fontes com dados


primários, como o IBGE e SUFRAMA, referentes à estrutura produtiva e atividades de

exportação e importação das empresas macapaenses. Em seguida foi realizada uma


pesquisa bibliográfica, por meio de pesquisas secundárias em livros, revistas científicas,

sites especializados em logística e desenvolvimento web. Essa fundamentação teórica


preliminar norteou a coleta de dados para o desenvolvimento da plataforma web de

transporte colaborativo.
A segunda etapa consistiu em planejar e desenvolver um protótipo da

plataforma de transporte colaborativo. A seguir, são descritos os passos que foram


realizados para a construção da plataforma.
Na fase inicial do planejamento da plataforma foi definido primeiramente
qual o público-alvo, pois no desenvolvimento do projeto é necessário que se saiba com

qual público a plataforma vai interagir, visando desenvolver um sistema web que vai
atender as necessidades dos usuários.

O sistema foi desenvolvido para oferecer funcionalidades que resolvam os

problemas já citados na introdução deste trabalho. Para tal, foram elaborados alguns
requisitos para o desenvolvimento do projeto, identificando as necessidades dos
usuários. Fez-se necessário especificar alguns requisitos, como: os de conteúdo, que

147
abordarão itens os quais serão tratados durante o desenvolvimento, os requisitos
funcionais que irão categorizar as funcionalidades que a plataforma apresentará, e os

requisitos operacionais, que dizem respeito a aspectos mais técnicos da plataforma. Esta
atividade teve fundamental importância, pois os requisitos são necessários para que se

construa a plataforma certa. Com a definição dos requisitos, foi possível conhecer
exatamente o que será esperado quando a plataforma for construída, além de saber

quais as propriedades que a plataforma deve possuir ou fazer, assim como sua
operação.

O estudo sobre as características e funcionalidades de plataformas de


transporte colaborativo que já estão funcionamento, foi o passo seguinte. Foi feita uma

pesquisa em ambiente virtual das plataformas e realizado benchmarking das


plataformas existentes, observando quais funcionalidades e características são comuns a

elas. E como resultado desse estudo, as principais características e funcionalidades


identificadas foram usadas como referência, e agregadas ao projeto.

Posteriormente foi feita a definição das funcionalidades da plataforma.


Com base no estudo das plataformas existentes, e das necessidades do transportador e

embarcador, foi selecionado um conjunto básico de funcionalidades que permitirá a


implementação e o teste da demanda dos usuários.
Em outro momento, foi realizado um levantamento das tecnologias em
desenvolvimento web para a construção da plataforma. Foram consideradas as

linguagens em que o autor tem mais domínio, e levou-se em consideração também o


tipo de plataforma a ser desenvolvida (marketplace).

As linguagens de programação usadas no desenvolvimento da plataforma

Cargo foram, o JavaScript, PHP, CSS3, e HTML5. As bibliotecas usadas no


desenvolvimento foram o JQuery (conjunto de funcionalidade JavaScript) e o
TwitterBootstrap (conjunto de estilos CSS3). O MySQL foi escolhido como sistema de

148
gerenciamento de banco de dados. Cabe salientar que todas estas tecnologias são livres
ou possuem versões livres, o que dispensa a necessidade de comprar licenças ou o

pagamento de qualquer tipo de manutenção ou taxa.


O Dreamweaver foi o software escolhido para o desenvolvimento das

páginas web e BrModelo foi software escolhido para a criação do banco de dados. O
desenvolvimento da plataforma foi a última fase, e esta refere-se ao processo em si da

construção, o momento em que foi realizada a codificação e programação. Neste


processo estão inclusos a modelagem do banco de dados, criação do layout e design

das páginas, codificação do sistema, programação das páginas e integração das páginas
com o banco de dados. Decidiu-se dar o nome de ‚Cargo‛ à plataforma desenvolvida.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. ESTRUTURA PRODUTIVA DE MACAPÁ


Uma relação entre a participação percentual do valor adicionado bruto -

VAB, da indústria, da agropecuária, dos serviços e da administração pública do município


Macapá demonstra a dependência dos recursos públicos, uma vez que os setores

primário e secundário que possuem maior efeito multiplicador na economia, são os que
possuem menor expressividade, tanto que a participação do setor terciário alcançou, em
2013, 88,58% de representatividade na composição do VAB do município (Tabela 1).
O VAB representa o valor da atividade de bens e serviços produzido

desconsiderando os impostos indiretos líquidos, sua soma está dentro dos três setores
da economia (primário, secundário e terciário). O VAB é a contribuição ao Produto

Interno Bruto pelas diversas atividades econômicas, obtida pela diferença entre o valor

de produção bruta e o consumo intermediário absorvido nas atividades.


Tabela 1. Participação (%) das atividades econômicas no VAB a preços correntes do Município de Macapá,
por setor de atividade.
Atividade Mil reais %

149
Agropecuária 44.912 0,60

Indústria 812.584 10,82

Serviços 3.592.607 47,82

Administração Pública 3.062.186 40,76

Total 7.512.290 100

Fonte: IBGE (2013)

De acordo com os dados apresentados pelo IBGE (2013), observa-se que

os setores industriais e agrícolas de Macapá possuem pouco influencia em relação a


produção total das atividades econômicas no Estado (Tabela 1). A agropecuária teve

uma participação muito pequena no último ano da série no VAB, seu total foi de apenas
0,60%. Apesar da indústria possuir maior, comparado com a agropecuária, também

apresenta pouca importância para a atividade econômica do estado do Amapá.


4.1.1 Empresas ativas cadastradas em Macapá

Segundo os dados do Cadastro de Central de Empresas - CEMPRE (2013), Macapá


possui cerca de 6.441 empresas ativas cadastradas (Tabela 2), e assim como no VAB da

cidade, o comércio e o setor de serviços apresentam maior expressividade, sendo que


51,9% das empresas são da atividade comercial, seguindo serviço/outro com 37,34%. A

agropecuária e a indústria apresentam a menor representatividade na economia da


capital amapaense, somando os dois setores, não representam 11% do total de
empresas ativas.
Tabela 2. Número de empresas ativas em 2013

Setor de Atividade Qtd %

Agropecuária 33 0,51
Indústria 660 10,25
Comércio 3343 51,90
Serviços 2405 37,34
Total 6441 100,00
Fonte: CEMPRE (2013)

150
O CEMPRE, pesquisa do IBGE, é uma pesquisa realizada anualmente, que tem
informações de empresas com porte de 0 a mais de 500 empregados, extrai informações

da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Cadastro Geral de Empregados e


Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego e do Cadastro Nacional

de Pesquisa Jurídica (CNPJ) do Ministério da Fazenda.

4.2. IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO


Os dados da SUFRAMA (2014) demonstram a expressividade do comércio de

Macapá, comparado às demais atividades, em relação ao volume de compras no


mercado nacional. Somando as compras dos anos de 2012 e 2013, o comércio detém

mais de 95% total de compras. O segmento da indústria, por sua vez, foi responsável por
apenas 0,98% e 0,87%, em 2012 e 2013, respectivamente, do total das compras (Tabela

3).
Tabela 3. Compras no mercado nacional, por setor de atividade (em R$), Macapá-AP.
Setor 2012 2013**
Comércio 1.473.462.410,57 1.186.323.864,65
Outros serviços 55.373.334,33 33.562.741,66
Indústria 15.246.006,32 10.698.337,04
Entidades s/ fins lucrativo 3.480.851,27 5.102.237,20
Governo 1.986.193,36 877.299,81
Mineração* 414.914,00 0,00
Agropecuária 414.388,79 237.243,62
Total 1.550.378.098,64 1.236.801.723,98
Fonte: SUFRAMA (2014)
* Não constam informações fornecidas pela fonte
** Dados parciais até setembro
O volume de importação de Macapá, como demonstrado, é bastante

superior ao volume de exportação, mesmo com uma queda no decorrer dos anos, as
importações mantiveram-se maiores que as exportações.

151
Essa grande diferença entre o índice de importação e exportação de
Macapá devem-se a fatores como, baixa participação da atividade industrial, alta

participação de atividades do comércio e de serviços, e incentivos fiscais para compras,


devido a Área de Livre Comércio de Macapá e Santana.

Como demonstra os dados apresentados anteriormente, a economia


macapaense mostra-se estruturalmente pouco diversificada, frágil, apoiando-se

principalmente no setor terciário e, de forma incipiente, nas atividades extrativas e em


alguns poucos gêneros da indústria de transformação. Porto (2007) destacou que a

precariedade nas interfaces entre os setores primário, secundário e terciário, caracteriza


o estado do Amapá como dependente da importação de produtos de outros mercados,

pois o setor primário, ainda não conseguiu desenvolve-se a ponto de ser base de
sustentação para a dinamização produtiva do Estado, seja por meio do fornecimento de

matéria prima industrial, ou pela produção necessária para atender as ao atendimento


das necessidades alimentares da população.

De um lado, Macapá possui a Área de Livre Comércio de Macapá e Santana, que


dá incentivos fiscais para a compra de produtos, o que reflete no alto índice das

importações, porém, de outro lado, existe o desempenho tímido da produção industrial


e exportações manufaturados. A combinação desses dois fatores reflete às
transportadoras de cargas e freteiros autônomos, que ao realizarem um frete para a
cidade de Macapá, tem grande possibilidade de frete de retorno ser vazio, pois a

produção do município não é o suficiente viabilizar cargas a todos fretes realizado, e


sem produto para embarcar, muitos veículos utilizados para trazer produtos

industrializados do exterior do estado acabam voltando vazios para seus locais de

origem.

4.3. DESENVOLVIMENTO DA PLATAFORMA

152
Público alvo
A plataforma Cargo possui dois públicos-alvo: os donos de cargas (podendo ser

pessoas jurídicas ou pessoas físicas) e caminhoneiros autônomos ou transportadoras.


Por meio de um ambiente virtual, a plataforma objetiva conectar caminhoneiros à

procura de frete e contratantes que precisam transportar qualquer tipo de carga. Ao


público alvo estarão disponíveis informações das cargas (origem, destino, data/hora etc.)

e de veículos de transporte (localização, tipo de veículo, capacidade disponível etc.)


disponíveis para carregamento.

Descrição de requisitos
Requisitos de conteúdo

O conteúdo que estará presente na plataforma Cargo adicionará apenas itens


direcionados ao transporte rodoviário de cargas, onde estará presente dois aspectos em

especial: o transportador e o embarcador.


Requisitos funcionais

 Cadastro de dados: os usuários terão a opção de inserir informações pessoais e


no caso dos transportadores, informações sobre seus veículos, e

consequentemente terão a possibilidade de editar seus dados (ex: nome, e-mail,


telefone, etc.);
 Permitir ao usuário a inclusão, a edição, a visualização e a exclusão das
informações inseridas na plataforma, sendo essas informações referentes as

cargas ou as viagens;
 Armazenar todos os dados obtidos das cargas e viagens em um banco de dados,

genérico o suficiente para atender as características do projeto;

 Permitir a avaliação dos serviços prestados dos usuários da plataforma;

153
 Ser acessível a todos os integrantes da cadeia de suprimento,
independentemente de sua localização geográfica, utilizando um navegador de

internet padrão.
Requisitos operacionais

Para que fosse possível desenvolver o sistema necessitou-se de um sistema


gerenciador de banco de dados e um servidor web local. A plataforma Cargo foi

desenvolvida utilizando tecnologias web responsivas, ou seja, os layouts são adaptáveis


à visualização nas mais variadas resoluções de tela, a aplicação poderá ser acessada a

partir de qualquer dispositivo móvel ou computador. Tendo em vista que o mesmo foi
testado em um sistema operacional com diferentes versões e resoluções e com alguns

dos principais navegadores web hoje disponíveis.


4.4. A PLATAFORMA DESENVOLVIDA

A plataforma Cargo será apresentada a seguir em páginas web, de forma


sequencial ao cadastro do usuário, podendo este ser o transportador ou o embarcador

conforme demonstra a página inicial (Figura 1).


Figura 1. Página inicial da plataforma Cargo

154
A página inicial da plataforma Cargo é ponto de partida para o uso das
funcionalidades do sistema. No botão ‚Entrar‛ os usuários (embarcador e transportador)

cadastrados na plataforma poderão efetuar o login no site. Os botões ‚Quero enviar


algo‛ e ‚Sou motorista‛ são direcionados a novos usuários, que ao clicarem nestes

botões, são encaminhados para a página de cadastro na plataforma.


O botão ‚Como funciona‛, como o próprio nome diz, encaminha o usuário

ou visitante da plataforma para uma página que apresenta de forma simples, o


funcionamento da plataforma.

Login na plataforma
Realizado o cadastro na plataforma Cargo, o novo usuário poderá efetuar o

login no sistema (Figura 2), e então ter acesso às opções disponíveis na página de painel
de controle.

155
Figura 2. Página de login da Plataforma Cargo

Após informar suas credenciais (e-mail e senha) corretas, o usuário será

autenticado na plataforma, e a partir daí terá acesso ao painel de controle.


Cadastro do embarcador

Já as empresas embarcadoras ou pessoas interessadas em contratar serviço de


transporte realizam seu cadastro na plataforma (Figura 3), fornecendo informações

como o nome da empresa (opcional), e-mail, CPF, telefone, e em seguida o novo usuário
cadastra uma senha.
Figura 3. Página de cadastro do embarcador da plataforma Cargo

156
Com o cadastro realizado na plataforma Cargo, o usuário será direcionado
a página de painel de controle.

Cadastro do transportador ou motorista autônomo


O cadastro do transportador ou motorista autônomo, acontece em duas

partes. A primeira parte diz respeito ao cadastro de seus dados pessoais (Figura 4). O
novo usuário irá cadastrar dados como o seu nome, e-mail, CPF, carteira de motorista e

telefone, em seguida cadastra uma senha.


Figura 4. Página de cadastro do transportador (parte 1), da plataformaCargo

A segunda parte do cadastro (Figura 5) diz respeito inserção de

informações referentes ao tipo ou tipos de veículos que o transportador possui e o tipo


de cargas que geralmente transporta.

157
Figura 1. Página de cadastro do transportador (parte 2), da plataforma Cargo

Com o cadastro realizado na plataforma Cargo, o usuário será direcionado

a página de painel de controle.


Painel de controle

Após realizado o login, o usuário ganha acesso as diversas áreas painel de


controle (Figura 6). Dentre as opções tem-se:

a) ‚Editar perfil‛ - o usuário poderá alterar informações referentes ao seu perfil,


como alterar foto do perfil e editar nome;

b) "Configurações de conta‛ - o usuário poderá alterar o seu e-mail, fazer


mudanças referente a notificações, desativação de conta e a alteração de senha;

c) ‚Atividade‛ – área em que o usuário acompanhe sua atividade na plataforma,


como viagens já feitas, remessas de cargas postadas, entre outros;

d) ‚Ajuda‛ – área onde o usuário tira dúvidas a respeito do funcionamento da


plataforma;

e) ‚Usuário‛ – neste campo é possível acessar a página de edição de perfil e sair da


conta. Ao clicar em ‚sair da conta‛, o usuário é direcionado para a página inicial

da plataforma;
f) ‚Mensagem‛ – área onde o usuário poderá ver suas mensagens;

158
g) Publicação ou pesquisa - área em que o usuário também poderá publicar suas
viagens ou cargas, assim como também pesquisar motoristas ou procurar cargas

para transportar.
Figura 2. Página de painel de controle da plataforma Cargo

Chat de Mensagens

Para permitir que os usuários possam combinar o frete e interajam entre si

utilizando a plataforma de transporte colaborativo Cargo, estes poderão trocar


mensagens entre si permitindo que combinem de maneira fácil, rápida e interativa a

maneira de como ser realizado o frete, podendo também por meio das mensagens,
comunicar um ao outro caso tenha algum imprevisto que impedirá a contratação do

serviço logístico. A troca de mensagem é gerenciada conforme ilustrado na figura abaixo


(Figura 7).

159
Figura 3. Chat de mensagens da plataforma Cargo

Publicar remessa
Com o cadastro feito, o embarcador poderá acessar o painel de controle e

publicar a remessa de carga a ser transportada. Para publicar sua carga, o usuário
precisa apenas informar o que deseja transportar, o trajeto a ser percorrido, o peso e as

dimensões aproximadas da carga, e a data de coleta. O usuário poderá também anexar


uma imagem da sua carga, além de fazer uma oferta inicial pelo serviço (Figura 8). Em

seguida a plataforma junta todas as informações e disponibiliza aos embarcadores


cadastrados.

160
Figura 8. Página de publicação de remessa da plataforma Cargo

Publicar viagem

Ao finalizar o seu cadastro, o transportador poderá acessar o painel de controle e


publicar suas viagens. Quando o transportador ou motorista autônomo for contratado

para realizar uma entrega, este avisa a plataforma Cargo e informa a data de saída e a
data de chegada ao destino final, informar em qual o tipo de veículo irá realizar a sua

viagem, anexar uma imagem do seu veículo, além de adicionar informações referentes a
sua viagem (Figura 9). A plataforma junta todas as informações e disponibiliza aos

embarcadores cadastrados.

161
Figura 9. Página de publicação de viagem plataforma Cargo

Pesquisar viagem

Ao acessar o painel de controle, o usuário embarcador pode buscar


viagens já cadastradas pelas transportadoras ou motoristas autônomos (Figura 10).

A plataforma Cargo oferece dois tipos de consulta. A simples onde o


usuário encontrará uma listagem e o avançado onde poderá refinar sua busca por meio

de um filtro de busca de palavras-chave.


Figura 10. Página de pesquisa de viagens da plataforma Cargo

162
De acordo com a pesquisa realizada, o usuário poderá visualizar os
detalhes da viagem. Dentro dessas informações, o usuário encontra os locais da viagem,

as datas de partida e retorno e o tipo de veículo do transportador (Figura 11).


Figura 11. Página de detalhes da viagem plataforma Cargo

Caso a viagem esteja de acordo com a necessidade do embarcador, o


usuário poderá clicar em ‚Quero enviar algo nesta viagem‛, que irá enviar uma

solicitação ao o transportador, que será notificado via e-mail. Se o usuário tiver alguma
dúvida em relação a viagem do transportador, poderá enviar uma mensagem clicando

em ‚Enviar mensagem‛. Se o serviço for contratado pelo embarcador, o transportador,


ainda na ida, saberá que vai haver carga disponível para a viagem de volta.

Vale observar que a plataforma Cargo possui a função de juntar os dados


das viagens e cargas dos usuários, refinando e facilitando a busca, porém a contratação

propriamente dita do serviço logístico fica a cargo dos envolvidos:


transportador/embarcador.

Pesquisar cargas
Ao acessar o painel de controle, o usuário transportador pode realizar

também buscas de cargas já cadastradas pelos usuários embarcadores (Figura 12). O


transportador também pode realizar os dois tipos de consulta, a simples e a avançada.

163
Figura 12. Página de pesquisa de cargas disponíveis, da plataforma Cargo

Na página de pesquisa de cargas, estão disponíveis informações referentes

ao tipo de carga que o embarcador desejar enviar, o local de origem e destino, a data
para o envio da carga, o peso e a oferta inicial para o serviço. De acordo com a pesquisa

realizada, o usuário poderá visualizar os detalhes da viagem (Figura 13). Dentro dessas
informações, o usuário encontra os locais da viagem, as datas de partida e retorno e o

tipo de veículo do transportador ou motorista autônomo.


Figura 13. Página de detalhes da carga, da plataforma Cargo

Caso a viagem esteja de acordo com a necessidade do embarcador, o


usuário poderá clicar em ‚Quero enviar algo nesta viagem‛, que irá enviar uma

solicitação ao o transportador, que será notificado via e-mail. Se o usuário tiver alguma

164
dúvida em relação a viagem do transportador, poderá enviar uma mensagem clicando
em ‚Enviar mensagem‛. Se o serviço for contratado pelo embarcador, o transportador,

ainda na ida, saberá que vai haver carga disponível para a viagem de volta.
Caso as características e detalhes do envio da carga estejam de acordo a

viagem do transportador, este poderá clicar em ‚Aceitar carga‛, que irá enviar uma
solicitação ao o dono da carga, que será notificado via e-mail. Se o usuário tiver alguma

dúvida em relação a carga do embarcador, poderá enviar uma mensagem clicando em


‚Enviar mensagem‛.

De acordo com Figueiredo e Eiras (2007) as plataformas de transporte


colaborativo aproximam compradores e vendedores de serviços de transporte no intuito

de aumentar a eficiência operacional de ambos, e destacou que para os embarcadores


existe o benefício de aumentar a competição entre transportadores e conseguir

melhores fretes. Para os transportadores também podem haver benefícios, à medida que
eles têm contato com mais embarcadores, podem aumentar a utilização de capacidade

dos seus veículos e reduzir trechos vazios.


Segundo Passari (2002), a ideia por trás de unir as partes interessadas em

contratos de frete em um único lugar é evidentemente a de redução de custos, incluindo


os custos de procura, de transação, de risco associado e principalmente aqueles
originados pelo uso inadequado da infraestrutura de transportes. Os marketplaces de
transporte possuem grande potencial, tanto para grandes como para pequenas

transportadoras, gerando ganhos potenciais em custos, agilidade, flexibilidade e


segurança. O autor ainda relatou que as plataformas de transporte podem se tornar uma

poderosa ferramenta na otimização do uso de recursos de transportes, com melhoria da

eficiência e redução de custos.


O protótipo desenvolvido neste trabalho é uma ferramenta web capaz de
conectar o transportador e o embarcador visando gerar a troca de informações, busca

165
por fretes de retorno, além da contratação de novos fretes através da colaboração. A
plataforma Cargo irá oferecer informações sobre ida e volta dos transportadores,

aproveitando o potencial da internet para prestar um serviço de grande utilidade para o


setor logístico. Através do uso da internet, as informações estarão disponíveis na

plataforma e todos os usuários cadastrados terão acesso online, 24 horas por dia a
plataforma.

Em relação as plataformas de transporte colaborativo estudadas, existem


muitas semelhanças, porém de forma mais genérica, devido a plataforma Cargo ser um

protótipo e não possuir a mesma quantidade de funcionalidades. As demais plataformas


seguem rumos parecidos quanto ao público-alvo e tipo de cargas que transportam,

quanto a plataforma Cargo, esta visa atender não só empresas embarcadoras e


transportadoras, mas também as pessoas que possuem a necessidade de transporte de

uma determinada carga e motoristas autônomos, visando atender um público maior.


É importante destacar que a elaboração do projeto de uma plataforma web

envolve diversas áreas de conhecimento como, por exemplo, o conteúdo a ser


transmitido, a criação do banco de dados, o design das páginas, as linguagens de

programação, e por último, porém não menos importante, os critérios qualidade durante
o processo de seu desenvolvimento.
Durante o planejamento e execução do projeto, preocupou-se em
desenvolver uma plataforma web agradável ao usuário, e com isso foi realizado um

estudo sobre as regras, técnicas e conceitos básicos relacionados à usabilidade.


Foram evitados elementos desnecessários na plataforma, e os elementos

definidos, foram desenvolvidos com o intuito de serem limpos e diretos. Foi evitado o

uso de propaganda na plataforma, pois o uso de propaganda distrai o usuário, e tira do


propósito da plataforma.

166
A escolha das cores e das fontes foi feita estrategicamente, e a cor
selecionada para ser predominante foi o verde, devido a plataforma contribuir para a

redução de gases poluentes, ao permitir o uso de veículos que já estão na estrada. Em


relação as fontes, melhorando a dinâmica de leitura da página, legibilidade,

preocupando-se com a acessibilidade.

5. CONCLUSÕES
Neste trabalho, buscou-se desenvolver uma plataforma web, baseada em

um novo conceito da logística, o transporte colaborativo. A plataforma proposta visa ser


uma ferramenta capaz de conectar o embarcador e transportador, facilitando a troca de

informações, a busca por fretes de retorno, dando visibilidade as cargas, além da


contratação de novos fretes através da colaboração.

O levantamento sobre a estrutura produtiva e volume exportação e


importação demonstrou que a economia de Macapá é caracterizada pela baixa

participação de atividade industrial, e alta participação de atividades do comércio,


serviços e setor público, tornando o município dependente da importação de produtos

de outros mercados.
Os dados demonstram que o índice de importação é muito superior ao de
exportação, gerando um déficit de cargas para os transportadores, que na maioria das
vezes voltam vazios para os seus locais de origem, devido à pouca capacidade de

exportação das empresas.


A plataforma de transporte colaborativo Cargo foi desenvolvida e ao ser

realizadas testes, demonstrou funcionalidade aceitáveis. Como continuação da pesquisa,

sugerimos a implementação da plataforma Cargo no mercado em condições reais e a


adição de novas funcionalidades.

167
7. REFERÊNCIAS

AMPEF - ASSOCIAÇÃO DAS ADMINISTRADORAS DE MEIO DE PAGAMENTO


ELETRÔNICO DE FRETE. Amazônia: Isolamento encarece a logística (2013). Disponível
em: <http://ampef.org.br/index.php/8-noticias/87-assembleia-57>. Acesso em: 22 abr.
2015.
BOWERSOX, D. J., CLOSS, D. J. Logística empresarial: o processo de integração da
cadeia de suprimento. Porto Alegre: Atlas, 2001. 594 p
BOWERSOX, D. J., CLOSS, D. J., COOPER, M. B., BOWERSOX, J. C. Gestão logística de
cadeia de suprimentos. Porto Alegre: Bookman, 2006. 472 p.
BROWNING, B.; WHITE, A. Collaborative Transportation Management – A Proposal.
EUA, 2001.
CEMPRE - CADASTRO CENTRAL DE EMPRESAS. Empresas e outras organizações,
por seção da classificação de atividades (CNAE 2.0), faixas de pessoal ocupado total
e ano de fundação (2013). Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela
/listabl.asp?z= p&o=1&i=P&c=993>. Acesso em: 9 de dez. 2015.
FIGUEIREDO, R; EIRAS, J. Transporte colaborativo: conceituação, benefícios e práticas
(parte 1).Cel/COPPEAD, 2007. 11 p.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA – IBGE. Produto interno
bruto a preços correntes, impostos, líquidos de subsídios, sobre produtos a preços
correntes e valor adicionado bruto a preços correntes total e por atividade
econômica, e respectivas participações (2013). 2013. Disponível em:<
http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/listabl.asp?z=p&o=31&i=P&c=5938>. Acesso
em: 20 de dez. 2015.
ILOS, Instituto de Logística e Supply Chain. Panorama ILOS, Custos Logísticos no
Brasil. 2014.200 p.
LIMA, R. F. C. Práticas da gestão do transporte rodoviário de cargas nas Empresas
(Parte 1). Cel/COPPEAD, 2008. 11 p.
PORTO, J. L. R. Amapá: Principais Transformações Econômicas e Institucionais. 2 ed.
Macapá: Edição do Autor, 2007. 198 p.
Secretaria de Estado dos Transportes de São Paulo. Pesquisa de Origem e Destino do
Transporte Rodoviário e Aéreo do Estado de São Paulo. São Paulo, 2006. 150 p.
SILVA, V. D. et al. La influencia de lagestióndel transporte colaborativo para
laeficiencia de lacadena de suministros. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON
INDUSTRIAL ENGINEERING AND OPERATIONS MANAGEMENT (ICIEOM), 14, Salvador-
BA, Brasil. Anais eletrônicos... Salvador: ABEPRO, 2009. Disponível em:
<http://www.abepro.org.br/publicacoes/>. Acesso em: 22 abr. 2015

168
SUPERINTENDÊNCIA DA ZONA FRANCA DE MANAUS – SUFRAMA. Área de Livre
Comércio de Macapá - Santana/AP – Diagnóstico socioeconômico e propostas para
o desenvolvimento. Manaus, 1ª ed., V. 3, SUFRAMA, 2014.
SUPERINTENDÊNCIA DA ZONA FRANCA DE MANAUS – SUFRAMA. Áreas de Livre
Comércio – ALCs – Diagnóstico socioeconômico e propostas para o
desenvolvimento/Coordenação-Geral de Estudos Econômicos e Empresariais.
Manaus, 1ª ed., V. 1, SUFRAMA, 2014.
TACLA, D. Estudo de transporte colaborativo de cargas de grande volume, com
aplicação em caso de soja e fertilizantes. 2003. 171 f. Tese (Doutorado em Engenharia
Naval e Oceânica) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003.

169
EMPREENDEDORISMO COMO FERRAMENTA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
REGIONAL: ELABORAÇÃO DE METODOLOGIA PARA CRIAÇÃO DE EMPRESAS
INOVADORAS NO AMAPÁ.

Robson Antonio Tavares Costa

RESUMO:
Este artigo teve como objetivo a criação de uma metodologia de enfrentamento de crise
com base no empreendedorismo e criação de arranjos produtivos locais, tal
metodologia concerne em padronização para qualquer atividade produtiva. No cenário
econômico mundial estamos vivendo um período de crise econômica com baixo
crescimento dos países e o esgotamento dos mercados consumidores. Na pesquisa
foram abordados temas como empregabilidade, empreendedorismo, Arranjo Produtivo
Local e jogos de empresas, para consolidação de tal metodologia e principalmente
buscou-se com ela, verificar se os jogos de empresas são uma ferramenta importante na
formação de características empreendedoras relevantes nos jovens universitários. Por
tanto, este artigo busca a elaboração de uma metodologia voltada à formação de
empreendedores com foco na criação de Arranjos Produtivos Locais e geração de
emprego e renda, visando o enfrentamento de crises econômicas e financeiras regionais,
com base em jogos de empresas simulados, como parte integrante de projetos de
políticas publica.

Palavras-Chave: Micro e Pequenas Empresas, Empreendedorismo, Arranjo Produtivo


Local e Jogos de Empresas.

1. INTRODUÇÃO
O mundo vem passando por um momento de transformação intensa, o ambiente

mercadológico está cada dia mais competitivo e as empresas necessitam ajustar-se a


este mercado para não serem extintas, porém a evolução nas empresas só acontecerá se

os encarregados de gestão assim o fizerem, estas pessoas precisam participar de


treinamentos gerenciais que desenvolvam as habilidades e competências essenciais para
a atual gestão empresarial exigida por este mercado. Segundo Mendes (1997, p.05), ‚as

170
empresas vêm passando por um grande processo de transformação e evolução, porém
os indivíduos precisam evoluir para acompanhar estas empresas‛, assim se verifica a

necessidade de criação de mecanismos experimentais para mensurar o potencial do


empreendedor, e por meio destas ferramentas identificar pontos fortes e pontos fracos

para desenvolver atividades focadas a cada participante de treinamento empresarial.

Neste contexto surgem os treinamentos empresariais, ferramenta muito usada em

cursos de executivos e em salas de aula de cursos de administração e áreas afins, com o


objetivo de ensinar o funcionamento do mundo dos negócios e como tomar decisões

em situações reais de mercado.

Os treinamentos simulados se desenvolvem por meio de um ambiente

empresarial teórico contendo cenários mercadológicos, buscando tomadas de decisões


rápidas e precisas, o que é de extrema necessidade para introduzir um futuro

empreendedor no mundo dos negócios. Segundo Santos (2003), os treinamentos


simulados possibilitam que sejam desenvolvidos em laboratórios cenários que muitas

vezes na prática são de difícil formulação, pelas consequências que uma atitude tomada
erradamente possa causar, proporcionando assim aos participantes destes treinamentos

experiências novas. Eles podem, assim, ser utilizados como uma ferramenta adicional na
fixação do aprendizado organizacional.

Contudo verificamos a necessidade de desenvolver ferramentas que integrem


várias formas de construtivismo organizacional para formar empreendedores e prepará-

los para este mercado competitivo. Neste sentido a nossa proposta neste artigo é a
criação de uma metodologia focada no desenvolvimento cognitivo e pragmático do

empreendedor por meio da junção de atividades em parcerias público/privadas sendo

estas atividades de pesquisa, extensão e ações empresariais que possibilitam a estes


administradores o desenvolvimento de habilidades e competências gerenciais

171
empreendedoras, deixando para traz os treinamentos tradicionais e colocando em
prática uma nova metodologia de ensino e aprendizagem.

A figura do empreendedorismo esta cada vez sendo mais explorada nas


pesquisas da área empresarial, porém os pesquisadores conceituam como

empreendedores as pessoas que têm qualidades subjetivas como; saber trabalhar em


equipe, ser visionário, correr riscos calculados, ocultando por muitas vezes que o

empreendedor deve ser sim a pessoa que têm técnicas empresariais, pois, se este
administrador não tiver conhecimentos sobre plano de negócios, elaboração de preço

de venda de produtos, gestão de cargos e salários, relatórios financeiros, este


empreendedor nunca conseguirá com suas habilidades e competências fictícias ou

‚utópicas‛ manter sua empresa no mercado.

Contudo, as pesquisas sobre empreendedorismo relatam estes indivíduos como

pessoas que conseguem ver oportunidade onde os outros não conseguem, e ainda estas
pesquisas insistem em afirmar que estes trazem estas características de nascimento, ou

que estes são seres humanos diferentes dos outros, e isso é evidenciado em várias
pesquisas de mestrado e doutorado. Todavia se ser empreendedor é um adjetivo

adquirido de forma ‚genética‛ ou por ‚mágica‛ os empreendedores não necessitariam


de mais nada para serem bem sucedidos. Esta metodologia tem por objetivo

desenvolver estas características empreendedoras nos participantes e ainda acompanhar


por meio de encubação de empresas o nascimento e desenvolvimento das micro e

pequenas indústrias abertas e ainda gerar emprego e fazer por meio dos acadêmicos
bolsistas a orientação empresarial e por meio de professores universitários parceiros a

consultoria empresarial nestas empresas. Assim com a metodologia proposta tais

ferramentas desenvolvidas servirão de base na formação de habilidades e competências


gerenciais necessárias para o desenvolvimento e manutenção de uma empresa no atual
contexto mercadológico.
172
Os estudos da área de recursos humanos atribuem o desenvolvimento de
habilidades e competências aos treinamentos gerenciais e afirmam ainda que para que

estes sejam bem sucedidos devem ser desenvolvidos de forma precisa e dinâmica, para
que elas fixem em sua forma de pensar uma contextualização prática e mercadológica.

Os treinamentos empresariais promovem uma interação entre o aprendizado nas


dimensões afetiva e cognitiva, proporcionando uma absorção do conhecimento pleno,

tratando a pessoa que participa deste treinamento como um ser racional e emocional. O
uso de treinamentos empresariais permite uma visão multidisciplinar, dando

oportunidade ao aluno de desenvolver uma visão holística da estrutura organizacional.

6
Segundo, Keys e Wolfe apud Orlandeli (2001, p.05), em trabalho desenvolvido

por meio da avaliação da aplicação de treinamentos simulados no processo de ensino


em universidades dos Estados Unidos, há vantagens no uso destes; entre elas a maior

fixação dos conceitos apresentados no treinamento, quando comparados com aplicação


de estudos de caso e com métodos tradicionais de ensino, como aulas expositivas,

usados isoladamente. Outras vantagens também se destacam no ensino da


Administração geral e, alegadamente, no desenvolvimento futuro da vida profissional

dos indivíduos que se envolvem nesses processos de aprendizagem.

Por isso o desenvolvimento desta metodologia é de fundamental importância

para a criação de novas micro e pequenas industrias e ainda no longo prazo na criação
de Arranjos Produtivos Locais ‚APL‛ por meio do desenvolvimento de uma nova cadeia

produtiva, orientada e criada de forma organizada, o que no futuro poderá ser base para
criação de políticas públicas visando o desenvolvimento regional.

6
KEYS, B. and J. WOLFE, 1990, The Role of Management Games and Simulations in Education
and Research, Journal of Management, 16 (2), 307-336.

173
2. METODOLOGIA
A evolução do cenário mercadológico global fez surgir à necessidade de criar
metodologias capazes de desenvolver o crescimento econômico, por meio de geração

de emprego e renda, sendo assim surge a necessidade da quebra do paradigma do


empreendedor somente por ‚nascitura‛ ou ‚nato‛ fazendo surgir outras possibilidades

de criação de empreendedores. Seguindo este pensamento elaboramos tal metodologia


pautada no desenvolvimento das características empreendedoras dos empresários e

novos empresários. Esta roupagem se referencia a capacidade de empreendedores de


sucesso de atribuir a seus comportamentos e não a fatores externos, as causas de seus

êxitos ou fracassos.

Por tanto, a metodologia estará voltado para o desenvolvimento de

comportamentos, ou seja, toda a filosofia em questão esta focada para a internalidade


do empreendedor. Desta forma tende-se a objetivar primeiramente o novo

comportamento do participante voltado ao desenvolvimento da auto-responsabilidade


e a influência desta em relação as suas realizações em qualquer nível. Ainda se busca o

aprofundamento da questão ensino/aprendizagem, onde se acredita que este processo


só estará concluído se houver mudança nas ações do participante.

Para isso o desenvolvimento da metodologia está dividida em 5 (cinco) fases:

 A primeira onde será criado o comitê gestor do programa contendo como

atores Universidades, iniciativa privada e Entes públicos, ambos devem ter


interesses comuns no desenvolvimento do Arranjo Produtivo Local;

 A segunda fase é o processo de seleção via edital público dos bolsistas

que participarão do programa assim como das empresas que serão


encubadas;

174
 A terceira fase é o processo de capacitação dos bolsistas ‚Formação de
consultor Júnior‛ e ‚Metodologia de formação de empreendedores‛ e dos

empresários aprovados no processo seletivo para encubação


‚Metodologia de formação de empreendedores‛;

 A quarta fase é o processo de financiamento das empresas encubadas e


encubação das empresas, com acompanhamento personalizado do

consultor júnior ‚aluno bolsista‛, cada um será responsabilizado pelo


acompanhamento da gestão de cada empresa encubada;

 A quinta fase é a criação do Arranjo Produtivo Local por meio da inclusão


das novas indústrias de pequeno porte. Onde ocorrerá ainda a criação de

centro de dados para compartilhamento de conhecimento e informação


qualificada sobre o território abrangido pelo APL, avaliando

constantemente seus vetores sociais, políticos, econômicos, ambientais e


culturais; Fortalecimento de articulação de rede de cooperação público-

privada; Organização Produtiva de setores prioritários e promoção de


capacitação e nível de serviço; Criação de ambiente de negócios favoráveis

baseado em boas práticas e suporte de programas específico voltados


para o Desenvolvimento Local e financiamento diferenciado; Criação de

rede de agentes gestores de apoio e desenvolvimento do APL; Criação de


ações integradas de APL como busca de financiamento, compra conjunta,

comunicação, dentre outas; Realização de fórum anual para realização de


balanço de ações, projeção de cenários; identificação de potencialidades,

oportunidades, lideranças, ameaças, dentre outras.

Portanto, a metodologia está divida em fases onde cada uma tem sua
funcionalidade muito bem definida. A fase de treinamento é desenvolvida com base em

175
ciclos de aprendizagem com uso de dinâmicas de grupo com abordagem internalizada,
textos e debates diários e um jogo de empresa desenvolvido exclusivamente para

atender o Arranjo Produtivo Local específico à cada edital, que geram tarefas que são
cobradas todos os dias do curso, tendo como foco a aprendizagem para o aqui e agora.

Há ainda os ciclos de discussões dos dias anteriores focando seus principais pontos, faz
parte ainda do treinamento os mecanismos de gestão como: fluxo de caixa, formação do

preço de venda, planejamento estratégico, além de fontes de financiamento bancários.

A metodologia sugerida para ter sucesso na sua aplicação terá de contar com

uma equipe de instrutores comprometidos e qualificados. Para fazer parte deste quadro
em um primeiro momento o profissional precisa participar de um concurso público

‚edital‛ que tem como critério a avaliação curricular e banca examinadora com pontos
especificamente voltados ao projeto. Após a aprovação do candidato ele precisa

participar da oficina de formação de instrutores como aluno e será avaliado pelos


coordenadores do programa, mediante sua pontuação geral, caso positiva este

candidato ainda deverá participar do curso de repasse da metodologia.

Com o repasse esse profissional será acompanhado em um primeiro curso pelo

coordenador do programa em sua primeira turma, este coordenador responsável pelo


acompanhamento será denominado consultor educacional, será avaliado como instrutor

treinee e esta fase ainda faz parte da avaliação do instrutor que só terá autonomia a
partir do seu segundo curso, caso seja aprovado nesta fase. Esse critério é um dos

pontos do processo de qualidade da metodologia.

O treinamento conta com conteúdo moderno e dinâmico, são 08 (oito) módulos

elaborados buscando como foco as 10 (dez) CCE´s7, para melhor mensurar a reação dos

participantes e visando a absorção do conteúdo. A metodologia é dividida em 3 (três)

7
Características de Comportamento Empreendedor;

176
fases: realização (busca de oportunidade e iniciativa; persistência; correr riscos
calculados; comprometimento; exigência de qualidade e eficiência); planejamento

(planejamento e monitoramento sistemático, busca de informações e estabelecimento


de metas) e; poder (persuasão e rede de contatos, independência e autoconfiança),

este conteúdo é sempre atualizados mediante o feedback dos que deles participam, a
tabela a seguir demonstra a sistemática dos 08 (oito) módulos.

QUADRO: TREINAMENTO DE FORMAÇÃO DE EMPREENDEDORES COM BASE EM


JOGOS DE EMPRESAS SIMULADOS

N° MÓDULOS DIA

1 Abertura/Expectativas e Estabelecimento de 01
metas

2 Busca de Oportunidades e Correr riscos 02


calculados

3 Exercícios, Dinâmicas e Vivencias


03/04/05
4 Estudando e Desenvolvendo as Principais
Características empreendedoras de sucesso

05 Estudando as principais ferramentas de gestão 06/07/08/09/10/11/12/13/14/1


empresarial e simulação de jogo empresarial 5
16/17/18/19/20
06 Estudando Arranjo Produtivo Locais

07 Montando meu empreendimento 21/22/23/24

08 Estudando a filosofia de encubação de empresas 25/26/27/28/29


e Encerramento do seminário
Fonte: Elaborado Pelo Autor.

A figura a seguir demonstra o fluxo de processo da metodologia

177
FIGURA: FLUXO DESCRITIVO DA METODOLOGIA

FONTE: Elaborado pelo autor

178
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 COMPETÊNCIAS EMPREENDEDORAS NECESSÁRIAS PARA O SUCESSO EM


ARRANJO PRODUTIVO LOCAL
Em um cenário mercadológico de alta competitividade, as empresas buscam a
todo custo elevar a qualidade do gestor, preparando-os para realizar as ações de

hoje e se antever as situações futuras. Desse modo, a gestão das competências


compõe a gestão estratégica das pessoas em um ambiente de competição, como

sendo uma forma inovadora e inteligente de satisfazer demandas dos ambientes


organizacionais, visando manter-se no mercado ou adentrar em outros.

Nesse jogo, as empresas necessitam compreender as estratégias que a


concorrência utiliza no mercado e ao mesmo tempo criar as suas próprias estratégias

para vencer a disputa pela permanência no mesmo. De acordo com Castro, Rosental
e Araújo (2007, p.38), as organizações perceberam que construir e operar com

sucesso a empresa do futuro depende de capacitação de seu gestor. Não basta


investir em recursos financeiros, em programas prontos e generalizantes: é preciso

questionar e repensar a própria empresa e seus processos, envolvendo todos os


agentes interessados em desenhar seu próprio caminho.

Assim, as empresas têm de se ajustar aos novos tempos, caracterizados pela


competição e concorrência do mercado local em escala mundial. Tal fator se dá

principalmente em decorrência da expansão tecnológica que aproxima os mercados


em nível global e interferem no modo de operar e produzir mercadorias e serviços,

sob o risco de não mais se manter competitiva e ser eliminada pela concorrência.

Na visão de Stewart (1998), diante da revolução em que a sociedade vive, é


impossível prever com certeza que novas formas de trabalho e prosperidade irão

surgir, pois tudo é surpresa. A única coisa previsível é que o sucesso de uma
economia baseada na competência organizacional através do conhecimento,

habilidades e atitudes para chegar a novos tipos de organizações e gerenciamento

179
voltado para as pessoas com visão empreendedora que buscam desenvolver sua
capacidade de resolver as situações surpresas de forma positiva.

O autor reforça ainda, que o conhecimento torna-se um ativo valioso, quando


este empreendedor cria uma ordem útil a partir da capacidade intelectual geral, o

conhecimento permite ser descrito, compartilhado e explorado entre todos os


elementos de uma empresa para construção de habilidades e atitudes que elevem as

competências desenvolvidas a partir da troca de experiências entre os membros da


organização. As competências estão associadas as habilidades que um indivíduo

possui em determinadas atividades. Todo indivíduo possui competências, porém,


alguns desenvolvem e outros não, significando que cada um em sua essência procura

ou não aperfeiçoá-la.

Para Maria H. Araújo e Rochel M Lago (2005, p. 36) competência está

associada a fazer algo bem feito, estamos vinculando esse conceito às ideias de ação
e de resultado (...) seguindo este raciocínio, a competência está relacionada com o

desempenho, com o comportamento de alguém e com a qualidade desse


desempenho.

Ainda aos mesmos autores (2008, p. 49)... para se discutir competência para
um determinado termo, como por exemplo empreendedorismo, deve-se diagnosticar

o que precisam saber, saber fazer e saber ser, levando-se em conta que tais saberes
deverão dar suporte às competências organizacionais para que elas possam

concretizar-se.

Portanto, uma habilidade é um talento desenvolvido. É um potencial no qual

você investe, treina, aperfeiçoa, e encontra uma aplicação prática e de reconhecido

valor. Sendo assim, o talento é à base de nossas habilidades, mas só ganha


importância em nossos resultados se existe um investimento planejado para seu

desenvolvimento e utilização.

Como desenvolver as habilidades? A base para se desenvolver as habilidades

está na identificação de talentos. Voltar o foco para muito bem, retreinar seus
180
instintos e percepções. Se determinado indivíduo é bom em uma disciplina ou
assunto, terá que investir mais tempo em estudos para o assunto.

As pessoas expressam seu conhecimento através da habilidade, da atitude,


enfim de suas competências. A palavra competência foi primeiramente utilizada na

idade média para definir aqueles que nos tribunais, tinham o conhecimento para
apreciar e julgar determinadas questões. Ao longo do tempo passou a qualificar a

pessoa que tem condições de realizar determinada atividade. Desde Taylor, ser
competente tornou-se um grande diferencial no mercado de trabalho. Naquela

época, competência estava mais relacionada à habilidade técnica, ou seja, saber fazer
algo bem feito.

Com as constantes evoluções na Administração, competência passou a ser não


só mais o saber fazer, mas saber por que fazer.

As competências possuem três dimensões:

1. Conhecimento é o único diferencial competitivo que não pode ser copiado

ou imitado, pois as ações dele decorrentes são fruto da combinação entre o próprio
conhecimento e o talento pessoal.

2. Habilidade talento de transformar o conhecimento adquirido em ações


práticas que resultem numa melhoria de desempenho.

3. Atitude dos três pilares da competência a atitude é a única que é inata e


pessoal. Não depende de conhecimento nem de habilidade. As pessoas são o que

são, pela sua história, caráter e valores pessoais.

A competência também se divide em dois tipos:

Competência pessoal e Competência Organizacional.

1. Competência Pessoal está relacionada aos conhecimentos e habilidades


que o indivíduo possui, agregados ao nível de prontidão, a atitude.

181
2. Competência Organizacional está relacionada ao que de fato certa
organização possui. Depende dos níveis de competência das pessoas, da gestão dos

processos e da tecnologia aplicada.

A junção destas duas vertentes é o que de fato fará a grande diferença para o

desenvolvimento do perfil do empreendedor ao mercado empresarial.

Desse modo, torna-se fundamental que as pessoas tenham oportunidades de

novas aprendizagens para se tornarem capazes de criar mecanismos, desenvolverem


ferramentas, inovar nas técnicas e ter novas ideias para construir conhecimentos e

habilidades que levem o empreendedor ao sucesso. Nesse sentido, Amaral e


Vilarinho (2007, p.35) destacam que:

[...] A aprendizagem torna-se um valioso instrumento a serviço do


trabalhador, no processo de criação e inovação, e não se restringe aos

sistemas escolares; tampouco, é privilégio dos sistemas formais de ensino.

Ela perpassa toda a trajetória de vida e acontece em qualquer espaço,

inclusive no ambiente de trabalho.

Compreende-se que o perfil empreendedor exigido pelo cenário


mercadológico privilegia a criatividade, a interatividade, a flexibilidade e o

aprendizado contínuo. O indivíduo deve construir conhecimentos relacionados às


suas aptidões e vivências culturais na busca de um melhor desempenho e maior

eficiência em torno de novas e modernas atividades para alcançar sucesso nos


resultados. Logo, competência torna-se ‚o conjunto de conhecimentos, habilidades,

comportamentos e aptidões que possibilitam maior probabilidade de obtenção de


sucesso na execução de determinadas atividades‛ (FAGUNDES, 2000, p.06).

Apesar da nova realidade, muitos empreendedores ainda não estão


preparados para novos processos e resistem à mudança, além de que, temem que

quanto mais preparados, mais acirrada a briga pela fatia do mercado. Assim sendo, a
forma de desenvolvimento das competências, o instrumento utilizado para preparar

182
esses empreendedores para serem atores efetivos e interagir nessa nova realidade,
são desafios dos novos tempos para as empresas e tem de ser assimilado e

processado pela educação corporativa a fim de se obter as respostas necessárias ao


crescimento e desenvolvimento das empresas. Na visão de Castro, Rosental e Araújo

(2007, p.38);

A capacitação das pessoas é um dos fatores críticos de sucesso para a

sobrevivência das empresas nestes novos tempos. Transformar pessoas em


pró-ativas, que possam ousar, correr riscos calculados, buscar soluções para

antigos problemas e ter disponibilidade para o aprendizado contínuo é o

grande desafio de um novo mercado que está surgindo.

Segundo Novick (2007) ‚podemos não ser competentes em tudo o tempo

todo, mas podemos desenvolver habilidades para aquilo em que não somos ainda
competentes. As habilidades dão vida às competências‛. Diante do exposto, pode-se

inferir que o indivíduo é competente quando ele busca, adquire e utiliza


conhecimentos para realizar bem determinada tarefa, ou seja, deve ter e saber utilizar

as habilidades desenvolvidas ao longo de sua vida pela aprendizagem e pela


experiência, para resolver uma situação complexa.

De acordo com Bordoni (2008), as habilidades estão relacionadas à ação e


dependem de conhecimentos, enquanto que as competências pressupõem aplicação

das habilidades através de operações mentais, e do emprego de atitudes adequadas


à realização de tarefas e à aquisição de conhecimentos. De acordo com a autora, as

habilidades estão relacionadas ao ‚saber fazer‛ e competências ao ‚saber em ação‛.

Desse modo, não basta ter o conhecimento e saber como se faz algo. Para ser

competente, é necessário que de posse de determinadas habilidades a pessoa seja


capaz de colocá-las em prática a qualquer momento de sua jornada para solução

concreta de problemas e situações.

183
Para Novick (2007) a atividade laboral produtiva depende de novos
conhecimentos para que se possa atuar de forma criativa, crítica e pensante,

objetivando agir e se adaptar rapidamente às mudanças que ocorrem, não apenas no


cenário mercadológico, mas em todas as esferas da sociedade, porém, o

conhecimento por si só não representa competência, é necessário utilizar o


conhecimento nas tomadas de decisão. É nesse contexto que as competências

técnicas dos empreendedores deverão estar associadas à capacidade de decisão e de


adaptação às novas situações que ocorrem no processo de competição e é externa a

vontade da empresa.

3.2. PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NA FORMAÇÃO DE

COMPETÊNCIAS EMPREENDEDORAS

Determinados educadores definem o ato de ensinar como, dirigir

tecnicamente o aprendizado, concluindo que a arte de ensinar tem como resultado o


processo de aprender. Deste modo, se o professor ensina, e o aluno não aprende, o

processo não ocorreu, deixando como única alternativa reformular as técnicas de


ensino. Segundo Ferreira (2000, p.62), ‚educação é uma palavra que diz respeito

tanto ao processo de ensinar quanto aos resultados que são obtidos neste processo.
Já a aprendizagem significa adquirir uma nova forma de conduta ou modificar uma

conduta anterior‛.

Para Ferreira (2000, p.62), aprendizagem é o ‚processo pelo qual a educação

se realiza (sic) isto é o processo de aquisição de hábitos de ação ou hábitos


operativos‛. Em Sauaia (1997, p.14), a aprendizagem vivencial trabalha

simultaneamente três importantes aspectos: ‚aprendizagem cognitiva,

desenvolvimento de habilidades técnicas e comportamentais, e finalmente a


transdisciplinaridade‛.

Assim, podemos verificar que é unânime, na opinião de profissionais da área


de educação, que o processo de aprendizagem precisa motivar os alunos para as

atividades. O ensino tradicional (aluno, quadro negro, professor) vem sendo

184
contestado e necessita passar por mudanças. Cada vez mais, se exige dos educadores
novas formas de difusão do conhecimento. Os alunos, com os novos meios de

comunicação, estão cada dia mais conscientes do seu propósito educacional,


forçando estes docentes a utilizar novas tecnologias (videogame, computadores e

sites da internet). Contudo, ensinar para pessoas sem experiência mercadológica que
acabaram de adentrar a Universidade é tarefa difícil.

Para referendar o assunto abordado citaremos estudos de Robert F. Mager na


área de Psicologia Educacional citados por Pessôa e Filho (2001, p.140), onde eles

determinam três categorias de aprendizagem, às quais o professor deve dar


prioridade para que o objetivo seja alcançado. Primeiro, ‚o aluno deve absorver o

conteúdo cognitivamente ou dentro do campo do conhecimento, segundo, este


aluno deve ainda modificar a forma de agir, pensar transformando suas atitudes

mediante o conhecimento absorvido e por fim deve absorver novas habilidades‛.

No âmbito comportamental, Pessôa e Filho (2001, p.140), discriminam os

diferentes níveis de aprendizado identificados por FelaMoscovici8:

- Nível cognitivo (informações, conhecimentos, compreensão intelectual);

- Nível emocional (emoções e sentimentos, gostos, preferências);

- Nível atitudinal (percepções, conhecimentos, emoções,e predisposição para


ação integrada);

- Nível comportamental (atuação, e competência).

Assim, a autora argumenta que o processo psicoterapêutico aborda os níveis

emocional e cognitivo por meio de trabalhos em laboratório que englobam não só a


atividade mental, como também a afetiva.

No que se refere à aprendizagem vivencial ou prática, segundo Gramigna


(1993, p.11), a vivência seria a atividade inicial ou o jogo de empresas propriamente

8
MOSCOVICI, Fela. Desenvolvimento interpessoal: treinamento em grupo. 5a. ed. São Paulo: J.
Olympio, 1996. (USA, NJ: McGraw Hill, Inc., 1992.)

185
dito; existindo ainda o relato, que é a parte em que os participantes contam suas
experiências e compartilham seus sentimentos; o processamento, que é a fase na

qual os participantes analisam os fatos ocorridos no treinamento; a generalização, na


qual o grupo faz suas analogias ao mundo mercadológico real; e a aplicação, que é o

fechamento do processo.

Desse modo é observado que ensinar não é um simples processo, mas sim um

conjunto de atividades que exige: planejamento, orientação e controle das atividades


do participante do treinamento.

Na área de estudos técnicos fazem-se necessárias novas tecnologias de ensino


que atraiam a atenção destes participantes, e os mostre na prática mercadológica

como as teorias são aplicadas. Um exemplo de prática simulada são os treinamentos


empresariais, que tem sua avaliação baseada na teoria do aprendizado experimental,

e traz um impacto positivo no decorrer do processo, já que este pode ser


estruturado, segundo Orlandeli (2001, p.04), principalmente, de modo a ‚desenvolver

e estimular o emocional, propondo respostas rápidas e precisas, de modo seguro,


dando aos participantes uma visão global de uma organização e ainda fazendo com

que aflore nos participantes um instinto competidor‛.

Segundo Lopes (2002, p.04-05), o treinamento de negócio computadorizado

pode ser utilizado na formação de profissionais, e dando destaque aos níveis de


especialização, essa afirmação é baseada na efetividade desta metodologia cognitiva

para desenvolver habilidades importantes na área de administração de empresas.


Hoffmann (207, p.13), afirma que esta ferramenta envolve funções culturais,

conceituando jogos de empresas como:

(...) uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e


determinados limites de tempo e de espaço, seguida de regras livremente

consentidas, mas absolutamente obrigatórias dotadas de um fim em si


mesmo acompanhado de um sentimento de tensão e de alegria, com uma

consciência de ser diferente da vida cotidiana.

186
Logo ensinar usando treinamento empresarial seria envolver as pessoas em
simulações que englobam fatores da vida real do contexto empresarial, dando a

oportunidade para que elas possam interagir em grupo e adquirir conhecimentos


simultâneos e coletivos, tornando este tipo de treinamento uma ferramenta

primordial no ensino da gestão empresarial.

Segundo Lopes (2002, p.04-05), ‚o treinamento de negócios ou simulação

(multimídia ou vivencia) é de fácil acessibilidade, principalmente nos polos


universitários, por isso se faz necessário o uso desta ferramenta como apoio para

formação superior nos cursos de Administração‛.

Podemos destacar como principal vantagem do uso desta ferramenta no

ensino superior, o fato de trazer para sala de aula um contexto próximo à realidade
dos negócios que estes alunos estão se preparando para gerir, para Pessôa e Filho

(2001, p.141),

(...) é muito enriquecida a formação do profissional que tem oportunidade de

simular no computador o contexto da empresa e do ambiente empresarial,

destacar as variáveis relevantes e seu equacionamento, definir estratégias

possíveis e receber, quase que imediatamente, os resultados de meses ou anos


de projeção futura da evolução dos negócios...O aluno não só se situa na

posição de executivo que define pelas suas decisões os rumos de sua empresa,
como vê logo em seguida os resultados dessas decisões e sente intimamente os

erros e acertos, numa visão sistêmica e dinâmica de todo o seu contexto

empresarial e ambiental.

O treinamento com objetivo de formar empreendedores, pelo fato de envolver

também uma simulação, oferece um leque de informações aos participantes, dando a


oportunidade de conhecerem os diversos setores da organização em um panorama

holístico, sem onerar a empresa ou instituição de ensino/treinamento.

Assim, a simulação por meio de treinamentos de empresariais exige do

participante dedicação e aplicação de conhecimentos, coragem e ousadia,

187
habilidades necessárias para que eles absorvam o conteúdo abordado. O conteúdo
abordado pelos treinamentos que utilizam simulações de empresas, ou copia o

cotidiano organizacional atraindo a atenção dos participantes que toda via estão
buscando conhecimentos práticos. Podemos destacar a competição entre as pessoas,

pois estes simulam uma cadeia mercadológica interagindo com: formação de preço,
marketing, planejamento e tomada de decisão, exigindo raciocínio lógico e preciso.

4. RESULTADOS

Podemos, por meio desta metodologia, afirmar que, dentre as empresas

criadas a partir deste trabalho, por ser uma metodologia estruturada e de abertura de
empresa de forma consciente, atendendo aos requisitos de gestão de qualidade, que

suas empresas geraram mais empregos e renda, sendo que, possivelmente pelo alto
índice de conhecimento adquirido, estas empresas são formalmente abertas, o que

facilita financiamentos futuros. Destacamos ainda a probabilidade de uma baixa taxa


de mortalidade pelo próprio planejamento feito no período pré-abertura da mesma e

pelo acompanhamento e encubação das mesmas. Ainda devemos notar a evolução


no pensamento empreendedor que o grupo que participará da metodologia obterá,

e a geração de emprego, renda e o fortalecimento da economia no médio e longo


prazo.

5. CONCLUSÕES

Em vista do apresentado, e com base no estudo de trabalhos voltados a

pesquisar a formação de empreendedores por meio de treinamento empresarial, e


ainda o perfil dos egressos destes treinamentos, com base ainda em estudos focados

nos resultados de empresários após treinamentos empresariais, acredita-se na

hipótese de que pessoas que participam de treinamento de formação de


empreendedores têm mais propensão a empreender que pessoas que não

participam deste tipo de treinamento.

Até mesmo os de outras formações que não voltada para o

empreendedorismo, mesmo, os que não têm tanta iniciativa, ou pró-atividade,


188
mesmo os que não sabem trabalhar em equipe, ou não sabem ouvir, mesmo os que
não têm nenhuma ideia brilhante, ou que não se destacaram na escola, ou na

faculdade; Mais participaram de treinamentos com objetivo de formar


empreendedores realmente após todo o processo educacional, familiarizam-se com

conceitos e prática simulada, que tendem a se tornar em diferenciais importantes


quando estes buscam oportunidades no mercado, seja como empregadores ou como

empregados, passam a empreender de forma sustentável e com boas probabilidades


de sucesso.

Ainda por a metodologia sugerida ser um método completo de formação de


empreendedores, contendo orientação empresarial, consultorias, financiamento,

encubação e formação de arranjo produtivo, com vivência de atividades empresariais,


contendo conceitos, regras e critérios organizacionais, como todos os treinamentos

empresariais com objetivo de formação de empreendedores encontrados no


mercado, o trabalho contribui para uma avaliação favorável, enquanto ferramenta

importante para treinamento e desenvolvimento de empreendedores, e aponta no


sentido de que poderia ser usado com maior frequência nas politicas publicas

visando o desenvolvimento econômico e financeiro regional não só no Brasil como


no mundo.

6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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189
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Audretsch and Isabel Grilo, forthcoming at Edward Elgar Press, 2007.

190
IMPACTOS DA INSERÇÃO DA INOVAÇÃO NO AGLOMERADO MADEIRA E
MÓVEIS NO MUNICÍPIO DE MACAPÁ

Kamila Pereira Tavares

RESUMO:

Este estudo investiga a inserção da cultura de inovação do aglomerado madeira e


móveis no município de Macapá. De natureza epistêmica, o método de pesquisa
utilizado foi do tipo quali-quantitativo, a partir da percepção dos atores locais
integrados ao aglomerado madeira e móveis. Utilizou- se como suporte teórico, o
setor florestal com ênfase na Amazônia e no Amapá, o desenvolvimento regional e
local, sistemas de gestão e inovação e Arranjo Produtivo Local. Realizou-se aplicação
de questionários, entrevistas e coleta de dados secundários, com intuito de
identificar, analisar e interpretar os fatores que representam as limitações, desafios e
potencialidades do aglomerado moveleiro do município de Macapá. Os resultados
demonstraram que o setor moveleiro no município de Macapá, com características
de aglomerado, encontra- se incipiente por fatores socioeconômicos e ambientais. A
informalidade e a falta de qualificação da mão de obra reflete na produção, na
presença de mercado e na oferta de novos empregos. O nível de inovação e
aprendizado é considerado baixo, em virtude da falta de recursos tecnológicos, e de
acesso as práticas de gestão cabíveis ao segmento. O baixo índice de cooperação
existente no aglomerado inviabiliza a existência de um arranjo produtivo local
voltado para o desenvolvimento. Destacam- se a falta de políticas públicas que
contribuam para o desenvolvimento do aglomerado, a falta de certificação da
madeira utilizada pelos moveleiros e a inexistência de uma gestão inovadora voltada
para a qualidade, para as práticas sustentáveis e para o crescimento empresarial.

Palavras-Chave: Amazônia. Madeira e móveis. Inovação. Arranjo Produtivo Local.


Desenvolvimento Local.

1 INTRODUÇÃO

A Amazônia se caracteriza, na sua essência, pela diversidade multicultural do


seu ambiente, que reflete no contexto da floresta, nos aspectos sociais, culturais, no

modo de viver da sua população e costumes. Por muitos anos prevaleceu o uso da
madeira como elemento diverso nessa região, que aparece tanto na realidade laboral,

191
como no modo de vida da população, apresentando-se no habitat, na produção de
canoas, construção civil, móveis e materiais indiretos, muitas vezes como meio de

subsistência.
Neste contexto, embora a madeira represente o universo mais simbólico da

diversidade da floresta, o setor se contrasta com as fragilidades referentes ao acesso


dos bens e serviços, infraestrutura inadequada, dificuldades no licenciamento

ambiental e aspectos econômicos e políticos que impedem o desenvolvimento do


setor, bem como os seus reflexos na região.

Abrantes (2005) afirma que mesmo que diante da potencialidade existente no


aglomerado madeira e móveis de Macapá, este ainda é bastante fragmentado e

pouco especializado, baseado exclusivamente em madeira sólida (madeira serrada


tropical), com a maioria das empresas descapitalizadas e inadimplentes, com muitas

dificuldades em acessar o crédito bancário e com problemas de gestão.


Um dos maiores obstáculos ao desenvolvimento da atividade moveleira

sustentável no Amapá tem sido a questão do fornecimento de madeira legal, que


está diretamente relacionado com as dificuldades de definição da posse da terra no

estado. Como em toda a região amazônica, a situação fundiária é precária, com a


existência de sobreposição de posses (AMAPÁ, 2004).

A tecnologia empregada está defasada e a mão-de-obra é pouco qualificada.


A maioria das empresas estão desorganizadas e desprovidas do espírito de

empreendedorismo e de associativismo. Um dos principais óbices ao desempenho da


atividade é, sem dúvida, a secagem, a certificação e o acesso facilitado à madeira

serrada local (ABRANTES, 2005).

Conforme diagnóstico do Serviço Brasileiro de Apoio às micro e pequenas


empresas- Sebrae/ AP (2002) acerca do cluster madeireiro e moveleiro do estado do

Amapá, o setor apresenta produtos de baixa qualidade, falta de visão integrada da


cadeia produtiva, ausência de mão-de-obra qualificada, carência em design de
móveis, falhas gerenciais e pouca visão de negócio por parte dos empresários, bem
como, licença ambiental lenta, abrindo brechas para o descaso.

192
Além dos aspectos supramencionados, existem outros entraves, tais como: a
deficiência nos canais de comercialização, baixo volume de produção, geralmente

realizada por encomenda, o que limita quase que exclusivamente ao mercado local.
Assim como, limitações gerenciais e tecnológicas no processamento industrial, sendo

um setor com tecnologia obsoleta e rudimentar, bastante fragmentado, pouco


especializado e descapitalizado (SEBRAE/AP, 2002).

Neste sentido, com as fragilidades existentes do aglomerado, este pode não


configura um Arranjo Produtivo Local (APL), dado ao baixo nível de governança,

cooperação, interação e competitividade dos negócios instalados.


Com efeito, a questão central que norteou o presente estudo consiste em

saber: de que forma a inserção da inovação contribui para o desenvolvimento do


aglomerado madeira e móveis no município de Macapá?

Buscando respostas e reflexões sobre a problemática apresentada, foi


estabelecido como objetivo geral: analisar o comportamento e as contribuições das

práticas de inovação no setor madeira e móveis no município de Macapá como


alternativa de desenvolvimento para o segmento; e comoobjetivos específicos:

analisar a importância do aglomerado madeira e móveis no município de Macapá


nos aspectos ligados à geração de emprego, ocupação, renda e inclusão social;

explicar a dinâmica do aglomerado moveleiro no município de Macapá, através dos


princípios de inovação; e analisar as limitações, desafios e potencialidades do

aglomerado madeira e móveis no município de Macapá para o desenvolvimento


regional.

Partiu-se da seguinte hipótese:apesar das potencialidades madeireiras da

região Amazônica, no que concerne ao estoque de matéria prima de alta qualidade, o


aglomerado madeira e móveis, como alternativa de desenvolvimento para o

município de Macapá não tem se utilizado da inovação, devido a diversos fatores,


como: a ausência de políticas públicas, que superem suas dificuldades quanto às
exigências legais e de infra- estrutura e, principalmente, a ausência de política de
inovação e tecnologia e incipiência na gestão.

193
A presente pesquisa tem como finalidade o estudo do aglomerado madeira e
móveis no município de Macapá, no estado do Amapá, associado aos conceitos de

inovação. Sendo esta também a área de abrangência da pesquisa, devido à


considerável concentração desta atividade, em função do fácil acesso à matéria-

prima e ao fato do município representar um dos principais centros consumidores de


móveis do estado, de modo a analisar a dinâmica do aglomerado, concomitante às

suas potencialidades e limitações.


Tais perspectivas apontam que, para ocorrer uma mudança na organização

econômica, organizacional, social e ambiental é necessário criar as bases sociais do


seu sucesso. O setor madeira e móveis apresenta característica emergentes que

apontam a necessidade da implantação de ações que possibilitem o


desenvolvimento do aglomerado a partir do seu potencial natural e das

aplicabilidade efetiva de práticas de gestão.

2.EPISTEMOLOGIA DA TEORIA DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL E LOCAL

O presente trabalho foi construído com base em duas linhas significativas para
o estudo do aglomerado madeira e móveis. A princípio, a relevância de inserir

conceitos acerca do desenvolvimento regional se dá pelo fato deste incorporar a


região Amazônica, a qual tem como uma das principais matérias primas a madeira. A

madeira comumente é uma potencialidade regional, a qual possui características


comerciais de alavancar diretamente economia da região.

Já a integração do desenvolvimento local neste trabalho, se dá pelo fato deste

possuir aspectos intrínsecos aos arranjos produtivos locais. Ao se discutir o


desenvolvimento local, a pesquisa aborda a inovação, a governança associativa, a

cooperação e as dinâmicas existentes no município de Macapá referente ao setor


madeira e móveis.
O debate acerca do desenvolvimento é muito presente nas esferas
acadêmicas, institucionais e governamentais. Principalmente quanto à distinção entre

194
desenvolvimento e crescimento econômico, pois muitos autores atribuem apenas os
incrementos constantes no nível de renda como condição para se chegar ao

desenvolvimento, sem, no entanto, se preocupar como tais incrementos são


distribuídos.

Para Souza (2012) não existe uma definição universalmente aceita de


desenvolvimento. Vasconcellos e Garcia (2008, p. 205) atrelam desenvolvimento a

qualidade de vida:

O desenvolvimento, em qualquer concepção, deve resultar do crescimento


econômico acompanhado de melhoria na qualidade de vida, ou seja, deve
incluir ‚as alterações da composição do produto e a alocação de recursos
pelos diferentes setores da economia, de forma a melhorar os indicadores de
bem-estar econômico e social (pobreza, desemprego, desigualdade,
condições de saúde, alimentação, educação e moradia)‛.

Ao tratar de desenvolvimento regional em seus estudos, Boisier (1996) afirma


que esse conceito deve limitar e circunscrever o fenômeno de uma maneira que

permita diferencia-lo dos outros, dando-lhe unicidade e especificidade. Para esse


autor, define-se desenvolvimento regional como ‚um processo localizado de troca

social sustentada que tem como finalidade última o progresso permanente da região,
da comunidade regional como um todo e de cada indivíduo residente nela.‛

(BOISIER, 1996, p. 10 apud ABRANTES, 2014, p. 41).


Neste sentido, Abrantes (2014, p.41) aborda que:

A complexidade desse tipo de desenvolvimento está na combinação das


dimensões espacial, social e individual. O desenvolvimento de uma região se
deve então à transformação do território em sujeito coletivo, um processo
de fortalecimento da sociedade civil, entendida como comunidade,
indivíduos e região.

Para o desenvolvimento regional e local deve ser considerado todo o


complexo processo de mudanças e transformações de ordem econômica, política e,

principalmente humana e social, bem como as mudanças e peculiaridades em torno


de cada região.

195
Inúmeros são os fatores que tem impulsionado as mudanças para um
desenvolvimento. Entre as mudanças, está o desenvolvimento das tecnologias que

moldam as estruturas (HÖFLER, TEIXEIRA, 2013).


Sandroni (1999) já considera desenvolvimento econômico como crescimento

econômico (incrementos positivos no produto) acompanhado por melhorias do nível


de vida dos cidadãos e por alterações estruturais na economia. Para ele, o

desenvolvimento depende das características de cada país ou região. Isto é, depende


do seu passado histórico, da posição e extensão geográficas, das condições

demográficas, da cultura e dos recursos naturais que possuem.


Assim, Dias (2009) apresenta três dimensões, que são: a econômica, a social e

a ambiental; envolvendo preocupações de caráter político-social, controle da


poluição, segurança e qualidade dos seus produtos, assistência social, projetos

filantrópicos, defesa de grupos minoritários, etc.


O desenvolvimento econômico ocorre em consequência da utilização do

potencial e do excedente gerado localmente e, eventualmente, pela atração de


recursos externos, assim como pela incorporação das economias externas ocultas nos

processos produtivos. Para neutralizar as tendências ao estado estacionário, é preciso


ativar os fatores determinantes dos processos de acumulação de capital, a saber, a

criação e difusão de inovações no sistema produtivo, a organização flexível da


produção, a geração de economias de aglomeração e de economias de diversidade

nas cidades e o fortalecimento das instituições (BARQUERO, 2001).

2.1. O DESENVOLVIMENTO REGIONAL E OS SISTEMAS DE GESTÃO E INOVAÇÃO

Todas as medidas de concretização do desenvolvimento regional, aliadas aos

conceitos e ações basilares de inovação tendem a reforçar as melhorias do setor.


Segundo o Manual de Oslo (Moriconi, 2005), elaborado pela Organização para a
Cooperação e o Desenvolvimento Econômico – OCDE, define a inovação como a
implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou, significativamente

196
melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um método
organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas

relações externas.
A principal importância da dimensão local da inovação é de que a atividade

inovadora é um processo cumulativo e de aprendizado interativo, que exige a


manutenção frequente de inter-relações entre as diversas unidades envolvidas. Na

verdade, acaba existindo um fluxo constante de informações qualitativas, por meio


de canais e códigos específicos, explicitando o caráter coletivo desse processo.

Considerando-se a cultura da inovação, torna- se necessário portanto, ações


inovadoras que possibilitem a expansão geográfica dos negócios referente ao setor

madeira móveis e a amenização de barreiras burocráticas para o extrativismo legal.


Outro ponto de extrema importância e que merece ser ressaltado, são os

potenciais comerciais que o Amapá apresenta. Inclusões com empresas importadoras


e exportadoras, mantendo relação de compra e venda de produtos, entre outros,

com China, Estados Unidos, Argentina, Japão, e, após o estreitamento recente das
relações Brasil e França, principalmente Guiana Francesa (SEPLAN, 2012).

Assim Porto e Silva (2009) tratam da condição fronteiriça como espaço de


diálogo e/ou de conflitos em processo. Sendo locus de políticas territoriais

objetivando a manutenção da soberania em sentido amplo e a articulação econômica


em um contexto geopolítico de fluidez comercial a partir das redes geográficas, que

utilizam a atual condição fronteiriça como forma de conexão entre territórios mais
vastos.

Neste sentido, um dos pontos primordiais também é o estudo da gestão,

inovação e tecnologia, e as limitações do setor madeira e móveis dentro do contexto


do extrativismo, para a busca do desenvolvimento regional.

Motta e Vasconcelos (2013, p. 246) destacam que ‚quando muda a tecnologia,


muda a estrutura social, mudam as necessidades, as pessoas e inclusive o sistema
cultural. A mudança é condição para a sobrevivência e para a inovação e o
desenvolvimento‛.

197
Para Barquero (2001), os processos de difusão das inovações e do
conhecimento estão condicionados pelo interno (sistema de empresas, instituições,

atores econômicos e sociais). Deste modo, com a presença ativa dos atores cabíveis,
é possível a viabilização do desenvolvimento inovador para as regiões as quais o

sistema de inovação atua.


Essas discussões, sobre o contexto relacional produtivo, institucional e social

que caracterizam os APLs, ressaltam esta importante nuance do conceito de


inovação. Inovação não é somente sinônimo de introdução de um novo processo

produtivo ou, de um novo produto (material): inovação significa, também, o


desenvolvimento de novas capacidades de relações e de projetos de serviços

complexos, onde o objeto material é somente um componente da oferta final. Uma


das prioridades parece ser a vontade de promover a inovação de forma ampla,

criando um espaço, um ambiente que facilite a mobilidade das idéias,


transformando-se em condutores de inovação, promovendo a co-operação seja no

âmbito público, seja naquele privado e empreendedor (Dagnino e Gomes, 2000).


Assim, a viabilização de recursos facilitadores da inovação é uma ‚ponte‛ para

o apoio de um desenvolvimento sustentável eficiente do setor em referência. Com


ações de inovação, busca- se conciliar a eficiência produtiva das economias

capitalistas com uma melhor distribuição de renda e justiça social, como também
com a redução das instabilidades da produção, almeja-se a possibilidade de alcançar

fontes de crescimento econômico, as quais se tornarão mais tangíveis à região


(TEBCHIRANI, 2011).

3. CENÁRIO MADEREIRO NA AMAZÔNIA

A Região Amazônica é considerada a mais extensa e densa floresta tropical do


planeta. Formada por 25.000 km de rios navegáveis, possui cerca de 6.900.000 km2,
dos quais aproximadamente 3.800.000 km2 estão no Brasil, ou seja, a maior parte
desse patrimônio corresponde a quase 4 milhões de quilômetros quadrados.

198
Segundo o IBGE (2007), a região representa 59% do território brasileiro, sendo
considerada a maior de todo território nacional e compreende estados da Região

Norte e parte do Centro Oeste.


Santos (2002), destaca que o crescimento da economia brasileira, o aumento

da demanda da matéria-prima de madeira e o esgotamento do estoque do Sul e


Sudeste do País, além da política de incentivos fiscais, contribuíram para a expansão

da atividade exploratória na Amazônia.


Atualmente, a Amazônia Brasileira representa aproximadamente 40% da

cobertura florestal tropical do planeta. As florestas da Amazônia cumprem funções


ecológicas, socioculturais e econômicas de importância incalculável, sustentam a

economia de regiões inteiras, abrigam e também têm um papel central no equilíbrio


do clima do planeta (MILLER e SPOOLMAN, 2012). Mesmo assim, a floresta não tem

sido cuidada de forma adequada, o que leva a destacar novas dimensões atreladas
ao desenvolvimento sustentável também das regiões (ROTTA, 2006).

Na Amazônia, a exploração madeireira tem sido amplamente realizada de


forma desordenada e predatória. Entretanto, segundo Veríssimo,et al (1999), há fatos

que estão contribuindo para o uso racional do recurso madeireiro. Primeiro, os


consumidores estão cada vez mais conscientes, procurando saber sobre a origem da

madeira (se ela é manejada ou não).


Além disso, existe um amadurecimento do conhecimento científico e das

técnicas de manejo florestal. Finalmente, há um número crescente de extrativistas,


pequenos produtores, povos indígenas e empresários realizando experiências piloto

de uso sustentável dos recursos madeireiros.

A atividade madeireira oferece restrição para a sustentabilidade, mas também


constitui uma oportunidade, a depender da forma em que se desenvolverá. Nesse

sentido, a promulgação da Lei nº 11.284 de março de 2006, que regulamenta a


gestão das florestas públicas no país, ampliou as oportunidades de desenvolvimento
sustentável do setor florestal, especialmente o relacionado às florestas nativas,
esperando-se que, na observância desta lei, o setor madeireiro agregue valor

199
econômico aos produtos florestais, amplie os benefícios sociais, melhore o padrão
tecnológico da produção e o uso sustentável e conservação dos recursos florestais

(MMA, 2008).

3.1 CARACTERÍSTICA DO SETOR FLORESTAL NO AMAPÁ

Conforme Veríssimo et. al., (1999) o Estado do Amapá contém enorme


potencial para o estabelecimento de um setor florestal competitivo. Segundo o

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais- INPE (2015), o setor florestal no Amapá, é


largamente coberto por florestas ombrófilas densas (80%), com viabilidade para a

produção madeireira e de produtos de sociobiodiversidade (açaí, castanha- do- brasil


e cipó).

O Estado do Amapá possui 143.453 km². É amplamente coberto por florestas


ombrófilas de valor madeireiro (75%). Cerrados e campos naturais ocupam

respectivamente 6% e 12% da superfície do Estado. As florestas de igapó e as zonas


de transição floresta-cerrado representam 6%, enquanto as áreas desmatadas

representam apenas 1% do Amapá (INPE, 1997).


Segundo o Plano Anual de Outorga Florestal do Estado Amapá – PAOF (2017),

elaborado pelo Instituto Estadual de Florestas do Estado do Amapá – IEF, o Cenário


futuro para o setor florestal no Estado do Amapá demonstra ser totalmente favorável,

sendo um dos fatores determinantes por conta de suas áreas florestais estarem
bastante preservadas.

Ainda conforme o PAOF (2017), existe um potencial muito alto de crescimento

a partir de novas políticas voltadas para a concessões florestais e manejo florestal


comunitário, que trará benefícios tanto do ponto de vista ambiental, social e

econômico, fazendo com que as florestas do Amapá atendam às necessidades atuais


e futuras. Além disso, o Estado possui uma localização estratégica para acessar
mercados internacionais seletivos, como América do Norte (Estados Unidas, México e
Canadá), Caribe, Europa e Ásia.

200
4. ARRANJO PRODUTIVO LOCAL –APL

Na Teoria de Desenvolvimento Regional, surge a abordagem de Arranjos

Produtivos Locais (APLs) como ferramenta básica de estudos e ações voltadas para
promover aglomerações de empresas especializadas e concentradas

geograficamente.
Conforme a definição proposta pela Rede de pesquisa em Sistemas e Arranjos

Produtivos e Inovativos Locais-RedeSist, arranjos produtivos locais são aglomerações


territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais - com foco em um conjunto

específico de atividades econômicas - que apresentam vínculos mesmo que


incipientes (LASTRES; CASSIOLATO, 2003).

Os APLs são conjuntos de fatores econômicos, políticos e sociais, localizados


em um mesmo território, que desenvolvem atividades econômicas correlatas e que

apresentam vínculos de produção, interação, cooperação e aprendizagem. Os


Arranjos Produtivos Locais também mantêm vínculos com associações empresariais,

de modo a promover o crescimento econômico dos setores envolvidos.


De acordo com o MDIC (2004), a lógica do apoio aos APL, parte do

pressuposto de que diferentes gestores locais (empresários individuais, sindicatos,


associações, entidades de capacitação, de educação, de crédito, de tecnologia,

agências de desenvolvimento, entre outras) poderiam mobilizar-se e, de forma


coordenada, identificando as demandas coletivas, por iniciativa própria ou por

indução de entidades envolvidas com o segmento.


Assim, o Arranjo Produtivo Local é caracterizado pelo Dinamismo Competitivo

(indústria tradicional, intensiva em mão de obra, com tecnologia de produção


consolidada e amplamente difundida). Requer um Dinamismo tecnológico (design,
novos materiais, novas e máquinas). A mão de obra costuma ser um importante
componente do custo e no esforço quanto a capacitações (CASTRO, 2010).

201
4.1CARACTERISTICAS GERAIS DO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DO SETOR

MOVELEIRO

A indústria de móveis caracteriza-se pela reunião de diversos processos de


produção, envolvendo diferentes matérias-primas e uma diversidade de produtos

finais, e pode ser segmentada principalmente em função dos materiais com que os
móveis são confeccionados (madeira, metal e outros), assim como de acordo com os

usos a que são destinados (em especial, móveis para residência e para escritório).
Além disso, devido a aspectos técnicos e mercadológicos, as empresas, em geral, são

especializadas em um ou dois tipos de móveis, como, por exemplo, de cozinha e


banheiro, estofados, entre outros.

Os móveis de madeira, geralmente são ainda segmentados em dois tipos:


retilíneos, que são lisos, com desenho simples de linhas retas e cuja matéria-prima

principal constitui-se de aglomerados e painéis de compensados;e torneados, que


reúnem detalhes mais sofisticados de acabamento, misturando formas retas e

curvilíneas e cuja principal matéria-prima é a madeira maciça - de lei ou de


reflorestamento -, podendo também incluir painéis de MDF, passíveis de serem

usinados (GORINI, 1998).


O APL madeira e móveis, que se caracteriza pela predominância de pequenas

e médias empresas que atuam em um mercado muito segmentado, é ainda intensivo


em mão-de-obra e apresenta baixo valor adicionado (por unidade de mão-de-obra)

em comparação com outros setores.

A demanda por móveis - muito segmentada - varia positivamente com o nível


de renda da população e o comportamento de alguns setores da economia,

particularmente a construção civil. A elevada elasticidade-renda da demanda torna o


setor muito sensível às variações conjunturais da economia, sendo um dos primeiros
a sofrer os efeitos de uma recessão. O gasto com móveis em geral situa-se na faixa
de 1% a 2% da renda disponível das famílias (depois dos impostos).

202
Outros fatores que influenciam a demanda por móveis são as mudanças no
estilo de vida da população, os aspectos culturais, o ciclo de reposição, o

investimento em marketing (em geral muito baixo nessa indústria), entre outros.
No tocante a tecnologia, como o processo produtivo não é contínuo, a

modernização, muitas vezes, pode ocorrer apenas em determinadas etapas da


produção. Em alguns empreendimentos, portanto, é possível que máquinas

modernas coexistam com máquinas obsoletas.


Além da tecnologia, os demais fatores de competitividade da indústria de

móveis relacionam-se com novas matérias-primas, design, especialização da


produção, estratégias comerciais e de distribuição, entre outros. A dinâmica das

inovações baseia-se, principalmente, naquelas que se referem ao produto, através do


aprimoramento do design e da utilização de novos materiais. A qualidade do produto

final é julgada de acordo com as seguintes variáveis principais: material, design e


durabilidade, entre outras.

O fortalecimento de toda a cadeia industrial – desde a produção de madeira


serrada e produtos sólidos de madeira (proveniente de reflorestamentos) até a

fabricação final do móvel – é fator essencial para o incremento da competitividade


do setor, uma vez que reduziria a elevada verticalização da produção atual. Em

particular, os investimentos visando ao uso múltiplo de florestas plantadas têm um


potencial significativo para gerar efeitos que possam alavancar a produção moveleira,

assim como a construção civil, com resultados extremamente positivos sobre o


emprego, já que ambos os setores são intensivos em mão-de-obra.

5. CARACTERIZAÇÃO GERAL DO AGLOMERADO MADEIRA E MÓVEIS DO


MUNICÍPIO DE MACAPÁ

5.1 ASPECTOS INICIAIS DE IDENTIFICAÇÃO DAS MOVELARIAS

Na análise dos resultados, agrupou-se o conjunto de 25 movelarias situadas

no município de Macapá, Estado do Amapá. A área de abrangência da pesquisa


203
limitou-se ao perímetro urbano devido à considerável concentração destas
atividades, em função do fácil acesso à matéria-prima e ao fato do município

representar um dos principais centros consumidores de móveis do Estado.


Conforme dados do IBGE (2010)9, o Município de Macapá possui uma

população de 456.171 habitantes, com área da unidade territorial (Km²) de 6.502,119,


com densidade demográfica (hab/ km²) é de 62,14.

Para melhor compreensão da atividade moveleira no contexto da cidade de


Macapá, as áreas com maior ênfase na pesquisa foram: na orla de Macapá, nos

trechos do Canal do Jandiá e Canal das Pedrinhas, considerando um limite de 200m


da orla para interior da cidade, tendo em vista a presença do setor em áreas úmidas

para o escoamento da madeira. Além disso, são relevantes por apresentarem intensa
atividade sócio- econômica e correlação direta com a atividade madeireira.

O Canal do Jandiá localiza-se em Macapá-AP e possui uma extensão de cerca


de 4,2 km, abrangendo os bairros Pacoval, São Lazaro e Cidade Nova do município e

desemboca direto no Rio Amazonas. Essa área constitui um dos pontos de atracação
de embarcação na orla de Macapá. As embarcações que navegam pelo canal são de

pequeno porte e servem para distribuir e escoar as madeiras para madeireiras do


entorno (CUNHA, 2012).

O Igarapé das Pedrinhas ou canal das pedrinhas encontra-se inserido na


região sul da cidade de Macapá, com uma área de 172,5 Km² ao longo de 5, 3 km

(Mapa 03). Este Igarapé sofre grande influência do rio Amazonas. O Igarapé das
Pedrinhas torna-se importante, pois grande parte de sua extensão, que vai desde o

rio Amazonas até aproximadamente 1800m ao Norte, é utilizado como canal

hidroviário por embarcações que desenvolvem o comércio extrativista (madeira,


tijolos, telhas, etc.), e no transporte de passageiros provenientes dos interiores do

Estado do Amapá. Além de ser um corpo receptor de esgoto doméstico de grande


parte da cidade (CUNHA, 2012).

9
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Censo Demográfico 2010. Disponível em:
<http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=160030>.

204
Quanto ao questionário, o mesmo apresenta em determinadas perguntas,
grupos de respostas com índices subdivididos- se em: alta importância (3), média

importância (2), baixa importância (1) e sem importância (0). Para a pesquisa, os
resultados obtidos foram ranqueados, a partir do nível de importância, e

demonstrados em termos de relevância porcentual.


Neste sentido, alta importância representa o nível de relevância que o

moveleiro acredita ter para a sua empresa sobre determinado item em questão.
Média importância, refere- se ao fato de que a questão tratada representa de

maneira intermediária reflexos na empresa. Para baixa importância, o item em


questão não demonstra impactos significativos para a empresa. Já a variável sem

importância, o quesito em questão não gera nenhum resultado, desconhece ou não


muda em nada a realidade existente na empresa. Dessa forma, tem-se uma análise

integrada do setor.

5.2 INOVAÇÃO, COOPERAÇÃO E APRENDIZADO PARA O DESENVOLVIMENTO

Em um contexto de dinâmica organizacional é notável a necessidade que as


organizações possuem de adequar seus recursos e capacidades individuais na busca

por um melhor desempenho no mercado. Dentro dessa perspectiva, a capacidade de


inovação vem emergindo como um recurso essencial para a estabilidade empresarial

perante os demais participantes do setor econômico (SILVA et al., p.260, 2012).


Quando se trabalha com o estudo da inovação pode-se observar a mesma sob

a perspectiva de uma organização individual, todavia pode-se considerar ainda a

prática inovativa em redes ou agrupamentos organizacionais. Dentre os vários tipos


desses tipos de grupos organizacionais, destacam- se os APLs, tendo em vista a

participação de várias empresas em busca de um desenvolvimento para o setor


econômico, bem como a localidade aos quais as mesmas fazem parte (CAVALCANTI
FILHO; MOUTINHO, 2004).
A inovação de produto é definida como modificações nas potencialidades dos

205
bens e serviços, bem como a mudança de suas características específicas, sendo
considerado um aspecto agregador ou radical. A inovação organizacional realiza

modificações radicais ou incrementais nos processos de práticas de negócios na


empresa, interna ou externamente, visando a melhoria no fluxo das atividades

organizacionais. Enquanto que a inovação em marketing é caracterizada, sempre


levando em consideração os fatores externos e internos da empresa, representados

pelo macro e micro ambiente. Por fim, a inovação de processo pode ser
caracterizada como a implantação de um método de produção novo ou

significativamente melhorado, que envolve técnicas, equipamentos e software que


auxiliarão na produção de bens e serviços (SILVA et al., p.261, 2012).

Assim, ao tratar da inovação de processos, vincula- se este a tecnologia da


informação. Este tem sido um dos fatores indispensáveis para o processo de criação e

desenvolvimento de capacitação tecnológica, sendo um importante instrumento de


gerenciamento das informações organizacionais.

Indo de encontro com essa perspectiva, o setor moveleiro no município de


Macapá apresenta um resultado inferior ao almejado por empresas que tem em suas

prioridades a dinâmica da informação por meio da tecnologia. Entre as movelarias


entrevistadas, apenas 28% utilizam microcomputador. Consequentemente, esse fator

influencia em todos os resultados atrelado a tecnologia da informação.


Sem os recursos físicos tecnológicos necessários, e com barreiras de

conhecimento inerentes a tecnologia da informação, 12% das empresas apresentam


ter um sistema de gestão integrado, destacam- se as empresas que inseriram em sua

produção o MDF, concomitante aos 16% que utilizam algum tipo de software

específico.
Quanto ao uso da internet, 32% das empresas a utilizam como fonte de

informação, 16% utilizam a internet como instrumento de compra e venda,


geralmente por meio das redes sociais e, 4% possuem site para apresentação e
divulgação de seus produtos e serviços.
Não obstante ao nível tecnológico, foi avaliado as ações realizadas pelas

206
empresas quanto a introdução da inovação no período de 2005 a 2015. No que diz
respeito a inovação de produtos, 56% das empresas implementaram inovações em

seus produtos, por meio de um novo design, ou mesmo mudanças no acabamentos


e qualidade da matéria prima. A diversificação deixou de ser uma opção em termos

de estratégia e se transformou em necessidade de sobrevivência em um mercado


caracterizado pela concorrência acirrada.

Assim, 68% das empresa inseriram produto novo, mas já existente no


mercado, o que também caracteriza inovação. Conforme (Moriconi, 2005), tem-se

como inovação a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou,


significativamente melhorado.

Em termos de novos produtos, a diversificação deixou de ser uma opção em


termos de estratégia e se transformou em necessidade de sobrevivência em um

mercado caracterizado pela concorrência acirrada. Quanto maior for a variedade de


produtos disponíveis, mais fácil se torna para o empresário a avaliação da aceitação

de lançamentos ou de novas marcas em seu portfólio. Por outro lado, uma oferta de
produtos exagerada pode ocasionar grandes prejuízos com estoque parado e

produtos perdidos ou danificado. Questões como preço, marca e quantidades


adequadas ao potencial de venda da empresa ajudam a definir qual a melhor

estratégia para a montagem do mix10.


Nota- se a forte entrada e presença do MDF no setor moveleiro de Macapá.

Um dos principais fatores apresentados pelos moveleiros é a falta de certificação da


madeira vendida no Amapá. A madeira legalizada segundo os mesmos, custa bem

mais cara, onerando os custos e o valor final do produto. Vale ressaltar que, cerca de

70% da madeira florestal que chega nos canais de Macapá, têm origem do estado do Pará e
a maioria não possui Documento de Origem Florestal (DOF), conforme promotor de Justiça

10
A importância do mix de produtos. Disponível em: https://www.programanex.com.br/blog/a-
importancia-do-mix-de-produtos. Acesso em: 25 de maio de 2017.

207
do Meio Ambiente, Marcelo Moreira11.
Este foi um fator mencionado por cerca de 90% dos moveleiros entrevistados.

Os mesmos também acreditam que este é um dos pontos de enfraquecimento do


setor, tendo em vista ser um atraso ao desenvolvimento do aglomerado, tanto em

termos econômicos como sociais. Tal cenário remaneja muitas movelarias para outras
alternativas e oportunidades como a produção de móveis em MDF. Outro agravante,

é a crescente demanda por móveis planejados em MDF e o baixo custo de produção


que este apresenta.

Os investimentos em inovação em processos são muito baixos, apenas 32%


investiram em melhorias no processo produtivo. Vale ressaltar, que este quantitativo

refere-se as empresas que trabalham com a madeira, mas tem seu forte no MDF, pois
muitos atrelam o MDF como forma de complementar a renda. Todavia este acaba se

tornando a matéria prima principal. Muitos dos moveleiros alegam que não
conseguiriam sobreviver trabalhando somente com a madeira, pois justificam que os

móveis em madeira estão em ‚desuso‛.


Assim, estas empresas investiram em processos tecnológicos novos para a sua

empresa, mas já existente no setor, o que não é nenhum demérito haja vista a
melhoria na qualidade do produto e maior vantagem competitiva para a movelaria.

Em contrapartida as 88% as movelarias que não realizaram nenhuma


introdução a novos processos tecnológicos para o setor em atuação. Somente 16%

das empresas inseriram outros tipos de inovação. Quanto a criação ou melhoria


substancial, do ponto de vista tecnológico, do modo de acondicionamento de

produtos (embalagem) 16% mudaram seu armazenamento ou apresentação de

entrega dos móveis.


Quanto as mudanças organizacionais, 80% não realizaram nenhuma mudança

com reflexos significativos. Apenas 12% implementaram técnicas avançadas de

11
Madeira Florestal irregular no Amapá. Disponível em: http://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/cerca-
de-70-da-madeira-florestal-irregular-que-chega-em-macapa-e-santana-sao-do-para-diz-mp.ghtml
Acesso em: 25 de maio de 2017.

208
gestão para o seu negócio. Geralmente, citadas como exemplo: software especifico
de gestão ou aplicação de técnicas administrativas e de produção adquiridas em

cursos e especializações. 8% das movelarias realizaram mudanças na estrutura


organizacional, bem como, mudanças significativas nas práticas de marketing e

comercialização.
Comumente, entre as 25 movelarias entrevistadas, nenhuma apresentou

mudanças ou implantação de novos métodos de gerenciamento, visando atender


normas de certificação (ISSO 9000, ISSO 14000, etc), constatou- se apenas nas EPPs

uso de EPIs (Equipamento de proteção individual) e sinalização na ambiente de


produção.

Assim, buscou- se compreender, das práticas de inovação introduzidas entre


os anos de 2005 a 2015, quais delas geraram impactos importantes para as empresas.

Existe um baixa importância mensurada pelos moveleiros quanto os resultados


da introdução da inovação. Assim, as variáveis aumento da qualidade dos produtos

apresentou um nível de importância de 68%, seguido do nível de importância de


65,33% referente ao aumento da produtividade da empresa.

Entre as movelarias, a variável manutenção da empresa no mercado de


atuação apresentou um nível de importância de 64% e em novos mercados com

importância de 36%, por meio da introdução do MDF.


A ampliação de produtos ofertados representa um nível de importância de

60%. Bem como, houve um nível de participação relevante para os mercados


internos, com um nível de importância de 52%, o oposto da participação nos

mercados externos com nível de importância de 33,33%. As inovações realizadas

obtiveram um nível de importância de 37,33% quanto a redução de impacto sobre o


meio ambiente.

No que tange a variável custos de trabalho, insumo e energia, estes


demonstraram um nível de importância de 36%. As movelarias não sentiram
mudanças nesses aspectos, uma vez que para os moveleiros os custos permanecem
os mesmos.

209
Sob o ponto de vista de importância, a variável enquadramento em regulações
e normas padrão apresentaram um índice de 33,33%, demonstrando o baixo grau de

normalização do processo e, de modo consequente no produto.


Neste sentido, coube destacar o nível de importância das atividades inovativas

que as empresas desenvolveram entre os anos de 2005 a 2015. Para este quesito, os
índices destacam baixa relevância, uma vez que, grande parte das empresas não

demonstraram investimento algum nas atividades ligadas à inovação. Destaca- se a


variável aquisição de máquinas e equipamentos que implicaram em nível

significativos de 56% em melhorias tecnológicas de produtos/processos.


Sob o ponto de vista de importância, esta variável é considerada média.

Poucos são os moveleiros que possuem capital para investir em novos maquinários.
Ganha destaque as empresas que investiram seus recursos na melhoria do móvel em

madeira e em MDF. Entre as empresas que trabalham com a madeira, ou com o MDF,
ou mesmo os dois segmentos, o quantitativo de máquinas existente na movelaria

corresponde de 3 a 7 máquinas na área de produção, alugadas ou próprias.


As que trabalham com o MDF geralmente apresentam uma estrutura de

galpão amplo, onde todo o maquinário é distribuído de acordo com o processo de


fabricação, com espaço para secagem da madeira e escritório com condições

apropriadas para o atendimento ao cliente.


A gestão do processo produtivo é um tema de grande importância para as

organizações, pois está ligada diretamente a produtividade da empresa e a


otimização dos resultados. Representa a constante busca por atingir níveis máximos

de resultados operacionais, o que faz com que se busque equacionar os problemas

referentes ao tempo em que as linhas de produção sofrem paradas que não estavam
programadas, gerando desperdícios e altos custos para a empresa.

As formas de comercialização e distribuição para o mercado de produtos


novos ou significativamente melhorados demonstrou baixa importância, com uma
representação de 46,67%, haja vista os baixos investimentos realizados neste sentido.
Os Programas de gestão da qualidade, ou de modernização organizacional,

210
obtiveram o nível de importância de 41,33%. Estes índices de atividade inovativa
desenvolvida, deve-se muito ao fato de que, muitos moveleiros ainda acreditam que

inovar é caro. Mesmo as tecnologias já conhecidas não são sempre aplicadas, de


forma constante, para os produtos usuais. Não há centros de pesquisa ou de

profissionalização, que poderiam contribuir para a elaboração/implementação de


novos processos produtivos. Há indisposição de investir no desenvolvimento e

aquisição de novas tecnologias. Existe apenas participação pontual dos empresários


como visitantes em feiras do setor.

Neste sentido, verificou- se que as variáveis referente aquisição de outras


tecnologias e projetos industrial ou desenho industrial associado à produtos/

processos tecnologicamente novos ou significativamente melhorados e realização de


projeto industrial ou desenho industrial associado à produto/ processos

tecnologicamente novos ou significativamente melhorados possuem níveis de baixa


relevância, com nível de importância de 40%. Na prática, tais variáveis praticamente

não foram realizadas pelas empresas.


Esse cenário influencia os programas de treinamento com nível de importância

de 38,67% e P&D com índice de importância de 33,33%, os quais poderiam ser


oferecidos inclusive por universidades. Deste modo, as atividades inovativas

desenvolvidas pelas movelarias mostram- se com nível de importância baixo.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante da realidade analisada, o estudo revelou que o aglomerado madeira e

móveis no município de Macapá, apresenta um cenário alarmante, haja vista o atual


enfraquecimento do setor. Apesar do forte potencial inerente da matéria prima

utilizada, o aglomerado resiste aos empecilhos provenientes de aspectos


socioeconômicos, ambientais, políticos e organizacionais.
A revisão de literatura e a sistematização dos conceitos discutidos permitiram
que se reunissem elementos de suporte a análise das potencialidade existente no

211
setor florestal madeireiro no Amapá. Evidenciou os aspectos direcionados ao arranjo
produtivo local com vistas aos sistemas de inovação e gestão.

Apesar do histórico em projetos intitulados APL madeira e móvel, constatou-


se que o baixo nível de governança, cooperação, interação e competitividade dos

negócios instalados, ratifica a presença de um aglomerado moveleiro somente.


Descarta- se portanto, a existência de um arranjo produtivo local madeira e móveis.

Constatou- se que o aglomerado apresenta um número significativo de


empresas que atuam na informalidade, devido a baixa demanda de mercado, ao

baixo nível de produção e de modo consequente a queda nas venda. Por


conseguinte, o desaquecimento do setor e a indisponibilidade de recursos

financeiros, inviabilizam o pagamento dos impostos inerentes a empresa. Essa


insustentabilidade econômica da atividade, descarta inclusive, o pressuposto da

sucessão familiar, característica intrínseca às empresas do aglomerado.


Diagnosticou- se que, um quantitativo expressivo das empresas mantém a

atividade moveleira de modo artesanal, apenas como meio de subsistência, de tal


modo que, os níveis de introdução da cultura da inovação são baixos nas suas

principais vertentes: produto, organizacional, processos e marketing. O pequeno


número de inovações realizadas direcionam- se ao maquinário e a reduzida parcela

de produtos novos ao mercado local.


A ausência de políticas públicas voltadas para o setor moveleiro impossibilitam

resultados significativos, de modo a inviabilizar a maior participação do aglomerado


com as instituições governamentais e o fomento de organizações inovadoras. Neste

ínterim, faz- se necessário que as instituições governamentais viabilizem políticas

públicas direcionadas ao aglomerado, por meio de ações mais participativas e efetiva.


Políticas que propiciem o aquecimento do setor madeira e móveis.

Outro aspecto relevante, e atrelado ao cunho ambiental refere- se ao produtos


substitutos. Tendo em vista a ilegalidade na vertente da legislação ambiental,
concomitante a certificação da madeira, e ao fato do mercado consumidor optar por
novas tendências, o aglomerado apresenta a entrada em um novo nicho de mercado.

212
As empresas moveleira tem remanejado esforços na produção dos móveis em MDF e
na utilização de vidros.

Os resultados deste estudo demonstraram que o setor moveleiro de Macapá


apresenta um forte potencial em termos de matéria prima, no entanto, os fatores que

mais impedem o desenvolvimento são a falta de certificação da madeira, o que onera


seu valor para os moveleiros, a ausência de políticas públicas voltadas para o setor

moveleiro e a falta de conhecimento para uma gestão organizacional que promova o


crescimento empresarial voltado para a inovação.

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216
INOVAÇÃO NA GESTÃO DE CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS NA AMAZÔNIA

Mario Teixeira de Mendonça Neto


Ana Karla da Silva Moraes Arruda
Marcele Martins de Lima

RESUMO:
A Constituição de 1988 e novas legislações consagraram o ambiente ecologicamente
equilibrado como um direito fundamental e previu algumas ações que possibilitam a
sua efetivação. Este artigo tem por objetivo analisar novas possibilidades na solução
de conflitos socioambientais na Amazônia com a utilização dos métodos alternativos
de resolução dos conflitos como: a negociação, a arbitragem, a mediação, a
conciliação, e apresenta a utilização de audiências públicas e o termo de ajustamento
de conduta como importante instrumento extrajudicial de solução de conflitos,
envolvendo questões ambientais. Os resultados foram obtidos mediante a realização
da metodologia de pesquisa bibliográfica e documental, com enfoque descritivo e
analítico e com abordagem qualitativa. Demonstrou-se que o acesso à justiça das
questões ambientais face o monopólio do Estado na distribuição e aplicação do
direito, é possível a partir do uso dos meios alternativos de solução de conflitos.
Como proposta de resolução dos litígios e conforme preconiza nova legislação, deve-
se fomentar a instalação de Câmaras e/ou Centros de resolução de conflitos nos
órgãos ambientais. Concluiu-se que a Mediação, a Conciliação e a Arbitragem assim
como o Termo de Ajustamento de Condutas podem e devem ser adotados com o
fulcro de solucionar efetiva, consciente e coerentemente tais conflitos.

Palavras chave: Inovação, Conflitos; Gestão Socioambiental; Métodos Alternativos.

1. INTRODUÇÃO

Devido a sua grande riqueza e importância, a Região Amazônica tornou-se

uma das áreas mais desejadas do Brasil e do mundo, rica em recursos naturais e
matérias primas, não é surpreendente o interesse de investidores nessa região,

tornando-se mais comum à chegada de fazendeiros, mineradores, garimpeiros,


madeireiros e grileiros que se instalam no norte do país, em busca de explorar os

recursos disponíveis.
217
Desta forma, existem grandes números de conflitos socioambientais,
envolvendo conflitos por terras, disputas para exploração de garimpos, de extração

de madeiras, para agronegócio, conflitos ocasionados por instalação de hidrelétricas


e pela ocupação desordenada, estes, desencadeiam vários impactos ambientais e

sociais para a população. (SANT’ANNA; YOUNG, 2010).


E ao mesmo tempo, percebe-se a inoperância de órgãos públicos de

fiscalização e controle dos direitos das comunidades amazonenses, a falta e demora


da aplicabilidade das leis, muitas vezes ocasionada pelo grande número de processos

judiciais. Além disso, outro fator que favorece o surgimento dos conflitos e impede a
resolução destes, é a corrupção, permeados nos órgãos públicos e privados.

Na Região Amazônica, um empreendimento que gerou um grande número de


conflitos socioambientais foi a Hidrelétrica de Ferreira Gomes, localizada no

município de Ferreira Gomes, no Estado do Amapá, para sua construção e


funcionamento ocorreu a desapropriação de terras, alagamentos na cidade e nas

proximidades, diminuição e mortes de peixes, entre outros fatores geradores de


conflitos (SANTOS; CUNHA; CUNHA, 2017).

Nesse contexto, torna-se necessário a resolução dos conflitos. O presente


estudo tem como problemática entender como os conflitos socioambientais são

resolvidos e quais são os métodos legais que podem ser utilizados, tendo como
objetivo analisar as novas possibilidades na solução de conflitos socioambientais na

Amazônia com a utilização dos métodos alternativos de resolução dos conflitos


como: a negociação, a arbitragem, a mediação, a conciliação, e apresenta a utilização

de audiências públicas e o termo de ajustamento de conduta como importante

instrumento extrajudicial de solução de conflitos, envolvendo questões ambientais.


Foram implementadas nos últimos anos no Brasil alguns métodos alternativos

para resolução de conflitos sem a intervenção do Poder Judiciário, por meio da Lei da
arbitragem (Lei 9.307/96), a implantação da Resolução 125, de 29 de Novembro de
2010, do Conselho Nacional de Justiça, que dispõe sobre a Política Judiciária Nacional
de tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito do Poder Judiciário e

218
dá outras providências, estabelecendo o uso da Conciliação e da Mediação pelos
Tribunais de Justiças. A Lei da Mediação (Lei 13.140/2015), o Novo código de

Processo Civil Lei 13.105/2015 que estabelece que os órgãos Federais, estaduais e
Municipais a possibilidade de criarem Câmaras de Resolução de Conflitos e que

regulamenta a atividade do mediador no processo civil.


Nessa perspectiva, tem-se o questionamento, que é como e qual frequência

vem ocorrendo esses conflitos, as ilegalidades encontradas, os transtornos


ocasionados às famílias e principalmente a forma como são geridos. Compreende-se

que a forma como os conflitos são solucionados, colabora para a intensificação do


desenvolvimento humano.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS NA AMAZÔNIA

Na concepção de Chav, Barros e Fabré (2008) os conflitos socioambientais


podem ter várias dimensões e características. Pode ser em torno dos recursos

naturais (minerais, ictiológicos, florestais, etc.), pela função dos impactos (sociais ou
ambientais) gerados pela ação humana, tais como contaminação dos rios e do ar, o

desmatamento ou construção de grandes barragens e em torno dos valores e modos


de vida, envolvendo o uso da natureza cujo núcleo central reside no choque de
valores ou ideologias, por isso a necessidade de focalizar as atenções em torno dos
atores sociais e suas respectivas reivindicações.

Os conflitos na Amazônia são marcados por batalhas entre a luta por moradia
e o direito de propriedade. No qual, os grupos locais, como os quilombolas, os sem-

terra, os indígenas e os ribeirinhos disputam as terras com fazendeiros, madeireiros,


garimpeiros, agentes do agronegócio, que muitas vezes utilizam de formas ilegais

para dominar o território.

219
Desta forma, Brito et al (2011), descreve que os conflitos ocorrem de forma
mais enfática pelo uso dos recursos naturais, sua preservação e conservação, pois

estes, são um bem de interesse difusivo.


Dantas (2015. p. 226) descreve que os conflitos socioambientais se dão pela

lógica de interesses opostos:


... De um lado estão aqueles cujo bem que está sendo desapropriado é um
bem de uso coletivo e mantém acesa e viva as relações sociais destes
grupos; de outro lado, os interesses capitais em nome de um
desenvolvimento – o qual já se comprovou insustentável, do ponto de vista
ecológico-ambiental, social, cultural e humano.

A maior parte dos conflitos surge quando de maneira ilegal ou inesperada,


pessoas são obrigadas se retirar do ambiente onde criaram suas raízes, esse é o início
de um conflito que muitas vezes se perpetua por longos anos, é a disputa dos que

nasceram e vivem daquela propriedade e a ambição das empresas e políticos. No


Estado do Amapá até 2016 foram constatadas 47 áreas em conflito, onde sendo CPT,

é o equivalente a 220.445 hectares em 12 dos 16 municípios do estado tendo em


vista as consequências negativas desses conflitos, buscamos por medidas possíveis

para sua resolução (PACHECO, 2017).


O povo sofre com os impactos ambientais e com a falta de apoio dos

governantes, que na maioria das vezes usam sua autoridade em prol do benefício
dos grandes investidores, utilizando-se da bandeira do desenvolvimento, sem dá a

devida importância ao bem estar da população, gerando revolta e ocasionando


consequências ainda mais graves.

Corriqueiramente, não ocorre o desenvolvimento, nem as oportunidades


prometidas pelas empresas e governos. Sendo assim, ocorre o processo inverso,

onde as comunidades tradicionais acabam perdendo seu meio de subsistência, visto


que essas famílias vivem do extrativismo, da pesca, da agricultura familiar, da venda e

troca de mercadorias.
O quadro abaixo apresenta dados da Campanha ‚Na Floresta Têm Direitos:
Justiça Ambiental na Amazônia,‛ que objetiva evidenciar a degradação ambiental e o

220
desrespeito aos direitos e modos de vida dos povos amazônicos, que mostra 675
focos de conflitos socioambientais que abrangem todo o território da Amazônia

Legal e concentram-se, sobretudo, nos estados do Pará 40% (272); Rondônia 17%,
(114); Tocantins 12%, (81); e Amapá 9% (59) focos de conflitos que foram agrupá-las

em quatorze (14) tipos de conflitos socioambientais que envolvem questões de


regularização fundiária e ordenamento territorial, atividades madeireiras ilegais,

mineração, grandes projetos (portos, hidrelétricas, hidrovias, estradas...), pecuária,


agronegócio monocultor - soja e arroz principalmente, queimadas, pesca e caça

predatórias, poluição e restrição no uso da água, além de questões de moradia


(PAIVA, 2006).

Quadro 1: Dados sobre os Conflitos Socioambientais na Amazônia Legal

Fonte: ‚Mapa dos Conflitos Socioambientais da Amazônia Legal‛ Campanha na Floresta têm Direitos
Justiça Ambiental na Amazônia - FASE - Programa Amazônia

221
Dentre os vários tipos de conflitos na Amazônia, um dos mais comuns é o
conflito por terras. Segundo a Comissão Pastoral da Terra – CPT (2017):
‚À violência no campo brasileiro não é só um ato contra indivíduos e sim um
ato contra uma resistência camponesa, contra uma luta que visa à mudança
na estrutura fundiária em um país com milhões de quilômetros quadrados
de terras agricultáveis, mas que poucos detêm o poder sobre elas‛.

De acordo com Carvalho (2018), mais de 4% do território brasileiro, 37 milhões

de hectares teve conflitos de terra no ano de 2017, conforme o relatório da Comissão


Pastoral da Terra (CPT) sobre conflitos no campo em 2017, destes, 54% em território

indígena, sendo que a Região Amazônica concentra 85% do seu território em


conflito, representando 18 milhões de hectares em disputa. A figura abaixo apresenta

os estados com maior ocorrência de conflitos de terra em 2017, sendo liderados por
estados da Amazônia.

Nesse sentido, observa-se que o índice de conflitos agrários aumentou


drasticamente, ocasionando grandes massacres em 2017. Desencadeado por

grileiros que se apossam da terra, principalmente em terras indígenas, quilombolas e


reservas extrativista devida a grande preservação desses territórios. De acordo a CPT

em 2017, 22% das 71 mortes eram de lideranças dos movimentos agrários, indígenas,
quilombolas e ribeirinhos.

2.2. GESTÃO AMBIENTAL E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Ao longo dos anos o crescimento econômico adotado gerou grandes


desequilíbrios socioambientais, passando a impactar na qualidade de vida e saúde do

ser humano. Nessa perspectiva, surgiu o desenvolvimento sustentável como


alternativa para amenizar os impactos, mas para que isto ocorra efetivamente é

necessária à implementação da Gestão Ambiental em todos os níveis empresariais,


políticos e sociais (SEIFFERT, 2011).

‚A Gestão Ambiental pode ser entendida então como o conjunto de princípios,


estratégias e diretrizes de ações e procedimentos para proteger a integridade dos

222
meios físicos e bióticos, bem como a dos grupos sociais que deles dependem.‛
(CAMPANER; ARAÚJO; PINHEIRO, 2009, p. 16).

Nesse contexto, o grande dilema a ser debatido é a promoção do


desenvolvimento econômico utilizando Sistemas de Gestão Ambiental – SGA4, pois,

quanto maior o desenvolvimento econômico, maior é a utilização de recursos, sendo


preciso buscar a diminuição dos impactos a natureza e a sociedade.

Conforme Paiva (2006, p. 11) o modelo de desenvolvimento utilizado na


Amazônia desencadeia conflitos para as comunidades mais vulneráveis.
Os segmentos em situação de vulnerabilidade frente ao modelo de
desenvolvimento preponderante na Amazônia se deparam com tais conflitos
em situações sócio-política e econômica desiguais em relação aos agentes
que dominam o território a partir de uma concepção hegemônica de que o
modelo de desenvolvimento implica necessariamente atividades tais como o
agro-negócio, pecuária, exploração de madeira e minério, mega projetos de
infra-estrutura, etc. Nesse contexto, o modelo de desenvolvimento para a
Amazônia traz consigo embates marcados por perversas desigualdades e
injustiças sociais entre os agentes envolvidos na luta pela definição do uso e
apropriação dos recursos naturais.

‚A injustiça ambiental é o mecanismo pelo qual sociedades desiguais destinam


a maior carga dos danos ambientais do desenvolvimento a grupos sociais de

trabalhadores, populações de baixa renda, grupos raciais discriminados, populações


marginalizadas e mais vulneráveis‛ (HERCULANO, 2002, p. 2). Sendo assim é

importante que haja o cuidado para


_____________________________

4
Sistema de Gestão Ambiental – SGA é definido como um conjunto de procedimentos que tem por
intuito gerir ou administrar uma organização, de forma a obter melhor relacionamento com o meio
ambiente. O SGA pode ser estabelecido pela NBR ISSO 14001, que é uma norma para auxiliar
empresas a identificar, priorizar e gerenciar seus riscos ambientais.

não gerar desigualdade onde somente os investidores e outros países usufruem


destas riquezas e que as comunidades amazônicas sejam beneficiadas com as

possibilidades de desenvolvimento existentes.


Oliveira (2011) cita que o desenvolvimento econômico trouxe uma série de
benefícios e complicações à sociedade. Podem ser citados como complicações: o

223
desmatamento desenfreado na Amazônia, a grande rede de afluentes que estão
poluídos em virtude de uma administração governamental que não apresenta

políticas públicas que atenda a essa problemática.


Becker (2009) diz que a Amazônia vive um momento onde existe há a

possibilidade no favorecimento e desenvolvimento, baseando-se na modernização


dos setores econômicos tradicionais, possibilitando a sustentabilidade dos mesmos,

utilizando a biotecnologia na criação de novos produtos e serviços em busca de


fomentar as ações e atividades que mostrem a importância e a possibilidades de

remuneração na manutenção da floresta de pé.


O que se percebe que a Amazônia legal, que é uma área instituída pelo

governo brasileiro para a promoção e planejamento do desenvolvimento social e


econômico dos estados localizados na região amazônica, não está cumprindo sua

missão, devido ao modelo de desenvolvimento adotado até os dias atuais.


Desta forma, é necessário priorizar o desenvolvimento econômico integrado a

Gestão Ambiental, gerando valor às empresas, instituições, sociedade e natureza,


como melhor integração entre a sociedade versus empresa, comunicação altamente

vantajosa com os meios de comunicação, cooperação entre a alta administração


versus colaboradores, enfim de gerir menores prejuízos ao meio ambiente (OLIVEIRA,

2011).

2.3. A BIODIVERSIDADE AMAZÔNICA: PRESERVAR X CONSERVAR


A designação biodiversidade foi inspirada, fundamentalmente, pela incrível

diversidade biológica das florestas tropicais pluviais, consideradas, precisamente,

como os ecossistemas mais ricos em biodiversidade da Terra. Como principais causas


pela perda mundial da biodiversidade deve-se apontar principalmente a destruição

dos ecossistemas, tanto terrestres como marinhos, especialmente nos trópicos, a


introdução de espécies exóticas em ecossistemas que não lhes são próprias, a má
gestão de populações selvagens, que podem se disseminar chegando a eliminar as

224
espécies autóctones; e a contaminação do meio, afetando tanto em escala local
como global.

As razões últimas de todos estes fatores são, naturalmente, humanas, como o


uso incorreto de recursos, a partir de uma visão excessivamente utilitarista do

mundo, também imposta pelo fenômeno do colonialismo, pela má planificação e


gestão econômica e política, assim como pela pobreza endêmica e o aumento

descontrolado da população naquelas áreas onde existe uma biodiversidade mais


rica, precisamente na maioria dos países do Terceiro Mundo.
O crescimento apressado da população e a urbanização são considerados
como um dos problemas mais graves da humanidade é tido como uma das
principais causas dos danos ocasionados ao meio ambiente, pois a o
aglomerado de pessoas e de suas atividades provocam ruptura do
funcionamento do ambiente natural‛ (CAVALHEIRO, 1991).

A Biodiversidade Amazônica é extremamente importante, considerada fonte


de inovação para o desenvolvimento de vários setores do país, dentre eles a

tecnologia, a indústria, setor agropecuário, energético e outros, porém, este é um


tema que vem sendo muito debatido nos últimos anos. Outro assunto muito

debatido são as condições climáticas atuais, o efeito das ações do homem, as


consequências graves que já se vê hoje, tudo isso gerou no mundo inteiro uma

preocupação ainda maior com a Amazônia, tendo em vista o papel fundamental que
a mesma possui para o equilíbrio do meio ambiente, a preservação dela tem sido

uma maneira encontrada para a possível oportunidade de no futuro ela ainda existir.
Deve-se concordar que isolar a Amazônia dos avanços tecnológicos e da

inovação mundial é praticamente impossível, existe hoje a necessidade de diferenciar


na sociedade as palavras preservar e conservar, tendo em vista que apesar de

semelhanças entre as mesmas os sentido delas são diferentes.


Preservação é ligada ao ato de defender, ou seja, proteger de algo ruim, no

caso a preservação da Amazônia remete ao ato de proteger da ambição do homem e


de suas ações, o ambiente no qual se encontra uma riqueza natural imensurável e de
extrema importância para o ecossistema e bem estar da humanidade. Todavia, a

225
Conservação remete a importância de usar de forma consciente, ou seja, o homem
pode explorar dos recursos naturais existem, porém deve fazê-lo de maneira que não

comprometa as gerações futuras, extinguindo-a de uma vez.


Nesta questão se faz importante perguntar a sociedade ‚o que é mais

importante: o ser Humano ou o Meio Ambiente‛? Tornam-se evidente ponderar que


ambos são fundamentais para a manutenção da vida em nosso planeta e que a

utilização dos ‚recursos‛, deve ser de forma equilibrada, sustentável e racional.

3. METODOLOGIA

A presente pesquisa em relação ao objetivo é classificada como sendo


exploratória, que deve estar voltada para a formulação de problemas de investigação,

que aumentem a familiaridade do pesquisador com o assunto. Desta forma, utiliza-se


grande quantidade de dados extraídos de fontes secundárias e apresenta como

características, a informalidade, a flexibilidade e a criatividade, facilitando o contato


entre o pesquisador e a realidade estudada. (SAMARA; BARROS, 2007).

Para a coleta de dados foram realizadas as pesquisas bibliográfica e


documental, utilizando-se de legislações, normas e estudos referentes aos métodos

extrajudiciais de resolução de conflitos e da sua aplicação nos conflitos


socioambientais.

A pesquisa bibliográfica é um meio de formação de conhecimento e busca o


domínio de um determinado tema (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007) e a pesquisa

documental é realizados em documentos públicos ou privados, com pessoas, por


meio de registros, anais, relatórios, entre outros, que disponibiliza informações para o

alcance dos objetivos, no qual o pesquisador analisa e interpreta de forma imparcial


(VERGARA, 2011).

226
Em relação à abordagem, a pesquisa desenvolveu-se através do método
qualitativo, visto que foi utilizada uma investigação de forma subjetiva ao analisar as

especificidades. Malhotra(2009) descreve que abordagem é uma metodologia não


estruturada, de caráter exploratório, que se baseia em pequenas amostras e permite

melhor compreensão do contexto do problema.

4. DISCUSSÃO E RESULTADOS

4.1. A EMERGÊNCIA DO DIÁLOGO NA SOLUÇÃO DE CONFLITOS AMBIENTAIS

A satisfação das necessidades e das aspirações sociais é a finalidade primordial


do desenvolvimento. Para atender às suas necessidades básicas, a sociedade interfere
no ambiente ocasionando alterações nas suas condições e na sua qualidade. Assim

sendo, as demandas sociais ocasionam interações nos sistemas ambientais e


justificam intervenções que podem resultar em diferentes possibilidades de impactos

ambientais. Desse modo, a problemática ambiental resulta, portanto, do modelo


adotado em cada região ou sociedade, expresso nos seus padrões de produção e

consumo.
Assim, pretende-se compreender que a origem da problemática ambiental
está nos usos conflitantes gerados tanto pelas diversas demandas da sociedade em
relação a um determinado recurso ou sistema ambiental quanto pelas próprias

alterações das condições ambientais.


A questão social, definida pelas múltiplas expressões das desigualdades sociais

que perpassam a sociedade. Sendo assim, ocorrem no campo dos direitos sociais, na
área de família, idoso, criança e adolescente, gênero, do trabalho e do não trabalho,

da saúde, da educação, das questões ambientais, entre outras formas de


descumprimento do exercício da cidadania, na perspectiva de ampliação de direitos.

Nesta conjuntura, os conflitos ocorrem ainda quando uma determinada


atividade econômica ameaça determinadas áreas com importantes atributos

ecológicos ou ecossistemas sensíveis que são protegidos legalmente.

227
A disputa de interesses torna ainda mais complicada os conflitos
socioambientais na Amazônia, principalmente pelo grande volume de recursos

naturais. Os empresários querem explorar estes recursos para gerar riqueza,


enquanto as comunidades precisam para manter sua subsistência, é por esses

motivos que o diálogo é imprescindível para gerir os conflitos.


O Estado muitas vezes desconsidera os conflitos ambientais, os colocando

como menos importante o que só prolonga a espera das partes envolvida


perpetuando um conflito que já poderia ter sido resolvido. De acordo com Herculano

(2008), a temática da Justiça Ambiental nos interessa em razão das extremas


desigualdades da sociedade brasileira. No Brasil, o país das grandes injustiças, o tema

da justiça ambiental é ainda incipiente e de difícil compreensão, pois a primeira


suposição é de que se trate de alguma vara especializada em disputas diversas sobre

o meio ambiente.
Bacellar (2016, p. 52) diz que oferecer e instituir meios e resoluções alternativas

extrajudiciais não significam o enfraquecimento ou esvaziamento do princípio da


inafastabilidade do controle jurisdicional, mas, sim, promover por meio de efetividade

e melhor cumprimento do princípio de acesso à justiça, como acesso à resolução


adequada dos conflitos.

O acesso à justiça é um direito fundamental que deve ser garantido por um


Estado que pretenda não apenas proclamar, mas efetivamente garantir direitos a

todos. E o alcance aos direitos individuais e sociais garantidos pela Constituição pode
ser obtido tanto na via jurisdicional e formal, como na via alternativa de solução de

conflitos através dos meios extrajudiciais de solução de conflitos.


O acesso à justiça pode, portanto, ser encarado como o requisito
fundamental, o mais básico dos direitos humanos – de um sistema jurídico
moderno e igualitário que pretenda garantir, e não apenas proclamar os
direitos de todos. (RODRIGUES, 2008, p.249).
Entende-se que os conflitos interpessoais são geridos entre os indivíduos

quando há algum desequilíbrio entre as partes, LEME (2006) afirma que, os conflitos
podem ser resolvidos de forma violenta ou pacífica, e que o mesmo depende do

228
conhecimento e da afetividade dos envolvidos, juntamente com a situação na qual o
conflito passa a existir e do método utilizado.

4.2. MÉTODOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS

No Brasil é comum que os conflitos que tramitam perante a Justiça se

arrastem por anos até alcançarem uma decisão definitiva. Isso por vários motivos, tais
como a sucessiva possibilidade de recursos, o baixo número de servidores e

magistrados, a infraestrutura que necessita modernização e o grande volume de


causas que são ajuizadas diariamente.

‚Os conflitos são caracterizados como um processo ou pelo estado no qual


duas ou mais pessoas soa divergentes em razão de objetivos individuais tidos como

mutuamente incompatíveis‛ (AZEVEDO, 2015, p. 39).


Os fatos contradizem o que está explícito em lei e que é o direito de todos

como afirma Greco Filho (2003), que o Estado Democrático Contemporâneo, a


eficácia concreta dos direitos constitucional e legalmente assegurados depende da

garantia da tutela jurisdicional efetiva, porque sem ela o titular do direito não dispõe
da proteção necessária do Estado ao seu pleno gozo. A tutela jurisdicional efetiva é,

portanto, não apenas uma garantia, mas, ela própria, também um direito
fundamental, cuja eficácia irrestrita é preciso assegurar, em respeito à própria

dignidade humana.
Dessa forma, é possível constatar um panorama não muito animador, qual seja

um determinado litígio que para chegar a uma decisão definitiva no âmbito


administrativo já pode ter uma duração bastante longa, ainda é passível de uma nova

e mais demorada batalha no âmbito judicial. Há que se ressalvar que a opção pelos

meios de solução de conflitos não pode se dar apenas em razão da lentidão dos
processos e o intuito de desafogamento do Judiciário, mas também com o intuito e o

cuidado de garantia dos direitos fundamentais.


Em nosso país, a partir da promulgação da nova Lei do Código de Processo
Civil - CPC, Lei 13.105 vigente desde março de 2015, estabelece e incentiva o uso

229
dessas técnicas, ao prever, em seu artigo 174, a criação de Câmaras e/ou Centros de
Mediação de Conflitos nos órgãos públicos.

Art. 174. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarão


câmaras de mediação e conciliação, com atribuições relacionadas à solução
consensual de conflitos no âmbito administrativo, tais como:
I - dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades da administração pública;
II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio
de conciliação, no âmbito da administração pública;
III - promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de
Conduta.

Esta implementação possibilita uma grande mudança na resolução dos

litígios socioambientais na Amazônia, para a solução de controvérsias, no que tange


ao Poder Público e à Administração Pública como um todo, antes com processos

judiciais tão demorados e custosos à sociedade. Muito embora, o que se percebe,


na prática, ainda é a sua não utilização pelo setor público, seja na atuação judicial

como na extrajudicial.
Propõem-se a utilização da mediação, conciliação e a Arbitragem e outros

métodos de solução consensual de conflitos para minimizar as inúmeras demandas


no poder judiciário. Precisa-se efetivamente utilizar os métodos alternativos que

verdadeiramente venham dirimir os conflitos, conciliar os conflitos e litígios existentes


de toda ordem entre as comunidades tradicionais, usuários, consumidores,

administrados e prestadores de serviços públicos, assim como encaminhar a


alternativa de solução, sem necessidade de judicialização de processos, pelos

envolvidos.
Para agilizar os processos e resolvê-los de maneira amigável é necessário

inovar na gestão dos conflitos socioambientais com o uso de métodos alternativos


de resolução de conflitos, que por intermédio de câmaras e centros de resolução de

conflitos, o qual tem sido bastante difundido em vários países, podem minimizar os
graves problemas enfrentados na gestão Ambiental.

Percebe-se a necessidade imperiosa de inovar e quebrar paradigmas na


maneira de resolver os litígios e com a mudança da legislação brasileira na busca de

230
implantar os Métodos Consensuais de Resolução dos conflitos utilizando a Mediação,
a Conciliação e a Arbitragem nos conflitos socioambientais da Amazônia.

4.2.1. Arbitragem

A arbitragem remonta há mais de 3.000 A.C., sendo um dos institutos mais

antigos de solução de conflitos. Mesmo na mais remota Antiguidade, a humanidade


sempre buscou caminhos mais céleres e menos burocráticos, pois os negócios, tanto

civis quanto comerciais, sempre exigiram respostas rápidas.

Instituída pela Lei nº 9.307 de 23 de setembro de 1996, a arbitragem consiste


em um elemento de solução extrajudicial de conflitos, pelo qual, as partes, em

concordância, levam seu problema a um terceiro imparcial, que julgará a lide. Desse
modo, trata-se de um método de heterocomposição, que agirá assim como no poder

judiciário, onde o caso é solucionado por um terceiro estranho às partes.


A sanção da Lei 9.307 de 23.09.1996 institui sobre a Lei da Arbitragem e

inovou na concepção do acesso à justiça, sendo um verdadeiro marco na no


ordenamento jurídico, colocando o Brasil como destaque no mundo, sobre

legislações de Arbitragem. Enquanto que a Lei 13. 129 de 26.05.2015 vieram para
estabelecer a qualidade da norma, focando em alterações pontuais e consolidando

entendimentos de doutrinas e jurisprudências. (VALÉRIO, 2016).


A Arbitragem é um ‚processo voluntário em que as pessoas em conflito

delegam poderes a uma terceira pessoa, de preferência especialista na matéria,


imparcial e neutra, para decidir por elas o litígio.‛ (MOORE, 1998, p. 23). Dentre os

seus vários conceitos, tem-se a definição dada por Valério (2016, p. 6):
...um meio extrajudicial de resolução de contendas, capaz de dirimir conflitos
contratuais entre particulares, podendo ser determinada antes, pela cláusula
arbitral, ou depois do surgimento da questão controvertida, pelo
compromisso arbitral.

Diante a construção do compromisso arbitral, começa o procedimento, sendo


responsabilidade das partes escolherem as regras a ser aplicada no juízo arbitral,

usando a legislação baseada nos princípios gerais de direito A vantagem do método


231
Arbitragem consiste em que as partes envolvidas possuem liberdade, assim como em
optar pelo árbitro, trazendo vantagens pelo fato do processo ser mais rápido,

gerando menos custo financeiro, em um ambiente menos formal, agilizando e


facilitando para a resolução de maneira consensual (LEITE, 2008).

É certo, portanto, dizer que a arbitragem é forma de solução de conflitos na


qual as partes envolvidas convergem as suas vontades no intuito de eleger terceiros,

distintos dos envolvidos, para que apreciem a demanda e profiram uma decisão, que
se comprometem a aceitar e cumprir previamente, toda via a arbitragem também é

considerada um método atual que se encontra em constante aperfeiçoamento, com


o intuito de proporcionar as partes envolvidas uma visão mais ampla onde se

consegue enxergar uma possível solução do conflito de forma amigável.


As partes, ao escolherem a arbitragem, já estarão sinalizando, de forma

implícita e explícita, a vontade de encontrar uma solução para o conflito existente. E


nesse contexto o árbitro, especialista na matéria em litígio irá respaldar sua conduta

buscando o equilíbrio entre as oposições de idéias em questão deixando como


última alternativa sua prerrogativa de emanar o laudo arbitral, dirimindo, por vez, o

conflito.
4.2.2. Mediação

Valério (2016) descreve que a Mediação é adequada para solução de conflitos


contínuos, ou seja, que existe entre as partes por meio das relações que os mesmos

mantêm, sendo difícil a identificação e resolução, pois, estes envolvem sentimentos.


A mediação é o ato de interceder para alcançar um acordo entre pessoas

físicas ou jurídicas; todavia a mediação implica na possibilidade de facilitação para


amplo diálogo entre as partes, que vão contar com o auxílio de um terceiro que será

neutro e absolutamente imparcial. (TARTUCE, 2015, p. 173, 174).


A Mediação é um método eficaz de resolução de conflitos cada vez mais

utilizado no Brasil, tornou-se uma maneira de intervir com o intuito de se obter um


acordo entre as partes, assim sendo a Mediação torna-se uma ferramenta facilitadora

no campo Judicial, que tem por objetivo promover a comunicação e o diálogo,


232
contando com o auxílio de um terceiro que será neutro e totalmente imparcial,
chamado de mediador.

‚A imparcialidade do mediador mostra a necessidade de espaço entre


facilitador e as partes envolvidas. A falta de imparcialidade, ou proximidade do

mediador com qualquer das partes, pode interferir nos resultados e confiabilidade
necessária para manutenção do método.‛ (LEVY, 2015, p. 202).

O Mediador incentiva, viabiliza o dialogo e auxilia as partes envolvidas a


identificar os reais interesses envolvidos no conflito, é um processo confidencial e

voluntário, onde a responsabilidade das decisões que são decididas ao longo do


processo esta sob os principais interessados que são os agentes conflituosos

envolvidos.
Cabe ressaltar que a habilitação para lidar com conflitos é de tal forma

relevante e que possuir conhecimentos na área de mediação de conflitos deve ser um


dos requisitos legais para a minimização dos conflitos ambientais. O que não veda a

utilização de outras formas de resolução de conflito, tal como a Arbitragem e a


Conciliação. Dessa forma, quando a lei estabelece ‚inclusive a arbitragem‛ ela sugere

a utilização desse método, mas autoriza o emprego dos demais mecanismos privados
de resolução de conflitos, incluindo-se, como dito, a Mediação.

Dessa forma, quando a lei estabelece ‚inclusive a arbitragem‛ ela sugere a


utilização desse método, mas autoriza o emprego dos demais mecanismos privados

de resolução de conflitos, incluindo-se, como dito, a Mediação. Assim, com


fundamento na legislação, é possível constatar que a utilização da Mediação é

legalmente autorizada como forma de resolução de conflitos relacionados à gestão

ambiental. É possível aferir, também, que o referido instituto pode ter aplicabilidade
tanto nos conflitos envolvendo as comunidades tradicionais o consumidor e o

prestador de serviço, quanto naqueles envolvendo a poder concedente e a


concessionária ou permissionária dos serviços públicos.
É necessário evidenciar que a mediação busca encontrar de maneira simples e
dialogada a melhor solução para o conflito em questão, sem privilégios ou

233
intimidade com os envolvidos, levando em consideração o princípio da
imparcialidade.

4.2.3. Conciliação

A palavra Conciliação tem origem do latim Conciliare e significa ajudar,

harmonizar, tratar. Conforme Valério (2016) a conciliação é um método de resolução


de conflitos, desenvolvido por uma terceira pessoa neutra e imparcial que tem como

finalidade promover a comunicação entre as partes e controla as negociações, na

busca por um acordo satisfação entres ambas.


‚A conciliação deve ser utilizada para os casos onde o objeto da disputa seja

exclusivamente material ou em situações em que se busca um acordo rápido.‛


(VEZZULA, 2001, p.17).

Sendo assim, a Conciliação busca ajustar as queixas das partes envolvidas da


maneira mais amigável possível, com o intuito de se chegar a um acordo que

beneficie só um, mas todos os envolvidos, diminuído custo e tempo, mantendo sigilo,
atuando de forma ágil e eficaz, promovendo uma importante via de acesso à justiça e

exercendo o direito de justiça a sociedade.


O Conciliador busca aproximar as partes envolvidas, aconselhando de maneira

a contribuir para um acordo vantajoso para ambos, minimizando o sentimento de


injustiça muitas vezes gerado nos tribunais, baseada no fato de que as partes

envolvidas auxiliadas pelo conciliador encontram soluções e nelas não há perdedor


ou ganhador.

A conciliação é considerada ponto forte nos procedimentos arbitral, onde as


partes, ao escolherem a arbitragem, já estarão sinalizando, de forma implícita e

explícita, a vontade de encontrar uma solução para o conflito existente. E nesse


contexto o árbitro, especialista na matéria em litígio irá respaldar sua conduta

buscando o equilíbrio entre as oposições de ideias em questão deixando como


última alternativa sua prerrogativa de emanar o laudo arbitral, dirimindo, por vez, o

conflito.
234
Segundo Watanabe (2005), o objetivo primordial que se busca com a
instituição de semelhante política pública é a solução mais adequada dos conflitos de

interesses, pela participação decisiva de ambas as partes na busca do resultado que


satisfaça seus interesses, o que preservará o relacionamento delas, proporcionando a

justiça coexistencial. A redução do volume de serviços do judiciário é mera


consequência desse importante resultado social.

4.2.4. Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta – T.C.A.C.

O Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta – T.C.A.C. é um


contrato administrativo, no qual o interessado formaliza sua intenção de se adequar

às exigências legais ou de reparar integralmente o dano ambiental por ele causado,


constando expressamente cláusulas de condições de modo, tempo e lugar do

cumprimento da obrigação principal, com eficácia de título executivo extrajudicial,


com penalidades contratuais.

Por permitir às partes um diálogo com concessões mútuas visando a


sustentabilidade dos recursos naturais do nosso país, sem obstruir o

desenvolvimento da atividade econômica, a natureza jurídica do T.C.A.C, pode ser


facilmente comparado ao instituto da transação, previsto no art. 840 do Código Civil,

o qual prevê que ‚é lícito aos interessados prevenirem, ou terminarem o litígio


mediante concessões mútuas‛, segundo o entendimento da doutrina majoritária.
No intuito de proporcionar o conflituoso equilíbrio entre o desenvolvimento
humano, o crescimento econômico e a utilização dos recursos naturais, surgiu uma

nova base normativa ‚sustentável‛ oriunda da terceira geração de direitos, que


inseriu o conceito do desenvolvimento sustentável que é dinâmico e não pode ser

engessado, diante da demanda crescente da sociedade, sob pena da legislação


ambiental brasileira se tornar obsoleta.

Deste modo, por permitir solucionar com maior eficácia o conflituoso


equilíbrio entre o homem e o meio ambiente, o T.C.A.C é uma forma inovadora de

235
resolução de conflito ambiental, que pode ser dar com a ampliação de sua
celebração tanto pelos operadores de direito quanto pela sociedade em geral.

O objetivo do T.C.A. C deve ser o mesmo que o da Ação Civil Pública podendo
visar tanto a recuperação do dano ambiental, utilizando inclusive o instituto da

compensação ambiental, quanto a prevenção do dano com a adequação das fontes


poluidoras às normas ambientais.

A partir da conceituação do T.C.A.C, pode-se constatar que além de ser um


eficiente meio para a resolução de conflitos ambientais sua realização poderá ocorrer

tanto na via judicial, quanto administrativa. Outra hipótese do T.C.A.C no âmbito


extrajudicial, que deve ser mencionada, poderá ocorrer no momento da preparação

para propositura da Ação Civil Pública, ou seja, durante o Inquérito Civil, que é um
procedimento administrativo exclusivo do Ministério Público Estadual ou Ministério

Público Federal, para apurações de danos ambientais.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento do presente estudo fez uma análise de como a utilização


dos métodos adequados na solução dos conflitos é proveitoso para as partes, sendo

que nesta a solução ocorre de forma absoluta. Levando em consideração que uma
resposta inadequada encerra a discussão, porém torna irrealizável a solução do

mesmo gerando um novo ingresso ao judiciário, contudo, considera-se que as


características do conflito poderão ser desenvolvidas de forma correta gerando

resultados mais eficientes e eficazes possíveis.


Constatou-se que o uso dos Métodos alternativos na resolução dos Conflitos

Ambientais existentes, pode de fato ser um meio de apaziguar a atual realidade a


enfrentada na Amazônia, sendo que não existe a possibilidade de resolução de

determinado conflito sem que haja diálogo, sendo assim, o intuito principal da
Mediação, Arbitragem e da Conciliação e de outros métodos é trilhar caminhos que

236
levem a resolução dos Conflitos de maneira consensual, promovendo a paz e o bem
da sociedade.

Além de promover o exercício de direito dos cidadãos dando a ele o direito de


justiça, de maneira facilitada e rápida por meio dos Métodos Alternativos aqui

expostos, é importante lembrar que através deles será possível diminuir o número de
processos existentes, agilidade na resolução dos mesmos que perduram por anos nas

repartições dos órgãos competentes e diminuição dos custos gerados por cada
processo.

Conclui-se que, os métodos de resolução de conflitos judiciais utilizados hoje


não suprem as demandas existentes e são insuficientes para apaziguar os conflitos

em questão, sendo assim é de extrema importância se inovar na gestão dos mesmos,


tendo em vista que o ser humano é um ser que por natureza é conflituoso, no

entanto através dos métodos alternativos é possível criar um ambiente propício a


uma boa convivência independente de as partes terem suas divergências.

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239
OTIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO POR MEIO DA SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL:
APLICAÇÃO EM UMA EMPRESA DE PROCESSAMENTO MECÂNICO DA MADEIRA

Débora Quaresma Ferreira


Gustavo da Costa Rodrigues
Weslley Thiago da Silva Dutra
Robson Borges de Lima
Diego Armando Silva da Silva
Francisco Tarcísio Alves Junior

RESUMO:
O setor madeireiro no Brasil contribui com uma parcela importante na geração de
emprego e renda do País, tornando estratégica a produção florestal tanto para a
economia nacional quanto na serventia de base para outras indústrias. Para o
máximo aproveitamento dessa produção é relevante o uso de métodos e técnicas de
otimização da produção. Este trabalho teve por objetivo aperfeiçoar o processo
produtivo de uma serraria, localizada no Amapá, norte do Brasil, por meio de
simulação da produção, com foco na modelagem e simulação do sistema produtivo
por meio da criação de um modelo computacional. Para a modelagem do processo
produtivo, foram utilizados os dados previamente coletados nas visitas, foram
agrupados e ajustados e então inseridos no software de simulação da produção
Arena, simulando o processo produtivo real da empresa em estudo. Como meio de
otimização foram elaborados diferentes cenários considerados otimizados em
comparação ao real. Todos os cenários tiveram melhora em relação a saída do
produto final, a quantidade de peças que saíram do sistema foi maior que a
produção real, constatando significativa otimização em todos os modelos propostos.

Palavras-chave: Produção Florestal, Métodos de Otimização, Otimização de


Processos, Amazônia Brasileira.

1. INTRODUÇÃO

O Brasil possui a segunda maior cobertura florestal do mundo (516


Mha) e a maior extensão de florestas tropicais do planeta (MMA, 2012), além disso, o

país desenvolveu tecnologia avançada para a exploração de florestas e para a


transformação industrial da madeira, o que faz esta cadeia produtiva ter alto valor
para o desenvolvimento social e econômico do país. No entanto, segundo o
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2007) o país enfrenta

240
dificuldades para estruturar uma política industrial para os segmentos da cadeia
produtiva. Diante disso, estudos que avaliem o potencial e a situação da produção

madeireira são essenciais para o fortalecimento do setor.


A demanda por produtos derivados da madeira tais como móveis, pisos,

rodapés, papéis, embalagens e etc., tem aumentado consideravelmente nos últimos


tempos (ZAWISLAK; MARODIN; SEFIDVASH, 2005).

Quanto à utilização dos produtos madeireiros, de acordo com a ABRAF


(2011) o consumo de madeira em tora atual corresponde a 37,5% para a indústria de

papel e celulose, 25,2% para lenha industrial, 19,3% para indústria madeireira, 9,1%
para indústria de carvão, 7,8% para indústria de painéis reconstituídos, além de 1,2%

para outras destinações. Produção florestal é estratégica dentro da economia


nacional e responsável pelo bom desempenho de várias outras indústrias que

utilizam da madeira, in natura ou beneficiada como fonte de matéria prima ou


insumo (COUTO; MENDES, 2012).

Para a produção florestal se manter estratégica e contribuir cada vez


mais com a economia nacional necessita-se que ela seja administrada de maneira

eficiente, e uma forma disso acontecer é a aplicação de métodos de otimização.


Segundo Peinado e Graeml (2007) e Barnes (1977), o estudo de

tempos, movimentos e métodos aborda técnicas que submetem a uma detalhada


análise de cada operação de uma dada tarefa, com o objetivo de eliminar qualquer

elemento desnecessário à operação e determinar o melhor e mais eficiente método


para executá-la.

A filosofia LeanProduction, também conhecida como Sistema Toyota de

Produção ou Produção Enxuta tem como foco a eliminação de desperdício em um


sistema, buscando reduzir ao máximo as atividades que não agregam valor ao

processo (JACOBS; CHASE, 2012). Devido às crises financeiras, é cada vez maior o uso
dessa forma de gestão por diversas empresas dos mais variados setores, as quais
buscam mais eficiência nas suas operações.

241
Segundo Lustosa et al. (2008), a técnica de produção japonesa Just-In-
Time (JIT) permite reduzir estoques assim como o tempo de fabricação aumentando
a capacidade produtiva do processo, seu objetivo é dispor da peça necessária, na
quantidade necessária no momento certo, elevando a produção e diminuindo os

custos. Sua tradução do japonês é ‚momento certo‛, ‚oportuno‛.


Qualquer empresa ou indústria, inclusive a indústria madeireira, que

possua um processo, produtivo ou não, espera que ele seja eficiente e que atenda
sua demanda de serviço, no entanto, em alguns casos, essa expectativa não é

alcançada devido a inadequação do processo, uma alternativa de aperfeiçoa-lo é por


meio de técnicas de otimização e da utilização de simulação computacional que

permite a visualização detalhada do processo, se for modelado corretamente, e


possibilita fazer alterações e adaptações em todo o sistema.

A simulação computacional trata-se da representação de um sistema


real que é modelado e reproduzido por meio do auxílio de um computador, trazendo

a vantagem de se poder visualizar esse sistema, podendo assim implementar


mudanças e fazer ajustes necessário sem mexer no processo real, economizando

tempo e dinheiro (PEREIRA, 2000). E para obter-se uma análise mais ampla uma
alternativa complementar é a criação de cenários, que permitam a visualização do

mesmo processo com diversas adaptações.


Sendo assim, como objetivo central do trabalho realizar-se-á uma

análise do processo produtivo de uma indústria madeireira por meio da utilização da


simulação computacional através de um estudo detalhado desse processo para então

simular a produção de madeira processada e criar cenários de otimização sobre a

produção.
2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. SETOR FLORESTAL NO BRASIL E NA AMAZÔNIA


O setor florestal brasileiro contribui com uma parcela importante da
geração de produtos, impostos, empregos e renda, De acordo com o Ministério do
Meio Ambiente (MMA, 2012) a cadeia produtiva florestal corresponde a 3,5% do PIB,

242
gerou 635 mil empregos e receita de cerca de R$ 42 bilhões, e tem nas suas
exportações o equivalente a 3,4% do total exportado pelo país.

Conforme Juvenal et al. (2002), o setor florestal e a atividade de


extração de madeira possuem uma dinâmica específica, determinada pela oferta de

madeira e pela produtividade das florestas. Ainda que cada um dos produtos
florestais possua um mercado próprio, as condições para o seu desenvolvimento

estão associadas à base florestal, tornando-os interdependentes. Além disso, a


atividade madeireira e a cadeia produtiva a ela associada são objetos de

investimentos e transações comerciais de elevado valor. As florestas, mais do que


matéria-prima, são um ativo de alta liquidez.

O Brasil é detentor da segunda maior cobertura florestal (516 Mha,


≈13%) e a maior extensão de florestas tropicais do planeta. No entanto, menos de 7%

(< 34 Mha) dessas florestas estão destinadas à produção florestal. Do total de


florestas que cobrem atualmente o território nacional (516 milhões de hectares), 56%

(290 milhões de ha) são públicas.


A exploração de madeira da Amazônia contribui para a liderança do

Brasil na produção e consumo mundial de madeira em tora, a maioria (86%) da


madeira extraída na Amazônia é consumida no mercado interno, enquanto apenas

14% são exportados. Pois, a floresta amazônica é rica em recursos naturais, tendo a
maior extensão de florestas brasileiras e possuindo uma grande diversidade da flora

e alto potencial de aproveitamento econômico.


De acordo com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia

(IMAZON, 2010), a exploração e o processamento industrial de madeira estão entre

as principais atividades econômicas da Amazônia ao lado da mineração industrial e


da agropecuária, atividade que concentra 75 pólos madeireiros, os quais exploram

anualmente mais de 100 mil m³ de madeira em tora, tendo uma receita bruta da
ordem de R$ 5 bilhões, gerando mais de 203 mil empregos (MMA, 2012).
Na Amazônia, estas empresas madeireiras foram aglomerando-se em
centros urbanos que estavam sendo criados ao longo das rodovias, formando os

243
polos madeireiros. Esses polos tendem a se desenvolver em áreas que concentram
serviços, infraestrutura (energia, comunicação, saúde e sistemas bancários) e mão-de-

obra disponível.

2.2. CADEIA PRODUTIVA FLORESTAL


De acordo com Batalha (2007), a atividade da cadeia produtiva da

madeira envolve toda a aplicabilidade de sistemas ordenados para a transformação


correta dos insumos, que vão desde a produção de madeira serrada até a

comercialização de produtos finais oriundos do beneficiamento da madeira.

A cadeia produtiva de madeira é representada por todas as atividades


necessárias para que a matéria prima florestal seja colocada in natura na indústria ou

diretamente no mercado consumidor, incluindo plantio, colheita, transporte e


armazenamento da madeira (POLZL, 2002).

A produção florestal resulta em produtos madeireiros e não madeireiros


que se destinam ao consumidor final, no mercado interno ou externo. A extração da

matéria prima acontece de duas formas, principalmente, em áreas reflorestadas


(plantadas) e em florestas nativas. Após a extração da madeira em toras, esta segue

para processos de industrialização, os quais são compostos por transformações


primárias (processamento mecânico da madeira ou fabricação de celulose) e
transformações secundárias.
Os processos produtivos subsequentes diferenciam-se, em sua cadeia

especifica, na medida em que apresentam diferenças tecnológicas, peculiaridades de


aplicação, somada ao histórico de desenvolvimento de sua indústria. O setor de

madeira processada mecanicamente está inserido dentro do complexo de base


florestal (ABIMCI, 2010).

O processo mecânico da madeira serrada nativa ocorre após sua


extração na floresta. Na Amazônia essas empresas classificam em: micro serrarias,

serrarias, beneficiadoras, laminadoras ou falqueadoras e fábricas de painéis. De


maneira geral, as indústrias madeireiras instaladas na Amazônia estão razoavelmente

244
próximas às áreas onde há cobertura florestal e boa logística de transporte para a
madeira em tora e processada (IMAZON, 2010).

2.3. INDÚSTRIA MADEIREIRA


De acordo com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia –
IMAZON (2010), a exploração e o processamento industrial de madeira estão entre as

principais atividades econômicas da Amazônia ao lado da mineração industrial e da


agropecuária, atividade que concentra 75 polos madeireiros, os quais exploram

anualmente mais de 100 mil m³ de madeira em tora, tendo uma receita bruta da

ordem de R$ 5 bilhões, gerando mais de 203 mil empregos.


O setor da madeira na Amazônia é muito importante para a economia

local, conforme citou Polzl (2002) ‚O setor de base florestal brasileiro está
intimamente relacionado com diversos outros segmentos industriais, tais como:

celulose e papel, gráfica, mobiliário, siderurgia, construção civil, dentre outros‛.


O Amapá é o estado mais conservado da federação, contendo grande

parte da cobertura florestal ainda preservada e tem construído uma política de


desenvolvimento com foco e base na sustentabilidade, concentrando grandes

esforços para conservar suas riquezas naturais (IEF, 2015).

2.3.1. Processamento Mecânico da Madeira


O processo mecânico da madeira serrada nativa ocorre após sua

extração na floresta. Na Amazônia essas empresas classificam em: micro serrarias,


serrarias, beneficiadoras, laminadoras ou falqueadoras e fábricas de painéis. De

maneira geral, as indústrias madeireiras instaladas na Amazônia estão razoavelmente


próximas às áreas onde há cobertura florestal e boa logística de transporte para a

madeira em tora e processada (IMAZON, 2010).


Após a extração ocorre o processamento para transformar a madeira

constituída em toras para madeira serrada com baixo valor agregado (ripas, caibros,
tábuas e similares) ou o beneficiamento da madeira para algum grau de agregação
de valor (pisos, esquadrias, madeira aparelhada, etc.) e em madeira laminada e
compensada.

245
Conforme Neri (2005), dentre os setores da indústria de transformação
mecânica da madeira, as serrarias são, sem dúvida, as que necessitam maior apoio e

inovações tecnológicas, para melhor aproveitamento da madeira, acarretando em


qualidade para a demanda das indústrias que dependem deste setor, como o setor

de madeira beneficiada.

2.4. O SETOR MADEIREIRO NO ESTADO DO AMAPÁ


De acordo com um relatório do IEF/AP de 2016 o Estado do Amapá

possui 318 empreendimentos distribuídos por todos os municípios, exceto Pracuúba,

ligados ao setor madeireiro que estão divididos em microsserrarias, serrarias,


estâncias, movelaria e produtores de artesanato.

Apesar de o Estado ser abundante em florestas com alto valor


madeireiro a falta de licenciamento é um dos problemas mais contates do

seguimento, além da falta de uma infraestrutura adequada, péssimas condições de


trafegabilidade. Essas entre outras dificuldades formam o conjunto de fatores que

impedem o crescimento do setor na região.

2.5. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO E OPERAÇÕES


Conforme Slack et al. (2006), a administração da produção corresponde

ao modo pela qual as organizações produzem seus bens ou serviços, ela está
presente em todos os tipos de atividade de produção de produtos ou oferta de

serviço. A administração da produção é o termo utilizado para as atividades inerentes


ao gerente de produção, que pode ter denominação diferente dependendo do ramo

de atuação ou da organização, que são responsáveis por administrar alguns dos


recursos envolvidos na produção desenvolvida pela empresa que representam

(SLACK et al., 2006).


Os sistemas de produção se resumem basicamente em inputs (entrada

de recursos sejam eles materiais, capital, trabalho, equipamentos, informações),


processo (transformação dos inputs através de uma ação) e outputs (a saída do bem
ou serviço processado) conforme descrito em Lustosa et al. (2008), podendo o

246
sistema ser classificado de várias formas de acordo com o tipo de processo da
organização.

O Planejamento e Controle e Produção, ou simplesmente PCP, está


inserido em uma das áreas de estudo da Engenharia de Produção. De modo geral

entende-se que as atividades do PCP incluem uma série de decisões que tem como
objetivo a definição sobre o que, quanto e quando produzir (FERNANDES; GODINHO

FILHO, 2010).
Segundo Lustosa et al. (2008), o PCP teve sua evolução na primeira

década do século XX com os esforços de Frederick W. Taylor e Henri Fayol, e devido a


constante e necessidade de melhoria dos processos, o Planejamento e Controle da

Produção teve seu progresso através do desenvolvimento de sistemas como o


estudo de movimento e tempos, o Gráfico de Gantt, o MPR e MPR II, entre outros.

Com o passar do tempo outros métodos de otimização,


aperfeiçoamento e controle da produção foram surgindo, como o Just-In-Time,

LeanProduction, Six-Sigma, entre outros, todos com objetivo de ajudar o PCP a


realizar suas atividades que para Fernandes e Godinho Filho (2010) são: i) Previsão de

demanda; ii) Planejamento agregado da produção; iii) Planejamento de capacidade;


iv) Desagregação; v) Elaboração do Plano Mestre de Produção; vi) Controlar estoques,

assim como outras atividades relevantes.


Um processo pode ser caracterizado como várias atividades

relacionadas que transformam entradas (inputs) em serviços ou produtos (outputs)


de modo a agregar valor ao cliente. De acordo com Miyashita e Salomon (2011), a

partir de uma minuciosa análise dos processos que compões uma operação torna-se

possível estabelecer um gerenciamento baseado em melhoria contínua em termos de


produtividade e qualidade dos serviços oferecidos.

A Análise e Melhoria de Processos (AMP) é de acordo com Lima et. al.


(2010), uma abordagem de melhoria contínua de todos os processos, que visa
planejar, estruturar, resolver problemas de modo a alcançar o objetivo do negócio. E,
como mecanismo de auxílio, tem-se o mapeamento de processos, que segundo

247
Cheung e Bal (1998), corresponde a uma técnica de orientação para
desenvolvimento, projeto ou avaliação dos processos existentes em um determinado

setor, departamento ou, até mesmo, uma organização inteira. Este mapeamento deve
ser realizado de forma gráfica, uma das maneiras é por meio de um fluxograma.

Outra técnica utilizada é o mapofluxograma que vem a ser o desenho


da planta por onde o processo está acontecendo. Esses conceitos foram introduzidos

por Barnes (1977) segundo ele para se visualizar melhor um processo, desenham-se
as linhas de fluxo em uma planta de edifício ou da área em que a atividade se

desenvolve.

2.6. OTIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO

Quando se trata de processo produtivo, seja de um produto ou serviço,


o passo seguinte é sempre a busca meios de otimização desse processo, afinal

qualquer organização consciente entende que quanto maior o grau de otimização de


seu sistema, maior será sua produção, com alto nível de qualidade, quase nenhum

desperdício e consequentemente maior lucratividade.


Existem diversos meios, métodos e técnicas que são utilizadas para

otimizar um processo produtivo, alguns até já citados nesse trabalho como o Just-In-
Time, LeanProduction, Six-Sigma, a escolha e aplicação do método vai depender da
firma, a forma como ela se organiza, o tipo de processo desenvolvido, e outras
características inerentes a mesma (SLACK et al., 2006).

A simulação computacional está cada vez mais sendo empregada nos


ambientes corporativos, não apenas na produção como também em serviços. Pelo

baixo custo de implementação, as empresas encontram na simulação computacional


uma saída para visualização de estados futuros, reduzindo assim o tempo com

projetos e custos desnecessários bem como verificando problemas nos processos


produtivos.

Alguns motivos do uso desta técnica são: Profundo detalhamento dos


processos, utilização de animações melhorando assim a visualização do

248
comportamento dos sistemas, economia de recursos, e a semelhança do modelo
simulado ao sistema real auxiliando assim na tomada de decisão eficaz.

Para Prado (2010), ‚Simulação é uma técnica de solução de um


problema pela análise de um modelo que descreve o comportamento do sistema

usando um computador digital‛. Freitas Filho (2001) citou que a simulação


computacional utiliza técnicas matemáticas com o uso de computadores visando

repetir o funcionamento de um processo de sistemas do mundo real. Schappo (2006),


descreveu que as bibliografias são similares quanto às etapas do processo de

simulação computacional, e deve ser analisado sob o desempenho apresentado nas


saídas dos processos com o intuito de identificar alternativas de configurações e

alterações no projeto.

3. MATERIAIS E MÉTODO

3.1. ÁREA DE ESTUDO


O Amapá está localizado na parte norte do Brasil, com área de

aproximadamente 142.814.585 Km2, sua capital Macapá, localizada às margens do


Rio Amazonas, é a maior cidade do estado, suas principais fontes de transportes são

fluviais e aéreas, não possui ligações rodoviárias com as principais capitais do Brasil
(MORAIS; MORAIS, 2011).

A área de abrangência da pesquisa foi o município de Macapá-AP e os


municípios circunvizinhos que apresentarem indústrias de processamento de madeira

serrada. Conforme dados do IBGE (2017) a cidade de Macapá possui área territorial
de 6.503,458 km² e uma população estimada de 447.706 pessoas.

3.2. MÉTODO DE COLETA DE DADOS


Foi realizada uma pesquisa documental no Instituto Estadual de

Florestas e o Instituto do Meio Ambiente e de Ordenamento Territorial do Estado do


Amapá –IMAP, com intuito de buscar dados das empresas que estavam registradas
neste que é o órgão responsável por atribuir a licença de operação da atividade

249
madeireira. Foram fornecidas as licenças das empresas que estão atuando com o
setor de desdobro e processamento da madeira.

3.3. TRATAMENTO DOS DADOS


Para a modelagem do processo produtivo em questão, foram utilizados
os dados previamente coletados nas visitas feitas a uma serraria que se propôs a

fazer parte da pesquisa, estes dados foram agrupados e ajustados, simulando o


processo produtivo real da empresa em estudo.Foram feitas cronometragens dos três

principais processos para que através do estudo de movimentos e tempos se

conseguisse obter seus tempos de processamento assim como a produção diária da


serraria. Esses processos foram subdivididos em atividades, as quais já foram

mencionadas acima, para facilitar a coleta das cronometragensa partir das médias
dessas cronometragens foi possível fazer o ajuste das funções para cada processo.

Após o ajuste das funções iniciou-se a criação do modelo computacional inserindo-as


em seus respectivos campos, sendo que para a elaboração do modelo foram levados

em consideração apenas os três processos principais, esses por sua vez foram
divididos em atividades (Tabela 1). As simulações foram realizadas com o auxílio do

software Arena, versão student (PARAGON, 2016).

Tabela 1 - Descrição das atividades dos processos principais de desdobro da madeira em uma serraria,
Macapá-AP

Processo Atividades

Serra Fita A1 - Ajuste da matéria-prima no carro porta-tora

A2 - Movimentação do carro porta-tora até a serra fita e corte

da costaneira

A3 - Retirada e armazenamento do resíduo e Carro porta-tora

retorna a rampa de abastecimento

A4 - Movimentação do carro porta-tora até a serra fita e corte

tangencial para a peça de madeira

A5 - Retirada da peça e Armazenamento peça

Serra Circular A1 - Movimentação da peça do estoque temporário até a serra


circular de bancada

250
A2 - Corte tangencial da peça na serra circular

A3 - Retirada e armazenamento da peça

Destopadeira A1 - Movimentação da peça até a bancada da destopadeira


pendular

A2 - Medição do comprimento e corte transversal das peças

A3 - Marcação da peça e Movimentação para estoque de

produtos acabados

Estando em posse das cronometragens de cada processo e o tempo diário de

funcionamento da serraria, que é de 8h por dia, foi possível identificar a capacidade


de produção diária da serraria, no entanto, para se estimar a capacidade real

levaram-se em consideração as paradas (manutenção, setup).


Com todos os cálculos realizados os dados foram inseridos no software e

então obteve-se o modelo real de produção da empresa de desdobramento de


madeira, e então a partir desse modelo inicial foram elaborados os cenários de

otimização com os devidos ajustes.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1. IDENTIFICAÇÃO DO PROCESSO PRODUTIVO

A descrição do processo produtivo caracteriza-se, inicialmente, com as toras


alojadas no pátio da empresa, posteriormente são selecionadas e transportadas para

o processo de desdobro primário na serra fita, essa etapa visa transformar a tora em
peças de menores dimensões que depois passam por mais etapas e ficam da sua

forma final.
Neste primeiro momento, após o posicionamento e fixação da tora no carro

ele se movimenta até a serra fita vertical para o desdobro principal, onde ocorre o
corte das costaneiras, retiradas e armazenamento de resíduos, após isso são
efetuados os cortes tangenciais na serra fita gerando as peças de madeira.

251
Em seguida, essas peças que saíram do primeiro processo a serem estocadas
são movimentadas até a serra circular de bancada onde receberão a largura desejada

através de cortes tangenciais, e por fim ocorre a movimentação desta peça até a
destopadeira pendular em que é feito a medição do comprimento da peça, é

realizado o corte transversal nas pontas e a peça é marcada e assim vai para o
estoque de produtos acabados (Figura 1).

Figura 1 - Mapofluxograma do processo produtivo da serraria, Macapá-AP

Quanto aos equipamentos da serraria para o desdobro da madeira são


utilizados dois principais tipos: a serra reta e a serra circular: - Serra fita: Serra de fita
é uma máquina ferramenta cuja fita de serra se movimenta continuamente, pela

rotação de volantes e polias acionadas por um motor elétrico. Aserradefitatem uma


versatilidade de trabalho muito grande, podendo realizar quaisquer tipos de cortes

retos ou irregulares, tais como círculos ou ondulações.Serra circular refiladeira: Refilar


pranchas de madeira significa fazer cortes longitudinais, resultando tábuas de
madeira limpa, com larguras variadas. As sobras laterais e falhas que estiverem na sua

252
parte central são removidas como resíduos.Destopadeira pendular: Máquina que
realiza corte transversais na peça de madeira.

4.2 SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DO PROCESSO PRODUTIVO


Para dar início a simulação da produção foram elaboradas tabelas com as

médias das cronometragens feitas em cada processo do desdobramento da madeira,


tendo cada processo se subdividindo em atividades designadas de A1, A2, A3.., em

todas as etapas foram feitas 8 cronometragens de cada atividade (Tabela 2).

Tabela 2 - Média das Cronometragens da Serra Fita, Serra Circular e Destopadeira em uma serraria,
Macapá-AP

Serra Fita
Atividades A1 A2 A3 A4 A5
Média 35 32,25 17,5 14,375 9,125
Serra Circular
Atividades A1 A2 A3
Média 12,5 10,875 10,125
Destopadeira
Atividades A1 A2 A3
Média 6,875 10 8,625

Com as informações do tempo de processo de cada etapa e por


maquinas, foram efetuado os ajustes das funções de distribuições das três maquinas
estão escritas a seguir (Tabela 3).

Tabela 3. Função para Serra Fita, Serra Circular, Destopadeira, processo produtivo em uma serraria,

Macapá-AP

Histograma Serra Fita

Distribuição Uniforme
Equação UNIF(9, 35)
Pontos Coletados 5
Histograma Serra Circular

Distribuição Beta
Equação 10 + 2.74 * BETA(0.6, 0.762)
Pontos Coletados 3
Histograma Destopadeira

253
Distribuição Uniforme
Equação UNIF(6.56, 10)
Pontos Coletados 3

O modelo a baixo é a representação do processo por meio do Arena,


nele estão representadas todas as principais etapas inerentes ao mesmo.

Figura 2 – Modelo do processo produtivo completo de uma serraria, Macapá-AP

Foram contabilizas paradas normais de 50 minutos para a serra fita, 80

minutos para a serra circular e 30 minutos para a destopadeira. Para o tempo de


processamento do modelo foi utilizado média das paradas (setup), obtendo 7,1 horas

de produção real por dia ao invés de 8 horas, o que interfere diretamente na


produção de peças diárias, além de justifica-la. (Tabela 4).

Tabela 1 - Capacidade produtiva diária da Serraria em estudo, Macapá-AP

Capacidade de projeto/dia Capacidade real/dia


Operação
(sem setup) (com setup)

Serra Fita 200 peças 179 peças

Serra Circular 647 peças 539 peças

Destopadeira 844 peças 791 peças

Após a replicação do modelo constatou-se sua validação através da análise

dos relatórios disponibilizados pelo software, os documentos demonstram a saída de


169 peças do sistema (tabela 5), que se aproxima consideravelmente do valor

constatado em campo (tabela 4), cuja quantidade de peças produzidas por dia pela
serra fita seria de 179 peças, sendo ela a determinadora da produção diária, já que
representa o gargalo da produção com a menor quantidade processada por dia.

254
Tabela 5 - Relatório das Entidades do processo de produção de uma serraria, Macapá-AP.

Relatório de Entidades

Peças Quantidade de Entrada Quantidade de Saída

Total 172 169

A taxa de utilização do processo apresentou amplitude de 62,38% entre os


componentes, com a destopadeira com maior tempo ocioso (Tabela 6).

Tabela 6- Taxa de utilização dos processos de uma serraria, Macapá-AP

Processo Taxa de Utilização (%)


Serra Fita 99,64%
Serra Circular 51,90%
Destopadeira 37,26%

4.3 OTIMIZAÇÃO DO PROCESSO PRODUTIVO


Buscando meios de otimizar o processo, após a análise e validação do modelo,

foi identificado um gargalo na produção, onde verificou-se que a serra fita produz
um valor muito abaixo em comparação com os outros processos, sendo ela o foco da

otimização.
O princípio para essa otimização será a criação de diferentes cenários desse

processo, na busca por embasamento teórico foi encontrada uma dissertação de


mestrado de explana especificamente o assunto em quentão, Heinrich (2010), em seu

trabalho, estuda a produção de madeira serrada e como meio de otimização do


processo cria cenários diferentes cenários que buscam melhorar a produção, ainda

existem inúmeros trabalhos que se utilizam da variação de modelos para desenvolver


otimização. Rodrigues et al. (2017), expõe a otimização para um problema de

roteirização e programação de navios petroleiros onde no artigo é ilustrada pelos


autores uma possível rota otimizada das embarcações juntamente com uma

formulação matemática.

Pagliarussi, Marabito e Santos (2017), em seu trabalho, criam diferentes


modelos de otimização para a produção de bebidas, assim como Junqueira e
Morabito (2017), na otimização de uma colheita de cana de açúcar. Esses e outros
trabalhos ratificam a utilização de variados modelos do processo como uma maneira

255
de otimização do mesmo. Logo, segue os possíveis cenários criados como forma de
otimização da produção.

4.3.1 Primeiro Cenário


Tendo identificado o gargalo na serra fita, como meio de otimização foi

sugerido à adesão de uma nova serra fita de igual capacidade, dobrando assim a taxa
de produção desse processo (Figura 3).

Para a inclusão da nova serra fita ao processo foram feitos alguns

ajustes ao modelo (Figura 3), onde a tora tem a possibilidade de ser processada pela
serra fita 2° caso a serra fita 1 esteja ocupada.

Figura 3 - Modelo Otimizado cenário 1.0, processo produtivo de uma serraria, Macapá-AP

Na simulação do processo real a taxa de chegada das toras é a mesma


do processo da serra fita, pois existe um estoque de matéria prima à disposição do

sistema, sendo o processo constante e não havendo variação de chegada. Devido ao


novo modelo possuir duas serras fitas a sua taxa de chegada não será mais a mesma,

sendo necessário dobrar a quantidade de matéria prima que chaga ao sistema. A


nova equação de chegada das toras se dá pela distribuição a seguir (Tabela 7).

256
Tabela 2 - Nova taxa de chegada para cenário 1.0, simulação da produção em uma serraria, Macapá-
AP

Histograma Nova Taxa de Chegada 1.0


Distribuição Beta
Equação 4 + 14 * BETA (0.654, 0.647)
Pontos Coletados 5

Após realizar os ajustes ao modelo, foi feito a simulação do novo


sistema obtendo os resultados de entrada e saída apresentados na (Tabela 8).

Tabela 8 - Relatório das Entidades: 2 Serras Fitas no processo de produção de uma serraria, Macapá-
AP.

Relatório de Entidades
Peças Quantidade de Entrada Quantidade de Saída
Total 332 310

Comparando deste novo resultado, observou-se que houve um


aumento de 83,41% na quantidade de saídas das entidades confirmando assim a

otimização do processo.
Notou-se também, que com a inclusão da nova serra fita a taxa de

utilização da serra circular teve um aumento significativo, o que pode ser relevante
nas próximas tentativas de otimização. A tabela a seguir demonstra a porcentagem

de ocupação de cada processo.

Tabela 3 - Taxa de utilização dos processos: 2 Serras Fitas no processo de produção de uma serraria,
Macapá-AP.
Processo Taxa de Utilização (%)
Serra Fita 1 98,91%

Serra Fita 2 90,80%

Serra Circular 97,35%

Destopadeira 70,86%

4.3.2 Segundo Cenário

257
Como observado no primeiro cenário mesmo com a inclusão de uma
segunda serra fita, o processo da destopadeira ainda teve uma utilização de 70,86%

da sua capacidade ao contrário da serra circular, que alcançou uma taxa de utilização
de 97,53%, o que torna este processo tão relevante quando a serra fita, que foi

identificada como o gargalo da produção nas primeiras etapas.

Figura 4 - Modelo Otimizado cenário 2.0, processo produtivo de uma serraria, Macapá-AP

Para a criação do segundo cenário além do acréscimo de mais uma

serra fita também foi necessária aumentar a capacidade da serra circular em mais 1/3
além da sua capacidade normal, já que ela quase atingiu sua máxima utilização no

primeiro cenário, para assim então obter a máxima utilização de todos os processos
(Tabela 10).

Tabela 10 - Nova Função Serra Circular


Histograma Nova Função Serra Circular

Distribuição Beta
Equação 6.59 + 1.91 * BETA(0.75, 0.849)
Pontos Coletados 3

Assim como no primeiro a taxa de chegada do segundo cenário


também sofrerá alteração, devido o acréscimo de uma terceira serra fita a nova taxa

de chegada será triplicada, o que consequentemente afeta os outros processos,


258
completando o conjunto de justificativas do aumento de 1/3 na serra circular (Tabela
11).

Tabela 41 - Nova Taxa de Chegada para o cenário 2.0, simulação da produção em uma serraria,

Macapá-AP

Histograma Nova Taxa de Chegada 2.0


Distribuição Beta
Equação 3 + 9 * BETA(0.444, 0.541)
Pontos Coletados 5

Na análise dos resultados, depois da realização de todos os ajustes,

atestou-se mais uma vez a otimização do processo com a saída de 431 peças sendo
39,03% maior que o primeiro cenário e 155,02% maior que o processo original

(Tabela 12).

Tabela 12 - Relatório das Entidades: 3 Serras Fitas no processo de produção de uma serraria, Macapá-

AP.

Relatório de Entidades
Peças Quantidade de Entrada Quantidade de Saída
Total 504 431

Além do significativo percentual de aumento na saída de peças a taxa de


utilização dos processos também se aproximou do seu máximo desempenho (Tabela
13).

Tabela 13 - Taxa de utilização dos processos, modelo com 3 Serras Fitas, em uma serraria, Macapá-AP
Processo Taxa de Utilização (%)
Serra Fita 1 99,20%
Serra Fita 2 98,33%
Serra Fita 3 94,84%
Serra Circular 97,79%
Destopadeira 98,22%

5. CONCLUSÕES

A utilização de softwares de modelagem juntamente com as


ferramentas de otimização tornou-se grandes aliados dos gestores nas tomadas de

259
decisão, a união desses dois fatores auxilia em uma visualização mais ampla do
processo, assim como em uma visão de como esse processo produtivo viria a ser no

futuro de acordo com mudanças propositais e as inevitáveis.


Como meio de otimização foram elaborados diferentes cenários

considerados otimizados em comparação ao real. Todos os cenários tiveram melhora


em relação a saída do produto final, a quantidade de peças que saíram do sistema foi

maior que a produção real, constatando significativa otimização em todos os


modelos propostos.

A saída mais adequada para os dados existentes foi à adição de novos


maquinários ao processo aumentando assim sua capacidade de produção, no

entanto, além de adicionar novos equipamentos foi necessário, em alguns cenários,


ajustar a capacidade das máquinas já existentes, o que pode caracterizar esse

equipamento como novo.


Os novos cenários podem ser uteis para a aplicação tanto da indústria

em estudo quanto para outras empresas de desdobro da madeira, dependendo do


porte que essa indústria possua ou o qual ela deseja alcançar.

Como sugestão para possíveis trabalhos seria significativamente


relevante um estudo de viabilidade econômica, para uma domada de decisão mais

concreta.

6. REFERÊNCIAS

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MECANICAMENTE. Estudo setorial 2008: Indústria de madeira processada
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Dos Fundamentos ao Essencial. São Paulo: Atlas, 2010. 296 p.

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PRODUÇÃO, 25, 2012, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: ABEPRO, 2005.

263
PROCESSO LOGÍSTICO DO AÇAÍ: UM ESTUDO DE CASO NA EMPRESA
SAMBAZON

Alan Carlos Pereira Da Costa


Diego Souza Da Silva
Walzinto Rocha Martins Neto
Cláudio Márcio Campos de Mendonça

RESUMO:
O açaí é um dos produtos mais representativos e tradicionais da Amazônia, sendo
utilizado de diversas formas. Sua colheita, transporte e comercialização requer uma
atenção das organizações, devido ao contexto presente na região amazônica. Nesse
sentido, a problemática que norteou este estudo é como o processo logístico do açaí
é realizado na empresa Sambazon. Para responder essas pergunta, o presente artigo
objetiva descrever o processo logístico do Açaí na empresa Sambazon. Quanto aos
procedimentos metodológicos, o trabalho pode ser classificado como um estudo de
caso único, exploratório, descritivo e qualitativo. Como método de coleta de dados,
elaborou-se uma entrevista semiestruturada, embasada na definição teórica sobre
atividades da logística, apresentado por Ballou (2015). A coleta de dados ocorreu
entre os meses de outubro a dezembro de 2018 e foi direcionada ao gestor
administrativo da empresa, também responsável pela função logística. Para
tratamento e análise dos dados, utilizou-se a técnica de análise de conteúdo. Os
resultados demonstraram que o processo logístico do açaí inicia pela certificação das
áreas produtoras do fruto. Os pedidos de fornecimento observam o período de safra
de cada área, bem como expectativa e previsão de consumo. O transporte ocorre por
meio de embarcações até a Sambazon, onde o fruto é armazenado e aguarda até um
dia para ir à produção. Após a produção, a polpa do açaí e os produtos derivados são
armazenados, aguardando distribuição, realizada por transportadoras. A importância
desse estudo está na relação de duas temáticas presentes no cotidiano de milhares
de famílias da Amazônia, aplicadas em uma empresa do setor industrial.

Palavras-chave: Açaí; Processo Logístico; Atividades da Logística;

1. INTRODUÇÃO

O açaí é um dos principais e mais tradicionais frutos da região amazônica,


possuindo expressiva importância econômica e social. Sua utilização varia em

diversos contextos, desde alimento base na dieta de milhares de famílias da


264
Amazônia, até matéria-prima beneficiada e exportada como produtos cosméticos ou
gêneros alimentícios.

Seu consumo e produção tem seguido uma crescente expansão (IBGE, 2018),
alcançando diversos estados brasileiros e alguns locais do exterior, bem como sua

demanda tem se diversificado para além do consumo, assumindo papel importante


em pesquisas científicas, indústrias farmacêuticas e cosméticas. Além disso, sua

logística de colheita, transporte e distribuição apresenta-se em contextos específicos,


que requer atenção por parte das organizações.

Os principais desafios logísticos estão relacionados às especificidades da


região amazônica, sendo predominantemente constituída por malhas hidroviárias,

ausência de transportes multimodais estruturados, além da característica perecível da


fruta, que necessita de armazenamento e acondicionamento adequado para chegar

com qualidade aceitável no destino final. A partir dessas circunstâncias, a


problemática que norteia este trabalho é como o processo logístico do açaí é

realizado na empresa Sambazon?


A logística compreende uma das funções empresariais basilares à

competitividade das organizações. Associado ao contexto do açaí, essa função


apresenta características únicas diante dessa realidade. Nesse sentido, o objetivo

geral deste estudo é descrever o processo logístico do açaí na empresa Sambazon.


Além disso, o presente artigo objetiva especificamente: a) descrever o contexto do

açaí na região amazônica, b) identificar os principais conceitos sobre logística, c)


descrever as atividades da logística, e d) relacionar as atividades da logística do açaí

na empresa Sambazon.

Este trabalho está organizado em seis capítulos, dispostos da seguinte forma:


Introdução, onde são apresentados os objetivos e a problemática e um contexto

geral sobre os assuntos; Referencial Teórico, organizado por três subcapítulos que
apresentam os principais conceitos sobre as temáticas apresentadas; Metodologia,
que descreve os métodos utilizados para realização do trabalho; Análise e Discussão
dos Resultados, que apresenta os dados e onde são realizadas as principais análises

265
do trabalho; Considerações Finais, onde há a retomada dos objetivos, descrição da
importância e limitação do trabalho; e Referências Bibliográficas, que contém as

devidas referências de todos os autores citados ao longo do texto.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 CONTEXTO DO AÇAÍ NA REGIÃO AMAZÔNICA

O açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.) possui grande relevância à economia

amazônica, sendo um dos principais recursos vegetais da região, tendo considerável


importância como alimento para as populações locais. Além disso, o açaizeiro é a

principal matéria-prima utilizada nas agroindústrias do palmito no Brasil (OLIVEIRA et


al, 2016). A polpa do açaí batida é utilizada para consumo imediato, a polpa
industrializada é exportada para diversos países ao redor do mundo e o corante
natural, chamado de antocianina é utilizado em indústrias farmacêuticas, cosméticas

e alimentícias (BEZERRA; SILVA; DAMASCENO, 2017).


O açaí é o principal produto dessa palmeira, devida sua participação na dieta

de parcela considerável da região amazônica por meio da extração da polpa. Porém,


além da sua polpa, os caroços ou sementes são aproveitados em outras atividades

como na produção de bijuterias, na produção de adubo orgânico e também são


utilizados como fonte de energia em algumas indústrias (ARAÚJO, 2017).

Atualmente, o açaí é o principal produto da palmeira, onde do mesmo se retira


a polpa, que serve como alimento. Do processamento do açaí, além da polpa, surgem

as sementes (caroços) que são aproveitados não só no artesanato de bijuterias como


também como adubo orgânico e fonte de energia nos fornos de indústrias de

cerâmicas.

De acordo com MAPA (2016), os maiores importadores do açaí amazônico são


os norte-americanos e japoneses, que concentram cerca de 90% das importações. Os

outros 10% são adquiridos pelos seguintes países: Alemanha, Bélgica, Reino Unido,
Angola, Austrália, Canadá, Chile, China, Cingapura, Emirados Árabes, França, Israel,

Nova Zelândia, Peru, Porto Rico, Portugal e Taiwan. A partir desse dado, observa-se
266
que o açaí é exportado para países de todo mundo, dos cinco continentes, apesar de
apenas dois países concentrarem o maior destino das importações.

O mercado varejista do açaí pode ser classificado em três segmentos:


batedeiras, geralmente individuais, ou outro locais onde o açaí é despolpado e

comercializado diretamente ao consumidor, representando cerca de 37% do


mercado; microempreendedores que também possuem ponto de venda, porém

contém marca específica para a comercialização do fruto, representando 40%; e


supermercados e praças de alimentação, constituindo 23% do mercado (BEZERRA;

SILVA; DAMASCENO, 2017).


Na ótica de Oliveira et al (2016), a demanda (maior que a oferta) contribui para

o aumento do preço do açaí na entressafra do fruto que ocorre no primeiro semestre,


atingindo principalmente a população de baixa renda que utiliza o açaí como um dos

principais produtos para sua alimentação. Uma das formas de reverter esse quadro
social nesse período seria a expansão da produção do açaí em terra firme, visto que

as áreas de várzea já estão no limite da sua exploração, em conjunto com inovações


tecnológicas.

Outra variável que interfere consideravelmente na comercialização do açaí é


sua característica perecível. Das etapas que vão desde a colheita, até a produção da

polpa ou do vinho, o açaí tende a resistir geralmente até 72h, a partir desse período,
sua qualidade é afetada drasticamente (FERNANDES, 2016). Esse pode ser

considerado um dos principais fatores que afetam a comercialização da polpa e


ampliação de oferta de produtos a partir do açaí.

O gráfico 1 apresenta o panorama da produção de açaí no ano de 2017 por

Estado produtor, de acordo com IBGE (2018):


Gráfico 1 - Produção de açaí em 2017 (t) x Estado

267
Fonte: IBGE (2018)

A partir do gráfico X, nota-se que o Estado do Pará concentra a maior

produção do fruto, chegando a ter quase três vezes a produção do segundo


produtor, Estado do Amazonas. Além disso, observa-se que a produção

majoritariamente advém das unidades da federação que compõem a região norte.

2.1.1 Açaí no Amapá

O consumo do açaí no Amapá, assim como em toda região amazônica, é


elevado por basicamente três principais motivos, de acordo com IPEA (2015): a)

tradição regional, descobertas relacionadas ao potencial energético do açaí quando


processado, e c) facilidade de colheita do fruto, sendo utilizado por muitas famílias

como principal constituinte da dieta alimentar em certas regiões.


Entre os principais itens que impactam na comercialização do açaí no Amapá,

está o preço que sofre influência de diversas variáveis como a quantidade do fruto,
estado em que o mesmo está conservado, custo de transportes relacionados e

qualidade (IPEA, 2015), sendo este último um dos principais fatores que ocasionam as
diferenças encontradas sobre o preço da saca do fruto nos mais diferentes pontos de

comercialização localizados na região (CRUZ JUNIOR, 2016).


A produção de açaí do Amapá advém, em sua maioria de áreas de várzea, que
são formadas ao longo de áreas alagadas e margens de rios. A produção em áreas de
terra firme é praticamente insignificante (CARVALHO; COSTA; SEGOVIA, 2017), sendo
268
o aumento da produção nessa área uma potencialidade a ser explorada para
comercialização de maior volume do fruto (OLIVEIRA et al, 2016).

De acordo com IEF (2014), a comercialização do açaí beneficiado em forma de


‚vinho‛, é realizada majoritariamente por ‚amassadeiras‛. Somente em Macapá,

existiam em 2013 em torno de 3.000 organizações desse tipo, que podem ser
caracterizadas por pequenos produtores que utilizam máquinas do tipo

despolpadeira para obter o ‚vinho‛ do açaí e o condicionam em sacolas plásticas


para comercialização (IPEA, 2015).

Com base nos autores citados acima, observa-se que o açaí no contexto do
Estado do Amapá é semelhantes ao de outras regiões, ressalvadas algumas

particularidades. Assim como em grande parte da região amazônica, o açaí é


utilizado como principal fonte nutritiva da dieta alimentar de muitas famílias.

2.1.2 Açaí no Pará

O Estado do Pará concentra a maior parcela da produção do açaí no Brasil,

tendo cerca de 141.913 toneladas produzidas em 2017. Dos 20 municípios que mais
produzem açaí, 12 estão localizados no Pará (IBGE, 2018). O quadro 1 apresenta as

principais etapas da cadeia de valor do açaí no Marajó, uma das principais regiões
produtora do fruto no Pará (POTIGUAR; OLIVEIRA, 2016).
Quadro 1 - Etapas da cadeia de valor do Açaí no Marajó

Etapa Principais atividades

Produção Plantio, limpeza dos açaizais, desbastes de estipes e touceiras, raleamento.

Extração Coleta, debulha e ensacamento.

Transporte Armazenagem, congelamento e transporte.

Distribuição Seleção/triagem, armazenamento, transporte, congelamento e distribuição.

Beneficiamento Obtenção do vinho, lavagem, despolpamento, congelamento e branqueamento.

Comércio Transporte, distribuição e venda.

Consumo Nos mercados locais, estaduais, nacionais e internacionais.

Fonte: Adaptado de Potiguar e Oliveira (2016)

269
A extração e comercialização do açaí no Pará vêm se avolumando ao passar
dos anos. De acordo com Oliveira et al (2016), a demanda anual nos mercados

nacional e internacional ganhou considerável expansão e a produção anual ainda é


suficiente para atender a demanda existente. No ano de 2014, a comercialização da

polpa do açaí e do seu mi para outros Estados do Brasil em conjunto com a


exportação ao mercado internacional, representou cerca de R$ 225,7 milhões

injetados à economia local.

2.2 LOGÍSTICA

A logística tem seu conceito constantemente alterado, à medida que evolui e


reage às mudanças organizacionais. Inicialmente, estava associada a atividades como

transporte e armazenagem, sendo considerada uma atividade de apoio. Também


chegou a ser confundida e incorporada com outras áreas funcionais (SANTOS NETO;

SANTANA; 2015). Contudo, atualmente a logística vem impactando


consideravelmente no sucesso empresarial, devido as suas ferramentas e

metodologias que auxiliam na competitividade e redução de custos, além da sua


importância estratégica como função estratégica e sua interface com outras áreas

funcionais (FARIA; ROBLES; BIO; 2004).


Uma das primeiras definições mais aceitas sobre logística na literatura foi

apresentada pelo CLM - CouncilofLogistics Management (2013, p. 117), que define


logística como ‚processo de planejamento, implementação e controle do fluxo

eficiente e eficaz de matérias-primas, estoques de produtos acabados e semi-


acabados e do fluxo de informação a eles relativos, desde a origem até o consumo‛.

Essa definição supera a visão da logística como uma atividade de suporte às demais

áreas funcionais.
Na ótica de Pêgo (2016), a logística compreende como planejamento,

operação e controle do fluxo de mercadorias e informações, transitando desde o


fornecedor até o consumidor. CNT (2008) acrescenta que as atividades realizadas

270
pela logística, proporcionam a oferta da exata quantidade de produtos nos locais e
períodos desejados a custos mínimos.

Outra definição conceitual é apresentada por Bowersoxet al (2014), onde


explanam que a logística diz respeito a gerenciar um sistema que pelo menor custo

possível irá realizar o controle de transporte, localização geográficas de produtos,


matérias-primas e estoques, que já foram encerrados ou ainda estão em processo de

produção.

2.3 ATIVIDADES DA LOGÍSTICA

As atividades logísticas, de acordo com Ballou (2015), podem ser divididas


entre atividades primárias e atividades de apoio, sendo que as atividades primárias

representam maior importância e maior volume de operações.


Figura 1 - Relacionamento entre atividades primárias e atividades de apoio com o nível de serviço

Fonte: Ballou (2015)


A figura 1 apresenta graficamente todas as atividades logísticas e seu

relacionamento com o nível de serviço. É possível observar que cada atividade de


apoio auxilia uma atividade primária, e estas têm maior relação com o nível de

serviço. As atividades logísticas são realizadas com o intuito de entregar nível de


serviço adequado ao cliente, que corresponde aos padrões de serviços logístico
desejados pelo demandante. Nos subcapítulos seguintes, cada atividade logística
será descrita individualmente.
271
2.3.1 Atividades primárias

De acordo com Ballou (2015), essas atividades são consideradas primárias,


pois representam, geralmente, os maiores custos relacionados à logística, maior

volume de operações e representam importância vital no nível de serviço oferecido


ao cliente. As atividades primárias são transporte, processamento de pedidos e

manutenção de estoques.
1) Transporte- É considerado uma atividade primária por geralmente representar

cerca de 45 à 50% % dos custos que uma empresa tem com a logística (PAURA,
2012). Sakai (2005) descreve essa atividade como a movimentação dos insumos e

produtos ao longo da cadeia de suprimentos desde os fornecedores primários até


clientes finais. Andrade (2015) acrescenta que essa atividade envolve decisões quanto

ao método de transporte a ser utilizado, modal, roteiros e capacidade dos veículos.


2) Manutenção de estoque- De acordo com Ballou (2015), o porquê do estoque está

contido nas atividades primárias pode ser entendido por quatro motivos principais:
redução dos custos entre transporte e produção, amortecer a oferta e demanda,

apoiar o processamento da produção e colaborar na comercialização dos produtos.


Essas atividades representam a importância do estoque para a entrega de níveis de

serviço adequado ao cliente, além de agregar valor de tempo à logística (OLIVA,


2016).

3) Processamento de pedidos-Na ótica de Oliva (2016), essa atividade primária pode


ser considerada a de menor custo, porém de igual relevância, e suas tarefas estão

relacionadas ao tempo necessário do pedido realizado pelo consumidor, seu devido


processamento e disponibilização do produto. Rodrigues et al (2010) complementam

que essa atividade pode impactar diretamente nos custos e níveis de serviços
ofertados ao cliente, devido ao tempo despendido para sua realização.

2.3.2 Atividades de apoio

Essas atividades auxiliam como base ao desenvolvimento e execução das


atividades primárias, sendo utilizadas como suporte na gestão logística (BALLOU,
272
2015). As atividades primárias são: obtenção, armazenagem, manutenção da
informação, programação do produto, manuseio e embalagem.

1) Obtenção- Ballou (2015) caracteriza essa atividade como responsável em suprir o


produto ao processo logístico, sendo muito confundida com compras. Sua

importância está no fato das decisões de aquisição, processos de seleção e


programação, que podem afetar de forma significativa os custos logísticos (FARIA;

COSTA, 2014).
2) Armazenagem- Castiglioni (2010) caracteriza essa atividade de apoio com um

conjunto tarefas relacionadas com abastecimento no processo produtivo, utilizando


ferramentas e técnicas apropriadas, assim como instalações físicas pertinentes e

objetiva atividades como recebimento, depósito e distribuição de matérias-primas,


produtos acabados, componentes e produtos em trânsito.

3) Manutenção das informações- As atividades logísticas necessitam de informações


para poderem operar de modo eficiente, reduzindo os custos e mantendo o

desempenho esperado (BALLOU, 2015), de modo que de posse das informações


corretas, no tempo adequado, o gestor poderá tomar decisões mais acertadas,

reduzindo a incerteza (SILVA, 2016).


4) Programação do produto- Na percepção de Bowersox, Closs e Cooper (2014), essa

atividade trata do fluxo de saída (distribuição) e da quantidades de pedidos que


devem ser produzidos na sequência de produção. Essa atividade pode ser

considerada como a continuidade da obtenção, pois se refere ao


escoamento/distribuição do fluxo de informação, materiais e serviços (OLIVA, 2016).

5) Manuseio de materiais- De acordo com Oliva (2016), essa atividade apoia

principalmente a armazenagem, envolvendo decisões sobre a escolha do tipo de


equipamento a ser utilizado na movimentação e escolha de sistemas de informação.

6) Embalagem de proteção-Representa uma atividade crucial à logística, sendo


responsável pela proteção durante a movimentação, carregamento e
descarregamento, além de representar uma interface essencial para a entrega do
produto nas mesmas especificações solicitadas pelo cliente, sem dano ou avaria

273
(BALLOU, 2015). Barão (2011) acrescenta que a embalagem deve exercer quatro
principais funções: proteção; conservação; informação; e a função relacionada ao

serviço ou a conveniência na utilização do produto.

3. METODOLOGIA

O presente trabalho buscou descrever o processo logístico do Açaí na empresa

Sambazon. Para tanto, inicialmente realizou-se pesquisa de caráter exploratório sobre


as temáticas apresentadas (açaí e logística), para possibilitar maior aproximação

teórica e maior compreensão de diversos aspectos relacionados ao fato estudado,


conforme orienta Gil (2017). Além disso, a pesquisa é classificada como descritiva,

por buscar descrever um fenômeno de determinada realidade e quanto aos meios, é


definida como um estudo de caso único, tendo como sujeito a empresa Sambazon,

seguindo o entendimento apresentado por Trivinos (2009).


Em relação ao enquadramento deste trabalho quanto ao problema, o mesmo

é classificado como qualitativo, uma vez que essa abordagem permite ao


pesquisador aprofundamento da compreensão do fenômeno, a partir da

interpretação da perspectiva dos sujeitos da pesquisa, sem se preocupar em criar


generalizações estatísticas ou representações numéricas (GUERRA, 2014).

Quanto ao método de coleta de dados, o instrumento foi desenvolvido com


base na definição teórica sobre atividades da logística, apresentado por Ballou (2015).

Nesse sentido, foi elaborado uma entrevista semiestruturada, com perguntas


relacionadas a todas atividades da logística. A coleta de dados ocorreu entre os

meses de Outubro de Dezembro de 2018, tendo como participante da pesquisa o


Gestor Administrativo da empresa, também responsável pela função logística.

No tratamento e interpretação dos dados coletados, utilizou-se a técnica de


análise de conteúdo, optando-se por seguir o modelo apresentado por Moraes

(1999), que direciona utilização dessa técnica em 5 etapas: preparação, unitarização,

categorização, descrição e interpretação. Por meio dessa técnica, foi possível a

274
descrição lógica e sistematizada do processo logístico do Açaí na empresa Sambazon
e a confrontação com a teoria utilizada.

4. ANÁLISE E DISCUSSÕES DOS RESULTADOS

4.1 SAMBAZON

A empresa objeto de estudo deste trabalho é uma beneficiadora de polpa de


açaí, sendo uma empresa americana com sede em São Clemente, na Califórnia. Foi

fundada em 2000 e atualmente produz e comercializa produtos alimentícios e


bebidas para países como Dinamarca, Japão, Brasil, Estados Unidos, entre outros.

A empresa possui instalações nos estados do Pará e Amapá (Município de


Santana), onde realiza um processo logístico de transporte da matéria-prima o açaí,

para a realização da produção e exportação da polpa de açaí e produtos derivados.


Dentro deste processo, a empresa procura trabalhar de forma a seguir o tripé social,

ambiental, econômico e também fomentando a economia familiar dos produtores de


açaí.

4.2 ATIVIDADES DA LOGÍSTICA NO CONTEXTO DO AÇAÍ

Inicialmente buscou-se entender o início do processo logístico do açaí. A partir

do relato do entrevistado, pode-se criar uma sequência lógica de atividades logísticas


que ligavam o açaí, desde o produtor até a exportação para os mercados

internacionais.
O primeiro questionamento buscou saber como inicia o processo logístico do

açaí na Sambazon. De acordo com o gestor, o primeiro passo para que uma
comunidade, associação ou cooperativa possa fornecer o açaí à empresa é a

certificação, realizada por funcionários da própria Sambazon. Essa etapa consiste na

certificação acerca do processo produtivo dos açaizais, garantindo que durante a


produção do açaí não seja utilizada mão-de-obra infantil ou adubo em alguma das
etapas do plantio, manejo e colheita da fruta. Com base no relato do gestor,
percebe-se que a Sambazon não adquire o fruto sem antes verificar sua procedência,
275
preocupando-se com a forma de produção do fruto e não utilização de adubo ou
trabalho infantil.

Após essa primeira etapa, os produtores de açaí estão aptos a fornecer o fruto
à Sambazon. Com base nesse contato com produtores, os locais são mapeados para

identificar as épocas de colheita. Desse modo, para entender como ocorre uma das
principais atividades primárias da logística, o transporte, o questionamento seguinte

objetivou identificarcomo ocorre o transporte do açaí dos locais de produção do


fruto até a empresa. A partir do relato do entrevistado, pode-se identificar que o

transporte do açaí pode ocorrer de duas maneiras, porém sempre utilizando o modal
hidroviário.

A primeira forma de transporte ocorre quando os produtores possuem


embarcações. Quando os produtores não possuem embarcações, ocorre a segunda

forma de transporte: os coordenadores logísticos da Sambazon, divididos por regiões


de produção, realizam o transporte.

Sobre a utilização do modal hidroviário para o transporte do açaí, Dourado e


Pereira (2015) comentam que esse modal configura-se como o principal meio de

transporte na região amazônica, porém ainda não é utilizado com todo seu devido
potencial, seja pelas características presentes na região ou por sua eficiência

energética frente a outros modais. Desse modo, nota-se que no contexto atual, esse
modal é o mais recomendado para o transporte do açaí desde o produtor até a

Sambazon, observadas as especificidades da região amazônica que é constituída por


diversos rios que criam rotas naturais.

O procedimento de recebimento do açaí produzido é realizado na Sambazon,

que possui uma área própria para recebimento das embarcações. O fruto é recebido
em sacas e/ou peneiras e depositado em basquetas, para ser pesado. Após a

pesagem, é feito um dos controles da qualidade do fruto que ocorre por meio da
classificação do açaí, que representa o nível de qualidade do fruto. Caso o fruto não
esteja em qualidade aceitável (qualidade é definida na etapa de certificação), o

276
mesmo não é recebido pela empresa, sendo devolvido ao produtor que arca com
todas as despesas de transporte reverso.

Os pedidos de fornecimento são realizados de acordo com o planejamento de


vendas, que define o que será produzido e quais os insumos necessários à produção.

Toda atividade de processamento de pedidos do açaí segue esse planejamento, que


pode ser modificado de acordo com as situações adversas que possam ocorrer

durante o ano. Segundo o gestor, a maior parte do açaí recebido na empresa vem do
Estado do Pará, e que quanto mais perto o produtor estiver de Belém, mais difícil e

custosa será a obtenção fruto.


Com base no exposto acima, observa-se o processamento de pedidos é

realizado de acordo com a literatura, onde essa atividade deve ser devidamente
planejada e realizada de modo estratégico, pois pode impactar diretamente nos

custos logísticos (RODRIGUES et al, 2010; OLIVA, 2016).


Após o recebimento, o açaí poderá permanecer armazenado no local de

descarregamento de 3 a 4 horas se for gelado, e caso seja natural, pode permanecer


até um dia inteiro antes de ir para o processo produtivo. Logo após, as basquetas

com açaí serão transportadas através de empilhadeiras até esteiras para a realização
da retirada de resíduos e lavagem da fruta, em seguida é produzida a polpa do açaí.

Acerca da embalagem, atividade de apoio de essencial importância à logística,


nota-se que o açaí utiliza embalagens adequadas, que permitem a proteção e

conservação do fruto, que vai ao encontro com a afirmação de Ballou (2015) quando
indica que essas são as funções da embalagem. Sobre a movimentação, a utilização

de empilhadeiras e esteiras permite a empresa manusear o fruto de forma adequada,

durante o trânsito interno do açaí na Sambazon.


Sobre os resíduos gerados no processo produtivo, questionou-se ao gestor

qual a destinação dos caroços de açaí. A resposta obtida foi de que o caroço do açaí,
decorrente do processo de despolpamento, é recolhido por uma transportadora e
encaminhado até a empresa Jari Celulose, no município de Laranjal do Jarí, onde será
utilizado para a geração de energia.

277
Percebe-se que o açaí continua gerando valor a cadeia de diversas formas,
conforme relata Araújo (2017), onde afirma que todas as partes do açaizeiro podem

ser utilizados para gerar valor. Além disso, observa-se há simbiose industrial entre as
empresas envolvidas, Sambazon e Jarí Celulose, mesmo que em nível micro, uma vez

que uma utiliza os resíduos da outra para agregar valor no seu processo produtivo.
Esse fenômeno está de acordo com Herzer, Robinson e Nunes (2017) quando

descrevem que as empresas devem criar uma rede simbiótica entre si, de modo a
possibilitar a venda e/ou troca de resíduos e subprodutos.

Após o despolpamento, a polpa é armazenada em baldes, sachês e potes e


estocada no armazém de produtos acabados. Sobre a formação de estoques,

buscou-se entender quais as técnicas, métodos e ferramentas utilizadas na


gerenciamento dos estoques. Segundo o entrevistado, o principal fator que regula os

estoques é a safra do açaí: a produção é maximizada nos períodos da safra para


estocagem da maior quantidade possível de polpa de açaí, para suprir a demanda

nos períodos de entressafra do fruto.


Acerca da distribuição dos produtos (programação de produtos), buscou-se

entender como é realizada a saída de pedidos. Conforme relato do gestor, há uma


programação de embarque que é realizada de acordo com a demanda dos clientes.

Os produtos restantes continuam armazenados aguardando saída.


A distribuição dos produtos da fábrica inicia por uma transportadora que

utiliza carretas refrigeradas. Em certo ponto do trajeto, trecho que compreende o


município de Santana à Belém-PA, as carretas são conduzidas por balsas, devido a

falta de ligação rodoviária entre os estados do Amapá e Pará.

A partir do relato acima, observa-se que durante a atividade de distribuição e


saída da polpa do açaí e outros produtos acabados da Sambazon, há a integração

entre modais (hidroviário e rodoviário), devido a falta de ligação direta entre os


Estado do Amapá e Pará por meio de rodovias. Desse modo, a existência dessa
interligação rodoviária, otimizaria o processo, não sendo necessário a realização de
transbordo entre os modais.

278
Um dos fatores que mais afetam diretamente a produção na fábrica é a
dinâmica dos açaizeiros, que possuem um de ciclo de produção específico, que varia

no decorrer do ano, com épocas de safras, entressafra e safras menores, também


conhecida por ‚safrinhas‛. Sobre essa dinâmica, o gestor relatou que durante esse

período, não há obtenção do fruto se o preço do mesmo está muito elevado, e caso
necessário, é utilizada a polpa estocada, que é o insumo base à produção de vários

outros produtos fabricados pela Sambazon.


Essa estratégia de obtenção e produção maximizada, que advém da

necessidade se precaver frente a sazonalidade do fruto, mostra-se adequada, visto


que permite a Sambazon manter-se competitiva em períodos de entressafra do fruto,

onde o preço tende-se a elevar demasiadamente devido a auto-regulação desse


mercado. Além disso, permite a empresa manter o ritmo desse período e atender aos

pedidos dos clientes.


Acerca do nível de serviço, questionou-se ao entrevistado quais as principais

exigências e requisitos solicitados aos prestadores de serviço logístico. De acordo


com o entrevistado, a Sambazon espera que os prestadores logísticos apresentem

nível de serviço que ofereça qualidade do produto, rastreabilidade da matéria-prima


e segurança alimentar. Portanto, observa-se que a Sambazon tem bem definido o

nível de serviço que espera dos prestadores de serviço logístico. Esse item caracteriza
essencial medida para aferir a qualidade do serviço contratado e possibilitar criação

de indicadores de qualidade de serviço para medir o desempenho.

O quadro 2 abaixo, demonstra a relação das atividades primárias e de apoio


da logística (BALLOU, 2015) e como essas atividades são desenvolvidas na Sambazon.

Quadro 2- Atividades logística do Açaí na empresa Sambazon


Atividades da logística (BALLOU,
Atividades da logística do açaí na Sambazon
2015)

Nível de serviço Qualidade do produto, rastreabilidade e segurança alimentar.

Embarcações (modal hidroviário) e carretas (modal


Transporte
rodoviário)

Manutenção de estoques Formado a partir da safra do açaí e expectativa de demanda.

279
Processamento de pedidos De acordo com planejamento de vendas

A obtenção é maximizada durante a safra e durante a’


Obtenção entressafra, não há obtenção se o preço do fruto ficar muito
elevado.
O açaí é armazenado na doca, aguardando a saída até à
produção. Após a produção da polpa ou produtos, os
Armazenagem
mesmos são armazenados no depósito de produtos
acabados.
Sistema de informação gerencial (contendo informações
Manutenção de informações
sobre safras, áreas certificadas e expectativa de demanda)

Programação do produto Programação de embarque e demanda dos clientes.

Manuseio de materiais Empilhadeiras e esteiras


Sacos e peneiras (recebimento), basquetas (trânsito e
Embalagem de proteção armazenagem na fábrica) e sachês, baldes e potes
(distribuição)
Fonte: Autores da pesquisa (2018)

O quadro 2, buscou relacionar como as atividades da logística são realizadas


na Sambazon, com base no contexto do açaí. Por meio do quadro, pode-se perceber

que todas as atividades da logística (BALLOU, 2015), são realizadas pela empresa em
alguma etapa, mesmo que com pequenas tarefas. Desse modo, nota-se a maturação

da empresa em desempenhar tais atividades, tendo a ciência sobre quais são

primordiais manter sobre seu domínio, como embalagem, armazenamento, manuseio


e outra e quais precisam ser terceirizadas para manter a competitividades, como a

atividade de transporte. A figura 2 demonstra visualmente as etapas seguidas no


processo logístico do açaí e quais atividades de apoio e atividades primárias são

realizadas em cada etapa do processo.


Figura 2 - Processo logístico do açaí X Atividades da Logística

Fonte: autores (2018)

280
A partir da figura 1, percebe-se que algumas etapas utilizam poucas atividades
logística, como a etapa de transporte, bem como outras necessitam utilizar quase

todas as atividades, como a etapa de distribuição. Nota-se também que algumas


atividades repetem-se ao longo do processo, como a embalagem e o manuseio de

materiais, pois ganham interfaces novas ao decorrer das etapas.


Há um destaque nítido à atividade de manutenção da informação, que mesmo

sendo considerada uma atividade de apoio, é a única atividade que se repete em


todas as etapas. Essa atividade representa, portanto, o elo entre todas as outras

atividades logísticas e entre as etapas, pois a informação impacta diretamente no


desempenho logístico, no desempenho do nível de serviço e em todas as atividades

relacionadas ao processo logístico do açaí na Sambazon, desde a obtenção até a


distribuição.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O açaí representa uma importância econômica, cultural e social, fundamental à

região amazônica, sendo um dos frutos que mais a caracterizam. Diversas atividades
industriais, comerciais e científicas exploram o fruto, que requer uma atenção por

parte das organizações desde sua obtenção até a distribuição. Nesse sentido, este
estudo buscou descrever o processo logístico do açaí da empresa Sambazon.

A partir dos resultados, observa-se que o processo logístico do açaí inicia na


certificação das áreas de fornecimento, com coleta de informações sobre a safra de

tais áreas, informações essas que vão subsidiar a atividades de obtenção. Os pedidos
de fornecimento observam essas informações e também segue um planejamento de

vendas e expectativa de consumo. Após o pedido, o açaí é transportado por meio de

embarcações e recebido em um espaço adequado para descarregamento fluvial na


própria Sambazon, em Santana/AP.

Após o recebimento, o açaí passa por um controle de qualidade e é


armazenado, aguardando a saída ao processo produtivo, podendo permanecer nesse

espaço por até um dia. Após o processo produtivo, a polpa do açaí e os produtos

281
derivados do açaí são armazenados em um depósito de produtos acabados, à espera
da distribuição, que é realizada conforme a programação de saída dos produtos e os

pedidos dos clientes.


No meio desse processo, algumas atividades ganham interfaces novas a cada

etapa, como atividade de embalagem, que passa por três momentos: sacos e
peneiras (transporte), basquetas (armazenamento/recebimento) e sachês, baldes e

potes (armazenamento de produtos acabados/distribuição). A movimentação interna


dos produtos utiliza empilhadeiras e esteiras. Além disso, os resíduos gerados no

processo produtivo (caroços) são utilizados pela empresa Jarí Celulose para geração
de energia, o que configura uma simbiose industrial, mesmo que em pequena escala.

Por meio dos resultados apresentados, considera-se que os objetivos foram


alcançados e a problemática que norteou este trabalho foi respondida. A importância

desse estudo está na relação de duas temáticas presentes no cotidiano de milhares


de famílias da Amazônia, aplicadas em um setor industrial, que representa

importância expressiva para o desenvolvimento econômico e social da região.


Entre as limitações deste trabalho, está o universo pesquisado, sendo o estudo

de caso adequado à responder a problemática, porém um estudo multicaso


apresenta-se como opção interessante para maiores comparações na cadeia do açaí.

Outra limitação está no fato do objeto de estudo ser apenas um dos atores da
cadeia.

Este estudo não teve o intuito de esgotar as discussões sobre as temáticas


apresentadas, mas sim de fomentar o debate. Desse modo, recomenda-se como

estudos futuros, a descrição das relações de poder entre os atores da cadeia de

suprimentos do açaí, estudos comparativos com outras indústrias ou atividades


comerciais que utilizam o açaí como matéria-prima base e a descrição do processo

logístico de outros produtos da Amazônia, como o Buriti e a Castanha do Pará.

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286
A POLITICA TRIBUTÁRIA DE CONCESSÃO DE INCENTIVOS TRBIBUTÁRIOS NA
AMAZÔNIA COMO ESTIMULO AO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO.

Franciely de Oliveira Lima e Souza

RESUMO:
A luz do conceito, se pode afirmar que o desenvolvimento econômico está ligado ao
crescimento do Produto Interno Bruto e da Renda Per Capita, associado ao
atendimento das necessidades básicas e da melhoria na qualidade de vida da
população de determinada região. Esses índices tendem a crescer com a influência
das ações do Estado no setor econômico e de estimulo a produção. Na Amazônia,
frente ao restante do país, o crescimento econômico foi tardiamente estimulado pelo
Governo Federal. O processo de desenvolvimento econômico da região Amazônica
ocorreu em momento posterior ao do restante do país, e de maneira distinta, sendo
estimulado pelo Estado à época com a intenção de manter a soberania nacional e
não propriamente de desenvolver as potencialidades econômicas da região. Nesse
sentido, as politicas públicas voltadas a desenvolver economicamente a Amazônia
Ocidental e no Amapá consistiram na renuncia tributária em favor do setor comercial.
Assim, Áreas de exceções foram criadas nos estados do Amazonas, Acre, Amapá,
Rondônia e Roraima. Em território Amapaense, especificamente nos municípios de
Macapá e Santana, foi criada e instalada a Área de Livre Comércio com renuncia fiscal
de impostos federais e estaduais. O modelo Zona Franca de Manaus é um importante
Polo Industrial brasileiro, onde politicas públicas de desenvolvimento cientifico-
tecnológico tem sido aplicada através da oferta de incentivos e estímulos à aplicação
de recursos em projetos de P&D. Neste texto pretendemos refletir sobre os reflexos e
a eficiência da concessão de incentivos tributários às empresas comerciais no
fomento à economia local.

Palavras-Chaves: Desenvolvimento Econômico, Incentivos Fiscais, Área de Livre


Comércio.

1. INTRODUÇÃO

O desenvolvimento econômico é um termo amplo e subjetivo, almejado


por todas as nações, tem sido exaustivamente estudado ao longo dos séculos por
diversos economistas, nesse sentindo cada pensador, ao logo dos anos, abordou de
maneira particular os fatores econômicos inerentes à realidade por ele vivida naquele

287
momento histórico para compreender e sugerir as condições que favoreceriam o
desenvolvimento econômico.

O Espaço econômico regional é dinâmico, modificando-se constante


por uma série de razões. As mudanças estruturais ocorridas nas últimas décadas no

norte do Brasil ocorreram principalmente através de politicas publicas em


investimentos produtivos, em infraestrutura, e de concessão de incentivos fiscais.

Dentre os projetos econômicos voltados à região norte do país,


destaque para a criação e instalação de áreas de regime tributário diferenciado como

a Zona Franca de Manaus (ZFM) projeto de constituição de Polo Industrial e


investimento em Tecnologia. Também as Áreas de Livre Comércio (ALC) e mais

recentemente a Zona Franca Verde (ZFV), projetos instituídos objetivando o


crescimento econômico e consequente desenvolvimento da região Amazônica.

Este trabalho busca apresentar e discutir as políticas públicas de


desenvolvimento econômico na região Amazônica, a lei de informática e a relação

com a Zona Franca de Manaus. No âmbito local o destaque é a área de exceção


tributária em funcionamento nos municípios de Macapá e Santana no estado do

Amapá, e a concessão de incentivos tributários. Dessa maneira, através de uma


narrativa descritiva pretendemos refletir sobre a politica de concessão de benefícios

tributários e o fomento a economia local.

2. CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO NA AMAZÔNIA

Podemos notar que o pensamento econômico ao longo dos séculos se

modificou de acordo com o meio e com as crises econômicas que refletiam no


crescimento e desenvolvimento. O conceito de crescimento e desenvolvimento

econômico não foi unanime ao longo da história e ainda hoje não é. Cada pensador
econômico destacado, ou se opõe ao modelo ou escola anterior, ou ainda acrescenta

novas variáveis e aspectos pertinentes, muitas vezes baseados em crises econômicas,


ou ao momento histórico por ele vivido. Nota-se ainda, que muitos desses autores se

288
dedicaram a desenvolver teorias que justificassem o crescimento econômico, ou
ainda que explicassem como seria possível alcançar o desenvolvimento das nações.

Para Bresser-Pereira (2008), a teoria econômica do desenvolvimento


econômico, como ramo da economia, surgiu nos anos de 1940 em meio à crise do

pensamento neoclássico e estuda o desenvolvimento econômico. Bresser-Pereira


(2008) nesse contexto explica que para Schumpeter o verdadeiro desenvolvimento

vai muito além da evolução da renda per capita, mas ocorrem modificações
estruturais na economia, nesse contexto, os economistas neoclássicos propuseram

uma divisão entre teoria do desenvolvimento e teoria do crescimento econômico.


Portanto, para Schumpeter os componentes do desenvolvimento econômico são a

inovação tecnológica, o acesso ao crédito e o investidor inovador.


Os conceitos de crescimento econômico e desenvolvimento econômico

e seus desdobramentos se apresentam no cenário econômico de qualquer País,


Estado ou região. Estes têm sido amplamente discutidos ao longo da história

econômica mundial por diversos autores, dentre as principais abordagens, há autores


que expõem semelhanças que possam vir a existir, outros são taxativos em afirmar

que são conceitos diferentes, e outros ainda que assegurem serem termos
complementares.

No ano de 2004 Furtado ressalta que o aumento do Produto Interno


Bruto (PIB) per capita isoladamente, apenas representava o poder e privilegio das

elites e uma falsa sensação de modernização.

Dispor de recursos para investir está longe de ser condição suficiente para
preparar um melhor fruto para população. Mas quando o projeto social
prioriza e efetiva melhoria das condições de vida dessa população, o
crescimento se metamorfoseia em desenvolvimento (FURTADO, 2004, p.486).

O crescimento econômico pode ser caracterizado pela variação positiva


do PIB ao comparar um período a outro e ocorrer variação positiva. Para Gremaund
(2005), o desenvolvimento econômico produz impacto positivo no produto nacional,

289
crescimento do PIB per capita e pode ser observado nos diversos setores da
economia, todavia ressalta que é um erro observar um ano isoladamente, ao

contrário, o indicador que mede a queda nos níveis de pobreza e melhoria nas
condições básicas de vida da população local, devem ser ter crescimento exponencial

ao longo de vários anos.


Nesse sentido, o processo de transformação, para se atingir o objetivo

que é o desenvolvimento precisa ser automático, por que deve gerar a partir de si
mesmo. E necessário, pois o reinvestimento por parte das empresas se torna questão

de sobrevivência. E autônomo, pois dentro do processo há fatores necessários para


perpetuar o ciclo de desenvolvimento.

A teoria schumpterianana do desenvolvimento juntamente com a teoria


dos polos tem relação pela ação da indústria motriz com suas inovações

tecnológicas. Porém, sabemos que nem todas as regiões conseguem promover


politicas de atração às indústrias motrizes, inovadoras e de grande dimensão.

Acreditamos que seja preciso a existência de uma rede interindustrial relativamente


integrada para que a unidade motriz encontre na área os insumos de que necessita,

caso contrário os custos de transporte sobre produtos e insumos lhe retirariam a


competitividade.

Para Fochezzato (2010, p. 174) o formato de aglomeração de indústrias


em distritos enfatiza a intima relação existente entre as esferas econômica, política e

social. Dessa forma a interação entre as esferas, pois o desempenho do distrito


depende do desempenho econômico, social e institucional.

O Brasil década de 1950 a teoria dos polos de crescimento amplamente

difundida, como fruto, gerou politicas publicas como o Plano de Metas no Governo
Juscelino Kubitschek. A concentração do investimento público e estrangeiro na área

central criaria economias externas; assim, evitou-se a dispersão territorial dos


investimentos, para não enfraquecer seus efeitos de encadeamento (CAMPOS, 1952).
Acredita-se que o desenvolvimento de determinada região, por menos
que seja, passa por um processo de organização interna, por mobilização das forças

290
locais, formadas pelos empresários existentes e potenciais, universidades, prefeituras,
secretarias de Estado e demais órgãos públicos vinculados à questão regional. E a

promoção de ações integradas, inclusive que partam de baixo para cima, com a
criação de pequenas e médias unidades inovadoras, vinculadas à realidade de cada

espaço sub-regional, sendo apoiadas pelo setor público para que possam reinvestir
seus ganhos e gerar cada vez mais produtos e processos inovadores.

O conhecimento e a inovação se apresentam como pontos pertinentes


de ser agregada a discussão do processo de desenvolvimento de uma nação.

Inovação no modo de pensar, no governar, de produzir, gerir e desenvolver


processos. Para Arbix, o conhecimento, ao longo da história se mostrou fundamental

para o avanço do desenvolvimento das sociedades. A geração de conhecimento, o


investimento em inovação e pela Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) têm recebido

maior atenção das nações que buscam soluções para o alcance do desenvolvimento,
com alocação de vultosos recursos para a área em questão. (ARBIX, 2010)

Portanto como já posto, os conceitos de desenvolvimento econômico e


crescimento econômico não se confundem. Todavia para que o desenvolvimento

aconteça o crescimento econômico deve existir, logo, o desenvolvimento econômico


ocorre com crescimento econômico continuado em longo prazo e mudança na

estrutura do sistema econômico com um todo. Este último, diante de sua


complexidade, representa aumento dos fatores de produção, crescimento da

população, aumento da produtividade através de avanços tecnológicos, além de


investimento na qualificação profissional dos trabalhadores, melhora nas condições

de vida e saúde da população.

Na região Amazônica o processo de desenvolvimento das


cidades e do sistema econômico em relação às demais regiões do país foi tardio e

com forte condução do Governo Federal. Prova disso, dentre outros, que até o ano
de 1988 os territórios dos hoje estados dos do Amapá, Rondônia e Roraima eram
administrados diretamente pela união.

291
O Estado no seu papel institucional associado a crescente intervenção
na economia e no território, inicia o processo de ocupação na Amazônia. Becker

(2001) considera que o planejamento regional teve sua fase inicial com a implantação
do ‘Estado Novo’ por Getúlio Vargas (1930 – 1960), na ocasião teve característica

muito mais discursiva que ativa.


Com a constituição de 1946 foi criado o Plano de valorização da

Amazônia, mas em 1950 com a posse do então presidente da republica Getúlio


Vargas, foi restabelecida a questão do desenvolvimento da Amazônia e para isso foi

criada uma comissão técnica Administrativa para estudar os assuntos relacionados ao


processo de desenvolvimento da região.

O Professor Porto (2005) destaca que quando da criação do SPVEA,


‚como política de ocupação territorial e o uso do potencial de seus recursos naturais,

é sugerida uma nova diretriz, a valorização, a qual é possível identificar a instalação


dos Territórios Federais como a semente desta diretriz‛. O Chamado período de

Valorização Econômica da Amazônia se inicia no ano de 1953 e se estende até 1966.


A partir desse período se pode perceber a condução do Estado nas politicas públicas,

inclusive de infraestrutura, a fim de proporcionar condições ao desenvolvimento


econômico da região Amazônica.

3. POLITICA TRIBUTÁRIA DE CONCESSÃO DE INCENTIVOS FISCAIS NA AMAZÔNIA

Foi à necessidade de unificar o mercado nacional, em paralelo ao


avanço da industrialização que despertou o intuito de abertura da região norte do

país. Na Gestão de Kubitschek que ações de fato efetivas iniciam as obras de


modernização na região, como a implantação das Rodovias Belém-Brasília e Brasília-

Acre. Contudo, somente entre 1966-1985 que se deu o planejamento regional através
de estratégias coordenadas que permitiram acelerar a ocupação da região.

RADAM (Reconhecimento da Amazônia), foi um projeto criado em


meados dos anos de 1970, pretendia mapear as potencialidades da região

Amazônica, sobretudo no que diz respeito à exploração de seus recursos naturais,


292
uma vez que a questão ambiental nessa época não era um fator considerado. Nesse
período a de se destacar a criação dos projetos Carajás no Pará e Jari no Amapá.

Os novos projetos em andamento na região da Amazônia provocaram o


expressivo aumento na demanda por energia elétrica. A resposta do Governo Federal

a essa demanda por energia elétrica foi à construção de hidroelétricas como de


Ferreira Gomes no Amapá, de Tucuruí no Pará e Balbina no estado do Amazonas,

este ultimo atualmente atende exclusivamente o PIM – Polo Industrial de Manaus.


Além disso, instituições que já existiam foram modernizadas para apoiar

o projeto de desenvolvimento da região norte. O Banco de Credito da Borracha, em


1966 passa a ser o Banco da Amazônia (BASA), presente até os dias atuais na região.

E o SPVEA – Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia,


criado em 1953 foi substituído pela Superintendência de Desenvolvimento da

Amazônia (SUDAM) em 1966. Nessa mesma década é criada a Zona Franca de


Manaus, atualmente Polo Industrial de Manaus.

Os Projetos Calha Norte e SIVAM (Sistema de Vigilância da Amazônia)


foram criados pelo governo federal, e têm por objetivo a fiscalização e defesa das

fronteiras internacionais do país, contudo, além da defesa da soberania combate ao


desmatamento ilegal e o trafico de entorpecentes. O Projeto Calha Norte é

conduzido pelo Exercito nacional e a Aeronáutica, têm esse nome por estar localizado
na calha norte do Rio Amazonas e Solimões. Já o projeto SIVAM tinha por objetivo

inicial o monitoramento através de satélites da região Amazônica.


Nos anos 2000, o Governo Federal Brasileiro criou a Politica Nacional de

Desenvolvimento Nacional (PNDN) para a Amazônia. De acordo com a SUDAM

(2016), os instrumentos utilizados pelo PNDN são Incentivos Fiscais (IF), o Fundo de
Desenvolvimento da Amazônia (FDA), e o Fundo Constitucional de Financiamento do

Norte (FNO).
Quanto ao aspecto econômico dos projetos na Amazônia, as ações e
esforços do Governo Federal em incentivar o desenvolvimento da região, foram
concebidos o projeto das Áreas de Livre Comércio na Amazônia Ocidental e no

293
Amapá. Este último apesar de estar localizado na Amazônia oriental tem extensa área
de fronteira internacional. Todavia antes da criação das áreas de livre comércio.

Vale ressaltar o projeto da Zona Franca Verde voltado para as


agroindústrias. O Governo Federal concede incentivo para produção industrial nas

Áreas de Livre Comércio aos projetos que se utilizam de matéria prima da região
Amazônica e prevê a isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

A primeira experiência com o livre comércio no Brasil foi com o porto


livre no Amazonas. O Governo Federal no uso de usas atribuições cria em 06 de

Junho de 1957 a Lei 3.173 a Zona Franca na cidade de Manaus (ZFM), a princípio com
características exclusivamente comerciais. Alguns anos depois, por meio do

reformulado Decreto-Lei Nº 288, de 28 de fevereiro de 1967, institui área de exceção


fiscal, estabelece a ampliação dos incentivos para implantação criação de um Polo

Industrial, comercio de produtos importados e agropecuários no Amazonas. O


Decreto-Lei Nº 291 de 1967 define a Amazônia Ocidental, que se estende pelos

Estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima. No ano seguinte os benefícios da


Zona Franca foram estendidos a toda Amazônia Ocidental por meio do Decreto Lei

Nº 356/68. Esse modelo passou quatro fases até a chamada fase atual a partir de
2003. (SUFRAMA)

A primeira fase entre 1967 a 1975 coincide com o período do regime de


economia fechada do Brasil, caracterizaram-se pela predominância da atividade

comercial de produtos importados, sem limite de importação de produtos, sendo a


exceção às armas e munições, fumos, bebidas alcoólicas, automóveis de passeio e

perfumes.

A segunda fase se entendeu de 1975 a 1990, nessa fase foram


estabelecidos, limites máximos globais anuais de importação (contingenciamento),

são delimitados Índices Mínimos de Nacionalização para produtos industrializados na


ZFM, e os incentivos do modelo ZFM são estendidos para a Amazônia Ocidental.
A terceira fase, dos anos 1991 a 1996, essa fase é marcada pela abertura
da economia brasileira, fato que resulta na perda de relevância do comércio de

294
importados em Manaus, que deixou de ter a exclusividade das importações como
vantagem comparativa; o Polo Industrial de Manaus passa a adotar o Processo

Produtivo Básico (PPB), em substituição ao Índice Mínimo de Nacionalização; as


indústrias ficaram obrigadas a implantar normas técnicas de qualidade, conforme

padrões de entidades credenciadas pelo Instituto nacional de Metrologia,


Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO); nessa fase também é criada a Área

de Livre Comércio de Macapá-Santana, no Amapá, únicos municípios da Amazônia


Oriental que integram a área de jurisdição da SUFRAMA.

Entre 1996 a 2002 a quarta caracterizou-se pela inclusão da função


exportação como política intencional, também a criação do Centro de Ciência,

Tecnologia e Inovação do Polo Industrial de Manaus (CT-PIM); incentivo a criação de


um polo de bioindústrias na Amazônia e a implantação do Centro de Biotecnologia

da Amazônia.
A partir de 2003, essa fase fica marcada inicialmente pela Política de

Desenvolvimento Produtivo (PDP), que previa maior eficiência produtiva e capacidade


de inovação das empresas e expansão das exportações. Em 2006, o Decreto 5.906, de

26 de setembro de 2006 prorroga os incentivos fiscais para o setor de informática e


automação até 2019. Nessa fase também é definida o Processos Produtivos Básicos

(PPBs) para produtos fabricados no Polo Industrial de Manaus (PIM) é orientada pelo
maior adensamento de cadeias produtivas nacionais, inclusive dos biocosméticos.

(SUFRAMA, 2018).
As politicas públicas de incentivo ao desenvolvimento industrial têm

como ponto fundamental a promoção de absorção de tecnologia e assim diminuir a

dependência tecnológica estrangeira. Nesse sentido, foi criada a Politica Nacional de


Informática (PNI), que a principio surgiu pelo interesse de capacitar tecnologicamente

à área militar brasileira, principalmente a marinha brasileira.


O Plano Brasil Maior, criado em 2011, foi um importante plano para
contribuir com a politica industrial, tecnológica e de comércio exterior, através de
concessão de incentivos a inovação tecnológica, transferência de conhecimento e

295
agregação de valor, tinha por objetivo aumentar a competitividade da indústria
brasileira.

O artigo 213, parágrafo segundo da Constituição Federal de 1988


explicita que cabe ao Estado em promover diretrizes para a Pesquisa e

Desenvolvimento cientifico-tecnológicas no Brasil. É de responsabilidade do


Conselho nacional de Ciência e Tecnologia (CNCT), estabelecer ações para promoção

de Politica nacional para o desenvolvimento cientifico-tecnológico. Órgão vinculado


ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI) criado em

1996, atualmente é presidido pelo Presidente Temer voltou a ter reuniões em 2017 e
voltou a liberar recursos para desenvolvimento de projetos de pesquisa selecionados.

Dessa maneira, cabe ao Estado criar mecanismos e ações em prol do


desenvolvimento cientifico-tecnológicas por meio também de universidades públicas

e institutos especializados, assim dar suporte às instituições e empresas privadas a


desenvolverem projetos de Pesquisa e Desenvolvimento cientifico.

Como descrito no parágrafo anterior a Tríplice Hélice se completa


quando instituições de pesquisa, públicas e privadas participam do processo de

recepção de conhecimento e formação de novas tecnologias na indústria e


contribuem para criação de novos produtos utilizando tecnologia própria como

propõem, visando o desenvolvimento local.


A Lei 7.232 de 29 de outubro de 1984 dispõe sobre a Politica nacional

de informática, tem por objetivo promover capacitação nas atividades de informática,


por conseguinte gerar desenvolvimento tecnológico, econômico, social e politico

através de ações governamentais coordenadas de estimulo das atividades de

informática.
Segundo a Lei de Informática, se considera atividade de informática às

diretamente vinculadas ao tratamento e automação da informação. Além da


prestação de serviço de informática em si, inclui também atividade de
desenvolvimento, produção, importação e comercialização de componentes

296
eletrônicos, software, insumos, partes e peças de máquinas e equipamentos de
informática.

Apesar da Lei de Informática ter sido promulgada, era apática, pois não
havia base, como mão de obra especializada, além disso, havia a dificuldade da

transferência de conhecimento pelas empresas estrangeiras às indústrias nacionais.


Por outro lado, a maioria das empresas teve de desenvolver as atividades com

financiamento próprio, nem suporte governamental. Essa falta de apoio institucional


e de politicas efetivas para o complexo eletrônico gerou tensões e disputas politicas,

comprometendo a implantação da PNI.


Segundo Arbix (GRILICHES, 1979 apud ARBIX 2010, p. 171) advertiu que

as empresas, ainda que no início, são dependentes de apoio externo para promover
o processo de produção de conhecimento, mas têm suas atividades gradativamente

transformadas ao fornecer conhecimento como input para as iniciativas de inovação.


Com o objetivo de se adequar a nova realizada após o fim da reserva de

mercado no inicio da década de 1990, o Planalto promulga a Lei 8.248 de 23 de


outubro de 1991, a chamada ‘nova’ Lei de informática, que buscava regulamentar e

conceder capacidade e competitividade através de incentivos ao setor de informática.


Na Amazônia, a Lei de informática é regulamentada através da Lei nº

8.387, de 30 de dezembro de 1991. Têm como prerrogativa que todas as empresas


beneficiadas, que produzem bens e serviços de informática na Zona Franca de

Manaus, invistam por ano, o percentual mínimo de cinco por cento de seu
faturamento bruto obtido no mercado interno decorrentes da venda de produtos

incentivados, em atividades de pesquisa e desenvolvimento, esse projetos devem ser

realizados na Amazônia, previamente submetidos e aprovados pela Superintendência


da Zona Franca de Manaus – Suframa.

O que se observou nos anos seguintes uma grande procura, e inúmeras


empresas interessadas em obter benefícios para produção de bens de informática na
ZFM. Essas empresas ao obterem os incentivos inerentes ao setor de informática
procrastinavam os investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Diante disso

297
o Governo Federal e a SUFRAMA disciplina o Decreto nº 6.008 de 29 de dezembro de
2006 e a Resolução nº 71 de 06 de maio de 2016 à obrigação das empresas no

cumprimento dos investimentos em P&D.


A SUFRAMA, que dentre outros, tem o papel de fiscalizar esses projetos

de investimento em Pesquisa e Desenvolvimento publicou a Portaria nº 219 de 04 de


julho de 2017 cria o Sistema de Acompanhamento, gestão e análise tecnológica –

SAGAT para que as empresas possam apresentar relatório de projetos em pesquisa e


desenvolvimento desenvolvidos pela empresa. Em 2016, eram cerca de 120 indústrias

que usufruíam dos benefícios concedidos pela Lei de Informática e utilizaram o


SAGAT para enviar à SUFRAMA os relatórios referentes aos projetos das pesquisas

em andamento.
As diversas legislações inerentes a Lei de Informática no Brasil e na

Zona Franca de Manaus são esforços do governo federal em promover politicas


publicas de desenvolvimento industrial, no setor de informática e eletroeletrônicos, a

intenção é a transferência de conhecimento e a produção de alta tecnologia


principalmente com o avanço da internet e telecomunicações. Também promover a

produção nacional, o aumento da competitividade empresarial no mercado interno e


incentivo a exportação de produtos brasileiros com tecnologia nacional.

3. A AREA DE LIVRE COMÉRCIO DE MACAPÁ E SANTANA

No contexto do desenvolvimento econômico do Amapá, segundo


(PORTO, 2003), a economia do Amapá, após sua estadualização se caracteriza pela

diversificação, houve a manutenção da atividade de exploração mineral, mas também

a expansão de rebanhos bubalinos, indústrias madeireiras, pesca e a instalação da


área de Livre Comércio de Macapá e Santana (PORTO; COSTA, 1999; PORTO, 2003).

Com a estadualização do Amapá, após a constituição de 1988, os


governantes locais se veem na posição de ter de formular seus próprios
planejamentos a fim de alcançar o desenvolvimento do território. Porto, 2003, nos faz
refletir também que o foco nos planos para o desenvolvimento do estado é

298
reajustado com a inclusão da valorização da questão ambiental, e o encerramento
das atividades de exploração mineral da Indústria e Comércio de Minérios S.A.

(ICOMI) no Amapá.
Em meio a esse cenário, na década de 1990, foi criada e instituída pelo

Governo Federal, nos municípios de Macapá e Santana a Área de Livre Comércio. O


objetivo principal era o comercio de produtos nacionais e importados na região, além

da possibilidade de importações e exportações de mercadorias com incidência de


impostos reduzida em comparação aos demais estados do país.

Portanto, dentro da politica tributária de incentivos à região Amazônica,


cada ALC foi instituída através de Lei Federal. No Amapá a ALCMS foi instituída

através da Lei Nº 8.387 de 30 de Dezembro de 1991, conforme o artigo décimo


primeiro:

Art. 11. É criada, nos Municípios de Macapá e Santana, no Estado do Amapá,


área de livre comércio de importação e exportação, sob regime fiscal
especial, com a finalidade de promover o desenvolvimento das regiões
fronteiriças do extremo norte daquele Estado e de incrementar as relações
bilaterais com os países vizinhos, segundo a política de integração latino
americana (BRASIL, 1991).

Efetivamente em funcionamento a partir de Março de 1993, e conforme

o artigo acima citado o Governo Federal pretendia promover desenvolvimento


regional dos municípios de Macapá e Santana, manter a população local nessa região

e fomentar o comércio local e se possível com os países vizinhos.


A Área de Livre Comércio de Macapá e Santana (ALCMS) situada no

estado do Amapá, parte Oriental da chamada Amazônia legal, e as margem do Rio


Amazonas. Segundo Porto (2005) a ALCMS ‚ocupa 85 km² dos perímetros urbanos

de Macapá e Santana e beneficia a comunidade empresarial, como também, cria


áreas de expansão para o comércio, indústria e serviços desses municípios‛ (PORTO,

2005, p.20).

299
Geograficamente, foram definidos os limites da ALCMS no artigo 2º do
Decreto nº 517 de 08 de maio de 1992, que regulamenta a área incentivada. Todavia,

em dezembro de 2005, o Decreto nº 5.624, dá nova redação ao artigo 2º do Decreto


nº 517/1992. Assim, de acordo com a nova redação, ALCMS fica configurada pelos

limites da área do Município de Macapá, de 6.562,4 km², e dos limites do município


de Santana, de 1.599,7 km². Dessa maneira, esse dispositivo legal, explicita que

somente as empresas estabelecidas nesses municípios poderão pleitear os incentivos


tributários inerentes à ALCMS.

A nova redação do artigo 2º do Decreto Nº 517/1992, incisos I e II,


define detalhadamente os limites da área beneficiada:

Art. 2o A Área de Livre Comércio de Macapá e Santana - ALCMS, no Estado


do Amapá, objetivando coincidir os perímetros municipais com as poligonais
das áreas incentivadas, fica configurada pelos seguintes limites: (Redação
dada pelo Decreto nº 5.624, de 2005).

I - a área do Município de Macapá, de 6.562,4 km2, limitando-se ao


Norte com os Municípios de Ferreira Gomes, Cutias do Araguari e Itaubal do
Piririm, ao Sul com o Município de Santana, a Oeste com o Município de
Porto Grande e a Leste com o Rio Amazonas; e (Incluído pelo Decreto nº
5.624, de 2005).

II - a área do Município de Santana, de 1.599,7 km2, limitando-se ao


Norte com os Municípios de Macapá e Porto Grande, ao Sul e a Oeste com o
Município de Mazagão e a Leste com o Rio Amazonas. (Incluído pelo
Decreto nº 5.624, de 2005). (BRASIL, 1992).

Ainda no Decreto Nº 517/1992, o prazo de validade previsto era de 25


anos para a Área de Livre Comercio de Macapá e Santana, esse prazo se encerraria no

ano de 2017. Todavia, esse prazo foi prorrogado até o ano de 2050 através da Lei
13.023 de 08 de Agosto de 2014, Art. 3º. (Brasil, 1992).

O Decreto Nº 517 de 08 de Maio de 1992 regulamenta o art. 11


da Lei 8.387 de 30 de dezembro de 1991, esse decreto dispõe sobre a extensão da

área incentivada. Importante destacar que os incentivos tributários concedidos à Área


de Livre Comércio de Macapá e Santana (ALCMS), correspondem a impostos de

competência da União e dos Estados, cujo fato gerador é as remessa de mercadorias,


300
sejam para comercialização ou máquinas e equipamentos destinados ao ativo
imobilizado. Cada incentivo tributário possui um marco regulatório, que a seguir

serão descritos.
O Decreto 517/1992 também regulamenta e isenta o Imposto de

Importação (II), o Art. 5º dispõem que vendas de mercadorias nacionais ou


nacionalizadas efetuado por empresas localizadas fora da ALCMS para empresas

incentivadas ali localizadas são equiparadas a exportação. (Brasil, 1992).


O esquema 1 descreve através de um roteiro cronológico os

dispositivos legais referentes às concessões de incentivos tributários da Área de Livre


Comercio de Macapá e Santana no estado do Amapá.

Esquema 1 – Evolução, contextualização e perfil dos incentivos fiscais administrados


pela SUFRAMA

1991
1992
Lei nº 8.387 de
30 de 2009
dezembro de Decreto nº 517
1991 (Lei de de 08 de maio 2010
de 1992 Decreto nº
Informática da 6.759, de 5 de 2014
ZFM cria a (Regulamentaç Decreto nº
ão da fevereiro de
ALCMS 2009 7.212 de 15 de
ALCMS). junho de 2010 Lei nº 13.023
(Regulamenta de 8 de agosto
IPI vinculado a –
(Regulamenta de 2014
mercadoria (Prorrogação e
estrangeira) o IPI
Vinculado a uniformização
compra dos prazos das
nacional) ALC`S)

Fonte: Adaptado de SUFRAMA (2018).

O Convênio ICMS 52/92 estende a ALCMS os benefícios do ICMS

contidos no Convênio ICMS 65/88, trata-se da isenção do Imposto sobre Circulação


de Mercadorias e Serviços (ICMS).

301
Com relação às contribuições do PIS e COFINS, essas têm reduzida a
alíquota a zero conforme art. 2º, parágrafo 3º da Lei 10.996/2004. O Imposto sobre

Produtos Industrializados (IPI) é isento conforme Decreto 7.212/2010, Art. 99. Esse
conjunto de lei que a principio pode parecer complexo trata-se de renúncia fiscal

tributária do Governo federal e convênio ICMS entre os estados.


E quanto ao IPI, o imposto é isento conforme Decreto 7.212/2010, Art.

99. Esse conjunto de lei que a principio pode parecer complexo trata-se de renúncia
fiscal tributária do Governo federal e convênio entre os estados. O Quadro 1 sintetiza

os incentivos fiscais comtemplados pelas Áreas de Livre Comércio, demonstrando os


tributos incentivados, os dispositivos legais, e a abrangência quanto às operações de

aquisição de mercadorias de origem nacional.

Quadro 1 - Impostos e base legal vigente na aquisição de mercadorias para ALCMS

TIPO DE OPERAÇÃO TRIBUTO ALCMS LEGISLAÇÃO

Remessas oriundas ICMS Isenção Convenio ICMS 52/1992


do Mercado IPI Isenção Decreto 7.172/2010
Nacional (Destinadas
a revenda, consumo PIS/COFINS Alíquota zero Lei 10.996/2004, Art. 2º.
ou ativo
imobilizado) II Isenção Lei 8.387/91, art. 11 § 2º
Decreto 6.759/2009, art.
II Isenção
524 e 525

Importação IPI Isenção Decreto 7.172/2010


(revenda, insumo e
Tributado
ativo imobilizado) PIS/COFINS Lei 10.996/2004
Integralmente
Tributado Decreto Estadual
ICMS
Integralmente 2.269/1998, Art. 12
Fonte: Adaptado pela autora (2018).

Conforme descrito acima às remessas de mercadorias destinadas a

comercialização ou na aquisição de máquinas e equipamentos destinados ao ativo


imobilizado são isentas de ICMS quando destinas a ALCMS. Todavia, segundo o

Convênio ICMS 65/88 é garantido os créditos de ICMS como se tributados tivessem


sido, esse crédito é chamado de crédito presumido.

302
Continuando a questão ao incentivo do ICMS, na aquisição
interestadual de produtos industrializados de origem nacional, crédito presumido

será 7% das mercadorias vindas dos estados da região Sul e Sudeste e 12% oriundas
dos estados do Norte, Nordeste, Centro Oeste e do Espirito Santo. E conforme o

Convênio ICMS 71/11 garante a permanência do credito do ICMS mesmo nas


remessas isentas das mercadorias às áreas de livre comércio.

Vale ressaltar também que conforme Convênio ICMS 65/88, clausula 1º,
parágrafo 2º o valor do ICMS que seria devido na operação será abatido do valor da

mercadoria na venda incentivada a ALCMS:

Para fruição do beneficio previsto nesta clausula, o estabelecimento


remetente deverá abater do preço da mercadoria o valor equivalente ao
imposto que seria devido se não houvesse a isenção indicado expressamente
na nota fiscal (BRASIL, 1988).

Ainda referente ao ICMS, o Convênio ICMS 65/88, na clausula 1º,

parágrafo 1 excluí a hipótese do incentivo tributário as mercadorias citadas a seguir,


ainda que destinadas a comercialização ou ativo imobilizado: a) armas e munições; b)

perfumes; c) fumo; d) bens de informática; e) bebidas alcóolicas e f) automóveis de


passageiros.

A operação de compra de mercadorias para origem nacional para à área


de livre comércio é considerada envio à área de exceção, por isso possuem regime

tributário diferenciado. Dessa maneira, a emissão da Nota Fiscal (NF) pelo fornecedor
à cliente incentivado localizado na ALCMS deve possuir código fiscal de operações e

prestações (CFOP) diferenciado, explicitando o envio à área incentivada, nesse


sentido serão utilizados os códigos específicos à saber: CFOP 6109 – Venda de

produção própria do estabelecimento, destinada à ZFM ou ALC; ou o CFOP 6110 -


Venda de mercadoria adquirida ou recebida de terceiros, destinada à ZFM ou ALC.

(BRASIL, 1970).

303
Cabe a Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA)
cadastrar as empresas e habilitá-las afim de que essas possam usufruir dos incentivos

fiscais inerentes à Zona Franca de Manaus e Áreas de Livre Comércio conforme


Resolução CAS Nº 62, de 12 de Julho de 2000. A Portaria Nº 167 de 13 de Julho de

2005 concede as microempresas e empresas de pequeno porte regularmente


cadastradas junto a Suframa redução para zero do valor da taxa de serviço, quando

dos serviços prestados públicos pela SUFRAMA.


A ALCMS conforme foi constituída e instalada possui escopo

essencialmente comercial, mercadorias nacionais e importadas, desde que


consumidas e/ou comercializadas na área beneficiada.

Assim, através da ALCMS, as operações incentivadas de mercadorias


vindas das demais regiões do país possibilita aos empresários do estado do Amapá

um custo de aquisição de produtos compatíveis com o restante do Brasil,


minimizando os altos custos logísticos de enviar mercadorias à região norte, quando

comparado com as operações nas demais regiões do país.


Todavia, não se pode deixar de chamar atenção para a questão de que,

os incentivos tributários, em particular do ICMS concedidos às áreas de livre comércio


são financiados pelos demais Estados da federação, pois o desconto do ICMS,

inerente a remessa incentivada e o crédito presumido correspondem ao não


recolhimento desse imposto ao Estado de origem da mercadoria. Isso justifica a

necessidade de aprovação de todos os Estados da federação e o Distrito Federal,


através do Conselho Nacional de Politicas Fazendárias (CONFAZ) para concessão da

isenção do ICMS às Áreas de Livre Comércio.

A redução do custo de aquisição inerente aos incentivos tributários


sobre mercadorias adquiridas no mercado nacional e internacional deveriam ser

repassados ao preço dos produtos comercializados na área de livre comercio de


Macapá e Santana no Amapá, dessa maneira o principal beneficiário é a população
local, que pode ter o custo de suas necessidades básicas reduzido. E apesar do custo

304
logístico, adquirir produtos com preços semelhantes ao dos demais estados da
região sudeste do país.

Em alguns casos, a redução total dos impostos ICMS, PIS e COFINS e IPI
pode chegar até 31,25% do custo da mercadoria. Todavia parte dessa redução é

absorvida pelo custo logístico. Dessa maneira, acredita-se que os benefícios fiscais
concedidos às empresas nas operações com mercadorias incentivadas contribuem

para reduzir os custos dos produtos comercializados na Amazônia, ou seja, estamos


falando aqui principalmente dos custos logístico rodoviário e fluvial, visto a distância

do norte do Brasil para os grandes centros produtivos do país.


Portanto, quando o custo com aquisição dos produtos para

comercialização se tornam competitivos ocorre o estimulo e o fomento ao mercado


local, consequentemente é tácito que a atividade comercial pode promove maior

numero de postos de trabalho e quando o empresário investe no negócio e a


população local consome os produtos ofertados, maior será a probabilidade do

crescimento econômico da região.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para análise do cenário da política tributária pautada nos incentivos


fiscais da ALCMS sob o viés da geração de condições de fomento ao

desenvolvimento econômico de Macapá e Santana a partir dos dados observados


neste estudo depreende-se que os impactos da existência de uma área de exceção

tributária podem ser sentidos em diversas áreas da economia e da sociedade


macapaense e santanense. Tal prerrogativa foi embasada no exercício das funções

desempenhadas pelo estado do Amapá que ao optar pela renúncia da arrecadação


de impostos, nas operações especificadas, em favor da região, assegurou para si, um

fundo de captação de recursos direto disponível para ser alocado em uma


diversidade de investimentos locais vinculados a metas de extensão do processo de

desenvolvimento dos referidos municípios.


305
Ao longo da narrativa do texto, percebemos que os conceitos de
crescimento econômico e desenvolvimento econômico são complementares. O

fomento da economia e a geração de empregos possibilita o aumento da renda per


capita que é primordial para o desenvolvimento econômico, pois o crescimento do

fluxo de renda real se converte em mudança no padrão da demanda da população, e


consequente aumento no padrão de vida para a população local.

Um dos princípios constitucionais é a promoção do desenvolvimento da


nação e a redução das desigualdades regionais. Entende-se que o objetivo do

governo federal, com a criação de uma área de exceção fiscal em cidades estratégicas
da região norte, era de justamente promover a redução da desigualdade entre as

regiões,
As intervenções do Estado foram perceptíveis ainda em relação ao norte

do Brasil, através dos projetos de desenvolvimento econômico liderados pela SUDAM


e SUFRAMA no âmbito regional na Amazônia Ocidental e no Amapá, chegando à

criação de áreas de exceção tributária com incentivo a industrialização no caso da


Zona Franca de Manaus e ao comércio no âmbito nacional e internacional com as

áreas de livre comércio.


Portanto, seria de extraordinária importância para a economia local, a

criação de estratégias para a promoção do desenvolvimento econômico, que


juntamente com a política de incentivos fiscais da Área de Livre Comércio de Macapá

e Santana, poderiam garantir uma melhoria significativa dos indicadores econômicos


e sociais de desses municípios. Assim, a utilização da estratégia de reduzir a carga

tributária dessas áreas, deveria ser associada a outras politicas publicas como o

incentivo a produção industrial para assim fomentar o desenvolvimento econômico


da região.

REFERÊNCIAS

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sociologia da USP, São Paulo, v. 22, n. 2, p. 167-185, nov. 2010.

306
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______. Decreto nº 356, de 15/08/1968. Disponível em:<http:www.planalto.gov.br>.


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______. Lei (Ordinária) nº 8.387, de 30 de Dezembro de 1991. Dá nova redação ao § 1°


do art. 3° aos arts. 7° e 9° do Decreto-Lei n° 288, de 28 de fevereiro de 1967, ao caput
do art. 37 do Decreto-Lei n° 1.455, de 7 de abril de 1976 e ao art. 10 da Lei n° 2.145,
de 29 de dezembro de 1953, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 31 dez. 1991. Disponível em: <
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______. Decreto nº 517, de 08 de Maio de 1992. Regulamenta o art. 11 da Lei nº 8.387,


de 30 de dezembro de 1991, e regula a Área de Livre Comércio de Macapá e Santana
- ALCMS. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo,
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308
MODELAGEM MATEMÁTICA APLICADA A PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO
AUDIOVISUAL EM CURSOS A DISTÂNCIA*

Nádia Fabrícia de Souza Marinho


Claudionor de Oliveira Pastana
Diego Armando Silva da Silva
Francisco Tarcísio Alves Junior

RESUMO:
Os materiais didáticos audiovisuais, são aulas produzidas em conjunto com os
professores, e gravadas em espaços apropriados, como estúdios e também, podem
ser gravadas nas próprias salas de aula, sendo necessário que existam profissionais
envolvidos que auxiliem na produção, no que se refere a aspectos como som, cenário
e iluminação e requer o envolvimento de profissionais de diferentes áreas, como
tecnologia e educação. Este método de ensino, embora apresente muitas vantagens,
também evidencia dificuldades para sua realização. Uma delas está relacionada ao
problema de distribuição de carga horaria, que corresponde à distribuição de
horários para gravação de aulas em um estúdio. Este trabalho aborda a modelagem
matemática aplicada ao problema de distribuição de grade horária de cursos de
educação a distância em um Instituto de ensino técnico no estado do Amapá. O
mesmo se desenvolveu em torno da produção de material didático audiovisual, ou
seja, as videoaulas, produzidas para subsidiar a Educação a Distância. O modelo foi
feito com base no problema de mochila. Assim, de posse do resultado sobre o
algoritmo, pode-se gerar resultados, propondo caminhos para a melhor tomada de
decisão em relação a situação proposta relativa à demanda por produção de
videoaulas e a capacidade de produção atual da instituição. Dessa forma, foi possível
se ter uma visão mais clara sobre a distribuição de grade horária para produção de
material didático audiovisual visando auxiliar no planejamento da instituição de
ensino.

Palavras-chave: Grades Horário, Pesquisa Operacional, Educação a Distância.

1 INTRODUÇÃO
A Modelagem Matemática pode ser definida como um processo

dinâmico, o qual é utilizado com a finalidade de se obter e validar modelos


matemáticos. Dessa forma, a mesma se constitui uma espécie de abstração e
generalização voltada à previsão de tendências. A modelagem pretende transformar

309
situações da realidade em problemas matemáticos em que soluções devem ser
interpretadas, segundo linguagem usual (BASSANEZI, 2014). Sendo esta uma, uma

importante ferramenta no estudo da Pesquisa Operacional, que é uma técnica, que se


destina a tomada de decisão, com o uso da modelagem matemática de problemas,

na busca de soluções ótimas aplicadas a uma determinada realidade (BARCELOS;


EVANGELISTA; SEGATTO, 2012).

A Pesquisa Operacional (PO) é uma área do conhecimento que


desenvolve métodos científicos de sistemas complexos, com a finalidade de

contribuir com a tomada de decisões estratégicas (CARDOSO, 2011). A PO pode


resolver problemas em diversas áreas, inclusive nas escolas ou universidades. Um dos

problemas comuns no âmbito educacional está relacionado aos problemas de


programação de grades horárias.

Podem ser encontrados na literatura, vários autores que escrevem sobre


o tema, em que destaca o artigo sobre a otimização na programação de horários de

professores/turmas com uso de modelo matemático e abordagem heurística e


método misto de Góes; Costa; e Steiner (2010), o estudo sobre o desenvolvimento de

um modelo de programação linear para o problema da construção de grades


horárias em universidades de Bucco; Bornia-Poulsen; e Bandeira, (2017), e o

trabalho de Spindler (2010), que propõe uma solução para problemas de horário
educacional, utilizando busca dispersa e reconexão por caminhos.

Nesse contexto, este trabalho, visa desenvolver um modelo


matemático relacionado à construção de grades de horários, otimizando a

utilização de tempo de produção de material didático audiovisual, mais

especificamente as videoaulas, em cursos à distância. A pesquisa foi realizada, a


partir da aplicação de modelagem matemática por meio dos dados levantados

em um dado instituto de ensino técnico do Amapá.


Este trabalho se volta para a Educação a Distância- EAD, por ter
despertado significativo interesse de vários grupos e instituições nos últimos anos.
Esse interesse é global e independe do grau de desenvolvimento social e econômico

310
dos países. Diante disso, várias intuições têm trabalhado no sentido de pensar
mecanismos para desenvolver a EAD da melhor forma possível, de modo a atender o

aluno de forma salutar, e garantindo a qualidade de cursos presenciais e também de


cursos a distância (MARINHO, 2016).

O conceito EAD, ultimamente está sendo amplamente discutido, em


virtude de sua grande expansão. Sobre isso, Niskier (2000) afirmou que EAD ao longo

dos anos tem se configurado como modalidade fundamental de ensino e


aprendizagem, que ocorre não somente no Brasil, mas no mundo inteiro. E se

caracteriza por alunos e professores separados por certa distância e tempo. Segundo
o mesmo autor, essa é uma modalidade que rompe paradigmas tradicionais, pois a

ideia dominante é de que só ocorre ensino quando há uma sala de aula tradicional
em que alunos e professores estão presentes fisicamente. Diferente do ponto de vista

arcaico, a sala de aula na EAD, são as plataformas de ensino, que disponibilizam


variados recursos, que possibilitam um ensino mais dinâmico, e adequado à visão

atual do aluno, que também está imersa a conceitos sobre tecnologia.


Um dos recursos mais importantes para este tipo de ensino é o

audiovisual. Este, dentre as várias possibilidades de uso, permite que as aulas dos
professores cheguem aos alunos por meio de vídeos. Segundo o MEC, define-se

material didático audiovisual como sendo vídeo, videoaula, videoconferência,


teleconferência, entre outros, e possibilita explorar imagem e som, estimulando o

aluno a vivenciar relações, assim como processos, conceitos e princípios. (BRASIL,


2007).

Dentro deste contexto, o material didático audiovisual, permite com

que o aluno experimente situações a partir da sua visualização. Assim, em virtude das
inúmeras vantagens relacionadas ao uso do material audiovisual na EAD, é cada vez

maior a demanda por produtos dessa natureza dentro de instituições que atuam
nessa modalidade. Assim, a videoaula, se apresenta como destaque na preferência
dentro deste contexto (BRASIL, 2007).

311
Os materiais didáticos audiovisuais, como as videoaulas, são aulas
produzidas em conjunto com os professores, e gravadas em espaços apropriados,

como estúdios e também, podem ser gravadas nas próprias salas de aula, sendo
necessário que existam profissionais envolvidos que auxiliem na produção, no que se

refere a aspectos como som, cenário e iluminação e requer o envolvimento de


profissionais de diferentes áreas, como tecnologia e educação.

Este método de ensino, embora apresente muitas vantagens, também


evidencia dificuldades para sua realização. Uma delas está relacionada ao problema

de distribuição de carga horaria, que corresponde à distribuição de horários para


gravação de aulas em um estúdio (MARINHO, 2016).

SegundoBucco; Bornia-Poulsen; e Bandeira(2017), a grade de horário é


um problema que mobiliza uma quantidadeimportante de pessoas, tempo e esforço,

e que se constitui em uma das mais importantes tarefas administrativas de


instituições. Nesse sentido, cabe neste trabalho compreender a questão que gira em

torno de: como distribuir a tempo das grades horárias de produção de vídeo aulas,
levando em consideração as variáveis e fatores restritivos?

Assim, por exemplo, em um cenário em que se tem apenas um estúdio


para atendimento referente as gravações de aulas de todos os professores da EAD, é

preciso organizar de forma adequada, as gravações das aulas demandadas. E isso


requer uma análise de todas as variáveis e restrições referentes ao problema, que

envolve aspectos técnicos, didáticos e operacionais.

2. MATERIAIS E MÉTODO

O estudo foi realizado em um Instituto de ensino técnico no estado do


Amapáno município de Macapá, onde se realizou o estudo para o primeiro semestre

de 2018, por meio da modelagem matemática da distribuição de grades horárias,


delimitando-se o processo de produção audiovisual relacionado ao ensino a
distância.

312
Os dados quali-quantitativos necessários para formulação da
modelagem matemática foram obtidos por meio de documentos da instituição de

ensino, bem como de dados disponíveis no site da instituição. Além disso, também
foram obtidos dados in loco, a partir da observação das atividades de produção

realizadas na instituição. Nesse sentido, a partir da obtenção e análise dos dados, e


desses documentos junto a instituição tais como Planos Pedagógicos dos Cursos

ofertados em EAD e Projeto de Extensão para Produção de Material Didático


Audiovisual para EAD, foi possível extrair os dados sobre os cursos, e disciplinas a

serem gravadas, bem como sobre a metodologia de trabalho da instituição no que se


refere a produção de videoaulas para estes cursos.

Os dados levantados no site da instituição pesquisada revelaram que a


instituição trabalha atualmente com 4 cursos a distância, Técnico em segurança do

trabalho, Técnico em Manutenção e Suporte em Informática, Técnico em Informática


para a Internet, e Técnico em Serviços Públicos. E a sua Carga Horária é distribuída

em 3 ou 4 módulos de estudo, os quais foram devidamente organizados em seus


Planos Pedagógicos dos Cursos. Além disso, foi possível verificar na pesquisa

documental por meio do Projeto de Extensão para Produção de Material Didático


Audiovisual para EAD da instituição, que a produção de videoaulas da mesma, é

realizada com base em uma metodologia especifica, a qual usa critérios relacionados
a aspectos pedagógicos, técnicos e operacionais, e que também se baseia nas

normas e regulamentações da própria instituição. Com relação as observações que


foram realizadas na instituição, verificou-se que a rotina de trabalho relacionada a

produção, depende diretamente dos recursos produtivos presentes na mesma, tais

como profissionais especializados e equipamentos de trabalho (câmeras, microfones,


etc), e portanto, com esta visão de trabalho em loco, pode-se compreender melhor

que os aspectos sobre a jornada de trabalho dos profissionais envolvidos e até a


quantidade de equipamento disponíveis na instituição influenciaram diretamente na
organização da sua metodologia de trabalho.

313
Assim, a partir da obtenção dos dados, os mesmos foram organizados
de forma a possibilitar o desenvolvimento do trabalho e a modelagem do problema.

Levando em consideração as disciplinas elencadas no primeiro modulo dos cursos


relacionados nessa pesquisa. Além disso, a pesquisa levou em consideração aspectos

relativos a metodologia de trabalho atualmente realizada pela instituição pesquisada,


que envolve o seu processo produtivo audiovisual.

Nesse contexto os dados levantados levaram as etapas seguintes de


desenvolvimento deste trabalho, e possibilitou, desta forma o desenvolvimento do

modelo matemático, bem como a sua implementação computacional, e


consequentemente a análise e discussão dos resultados.

O problema proposto visou otimizar recursos em torno da produção de


videoaulas, para atender a cursos à distância da melhor forma possível, levando em

consideração as especificidades inerentes ao problema. E buscou encontrar a melhor


distribuição possível para construir uma grade de horário que atendesse as

necessidades de produção dos cursos técnicos e que fossem adequadas aos recursos
disponíveis na instituição. Desse modo, entende-se que a função objetiva deve ser

alcançada, de acordo com as premissas e restrições existentes no problema, de forma


atender a necessidade da instituição como um todo.

Assim, o modelo foi feito para propor uma distribuição de carga horária
dentro de um espaço de tempo determinado e se realizou com o objetivo de

maximizar o uso da grade horária disponível para a produção de videoaulas. O


modelo foi desenvolvido por meio de técnicas da Pesquisa Operacional utilizando a

Programação Linear, com base em um método de análise combinatória. Mais

especificamente, foi realizado um modelo de distribuição com base na Programação


Inteira, no sentido de desenvolver um modelo matemático, otimizando a utilização

de tempo de produção de videoaulas em cursos à distância de uma dada Instituição


de Ensino Técnico e Tecnológico. Com isso, pretende-se otimizar a produção,
utilizando como ferramenta a Modelagem matemática, Experimentos
computacionais, e Análise de desempenho.

314
Logo, este trabalho permite encontrar uma melhor forma de distribuir
os horários disponíveis em relação a demanda por gravação de videoaulas. Levando

em consideração à demanda de produção, número de cursos a serem atendidos,


números de disciplinas a serem atendidas, carga horária de disciplinas a serem

atendidas, número de vídeos a serem produzidos por disciplinas e tempo disponível


para o processo produtivo.

Nesta fase, está descrito com detalhes o problema abordado na


pesquisa, e os conjuntos de entidades, a formulação matemática do modelo e a

abordagem utilizada para a sua solução.


Esta pesquisa se baseia em um estudo de caso das experiências da EAD

de uma Escola Técnica do Estado do Amapá. Parte do princípio que é importante


investigar a produção de videoaula na EAD, e como se dá o seu planejamento para

atendimento à demanda. Para a amostra de estudo, delimitou-se em 4 cursos


atualmente ofertados na modalidade EAD pela instituição. As grades de disciplinas e

suas respectivas CHs (Carga Horaria) estão disponíveis na tabela de 1 a 4 deste


trabalho. Os documentos foram acessados na plataforma de educação a distância da

instituição.

Tabela 1: Matriz curricular do curso técnico em segurança do trabalho, na forma


subsequente, na modalidade a distância.
COMPONENTE CURRICULAR C. H. PRESENCIAL C. HÁ C. H.
DISTÂNCIA TOTAL
MÓDULO I Metodologia em EaD 8 32 40
Português 8 32 40
Introdução à Segurança do 8 32 40
Trabalho
Controle de Qualidade 12 48 60
Indústria da Construção 12 48 60
Gestão da Segurança do Trabalho 12 48 60
SUBTOTAL 60 240 300
MÓDULO II Educação para Segurança do 12 48 60
Trabalho
Princípios de Tecnologia 12 48 60
Industrial
Conservação Ambiental 12 48 60
Controle de Riscos e Sinistros 12 48 60

315
Psicologia do Trabalho 12 48 60
Segurança Agrícola e Rural 12 48 60
SUBTOTAL 72 288 360
MÓDULO III Responsabilidade Civil e Criminal 12 48 60
Segurança na Eletrotécnica 12 48 60
Higiene no Trabalho 12 48 60
Análise de Riscos 12 48 60
Ergonomia 12 48 60
Medicina do Trabalho e Primeiros 12 48 60
Socorros
SUBTOTAL 72 288 360
MÓDULO IV Ética e Cidadania 8 32 40
EPI e EPC 8 32 40
Toxicologia 8 32 40
Direito do Trabalho 8 32 40
Epidemiologia em Segurança do 8 32 40
Trabalho
Práticas em Saúde e Segurança 8 32 40
do Trabalho
SUBTOTAL 48 192 240
TOTAL DE HORAS/AULAS DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL 1.260
PRÁTICA PROFISSIONAL: (ESTÁGIO NÃO OBRIGATÓRIO E 50
ATIVIDADES COMPLEMENTARES)

TOTAL GERAL DE CARGA HORÁRIA DO CURSO 1.310


Fonte: Instituição Pesquisada

Tabela 2: Matriz curricular do Curso Técnico em Manutenção e Suporte em Informática, na forma


subsequente, na modalidade a distância
COMPONENTE C. H. C. HÁ C. H.
CURRICULAR PRESENCIAL DISTÂNCIA TOTAL
MÓDULO I Aplicativos de Escritório 15 45 60
Introdução à Computação 15 45 60
Ética Profissional e Relações 8 22 30
Interpessoais
Português Instrumental 8 22 30
Introdução a Software Livre 15 45 60
Fundamentos da Física 15 45 60
Periféricos e Suprimentos 15 45 60
SUBTOTAL 91 269 360
MÓDULO II Fundamentos Redes de 15 45 60
Computadores
Inglês para Informática 10 30 40
Empreendedorismo 5 15 20
Introdução a Software 8 22 30
Proprietário
Montagem e Manutenção de 25 65 90

316
Computadores
Fundamentos de Web Design 15 45 60
e Formatação de
Imagem
Fundamentos de Eletricidade 15 45 60
SUBTOTAL 93 267 360
MÓDULO III Higiene e Segurança no 15 45 60
Trabalho
Metodologia de Projeto 8 22 30
Técnico
Software de Análise e 15 45 60
Monitoramento de Hardware
Software de Segurança da 15 45 60
Informação
Metodologia de Pesquisa 8 22 30
Protocolos e Serviços de Redes 15 45 60
Cabeamento de Redes 15 45 60
Computadores
SUBTOTAL 91 269 360
TOTAL DE HORAS/AULAS DA FORMAÇÃO 275 805 1.080
PROFISSIONAL
PRÁTICA PROFISSIONAL: (ESTÁGIO NÃO OBRIGATÓRIO E 50
ATIVIDADES COMPLEMENTARES)
TOTAL GERAL DE CARGA HORÁRIA DO CURSO 1.130
Fonte: Instituição Pesquisada

Tabela 3: Matriz curricular do Curso Técnico em Informática para a Internet, na forma subsequente, na
modalidade a distância
COMPONENTE CURRICULAR C. H. C. HÁ C. H.
PRESENCIAL DISTÂNCIA TOTAL
MÓDULO I Aplicativos de Escritório 15 45 60
Introdução à Computação 15 45 60
Inglês para Informática 15 45 60
Português Instrumental 15 45 60
Introdução a Linguagem de 15 45 60
Programação
Fundamentos de Redes de 15 45 60
Computadores
SUBTOTAL 90 270 360
MÓDULO II Fundamentos de 15 45 60
Desenvolvimento WEB
Linguagem de Programação 15 45 60
Empreendedorismo 15 45 60
Fundamentos de Banco de 15 45 60
dados
Ética e Legislação 15 45 60
Fundamentos de Web Design 15 45 60

317
e Formatação de Imagem
SUBTOTAL 90 270 360
MÓDULO III Banco de Dados 15 45 60
Técnicas Avançadas de Design 15 45 60
Metodologia de Projeto 15 45 60
Técnico
Técnicas Avançadas de 15 45 60
Programação WEB
Análise de Sistemas 15 45 60
Programação Orientada a 15 45 60
Objetos
SUBTOTAL 90 270 360
TOTAL DE HORAS/AULAS DA FORMAÇÃO 270 810 1.080
PROFISSIONAL
PRÁTICA PROFISSIONAL: (ESTÁGIO NÃO OBRIGATÓRIO E 50
ATIVIDADES COMPLEMENTARES)
TOTAL GERAL DE CARGA HORÁRIA DO CURSO 1.130
Fonte: Instituição Pesquisada

Tabela 4: Matriz curricular do Curso Técnico em Serviços Públicos, na forma subsequente, na


modalidade a distância
COMPONENTE C. H. C. HÁ C. H.
CURRICULAR PRESENCIA DISTÂNCIA TOTAL
L
MÓDULO I Noções de Administração Pública 8 32 40
Redação de Documentos Oficiais 8 32 40
Gestão de Documentos e Arquivística 8 32 40
Introdução à Economia 8 32 40
Introdução ao Direito Administrativo 8 32 40
Marketing Público 8 32 40
SUBTOTAL 48 192 240
MÓDULO II Recursos Humanos na Administração 8 32 40
Pública
Sociologia 8 32 40
Psicologia das Relações Humanas 8 32 40
Noções de Direito Tributário 8 32 40
Orçamento Público 8 32 40
Gestão Participativa 8 32 40
SUBTOTAL 48 192 240
MÓDULO III Noções de Contabilidade Pública 8 32 40
Controle Interno e Externo da 8 32 40
Administração Pública
Licitações 8 32 40
Gestão de projetos 8 32 40
Gestão do Patrimônio Público 8 32 40

318
Contratos e Convênios na 8 32 40
Administração Pública
SUBTOTAL 48 192 240
MÓDULO IV Cidadania e Sustentabilidade Sócio 8 32 40
Ambiental
Cerimonial, Protocolo e Eventos 8 32 40
Ética no Setor Público 8 32 40
Prestação de Contas e Lei de 8 32 40
Responsabilidade Fiscal
Plano Diretor 8 32 40
Gestão Pública Contemporânea 8 32 40
Brasileira
SUBTOTAL 48 192 240
TOTAL DE HORAS/AULAS DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL 192 768 960
PRÁTICA PROFISSIONAL: (ESTÁGIO NÃO OBRIGATÓRIO E 50
ATIVIDADES COMPLEMENTARES)

TOTAL GERAL DE CARGA HORÁRIA DO CURSO 1.010


Fonte: Instituição Pesquisada

A partir dos documentos institucionais estudados, observou-se que


instituição trabalha atualmente com cursos presenciais e a distância, mas a mesma

precisa organizar seu planejamento de modo que atenda a 4 cursos de EAD. No


entanto, este modelo foi realizado no sentido de programar o atendimento apenas

do 1º semestre destes cursos, o que corresponde a um atendimento de 25


disciplinas, que somam uma CH de 971 horas.

Com base no que foi levantado, verificou-se que na instituição, a


Produção do Material Didático audiovisual para EAD, é produzida conforme a carga

horária do componente curricular em questão, sendo que cada bloco corresponde


didaticamente a 15 horas aulas. E cada bloco ou unidade de estudo contará com 4

videoaulas. Uma videoaula terá tempo de gravação de (50 min). Com produto final
editado de (15 min) no máximo.

Considerando a previsão tempo, é possível atender 03 (três) gravações


por turno, sendo que a produção ocorre apenas nos turnos da manhã e tarde, e se dá

dentro de uma rotina de produção que envolve: Setup Inicial - Organização inicial do
trabalho (montagem de equipamento, orientações iniciais a equipe e professores);
Setup- Ajustes de trabalho (montagem de equipamento, orientações a equipe e

professores); e Setup Final- Organização final do trabalho (desmontagem de


319
equipamento, orientações finais a equipe e professores). Além disso, as gravações só
podem ocorrer de 15 em 15 dias, 2 dias por semana. Logo, levando em consideração

as informações relacionadas e que as gravações de um semestre ocorrem ao longo


de 5 meses para gravação, tem-se a capacidade total de produção desta escola de

120 vídeos, que atende um total de 450 horas aula EAD. Na tabela 5 é apresentado a
grade horária de produção de vídeos.
Tabela 5: Grade Horário de Produção
GRADE HORÁRIO DE PRODUÇÃO
Segunda Terça – feira Quarta- feira Quinta- feira Sexta- feira
08 às 09h ___________ ___________ ___________ Setup Inicial Setup Inicial
09 às 09:50h ___________ ___________ ___________ Produção Produção
09:50 às 10h ___________ ___________ ___________ Setup Setup
10 às 10:50h ___________ ___________ ___________ Produção Produção
10:50 às 11h ___________ ___________ ___________ Setup Setup
11 às 11:50h ___________ ___________ ___________ Produção Produção
11:50 às 12h ___________ ___________ ___________ Setup Setup
12 às 13h ___________ ___________ ___________ INTERVALO INTERVALO
13 ás 13:10h ___________ ___________ ___________ Setup Setup
13:10 às 14h ___________ ___________ ___________ Produção Produção
14 às 14:10h ___________ ___________ ___________ Setup Setup
14:10 às 15h ___________ ___________ ___________ Produção Produção
15 às 15:10h ___________ ___________ ___________ Setup Setup
15:10 às 16h ___________ ___________ ___________ Produção Produção
16 às 17h ___________ ___________ ___________ Setup Final Setup Final
Fonte: Projeto de Extensão da Instituição

Foi verificado a necessidade de otimizar o tempo, sendo que um dos


caminhos é desenvolver modelo matemático para otimizar o tempo de produção, no

que tange aos problemas de distribuição de tempo de produção em relação a


demanda, levando em conta algumas especificidades. Todavia somente foi possível

analisar melhor a eficiência dessas ou outras opções, por meio de uma simulação
mais precisa com dados da instituição, que foram organizados em planilha do Excel,
de modo sistematizado, para viabilizar a clara observação das variáveis a serem
utilizadas no problema.
320
4.6.2 Formulação matemática e soluções

Identificou-se como variáveis para o problema as disciplinas e suas


respectivas cargas horárias, que foram apresentadas nos documentos já dispostos

nas tabelas 1 a 4.Também elaborou-se uma organização de equivalência de CH em


relação ao número de videoaulas que seriam gravadas, levando em consideração a

metodologia definida pela instituição. Além disso, é importante mencionar que para
tabular os dados, foi considerada a CH de aulas a distância, ou seja, se a disciplina

tinha 40 horas, sendo 32 horas a distância, e a cada 15 horas, estava determinado


que se gravasse um bloco com 4 vídeos. E então, é possível observar nesse caso, para

32 horas aula a distância, teria uma demanda por 2 blocos de 4 videoaulas. Ou seja,
geraria a necessidade de gravar 8 videoaulas para atender a esta disciplina. Essas

observações podem ser verificadas nas tabelas 6 a 9.


Tabela 6: Organização dos dados da disciplina do Curso 1 Segurança no Trabalho

Disciplinas do Curso 1- Seg. Trabalho CH TOTAL CH EAD Nº VIDEOAULAS

Metodologia em EaD 40 32 8
Português 40 32 8
Introdução à Segurança do Trabalho 40 32 8
Controle de Qualidade 60 48 12
Indústria da Construção 60 48 12
Gestão da Segurança do Trabalho 60 48 12
Subtotal 300 240 60
Fonte: Autora com base nos dados da instituição estudada

Tabela 7: Organização dos dados da disciplina do Curso 2 Manutenção e Suporte em Informática

Disciplinas do Curso 2- Man. e Sup. em Informática CH TOTAL CH EAD Nº VIDEOAULAS

Aplicativos de Escritório 60 45 12
Introdução à Computação 60 45 12
Ética Profissional e Relações Interpessoais 30 22 6
Português Instrumental 30 22 6
Introdução a Software Livre 60 45 12
Fundamentos da Física 60 45 12
Periféricos e Suprimentos 60 45 12
Subtotal 360 269 72
Fonte: Autora com base nos dados da instituição estudada
321
Tabela 8: Organização dos dados da disciplina do Curso 3 Informática para internet

Disciplina Curso 3- Informática para a Internet CH TOTAL CH EAD Nº VIDEOAULAS

Aplicativos de Escritório 60 45 12
Introdução à Computação 60 45 12
Inglês para Informática 60 45 12
Português Instrumental 60 45 12
Introdução a Linguagem de Programação 60 45 12
Fundamentos de Redes de Computadores 60 45 12
Subtotal 360 270 72
Fonte: Autora com base nos dados da instituição estudada

Tabela 9: Organização dos dados da disciplina do Curso 4 Serviços Públicos

Disciplina do Curso 4- Serviços Públicos CH TOTAL CH EAD Nº VIDEOAULAS

Noções de Administração Pública 40 32 8


Redação de Documentos Oficiais 40 32 8
Gestão de Documentos e Arquivística 40 32 8
Introdução à Economia 40 32 8
Introdução ao Direito Administrativo 40 32 8
Marketing Público 40 32 8
Subtotal 240 192 48
Fonte: Autora com base nos dados da instituição estudada

Com base nas informações coletadas, foram realizados testes iniciais. Os


mesmos foram realizados, com base no entendimento de que a solução do problema

poderia ser encontrada pensando-se que o tempo disponível na grade horária eram

os meses disponíveis para a gravação e que as atividades a serem alocadas nos


mesmos eram as cargas horarias de disciplinas que no problema seriam associadas à

sua equivalência em demanda por videoaulas. Dessa forma, foi possível analisar
diante da situação apresentada, qual a capacidade de atendimento da demanda

mediante as restrições de tempo e capacidade apresentadas. E por fim, gerar a


possibilidade de tomada de decisão sobre o problema.

Assim, foi proposta uma forma de abordar o problema que possibilitasse a


sua solução, que se daria pela alocação das disciplinas possíveis dentro da

capacidade de produção da instituição. Ou seja, maximizar a utilidade do tempo de


322
produção disponível em relação a demanda total, sujeito a restrição de capacidade
de produção, que não pode ser ultrapassada.

Assim, realizou-se o modelo de knapsakproblem (Problema de Mochila). A


seguir são apresentados os parâmetros e conjuntos de dados do problema de

capacidade. Os conjuntos de dados representam as entidades que são modeladas, e


os parâmetros, as condições que o modelo deve respeitar.

 Modelo: knapsakproblem (Problema de Mochila)


 Objetivo: Atender a restrição de capacidade de produção

 Síntese do enunciado:
Uma instituição deseja escolher quais disciplinas terão seus vídeos

produzidos para atender aos 4 cursos que oferta. Para tanto, precisa maximizar a
utilidade total da grade horária de produção, e escolhendo corretamente as

disciplinas. Para a formulação do problema, as disciplinas, foram denominadas como


objeto (j). E as suas cargas horárias foram consideradas no problema como peso que

deverá ser alocado na mochila (pj). Para cada possível objeto, ou carga horária, se
atribui uma nota em função da sua utilidade. Para classificar sua utilidade, foram

utilizadas a quantidade de videoaulas a serem produzidas em relação à carga horária


da disciplina. Assim, o número de vídeos a serem produzidos por disciplina foi

considerado no problema como a utilidade do objeto (cj). A capacidade máxima da


mochila (Cmax) foi a capacidade máxima de produção de vídeos dentro de um

período de 5 meses. No caso desse problema, a restrição se apresenta na capacidade


de produção, que no caso é de 120 vídeos, o que atenderia ao máximo de 450 horas

aula por semestre. No entanto, a demanda por gravação chega a 971 horas-aulas.

Assim, o modelo deverá selecionar as melhores opções a serem alocadas na mochila.


As disciplinas que serão gravadas, conforme a carga horária possível de produção em

relação a demanda. Assim tem-se o seguinte modelo:


Parâmetros do modelo:
cj= utilidade do objeto j (valor)
pj = peso do objeto j

323
Cmax= capacidade da mochila
Variáveis de decisão:

Xj= 1 se o objeto vai para a mochila


0 caso contrário

Em que o índice j corresponde a:


j= 1 (Disciplina 1) , 1 (Disciplina 2), ...25 (Disciplina 25)

Formulação matemática:

Fobj= max z = 𝑛
𝑗 =1 𝑐𝑗𝑥𝑗

Sujeito a:
𝑛

𝑝𝑗𝑥𝑗 ≤ 𝑐𝑚𝑎𝑥
𝑗 =1

𝑋𝑗 ∈ 0,1

Função objetiva:
A função objetivo busca maximizar a utilidade total da grade horária:

Fobj = max z = 8𝑥1 + 8𝑥2 +8𝑥3 + 12𝑥4 +12𝑥5 + 12𝑥6 +12𝑥7 + 12𝑥8 + 6𝑥9 + 6𝑥10 +12𝑥11 +
12𝑥12 +12𝑥13 + 12𝑥14 +12𝑥15 +12𝑥16 +12𝑥17 + 12𝑥18 +12𝑥19 + 8𝑥20 + 8𝑥21 +8𝑥22 + 8𝑥23 +8𝑥24 +
8𝑥25
Restrições

Restrições do modelo estão especificadas a seguir:

1) 32x1 + 32x2+ 32x3+ 48x4+ 48x5+ 48 x6 + 45x7+ 45x8+ 22x9+ 22x10+ 45x11+
45x12+ 45x13+ 45x14+ 45x15+ 45x16+ 45x17+ 45x18+ 45x19+ 32x20+ 32x21+
32x22+ 32x23+ 32x24+ 32x25≤ 450

Resultados
2) As variáveis do subproblema
de decisão são binárias:1

Xj ∈ {0,1}
O modelo apresentado tem como objetivo, maximizar a utilidade total da
grade horária, a fim de ajustar a capacidade de produção pela demanda por
videoaulas. Nesse modelo, tem-se como objetos do problema as disciplinas de 1 a
324
25, que deverão ser atendidas. E o valor, ou seja, a sua utilidade é representada pelo
número de vídeos a serem gravados em relação à carga horaria EAD da disciplina. E

essa carga horária, no problema, representa o peso de cada objeto no problema.


Assim, associando, à seleção dos objetos, ao seu peso e utilidade, o problema deve

selecionar aqueles objetos que preencherão a mochila. Os dados podem ser melhor
observados abaixo na Tabela 10.
Tabela 10: Dados do problema

Valor (V) Peso (P)


Objeto (Numero de vídeos) (CH da disciplina)
1 8 32
2 8 32
3 8 32
4 12 48
5 12 48
6 12 48
7 12 45
8 12 45
9 6 22
10 6 22
11 12 45
12 12 45
13 12 45
14 12 45
15 12 45
16 12 45
17 12 45
18 12 45
19 12 45
20 8 32
21 8 32
22 8 32
23 8 32
24 8 32
25 8 32
252 971

Como se pode observar na tabela acima, a demanda requerida no


semestre 2018/1 é superior à capacidade de produção de vídeos, que é de 120

325
unidades/vídeos, ou 450 horas aula. Assim, o modelo foi montado, considerando que
o resultado do peso da mochila seria a somatória das cargas horárias referentes aos

objetos selecionados. E a máxima utilização (Max z) seria a somatória de seus valores


ou utilidades que, nesse caso, é representado pelo número de vídeos que somados

apresentam, sua máxima utilização possível, dentro das restrições apresentadas. Pois
o peso máximo da mochila deveria ser menor ou igual a sua capacidade total de

carga horária de 450 horas. O modelo foi resolvido pela ferramenta do Excel.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para resolução do problema apresentado neste trabalho, foi utilizado


algoritmo de mochila, usando dados já descritos. Os parâmetros do problema foram

ajustados no solver, que por meio de análise computacional, encontrou a solução de


número inteiro dentro da tolerância. Todas as restrições foram satisfeitas. Assim, a

partir dos dados descritos e processados no Excel, com o auxílio do solver, chegou-se
a seguinte solução disposta na Tabela 11.

Tabela 11: Solução processada pelo Excel para o sistema usado

Pj x Xj
Objeto (Peso da
(Disciplina) Valor (V) Peso (P) (CH Objeto mochila x
(Número de EAD da selecionado Objeto
vídeos) disciplina) Xj Selecionado)
1 8 32 0 0
2 8 32 0 0
3 8 32 0 0
4 12 48 0 0
5 12 48 0 0
6 12 48 0 0
7 12 45 1 45
8 12 45 1 45
9 6 22 1 22
10 6 22 1 22
11 12 45 1 45

326
12 12 45 1 45
13 12 45 1 45
14 12 45 1 45
15 12 45 0 0
16 12 45 1 45
17 12 45 1 45
18 12 45 0 0
19 12 45 1 45
20 8 32 0 0
21 8 32 0 0
22 8 32 0 0
23 8 32 0 0
24 8 32 0 0
25 8 32 0 0
252 971
Peso da Mochila Capacidade da mochila
449 <= 450

Max z ( utilização) 120

O modelo demonstrou que a produção atingiu sua máxima utilização

ao alcançar a produção de 120 videoaulas e atendendo a um total de 449 horas aulas


dos cursos demandantes, encontrando um resultado que excluía 14 disciplinas do

cronograma de execução.
Além disso, foi simulado um sistema alternativo para melhorias do

atendimento à demanda, que utilizou o dobro do tempo em relação ao sistema


utilizado atualmente pela instituição. O resultado deste processamento, é que o
atendimento teve maior êxito. Assim, verifica-se que esta solução atenderia melhor a
instituição, levando em consideração os meios de produção que esta apresenta,

como se observa na tabela 12.

Tabela 12: Solução processada pelo Excel para o sistema alternativo proposto
Pj x Xj
Objeto (Peso da
(Disciplina) Peso (P) (CH Objeto mochila x
Valor (V) (Número de EAD da selecionado Objeto
vídeos) disciplina) Xj Selecionado)
1 8 32 1 32
327
2 8 32 1 32
3 8 32 1 32
4 12 48 0 0
5 12 48 1 48
6 12 48 1 48
7 12 45 1 45
8 12 45 1 45
9 6 22 1 22
10 6 22 1 22
11 12 45 1 45
12 12 45 1 45
13 12 45 1 45
14 12 45 1 45
15 12 45 1 45
16 12 45 1 45
17 12 45 1 45
18 12 45 1 45
19 12 45 1 45
20 8 32 1 32
21 8 32 1 32
22 8 32 1 32
23 8 32 1 32
24 8 32 1 32
25 8 32 0 0
252 971
Peso da Mochila Capacidade .da mochila
891 <= 900
Max z ( utilização) 232

Com o resultado exposto, pode-se fazer a tabulação de dados,


demonstrando de forma comparativa o resultado e eficiência do sistema usado pela

instituição.

Tabela 13: Comparação dos dados resultados obtidos

Sistema usado Sistema Proposto

Número de vídeo demandados 252 252


Peso demandado para a mochila em horas 971 971

Tempo para produção em meses 5 10


Número de vídeos atendidos 120 232

328
Capacidade total da Mochila em horas 450 900
Peso da Mochila 449 891

Eficiência do Sistema (%) 47,6 95,2

Para efeito de estudos acadêmicos, sobre o problema de grade de horário,

entende-se que este modelo possibilitou que se chegasse a uma resposta para o
problema, desenvolvendo um modelo matemático que propiciou como se dá a

distribuição do tempo disponível em relação à demanda, levando em consideração às


especificidades existentes. Pois, entende-se como o tempo de grade horária (5

meses) que se tem para gravar as videoaulas demandadas, e as restrições são


relativas à capacidade de produção.

De forma mais abrangente, percebe-se que com este estudo foi possível
então prever o que poderia ou não se encaixar dentro deste sistema, possibilitando

uma visão mais clara da situação. Demonstrando a CH que melhor se encaixa no


tempo disponível de produção. O que subsidia, de certo, a tomada de decisão em

relação ao que se apresenta.


Nesse caso, essa tomada de decisão envolve os gestores. As decisões a

serem tomadas nesse sentido, poderiam ser de várias naturezas, pois os gestores
poderiam decidir sobre quais disciplinas seriam excluídas, ou mesmo rever a
possibilidade de aumentar a capacidade de produção, o que significaria, dentro de
suas características, um aumento em seu tempo de produção, por exemplo, o que foi

demonstrado no exemplo da Tabela 12.É importante atentar para o fato de que, no


exemplo apresentado, foi verificado apenas em quanto tempo poderia se ter um

resultado melhor para o atendimento à demanda dentro do contexto atual de


capacidade de produção institucional, não interferindo no sistema que a instituição

possui atualmente, pois no caso de mudanças o ideal seria, que para atender o prazo
de 5 meses para produção, a empresa aumentasse o número de dias por mês

destinados à produção, que aumentaria de 4 para 8 dias por exemplo, ou mesmo


aumentasse o número de equipamentos, e salas para atendimento, no caso de
permanecer com o mesmo número de dias voltados para a produção. De qualquer

329
forma, ambas as saídas demandariam aumentar recursos produtivos voltados para a
atividade, seja de tempo, ou mesmo de investimentos materiais e financeiros.

Como foi possível observar, a programação matemática é importante em


problemas como este, pois segundo Dorfman (1996), elafoca na melhor escolha ou

tomada de decisão do ponto de vista econômico para a empresa. Assim, a mesma


objetiva determinar os níveis ótimos dos processos produtivos em determinadas

circunstâncias. Tendo em vista, a relação produtiva, de processos, pode-se também


levar a discussão teórica para o ponto de vista de um problema elementar de

produção.

Nesse sentido, é notória a importância da Pesquisa operacional na


engenharia de produção, pois possibilita o melhor uso de programas de modelagem

e simulação dentro do planejamento e execução de processos produtivos, sendo


capaz de gerir recursos de forma mais salutar, bem como determinar probabilidades

variadas para realização do processo, e gerando resultados que levam a uma tomada
de decisão com base em modelos mais precisos de processo produtivo. Logo, dentro

do contexto da dinâmica do mercado atual, onde se tem uma competição latente em


vários sentidos, verifica-se que ter acesso a ferramentas de modelagem e simulação,

é imprescindível no sentido de ser um diferencial para o sucesso da empresa.


E as instituições, nesse sentido, podem e devem se apropriar desses

métodos, para melhor gerir os recursos de produção inerentes à sua área de atuação.
E levando em conta os aspectos importantes que influenciam no seu trabalho,

principalmente relativos ao melhor planejamento das grades horárias, em seus vários


sentidos, pois é importante frisar, que a educação está em amplo desenvolvimento, e

a que a tecnologia vem trazendo ainda mais desafios. Como este relativo a grade
horária para produção de material didático audiovisual, mais conhecidos como

videoaulas, ou outros tantos mais.

4 CONCLUSÕES

330
A partir do estudo foi possível verificar que, com a aplicação da
modelagem matemática pode-se prever como solucionar aspectos que poderiam

gerar problemas no processo produtivo, como a capacidade de produção ser inferior


à demanda.

Além disso, foi possível verificar que uma possível solução para o

problema foi dado pelo modelo da mochila, pelo qual se podem mensurar a
capacidade e definir estratégia para a locação dos recursos destinados à produção.

A técnica de solução se mostrou satisfatória em relação ao problema


proposto no trabalho, sendo capaz de encontrar a melhor resposta possível diante

das restrições apresentadas. Da forma como foi implementado, o algoritmo é capaz


de chegar a soluções boas e ótimas, com possibilidades de ajustes de parâmetros

como por exemplo, o das restrições e pode gerar resultados que podem ser
comparados quanto à sua eficiência e atendimento à demanda.

Para um trabalho futuro, o algoritmo pode ser modificado, por meio do


acréscimo de mochilas ao sistema, compondo um problema de mochilas múltiplas

que poderá demonstrar mais especificadamente a alocação de cada disciplina dentro


do período proposto, sendo que, para tanto, cada mochila representaria 1 (um) mês

de produção. Dessa forma, será possível fazer uma distribuição das disciplinas ao
longo do período previsto especificando o mês em que ela deverá ser gravada.

Logo, conclui-se que foi importante realizar estudos teóricos e


experimentais a respeito do tema proposto. Na medida em que o aprofundamento

dos estudos revelou melhor os caminhos a serem seguidos para a construção do


referido modelo, possibilitando assim a sua eficácia em relação à busca da solução

para a problemática.

5 REFERÊNCIAS

BARCELOS, B. O; EVANGELISTA; M. L. S.; SEGATTO, S. S. A importância e a aplicação


da pesquisa operacional nos cursos de graduação em administração. RACE,
Unoesc,v. 11, n. 2, p. 381-406, 2012.

331
BASSANEZI, R.C. Ensino – aprendizagem com modelagem matemática: uma nova
estratégia. Contexto. 4 Ed. São Paulo, 2014.

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Didático para EAD no Ensino Profissional e Tecnológico. Brasília, DF, 2007.

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modelo de programação linear para o Problema da Construção de Grades
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educacional utilizando busca dispersa e reconexão por caminhos. 2010. 85 f..
Dissertação (Mestrado), Universidade do Vale do rio dos Sinos, São Leopoldo, 2010

332
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARTICIPATIVO E SEUS EFEITOS NO CLIMA
ORGANIZACIONAL

LeilianePenafort da Silva
Ananias Costa Oliveira
Luis de Jesus Pereira
Cláudio Marcio Campos de Mendonça

RESUMO:
O objetivo deste artigo é investigar a participação no planejamento estratégico como
fator de satisfação e influência no clima organizacional. O universo amostral é a Pró-
Reitoria de Gestão de Pessoas - PROGEP, da Universidade Federal do Amapá –
UNIFAP. Quanto à abordagem do problema, esta pesquisa se caracteriza como
qualitativa e quantitativa, e do ponto de vista dos seus objetivos é classificada de tipo
exploratória e descritiva. A coleta de dados foi realizada por meio de questionário
com 22 servidores e entrevistas com 3 gestores, correspondendo a uma parcela de
69% de seu público-alvo. O resultado geral da pesquisa indicou um nível de 86% de
satisfação dos servidores, evidenciando que envolver as pessoas nas decisões e na
construção de instrumentos estratégicos da instituição contribuiu para fomentar a
gestão participativa e melhorar o clima organizacional entre os envolvidos.

Palavras-chave: Gestão Participativa. Planejamento Estratégico. ClimaOrganizacional.

1. INTRODUÇÃO

No contexto atual de mudanças e de desenvolvimento tecnológico

vivenciado pelas organizações, faz-se necessário uma gestão organizacional


estruturada e bem planejada, com o propósito de conduzir pessoas e processos de

forma eficaz, promover melhorias, criar um ambiente colaborativo, motivado,


propício ao autodesenvolvimento e, consequentemente, à conquista de resultados

positivos.
Neste sentido, conduzir a organização em um caminho onde seus

objetivos sejam alcançados de forma eficiente, é uma tarefa desafiadora. Diante

333
desse contexto, estudiosos se dedicam a criar modelos e teorias de gestão com
ênfase a orientar as organizações no alcance de seus objetivos, de forma eficaz, por

meio de gestores e demais colaboradores. O planejamento estratégico é uma das


grandes ferramentas advinda desses estudos.

Vale ressaltar, que as organizações são compostas por recursos,


competências e, principalmente por pessoas, sua maior vantagem competitiva. Neste

contexto, torna-se fundamental alinhar as estratégias organizacionais por meio da


gestão participativa na construção de um instrumento de planejamento.

Chiavenato (2016) ratifica que, cada vez mais, torna-se necessária a


participação das pessoas no processo decisório organizacional, uma vez que elas

colocam em prática as ações definidas e alimentam os indicadores. Assim, o processo


de elaboração das estratégias não deve ser construído somente por gestores ou

consultores, mas de forma coletiva, pois deve estar em consonância com o contexto
interno em que a organização está inserida (PINTO et al., 2016).

Considerando a premissa de que pessoas são partes essenciais e que


conduzem as ações corporativas, entre as quais está o planejamento estratégico , esta

pesquisa tem por objetivo investigar a participação na construção do planejamento


estratégico como fator de satisfação e influência no clima organizacional.

É válido considerar que o clima organizacional não é algo constante


quanto à sua favorabilidade, pois ele sofre influência de uma gama de fatores

relacionados ao ambiente de trabalho, desde aspectos psicológicos até sua estrutura


física. Assim, o equilíbrio entre as diversas variáveis que compõem o ambiente

corporativo, é que vai definir a atmosfera que existirá no cenário da organização.

Os conceitos apresentados nesta pesquisa ajudarão na compreensão das


temáticas planejamento estratégico participativo e clima organizacional, que fazem

parte do cotidiano das Instituições. Este entendimento oferece um suporte tanto para
os gestores, auxiliando na tomada de decisão e condução das atividades, quanto
para os demais colaboradores que atuam nos diversos níveis organizacionais,
possibilitando diagnosticar problemas, bem como as ferramentas para solucioná-los.

334
Outra contribuição deste estudo é mostrar que um instrumento
sistemático, como o planejamento estratégico, pode ser construído de forma

participativa, proporcionando satisfação e fortalecimento da equipe. Desse modo,


desenvolver estudos que busquem envolver a equipe com a missão, visão, objetivos e

valores da organização, contribuem para uma sólida investigação da relação


planejamento estratégico participativo e melhoria do clima organizacional.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. A Participação no contexto da Administração

A mudança é uma das características mais significativas das organizações.

As transformações são profundas e ocorrem em ritmo cada vez mais dinâmico e


acelerado. Nesse contexto, faz-se necessáriopromover um estilo de administração

dinâmico, democrático e que valorize as pessoas que fazem parte da organização. A


gestão participativa é um processo que objetiva o desenvolvimento da empresa, sem

deixar de lado a participação do indivíduo.


Este ambiente altamente mutável exige profissionais mais flexíveis,

criativos e com iniciativa para inovar, revelando a necessidade de uma participação


mais intensa do funcionário nas atividades da organização. Motta (2001), destaca

alguns fatores que justificam o maior envolvimento dos trabalhadores nas gestões
das empresas como a democratização das relações sociais, a elevação do nível

educacional, a complexidade das empresas modernas, os avanços das ciências, das


tecnologias e do conhecimento.

De acordo com Motta (2004), a participação no sentido amplo e teórico do


termo, compreende todas as formas e meios pelos quais os membros de uma

organização, como indivíduos ou coletividade, podem influenciar os destinos dessa


organização. No sentido restrito, pode-se definir a participação como a influência,

por parte das pessoas que se encontram abaixo do nível de direção superior, de

335
decisões ou funções usualmente consideradas privativas da gerência ou dos
proprietários da empresa.

Acompanhando essa linha de pensamento, Ferreira, Reis e Pereira (2006),


afirmam que a participação consiste basicamente na criação de oportunidades para

as pessoas influenciem decisões que as afetarão. Essa influência pode variar pouco ou
muito. Participação é um caso especial de delegação, na qual o subordinado obtém

maior controle, maior liberdade de escolha em relação as suas próprias


responsabilidades.

Na mesma linha de raciocínio, Chiavenato (2005), afirma que


Administração Participativa é o uso de tomada de decisão conjunta. Através dela, o

colaborador participa de uma expressiva condição de poder na tomada de decisão


com seus superiores imediatos. Este autor acrescenta que a administração

participativa se refere à combinação de recursos organizacionais – humanos,


matérias, financeiros, informação e tecnologia – para alcançar objetivos e atingir

desempenho excepcional.
Outros autores utilizam o termo ‚Gestão Participativa‛ para expressar essa

ideia de maior envolvimento do colaborador nas decisões da organização. Na visão


de Furtado e Carvalho Neto (2007), por exemplo, a gestão participativa é uma

estratégia gerencial utilizada pelas empresas para aumentar sua eficiência e eficácia.
A Gestão Participativa, para Robbins (2009), cria um elo entre os

colaboradores e a empresa, pois, a medida que eles passam a conhecer a missão, a


visão e os objetivos organizacionais e se identificam com eles, os mesmos passam a

contribuir de forma mais pró ativa para que esses objetivos organizacionais sejam

alcançados.
Leal Filho (2007) afirma que a participação mobiliza a inteligência da

organização, valoriza o potencial das pessoas e permite que elas exprimam suas
ideias e emoções e desenvolvam relações pessoais e organizacionais. Para Luck
(2008), trabalhar em um clima participativo provoca a melhoria do comportamento,
reduz resistência às mudanças e aumenta a produtividade das organizações.

336
Observa-se do posicionamento dos autores mencionados que a Gestão
Participativa proporciona resultados significativos para a organização, principalmente

quando há o envolvimento dos colaboradores no processo de tomada de decisão,


onde subentende-se que os pontos de vista de todos são considerados. Desse modo,

a equipe estará mais comprometida com a empresa, contribuindo para o alcance dos
objetivos organizacionais.

2.2. Planejamento Estratégico

Em um contexto em que ameaças e oportunidades exigem das


organizações mudanças adaptativas às transformações ambientais, Kaplan e Norton

(2000) ressaltam que as estratégias devem refletir essas transformações. E para que
as estratégias logrem êxito faz-se necessário um planejamento.

O planejamento estratégico, como modelo de construção e consolidação


das estratégias organizacionais, consiste num processo contínuo baseado em etapas

onde são consideradas as variáveis de ambiente da organização, as diretrizes


organizacionais e a formulação, a implementação e o controle da estratégia (CERTO;

PETER, 2010).
Segundo Hitt, Ireland e Hoskisson (2011), o planejamento estratégico
compreende a combinação de compromissos, decisões e ações que irão nortear a
organização na obtenção de vantagem competitiva. Nesse processo, acrescentam os

autores, devem ser considerados a análise de fatores internos e externos à


organização de modo que possibilite a definição da visão e missão organizacional.

Oliveira (2007), acrescenta que o processo decisório deve ocorrer antes,


durante e após a elaboração e implementação do planejamento estratégico na

empresa. Ressalta que os processos decisórios devem levar em conta aspectos


individuais e organizacionais fazendo com que os dois fatores possam confluir seus

interesses em prol da estratégia organizacional.


De modo geral, na visão de Kaplan e Norton (2000) as organizações estão

cada vez mais percebendo a importância de investir em conhecimento, capacidades e

337
relacionamentos estabelecidos por seus colaboradores. Para os autores, trata-se de
investir em recursos intangíveis como forma de estabelecer bases para vantagem

competitiva por meio de um planejamento estratégico organizacional, de modo que


a consecução da estratégia exige, sobretudo, o alinhamento entre as variáveis de

elementos intangíveis da organização.


Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2014) defendem um modelo de gestão

estratégica baseada na aprendizagem estratégica organizacional onde a estratégia é


formada dinamicamente por qualquer pessoa na organização. Assim, estes autores

compreendem que a aprendizagem estratégica, cujo processo de criação acontece de


forma coletiva na organização, ajuda a criar e fortalecer a gestão e a cultura

estratégica da organização.
Os estudos de Silveira Junior (1995), concluíram que a construção do

planejamento estratégico participativo, envolvendo todos os indivíduos dos diversos


níveis da organização, torna-se um processo de mudança organizacional. Neste

sentido, este processo deve ser caracterizado por um canal aberto de comunicação
entre todos da organização, pois, embora a estratégia seja de responsabilidade do

nível institucional, o melhor planejador é o indivíduo que está no dia a dia da


organização, que conhece as áreas de atuação e coloca em prática as estratégias para

o alcance das metas traçadas (CHIAVENATO, 2016).

2.3. Clima Organizacional

Dentre os diversos conceitos relacionados acerca desta temática, Pimenta


(2012) afirma que clima organizacional é o reflexo da atmosfera que paira no

ambiente de trabalho e sofre influência direta de uma gama de fatores. Nesse


sentido, o clima refere-se ao ambiente psicológico interno da instituição que ‚está

intimamente relacionado com o grau de motivação de seus participantes‛


(CHIAVENATO, 2016, p. 320).

Sanches (2015) é contundente ao afirmar que o clima organizacional é a


percepção extraída do coletivo, que se resume na forma como os colaboradores

338
veem a organização. Nesta ótica, eles realizam determinadas avaliações que,
consideradas satisfatórias ou não, além de influenciar no comportamento

organizacional, podem gerar resultados negativos.Andrade, Fisher e Stefano (2015),


reforçam a preocupação das organizações com essa percepção das pessoas em

relação ao contexto organizacional.


Assim, Martins (2008) acrescenta que devido ao ambiente mutável e

instável em que as organizações estão inseridas, elas têm buscado cada vez mais
conhecer sobre a dinâmica organizacional e, além disso, verificar como colaboradores

expostos a uma série de estímulos advindos da organização e do ambiente de


trabalho, têm percepções similares e acabam gerando significados semelhantes aos

aspectos importantes da vida organizacional.


Estes conceitos são importantes para a ‚compreensão do modo como o

contexto do trabalho afeta o comportamento e as atitudes das pessoas neste


ambiente, sua qualidade de vida e o desempenho da organização‛ (MARTINS, 2008,

p. 31).
Outro fator relevante, é o papel do gestor, que segundo Chiavenato

(2016), está relacionado com a motivação de pessoas e equipes. O autor vai mais a
fundo e afirma que a partir do momento em que o gestor proporciona senso de

satisfação e autorrealização, contribui efetivamente para se cultivar um clima


organizacional leve, incentivador e favorável à produtividade da organização.

No entanto, é importante salientar que, apesar de muitos autores


considerarem termos sinônimos, o entendimento proposto por Steuer (1989, apud

MARTINEZ E PARAGUAY, 2003, p. 60), prevê que motivação e satisfação possuem

conotações diferentes, onde ‚motivação manifesta a tensão gerada por uma


necessidade e satisfação expressa a sensação de atendimento da necessidade‛. Nesse

sentido, Chiavenato (2014) complementa que a satisfação está relacionada à maneira


como o colaborador se sente no ambiente organizacional. Desta maneira, a avaliação
de satisfação ou não se dá a medida em que as necessidades das pessoas são
atendidas pela organização, em suas particularidades.

339
Já a motivação, segundo Villardi (2011), é um meio pelo qual uma plêiade
de razões ou motivos demonstra, induz, incentiva, estimula ou provoca algum tipo de

ação ou comportamento humano. Está relacionada ‚com a personalidade do ser


humano e com o seu desenvolvimento mental, emocional, profissional e social‛

(CUNHA, 2014, p. 61). Ainda segundo o autor, a motivação pode ser considerada uma
ação que leva o colaborador a perseguir o alcance e, até mesmo, a superação de

determinados objetivos, sendo estes individuais ou organizacionais.


A presente pesquisa elabora um estudo de clima no órgão de gestão de

pessoas de uma instituição federal de ensino superior, com aspectos altamente


peculiares. Segundo Rizzatti (2002), nas universidades, as políticas relacionadas com a

gestão de pessoas devem ser baseadas no crescimento profissional dos


colaboradores por meio do incentivo a capacitação continuada.

Na visão de Schein (1982), o clima organizacional transforma o


comportamento dos colaboradores, por meio de procedimentos administrativos,

participação nas decisões políticas e administrativas, reconhecimento e incentivos,


influenciando significativamente nos fatores motivacionais dos servidores da

Instituição. De acordo com Chiavenato (2016) esta influência do clima também se


reflete na maneira como as pessoas percebem a instituição, no relacionamento com

colegas e líderes, e como avaliam a estrutura organizacional, o estilo de liderança, a


cultura corporativa, os valores e a missão da instituição.

3. METODOLOGIA

A pesquisa é uma construção de conhecimento original, conforme

determinadas exigências científicas, e para isso são necessários que critérios como:
coerência, consistência, originalidade e objetivação sejam obedecidos. Para atender

esses critérios é preciso que na metodologia sejam descritos o tipo de pesquisa, o


universo e a amostra, o método e o instrumento de coleta de dados, bem como os

métodos estatísticos para análise dos resultados (SILVA; MENEZES, 2005). Segundo

340
Collis e Hussey (2005), o capítulo referente a metodologia é o lugar para se explicar
os dados coletados.

Do ponto de vista da abordagem do problema, esta pesquisa se


caracteriza como qualitativa e quantitativa. Segundo Diehl (2004), a pesquisa

quantitativa faz uso da quantificação, utilizando técnicas estatísticas, objetivando


resultados que evitem possíveis distorções de análise e interpretação, possibilitando

uma maior margem de segurança.


Já a pesquisa qualitativa, na visão deste mesmo autor, busca compreender

e classificar os processos dinâmicos vividos nos grupos, possibilitando o


entendimento das mais variadas particularidades dos indivíduos. Marconi e Lakatos

(2008), acrescentam que esse tipo de pesquisa apresenta uma preocupação em


analisar e interpretar aspectos mais profundos, descrevendo a complexidade do

comportamento humano.
Gil (2008) classifica a pesquisa do ponto de vista da natureza, que pode ser

básica ou aplicada. A abordagem ao problema pode ocorrer de forma qualitativa ou


quantitativa e os objetivos podem ser alcançados através da pesquisa exploratória,

descritiva ou explicativa.
Do ponto de vista dos seus objetivos, esta pesquisa é exploratória e

descritiva. Coda, (2014), afirma que a pesquisa exploratória visa proporcionar maior
conhecimento do assunto, no intento de tornar a pesquisa mais concisa ou elaborar

hipóteses. Trata-se também de um estudo descritivo porque procura descrever as


características de uma experiência. De acordo com Gil (2008), uma das peculiaridades

desse tipo de pesquisa está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de

dados, tais como o questionário e a observação sistemática.


O universo amostral deste estudo foi a Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas

- PROGEP, da Universidade Federal do Amapá - UNIFAP. Fazem parte desta Pró-


Reitoria 41 servidores efetivos pertencentes ao quadro técnico administrativo. De
acordo com as listas de frequência, 32 pessoas participaram da construção do
planejamento estratégico da PROGEP. Obteve-se um total de 22 servidores que

341
responderam ao questionário, no período de 01 a 08 de agosto de 2016,
correspondendo a uma parcela de 69% do público-alvo da pesquisa, sendo portanto,

uma amostra significativa.


Para investigar a participação na construção do Planejamento Estratégico

como fator de satisfação e influência no Clima Organizacional, esta pesquisa foi


desenvolvida nas seguintes etapas: a) Definição da problemática e objetivo; b)

Definição das variáveis organizacionais; c) Montagem do instrumento; d) Definição de


parâmetros; e) Aplicação e coleta da pesquisa; f) Tabulação dos dados; e g) análise e

interpretação dos resultados com a estatística descritiva para a dimensão quantitativa


do artigo.

Foram escolhidas as variáveis Gestão Participativa, Planejamento


Estratégico e Clima Organizacional para verificar a satisfação dos servidores em

relação a alguns aspectos da PROGEP. À cada variável foi atribuída uma pequena
série de perguntas. A escolha dessas variáveis advem da filtragem de resultados de

estudos sobre o processo de construção do planejamento estratégico e seus efeitos


sobre a organização.

A escolha da variável Gestão Participativa teve como base o estudo de


Forte (2003), que propõe um modelo de plano estratégico elaborado de forma

participativa para garantir ações que incorporem grandes resultados. Quanto a


variável Planejamento Estratégico, Barbosa e Brondani (2004) mostram a importância

de ser utilizado como ferramenta fundamental para direcionar e auxiliar o correto


gerenciamento das organizações. A escolha da variável Clima Organizacional é

baseada no trabalho de Santos (2000), que aponta um método para desenvolver o

diagnóstico do clima organizacional, baseado na influência de certos fatores, para


melhoria contínua da relação indivíduo-organização.

Um dos instrumentos de pesquisa utilizados foi a entrevista semi-


estruturada com as três principais gestoras da PROGEP (Pró-Reitora e Diretoras), no
intuito de verificar suas percepções sobre a participação da equipe na construção do
planejamento estratégico e se esta participação influenciou no clima organizacional.

342
Segundo Boni (2005), a entrevista semi-estruturada é composta por questões abertas
e fechadas, na quais os respondentes têm a possibilidade de fazer as considerações

necessárias sobre o sobre o tema proposto.


Outro instrumento de pesquisa usado foi o questionário, aplicado

eletronicamente com a autorização da Pró-Reitoria, composto por 25 questões,


sendo 24 questões fechadas e 1 aberta, configuradas com afirmativas e

interrogativas. Estas questões ofereceram respostas em forma de escala do tipo


Likert, com variação de 1 a 5 pontos, onde 1 significa que o servidor discorda

totalmente e 5 demonstra que ele concorda totalmente, por exemplo. Segundo


Potrich (2012), esse tipo de escala processa o nível de concordância ou discordância

dos colaboradores em relação às questões submetidas.


Luz (2003), acrescenta que nesse método de escala Likert o respondente

poderá manifestar-se com maior precisão e na tabulação dos dados será possível
graduar o grau de intensidade de satisfação ou insatisfação dos participantes em

relação à questão.
Foram formulados parâmetros para facilitar a tabulação dos dados,

visando a melhor adequação das diferentes opções de respostas ao objetivo da


pesquisa. Luz (2003), ressalta que cada opção de resposta deve ser interpretada na

tabulação, como manifestação de satisfação ou insatisfação do respondente.


Pelos parâmetros definidos, ao se tabular uma pergunta, serão

considerados ‚satisfeitos‛ os servidores que optarem pelas respostas ‚Mais concordo


que discordo‛ e ‚Concordo totalmente‛. As respostas ‚Mais discordo que concordo‛

e ‚Discordo totalmente‛, serão consideradas como manifestação de insatisfação. Na

opção ‚Nem concordo nem discordo‛, tabula-se só o percentual.


Definida a parametrização, passou-se à aplicação e coleta de dados, que

ocorreu através da submissão do questionário aos servidores da PROGEP, por meio


da ferramenta Google Drive. As questões foram enviadas para o e-mail dos
respondentes. A identificação dos entrevistados foi mantida em sigilo, conforme

343
recomenda Cunha (2014), para não interferir no resultado da pesquisa, bem como
para garantir o máximo de sinceridade, no sentido de obter dados mais fiéis.

Posteriormente, passou-se à tabulação dos dados para verificar os


percentuais de satisfação dos servidores em relação as três variáveis escolhidas.

Incialmente a tabulação foi realizada para verificar o grau de satisfação dos


participantes em relação a cada pergunta.

Logo após, utilizando a estatística descritiva, tabulou-se por variável,


sendo consideradas todas as perguntas inseridas na variável, possibilitando obter o

nível de satisfação para cada assunto abordado. O percentual de satisfação de cada


variável corresponde à média aritmética dos percentuais de satisfação das perguntas

que compõem a variável.Em seguida, de forma análoga, foi realizada a tabulação


geral, considerando as três variáveis abordadas.

Por fim, foi realizada análise estatística através da técnica correlações de


Pearson, gerada por meio do programa estatístico IBM SPSS Statistics Base 22.0, para

avaliar a correlação entre sete variáveis que afetam o clima organizacional.

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Serão apresentados os resultados das análises quantitativa e qualitativa


dos questionários e das entrevistas aplicados aos servidores e gestores da PROGEP,

respectivamente. A priori será mostrada a análise por variável e posteriormente se


fará a análise geral dos resultados da pesquisa.

Os servidores possuíam em sua maioria (46%) idade entre 18 e 30 anos,


sendo que os demais se dividiam em: 36% entre 31 e 40 anos; 14% acima de 51 anos

e 5% entre 41 e 50 anos. 64% são pessoas do sexo feminino. Quanto ao nível de


instrução, 55% da amostra, possui Especialização; 23% possuem Ensino

Médio/Técnico; 19% têm Graduação e 5%, Mestrado. 55% desses 22 servidores estão
na Instituição de 1 a 3 anos; 23% há menos de 1 ano e 23 % fazem parte do quadro

institucional há mais de 3 anos.

4.1 Gestão participativa


344
O gráfico 1, mostra o grau de satisfação da variável ‚Gestão Participativa‛
(82%), e os percentuais de satisfação para cada pergunta desta série. Esta variável

abordou os seguintes aspectos: a) fomento da gestão participativa (pergunta 6); b)


feedback, incentivo e reconhecimento por parte do líder na construção do

planejamento estratégico (perguntas 7, 8 e 11, respectivamente); c) oportunidade e


liberdade para ideias e críticas (pergunta 9); d) satisfação proporcionada em construir

o planejamento estratégico (pergunta 10) e e) disponibilidade do líder em sanar


dúvidas (pergunta 12).

Gráfico 1. Percentuais da variável Gestão Participativa

Gestão Participativa
110% 100%
100% 91% 95% 95%
% de Satisfação

90% 82%
80% 73%
68%
70%
60% 55%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
6 7 8 9 10 11 12 Variável
Perguntas

Fonte: Pesquisa dos autores (2016).

O gráfico mostra que os percentuais de satisfação para as perguntas

tendem a se aproximar de 100%. A pergunta 8, ‚Seu líder incentivou sua participação


no planejamento estratégico da PROGEP?‛, obteve 100% de satisfação. As perguntas

‚Na elaboração do planejamento estratégico, houve oportunidade e liberdade para


dar idéias e fazer críticas‛ e ‚A participação na elaboração do planejamento

estratégico me proporcionou satisfação‛, obtiveram percentual de 95% de satisfação


pelos respondentes.

345
Em relação à entrevista com as gestoras, quando perguntado se ‚Na
elaboração do planejamento estratégico, houve oportunidade e liberdade para os

colaboradores darem ideias e fazerem críticas‛, todas as respostas evidenciaram que


foi dada a oportunidade aos servidores de opinar, sugerir e até mesmo questionar

acerca de determinados pontos do planejamento.


Acerca deste fator, uma das entrevistadas respondeu: ‚A metodologia

utilizada envolveu toda a PROGEP. Nós erámos divididos em grupos e nos grupos
nós tínhamos a oportunidade de opinar, de sugerir. As pessoas se envolveram e

participaram com afinco. Tiveram a oportunidade de falar sobre as suas atividades‛.


Outra pergunta da entrevista indagou se ‚Há na PROGEP uma cultura

baseada na gestão participativa? por quê?‛. As respostas foram afirmativas. Uma das
gestoras relatou: ‚ A partir do momento que a gestão reúne, deixa para a equipe a

possibilidade de dar sugestões na tomada de decisões e assim a gente tem essa


oportunidade de participar e opinar‛. Outra resposta ressalta: ‚Nas decisões a serem

tomadas, as equipes que compõem esta Pró-Reitoria, participam, dando sugestões e


feedback para que o gestor tome determinada decisão.‛

Desta forma, as respostas das gestoras convergem com os resultados do


questionário exibidos no gráfico anterior. Assim, pode-se afirmar que a gestão da

Progep busca inserir seus colaboradores em suas politicas e em seus processos


decisórios. Consequentemente esses servidores têm a percepção que estão inseridos

nesse contexto de Gestão Participativa, pois lhes são oferecidas oportunidades para o
diálogo e a participação.

4.2 Planejamento estratégico

O gráfico 2, mostra os resultados da variável ‚Planejamento Estratégico‛,

em que verificou-se um percentual de 90% de satisfação dos servidores. 86% dos


participantes se consideram responsáveis pelo alcance dos objetivos traçados no

Planejamento estratégico (pergunta 13) e 82% afirmaram que estão empenhados


para alcançar esses objetivos (pergunta 16).

346
Gráfico 2. Percentuais da variável Planejamento Estratégico

Planejamento Estratégico
100% 95% 95%
86% 90%
90% 82%
% de Satisfação

80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
13 15 16 17 Variável

Perguntas

Fonte: Pesquisa dos autores (2016).

Um ponto a se destacar no gráfico acima se refere às perguntas 15 e 17,

que alcançaram um nível significativo de satisfação dos servidores (95%). Os


respondentes foram categóricos ao considerarem que no processo de construção do

Planejamento estratégico houve envolvimento e interação entre as equipes (pergunta


15), bem como, busca pelo consenso nas discussões (pergunta 17).
Na entrevista com as gestoras, um dos aspectos abordados foi quanto as
contribuições que a construção coletiva do Planejamento Estratégico trouxe ao

ambiente organizacional da PROGEP. As respostas apontam que essa participação


possibilitou aos servidores visualizarem a sua importância para a Instituiçao, bem

como, adquirir a convicção de que as atividades que executam são fundamentais


para o desenvolvimento da Organização.

Nesse sentido, uma das gestoras afirmou que uma das conquistas dessa
participação coletiva na construção do planejamento da PROGEP, ‚foi perceber que

cada pessoa, cada tarefa, cada ação que é desenvolvida, faz parte de um plano maior.
Isso valoriza o trabalho das pessoas, faz com que você se sinta importante para a
instituição, pois você vê que a instituição depende de você e das atividades que você
executa.‛
347
Esses resultados remetem à ideia de que a construção coletiva do
planejamento da PROGEP trouxe resultados significativos para a equipe, pois a

metodologia utilizada abriu espaço para a discussão e interação entre os


participantes. Este ambiente de integração culminou na percepção pelos servidores

de que o trabalho que desempenham é essencial para alcançar os objetivos


institucionais. Desta maneira, todos se sentiram motivados e comprometidos em

alcançar as metas traçadas.

4.3 Clima organizacional

Quanto a variável ‚Clima Organizacional‛, foi solicitado aos participantes


que avaliassem sua satisfação em relação a fatores que integram o ambiente

organizacional da PROGEP. Os fatores com maior grau de satisfação (entre 70% e


80%) foram: ambiente psicológico, liderança, equipe, reconhecimento e respeito. Já

os fatores de estrutura física e equipamentos alcançaram percentuais críticos de


satisfação, 23% e 32%, respectivamente.

Resultado similar houve nas respostas das entrevistas, em que foi


perguntado ‚Quais fatores do ambiente organizacional da PROGEP, você considera

pontos fortes e pontos fracos para a satisfação da sua equipe?‛. Obteve-se a seguinte
resposta de uma das gestoras: ‚Considero um ponto forte o fato de haver uma

preocupação da gestão no sentido de promover e participar de atividades que


busquem a interação pessoal e o envolvimento dos servidores. Em contrapartida, a

estrutura física não é apropriada para comportar a equipe.‛


No gráfico 3, observa-se um grau elevado de satisfação dos servidores

(85%), para o Clima Organizacional. Os participantes afirmaram que fazer parte da


construção do planejamento incentivou o trabalho em equipe (pergunta 18) e

influenciou nos processos de tomada de decisão (pergunta 19), onde se nota 95% e
78% de satisfação, respectivamente. Nas perguntas: como os servidores avaliaram o

relacionamento com o líder (pergunta 20) e com os colegas de trabalho (pergunta

348
21), após o processo de elaboração do planejamento, houve um percentual de
satisfação de 86% e 95%, respectivamente.

Gráfico 3. Percentuais da variável Clima Organizacional.

Clima Organizacional
100% 95% 96%
86% 86% 85%
90% 78% 77%
% de Satisfação

80% 73%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
18 19 20 21 22 24 25 Variável
Perguntas

Fonte: Pesquisa dos autores (2016).

Na pergunta 22, do gráfico acima, os respondentes afirmaram que existe


na PROGEP uma cultura baseada na gestão participativa (77%). A pergunta 24 mostra

que 73% dos participantes consideram que a PROGEP é aberta a receber sugestões e
contribuições de seus colaboradores. A pergunta 25, aponta que 86% dos servidores

indicariam a PROGEP para um amigo trabalhar.


As análises abordadas pelo gráfico, apontam para um clima organizacional

favorável no ambiente da PROGEP. Corroborando esta afirmação, a entrevista com as


gestoras evidencia fatores positivos na motivação dos servidores. Quando

perguntado acerca dos fatores que mais motivam os colaboradores da PROGEP, uma
das entrevistadas citou a autonomia e descentralização na execução de atividades, o

reconhecimento pelo trabalho desenvolvido, a definição de metas e o respeito às


ideias e problemas colocados pela equipe.

Outra resposta a ser destacada na entrevista, quanto aos fatores


motivacionais dos servidores, é a importância de se ter no ambiente de trabalho um

relacionamento interpessoal favorável com os colegas e com a chefia. Afirma uma

349
das gestoras: ‚Precisamos nos sentir aceitos, cuidados e receber estima das pessoas
(...) eu vejo isso muito forte na progep. Há uma interação, um relacionamento

interpessoal muito agradável entre os servidores‛.


Nesse contexto em que as gestoras identificaram os elementos que

motivam os colaboradores da PROGEP, observa-se que tais elementos foram


oportunizados e concretizados através da forma participativa de construção de um

instrumento de planejamento para a Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas, como já


visto na análise dos questionários, das variáveis ‚Gestão Participativa‛ e

‚Planejamento Estratégico‛. Este fato portanto, confirma a relação planejamento


estratégico participativo com clima organizacional positivo no ambiente de trabalho.

4.4 Análise geral dos resultados da pesquisa

Além de calcular os percentuais de satisfação dos participantes quanto às

três variáveis abordadas na pesquisa, Luz (2003) afirma que faz-se necessário calcular
o grau de satisfação dos participantes em relação à pesquisa como um todo, ou seja

com relação ao conjunto das variáveis pesquisadas. Assim, este percentual calculado
representa o resultado geral da pesquisa, também chamado de ISG – Índice de

Satisfação Geral.
Este Índice de Satisfação Geral, é obtido através da média aritmética dos

percentuais de satisfação dos participantes, considerando todas as variáveis


pesquisadas. O gráfico 4 mostra o ISG em relação às variáveis gestão participativa,

planejamento estratégico e clima organizacional. Observa-se que as três variáveis


apresentaram níveis elevados de satisfação (82%, 90% e 85%, respectivamente) e

portanto o resultado geral da pesquisa indica um grau de 86% de satisfação.

Figura 4. Gráfico do ISG – Índice de Satisfação Geral

350
ISG - Índice de Satisfação Geral
100% 90%
90% 82% 85% 86%
% de Satisfação

80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Gestão Planejamento Clima ISG
Participativa Estratégico Organizacional

Fonte: Pesquisa dos autores (2016).

Outro ponto a ser destacado nesta pesquisa, é a análise estatística das


correlações de Pearson, com base nos conceitos de Dancey e Reidy (2005), que

apontam a seguinte classificação: r = 0,10 até 0,30 (fraco); r = 0,40 até 0,6
(moderado); r = 0,70 até 1 (forte). Assim, a correlação de nível 0,01 é considerada

significativa, enquanto que a correlação de nível 0,05 é considerada altamente


significativa. A tabela 1 expõe a relação de significância entre alguns fatores do

ambiente organizacional da PROGEP.

Tabela 1. Coeficientes de correlação de Pearson entre sete variáveis que influenciam no clima
organizacional da PROGEP.

CORRELAÇÃO Ambiente Estrutura Liderança Equipam. Equipe Respeit Carga de


Psicológic Física o Trabalho
** **
Ambiente o 1 ,358 ,685 ,174 ,344 ,753 ,530*
E. Física
Psicológico ,358 1 ,314 ,424* -,059 ,209 ,396
**
Liderança ,685 ,314 1 ,202 ,098 ,531* ,735**
Equipament ,174 ,424* ,202 1 -,375 -,124 ,209
**
Equipe
o ,344 -,059 ,098 -,375 1 ,641 -,029
Respeito ,753** ,209 ,531* -,124 ,641** 1 ,345
* **
C. Trabalho ,530 ,396 ,735 ,209 -,029 ,345 1
N 22 22 22 22 22 22 22
**. A correlação é significativa no nível 0,01 (2 extremidades).
*. A correlação é significativa no nível 0,05 (2 extremidades).
Fonte: Pesquisa dos autores (2016).

351
Nessa lógica, é possível verificar que ambiente psicológico sofre influência
significativa de valor moderado de liderança (685**), significativa forte de respeito

(753**) e altamente significativa de carga de trabalho (530*). Assim é possível inferir


que, na percepção dos colaboradores da PROGEP, para se ter um ambiente

psicológico saudável, é necessário que haja um bom relacionamento com a liderança,


alto nível de respeito e uma carga de trabalho proporcional às atribuições e

capacidades dos colaboradores.


É possível sintetizar ainda que os colaboradores consideram que o

respeito entre os indivíduos da organização é significativo para se ter uma equipe


sólida (r= 641**), bem como altamente significativo para se ter uma boa liderança

(531*).
Todas estas variáveis obtiveram avaliações positivas por parte da equipe,

durante a participação no planejamento estratégico, o que influenciou


favoravelmente no clima organizacional. Assim, aspectos relevantes foram ressaltados

como: gestão participativa, interatividade, comprometimento, aprendizado e


envolvimento entre as equipes. O consenso entre os colaboradores sobre o incentivo

fornecido pela liderança, para participação de toda a equipe no planejamento


estratégico, correlaciona-se significativamente com a liberdade de propor sugestões

e fazer críticas, bem como fomenta a prática da gestão participativa.


Considerando que o conceito de clima organizacional engloba o nível de

satisfação dos funcionários de uma organização, acerca de vários fatores e que


influencia a motivação e o comportamento dessas pessoas, pode-se notar que as

respostas dos questionários mostraram relevantes índices percentuais (acima de 80%)

de satisfação para as três variáveis abordadas, bem como evidenciaram a motivação


dos servidores da PROGEP, refletindo desta forma na melhoria do ambiente de

trabalho.
Outro ponto a destacar é que estas variáveis foram compostas por
perguntas que abarcam as dimensões de clima organizacional. Assim, observou-se
nos resultados que a participação dos servidores na construção do planejamento

352
estratégico da PROGEP proporcionou um clima organizacional favorável e positivo
entre os mesmos. A análise das entrevistas com as gestoras corrobora também esta

afirmação. Deste modo, os resultados expostos evidenciam uma relação entre


processo participativo na construção do planejamento estratégico e percepção

coletiva satisfatória quanto ao ambiente organizacional.


Os resultados expostos indicam que quando a gestão da PROGEP deu

prioridade e incentivo para a equipe compor a construção do planejamento


estratégico, os servidores sentiram-se motivados e valorizados pelo trabalho que

desempenhavam. Isto possibilitou o empoderamento da equipe que se envolveu com


a missão, as metas e os valores da instituição, o que refletiu na integração,

colaboração e no relacionamento entre gestores e colegas de trabalho, bem como,


no grau de satisfação dos servidores em fazer parte da construção de um

instrumento importante para o alcance dos objetivos institucionais.

5. CONCLUSÃO

Considerando o que foi exposto, pode-se afirmar que o objetivo da


pesquisa de investigar a participação na construção do Planejamento Estratégico

como fator de satisfação e influência no Clima Organizacional, foi alcançado,


evidenciando que envolver as pessoas nas decisões e na elaboração de instrumentos

estratégicos da organização, contribui para fomentar a gestão participativa e


melhorar os relacionamentos entre os envolvidos.

Nesse sentido, verificou-se que houve empenho da equipe da PROGEP no


processo de construção de seu Planejamento Estratégico, bem como, um

gerenciamento baseado no empoderamento, onde os colaboradores se sentiram


totalmente responsáveis pelo alcance dos objetivos do planejamento. Esse

envolvimento se mostrou um indicador contributivo para um bom ambiente de


trabalho, refletindo portanto no clima organizacional.

A gestão participativa remete a uma ação transparente, baseada no


diálogo e com possibilidades de resultados positivos, considerando que a construção

353
coletiva é o somatório do comprometimento de colaboradores e gestores que visam
melhorar os resultados da organização. E nesse sentido, a gestão da PROGEP

incentivou a participação, fornerceu feedback e reconhecimento aos servidores na


construção do planejamento estratégico, proporcionando oportunidade para novas

ideias, críticas e compartilhamento de experiências.


Desta forma, a dinâmica e a metodologia participativa aplicada na

construção do planejamento estratégico, refletiu diretamente no clima organizacional


da PROGEP, pois influenciou no processo de tomada de decisão, incentivou o

trabalho em equipe e aprimorou a integração entre os colaboradores e destes com


os gestores. Isto possibilitou uma melhor percepção dos servidores em relação ao

ambiente organizacional, que passaram a ter a visão de uma cultura baseada na


gestão participativa e aberta a receber contribuições.

Esta pesquisa apresenta temáticas relevantes e fornece subsidios para


aquisição de informação e aprendizagem, pois aborda assuntos que fazem parte do

cotidiano das organizações como Gestão Participativa, Planejamento Estratégico e


Clima Organizacional e que muitas vezes apresentam pontos críticos que impedem o

alcance dos objetivos organizacionais. Compreender a dinâmica desses processos e


suas relações no ambiente de trabalho facilitará o diagnostico de situações e a

tomada de decisão, no sentido de aprimorar métodos mais eficazes para o


desenvolvimento da organização e das pessoas que a compõe.

Deste modo, trazer à discussão as temáticas abordadas neste trabalho,


contribui para subsidiar as organizações a desenvolver um clima organizacional

positivo, favorecendo a produtividade, a criatividade, a motivação e os resultados

alcançados. Estes fatores são fundamentais para as instituições, considerando o


contexto dinâmico e altamente mutável que as cercam, onde se faz necessário

gerenciar de forma eficiente os recursos e as pessoas que compõem o ambiente


corporativo para que se possa atingir os objetivos traçados.
Diante do exposto, espera-se que os resultados da pesquisa estimulem
novas investigações sobre o tema abordado, visto que, o planejamento estratégico

354
participativo constitui-se em um dos diversos instrumentos que pode ser utilizado
para contribuir com a melhoria do ambiente organizacional. Portanto, este trabalho

abre um leque de possibilidades para estudos posteriores, servindo como norteador


na busca de se implementar e incentivar ações que proporcionem a participação dos

colaboradores nos processos decisórios, bem como, desenvolvam estratégias para a


construção de um clima organizacional favorável.

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357
PROSPECÇÃO ESTRATÉGICA DO CAFÉ COM CIÊNCIA PARA DISSEMINAÇÃO DE
PUBLICAÇÕES TÉCNICO-CIENTIFICAS EM ACESSO ABERTO DA EMBRAPA

AMAPÁ

Geraldo Neves Albuquerque Maranhão


Adelina do Socorro Serrão Belém
Cláudio Márcio Campos de Mendonça

RESUMO:

Acredita-se que os resultados e impactos dos avanços científicos e tecnológicos


decorrentes das atividades das instituições públicas de pesquisa devem ser
amplamente divulgados e compartilhados, de forma que se promovam múltiplos
caminhos para que sejam socializados com a comunidade em geral. O objetivo deste
trabalho é apresentar um estudo de prospecção estratégica da boa prática de
divulgação científica Café com Ciência, que iniciou no salão de leitura da Biblioteca
da Embrapa Amapá, no qual foi discutido de forma prática, informal e descontraída
os resultados de pesquisa presentes em publicações das séries da Embrapa, recém
lançadas, disponíveis em acesso aberto no repositório Infoteca-e (Repositório de
Informação Tecnológica da Embrapa). O evento teve início em 2017, ano em que
foram realizadas quatro sessões, entre os meses de agosto e dezembro, com a
participação de empregados, bolsistas e estagiários da Embrapa Amapá, bem como
de membros de universidades e outras instituições de ensino e pesquisa da região.
Percebe-se como um dos principais resultados do evento a circulação e
popularização das informações e conhecimentos especializados gerados na Embrapa
Amapá, o que, consequentemente, repercute nas estáticas de acesso (consultas e
downloads) dos documentos disponíveis no repositório Infoteca-e.
Palavras-chave: café com ciência, disseminação cientifica, prospectiva estratégica.

1 Introdução

O cenário de publicações cientificas em acesso aberto tem se acentuado

mais e intensamente. O Movimento Open Access é um conjunto de iniciativas mundiais


que busca tornar gratuito o acesso à literatura científica revisada por pares por meio de
periódicos e repositórios disponibilizados na internet (Santos, 2014).

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) é uma

358
empresa pública, criada em 1973, composta por centros de pesquisa localizados em
vários locais do país, que possui como missão viabilizar soluções de pesquisa,

desenvolvimento e inovação para a sustentabilidade da agricultura, em benefício da


sociedade brasileira.

Desde 2011, parcela significativa dos resultados das pesquisas


desenvolvidas por empregados da Embrapa, inclusive Embrapa Amapá, estão

disponíveis nos repositórios digitais de acesso aberto – Infoteca-e (Informação


Tecnológica em Agricultura) e Alice (Acesso Livre à Informação Científica da Embrapa).

Essas plataformas digitais atualmente são importantes ferramentas, que


contribuem positivamente para o desenvolvimento da sociedade, uma vez que torna

acessível a todos, os trabalhos técnicos-científicos produzidos por pesquisadores e


analistas, democratizando o acesso ao conhecimento.

Além disso, a implantação dos repositórios contribuiu para o surgimento


de várias ações estratégicas no âmbito de atuação dos profissionais da informação,

em especial àqueles preocupados com o uso mais frequente das plataformas digitais
por parte da sociedade local, já que o uso por várias partes do mundo já é bem

consolidado conforme observado pelas estatísticas dos repositórios.


Para promover um ambiente de diálogo e interação entre diferentes

atores da sociedade, sobretudo, aqueles voltados para pesquisa, foi planejado pela
equipe da Biblioteca da Embrapa Amapá, juntamente com os gestores da Unidade e

implementado no ano de 2017 o evento Café com Ciência, tendo inicialmente como
elemento propulsor as publicações técnico-científicas, recém-publicadas e disponíveis

em acesso aberto no repositório institucional Infoteca-e.

Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é demonstrar como a


prospecção estratégica usando a boa pratica do Café com Ciência, pode contribuir

para disseminar potencialmente conhecimento técnico-cientifico gerados em uma


Empresa de Pesquisa Agropecuária e ainda contribuir com a troca de experiencias de
maneira informal e sem toda a complexidade que muitas vezes existe na ciência, além

359
de servir como instrumento para tomada de decisão na gestão da informação
especializada.

2 Café com Ciência como instrumento de disseminação de publicações em


acesso aberto

Com o objetivo de promover um ambiente de diálogo e interação

simples e informal entre os diferentes atores da sociedade, sobretudo, aqueles

voltados para pesquisa foram realizados quatro sessões do evento ‚Café com
Ciência‛, entre os meses de agosto a dezembro de 2017. O evento foi planejado pela

equipe da Biblioteca da Embrapa Amapá, juntamente com os gestores da Unidade,


tendo como elemento propulsor as publicações técnico-científicas, recém-publicadas

e disponíveis em acesso aberto no Repositório Institucional (RI) Infoteca-e.


A escolha das datas foi realizada em consonância com a disponibilidade

dos autores das publicações e demais empregados da Unidade. Além disso, sempre
foi observado a agenda de eventos sobre as temáticas inerentes ao ‚Café com

Ciência‛, como por exemplo: Oficinas, Jornadas de Iniciação Científica e demais


eventos que estivessem alinhados com a comunidade acadêmica, como os

estagiários e os bolsistas de graduação e pós-graduação, como poder ser observado


no Quadro 1.

A dinâmica do evento compreendeu a apresentação do RI Infoteca-e e


de publicações recém lançadas, para então se abordar, sob a mediação de autores

dos documentos, os impactos e benefícios decorrentes da adoção da tecnologia que


estava sendo apresentada. Sob essa ótica, não apenas foi realizado o

compartilhamento do conhecimento já produzido, mas também houve uma abertura


para apresentação de necessidades existentes e de potenciais metodologias a serem

aplicadas, ou seja, abordou-se a construção interativa e participativa de outros


conhecimentos, já que a todo momento os participantes eram convidados a interagir

no debate.
360
Quadro 1 - Cafés com Ciência da Embrapa Amapá que ocorreram no ano de 2017.
TEMA/ DATA PUBLICAÇAÇÕES INDICADOR DE NUMERO

LANÇADAS PRODUÇÃO DE
TÉCNICO- PARTICIPANTES
CIENTIFICA

I CAFÉ COM CIENCIA – - Bacterioses em alevinos Série Comunicado 39 participantes

05/09/17 de pirarucu de cultivo com Técnico, 149 (conforme lista de


Na ocasião foi ênfase presença)
comemorado o em edwardsielose e

aniversário de 36 anos da aeromonose.


Unidade e 26 anos do
prédio atual da Biblioteca

II CAFÉ COM CIENCIA - Contenção física, Série Circular Técnica, 47 participantes


Aconteceu no dia 27 de pesagem e medição de 42 (conforme lista de

outubro de 2017. Na quelônios de água doce presença)


ocasião foi feita a entrega em cativeiro.

dos prêmios pelos - Avaliação fisiológica de


Trabalhos premiados na III filhotes de tracajás Série Boletim de

Jornada de Iniciação Podocnemisunifilis Pesquisa e

Cientifica da Unidade alimentados com Desenvolvimento, 98

diferentes níveis de

proteína nas rações.

III CAFÉ COM CIENCIA. - Embrapa Amapá e a pós- - Série Documentos, 40 participantes

Aconteceu no dia 30 de graduação: uma parceria 100 (estimado, não


novembro de 2017, como com efeitos positivos houve lista de
parte da programação do sobre a presença)

Encontro do PPGBio produção científica


- Cooperação - Série Documentos,

internacional na 99
Embrapa Amapá: 2008-

2015.

IV CAFÉ COM CIENCIA. - Aspectos fenológicos da - Série Comunicado 38 participantes


Aconteceu no dia 7 de cultivar de milho BRS- Técnico, 150 (conforme lista de

361
dezembro de 2017 1030 na Região de presença)
Paragominas, PA.
-Sanitização por cloração - Folder técnico

no processamento de açaí:
como fazer e onde aplicar

Esse tipo de boa prática na Ciência, que vem acontecendo no mundo, a

exemplo do Pintof Science (Como..., 2018) inclusive no ano de 2017 aconteceu uma
edição no Amapá (PINT..., 2018) e outras instituições de pesquisa conforme Quadro 2,

surge como mais uma ótima estratégia para a disseminação do conhecimento


científico da instituição que, certamente, resulta no aumento de visibilidade aos

conteúdos digitais dos Repositórios Institucionais (RI).

Quadro 2 - Busca no Google usando o termo ‚Café com Ciência‛

TEMA DO EVENTO INSTITUIÇÃO ENDEREÇO DE ACESSO


Café com Ciência - Inovações Sympla https://www.sympla.com.
eficientes e as características br/cafe-com-ciencia---
do comportamento inovacoes-eficientes-e-
empreendedor as-caracteristicas-do-
comportamento-
empreendedor__277366
Publicado resultado final da seleção Instituto Federal http://conectaif.ifb.edu.br
para o Café com Ciência de Brasília /if-olimpico/semana-de-
producao-cientifica-
2018/493-publicado-
resultado-final-da-
selecao-para-o-cafe-
com-ciencia

Minas faz http://minasfazciencia.co


Ciência no café, Ciência m.br/2017/09/13/ciencia-
lançamento de ebook e no-cafe-lancamento-de-
revista nova! ebook-e-revista-nova/

362
Centro de http://www.cetene.gov.br
Café com Ciência Tecnologias /index.php/2018/11/19/c
Estratégicas do afe-com-ciencia/
Nordeste
Café e Ciência VideoYoutube https://www.youtube.com
/channel/UCdFNjuQaNP4
oRbWPPwZE7Lw

Café com Ciência Criação http://www.cafeeciencia.c


independente om.br/videos-recentes-
de Felipe Hima cafe-e-ciencia/a-saga-
lancamento-foguete-
electron-da-
rocketlab.html

Café com Ciência Blog http://1cafecomciencia.bl


ogspot.com/

Café com Ciência Centro de http://www4.funcesi.br/w


Pesquisa, Pós- eb/index.php/cafe-com-
graduação e ciencia
Extensão
(CEPPE) Funcesi
Café com Ciência Blog https://cafecomciencia.w
ordpress.com/

Café com Ciência USP http://ribeirao.usp.br/?tag


=cafe-com-ciencia

Café com Ciência Instituto http://www.io.usp.br/inde


Oceanográfico x.php/infraestrutura/mus
eu-oceanografico/2-
portugues/637-cafe-com-
ciencia-informacoes

Café com Ciência Página do https://www.facebook.co


facebook m/cafeecienciaoficial/

Pintofs Science Pintof Science https://g1.globo.com/cie


ncia-e-saude/noticia/no-
festival-pint-of-science-
cientistas-falam-de-suas-
pesquisas-em-bares-de-
363
22-cidades-
brasileiras.ghtml

Café com Agroecologia: Universidade https://periodicos.ufv.br/


integrando conhecimento Federal de ojs/index.php/elo/article/
Viçosa view/1222

3 Prospecção Estratégica do Café com Ciência

Uma inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço)

novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de


marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na

organização do local de trabalho ou nas relações externas (OCDE, 2007).

Conforme define Coelho (2003 citado por Teixeira, 2013), o termo


prospecção tecnológica designa atividades de prospecção centradas nas mudanças

da capacidade funcional ou no tempo e com significado de uma inovação.

Nesse mesmo sentido, a estratégia de usar a boa prática do Café com


Ciência, para aumentar o impacto dos resultados das pesquisas da Embrapa em suas

publicações técnicas, pode ser caracterizado como um método inovador de


divulgação cientifica e uma ferramenta na tomada de decisão para atingir objetivos

estratégicos.

Para Godet (2000 citado por Polacinski, 2011), a prospectiva é um

instrumento que possibilita a organização e estruturação, por meio de uma reflexão


coletiva, dos desafios futuros e, eventualmente, a avaliação das opções estratégicas.

Além disso, a prospectiva permite a identificação de futuros possíveis, ou seja, de


cenários prováveis, tendo em vista os projetos dos atores importantes no processo,

onde cada cenário pode ser definido como uma previsão (Godet, 2003 citado por
Polacinski, 2011).

364
Assim, é uma prospecção estratégica de gestão para os futuros Café
com Ciência:

a) Divulgar também as publicações que estão no RI Alice (artigos de periódicos,

artigos em eventos).
b) O evento deve sair dos muros da Embrapa Amapá e acontecer em outras

instituições de pesquisas e acadêmicas.


c) Acontecer conjuntamente com o Embrapa Escola (é uma ação que integra a

Embrapa e as instituições de ensino, aproximando cientistas, estudantes e

professores para estimular nos jovens o interesse pelo conhecimento


científico).

d) Entrega das Minibibliotecas (são uma iniciativa institucional da Embrapa de


incentivo à leitura e a inclusão produtiva no meio rural).

e) Promover potencialmente o evento em conjunto com outros eventos,


principalmente os que envolverem atores externos.

3.1 OS NÍVEIS DE MATURIDADE

Segundo Velho et al. (2017, p. 120) ‚a tecnologia não ‚nasce‛ pronta


para uma aplicação imediata, pois se tem, no início, apenas uma ideia de seu possível

emprego. Após, há um desenvolvimento dinâmico e em curso da tecnologia para


customizá-la ao seu emprego‛. Da mesma forma acontece com os processos

inovadores, para seu bom aproveitamento e melhoria, também são necessários os


níveis de submissão de escala de maturidade.

Como o café com Ciência, trata-se de um processo que iniciou em 2017

com quatro edições, em 2018 com duas sessões e futuramente objetiva


estrategicamente alcançar espaços de outras instituições como a Universidades
Federal e Estadual e os polos dos Institutos Federais do estado, acreditamos que

365
esteja na categoria de Emergente ou Em Crescimento, conforme especificados na
Figura 1 Tabela 1.

Figura 1. Nível de maturidade do processo Emergente ou Em Crescimento.

Tabela 1. Níveis detalhados do processo Emergente ou Em crescimento.

NM1 NM2 (Gerenciado) NM3 (Definido) NM4 (Gerenciado NM5

(Inicial) Quantitativamente) (Otimizado)

Pesquisa Desenvolvimento e Criação da marca Realização de 4 Validação e

básica conceito Construção do evento. eventos em 2017 e 2 aceitação como

do Projeto para para Modelos de eventos em 2018. ferramenta de

apresentar aos convites disseminação.

gestores elaborados para Foco contínuo na


encaminhar melhoria
internamente por

e-mail

4 Metodologia

Trata-se de uma pesquisa exploratória, uma vez que, segundo Marconi


e Lakatos (2003), analisa determinado tema com finalidade de desenvolver hipóteses
e aumentar a familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno
para clarificar conceitos. Como reforçado por Gil (2002) o entendimento desse tipo
366
de pesquisa é proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-
lo mais explícito ou a constituir hipóteses, de forma que pode-se dizer que tem como

objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições. Nesse


sentido, o trabalho é um estudo de caso que, ainda segundo as autoras (Marconi;

Lakatos, 2003), é característico deste tipo de pesquisa.

Também é descritiva, pelo seu estudo, análise, registro e interpretação

de outros eventos relacionados ao tema.

Sua natureza é qualitativa, uma vez que, conforme definiram Silveira e

Córdova (2009), não tem preocupações apenas com a representação numérica, mas,
sobretudo com a compreensão do objeto por meio de dados não-métricos. Mas

também tem dados quantitativos, representados pelos gráficos gerados pelos


estat´siticas dos respositórios digitais.

As técnicas de coleta de dados utilizadas foram: análises bibliográficas e


documentais, constantes no Google, Bases de Dados e Portal Capes. Assim, o que se

objetiva estudar são as características da prospecção estratégica da ação Café com


Ciência, como ferramenta potencial para disseminação de publicações, como
estratégia para aumentar o impacto de pesquisa oriunda da Embrapa Amapá.

Os procedimentos adotados estão resumidamente ilustrados na Tabela


2.

Tabela 2 – Resumo da metodologia utilizada

Técnicas de coleta de
Tipo de pesquisa Natureza
dados

Bibliográfica
Exploratória Qualitativa
Documental

367
Descritiva Estudo de casos Quantitativa

4 Resultados

Segundo Lima (2015) ‚a Ciência é desenvolvida para o benefício

da sociedade, mas essa mesma sociedade, muitas vezes (na maioria delas),
nem mesmo conhece aquilo que a Ciência produz ou está produzindo para

tentar melhorar a vida social humana, porque em geral o cientis ta costuma

ser um cidadão bastante distante do cidadão comum nas comunidades


particulares e na sociedade como um todo.

Para Silva Neto (2015) a divulgação científica pode ser entendida como

sendo a forma mais clara e objetiva de popularização da ciência. Com a divulgação


científica, a população pode entender as ciências desenvolvidas pelos cientistas em

que esse público tem condições de conviver com a modernidade e compreender a


inovação tecnológica.

Assim entendemos que as produções técnico -científica necessita

ser passada à Sociedade de forma clara, objetiva, com linguagem simples e


verdadeira, pois a consolidação da pesquisa acontece justamente na

divulgação de seus resultados, sejam eles de forma física ou digital.

No Café com Ciência, embora as publicações discutidas nos eventos


estivessem disponíveis online e gratuitamente, em linguagem simples e acessível,

parece ter havido um aumentou do interesse dos participantes do evento a


conhecerem melhor as tecnologias apresentadas. Além disso, o aumento pode ter
sido, porque houve, por parte da grande parcela que participou dos eventos, uma
preocupação em saber mais detalhadamente, como poderiam acessar os conteúdos

368
abordados. Os aspectos de tecnologia da informação presentes no Infoteca-e
facilitara essa interação, já que o repositório possui interface responsiva e licença

pública de uso (CreativeCommons 4.0).

Como muitos dos presentes ao evento não tinham conhecimento sobre


como visualizar as publicações em seus celulares, usando o QR Code, houve a

preocupação da equipe em orientar o compartilhamento dessas informações. Com


essa interação, notou-se um maior número de compartilhamentos nas redes sociais

dos participantes do ‚Café com Ciência‛.

Percebe-se como um dos principais resultados dos eventos, foi a


circulação e popularização das informações e conhecimentos especializados gerados

na Embrapa Amapá, o que, consequentemente, repercute nas estáticas de acesso


(consultas e downloads) dos documentos disponíveis no repositório Infoteca-e,

claramente visíveis nas Figura 2 e 3, e também publicados em outros sites, conforme


mostra a Figura 4 do pré-lançamento em 2016 do Café para lançamento de um livro.

Como produto do evento, em 2018 o trabalho intitulado ‚Café com

Ciência – divulgação das publicações técnico-científicas em acesso aberto da


Embrapa Amapá‛ foi submetido ao CONFOA (Lisboa), sendo aprovado para

apresentação sob a forma de pecha kucha e já foi publicado no periódico Cadernos


BAD.

Figura 2- Estatística de Consultas no RI Infoteca-e após os eventos.

369
30000
25.897
25000
20.826
20000
Número de Consultas

15000
12.001

10000

4.792 4.770 4.977


5000 3.172
496
0

2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018


-5000

Ano

Fonte: Infoteca-e (2018).

Figura 3- Estatística de Downloads de publicações no RI Infoteca-e após os eventos.

55000

45000

35000
Número de Downloads

25000
downloads
15000 Linear (downloads)

5000

-5000

-15000
Ano

Fonte: Infoteca-e (2018).


Figura 4. Divulgação em fonte externa do Café com Ciência da Embrapa Amapá.

370
Fonte: Lançamento... (2016).

5 Conclusão

Tomando por base os resultados obtidos após os eventos de 2017 e


2018 e da análise prospectiva realizada na internetsobre a movimentação em várias

instituições utilizando o Café com Ciência, foi possível perceber que é possível utilizar
a boa pratica como estratégia para aumentar positivamente o impacto de resultados

de pesquisa.

A experiência pela iniciativa inovadora do ‚Café com Ciência‛ da


Embrapa Amapá, possibilitou resultados positivos para a Instituição, também com

relação aos próprios servidores da Instituição. Na medida em que eles começaram a


se apropriar mais do que é produzido na Embrapa Amapá, acredita-se que os

empregados também conseguiram identificar sua importância dentro de todo o

processo da geração de dados para a elaboração das publicações.

Um outro aspecto importante que deve ser salientado, é que parece


que com a implantação do ‚Café com Ciência‛, houve um aumento nas estáticas de

acesso (consultas e downloads) dos documentos disponíveis no repositório Infoteca-


e.

371
Por fim, acredita-se que para a sociedade, é oportunizado mais uma

ação de disseminação do conhecimento técnico-cientifico gerado pela Embrapa


Amapá. Mas essa disseminação pode ser ainda potencializada, se for adotada uma

melhor maneira de envolver mais as instituições parceiras e as diversas instituições


acadêmicas existentes no Estado do Amapá.

Referências

AGÊNCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL – ABDI. Plataformas

demonstradoras tecnológicas aeronáuticas, experiências com programas


internacionais, modelagem funcional aplicável ao Brasil e importância da sua

aplicação para o País. Brasília, DF: 2014.

COMO nasceu o PintofScince. Disponível em: <http://pintofscience.com.br/historia/>.


Acesso em: 22 dez. 2018.

ESTATÍSTICAS de Consultas e Downloads do Infoteca-e. Disponível em:


<https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/stats?level=general&type=access

&page=downviews-series>. Acesso em: 22 dez. 2018.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. 176 p.
Disponível em:

<https://professores.faccat.br/moodle/pluginfile.php/13410/mod_resource/content/1
/como_elaborar_projeto_de_pesquisa_-_antonio_carlos_gil.pdf>. Acesso em: 22 dez.

2018.

GODET, M. ‚A caixa de ferramentas” da prospectiva estratégica. Lisboa: Centro de

Estudos de Prospectiva e Estratégia, 2000. 97 p. Disponível em:


<http://www.institutobrasilrural.org.br/download/20080615095245.pdf>. Acesso em:
22 dez. 2018.

372
GODET, M. Manual de prospectiva estratégica: da antecipação à acção. Lisboa:
Dom Quixote, 2003. 405 p.

LANÇAMENTO do ‚Café com Ciência‛ e distribuição de publicações na Embrapa.

2016. Disponível em:


<https://www.agrolink.com.br/culturas/soja/noticia/lancamento-do--cafe-com-

ciencia--e-distribuicao-de-publicacoes-na-embrapa_365642.html>. Acesso em: 17


dez. 2018.

LIMA, L. E. C. A importância social da divulgação cientifica. 2015. Disponível em:

<https://www.profluizeduardo.com.br/2015/05/21/a-importancia-social-da-
divulgacao-cientifica/>. Acesso em: 22 abri. 2019.

MARCONI, M. A; LAKATOS, E. M. Fundamentos da metodologia científica. 5. ed.


São Paulo: Atlas, 2003. 315 p. Disponível em:

<https://docente.ifrn.edu.br/olivianeta/disciplinas/copy_of_historia-i/historia-ii/china-
e-india>. Acesso em: 22 dez. 2018.

PINT of Science 2018. Disponível em: <http://amapanomapa.com/events/pint-of-


science/>. Acesso em: 22 dez. 2018.

POLACINSKI, E. Prospectiva estratégica de Godet: processo de aplicação para


arranjos produtivos locais. 2011. 437 f. Tese (Doutorado em Engenharia da Produção)
- Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico, Florianópolis.

Disponível em:
<https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/94904/295960.pdf?se

quence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 22 dez. 2018.

SANTOS, J. C. F. dos. Estudo sobre o movimento open access e de suas

implicações para a comunicação na ciência. 2014. 144 f. Dissertação (Mestrado em


Política Científica e Tecnológica) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de

Geociências, Campinas. Disponível em:


<http://repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/reposip/286633/1/santos_jeancarlosfe

rreirados_m.pdf >. Acesso em: 22 dez. 2018.


373
SILVA NETO, J. C. da. A importância da divulgação científica no contexto da inclusão
social. In: WORLD CONGRESS ON COMMUNICATION AND ARTS, 8., 2015. Salvador.

[Proceedings]. Salvador: WCCA; Uneb, 2015. Disponível em:


<http://copec.eu/congresses/wcca2015/proc/works/15.pdf>. Acesso em: 22 abr. 2019.

SILVEIRA, D. T; CÓRDOVA, F. P. A pesquisa científica. In: GERHARDT, T; SILVEIRA, D. T.

(Org.). Métodos de Pesquisa. Porto Alegre: Ufrgs, 2009. Cap. 2. p. 34-42. Disponível
em: <http://http://meiradarocha.jor.br/news/tcc/files/2017/12/Gerhardt-e-Silveira.-

M%C3%A9todos-de-Pesquisa-EAD-UFRGS.pdf>. Acesso em: 22 dez. 2018.

TEIXEIRA, L. P. Prospecção tecnológica: importância, métodos e experiências da

Embrapa Cerrados. Planaltina, DF: Embrapa Cerrados, 2013. 34 p. (Embrapa Cerrados.


Documentos, 317). Disponível em:

<http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/100348/1/doc-317.pdf>.
Acesso em: 20 abr. 2019.

VELHO, S. R. K.; SIMONETTI, M. L.; SOUZA, C. R. P. de; IKEGAMI, M. Y. Nível de

Maturidade Tecnológica: uma sistemática para ordenar tecnologias. Parcerias


Estratégicas, Brasília, DF, v. 22, n. 45, p. 119-140, jul-dez. 2017. Disponível em:

<http://seer.cgee.org.br/index.php/parcerias_estrategicas/article/viewFile/867/793>.
Acesso em: 20 abr. 2019.

374
MAPEAMENTO PROSPECTIVO DO JAMBU: PESQUISAS E PATENTEAMENTO

Geraldo Neves Albuquerque Maranhão


Jesusa Vania Bagundes Nascimento

RESUMO:
O Jambu, de nome científico AcmellaOleracea, é uma hortaliça originária da região
Amazônica, rica em ferro, cálcio e vitaminas. É ingrediente essencial para o preparo
do pato-no-tucupi e tacacá, tradicionais iguarias paraenses e possui propriedades
terapêuticas. Seu principal composto ativo é o alcaloide spilanthol, substancia usada
para produzir remédios e cosméticos para uso anestésico, antisséptico, antirrugas,
anti-inflamatório, antimicrobiano, entre outros. Com o objetivo de realizar um
mapeamento prospectivo do jambu, buscou-se artigos publicados na base SCOPUS,
e depósitos de patentes na base PATENTSCOPE da Organização Mundial da
Propriedade Industrial (OMPI). Constatou-se que os principais países depositantes:
Estados Unidos, Austrália e China, possuem reduzido número de publicações. Na
contramão, o Brasil é líder no número de artigos publicados sobre o tema, mas
possui baixa quantidade de depósitos de pedidos de patentes relacionadas ao jambu.

Palavras-chave: Mapeamento Prospectivo. Jambu. Acmella Oleracea.

INTRODUÇÃO
O Jambú (AcmellaOleracea) é uma hortaliça da família Asteraceae

popularmente conhecida por seu uso em pratos típicos da culinária paraense e por
possuir propriedades terapêuticas. Embora seja uma espécie originária da região

Amazônica, especialmente do estado do Pará, atualmente se dispersa em muitos

lugares do Brasil sendo, inclusive, cultivado na índia e em outros países da América


Central, Europa e Ásia. Também conhecido como agrião-do-pará, agrião-do-brasil,

agrião-do-norte, entre outras denominações, é rico em nutrientes como ferro, cálcio


e vitaminas A, B1, B2 e C (COSTA, 2010).

A hortaliça faz parte da cultura gastronômica paraense. É ingrediente


essencial para o preparo do pato-no-tucupi e tacacá, tradicionais iguarias paraenses.
Além destes, é utilizada em uma variedade de outros pratos, com outras carnes e

375
combinações: arroz paraense (arroz com jambu), pastel de jambu, pizza de jambu etc
(HOMMA et al., 2011).

Quanto a suas propriedades medicinais, os povos amazônicos há muito


conhecem o efeito anestésico da planta que é utilizada para dor de dente, dor de

garganta e outros males. Por isso, o jambu despertou o interesse científico e


industrial em comprovar sua eficácia farmacológica, visando seu potencial econômico

(COSTA, 2010).
O jambu tem propriedades anestésica, diurética, digestiva, sialagoga

(provoca salivação), antiasmática e antiescorbútica. Seu principal composto ativo é o


alcaloide spilanthol, substancia usada para produzir remédios e cosméticos para uso

anestésico, antisséptico, antirrugas, anti-inflamatório, antimicrobiano, entre outros


(HOMMA et al., 2011).

A planta é objeto de muitas pesquisas e algumas já resultaram em


patentes tanto no Brasil quanto no exterior. Inclusive a substância spilanthol foi

patenteada por pesquisadores americanos, o que gerou repercussão quando circulou


na internet a falsa notícia de que, por causa da patente americana, pesquisadores

brasileiros não poderiam continuar suas pesquisas sobre o jambu. O fato é que a lei
brasileira não permite o patenteamento de substancias encontradas na natureza,

apenas produtos ou processos derivados de tais substâncias: extratos, formulações,


métodos. Logo, a patente americana não tem validade no Brasil e não compromete

as pesquisas sobre o jambu (Folha de São Paulo, 04/07/2018).


As patentes requeridas por países em que a espécie não é nativa trazem

a tona a discussão sobre a biopirataria e a necessidade de proteger as espécies

amazônicas e o potencial que estas representam para as pesquisas científicas


brasileiras (HOMMA et al., 2011).

Este estudo pretende apresentar um mapeamento tecnológico dos


pedidos de patente relacionados ao Jambu, com o objetivo de identificar
quantitativamente a evolução do número de pedidos, os países que se destacam
como depositantes e os códigos de classificação internacional de patentes (CIP)

376
predominantes, que por sua vez remetem ao tipo de produto/processo objeto do
pedido de proteção.

MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa tem caráter exploratório e quantitativo. Primeiro foi


realizado levantamento bibliográfico em artigos científicos referentes a pesquisas

sobre o jambu na base de dados SCOPUS. A busca por patentes foi realizada na base
PATENTSCOPE, da Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI), que

reúne milhões de documentos de bases nacionais e regionais. Como estratégia de


busca utilizou-se como palavras-chave: Jambu, AcmellaOleracea, Jambu AND

acmellaoleracea, Jambu OR acmellaoleracea. As duas bases utilizadas para a pesquisa


fornecem gráficos dos dados estatísticos, os quais foram copiados para compor a

análise dos resultados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
A tabela 1 mostra os resultados da busca por publicações relacionadas

a pesquisas com o Jambu, realizada na Base de dados SCOPUS:


Tabela 5 – Quantidade de publicações relacionadas a pesquisas com Jambu na base Scopus.

Palavra-chave Quantidade de
Publicações

Jambu 131

‚AcmellaOleracea‛ 56

Jambu AND ‚AcmellaOleracea‛ 28

Jambu OR ‚AcmellaOleracea‛ 160

Espilantol 3

Spilanthol 89

Spilanthol AND Jambu 23

Spilanthol AND 18
‚AcmellaOleracea

377
Para análise, foram considerados somente os resultados da busca

combinada Jambu OR ‚AcmellaOleracea‛: 160 publicações, para dar abrangência ao


objeto do estudo. Observou-se que as publicações sobre o Jambu tiveram aumento

significativo a partir de 2011, com períodos de menor produção em 2013 e 2017 em


comparação com os respectivos anos anteriores (Figura 1).
Figura 5 - Evolução temporal das publicações sobre o Jambu.

Fonte: Scupus
Na figura 2, o Brasil se destaca como sendo o país com mais
publicações sobre o assunto.
Figura 6 - Publicações por países.

378
Fonte: Scopus

Percebe-se, na figura 3, que a maioria das publicações está voltada a


área das Ciências Agrárias e Biológicas (26,5%), seguida pela Farmacologia,

Toxicologia e Farmacêutica (11,6%), Medicina - Remédios (10,1%) e Bioquímica,


Genética e Biologia Molecular (6.3%).

Figura 7 - Publicações por área de pesquisa.

Fonte: Scopus.

A tabela 2 mostra os resultados da busca por patentes relacionadas ao

Jambu, realizada na Base de patentes PATENTSCOPE da WIPO:


Tabela 6 - Quantidade de pedidos de patentes relacionadas ao Jambu na base de dados

PATENTSCOPE.

Palavra-chave Quantidade de Pedidos de

Patentes

Jambu 31

‚AcmellaOleracea‛ 30

Jambu AND ‚Acmellaoleracea‛ 6

‚Acmellaoleracea‛ OR Jambu 1951

Espilantol 9

379
Spilanthol 89

Spilanthol AND Jambu 46

Spilanthol AND 14

‚AcmellaOleracea‛

Para análise das patentes também se utilizou os resultados da busca

combinada ‚AcmellaOleracea‛ OR Jambu, visando maior alcance da pesquisa. A


Figura 4 mostra a evolução dos pedidos de patentes nos últimos dez anos, revelando

que em 2008 e 2011 ocorreram o maior número de publicações de patentes

relacionadas ao Jambu, com 181 e 170 registros, respectivamente. Em contrapartida,


o ano de 2018 registrou o menor índice, apenas 75 pedidos publicados.
Figura 8 - Ano de publicação dos pedidos de patente.

Fonte: Patentscope.

Quanto aos principais países depositantes (Figura 5) destacam-se os


Estados Unidos, Austrália e China. O PCT (Tratado de Cooperação em Matéria de

Patentes) aparece com o segundo maior número de depósitos e o Brasil aparece na


décima colocação com 41 depósitos, atrás do Canadá, Japão, México e Espanha, além

dos três primeiros já citados.

380
Figura 9 - Principais países depositantes.

Fonte: Patentscope.

Considerando a Classificação Internacional de Patentes (CIP)

predominam nos resultados encontrados os código A61K, A23G e A61Q (Figura 6),
todos da seção de Necessidades Humanas(Tabela 3). Os códigos encontrados em

menor quantidade são: G01N, C11B e C07D (Figura 6), relativos às seções de Física e,
Química e Metalurgia, respectivamente (Tabela 4).
Figura 10 - Principais Classificações relacionadas.

Fonte: Patentscope.

381
Tabela 7 - CIP predominantes na pesquisa sobre patentes relacionadas ao Jambu na base de
dados PATENTSCOPE.

CIP Área Tecnológica Quantidade

A61K Necessidades Humanas - Ciência Médica ou Veterinária; 1.049

Higiene - Preparações para finalidades médicas,


odontológicas ou higiênicas (dispositivos ou métodos

especialmente adaptados para dar aos produtos


farmacêuticos formas físicas determinadas ou para sua

administração A61J 3/00; aspectos químicos de, ou uso


de materiais para ataduras, curativos, almofadas

absorventes ou artigos cirúrgicos A61L; composições


saponáceas C11D).

A23G Necessidades Humanas - Alimentos ou produtos 674


alimentícios; seu beneficiamento, não abrangido por

outras classes - Cacau; produtos de cacau, p. ex.


chocolate; substitutos de cacau ou produtos de cacau;

confeitos; goma de mascar; sorvetes; preparações dos


mesmos.

A61Q Necessidades Humanas - Ciência Médica ou Veterinária; 602

Higiene - Uso específico de cosméticos ou preparações


similares para higiene pessoal.

Tabela 8 - CIP encontrados em menor quantidade na pesquisa sobre patentes relacionadas ao

Jambu na base de dados PATENTSCOPE.

CIP Área Tecnológica Quantidade

G01N Física – Medição; Teste – Investigação ou análise dos 29


materiais pela determinação de suas propriedades

químicas ou físicas (processos de medição ou teste,


outros que não ensaios imunológicos, envolvendo

382
enzimas ou micro-organismos C12M, C12Q).

C11B Química; Metalurgia - Óleos animais ou vegetais, 41


gorduras, substâncias graxas ou ceras; ácidos graxos

derivados dos mesmos; detergentes; velas - Produção, p.


ex. por compressão de matérias-primas ou por extração

a partir de substancias de rejeitos, refinação ou


preservação de óleos, substancias graxas, p. ex. lanolina,

óleos graxos ou ceras; óleos essenciais; perfumes (óleos


secantes c09f).

C07D Química; Metalurgia - Química orgânica - Compostos 42


heterocíclicos (preparação de compostos

macromoleculares C08).

Considerando a situação específica do Brasil, contatou-se que do

resultado total apenas 41 registros são atribuídos ao país. Entre 2008 e 2018 as
publicações de patentes relacionadas ao jambu variaram entre 1 a 4 pedidos por ano.

Em 2011, no entanto, observa-se um pico significativo com 16 depósitos, ou seja,


quase a metade do total registrado nos dez anos (Figura 7).
Figura 11 - Evolução temporal das publicações de patentes do Brasil relacionadas ao Jambu.

383
Fonte:

Patentscope.

Entre as patentes registradas no Brasil predominam as CIP A61K, A61Q

e A23G, relacionadas à seção de Necessidades Humanas. Os códigos encontrados em


menor quantidade são: B01D, A61L e A61C, o primeiro relacionado à seção de

Operações de Processamento e os dois últimos a Necessidades Humanas (Figura 8).

Figura 12 - CIP predominantes nas publicações de patentes do Brasil relacionadas ao Jambu.

Fonte: Patentscope.
Tabela 9 - CIP predominantes nas publicações de patentes do Brasil relacionadas ao Jambu na

base de dados PATENTSCOPE.

384
CIP Área Tecnológica Quantidade

A61K Necessidades Humanas - Ciência Médica ou Veterinária; 30


Higiene - Preparações para finalidades médicas,

odontológicas ou higiênicas (dispositivos ou métodos


especialmente adaptados para dar aos produtos

farmacêuticos formas físicas determinadas ou para sua


administração A61J 3/00; aspectos químicos de, ou uso

de materiais para ataduras, curativos, almofadas


absorventes ou artigos cirúrgicos A61L; composições

saponáceas C11D).

A61Q Necessidades Humanas - Ciência Médica ou Veterinária; 17

Higiene - Uso específico de cosméticos ou preparações


similares para higiene pessoal.

A23G Necessidades Humanas - Alimentos ou produtos 10

alimentícios; seu beneficiamento, não abrangido por


outras classes - Cacau; produtos de cacau, p. ex.

chocolate; substitutos de cacau ou produtos de cacau;


confeitos; goma de mascar; sorvetes; preparações dos
mesmos.

Tabela 10 - CIP menos encontrados nas publicações de patentes do Brasil relacionadas ao Jambu
na base de dados PATENTSCOPE.

CIP Área Tecnológica Quantidade

B01D Operações de Processamento; Transporte – Processos ou 1


aparelhos físicos ou químicos em geral – Separação

(separação de sólidos de outros sólidos por via úmida


B03B, B03D, por meio de peneiras ou mesas

pneumáticas B03B, por outros métodos a seco B07;


separação magnética ou eletrostática de materiais

385
sólidos dos materiais sólidos ou de fluidos, separação
por meio de campos elétricos de alta-tensão B03C;

centrífugas B04B; aparelhos de vórtice B04C; prensas per


se para espremer o líquido de materiais que o

contenham B30B 9/02).

A61L Necessidades Humanas – Ciência Médica ou Veterinária; 1


Higiene – Métodos ou aparelhos para esterilizar

materiais ou objetos em geral; Desinfecção, esterilização


ou desodorização do ar; Aspectos químicos de ataduras,

curativos, almofadas absorventes ou artigos cirúrgicos;


Materiais para ataduras, curativos, almofadas

absorventes ou artigos cirúrgicos (conservação de


corpos ou desinfecção caracterizada pelo agente

empregado A01N; conservação, p. ex. esterilização de


alimentos ou gêneros alimentícios A23; preparações para

finalidades médicas, odontológicas ou de toalete A61K).

A61C Necessidades Humanas – Ciência Médica ou Veterinária; 1

Higiene - Odontologia; Aparelhos ou métodos para


higiene oral ou higiene dental (escovas de dente sem

acionamento A46B; preparações para odontologia A61K


6/00; preparações para limpeza dos dentes ou da boca

A61K 8/00, A61Q 11/00).

A análise dos resultados permite observar que, embora haja registros de

estudos anteriores, o crescimento das pesquisas relacionadas ao jambu ocorreu


primeiro em 2008 e depois em 2011, justamente quando foram registrados o maior

número de publicações de patentes. A contradição surge quando analisamos a


situação do Brasil, que aparece em primeiro lugar no número de publicações, mas na

décima posição entre os países depositários de patentes, revelando que muitos

386
pesquisadores não se preocupam em proteger o resultado de seu trabalho,
contentando-se apenas em apresentar seus estudos em revistas e eventos. Em

contrapartida, os Estados Unidos que se destacam como maior depositante de


patentes relacionadas ao Jambu, ocupa o quarto lugar no ranking de publicações,

com um número quase cinco vezes menor do que o apresentado pelo Brasil.
Quanto a Classificação Internacional de Patentes (CIP), tanto no geral

quanto no caso específico do Brasil, predominam pedidos relacionados à seção de


Necessidades Humanas, subseções de Ciência Médica e Veterinária; Alimentos ou

Produtos Alimentícios, correspondendo em parte às áreas predominantes nas


pesquisas sobre o Jambu: Ciências Agrárias e Biológicas; Farmacologia, Toxicologia e

Farmacêutica; Medicina-Remédios. Vale ressaltar que uma patente pode ser


relacionada a mais de um CIP, razão pela qual a quantidade de patentes por código

pode exceder a quantidade de publicações de patentes.


Os resultados apontam ainda que o número de pedidos de patentes

vem reduzindo desde 2016 alcançando a menor quantidade em 2018, somente 75


pedidos publicados, e destes apenas um tem o Brasil como depositante.

Curiosamente, neste mesmo ano, o número de publicações sobre a planta alcançou o


nível mais elevado.

Assim, percebe-se no quadro geral que o número de publicações de


artigos é muito inferior ao número de pedidos de patentes relacionadas ao Jambu.

Situação oposta ao contexto brasileiro onde a evolução nas publicações, supera


quantitativamente a de depósitos de pedidos de patentes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A prospecção tecnológica confirma que o jambu é uma planta com

diversas possibilidades de aplicações e grande potencial industrial, podendo ser


utilizado na produção de remédios, cosméticos, produtos alimentícios, entre outros.
Embora seja uma planta típica da região amazônica, o jambu ainda é
pouco explorado no Brasil, pois o número significativo de artigos científicos

387
publicados não corresponde à quantidade de depósitos de patentes relacionadas à
espécie, realizadas por pesquisadores e/ou instituições brasileiras. Considerando o

número total de patentes, percebe-se que o potencial do jambu vem sendo


explorado principalmente por países mais desenvolvidos em termos de inovação

tecnológica, que se mostram menos preocupados em publicar suas descobertas e


mais interessados em protegê-las como bens intangíveis.

Verificou-se ainda, com base nos códigos da Classificação Internacional


de Patentes que os depósitos estão concentrados nas subáreas da Ciência Médica ou

Veterinária e Alimentos ou Produtos Alimentícios, no entanto há outras áreas ainda


pouco exploradas como Ciência Ambiental; Ciências Agrárias e Biológicas;

Engenharia; Química; Física e Astronomia, as quais aparecem relacionadas a alguns


dos estudos brasileiros mapeados, o que pode significar que o Brasil precisa

direcionar suas pesquisas buscando a inovação tecnológica, pois possivelmente está


perdendo potenciais bens intangíveis ao levar a domínio público, sem as devidas

precauções de proteção, conhecimentos patenteáveis. Por outro lado, o resultado


indica, pela quantidade de pesquisas publicadas, que o Brasil tem enorme potencial

para gerar produtos e processos patenteáveis relacionados às propriedades do


jambu.

REFERENCIAS

CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE PATENTES. Disponível em:


<http://ipc.inpi.gov.br/ipcpub/?notion=scheme&version=20190101&symbol=none&
menulang=pt&lang=pt&viewmode=f&fipcpc=no&showdeleted=yes&indexes=no&
headings=yes&notes=yes&direction=o2n&initial=A&cwid=none&tree=no&searchm
ode=smart>. Acessado em: 17 e 18 dez. 2018; 06 jan. 2019.
COSTA, Cristiane Maria Leal. Caracterização e análise experimental do recobrimento
de sementes de jambu (Spilhantesoleracea) em leito fluidizado. 2010. 182f.
Dissertação de Mestrado – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP: [s.n.],
2010. Disponível em:
<http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/266938/1/Costa_CristianeMariaLe
al_D.pdf>. Acesso em: 18 dez. 2018.
FOLHA DE SÃO PAULO. Patente dos EUA sobre a planta jambu é novo alvo de
notícias falsas. Edição Online - 04/07/2018. Disponível em:

388
<https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2018/07/patente-dos-eua-sobre-a-planta-
jambu-e-novo-alvo-de-noticias-falsas.shtml>. Acesso em: 17 dez. 2018.
HOMMA, A. K. O.; SANCHES, R. da S.; MENEZES, A. J. E. A. de; GUSMÃO, S. A. L. de.
Etnocultivo do jambu para abastecimento da cidade de Belém, estado do Pará. 2011.
Disponível em:
<http://www.bdpa.cnptia.embrapa.br/consulta/busca?b=ad&id=920560&biblioteca=
vazio&busca=920560&qFacets=920560&sort=&paginacao=t&paginaAtual=1>.
Acesso em: 18 dez. 2018.
PATENTSCOPE. ‚AcmellaOleracea‛ OR Jambu. Disponível em:
<https://patentscope.wipo.int/search/pt/search.jsf>. Acesso em: 18 dez. 2018.
SCOPUS. ‚AcmellaOleracea‛ OR Jambu. Disponível em: <https://www-
scopus.ez7.periodicos.capes.gov.br/search/form.uri?display=basic>. Acesso em: 17
dez. 2018.

389
AS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS E OS QUILOMBOS DO AMAPÁ:INOVAÇÃO PARA
MANUTENÇÃO DOS SABERES TRADICIONAIS AFRICANOS NA AMAZÔNIA
APÓS O PERÍODO COLONIALISTA.

Eudes Mata Vidal


Lúcio Dias das Neves

RESUMO:
Este artigo é um ensaio sobre o processo de colonização na Região Norte do Brasil, a
partir da Capitania de São José do Rio Negro – que compreendia os estados do
Amazonas, Roraima, Pará e Maranhão - que contribui para a chegada dos negros no
Amapá e sobre o processo de ressignificação dos saberes tradicionais, a relação de
respeito com a biodiversidade, as técnicas para uso e manutenção do solo herdadas
da África e que são repassados de geração após geração. Neste sentido, os autores
fizeram um recorte breve no espaço-tempo sobre a chegada dos negros a partir da
Capitania do Rio Negro para que possamos situar a chegada do negros na capital do
Amapá, assim, como, a ocupação e permanência da comunidades quilombolas por
todo território amapaense. Por conseguinte, os autores consideram que este ensaio
possa servir como base para futuros pedidos de proteção das IG existentes nos
quilombos da Amazônia, e em especial nos quilombolos do Amapá.

Palavras-chave: Inovação;Saberes Tradicionais; Negros; Quilombos; Amapá.

1 INTRODUÇÃO

Ao tratar das questões que envolvem o processo de colonização no Brasil, mais


precisamente nas províncias do Rio Negro e de Belém, por consequência , temos que
situar nossa investigação em torno da formação do sistema econômico baseado na
escravidão dos africana, sendo esse aspecto, elemento estruturante para a reprodução

do sistema sensorial lusitano, aplicado nas colônias dos continentes africanos e


americanos.

Em visto disso, pontuamos as perspectivas contrahegemônicas produzidas por


negros escravizados, libertos, enquanto formas de sublevação, superação das práticas
escravagistas e os espaços de luta, resistência e enfrentamento do sistema senhorial
colonial. Sendo assim, traremos para discussão, alguns elementos que julgamos
390
importante para compreendermos a ‚construção‛ de uma certa autonomia‛ ,
enquanto um espaço criativo, forte e amplamente constitutivo de luta e resistência,

para se pensar processos de conservação e atualização das tradições, que enquanto


práxis social, se ressignificaram a partir dos encontros polifônicos entre as diferentes

cosmovisões de culto aos ancestrais do mundo indígena e afro.

2 A CONSTRUÇÃO DO SISTEMA ESCRAVAGISTA SENHORIAL

Conceição ( 2001), ao tratar da chegada dos negros ao Brasil, enquanto povos

que sumariamente foram sequestrados de suas terras de origem pelas práticas


próprias do sistema escravagista, aponta para a primeira leva, ou melhor carga de

sequestrados que data desde 1538. Segundo Nunes (2017) a partir do aumento do
excedente da produção de açúcar, foi sendo introduzido a mão de obra escravizada

africana, tendo como, foco o sequestro de grupos que já tinham conhecimentos na


prática da agricultura e das multitarefas. A escravidão não foi uma novidade na África,

tendo em vista que os grupos islamizados ou não, concebiam-na como um sistema


doméstico ligado a estrutura e organização das atividades familiares, ou para fins de

participação em guerras; em vista disso que diferentes grupos africanos e alguns


grupos europeus, já a realizavam esparsamente. No entanto, durante a colonização, a

escravidão foi lentamente se tornando uma das principais fontes econômicas e de


mão de obra para o trabalho nas fazendas de cana de açúcar da Colônia nas Américas.

Ainda em pequena escala a produção centralizada no trabalho escravizado foi um

processo gradativo, sendo ampliado nas lavouras de cana da Bahia e


consequentemente no resto do Brasil. Sendo que trabalhavam em paralelo, a princípio

os indígenas, denominados os ‚negros da terra‛, expressão utilizada para identificar os


povos não-europeus da região. Nesse sentido abordamos a classificação produzida
por alguns estudos sobre o sistema escravagista, quando se refere ao tráfico negreiro.

391
Para entendermos esse sistema, foram organizados os grandes períodos da
escravidão, em quatro momentos distintos de ciclo de tráfico de africanos. Por

conseguinte, que cada proprietário de engenho de cana importava um determinado


número de pessoas escravizadas, que advinham das regiões de São Tomé, Congo e

bacia do Níger. Alguns estudiosos desse período da história, classificaram o tráfico


africano transatlântico, em períodos de grande Ciclos econômicos, que se iniciam

com o Ciclo da Guiné no século 16. Mais tarde, se desenvolve o Ciclo do Congo e
Angola, nos períodos dos séculos XVII e XVIII. Por sua vez, o ciclo da Costa da Mina

que compreendia as regiões Baía de Benin e a última fase no século XIX com a
presença de negros genericamente denominados de Iorubás . A classificação dos

africanos que foram escravizados pelo reino da coroa portuguesa, usa a referência
genérica identificada a partir de quatro grandes grupos linguísticos/culturais: Banto,

Iorubá, Jejé e Islamizados.


Portanto, consideramos pertinente a questão para essa discussão: como na

colônia brasileira, na região da Amazônia, foi sendo aplicado e desenvolvido o sistema


escravagista produzido na sociedade senhorial patriarcal de base portuguesa?

Compreendemos que foi se estabelecendo, historicamente, como um modo de


produção que se baseava na mercadorizaçãoda força humana africana nas terras

americanas de maneira massiva, sendo que no nosso caso a discussão versa sobre o
desenvolvimento dessa forma de sobrevivência e trabalho no Brasil e na Bahia.

Diante do exposto, quanto a história da diáspora africana, entendemos que a


mesma precisa ser compreendida como parte importante para entendermos a

formação e a construção dos povos ancestrais fundadores, principalmente neste caso,

da afrodescendência de base amazonense. A migração forçada garantiu também a


renovação da população brasileira que habitavam nas parcas vilas, que outrora eram

formadas por europeus e seus descendentes, bem como indígenas, em maior


número. Entretanto, é sabido que as baixas condições de vida e alta mortalidade,
subsidiaram os interesses dos europeus, pela presença na colônia dos povos africanos
, em vista da substituição do trabalho indígena, que a princípio foram os primeiros

392
explorados pela produção do trabalho escravo, identificados até pelo desígnio de
‚negros da terra‛ para diferenciá-los dos negros da Guiné, ou seja as populações

africanas:

Por volta da segunda metade do século XVI, a oferta de escravos


indígenas começou a declinar e os africanos começaram a
chegar em maior quantidade para substituí-los. Diversos fatores
levaram à substituição do índio pelo africano. As epidemias
dizimaram grande número dos que trabalhavam nos engenhos
ou que viviam em aldeamentos organizados pelos jesuítas. A
fuga dos índios para o interior do território provocou aumento
dos custos de captura e transporte de cativos até aos engenhos
e fazendas do litoral. (Wlamyra R. de Albuquerque, Walter Fraga
Filho. p. 40, 2006).

A escravidão transatlântica foi um comércio importante e vultuoso e ativo para


seus traficantes. A mesma foi responsável por constituir o grupo dominante da colônia

que ocuparia mais tarde políticos postos para manutenção dessa economia.

Até a sua proibição, em 1850, o tráfico transatlântico fez grandes


fortunas no Brasil. Nas cidades portuárias, os traficantes graúdos
exibiam riqueza e poder morando em residências luxuosas,
fazendo parte de irmandades religiosas e ocupando cargos
públicos nas câmaras municipais. Participando dos governos das
cidades e das províncias, eles eram também considerados os
‚homens bons‛ da elite. (Wlamyra R. de Albuquerque, Walter
Fraga Filho. p. 41, 2006).

Segundo Souza (2017) ao compreender o sistema escravagista e toda a


constituição histórica de uma classe social subalternizada , compostas por

escravizados e mais tarde por negros libertos e pobres, nos ajuda a entender as bases
de um cenário construído no passado a partir da introdução dessas pessoas na
lavoura das colônias, na falta de moradia digna sem qualquer condição de construção
de um espaço digno, de um lugar para se para os seus familiares. Este mesmo cenário,

393
que, lentamente dará bases para a formação das favelas nas grandes cidades,
enquanto resultado da metabolização sistêmica do abandono sofrido por esses

grupos humanos. É nesse sentido, que discutimos os aspectos que julgamos


relevantes quanto a condição do negro no Brasil contemporâneo.

3 O CONTEXTO DOS NEGROS NA AMAZÔNIA COLONIAL

Em Sampaio (2011) é possível compreendemos que a presença africana na

Amazônia, a partir do sistema escravagista a, 1962 holandeses e ingleses a coroa


portuguesa por sua vez também incide em manter ativas comércio buscando

estabelecer vínculos com sua Metrópole.


A mesma autora vai apontar que a Belém Colonial tinha uma perspectiva

multiétnica que conferia ela uma dinâmica social diferente da capitania do Rio Negro,
a primeira tinha presença maiores cravos urbanos e, enquanto na segunda a maioria

era formada por índios. (SMAPAIO, 2011. p.202). Não obstante a tudo isso, as fugas de
escravos revelavam a experiência de resistência e confrontamento com sistema de

escravidão, aplicado nas regiões do Grão-Pará. Por sua vez só em 1844 quando é
registrada a Declaração da igualdade de direitos dos habitantes da província do

Amazonas que se deu de fato a abolição da escravatura viva enquanto um produto


comercial rentável que por décadas estabeleceu a dinâmica comercial na região.

Em Sampaio (2011) a escravidão desenvolvida na Amazônia se desenvolve a


partir do Comércio extrativismo das drogas do sertão coletadas tanto por nativos

quanto caboclos. O estreitamento das relações entre os índios e os africanos, é

identificado pela mesma autora como estudo que apresenta lacunas composição de
sua historiografia na medida em que se identificam poucos trabalhos que analisem a

escravidão negra no Brasil para além dos nichos do Nordeste e do sudeste.


É possível compreender a partir dos estudos de Sampaio, cesso de inspeção do
trabalho escravo africano na Província do Rio Negro se deu de forma gradativa e lenta,

394
frente da mão de obra indígena em razão da interdição da igreja e da legislação do
império.

Procurado mesma autora vai explicar que a um processo de sublevação


produzido pelos escravizados, que subverte a tradicional expectativa estereográfica

sobre o assunto, da autonomia do negro. De certo, que antes de ser escravizado, os


negros são pessoas com capacidade de interagir e intervir na realidade por sua vez,

desenvolver estratégias de sobrevivência e convivência dentre as quais, destacamos os


casamentos que se desenvolviam entre os negros e os índios do Amazonas. Outras

experiências dentro da relação social, se desenvolver até os pais condomínio de


conhecimentos como como condutor de embarcação de pesca viva que alguns

escravos desenvolveram por conta da sua amiga ação e deslocamento entre as


propriedades. Importante situar que segundo o autor a luta de classes sempre esteve

presente no tensionamento e no enfrentamento, soluções e estratégias criativas de


resistência e construção de uma condição de existência dentro daquela ordem

escravagistas.
Sampaio (2011) nos informar que a carta de alforria, era uma outra estratégia

que permite aos escravizados se beneficiarem com a liberdade de, território do


Amazonas e que por sua vez eram resultantes de complexas relações estabelecidas

entre os carros cravos, eu a concessão benevolente dos senhores. Como aspecto


importante a ser destacado na presença Negra, em contexto de escravidão, na região

do Amazonas colonial, se desenvolve no campo da apropriação dos espaços de


autonomia, em que os escravizado estabeleciam uma relação complexa entre ser livre

e ser escravo com a certa mobilidade, também como se apropriavam das

possibilidades que as misturas com os indígenas, que permitiram se passar enquanto


mestiços, indígena para com isso, camuflar a sua identidade de escravo. Os rios e

florestas da região Amazônica se tornava um cenário de trânsito, hora de mobilidade


entre os escravos. Por sua vez as festas religiosas eram outra estratégia utilizada pelos
escravos para, suas tradições e devoluções subsidiadas por uma camuflagem dos

395
Santos canônicos, e de modo subliminar manifestando sua culturas e desenvolvendo
expressões como Carimbó, Boi Bumbá folguedos e etc. (FUNES, 2010).

4 PRODUÇÕES, PRODUTOS E TÉCNICAS NAS COMUNIDADES


TRADICIONAIS QUILOMBOLAS

Após esta breve viagem histórica sobre o processo da vinda dos africanos no

período colonialista e a sua permanência na região norte, destacaremos a importância


da preservação, manutenção e existência da cultura e saberes da população negra e

quilombola do Amapá, que inova-se a cada geração em coexistência com a


biodiversidade local.

Além da Cultura do Marabaixo12 existem diversas outras culturas e produtos


que são confeccionados/produzidos pela população afroamapaenses, tanto na capital,

quanto nas demais cidades pertencentes ao Amapá, assim, como nas comunidades
quilombolas. Dentre estes podemos destacar a Gengibirra, as Caldeiradas, o Mel da

Pedreira, cultivo e manejo da terra, cultivo de agricultura orgânica, produção de louças


no Quilombo do Maruanum, as casas culturais na orla de Santa Inês (destaca-se o

Sankofa), o turismo crescente no Balneário do Quilombo do Curiaú, dentre outros.


Sendo que essas propriedades, produções, técnicas aplicadas e demais

processos desenvolvidos pela população afroamapaense, em sua grande maioria não


possuem registros, ou até mesmo pedido de proteção através do registro de patentes

ou indicações geográficas (IG). E mais, não há nenhum pedido de proteção das

inovações tecnológicas existentes nas comunidades tradicionais do Amapá, segundo


dados do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).

Como o Amapá está situado no litoral da Amazônia, subtende-se que existe


uma cadeia produtiva que sustenta o comércio local e circunvizinhas as comunidades
tradicionais pertencentes a esta região, sejam elas ribeirinha, quilombolas ou

12
A mais autêntica e exclusiva manifestação da Cultura Negra Amapaense.

396
indígenas, que consequentemente estão elegíveis para o pedido de proteção através
da IG:

Ao longo das últimas décadas, vem se estabelecendo um contexto


institucional – regras e normas de comércio, exigência dos
consumidores, tecnologia utilizada, políticas gerais e setoriais e
traços culturais que condicional a economia e a sociedade [...]
Novos nichos de mercado têm sido criados, assim como novas
estratégias para valorização do produto. A noção de indicações
geográficas (IG) foi construída de forma gradativa, quando
produtores e consumidores passaram a perceber sabores ou
qualidades peculiares em alguns produtos que provinham de
determinados locais, e verificaram que isso poderia ser um
diferencial competitivo (VIEIRA; BRUCH; FORMIGHIERI;
RODEGUERO, p.408, 2014).

A partir desta provocação dos autores pode-se observar o potencial


desenvolvido nas comunidades tradicionais do Amapá e a importância, após quase

400 anos de resistência tanto da população negra quanto a população indígena e


ribeirinha, que se tenha o conhecimento e também identifiquem a importância de

proteger os seus conhecimentos tradicionais, que resistiram durantes todos estes anos
e foram perpassados de geração após geração.

Sobre o pedido de proteção através da IG junto ao INPI torna-se sabido


entender do que se trata e quais são as características destas. Logo, IG é definida

como uma importante ferramenta na proteção de nomes geográficos vinculados a


produtos tópicos de territórios brasileiros (DOMINGOS, p.12, 2016), que subdivide-se

em duas espécies:

A Denominação de Origem (DO) que reconhece o nome de


um país, cidade ou região cujo produto ou serviço tem certas
características específicas graças a seu meio geográfico,
incluídos fatores naturais e humanos.
E a Indicação de Procedência (IP) se refere ao nome de um
país, cidade ou região conhecido como centro de extração,
397
produção ou fabricação de determinado produto ou de
prestação de determinado serviço (BRASIL, 2018).

CONSIDERACÕES NÃO FINAIS

Embora esse estudo, nem de longe esgote ou aprofunde a temática da

escravidão negra e a diáspora no Brasil colonial, aplicação de sistema socioeconômico


no norte do país, consideramos a importância de trazer em voga a discussão sobre a

presença do negro em terras que por séculos foram de predominância indígena, é


marcada pela caracterização dessa etnia populacional, os ameríndios originários país.

Consideramos tema importante para que outros pesquisadores a partir da nossa


discussão, se sintam motivados e desafiados em aprofundar com outras linhas de

explicação e reflexão sobre a dinâmica e o movimento migratório, as perspectivas de


permanência e resistência produzida pela articulação promovida pelo encontro das

populações negras indígenas, parte de uma classe social subalternizada e submetido a


um cativeiro pelo regime social colonial português.

Todavia, o resultado dessa ancestralidade, desemboca na resistência


sociocultural histórica, que está envolvida nos processos produzidos pelas

Comunidades Quilombolas, enquanto baluartes que trazem consigo a


responsabilidade e a implicação política histórica social de manterem e resguardar e

suas tradições na Contemporaneidade.


Os autores também consideram que a partir do momento que há o registro

dessas atividades ancestrais que estão em constantemente processo de ressignificação


sociocultural (de geração em geração), dos produtos, saberes, técnicas, dentre outros,

junto ao INPI, na Biblioteca Nacional e demais órgãos regulatórios, é que pode-se


agregar ainda mais valor e sentido cultural e/ou comercial. Tais plataformas de

inovação em consonância com a Sociodiversidade local já ocorre em outros estados, a


exemplo da ancestralidade africana nos quilombolos e na cultura da Bahia; as louças
de Goiabeiras no Espírito Santo que receberam o certificado de Indicação de
Procedência; o artesanato do Jalapão em Tocantins, que também recebeu junto ao
398
INPI o certificado de IP. Podemos citar também a experiência com vinhos no sul do
país, que vislumbra a IG como uma plataforma de múltiplos avanços territorial:

Atualmente há uma pré compreensão de que a existência de uma


indicação geográfica reconhecida em um determinado território
traz como consequência uma indução ao desenvolvimento
econômico , o qual se compreende aumento da produção local,
aumento da demanda, aumento da exportação do produto,
aumento do valor agregado, geração de emprego, fixação da
população na zona rural, aumento da renda, aumento de
atividades lucrativas indiretas, fomento a outras atividades
comerciais, fomento a comercialização de outros produtos,
impacto econômico positivo (VIEIRA; BRUCH; FORMIGHIERI;
RODEGUERO, 2014 APUD LOCATELLI, 2007, p.35 e p. 274-292)

É justamente seguindo esse ponto de vista dos autores acima que

consideramos que o primeiro, ou os primeiros pedidos de IG no estado do Amapá


poderão contribuir fortemente para as comunidades tradicionais, que há tempos já

desenvolvem inovação, tecnologias tradicionais, novos modos de produção, mas que,


infelizmente, todos esses saberes e técnicas não estão protegidos, de certa forma:

valorizados, e tendo pouca visibilidade. Pois não são publicados em revistas do INPI,
não estão em catálogos físicos ou digitais, não recebem turistas para apreciarem e

entenderem o processo de produção, não foram analisados em laboratórios


específicos o diferencial da matéria-prima existente ou aprimorada, dentre uma séria

de benefícios e valores que podem ser agregados.


Este artigo foi desenvolvido como primeiros estudos da aplicação de IG nas

comunidades tradicionais da Amazônia, e em especial as comunidades quilombolas

do Amapá, que é o lócus de pesquisa dos autores, em especial. UBUNTU!

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, Wlamyra R. de. Uma história do negro no Brasil / Wlamyra R. de


Albuquerque, Walter Fraga Filho. _Salvador: Centro de Estudos Afro-Orientais; Brasília:
399
Fundação Cultural Palmares, 2006. Disponível em: https://www.geledes.org.br/wp-
content/uploads/2014/04/uma-historia-do-negro-no-brasil.pdf. Acesso em 01 abr 2019.

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400
METODOLOGIAS CRIATIVAS E INOVADORAS PARA GESTÃO DE COMPETÊNCIAS
NA NOVA ECONOMIA

Jorgeane Gonçalves,
Kamila PereiraTavares

RESUMO:
O artigo apresenta estudos sobre metodologias criativas e inovadoras para gestão de
competências na nova economia. O objetivo geral foi abordá-las no contexto
dagestão empreendedora das competências na nova economia. Obteve-se os
resultados mediante o uso do método de pesquisa bibliográfica de natureza
explicativa e abordagem qualitativa para coletar em livros e artigos científicos obtidos
junto a base de dados de revistas indexadas e bibliotecas virtuais, as informações
para que os objetivos pudessem ser atingidos nesse estudo. Os resultados analisaram
o contexto histórico da gestão empreendedora, abordaram os aspectos conceituais e
características da gestão de competências ensejadas na Nova Economia; e, elencaram
algumas metodologias criativas e inovadoras para gestão das competências na nova
economia. Concluiu-se que há muitas metodologias criativas e inovadoras que
podem ser usadas por gestores para garantir o sucesso de suas competências na
Indústria 4.0, nessa pesquisa, os autores que foram analisados auxiliaram a identificar
a Tecnologia RFID, a Impressão 3D, a Realidade Aumentada (RA), os Sistemas digitais
poka-yokes, o Treino virtual, a Internet das coisas (I.O.T.), Histórico de informações
(big data) e a computação na nuvem como inovações já presentes nos processos
industriais na nova economia. Em relação ao desenvolvimento das competências dos
gestores, salientou-se: ‚desaprender‛ para ‚renovar‛; ser pessoas criativas e não
repetitivas; interagir mais com seus clientes; tomar conhecimento de novos métodos
para criar soluções para seus clientes e testá-las por meio do método D.R.I.V.E.R. de
Inovação baseado no método de design Thinking.

Palavras chave: Gestão. Competências. Inovação. Nova Economia.

Keywords: Management. Skills. Innovation. New Economy.

1 INTRODUÇÃO

O artigo apresenta estudos sobre metodologias criativas e inovadoras para

gestão de competências na nova economia. Temática recorrente na conjuntura da


Administração de Empresas por propor a disrupçãodas antigas práticas, passando-as

em processos de inovação, que, no âmbito da gestão empreendedora, frutificarão em


401
novos produtos e metodologias que visão impulsionar os negócios e a gestão das
competências dos colaboradores envolvidos em seus processos.

Ao se abordar a disrupção das antigas práticas, entende-se, segundo


explorado por Cândido (2011), a necessidade dos gestores das empresas criar meios

para tornar crescente o papel da tecnologias em suas atuações, e na maneira desta


promover a criação ou não de processos/ produtos ou reformulações dos mesmos

adotando a concepção inovadora, visando, de certa maneira, estabelecer no mercado


atual, vantagens competitivas que reforçam o diferencial de negócio e das práticas de

gestão.
Tais características são relevantes para o propósito desse estudo, por

contribuírem no processo de formação dos futuros profissionais de Administração


que precisarão lidar, diariamente, com novas metodologias e ferramentas – criativas e

inovadoras – para qualificá-los: nas competências profissionais, na atualização dos


conhecimentos das práticas administrativas, e no uso de novas ferramentas e

metodologias para se adequarem aos novos processos/produtos da Nova Economia.


Nesse contexto, percebeu-se, diante de leituras realizadas previamente, que os

atuais gestores estão sentindo algumas dificuldades para participar da Nova


Economia e suas novas concepções para a realização da gestão de Empresas. Nesse

sentido, buscou-se, na proposta desse artigo, responder ao seguinte problema de


pesquisa: Quais metodologias criativas e inovadoras podem ser usadas por gestores

para garantir o sucesso de suas competências na nova economia?


Nesse sentido, o objetivo geral do artigo foi abordar metodologias criativas e

inovadoras para gestão empreendedora das competências na nova economia.

Em relação aos objetivos específicos, buscou-se: analisar o contexto histórico


da gestão empreendedora; abordar aspectos conceituais e características da gestão

de competências ensejadas na Nova Economia; e, elencar metodologias criativas e


inovadoras para gestão das competências na nova economia.
A finalidade metodológica desse artigo tornou-se abordar metodologias
criativas e inovadoras para gestão empreendedora das competências na nova

402
economia para confirmar o que preconizam as hipóteses definidas, para isso, foi
escolhido o método de pesquisa bibliográfica para coletar em livros e artigos

científicos obtidos junto a base de dados de revistas indexadas e bibliotecas virtuais,


as informações para que os objetivos pudessem ser atingidos nesse estudo.

Os dados obtidos foram analisados sob o enfoque da abordagem qualitativa


que se baseia em métodos de coleta de dados sem medição numérica, que, no caso

desse estudo, aconteceu por meio da interpretação e análise de conteúdos das obras
selecionadas, organizando resumos críticos e resenhas para identificação da

abordagem e organização na proposta de fundamentação teórica do artigo.


Os resultados foram organizados em três itens. No primeiro item, abordou-se

sobre o contexto histórico da gestão empreendedora, onde foram enfatizados os


aspectos das Revoluções Industriais que culminaram no surgimento das empresas e

do capitalismo, da gestão empresarial, das ferramentas tecnológicas e de novos


maquinários, brandstorm (chuva de ideias), Statup’s, Sustentabilidade e a Indústria

4.0, entre outras importantes características abordadas no bojo dessa construção


teórica.

No segundo item, abordou-se sobre a gestão de competências na gestão


empreendedora no âmbito da Indústria 4.0, enfatizando que o gestor quando

consciente de seu papel envolve sua equipe de colaboradores na inovação do


negócio e para que possam se tornar competitivos e preparados para o futuro.

No terceiro item do artigo, buscou-se elencar metodologias criativas e


inovadoras para gestão das competências na nova economia. Realizou-se a

identificação de desafios emergentes,as competências essenciais para desafios

identificados, e assim, os gestores se prepararem para a Indústria 4.0 se quiserem


permanecer com negócios ativos, e consigam adotar a concepção de inovação de

indústria para o futuro que tem que mudar muito rápido.

2 CONTEXTO HISTÓRICO DA GESTÃO EMPREENDEDORA

403
Inicia-se esse item tecendo considerações breves sobre o processo de

surgimento e organização da gestão empreendedora. Partindo-se das considerações


históricas ocorridas com as quatro revoluções industriais que o mundo conheceu e

tem participado atualmente.


Nesse sentido, parte-se do entendimento que a gestão empreendedora

iniciou-se com as atividades da chamada ‚Primeira Revolução Industrial‛, a qual,


segundo Andrade (2017) iniciou-se em Londres entre os anos 1780 a 1830 com o

desenvolvimento das primeiras empresas de algodão, consolidando os primeiros


investimentos em maquinários e em operários para alavancar o trabalho e as

empresas atingirem seus ativos. Como explicado pelo autor:

Outro ponto importante foi a mecanização da produção de outros objetos


de fundamental importância para a economia no período, os quais também
passaram a funcionar baseados na máquina a vapor, como: papel, vidro,
couro, tijolos e ferros. Tais produtos também seguiam as mesmas
características produtivas de velocidade, custos, preços e volumes que os
têxteis (DRUCKER, 2000 apud ANDRADE, 2017, p. 18).

Na sequência aborda-se a fase da ‚Segunda Revolução Industrial‛ que

compreendeu o período compreendido entre os anos finais do séc. XIX e início do


século XX, promotora de várias inovações no processo de gestão empresarial, gerado

em parte pela eletricidade e os recursos produzidos na indústria química, que


evoluíram na maneira de construção dos tipos de motores (podendo ser dos tipos

elétrico e à explosão), as novas possibilidades para a linha de montagem nos

processos das empresas, e a difusão quase instantânea da informação (decorrente da


criação do telégrafo sem fio e do rádio).

A Segunda Revolução Industrial também gerou inúmeros novos produtos de


consumo, que têm prolongado e enriquecido a vida humana. O nível de
consumo cresceu mais do que a produtividade do trabalho, de modo que os
setores novos da economia absorveram mais força de trabalho do que
aquela liberada por setores antigos renovados (SINGER 1996, p. 5 apud
ANDRADE, 2017, p. 19-20).

404
O período compreendido entre 1960 a 2000 foi marcado pelo surgimento da
Terceira Revolução Industrial, caracterizada, segundo Pilatti e Lievore (2018) como

Revolução Tecnológica-Científica-Informacional tendo importante papel de influencia


na sistematização das questões políticas e econômicas das principais nações

participantes dessas mudanças, entre as quais: Estados Unidos, França, Inglaterra,


Japão, URSS, Alemanha Ocidental, Índia e a China.

Para ser caracterizado um período de Terceira Revolução Industrial, salienta-se


que suas principais mudanças aconteceram na expectativa dos resultados das

pesquisas em eletrônica, informática, energia atômica e espacial, além de militarismo


e biotecnologia, áreas que receberam vultuosos investimentos para fazer eclodir

novos conceitos de ensino, produção e trabalho, frutificando na globalização do fluxo


de capital, crescimento das tecnologias da informação, inserção de novo paradigma

de produção (atendendo mercados com menor custo e maior produtividade), e


atento à competitividade.

Nesse contexto, deve-se abordar a importante contribuição da educação


básica, pois é a partir de sua realização que o processo de inovação passará a fazer

parte da vida dos brasileiros, e possibilitará que a tecnologia possam garantir a


flexibilidade e mobilidade social no futuro desses cidadãos. Como foi explicado por

Kleina (2012, p. 32) o uso da tecnologia na educação proporciona aos alunos a


autonomia, ‚a possibilidade de demonstrar o seu potencial, aprender, interagir e

participar ativamente em nossa sociedade‛.


Nesse sentido, à essa época considerar que os recursos e ferramentas

tecnológicas adotados nas escolas podem favorecer o aprendizado e

desenvolvimento de todos os alunos, independente da modalidade de ensino,


promovendo autonomia e interação entre serviços, estratégias e práticas apesar de

ainda apresentar desafiador para os profissionais da educação.


Importa também considerar no âmbito da Terceira Revolução Industrial o
surgimento de políticas públicas no país e no mundo reforçando a necessidade de

405
proteção do meio ambiente, suscitando que as empresas adequarem suas práticas de
gestão ao principio denominado ‚Sustentabilidade‛.

O tema empreendedorismo e sustentabilidade social nos últimos anos tem


sido uma preocupação com grande enfoque e amplamente discutido. Segundo

Cardoso et al. (2017, p. 2-3) é caracterizado por diversos relatórios ‚*...+ que reportam
suas açõesperante o público, logo, além de adotarem os relatórios financeiros, estão

aderindo aos nãofinanceiros, que englobam [...] questões sociais e ambientaisda


empresa‛.

O funcionamento de empresas e por consequente seu processo produtivo


implica impactos no meio. Ampliação do uso de tecnologia informacionais permite o

maior acesso da sociedade a quantidade produtiva e a compreensão a geração de


passivos, tornando-a mais sensível às problemáticas ambientais por ser social.

Acarretou à criação de normativas legais em diferentes setores e segmentos


econômicos-empresariais de forma a dirimir impactos ao meio, contexto em que se

insere a responsabilidade social empresarial.


A entrada no século XXI possibilitou que uma nova ordem fosse instaurada no

âmbito, denominada Quarta Revolução Industrial por Maciel (2018), que caracterizou
suas primeiras menções na Alemanha em 2011, quando foram feitas as referencias

sobre a Indústria 4.0 (também chamado de Manufatura Avançada ou Indústria


Inteligente), a qual, possui importantes características que foram descritas pelo autor:

A Indústria 4.0, por fim, fruto da quarta revolução industrial que está para
acontecer é a união das inovações tecnológicas com a velocidade em que
vivemos hoje.Ela traz para o meio empresarial um novo paradigma, tendo
por característica principal a sinergia entre os mundos digital, físico e
biológico, além de maior interoperabilidade (MACIEL, 2018, p. 1).

Os precedentes fundamentais para que a Indústria 4.0 se alicerçasse no

contexto social, foram os acordos estabelecidos à época da publicação do Relatório


do Fórum Econômico Mundial ocorrido em Hannover em 20-23 de janeiro de 2016,
que além de discuti-la, imprimiram importância sobre o desenvolvimento de setores
de alta intensidade tecnológica, capazes de desenvolver e de difundir inovações que

406
beneficiem a economia e elevem as condições de vida dos brasileiros, o que inclui a
melhora dos padrões de educação, saúde, alimentação e habitação, sobretudo

(MACIEL, 2018).
As principais características da Quarta Revolução Industrial (Indústria 4.0) são

evidentes, principalmente na velocidade, amplitude e profundidade dos recursos


tecnológicos presentes na gestão das empresas; e a fusão de tecnologias e a

interação entre os domínios físicos, digitais e biológicos. Em estudo realizado por


Freitas (2018) a pedido do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial

(IEDI), constatou-se que o atual modelo proposto pelo Japão por ser uma referencias
para a criação das estratégias brasileiras, pois, segundo a autora:

No Japão, desde 2015, o governo vem adotando medidas proativas voltadas


a aceleração no pais da Quarta Revolução Industrial, ocasionada pelo
desenvolvimento daInternet das Coisas (IoT, na sigla em inglês), Big Data,
Robóticae Inteligência Artificial(AI, na sigla em inglês), com vistas a fortalecer
a competitividade da economia japonesae criar novos mercados, em setores
como a indústria de transformação, a medicina, aagricultura, a distribuição
etc. A agenda de politica do governo japonês em resposta aQuarta
Revolução Industrial e um roteiro de médio e longo prazo, firmemente
baseadona cooperação e na parceria com o setor privado, que combina
estratégias focadas nodesenvolvimento de domínios tecnológicos
específicos (Robótica, Tecnologia deInformação, AI, entre outros) com
estratégia de transformação da economia e dasociedade a partir da
disseminação dos resultados dos avanços nos diferentes setoresda atividade
econômica e da sociedade (FREITAS, 2018, p. 8).

Freitas (2018) apresentou um modelo que já está consolidado em outra nação,


haja vista que ao desenvolver um estudo estratégico para o Brasil, encontrou uma

situação bastante divergente, pois há pulverização dos aspectos da Indústria 4.0, pois
ainda há setores que carecem maiores investimentos e maior interação entre

educação e tecnologia objetivando a utilização dos recursos de inovação e


tecnológicos. Como foi exposto pela autora:

Se o Brasil não priorizar este tema e acelerar a formulação de um plano


nacional,inclusive articulando os diferentes agentes de seu sistema de
inovação, sua posição noranking global da indústria, que já esta em rota
descendente, pode recuar ainda mais.Em 2016, o pais encontrava-se na 9.ª
colocação, isto e, muito próximo de ser excluído dogrupo das dez maiores
potencias industriais (FREITAS, 2018, p. 15).
407
Nesse sentido, a Indústria 4.0 permitiu que novos negócios surgissem no

mercado, abordando pontos inovadores na gestão empresarial, pois agora as


empresas estão voltando suas produções para o uso da inteligência artificial, IOT e

realidade aumentada. O que, no âmbito da gestão empreendedora, possibilitou que


novas empresas surgissem nos mercados internacionais marcadas pela inovação e

pela relação educação x tecnologia em todo o seu aspecto conceitual.


Com a Indústria 4.0 surgiu um novo conceito de gestão de empresas, que

concilia negócios inovadores, empresas com visão pouco burocratizada, gestão com
vistas a maior motivação, criatividade e disposição para dividir o mercado, surgem as

‚Start-up’s‛ que segundo Filho, Reis e Zilber (2018) são novas empresas inovadoras,
que conseguem se manter com custos muito baixos, crescem rapidamente e geram

lucros cada vez maiores. Em outras palavras, segundo os autores:

[...] startups são pequenas empresas montadas em casa ou em faculdades e


que recebem pequenos aportes de capital. Elas exploram áreas inovadoras
de determinado setor (mais comumente de tecnologia), possuindo uma
aceleração de crescimento muito alta já nos primeiros meses de existência
em virtude de investimentos feitos por fundos de investimento
especializados. Assim uma startup deve, por meio das suas ideias, construir
produtos, medir como os clientes respondem e aprender a manter o rumo
ou mudar de direção, tentando novas hipóteses sem perder a posição
conquistada (FILHO, REIS e ZILBER, 2018, p. 102)

Tais características foram confirmadas no estudo de caso descrito por Kibrit,


Machado e Kruglianskas (2017) ao exporem nos resultados da entrevista realizada

com o diretor geral de uma startup do ramo de embalagens industriaissustentáveis e

dados sobre o sistema de gestão dessa empresa, identificaram ummodelo teórico de


valor sustentável, avaliaram o sistema de gestão quanto àsustentabilidade que

apontavam práticas coerentes, identificaram que a empresa desenvolveu e patenteou


uma embalagem ‚designed for reuse‛, isto é; uma embalagem que pode ser usada

várias vezes e pode ser classificadacomo uma embalagem que está entre a
descartável e a retornável (embalagemmontável, constituída por estrutura de aço e

partes de fechamento em madeira), além disso, algumas lacunas do sistema de


408
gestão emrelação ao modelo teórico, e que mesmo assim, a empresa
demonstrasucesso em seu modelo de negócio.

De acordo com Sarmento e Costa (2016), o desejo de tirar boas ideias do


papel e transformá-las em realidade e os atuais exemplos de startups bem sucedidas

como: Facebook, Peixe Urbano, Groupon, Easy Taxi e BuscaPé têm inspirado
empreendedores diariamente a iniciarem seus projetos, o que só foi possível graças

aos investidores que acreditam em projetos inovadores através dos programas de


aceleração, sendo novo método para a incubação de startups de base tecnológica.

Como explicado pelo autores:

O acelerador se torna a "nova empresa", oferecendo orientação, mentoria,


networking, conhecimento e expertise para novos empreendimentos, com o
objetivo de ajudá-los a obter sucesso nas primeiras etapas do negócio, onde
os riscos são consideravelmente maiores. [...] o principal objetivo por trás do
surgimento das aceleradoras vem da necessidade de criar um sistema ideal
para o desenvolvimento, crescimento e inserção no mercado de empresas
nascentes, de forma que estas possam ser consolidadas (SARMENTO e
COSTA, 2016, p. 70).

Portanto, o quadro favorável ao crescimento das startups tem logrado


resultados excelentes no surgimento desse novos negócios, mas é preciso que seus

gestores, juntamente com seus mentores, para alcançar sucesso e sobrevivência,


devem gerar competências em novos métodos de gestão mais eficazes e coerentes

com os riscos e incertezas. Portanto, os tradicionais métodos de gestão não são


eficazes, pois se baseiam em previsões, para startups novas metodologias são

requeridas para fomentar a gestão, a inovação e as competências necessárias para o


sucesso se estabelecer, o que será abordado na seção seguinte desse estudo.

3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS NA GESTÃO EMPREEENDEDORA NO ÂMBITO DA


INDÚSTRIA 4.0

Com a era da Indústria 4.0 existe uma necessidade imperiosa por parte dos
pesquisadores de prever a eficiência e a eficácia dos resultados organizacionais, uma

vez que as problemáticas que emergem no cenário global a uma velocidade atroz,

409
possuem características diferenciadas e necessitam de reunir competências de
liderança, aplicadas tanto no âmbito empresarial como no social, de modo a criar

soluções criativas e inovadoras. Nesse sentido, observar criteriosamente o mercado


de trabalho e as mutações a que continuamente está sujeito, torna-se um exercício

que exige reflexão (FERREIRA; MARTINS, 2018).


O gestor quando consciente de seu papel envolve sua equipe de

colaboradores no estabelecimento de condições fundamentais para que o serviço


prestado e/ou qualidade dos produtos ofertados possam conter não somente o

esperado pelos clientes, mas possam demonstrar e fazê-los entender que em todo o
contexto produtivo há pessoas envolvidas que favoreceram para o crescimento da

empresa e garantir a qualidade.


Segundo os estudos de Sauaia (2015), as organizações inovadoras podem ou

não utilizar normas dirigidas aos gestores para promoverem o controle do meio e,
consequentemente, disciplinar atitudes dos colaboradores. O poder, expresso

tacitamente, define obrigações e cede vantagens para a construção do clima


organizacional. Entretanto, se o gestor não for flexível, haverá ineficácia das normas e

impedirá a ocorrência de mudanças e inovações nos processos.


No contexto da gestão salienta-se a presença do gestor, personagem essencial

para tornar menos complexo e hierarquizado o ambiente organizacional das


empresas nos éculo XXI, devendo ser capaz de fomentar o planejamento, o controle,

a supervisão e coordenação, a delegação de responsabilidades e papeis de


autoridade entre os próprios colaboradores.

Nesse contexto inovador, os líderes possuem uma importante função, levar o

conhecimento das necessidades da gestão superior para os colaboradores de


escalões inferiores. E esse papel é preponderante que haja entrosamento, um bem

estar e socialização amistosa do gestor com os colaboradores.


Por isso, Gaspar et al. (2016) explicou que na atual conjuntura, em que
empresas inovadoras estão surgindo e revolucionando os mercados, a gestão de
empresas tem aprendido a lidar com as crises externas que afetam economias

410
nacionais e flutuam com as divergências no contexto internacional, superando à sua
maneira, a política externa no contexto interno. Como exposto pelos autores:

Nesse contexto, a categoria de práticas de gestão do conhecimento que


mais se evidenciou na pesquisa foi a dimensão estratégia. Há de se ressaltar
que as práticas tratadas isoladamente obtiveram um comportamento diverso
das práticas agrupadas em dimensões. Além da observação das ferramentas
isoladamente, também foi possível apurar o desempenho das diferentes
dimensões de ferramentas de tecnologia da informação e comunicação
voltadas à gestão do conhecimento. Assim, a categoria de ferramentas que
demonstrou maior influência foi a dimensão inteligência artificial. Também
aqui deve-se atentar para o fato de que a observação individual das
ferramentas acaba por oferecer um resultado diverso do apurado quanto aos
indicadores agrupados em dimensões. Em função disso, há de se sublinhar
que o desempenho de determinada ferramenta, de forma independente,
pode não coincidir com o desempenho de sua respectiva dimensão (GASPAR
et al., 151).

Entende-se que a decisão sobre os nortes produtivos depende de informações

de mercados e de como alocar investimentos, dessa maneira, torna-se necessário


identificar os contextos para que no âmbito interno, possam os líderes e gestores

realizar adequações em suas políticas para qualificação e capacitação de profissionais


e gerenciamentos processuais.Dessa forma, gerir e liderar pessoas requer

reformulação dos valores sociais dos colaboradores nos dias de hoje é um grande
desafio, pois exige diálogo, ferramentas organizacionais e negociações.

Não importa a forma com que os gestores devem liderar, mas sim, a maneira
com que cada gestão empreendedora aplicará investimentos em

autodesenvolvimento humano, melhorar as lideranças e mudanças nas estratégias


organizacionais.

Analisando-se o processo de aprendizagem, cultura e conhecimento, enfatiza-


se que a constituição do conhecimento nas empresas, atualmente, tem se tornado

um estratégia de transformação dos nortes administrativos, explicitando a


importância necessária para o desenvolvimento da aprendizagem organizacional com

o uso direto da inteligência artificial. Nesse contexto, construir conhecimento assume


o significado e sentido de dar condições e capacidades para que os colaboradores

das organizações possam participar da construção da informação, da sua


411
disseminação e também, interagir com as dinâmicas existentes nos conhecimentos
tácito e explicito.

Competência para o mercado não é uma questão prioritária, pelo contrário, a


eficiência do líder é o que conta, num primeiro momento. Por isso se estabelece uma

série de critérios – planejamento – para direcionar a ação dos colaboradores que


compõem a sua equipe.

Nesse sentido, Maffia et al. (2018) explicaram em seus estudos que a gestão
das competências no século XXI deve ser realizados por gestores que buscam

orientação em legislação específica, para ser posta em prática pelos Recursos


Humanos de cada atividade, o qual influencia diametralmente os processos gestores

de Recursos Humanos (recrutamento e seleção, treinamento, aplicação, avaliação,


manutenção e controle).

Por isso, deve-se reconhecer a dificuldade de se contratar pessoas com um


perfil produtor, competente, inovador, criativo e com condições de trabalhar em

equipe (a isso se inclui: criatividade, motivação, sociabilidade, responsabilidade e


realização). A política de desenvolvimento organizacional tem sofrido modificações,

restando ao gestor a tarefa de atualizar, seguir a tendência e lutar pelo


melhoramento da prestação de serviço.

Como? Persuadindo a direção sobre a obrigação de se aplicar um plano de


estratégia para a atuação funcional de cada gestor, com objetivos tangíveis e visíveis

ao cliente – a sociedade – o qual, deverá ainda contar com metas e indicadores de


resultados; e ainda, apresentar modificações estruturais e conceituais para

modificação de política de dificuldades, injustiças e burocracias como se apresenta o

serviço público. É evidente então que deve existir competência na gestão da coisa
pública (MAFFIA et al., 2018).

É de suma importância para as empresas criar mecanismos de avaliação


interna para que possam identificar os problemas e auxiliar os participantes do
departamento elencado nessas atividades, a evita-los ou corrigi-los, ou até mesmo

412
anular postulados e diretrizes internas que os promovem e na verdade, têm
prejudicado a atingir as metas pretendidas.

O capital já não é rei dos negócios, apesar de fundamental para a


sobrevivência do negócio. Mas, as competências e conhecimento das pessoas são o

carro chefe dos investimentos. O corolário disto é que a empresa de sucesso é a que
consegue aprender eficazmente(SENGE, 1998).

Importa considerar que as empresas do século XXI precisam contratar


colaboradores e não mais empregados, haja vista que contribuir é melhor do que

apenas realizar o trabalho. Nesse aspecto, quem contribui está aberto para receber
conhecimentos e dinamizar a forma de realizar o trabalho, entre esses aspectos

envolvidos, o trabalho em equipe torna-se competência essencial para garantir que a


produção e a qualidade caminhem concomitantes com a conquista de resultados e

metas planejadas (SENGE, 1998).


No âmbito da indústria 4.0, Ferreira e Martins (2018) ao explorar a gestão de

competências, o faz por meio da identificação de competências fundamentais hoje


para que os profissionais possam se tornar competitivos e preparados para o futuro.

As características abordadas pelos autores foram mensuradas pelos estudos


apresentados no Fórum Económico Mundial, com o tema ‚The Future of Jobs‛ (2016),

identificando 10 competências importantes para o profissional em 2020, as quais


foram dispostas na tabela 1 a seguir:

Tabela 1. Competências essenciais para atuar na indústria 4.0


Competências Competências
Resolução de Problemas Complexos Inteligência Emocional
Pensamento Critico Julgamento e Tomada de Decisão
Criatividade Orientação no Serviço
Gestão de Pessoas Negociação
Coordenação com Outros Flexibilidade Cognitiva
Fonte: Elaborado pela autora baseado em Ferreira e Martins (2018, p. 165).

Na pesquisa de Ferreira e Martins (2018) abordou-se que as competências


essenciais descritas na Tabela 1 são essenciais para que os trabalhadores da indústria

4.0 possam lidar com os conhecimentos de Matemática, Ciências Naturais, Mecânica,


413
Design Mecânico, Máquinas de Fabricação e Automação, Capacidade de
Independência, Analisar e Resolver Problemas de Engenharia, Capacidade de

Comunicação, Capacidades Relacionadas com Sustentabilidade e Desenvolvimento


Sustentável, e também, conhecimentos técnicos capazes de trabalhar e se relacionar

com a criatividade e a comunicação.


Segundo o entendimento de Oliveira (2018), o mercado empresarial tem-se

tornado cada vez mais exigente e imprevisível. Todos os profissionais, das mais
diversas atividades de negócio, poderão seguir um fluxo introspetivo sobre a sua

realidade profissional atual e, com base na investigação realizada neste estudo,


delinear planos de ação e desenvolvimento pessoal, ou como explicado de outra

forma pelo mesmo autor:

A necessidade de atualizar novas competências, é fulcral para a adaptação


na Era 4.0. Antevejo que, no futuro, cada geração será ultrapassada de forma
ainda mais drástica que a geração precedente. Daqui a trinta anos
entenderemos ainda menos das tecnologias da época do que os nossos pais
entendem das tecnologias atuais (OLIVEIRA, 2018, p. 5).

Na realidade, acredita-se que os domínios da Indústria 4.0 e as competências

identificadas na atualidade, bem como as que são definidas a um curto e médio


prazo, poderão sofrer alterações, fruto da vertiginosa rapidez da evolução do

individuo, sociedade e ajustamento das necessidades sinalizadas no mercado laboral


(OLIVEIRA, 2018).

4 METODOLOGIAS CRIATIVAS E INOVADORAS PARA GESTÃO DE


COMPETÊNCIAS NA NOVA ECONOMIA

A gestão de empresas (entre as quais, as startups) na nova economia (indústria


4.0) desempenham um papel crucial de mudanças de paradigmas empresariais,

especialmente no que concerne os processos de criação, inovação e consolidação de


marca e novos produtos e serviços aos mercados, pois no inicio de suas atividades,
na chamada fase de arranque, novas ideias são introduzidas no mercado e
transformadas em estratégias economicamente sustentáveis (ROCHA, 2018).

414
Ainda segundo Rocha (2018), as metodologias de atuação da gestão de
empresas na Indústria 4.0 mostram-se muito eficazes por seus diferenciais e

dinamismo, haja vista que são delineadas para promover a inovação, agregando-a na
identificação de oportunidades empresariais e nichos de mercado são fatores chave

para promoção de novidades e desenvolvimento de ideias, novos produtos e serviços


de alto valor agregado em indústrias existentes, e nesse contexto, como explica o

autor:
[...] a capacidade inovadora dessas empresas é tão expressiva que esses
negócios são apontados como elementos de base para geração de novas
ideias para produtos e serviços que irão, rapidamente, responder as
demandas do mercado [...]. A prática da inovação e o sucesso de empresas
startups estão vinculados pela disponibilidade de diferentes fluxos de
conhecimentos, principalmente de conhecimentos especializados e
correlacionados com a finalidade e atividade produtiva da empresa nascente
(ROCHA, 2018, p. 64).

Sobre esse assunto, Rocha e Vieira (2016) evidenciam que, no caso das

startups, as metodologias criadas para gerir competências são norteadas pela


concepção da aprendizagem organizacional e consequente incremento a processos

de inovação. Os autores enfatizam que a capacidade de aprendizado está ligada a


capacidade de inovar desses negócios, principalmente, em razão de possuírem

características direcionadas ao uso de novos modelos de compartilhamento de


conhecimento e comunicação entre funcionários, clientes e parceiros. Tal fato

favorece a criação de novos conhecimentos e, consequentemente, promove a


inovação pela geração de novas ideias para produtos e serviços.

Mas os desafios da Industria 4.0 ainda estão começando, pois suas


transformações na gestão das empresas ocorrerão principalmente na força de

trabalho, na empregabilidade e na necessidade das pessoas aperfeiçoarem suas


competências para lidar com todas as novas tecnologias e garantir sua

empregabilidade, o que faz dessa maior exigência de qualificação, juntamente com


as mudanças demográficas já em curso – como o envelhecimento da população – os
maiores desafios sociais a serem superados. É por isso, que, assim como sugerido por
Buhr (2017, p. 10) é ‚imprescindível que olhemos com mais atenção para esse

415
aspecto, para que seja possível identificar onde estão os riscos, mas também as
oportunidades para o progresso e a inovação social‛.

Hecklau et al. (2016) apresentam um modelo de desenvolvimento de


competências baseado nos desafios impostos à Indústria 4.0. Inicialmente, os autores

identificaram cinco fatores/desafios para o desenvolver competências, os quais foram


brevemente explicados na tabela 2.

Tabela 2. Identificação de desafios emergentes na indústria 4.0.


Desafios/ Perspectivas de mudanças
Fatores
Fatores Encurtar ciclos de vida para os produtos e reduzir custos para estar
Econômicos competitivo. As empresas precisam agilizar seus processos de inovação e
transformar seus modelo de negócio para um nível mais elevado de
orientação para o serviço.
Fatores Menos jovens vão entrar no mercado de trabalho para substituir os
Sociais aposentados. Estratégias devem ser desenvolvidas para atrair os jovens.
Aumentando o trabalho virtual e a flexibilidade adotando novas formas
de aprendizagem ao longo da vida. As empresas precisam qualificar seus
funcionários para atividades mais estratégicas, coordenação e tarefas
criativas com maiores responsabilidades.
Fatores As empresas tem que lidar com enorme quantidade de dados (big data).
Técnicos Portanto, infraestruturas de TI extensas, como redes de comunicação e
protocolos de internet, precisam ser construídos e implementados, sendo
necessário desenvolver interfaces padronizadas e arquiteturas abertas, o
que permite trabalho colaborativo em conjunto em diferentes
plataformas. Os funcionários devem ter competências trabalhadas para
atuar no trabalho virtual, e com óculos virtuais.
Fatores Refere-se aos efeitos das mudanças climáticas. Asempresas precisam
Ambientais reconhecer seu papel na condução de soluções sustentáveis.
Fatores Crescente financiamento de programas de pesquisa e de apoio ao
Legais e desenvolvimento de novas tecnologias, bem como integração dessas
Políticos tecnologias no ambiente existente. Além disso, os governos precisam
estabelecer parâmetros legais para o uso de big data. A preocupação
mais importante é a proteção da privacidade, porque os dados serão
coletados por meio da interação com objetos inteligentes.
Fonte: Adaptado de Hecklau et al. (2016, p. 3).

Dessa forma, os estudos de Hecklau et al. (2016) esboçaram um quadro de


competências que precisaram ser postas em práticas pelas empresas que atuarão na
Era 4.0, as quais visam atender as exigências identificadas para cada desafio

416
identificado pelo autor, as soluções de gestão de competências foram organizadas na
tabela 3.

Tabela 3. Derivação de competências essenciais para desafios identificados.


Fatores Gestão de competências requeridas à Indústria 4.0.
Fatores Habilidades interculturais (linguagem, flexibilidade de tempo, habilidades de
Econômicos rede, compreensão de processos);
Inovação(pensamento empreendedor, criatividade, resolução de problemas,
trabalhar sobre pressão, habilidades de pesquisa, compreensão de processos);
Resolução de conflitos (habilidades de comunicação);
Trabalhocooperativo e colaborativo (capacidade de trabalhar em uma equipe).
Fatores Capacidade de transferir conhecimento
Sociais Aperfeiçoar o trabalho (rotação de tarefase tolerância à ambiguidade).
Gerencia de tempo e da flexibilidade (habilidades de liderança).
Desenvolver habilidades de TI (habilidades de mídia e entenderde segurança
de TI).
Complexidade crescente de processos (Habilidades técnicas, compreensão de
processos, motivação para aprender,tolerância à ambiguidade, tomada de
decisão, resolução de problemas,habilidades analíticas).
Fatores Participar do crescimento exponencial de tecnologia e uso de dados
Técnicos (Habilidades técnicas, habilidades analíticas, eficiência no trabalho com dados,
habilidades de codificação, compreensão de segurança de TI, conformidades).
Crescente trabalho colaborativo em plataformas (Capacidade de trabalhar em
equipes, habilidades de comunicação virtual, mídia habilidades, compreensão
da segurança de TI, capacidade de cooperar).
Fatores Mudança climática e escassez de recursos (Mentalidade sustentável,
Ambientais motivação para proteger o meio ambiente,criatividade para desenvolver
novas soluções sustentáveis).
Fatores Estandardização (Habilidades técnicas, habilidades de codificação,
Legais e compreensão de processos).
Políticos Segurança de dados e privacidade pessoal (entendimento de segurança de TI,
conformidades).
Fonte: Adaptado de Hecklau et al. (2016, p. 3).

Os achados de Hecklau et al. (2016) evidenciam-se também na maneira


trabalhada por Santos et al. (2018) quando exploraram que as empresas que desejam

percorrer a trajetória para a Indústria 4.0 devem avaliar suas capacidades e adaptar
suas estratégias de forma a implementá-la nos cenários apropriados. Ultrapassar

esses desafios envolverá o cumprimento de alguns requisitos como:

a. Responderàs questões de segurança e proteção digital;


b. Padronizaçãodas interfaces de comunicação;
417
c. Processose organização do trabalho;
d. Disponibilidadede força de trabalho capacitada;
e. Inserçãodas PME’s;
f. Formaçãoe desenvolvimento profissional;
g. Basetecnológica;
h. Investigação;
i. Investimentos.

Portanto, embora algumas empresas estejam ansiosas para introduzir novas


tecnologias e melhorar a qualidade, a eficiência e a eficácia dos recursos, reduzir os

riscos e manter a sua competitividade no Mercadoa falta de uma compreensão clara


sobre o tema dificulta o percurso de transição das empresas que pretendem

embarcar nessa nova abordagem (SANTOS et al., 2018).


Entre as metodologias criativas e inovadoras para gestão de competências na

Indústria 4.0, cita-se as seguintes como principais e mais atuais:


1. Tecnologia RFID - Santos et al. (2018) explicaram que será o substituo dos

códigos de barra, identificando por meio de sinais de rádio informações em formato


de tags (conhecimento de identidade, localização atual, condição e história de um
objeto sem nenhuma intervenção humana), o que acontece em tempo real,
reduzindo/eliminando erros. Astags RFID não precisam estar dentro da linha de visão

do leitor, podendo ser lidas simultaneamente e incorporadas nos objetos.


Relativamente à segurança, esta tecnologia pode proporcionar melhorias na

produtividade, tempos de ciclo, prazos de entrega e fluxo de caixa, além de ajudar a

reduzir os custos operacionais e na gestão de inventários, minimizando


significativamente os níveis de stocks. A tecnologia de ponta reduz o tempo de

processamento e permite uma utilização optimizada dos recursos.


2. Impressão 3D - Esse novo recurso tecnológico será importante para a

modificação da produção no contexto da indústria 4.0, pois sua aplicação poderá


ocorrer de diversas formas na gestão das empresas, principalmente na constituição

dos produtos que poderão ser fabricados a partir do momento que recebeu a ordem,
418
eliminando a necessidade de stocks e melhorando a logística. A qualificação das
competências será fundamental, pois ao ser implantada nas empresas reduzirá a

dependência de trabalhadores qualificados, a produção local será descentralizada e


haverá redução de obstáculos à entrada das PME’s no ambiente Industrial 4.0

(SANTOS et al., 2018).


3. Realidade Aumentada (RA) - Os gestores das organizações terão a sua

disposição uma série de sistemas baseados em realidade aumentada em que


poderão, por exemplo, selecionar peças em um armazém ou enviar instruções de

reparação por meio de dispositivos móveis, dessa forma, as competências requeridas


dos trabalhadores serão relacionadas a equiparação dos usos de informações de

manutenção e de interpretação, podendo ser um serviço realizado por celular ou


tablet, reduzindo os custos de deslocamentos, evitando interpretações erradas e

consequentemente retrabalhos nas ações de manutenção. Além disso, a tecnologia


RA pode incorporar novas interfaces homem-máquina para a fabricação de

aplicações e ativos de TI (SANTOS et al., 2018).


4. Sistemas digitais poka-yokes - para tarefas de trabalho intensivo, a fim de

reduzir defeitos, retrabalho e inspeção redundante. Através de informações intuitivas


e combinando a inteligência do operador com a flexibilidade do sistema, aumenta a

eficiência do trabalho manual, ao mesmo tempo que melhora a qualidade do


trabalho (SANTOS et al., 2018).

5. Treino virtual - A Siemens desenvolveu um módulo de treino de operador


virtual para o seu software ‚Comos‛ que utiliza uma base de dados de um ambiente

3D real, com óculos de realidade aumentada para treinar os operadores para lidar

com as emergências. Neste mundo virtual, os operadores aprendem a interagir com


máquinas clicando em uma ciber-representação. Eles também podem alterar

parâmetros e recuperar dados operacionais e instruções de manutenção (SANTOS et


al., 2018).
6. Internet das coisas (I.O.T. do termo inglês Internet ofThings): São
equipamentos conectados a internet que interagem e se integram. Épossível integrar

419
máquinas, produtos, sistemas e pessoas. Jáse usa um termo específico para indústria
que é a Internet das Coisas na Indústria (I.I.O.T.). O fato é que vai se tornando possível

reunir analisar dados de toda a produção, identificando problemas antecipadamente,


permitindo processos mais rápidos, mais flexíveis e mais eficientes para produzir bens

de alta qualidade a custos reduzidos. Cita-se a tecnologia já adotada numa indústria


da Bosch, que possui um sistema com tecnologia de acionamento e controle que

movimenta máquinas e equipamentos superflexíveis (capazes de realizar várias


operações específicas), pois os produtos têm códigosde radiofrequência e as

estações de trabalho sabem que, passos de fabricação devem ser realizados a cada
momento. Asnovas máquinas e os robôs podem ser ainda mais integrados. Écomo se

conversassem entre si. Elesfazem praticamente tudo na fábrica sem a participação de


trabalhadores, até mesmo sem iluminação. Tudopode ser comandado por

computadores que até conectam a produção de uma fábrica com outras em diversos
lugares e países é possível integrar uma enorme cadeia de produção como a de um

grande avião comercial produzindo ao mesmo tempo em 50 países por centenas de


empresas diferentes. Parafazer isso foram importantes a criação das redes de

comunicação sem fio entre máquinas (M2M), a digitalização da informação, o


desenvolvimento de sensores, os robôs inteligentes, as impressoras 3D, as técnicas

de simulação, modelagem e virtualização no projeto de produtos e processos, a


coleta e análise de uma vasta quantidade de dados conhecida como Big Data e a

Computação na nuvem.
7. Histórico de informações (big data): é uma técnica ou de um conjunto de

recursos computacionais baseados em programação, algoritmos em busca e

ferramentas de banco de dados que permitem agregar todos esses bancos de dados
estruturados e os não estruturados (dados que as pessoas estão colocando em forma

de texto, de figura, de imagem, de vídeo, de palavras chaves que indicam o que


direciona uma ideia). Ao se misturar tudo então acontece a junção de um volume
enorme de informações e, nesse contexto, o desafio torna-se gerenciar e analisar
todo esse volume de dados que cresce infinitamente todos os dias, mais do que isso,

420
entender esses dados, e criar ferramentas para gerar mais experiência, produtividade,
consumo e novos serviços.

8. Computação na nuvem:Antigamente não seria possível editar um texto se


não tivesse um software rodando no PC. Hoje, na era da Indústria 4.0, tudo pode ser

feito pela internet, sem a necessidade de instalar nada. Por exemplo, ao acessar a
conta no Google é possível usar diversos serviços armazenados na nuvem (e-mail

pessoal, o Facebook, o YouTube), hospedados em algum lugar do planeta. A isso,


convencionou chamar de nuvem, podendo acessar de qualquer parte do mundo, sem

dificuldade. Diversasempresas oferecem serviços de armazenamento na nuvem, não


interessa a localização física deles, os documentos podem estar em servidores que

ficam na cidade ou até mesmo do outro lado do mundo. Anuvem permite o consumo
racional de recursos, faz ganhar tempo e otimizar investimentos. Há10 anos as

empresas mantinham seus servidores e não tinham data center próprio. Agora, todas
podem usar a computação em nuvem para hospedar servidores virtuais e pagar

somente pelo que prepara. Dessa maneira, entende-se que a nuvem na Indústria 4.0
está se transformando em uma ferramenta estratégica para acelerar o crescimento da

empresa.
No geral, é importante que os gestores empreendedores entendam a

importância de renovarem seus conceitos para atuar na Indústria 4.0 entre várias
características que demonstram as competências para participar do processo de

inovação que está ocorrendo na forma de trabalhar, na forma de gerir empresas e na


forma de promover competências.

1.ª Competência do gestor empreendedor 4.0: Para atuar na visão 4.0, é

preciso ‚desaprender‛para então se ‚renovar‛; em outras palavras, a primeira


característica refere-se a renovação dos conceitos, e entender que a Indústria 4.0 é

um ambiente de alta tecnologia e completamente novo do tudo o que estamos


acostumados atualmente;
2.ª Competência do gestor empreendedor 4.0: Os gestores precisam ser
pessoas criativas e não repetitivas. Os robôs vão realizar todo o trabalho repetitivo,

421
por isso, as competências das pessoas serão avaliadas por meio da criatividade. A
tendência 4.0 explicita a necessidade do gestor ou das pessoas empreendedoras

aplicarem valor à suas ideias, ou seja, seguir a tendência da sigla MVP (Minimo Valor
do Produto), tratando-se de testar a ideia de negocio para ter certeza que há valor

nela – pô-la em prática, literalmente – os investimentos não exigirão desenvolvedores


de ideias (os robôs farão isso), o que se requer é que a ideia seja testada e possa ter

desenvolvidométodos de solução de problemascada vez melhorese cada vez mais


rápidos.

3.ª Competência do gestor empreendedor 4.0: o gestor precisará interagir


mais com seus clientes e interagir com clientes não é só por telefone. Será preciso

que o gestor desenvolva a competência de interagir com seus clientes através das
redes sociais, de e-mail, do Whatsapp, e por todos os possíveis canais meios de

entrar em contato com ele. É preciso criar uma solução para cada cliente para ter
ciência do potencial do pessoal das funções operacionais no contato com os clientes.

O gestor precisa ter ciência que os robôs na Indústria 4.0 utilizarão Sistemas de
computação cognitiva e será preciso que o gestor promova relações e atitudes

proativas com sua clientela.


4.ª Competência do gestor empreendedor 4.0: o gestor empreendedor

precisará tomar conhecimento de novos métodos para criar soluções para seus
clientes. Os robôs farão todo o trabalho, mas as soluções ficarão a cargo da gestão

inovadora e personalizada às necessidades dos clientes. Para isso, a tendência tem


sido adotar o método D.R.I.V.E.R. da Inovação que é um método de design

Thinkingcom seis passos bem simples, conforme explicado na sequencia de modo


pontuado:
Passo 1. Desejo – O D está simbolizando o desejodo cliente. O gestor precisará
captar o desejo de forma quantitativa e/ou subjetiva e detalhá-lo e buscar a solução
do cliente na inovação e na criação de produtos e serviços que ainda não foram
inventados. O gestor precisa estar conectado porque se ele não comprar a ideia do

422
cliente não vai para frente, não terá sustentabilidade e não conseguirá fazer o
playback.

Passo 2. Relevância– O que o gestor está investindo para ser criado será
relevante para o cliente? De outra forma, tem volume? Temmassa crítica em

escala?Então, o gestor precisará entender a relevância e se cria escala de serviço.


Passo 3. Informação– O gestor precisará ter informações quantitativas e
subjetivas para gerar e para criar desejo de compra no seu cliente. Por isso, a
competência de entender as informações de seus clientes serão fundamentais para

visualizar as vendas (dados quantitativos)e os sonhos dos clientes (dados subjetivos)


ou da solução dos problemas personalizadas para oferta-los como meio de

tomadade decisão de compra.


Passo 4. Velocidade– Refere-se à competência do gestor resolver com
velocidade os problemas de seus clientes. Nosentido do gestor rapidamente colocar
em prática a solução que o cliente está buscando desenvolver e inovar, e assim, saber

identificar o tempo que o mercado precisa para aquele novo produto ser útil e gerar
lucro na era da Indústria 4.0. Em outra maneira de esboçar essa característica, se o

gestor demorar muito para colocar um produto em teste prático no mercado pode
ser que daqui a um ano já não seja mais necessário.

Passo 5. Eficácia – o gestor precisa saber o quanto a sua solução atende as


necessidades de sua clientela e do mercado. Identificar níveis de qualidade que seus

clientes estão dispostos a pagar para ter uma solução que cabe no bolso e que seja
eficaz.

Passo 6. Resultado – Refere-se a tudo o que o gestor da Indústria 4.0 irá


querer em seu negócio. Identificar se sua solução, testada, aprovada e aceita no
mercado, tem gerado os retorno esperado para a empresa e para o cliente, e pode se

tornar potencial de negócio, a tal ponto de ganhar em cima daquela ideia, compra-la
e sersustentável até mesmo para as futuras gerações de empreendedores.
Asempresas da indústria 4.0 precisam ganhar em cima daquilo que compram.
Agorano varejo também é a mesma coisa, o cliente precisa ter o benefício que vai

423
projetar, que vai resolver a vida dele e esse benefício é algo prático também para o
gestor da visão 4.0.

Por tais competências desenvolvidas, percebe-se que a Indústria 4.0 exigirá


dos gestores a adoção de estratégias competitivas adotando técnicas de gestão com

foco no cliente e valor para o cliente. São conceitos que não precisam de grandes
investimentos, nem de tecnologias avançadas, as competências dos gestores da

Indústria 4.0 serão desenvolvido por uma nova maneira de pensar a gestão.
A gestão empreendedora para a Indústria 4.0 surge com grande propósito de

conseguir elevar os níveis de produtividade e consequentemente de competitividade


das empresas. Atecnologia será usada na medida certa. O gestor deverá entender

onde estão os seus gargalos e suas potencialidades, e de posse de tais informações,


buscar na tecnologia o que vai fazer o melhor em termos de produtividade nos seus

processos. A intenção da gestão das competências dos empreendedores é prepara-


los para uma indústria do futuro que muda muito rápido.

Omomento atual demanda que os gestores se prepararem para a Indústria 4.0


se quiserem permanecer com negócios ativos, e consigam adotar a concepção de

inovação de indústria para o futuro que tem que mudar muito rápido. Hoje, não é
possível mensurar quais profissões estarão ativas daqui a 20 anos, tão pouco se sabe

como ocorrerão os processos fabris, mas, olhando como as coisas estão acontecendo
no mundo, a dimensão 4.0 tem implementado a noção de Inovação como temas

atuais das empresas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considera-se que os objetivos foram atingidos, a problemática foi respondida.

Há muitas metodologias criativas e inovadoras que podem ser usadas por gestores
para garantir o sucesso de suas competências na Indústria 4.0, nessa pesquisa, os
autores que foram analisados auxiliaram a identificar a Tecnologia RFID, a Impressão
3D, a Realidade Aumentada (RA), os Sistemas digitais poka-yokes, o Treino virtual, a

424
Internet das coisas (I.O.T.), Histórico de informações (big data) e a computação na
nuvem como inovações já presentes nos processos industriais na nova economia.

Em relação ao desenvolvimento das competências dos gestores, salientou-se:


‚desaprender‛ para ‚renovar‛; ser pessoas criativas e não repetitivas; interagir mais

com seus clientes; tomar conhecimento de novos métodos para criar soluções para
seus clientes e testá-las por meio do método D.R.I.V.E.R. de Inovação baseado no

método de design Thinking.


No Brasil, a indústria tá de olho no futuro. Nessanova onda tecnológica estão

sendo abertos novos mercados para novas profissões. Há existem fábricas


inteligentes que estão mudando tudo no processo de processo com o uso de robôs e

de novas tecnologias, requerendo cada vez mais mão de obra especializada. Aofim
do processo não se busca mais manter o emprego dos que não se qualificam, mas

usar robôs inteligentes, a internet das coisas, a realidade aumentada, a inteligência


artificial, o Big Data e a Computação de nuvem para que, tudo junto, possa se tornar

mão de obra cada vez mais especializada e requerer do gestor competências para
manuseá-las e participar das novas perspectivas imbricadas na Indústria 4.0.

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428
VISÃO PANORÂMICA SOBRE O E-COMMERCE NO AMAPÁ

Adriana Coutinho dos Santos


Kamila Pereira Tavares

RESUMO:
O presente artigo trata de um visão do e-commerce no Brasil perpassando pelo uso
da tecnologia e até chegar numa panorâmica desse tipo de vendas no Amapá.
Mostra como o uso da internet modificou, ampliou o comércio em vários
segmentos do mercado, ajudando a impulsionar as vendas, mostrando um novo
perfil de comprador/usuário trazendo o conforto e a comodidade de comprar sem
sair de casa. Então, dentro dessa visão, verificar-se-á como se comporta esse cliente
amapaense no mundo tecnológico de compra e venda online, levando em conta
que em Macapá não se tem uma qualidade nos serviços prestados pelas empresas
de internet e isso causa a indagação se Macapá trabalha com a ferramenta e-
commerce, em vista poucas informações sobre o comércio eletrônico. Assim, o
objetivo geral do artigo é fazer um estudo mais abrangente do comércio que vem
de forma acelerada sendo praticada por milhares de brasileiros: o e-commerce e o
objetivo específico é verificar se empresas e consumidores sabem o que é o e-
commerce, analisar o comércio local para verificação se estão inseridos no comércio
de compras e vendas pela internet, verificar o suporte tecnológico utilizado para
esta prática. É necessário perpassar pela observação das vantagens e desvantagens
de ser ter um comércio online e que até ponto Macapá pode dar suporte para esse
tipo de atividade. Com o estudo obteve-se resultados favoráveis para serem bases
para estudos posteriores, uma vez encontrada a dificuldade de materiais impressos
acerca desse assunto tão rico e específico sobre o nosso Estado mas ainda pouco
explorado.

PALAVRAS-CHAVE: E-commerce, mundo tecnológico. compra e vendas online.

mercado amapaense

1 INTRODUÇÂO

Com a metade do século XX, na era da globalização, pouco ouvia-se falar

sobre vendas pela internet, pois poucos produtos eram comercializados, como dvd’s
e livros, e hoje com a nova tendência tecnológica é possível visualizar um mercado

429
tão amplo como o dos eletrônicos, vestuário, e até mesmo os impalpáveis como por
exemplo os pacotes turísticos, pacote de softwares, e de serviços em gerais.

A tecnologia da informação cresceu nas empresas pela procura dessas em


busca de alavancar vendas, divulgando assim a empresa e a consequentemente

aumento no faturamento. Essa procura deu-se pelo aumento do e-commerce, uma


ferramenta tecnológica a qual auxilia as relações comerciais entre empresas e

consumidores, ou seja, relações de vendas virtuais, as negociações da empresa no


âmbito digital, como bem define O’BRIEN, 2004, ‚Definimos e-commerce como

compra e venda por meios digitais.‛ e para Idesis,

E-commerce significa comércio eletrônico, ou seja, o conjunto de atividades


comerciais que acontecem online. A diferença entre Ecommerce e E-
business, expressões que muitas pessoas confundem, existe. Ebusiness não
envolve transação comercial, é um negócio eletrônico, uma negociação feita
pela Internet, mas que não envolve necessariamente uma transação
comercial. É um erro de quem está no mercado utilizar estas duas
expressões para dizer sobre a mesma coisa. (2010, p.1)

Dentro do comércio eletrônico, o e-commerce surgiu com a missão de ajudar

as organizações no sentido de visibilidade tanto da empresa quanto de seus


produtos. Dessa maneira, surge um diferencial estratégico para aumento das vendas,

maior visibilidade dos seus produtos, conhecendo assim a real necessidade do


cliente, dentre outros benefícios, e tudo isso com um investimento pequeno em

tecnologia: o uso da internet.


Nesse processo, existem diversos tipos de comércio eletrônico, os mais

comuns pode-se destacar como: B2B – Business-to-Business (Empresa-Empresa), é


uma negociação entre empresas a qual movimenta um grande montante financeiro;

B2C – Business-to-Consumers (Empresa-Consumidor) é uma modalidade de


negociação entre empresas e consumidores que escolhem e pagam os produtos

online, sem a necessidade de estarem na loja física; C2B – Consumers-to-Business


(Consumidor-Empresa), nessa modalidade ocorre o contrário de B2C, em que a

transação comercial eletrônica é feita entre consumidores e empresas, ou seja,


430
consumidor vende para as empresas; e ainda o C2C – Consumer-to-Consumer
(Consumidor-Consumidor), é a negociação entre consumidores, muito comum no

Brasil.
Neste modelo de comércio pela rede virtual traz vantagens para as empresas

em que seus produtos podem ser vendidos a qualquer momento, 24 horas, 7 dias
por semana, horários em que as lojas físicas encontram-se fechadas. Por isso esta

ferramenta é estratégica no sentido de alcançar novos mercados, de crescimento das


vendas, no aumento da competitividade entre as empresas, aquecendo o comércio,

alcançando novos consumidores pela comodidade e praticidade, possibilitando ainda


encontrar vários serviços e produtos e comparar preços, condições de pagamento,

tempo de entrega, enfim, tudo para atrair clientes que almejam um conforto,
facilidade na hora de comprar.

Para Drucker (2000), o surgimento da Internet pode ser comparado com a


invenção da máquina a vapor, a qual possibilitou através dela o surgimento da

ferrovia, que, por sua vez, reduziu o prazo de entrega das mercadorias e não tirava o
espaço dos carros.

Ao longo do estudo almeja-se ter o conhecimento se as empresas, ou mesmo


os vendedores de lojas online como lidam com essa ferramenta, e-commerce, para

realização de negócios. dúvidas essas ocasionadas pelo pouco material de divulgação


impressa, ou mesmo como forma de marketing digital, sobre compra e venda online

amapaense.
Um dado importante a ser observado neste tipo de negócio, como indica o

autor Bretzke (2000) que aponta a importância da relação com o cliente, ter o

feedback faz melhorar, adequar a empresa ao consumidor, e além disso, possibilita


fazer um perfil de quem compra, quais as exigências do mercado e assim aprimora o

jeito e-commerce, tão inovador que ao mesmo tempo vai ganhando notoriedade, é
preciso reformular sempre para maior credibilidade, já que comércio eletrônico tem
uma parcela significativa no faturamento das grandes empresas, como também nas

431
de médias e pequenas, pois é uma atividade em que atrai investimentos no mercado
digital brasileiro, como por exemplo as Casas Bahia, Americanas, Mercado Livre.

Dentre tantos avanços com o surgimento da internet, pode-se citar a grande


inovação no mercado de compra e venda online. Mostra a agilidade do comércio por

causa da grande procura deste tipo de serviço que traz a comodidade tão requerida
pelo consumidor na hora de comprar, e às empresas no momento de oferecer

produtos e serviços.
De acordo com Bretzke (2000), os benefícios e as estatísticas trazidas sobre a

Internet demonstram enorme potencial para as empresas venderem seus produtos,


relacionar-se com os clientes e abrir novos negócios, porém poucos se aprofundaram

nos aspectos ligados à teoria do comportamento de compra, e consideramos que


esse conhecimento pode ajudar a definir um uso mais adequado da Internet como

canal de vendas e relacionamento.


Compreender o e-commerce faz-se necessário a percepção de algumas

definições para ter o entendimento sobre esse meio eletrônico e sua aplicação na
vida dos consumidores, mostrando uma nova maneira de vender, comprar, prestar

serviços, enfim, fazer negócios online.


Neste sentido, Albertin (2001) define o Comércio Eletrônico como sendo a

realização de toda a cadeia de valor dos processos de negócio num ambiente


eletrônico, através da aplicação das tecnologias de comunicação e de informação,

atendendo aos objetivos de negócio.


Para Caneron (1997 apud GLAVAM, 2007) tem a definição de que Comércio

Eletrônico inclui qualquer negócio transacionado eletronicamente, em que essas

transações ocorram entre dois parceiros de negócio ou entre um negócio e seus


clientes. Por sua vez, Kalakota e Whinston (1997 apud NAKAGAWA, 2008) defendem

que, dependendo de para quem se pergunte, Comércio Eletrônico pode ter


definições diferentes: - de uma perspectiva de comunicações, o Comércio Eletrônico
é a entrega de informações, produtos/serviços, ou pagamentos por meio de linhas de
telefone, redes de computadores ou qualquer outro meio eletrônico; de uma

432
perspectiva de processo de negócio, o Comércio Eletrônico é a aplicação de
tecnologia para a automação de transações de negócio e fluxos de dados; de uma

perspectiva de serviço, o Comércio Eletrônico é uma ferramenta que endereça o


desejo das empresas, consumidores e gerência para cortar custos de serviços,

enquanto melhora a qualidade das mercadorias e aumenta a velocidade de entrega


do serviço.

2-O PAPEL DA INTERNET NO E-COMMERCE

Ao se pensar que tudo isso pode ser feito de qualquer lugar, tendo internet,
usando tecnologias como os computadores, tablets, smartphones, nem imagina-se

que antes os computadores eram usados como máquina de calcular e após um longo
tempo, aperfeiçoados na década de 70 para serem utilizados em escritórios.

Ao final da década de 70, percebeu-se que começaria uma nova fase das
comunicações, a qual seria muito mais do que um instrumento de negócios, atingiria

as atividades de mídias ocasionando estímulo-resposta aos usuários, afetando as


mídias tradicionais, como as impressas, ao ponto de perderem forças mas sem serem

substituídas.
É inquestionável que o aumento do uso da internet é constante na vida das

pessoas, e que elas estão a cada dia mais conectadas com tudo o que acontece no
mundo inteiro.

Imperceptível que o mundo tecnológico influencia no modo de agir, de


pensar, de se vestir, na questão comportamental e não diferente na hora de obter

serviços, de comprar e vender.


O mercado digital vem mostrando um novo perfil de consumidor e como as

empresas trabalham em cima desse mercado mais rápido, mais prático e mais
exigente estão se reinventando para atender esse consumidor o qual quer conforto,
praticidade e segurança na hora das transações comerciais.

433
Características essas que o e-commerce traz consigo uma responsabilidade em
atender pra quem quer vender e pra quem quer comprar de forma rápida, sem

fronteiras, pois vivemos num mundo globalizado, e sem deixar de lado a


confiabilidade, por exemplo, na hora de fornecer seus dados pessoais.

Por se perceber que o mundo tecnológico é muito dinâmico, e isso faz com
que as empresas aproveitem para mudar o perfil de vendas dos seus produtos. O

modo de vender e comprar e a exposição maior dos produtos atrai novos


consumidores sedentos de bons preços e comodidade.

O e-commerce vem para agilizar e movimentar o mercado online, na


perspectiva de atrair bons resultados, principalmente em tempos de crise financeira,

em que o consumidor está atrás de ótimas oportunidades, ou seja menor preço sem
sair de casa.

O consumidor está cada dia mais conectado à internet, e isso faz do e-


commerce uma grande expansão tecnológica para inovar, alavancar vendas e

vislumbrar novos consumidores, tão ligados às tendências tecnológicas e comerciais,


impactando no faturamento brasileiro que ja mostra dados dos segmentos mais

vendidos. Isso ocorre porque as empresas estão usando intensamente essa


plataforma para expor sua marca e produtos, e vai além, possibilita conhecer o

público-alvo e traçar a melhor estratégia para fortalecer a empresa e


consequentemente obter novos clientes. Estratégias que permitirão à empresa

direcionar campanhas para traçar novos perfis de consumidores, como por exemplo
o facebook. Publicações feitas nesse canal de comunicação podem gerar

visualizações, curtidas e inclusive compartilhamentos levando com tudo, informações

longínquas. Hoje, já percebe-se que muitas empresas vêm usando oinstagran, outra
forma bem interessante de propagação de produtos e serviços que gera muitas

visualizações e curtidas.
Nessa direção, Teixeira aponta (2015, p.20) ‚as categorias de bens mais
comercializados são: moda e acessórios, 19⅜; cosméticos e perfumaria, 18⅜;

434
eletrodomésticos, 10⅜; livros e revistas, 9⅜; informática, 7⅜.‛ Isso deve-se a
segurança que as empresas repassam ao consumidor.

Com a velocidades das informações repassadas aparece um ponto importante


para a empresa, de estar sempre atualizando suas publicações e respondendo aos

comentários feitos nos posts, esclarecendo dúvidas, isso faz o consumidor se sentir
próximo da empresa, da marca que ele admira, é o retorno da própria campanha

publicitária que se faz. E em se falando em campanhas publicitárias, para se obter


uma maior visibilidade e retorno delas, faz-se necessário que os buscadores, como o

Google, assimile sua marca e facilite assim a busca pelo usuário/consumidor.


Juntamente como o marketing digital, investir nas redes sociais é uma

estratégia inteligente e atual bastante usada pelas empresas, através também de links
patrocinados, e-mail marketing aumenta a exposição dos produtos e serviços

oferecidos, e trazem bons resultados para sua marca.


A internet é a tecnologia que mais cresceu nos últimos anos por sua grande

contribuição nos negócios das organizações de maneira lucrativa, oferecendo um


acesso mais amplo a informações, serviços e recursos (KALAKOTA e WHINSTON apud

LUCIANO et al, 2003).


O crescimento da internet tem papel fundamental nessa área, acredita-se ser

um divisor de águas na transação comercial, em que é a maior e principal ferramenta


para que o serviço funcione. Segundo Teixeira: No Brasil, atualmente, 45,6⅜ de sua

população tem acesso à internet, comparando com os anos de 2000 e 2012, percebe-
se um aumento significativo, aproximadamente de 1500⅜,do número de usuários da

internet no Brasil (TEIXEIRA, 2015, p.19).

Consoante com os dados da Net Insight (2012), o Brasil ocupa a terceira


posição em quantidade de usuários ativos na Internet (52,5 milhões) e é o primeiro

colocado quando considerado o tempo de acesso de cada internauta. Esses dados


mostram que o país está expandindo neste setor, devido ao fato de quanto mais
pessoas têm acesso à internet maior as chances de se alcançar consumidores.

435
Outros dados sobre o crescimento do e-commerce é o relatório webshoppers,
tendo respaldo por especialista que acompanham muitos profissionais que trabalham
e estudam o segmento online. Neste relatório, no ano de 2016, verificou-se um
faturamento de R$ 44,4 bilhões no comércio eletrônico, sendo uma alta de 7,4% em
comparação à 2015, provando que esta prática está em ascensão, a partir do
momento que também mostrou um aumento de 22% de consumidores.
Ainda com base nos dados de 2016, pôde-se traçar um panorama do
consumidor, pois mostrou que moda e acessórios tiveram um ligeira alta(13,6%) em
relação a eletrodomésticos(13,6%), seguidos de livros/assinaturas 12,2% e saúde e
cosméticos com 11,2%, telefonia e celular com 10,3%.
Esses dados mostram que o comportamento do consumidor mudou bastante
nas últimas décadas em função de mudanças principalmente na economia, pois
também as necessidades, as formas de prestar e oferecer serviços e produtos, o que
antes fazia-se por meio telefônico, hoje, modernamente se faz pela internet,
reduzindo custo e tempo. E é nesse novo perfil de cliente Schiffman e Kanuk (2000)
mostram que muitas empresas preocupam-se com o marketing de relacionamento.
A pesquisa Tic Domicílios e Empresas mostra que as políticas de fomento ao
acesso à Internet nos domicílios e seu uso pelos cidadãos não têm sido suficientes
para reduzir de forma significativamente as disparidades socioeconômicas entre as
áreas urbanas e rurais, as diferentes regiões geográficas do país e, no interior de cada
região e entre as diferentes classes sociais.
A diferença na proporção de domicílios com acesso à Internet entre as áreas
urbanas (44%) e rurais (10%) ainda é muito grande. De igual maneira, o acesso à
Internet nas diferentes regiões geográficas é também muito significativo: a região
Sudeste se apresenta como a maior proporção de domicílios com acesso à Internet
(48%), seguido da região Sul (47%) e do Centro-Oeste (39%), enquanto Norte e
Nordeste apresentam proporções muito inferiores: 12% e 27%, respectivamente.
Nesta perspectiva é que se pretende averiguar, especificamente em Macapá, como se
comporta o e-commerce, posto que na pesquisa percebe-se uma baixa no acesso
domiciliar à internet, que possa ser um entrave para o comércio eletrônico local.
Muitos estudiosos acreditam positivamente que este é o melhor momento de

436
oportunidade, visto que alguns com pouco preparo ou mesmo falta de capital de
giro
fecham as portas, e o e-commerce surge como uma alternativa para tal, por mais que
não pareça, o comércio está aquecido e a crise logo passará, aumentando ainda mais
as vendas e lucros. Nesse olhar, este é um grande momento de apostar nas redes
sociais, marketing, fazer um trabalho contínuo para manter-se ativo, embora não haja
crescimento no mercado, mas consegue-se resultados quanto ao posicionamento da
marca, do produto, é um passo a frente dos concorrentes que desestimularam ou até
mesmo desistiram pela crise.
E assim, para uma maior visão sobre o papel do e-commerce, o artigo se
subdividirá em:‛, ‚O papel da internet no e-commerce‛,‚ O e-commerce no Amapá‛ e
‚Resultados e discussões

3- O E-COMMERCE NO AMAPÁ

Comprar pela internet virou um bom negócio, e para o consumidor tornou-se


algo habitual realizar compras, contratar serviços, fazer transações financeiras. Essas
são algumas atividades que mostra a evolução do comércio eletrônico no Brasil, e
especificamente no Amapá, ja mostra um perfil de consumidor e empresas exigentes
e conectados.
‚A mudança é tão grande que é possível dizer que ‘o mundo está em meio a
uma revolução na forma de fazer comércio‛ (KALAKOTA e WHINSTON apud
LUCIANO et al., 2003, pg. 2).
Este vendedor virtual está relacionado como qualquer outro que abre uma
empresa, o qual tem o comportamento de um empreendedor, que é a pessoa que
assume o risco de começar uma empresa, como afirma Maximiano

‚ A ideia do empreendedorismo está associada a pessoas que mobilizam


recursos e correm riscos para criar empresas. Embora existam
empreendedores em todas as áreas da atividade humana, em seu sentido
restrito a palavra designa a pessoa que cria uma empresa- uma organização
de negócios.‛(2012, p.327)

437
O que se percebe em Macapá são pessoas que vendem seus produtos pelas
redes sociais, como o facebook através de vários grupos que lá existem e o atual
canal para divulgação está se mostrando é oinstagran (ampliar detalhes doinstagran).
Neles o alcance visualizações é enorme e faz com que mesmo se aquele produto não
interessar no momento para aquele cliente que visualizou pode ‚marcar‛ outro
usuário a fim de mostrar para quem possa ser um possível comprador.
Hoje, estar nas redes sociais é quase uma obrigação para as empresas, pois é

possível fazer um reconhecimento do público-alvo e traçar a melhor estratégia para


fortalecer a imagem da empresa e conquistar novos clientes.

Dessa forma, é possível identificar informações sobre o comportamento do


consumidor e assim traçar o perfil do público-alvo, em que as empresas busquem a

criação de campanhas direcionadas.


Uma boa ação, divulgação no Facebook, por exemplo, pode gerar muitas

visualizações, por conseguinte geram muitas curtidas e compartilhamentos e quanto


mais isso acontecer, maior será o alcance da mensagem. O interessante é que,

quando uma pessoa curte ou compartilha um post, grande parte da rede de amigos
dela podem visualizar também, mesmo que não tenham curtido a sua página, ou

seja, um consumidor abre portas para outros possíveis compradores.


Não é muito distante do Instagran, que chegou tímido com publicações de

fotos e vem se mostrando um grande potencial para divulgação de marcas, dos


produtos e serviços.

Por escassez de material que falasse sobre o e-commerce no Amapá, preferiu-


se a conversa informal com quem abriu uma empresa online ou começou a vender

pelos grupos ou até mesmo pelo perfil pessoal e obtiveram sucesso em suas
postagens.

Assim, em conversa informal temos o exemplo de casos de sucessos como do


casal de empresários Márcio e Fabrícia Serrão que começaram o negócio pelas redes
sociais, a confecção artesanal de laços que antes era feita somente para as filhas,
começou a despertar o interesse de outras mães e começaram por usar suas redes

438
sociais(não abriram necessariamente uma loja virtual) para oferecer seus laços de
várias cores, tamanhos e formatos até se tornarem empresa física em um quiosque

localizado num shopping no centro de Macapá. Os empresários continuam usando


principalmente oInstagran para divulgação de novidades, buscando novos clientes e

tendo feedback que hoje pode ser online ou pessoalmente.


Em outras conversas, pode-se averiguar que têm pessoas com lojas online no

segmento principalmente de roupas e sapatos. Embora não tenham se familiarizado


com a palavra e-commerce, apresentam muitas características desse tipo de

atividade, como a venda, a entrega, o feedback. Por mais que tenha loja virtual, as
redes sociais pessoais não deixam de ser usadas para a divulgação do nome da loja e

dos produtos.
Um produto bem atual que se tem visto e comercializado e com boa aceitação

pela redes sociais é o produtos feitos em crochê, em alta, não mais os moldes
tradicionais de pano de prato ou tapetes e sim em peças mais elaboradas, com

formatos mais bem definidos como personagens infantis, de ficção e assim a


criatividade não tem limites, como bem explicou a empresária Lylyanne Figueiredo,

que em sua história fala o que antes era uma distração, um entretenimento, foi
ganhando incentivos e logo tornou-se em produtos a serem comercializados neste

segmento artesanal.
Em geral, percebe-se a vantagem que há nesse tipo de atividade comercial

para empresas ou quem tem seus produtos em casa para vender online, uma delas é
o acesso ilimitado aos produtos da organização aos seus clientes, podendo mostrar

sua criatividade, inovação, buscando fidelizá-los (FERREIRA e PITWAK, 2009).

Outro exemplo é o contato com os clientes e fornecedores que passam a ser


muito mais rápido com o uso do e-commerce, e com isso as empresas conseguem

identificar e atender as reais necessidades do seu cliente. (FARIAS e KOVACS, apud


LEITE e FERREIRA, 2009).

439
Quanto à logística, que vai desde a compra até a entrega do consumidor final,
para Alves (apud OLIVEIRA, 2009), não basta à empresa possuir apenas um ótimo

site, preços baixos e bons produtos, ela precisa investir na sua logística para que os
produtos estejam no lugar certo e na hora certa ao seu consumidor.

Segundo Novaes (2004), muitas empresas se surpreendem pelo número de


pedidos, após terem utilizado o comércio eletrônico para comercializar seus

produtos, e muitas vezes um número bem acima de sua capacidade comercial.


Problemas como este acarretam grandes atrasos nos pedidos, como a falta de

produtos nos estoques, o atraso nas entregas, isso faz com que ocorra uma grande
insatisfação do cliente, denegrindo a imagem da empresa.

Uma vantagem do e-commerce é que como Macapá é uma cidade pequena,


embora tenha crescido bastante nos últimos 10 anos, com o surgimento de novos

bairros, com loteamento e residenciais, não necessita de uma grande logística para
entrega do produto. Com o transporte próprio ou um motoboy contratado para

entrega, geralmente o produto pode ser entregue no mesmo dia.


Além da vantagem de comprar de qualquer lugar, os compradores satisfeitos

fazem questão de falar para seus amigos e familiares, numa forma bem tradicional de
marketing ‚boca a boca‛ bem peculiar em nossa Capital.

Uma vantagem para esse tipo de comércio eletrônico traz é que não
necessariamente necessite de um espaço físico para expor os produtos, amplia-se a

exposição da marca, e ‚aproxima‛ empresa-consumidor quando se tem o feedback


do cliente quanto ao grau de satisfação das mercadorias e serviços adquiridos.

Pode-se citar como desvantagens é que como usam a rede social se algo não

sair como o esperado, a velocidade é rápida e o alcance vai longe, como uma espécie
de SAC (serviço de atendimento ao consumidor) porque tem muitos clientes que

preferem escrever para todos saberem antes mesmo de tentar resolver com quem
lhe vendeu. Isso mostra que precisa aprender a lidar com clientes afoitos e faz com

440
que o empresário tenha mais cuidado na fabricação, entrega e todo processo para
que atinjam o máximo de satisfação do cliente.

Outra desvantagem é que como pessoas vendem para alguém do grupo do


facebook por exemplo, quem não se conhece vão entregar, corre o risco, como se
tem constatado pelos noticiários locais, de não haver um real comprador interessado
e sim alguém maldoso querendo roubar o produto, já que se tem conhecimento de

que se trata e do valor do mesmo.


No entanto, é importante explicitar as desvantagens que ocorrem nesse novo

modelo de compra e venda. Nessa direção, pode-se citar a confiança, em que


algumas pessoas ainda deixam de comprar virtualmente, mesmo com preços

atrativos, com receio do pedido não chegar ou até demorar mais que o tempo
estipulado, de terem que disponibilizar seus dados pessoais, ou ocorrer fatos

inusitados como posto anteriormente. Mas apesar disso, tem-se visto um aumento
nesse modelo comercial eletrônico, a medida que os impactos positivos superam os

negativos, demonstrando uma confiabilidade e segurança numa transação via


internet.

Por fim, dentro desta visão panorâmica que se tem em Macapá, podemos falar
sobre as consideradas grandes empresas do estado como a Domestilar e Center

Kennedy. Ambas possuem sites, mas com abordagens diferentes embora nenhuma
realmente venda online. A empresa Domestilar possui um voltado mais para

divulgação da loja. Já a empresa Center Kennedy possui um site onde é possível


pesquisar e visualizar o que se tem na loja física mas não é possível ver preço e nem

comprar.

4-RESULTADOS E DISCUSSÕES

A Internet ainda lenta em Macapá, mas os empresários afirmam que


conseguem dar um retorno ao clientes, não chega a ser uma desvantagem, mas

441
dizem que muito ainda falta para melhorar a divulgação e o tempo de resposta aos
clientes e interessados, pois o que se quer sempre é otimizar o tempo.

Nos canais de comunicações como exemplos: o facebook e o Instragran, é


interessante observar que o consumidor não só apenas compartilha, mas faz seu

comentário mostrando um posicionamento sobre a marca, serviço oferecido, e


garante que a empresa trace um novo perfil de consumidor e suas preferências,

tendo assim um feedback do que é oferecido pelas empresas nas redes sociais
Nesta perspectiva, verifica-se que a utilização do comércio eletrônico veio não

somente como um diferencial para empresas, também no sentido de uma ferramenta


para as necessidades de quem procura os produtos e serviços, para quem não tem

uma loja física, para complementar as estruturas empresariais físicas, ou até mesmo
substituí-las com a finalidade em comum: obter bons resultados com as vendas.

A Tecnologia da informação trabalha para as empresas na visão do aumento


da confiança na questão do combate de vírus, interceptação de dados, ciberataques,

autenticação das empresas em que o consumidor obtenha a possibilidade de verificar


a autenticidade de quem está vendendo, protegendo as informações confidenciais

dos clientes, almejando desse jeito, alcançar um maior grau de confiabilidade do


cliente.

Com essa revolução digital, formou-se uma aproximação entre empresa e


consumidor, e tem-se a pretensão de contribuir, primeiramente no Município de

Macapá, para aumentar o conhecimento desse tipo de comércio ou até mesmo para
servir de inspiração para quem quer abrir o próprio negócio virtual, este vem

ganhando espaço no mercado, não deixando de ser um atrativo para quem quer

comprar em qualquer hora e lugar, pois ocasiona com essa mudança de


comportamento e um novo perfil de consumidor.

Diante do exposto, com o aumento de pessoas conectadas à internet e a esse


mercado mais dinâmico, o comércio amapaense não está inteiramente inserido no e-
commerce mas está preparado para trabalhar com as vendas eletrônicas,
perpassando pelos tipos de produtos mais comercializados online.

442
Portanto, o que se tem são empresas virtuais de pequeno porte e
microempresas que possuem lojas virtuais e seus estoques são em pequenos espaços

em suas residências, oferecendo ao público a possibilidade de ver o produto e se for


o caso, de experimentar. Contudo, não deixam de usar suas redes sociais para uma

maior visualização/divulgação.
Assim, obteve-se uma visão panorâmica sobre essa possibilidade de consumo

que hoje alcança elevados patamares, abrindo novas oportunidades de negócios que
crescem diariamente.

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444
PERSPECTIVAS SOBRE UMA EXPERIÊNCIA DE GESTÃO DA INOVAÇÃO NO
AMAPÁ: A POSSIBILIDADE UNIFAP
Daniel Chaves
Vitor Hugo Costa

RESUMO:

Este texto pretende, em um panorama conciso porém abrangente e aberto,

apresentar a experiência da gestão da propriedade intelectual na Universidade


Federal do Amapá, por meio do seu Núcleo de Inovação e Transferência de

Tecnologia (NITT/Unifap), ao longo de um período recortado de 18 meses de atuação


– ou seja, do início de 2016 a meados de 2018. A ênfase se dará sobre como

prospectou-se, em termos institucionais, uma estratégia de arranque acadêmico na


direção da ampliação dos canais de registro da propriedade intelectual, por um lado,

e por outro, no sentido dos caminhos futuros os quais tal Núcleo pode, como
agência de desenvolvimento, articular ações pró-Inovação e Transferência de

Tecnologia e Conhecimento de forma ainda mais intensa, atualizando-se perante


novas normativas legais.

Palavras-chave: Gestão da Inovação; Tecnologia; Propriedade Intelectual; Ciência e

Tecnologia

1. O contexto da instituição e do ecossistema


O ano de 2016, caracterizado como tantos contemporâneos por cortes
orçamentários na gestão das Instituições de Ensino Superior (IES) do Brasil, suscitava-
nos a percepção de que vivenciávamos um contexto de hipertrofia do Estado – e

conseqüentemente, da sua dependência e da dependência perante o mesmo – no


jogo de tensões da esfera pública, nossa rotina de pesquisa e desenvolvimento faz

jus ao ressaltar que não é possível compreender a Inovação como processo - e


portanto a notação, a fixação e a disseminação da novidade como salto incremental
técnico. Nessa direção, e em um contexto de hipossuficiencia das estruturas do
almejado estágio evolutivo da Tríplice Hélice, notamos que ao passo largo ainda
445
estamos, cá nestas bandas do lado de lá do Rio Amazonas, distantes do melhor gozo
de um sistema estruturado e funcional pró-Inovação. Na melhor das nossas

hipóteses, trabalhamos analiticamente com a perspectiva da existência de um


ecossistema fértil, criativo, porém carente em políticas públicas de suporte. Contudo,

não podemos ignorar que existem, e possuem ampla influência e notabilidade, os


elementos possíveis para tal estruturação, a saber: Instituições de Ciência e

Tecnologia, Instituições de Ensino Superior, como educação e ciência e tecnologia;


Governos Estadual & Municipais, Cortes e Tribunais de Justiça e Legisladores/as,

como poder público regulador e normativo; Médias, Pequenas e Micro Empresas


como iniciativa privada e força produtiva.

Nesta mesma direção, tais segmentos tem se posicionado de forma


interessada, decisivamente, no debate e intervenção sobre empreendedorismo

inovador e transferência de tecnologia no Amapá, o que mobiliza de forma ainda a


tatear nossas iniciativas. Com foco no imprescindível mapeamento, no essencial

incentivo e no propositivo diálogo entre os diversos atores a Universidade Federal do


Amapá tem se proposto a observar, na gestão do Núcleo de Inovação e Transferência

de Tecnologia (NITT, 2014-2018), as pedras-fundamentais de sistemáticos esforços


nacionais na área de Inovação e Transferência de Tecnologia em recensear, interagir

e adensar nestas dimensões. Nosso esforço, neste momento, voltou-se para o


fortalecimento do ecossistema de inovação e tecnologia do Amapá através do

ambiente da Unifap como pivotal, contando com a colaboração de seus parceiros


inter e intra institucionais.

Ponderamos possível apontar, no âmbito das atividades regularmente

concentradas no Núcleo de Inovação e Transferência de Tecnologia da Unifap


(NITT/Unifap), o destacado papel da Universidade no incremento dos seus

coeficientes de desempenho diante dos desafios da proteção da propriedade


intelectual conforme reconhecida nas categorias da instância soberana do Instituto
Nacional da Propriedade Industrial (INPI), como patentes, softwares, modelos de
utilidade, marcas e indicações geográficas; contudo, destacamos que o desafio da

446
transferência da tecnologia como processo, desde a base da construção
local/regional das agendas de pesquisa, está sendo diretamente influenciado pelo

demandante momento de mudanças decorrentes de uma profunda revolução tecno-


científica – para alguns, uma Quarta Revolução Industrial, fortemente calcada na

informação, na virtualização, na pulverização e na automação – tem alterado


significativamente o relevo e as tessituras do diálogo entre pesquisa pura e pesquisa

aplicada no ambiente acadêmico global. Tal contexto, nesse sentido, espelhando


nossa visão sobre a Inovação, precisa ser esmiuçado.

Tais mudanças, em larga medida decorrentes da introdução de fatores como


automação algorítimica, interoperabilidade na gestão de dados massivos, arquitetura

da informação em redes virtuais, entre outros, tem imposto xeque a categorias e


estruturas que pareciam imprescindíveis ao sistema social do modus operandi da

ciência e tecnologia. A inovação não se apresenta mais apenas como


tradicionalmente mantenedora do aperfeiçoamento das cadeias e perpetuação dos

modos de produção, mas sim empoderada de uma ação disruptiva cada vez mais
constante e voraz. As emergentes startups, iniciativas empreendedoras de baixo

custo, equipe reduzida e inovadora, voltadas para o crescimento rápido de um


produto, processo ou serviço inovador, partindo de um modelo de

produção/negócios repetível (ou seja, passível de ser reproduzido com agilidade sem
delongadas customizações) e escalável (ou seja, de potencialmente acomodar

crescimento em escala) porém incerto, proliferam-se como formas de vida dos


ecossistemas de inovação, então em constante mutação. Esta potência pode moldar

para aprimorar e construir, ou destrutivamente lançar ao desuso estruturas de

sistemas produtivos tidos como perenes, pulverizando em poucos ciclos toda sorte
de mercados, serviços e produtos e afetando cadeias produtivas que em ambiente

globalizado podem potencializar oportunidades ou liquidar vantagens competitivas.


Estas situações históricas e regionais nas quais o Amapá e a Unifap, por conseguinte,
encontram-se, precisam reposicionar-se objetivamente e tomar o momento como
onda a se somar, consciente das suas necessidades provinciais, deve-se ressaltar

447
ponderadamente. Em outras palavras, o que é risco aos estabelecidos do status quo
também é oportunidade para concorrentes periféricos se reposicionarem.

Para além do desenvolvimento aplicado de técnicas científicas voltadas para a


produção ou extração de riquezas como processo global que pode incidir

positivamente, orbi et urbi, nas regiões e suas províncias, a reformatação da


contemporaneidade desfralda-se pari passu à dimensão dos problemas simultâneos

e globais do industrialismo clássico mantido pela governança calcada nas instituições


públicas e seus parceiros privados, com forte impacto sobre recursos naturais,

humanos e culturais. Crises geradas por problemas como desemprego e retração dos
produtos internos brutos, defasagem de infraestrutura logística interurbana, pressões

demográficas, transições contra-patriarcais e crises climático-ambientais, que


rapidamente são noticiadas, debatidas e condensadas na opinião pública crítica, seja

em telejornais, rádio ou redes sociais, e determinam a pauta destas instituições,


porosas ou não a este criticismo público. Qual o potencial para que a crise seja

oportunidade, indubitavelmente, é determinado pelo comportamento dos gestores e


moderadores dos fluxos. Os problemas da soberania da esfera pública a qual uma

Universidade Federal faz parte por excelência, zelada pelas instituições responsáveis,
mas pautadas pelo interesse civil generalizado por um lado, por outro se encontram

com a premissa do Desenvolvimento como racionalidade de superação das


condições que, regionalmente específicas, encontram-se dispostas no Amapá e na

Amazônia, sendo ainda carentes em inumeráveis aspectos. Ainda em outras palavras,


o que não for articulado inclusivamente como exercício de promoção da participação

coletiva na esfera pública, seguramente se tornará empecilho para quaisquer

governanças.
É possível dizer que dentre os propósitos das ações para a promoção e gestão

da Inovação e Transferência de Tecnologia na Unifap, o primordial intuito é o de criar


condições práticas e pedagógicas de promoção da criatividade no ambiente gerador
de soluções inovativas - práticas, processos, serviços ou produtos - que é a
Universidade. Esta instrumentalização propositiva, com o devido respeito à

448
autoralidade e ao princípio da liberdade criativa, das ideias produzidas no interior
dos seus grupos, laboratórios, colegiados, projetos, centros, programas de pós-

graduação e departamentos, que tenham por sua vez a capacidade de arrolar estas
inovações no sentido de melhorar a Universidade, culminariam na potencialização do

papel da Universidade na direção de uma agência de desenvolvimento estadual e


regional, prospectiva e inteligente.Neste caso, deve-se frisar com firmeza e

obstinação que o cosmopolitismo liberalizante da autorregulação, do livre trânsito de


ideias e do desatrelamento do processo criativo junto às instituições estatais precisa

ser mediado pelo papel atinente das instituições como receptáculos fomentadores de
políticas e ações capazes de induzir, catalizar e promover a aplicação de soluções
13
voltadas para as sempre específicas necessidades regionais . O extensionamento
como dimensão e prática presume que esta criatividade tem propensão, potencial e

condições para sair dos muros da Universidade, fazendo com que produtos e serviços
que nasceram de projetos ou de iniciativas acadêmicas da Unifap cheguem à

sociedade e seus usuários e clientes.


O caso de instituições públicas de educação e/ou de ciência e tecnologia, cuja

expectativa da sociedade pelo retorno de soluções, dispensa apresentações. Situar o


dilema de gerir a inovação defronte aos problemas contemporâneos na cimeira do

planejamento estratégico e no cerne do provimento de soluções faz com que a usual


escolha de inovar ou não inovar conforme a ordem do dia e a demanda eventual seja

um déficit estratégico, já que as oportunidades de novas técnicas surgindo para


novos problemas permite englobar ao aperfeiçoamento do processo o provimento

de soluções inovadoras para problemas das circunstâncias, necessidades ou

contextos. Assim, reforça-se o papel estratégico a se desempenhar por cada ICT e IES
como usina de ideias criativas, endogeneizantes na pesquisa ou exogeneizantes na

extensão, na busca pela soberania e autonomia para a subsistência em um mundo

13
No que diz respeito à premissa de que a Universidade pode ser, localmente, núcleo de provimento
de soluções objetivas e específicas, ressaltamos a experiência do Hackathon Lupa NH 2017,
coordenado pelo prof. Walter Lima Jr., que ocorreu no dia 04/03/2017. Ver mais em:
http://projetolupanh.blogspot.com.br/

449
tão globalizado e competitivo pode potencializar. Este papel pode-ser potencializado,
na dimensão da transferência tecnológica, como expressão da importação de saberes

como apropriação e decodificação, agregando valor como produção e


aprimoramento decorrentes e, por fim, de exportação e reinserção.

Ou seja, diante das mudanças globais ofertadas à região no seu desafio


cotidiano da inserção e subsistência regional, como a Universidade enquanto

Instituição de Ciência e Tecnologia, mas também de Ensino Superior, pode se


apropriar destas mudanças para se fortalecer em pesquisa e extensão. A partir da

constituição, em 2010, do Núcleo de Inovação e Transferência de Tecnologia da


Universidade Federal do Amapá (NITT/Unifap) e da progressiva implementação da

sua missão institucional - "Promover a adequada proteção das invenções geradas no


âmbito da Unifap e a sua transferência ao setor produtivo, visando integrar a Unifap

com a comunidade e contribuir para o desenvolvimento cultural, tecnológico e social


do país." – com a sua profunda integração com a Reitoria e a Pro-Reitoria de

Pesquisa e Pós-Graduação (PROPESPG), resultados de expressão local e ineditismo


foram alcançados no alvorecer dos 27 anos de Unifap.

Foram diversas gestões e equipes que compuseram, em esforços como


minicursos, projetos tecnológicos, prospecções e missões exploratórias em busca de

conhecimento; e tais gestões e equipes devem ser reconhecidas e valorizadas na


memorabilia institucional do desenvolvimento da inovação, ciência e tecnologia na

Universidade. Estruturado em regimento definido e aprovado pelo Conselho Superior


da Universidade, e definido na sua vinculação à PROPESPG, como dito, o NITT

encontrou-se envolto a um contexto de multiplicação do Corpo Docente da

Instituição – em um número de aproximados 150 professores/as no contexto da sua


constituição, até o atual coeficiente de 600 profissionais, em sua maioria doutores/as

ou em doutoramento. Não menos importante, a Universidade Federal do Amapá


deslanchou a implantação de um novo campi, com 8 cursos de graduação e 1 pós-
graduação na cidade de Oiapoque, na fronteira com a Guiana Francesa, avançando
na direção do estreitamento de relações com a sua potencialidade

450
internacionalizante e, significativamente, no desenvolvimento regional do Extremo
Norte brasileiro. Considerando, então, a expansão das investigações decorrentes não

apenas nas graduações, mas também no esteio da profissionalização da pesquisa


científica no Estado e na Universidade – frisa-se aí a implantação e consolidação,

também, da Universidade do Estado do Amapá (UEAP) e do Instituto Federal do


Amapá (IFAP), com ações contundentes no estímulo à Inovação e o aproveitamento

de pessoal, fixando em residência científica e como pessoal estável a massa crítica


produzida no Amapá e sobre o Amapá, seja nativa ou cativa neste contexto. Na

profusão de trabalhos apresentados em congressos externos ao espaço amapaense,


como também nas dissertações defendidas nos programas stricto sensu da

Universidade Federal do Amapá, tal substrato de pesquisa se amadureceu e


progressivamente se notou como premiado em ocasiões como o Prêmio Samuel

Benchimol 2017, do Banco da Amazônia, que deu destaque e relevo às invenções


oriundas da área da Engenharia Elétrica, ou ainda o 14º Prêmio de Destaque do Ano

na Iniciação Científica, entregue pela Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência


(SBPC) para uma pesquisa que uniu doutores e iniciandos científicos em prol do

combate ao vetor de doenças como a dengue, a zika e a chikungunya. Considerando


a imediata premissa da transferência da tecnologia produzida nesta Unifap que não

apenas é uma Instituição de Ciência e Tecnologia (ICT), mas também uma Instituição
de Ensino Superior (IES) temos ampla capacidade de realizar o duplo exercício de

concertação de agendas de pesquisa integradas com o mais plural interesse social,


por um lado, sem deixar de lado a interação com o poder público e as forças

produtivas, por outro, garantindo assim a sustentabilidade como força motriz da

emancipação por meio dos pilares da amálgama entre ICT e IES: a educação e o
desenvolvimento científico-tecnológico da região como objetivos. Neste cenário

esperançoso e progressivamente entusiasmante, o NITT vem conseguindo superar


tais inércias em termos de coeficiente e promovendo, assim, a elevação dos seus
próprios padrões. Tais esforços – produção, registro e obtenção do registro, e depois
de sua proteção, a transferência socioeconomicamente concertada e sustentável –

451
são parte essencial do trabalho da Unifap na garantia da qualidade, da soberania e
da implementação da sua produção intelectual e industrial diante dos órgãos de

competência. Os esforços na pesquisa e no desenvolvimento também se deslocam,


na atual gestão da Universidade, para o fortalecimento e adensamento de pedidos de

concessão de patente para invenções e modelos de utilidade, visando à melhoria


quantitativa e qualitativa dos coeficientes da nossa pesquisa científica em todos os

segmentos para a transformação e evolução do ambiente acadêmico da Unifap.


Mesmo com o que reconhecemos como fundamental nesta jornada

desbravadora - todo o apoio institucional e a força de trabalho historicamente


instalada no NITT, criativa e comprometida -, ainda dispomos de uma estrutura

simples e hipossuficiente diante das nossas necessidades, prevendo um/a (1)


técnico/a administrativo/a, um/a (1) diretor/a indicado pela Reitoria e Pro-Reitoria e

três (3) coordenadores/as de área indicados pela Direção, contando com auxílio
prático de bolsistas de extensão e iniciação científica para o amparo das atividades.

Temos a ousadia em expressar que, para o que se considera potencialmente factível


em uma Universidade promissora como a Unifap, localizada em um estado e em uma

macrorregião tão ricas, aguerridas e plurais como o Amapá e a Amazônia brasileira, é


possível falar que podemos fazer muito mais. Nessa mesma direção, consideramos

importante frisar que o contexto institucional brasileiro sobre Inovação, Tecnologia e


suas produções e transferências vem mudando sensivelmente.

A aprovação no pleno da Assembleia Legislativa do Estado do Amapá, no mês


de março de 2018, do texto da Lei Estadual de Inovação, promovida pela Secretaria

de Estado de Ciência e Tecnologia (SETEC), significou um lume de interesse, um pé

fincado sobre as discussões da Transferência de Tecnologia, da viabilidade produtiva


das potencialidades estaduais, bem como do foco no Empreendedorismo como

força-motriz desafiadora do status quo. Este movimento cristalizado em momento


pode ser contextualizado, à guisa de certa percepção histórica, como marco de tal
processo que ainda se desdobra na linde entre o que é possível se fazer em um
estado como o Amapá, com seus 30 anos de vida desde a conversão do Território

452
Federal (1943-1988), e portanto à luz das limitações marcadas das suas políticas
públicas ainda em construção.

2. Um projeto cadente: do Núcleo do debate para a externalidade da

Agência

No que consiste, então, nossa intervenção e proposta de mudança estrutural


de Núcleo de Inovação para Agência de Inovação? Considere-se, à titulo de

interlocução e propositura, que esta é a experiência primordial a qual nos


debruçamos neste momento como protótipo para a elevação das condições verticais

e horizontais da Inovação na Universidade Federal do Amapá.


Observando o amplo leque de mudanças que sempre devem ser estudadas a

guisa do aprimoramento das atividades institucionais seguindo as melhores práticas


de governança, para torna-las mais eficientes e também (no nosso contexto

específico enquanto ICT e IES) para acompanhar o constante progresso e transições


produtivas em um contexto de mudanças tecnológicas e sociais profundas, o NITT

estuda as melhores formas de dar vazão e ter institucionalmente – e por conseguinte,


de forma perene – instaladas as mais sofisticadas, potentes e estratégicas
disposições, instrumentos e dinâmicas para o desenvolvimento deste nosso duplo
14
papel na ciência e na educação. Assim, não obstante constatada a Lei nº 10.973 , de

2004, que tornou-se histórica como a nossa "Lei de Inovação", instalando diversos
dispositivos e normativas sobre as Instituições. No nosso caso, seu art. 16 impõe e

aponta as diretrizes para o papel dos Núcleos de Inovação Tecnológica - os ‘NITs’ –


que, a rigor, possuíam as seis atribuições originais (outras quatro foram incluídas pelo

14
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.973.htm, de 2 de dezembro de
2004. Dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo
e dá outras providências.

453
15
Marco Civil de Ciência, Tecnologia e Inovação, a Lei nº 13.243 de 2016 ),
consagrando a sua importância no Sistema Nacional de Inovação.

Apesar de se reconhecer impreterivelmente a importância dos NITs e do que a


Lei de Inovação contribuiu para a constituição contemporânea de nossa matriz

nacional de produção científica inovadora, o Marco Civil de 2016 por sua vez
contribuiu substancialmente para a modernização, desburocratizante e liberalizante,

deste sistema. Constata-se que cresceu de importância a necessidade de mão de


obra especializada para realizar prospecção tecnológica e inteligência competitiva, e

que estudar cenários futuros e vislumbrar possíveis nichos de atuação e mudanças de


trajetória tecnológica são tarefas que demandam profissionais habilitados em cada

setor que a ICT pretende introduzir produtos ou processos.


Partindo de duas premissas centrais, a. A aprendizagem institucional e

tecnológica, bem como a capacidade de inovar baseando-se no conhecimento


científico, consolidam as atuais ferramentas do progresso técnico e da geração de

riqueza, e b. A articulação público-privado passou a ser a alavanca dos Sistemas de


C,T&I (Leis de incentivos e Fundos Públicos), os NITs ganham novo significado neste

cenário. Abrem-se oportunidades para a contratação de pessoal através de contrato


administrativo por tempo determinado com característica excepcional para pesquisa

– ou seja, as ICTs podem captar profissionais ou contratos de serviço para pesquisa.


Além disso, o Marco Civil, entre outras mudanças e reconfigurações, promove regime

diferenciado (lógica da RDC) para pesquisadores, técnicos e tecnólogos e destrava


burocracias da Lei 8.666 para fins de pesquisa e desenvolvimento; Simplifica regras e

reduz impostos para importação de material de pesquisa; Permite que

docentes/pesquisadores de ICTs públicas em DE exerçam atividade de pesquisa

15
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/l13243.htm, 11 de janeiro de 2016.
Dispõe sobre estímulos ao desenvolvimento científico, à pesquisa, à capacitação científica e
tecnológica e à inovação e altera a Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004, a Lei no 6.815, de 19 de
agosto de 1980, a Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, a Lei no 12.462, de 4 de agosto de 2011, a Lei
no 8.745, de 9 de dezembro de 1993, a Lei no 8.958, de 20 de dezembro de 1994, a Lei no 8.010, de 29
de março de 1990, a Lei no 8.032, de 12 de abril de 1990, e a Lei no 12.772, de 28 de dezembro de
2012, nos termos da Emenda Constitucional no 85, de 26 de fevereiro de 2015.

454
também no setor privado, com remuneração e aumenta o número de horas para
atividades fora da universidade, de 120 horas para 416 horas anuais (8

horas/semana); ICTs podem compartilhar uso de laboratórios e equipes com


empresas, para fins de pesquisa, desde que não cause conflito; Permite que as

empresas envolvidas nesses projetos mantenham a propriedade intelectual sobre os


resultados (produtos) das pesquisas; Desembaraça problemas aduaneiros de

produtos de CTI, buscando acelerar as pesquisas e diminuir custos administrativos;


Permite remanejamento dos recursos orçamentários de CTI entre categorias de

programação sem necessidade de nova autorização legislativa; Permite que bens


adquiridos com financiamentos externos sejam incorporados ao patrimônio da

entidade de ICT; Garante ao servidor afastado para o exercício de atividade de CTI,


das mesmas vantagens e benefícios que teria se estivesse em efetivo exercício;

Permite de internacionalização das ICT mediante acordos de cooperação,


especialmente pela execução de atividades e alocação de recursos humanos no

exterior. Dentro das ICTs, não apenas as próprias como seus NITs podem agora ser
constituídas como entes públicos ou pessoas jurídicas de direito privado sem fins

lucrativos (Lei 10.973/04): nada impede que NITs obtenham personalidade jurídica
própria, como fundação de apoio, com a finalidade de captar, gerir e fomentar

tecnologia e inovação aplicadas. Assim, não apenas a sua estrutura seria capaz de
angariar recursos e gerir recursos como Fundação - algo que é caro em um

ecossistema emergente como o amapaense - para a ICT/IES, mas também para


operar com seu próprio overhead administrativo e induzir agendas de pesquisa

potencialmente transferíveis para estimular o mercado, mas também fazer o papel

inverso: ir ao meio empreendedor e ofertar serviços que a Universidade pode prestar


por meio de cooperação. Sua personalidade jurídica própria permitiria tal mobilidade

dentro das prerrogativas estabelecidas para os ‘pós-NITs’ no Marco Civil.


Diversos exemplos apontam, no mais alto padrão de excelência brasileiro, para
ações convergentes em agências de Inovação. Regionalmente, citaríamos o caso da

455
16
Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) , com disposições atualizadas, e
17
nacionalmente o caso da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) , que é

exemplo costumeiramente utilizado como modelo.


Do ponto de vista estrutural, a reforma do NITT para conversão em AIT

promoveria mudanças sensíveis no sentido da ampliação da sua participativa


governança, ao propor um Conselho Gestor, representativo das Pro-Reitorias e dos

Departamentos, que trabalharia lado-a-lado com a Direção e mediariam suas ações e


decisões; adequaria a sua dinâmica burocrático-administrativa a uma lógica mais

perene e estabilizada, ao substituir a transitoriedade das Coordenações de Área –


atualmente indicadas – por Secretarias, que não alternam no movimento de assunção

de cada gestão e teriam caráter técnico, altamente especializado e integralmente


concentrado no NITT, sem compartilhamento das horas de atividade na ICT/IES;

canaliza a atividade de pesquisa para uma dimensão livre e menos atrelada às


disposições e estímulos das Coordenações, neuralizando-as por meio de uma rede

espontânea ou induzida de Agentes da Inovação na Universidade, papel que pode


ser apropriado por qualquer discente, técnico ou docente da Unifap na direção de

capilarizar a pesquisa e ser alvo de estímulos como editais, chamadas e premiações,


ou até mesmo contratações.

Tais mudanças promoveriam, na prática, o envolvimento da AIT com diversas


atribuições factíveis e com franco potencial para o desenvolvimento e a captação de

projetos na ICT/IES, como por exemplo: Construção de agendas de pesquisa e


transferência de tecnologia socialmente conectadas, gerando soluções palpáveis e

sustentáveis; Gestão top-down e bottom-up de projetos, proporcionando a

oportunização e empodeiramento multilateral da comunidade científica; Apoio às


atividades acadêmicas para a disseminação da cultura da Inovação, do

Empreendedorismo e da Transferência de Conhecimento e Tecnologia; Articulação


com empresas, incubadoras, ICTs e poder público para elaboração de projetos e

16
http://www.ufopa.edu.br/institucional/suplementares/agencia-de-inovacao-tecnologica-ait
17
http://www.inova.unicamp.br/sobre-a-inova/

456
captação de recursos; Cooperação com Departamentos de Extensão e Pesquisa para
mapeamento de projetos.

3. As possibilidades da ordem do dia

Em 2016, um de seus anni mirabiles para a Inovação Tecnológica como pauta

da Universidade, estes esforços integrados, somados ao forte ímpeto em superar o


status quo ante dos coeficientes relativos – até então mantidos em zero - às formas
reconhecidas de propriedade intelectual/industrial no Brasil pelo Instituto Nacional
da Propriedade Industrial (INPI), realizaram-se os primeiros pedidos de proteção do

que se constataram como factíveis protótipos no segmento de patentes e registros


de programa de computador. Tal iniciativa, amplamente apoiada no legado das

gestões anteriores a esta, e por sua vez tributária da iniciativa da Rede NAMOR /
MCTIC - a rede de NITs da Amazônia Oriental, contando com ICTs do Pará, Amapá e

Tocantins, liderada pelo Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) -, gerou o pedido
nacional de Invenção, Modelo de Utilidade, Certificado de Adição de Invenção de no.

BR 10 2016 021728 8 (DISPOSITIVO PARA PROGRAMAÇÃO DE CONTROLADORES E


SEU USO EM CONVERSORES DE FREQUÊNCIA), de autoria dos drs. Geraldo Maranhão
e Alaan Ubaiara Brito, com o apoio dos discentes Salatiel Guimarães Jr. e Andreza
Costa, desbravando tal dimensão e constituindo o pioneiro pedido de patente da

Universidade. Adjacente a isto, em temporalidade praticamente síncrona, foi


solicitada em setembro de 2016 o pedido de registro de programa de computador

BR 51 2016 001159-9 (FRACTRON), de autoria dos Drs. Rafael Pontes de Lima e Pedro
Franco Sá, além da colaboração de José Luis Soares Batista. Este segundo, publicado

na Revista da Propriedade Industrial (RPI) de 17/01/2017, com o deferimento do


mesmo pedido, assegurou para a Universidade o regime de guarda diante do INPI

até setembro de 2026 significando que o software – resultado de um esforço que por
sua vez integrou de forma exemplar ensino, pesquisa e extensão, conectando-se
plenamente com a lógica da transferência de tecnologia para o beneficiamento social
– fica protegido diante do nosso processo de registro e das instâncias devidas.
457
Quanto às patentes, com notável dilatação no tempo de resposta do INPI se
comparados aos programas de computador, pela complexidade da análise da

anterioridade e originalidade, a expectativa do primeiro deferimento situa-se em


médio/longo prazo.

É importante registrar que os desafios quanto aos primeiros registros de


Propriedade Intelectual ainda estão longe de se encerrar. Se no que diz respeito a

Registros de Marca e Localizações Geográficas ainda mantemos esta situação de


zerado coeficiente, também se pode mencionar o enorme potencial, em especial nas

áreas da saúde e das ciências exatas e tecnológicas, para tantas outras patentes e
programas, podendo fazer da Unifap uma verdadeira usina de projetos, ideias,

iniciativas e, por conseguinte, de inovação. Acreditamos na importância desta


inovação, se conectada a uma governança participativa e ao empodeiramento das

sociedades e povos regionais, para o integrador beneficiamento emancipatório da


sociedade amapaense e amazônida. Frisa-se, nesta direção, que a transferência de

tecnologia é uma preocupação premente do NITT desde um ponto de vista


institucional, na medida em que retomamos o processo de institucionalização da

Política de Inovação da Universidade, recentemente aprovada - uma demanda antiga,


cuja minuta ao Conselho Superior foi proposta por anterior gestão da sra. Sabrina

Verzola (2014-2016) e revisada pela vigente – e também contribuímos para a


constituição do reconhecimento formal e multilateral sobre as atividades

empreendedoras de empreendedorismo, ofertando minutas de resoluções a este


mesmo Conselho sobre startups, incubadoras e empresas juniores que atuam dentro
18
da Universidade, em consonância com o determinado pela Lei 13.267 , por meio da

Resolução no. 31 de 2017 do Conselho Superior da Instituição.


Vale frisar, neste histórico sobre extensionamento, o papel de iniciativas

pedagógicas que impactaram construtivamente na direção de um ecossistema de

18
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/L13267.htm, de 6 de Abril de 2016
Disciplina a criação e a organização das associações denominadas empresas juniores, com
funcionamento perante instituições de ensino superior.

458
Inovação mais amplo, recenseado e inter-relacional. Destacamos o papel do NITT na
adesão à Rede #InovaAmapá – uma rede regional de núcleos de inovação e

intervenientes no debate estadual, com franca ênfase na presença da governança


estadual – e, em um segundo momento adjacente à este, a consecução da rotina da

iniciativa #InovaUnifap, baseada em dois nichos de atuação interdependentes e


complementares: o primeiro, de programas de rádio geridos pelo NITT

semanalmente; o segundo, a mala direta (newsletter) quinzenal de divulgação de


notícias, editais, eventos e iniciativas de destaque regional, nacional e global.

Compreendemos que, no âmbito das ações de organização reticularizante, típicas de


interações interinstitucionais leves e ágeis, guardadas as proporções, a Rede

#InovaAmapá tem franca inspiração no trabalho, em escala mesorregional, da Rede


NAMOR / MCTIC, considerando que sinergias perfiladas na diversidade, mas com

interesses francamente comuns, poderiam gerar – como assim avaliamos que o fora –
uma interação complementar entre as ICTs e IESs regionais. Não poderíamos, neste

mesmo sentido, ignorar o papel da iniciativa promovida pela Secretaria de Estado de


Ciência e Tecnologia (SETEC/AP), por meio do Centro de Incubação de Empresas do

Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (CIE/IEPA), em


trazer maior articulação em meio a um ecossistema tão diverso de intervenientes. O

próximo passo, muito possivelmente, será a articulação interativa com os setores


produtivos, de diferentes tamanhos e padrões, na direção da constituição de maiores

laços cooperativos para que a transferência da tecnologia ocorra, com o devido


impulsionar do poder público como corregente desta aceleração.

Ainda nesta dimensão de relações reticulares, o NITT buscou, como articulador

institucional, a adesão da Unifap à rede PROFNIT – Programa de Pós-Graduação em


Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para a Inovação, gerido pelo
19
Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia (FORTEC) –

19
A direção atual do NITT / Unifap colabora, diante do FORTEC, como parte da atual gestão regional
Norte do Fórum, como vice-coordenação, em representação aos estados do Acre, Amapá, Amazonas,
Pará, Rondonia, Roraima e Tocantins, até o período da transição para uma nova gestão em maio de
2018.

459
neste momento já implantada na Unifap como Ponto Focal, buscando intervir de
forma associada em ensino e pesquisa por meio da atuação no âmbito da pós-

graduação stricto sensu no Amapá. A formação de pessoal – problema histórico –


pode ser, com sorte e empenho, contornada como problema antes insolúvel em

curto e médio prazo.


Há, por último, um sem-número de ações, ainda em estruturação e em busca

de convergência estrutural, com ICTs e IESs regionais do Amapá e estados vizinhos,


frisando-se especialmente as ações ligadas ao CIE/IEPA, e ao pool de colaboradores

que contam com parceiros importantes: a Universidade Estadual do Amapá (UEAP), o


Instituto Federal do Amapá (IFAP), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas

Empresas no Amapá (SEBRAE/AP), que se reúnem sistematicamente durante a


realização alternada da anual Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) e em

outros momentos propícios.

4. O que resta, para o futuro

Caracterizando-se este contexto, entende-se que por meio desta atuação


institucional a Universidade pode promover, com vistas ao melhor e mais aplicável

modelo de intervenção junto ao seu complexo e vasto tecido social, o livre trânsito
do público e espontânea inscrição de propostas inovadoras de pesquisa, ainda que

se considere mister a indução à pesquisa por parte de atores seccionais de interesse


estratégico a serem acionados. Estes, por sua vez, teriam o compromisso

interdependente da exposição de soluções voltadas para as sempre específicas


necessidades regionais por meio de oficinas preparatórias e vitrines como prévia e

cultivo de propostas inovadoras. Tais ações, como diretrizes, potencializariam a


atração em receber iniciativas livres (inclusive as doravante publicamente

reconhecidas como startups) sem custos e com prerrogativa de capacitá-las,

460
aprimorá-las e validá-las 20, para que assim se premiassem e incubassem as melhores
propostas que sejam voltadas para dois modelos básicos e gerais de aplicação

possível no ambiente da Unifap, sempre voltados para a melhoria dos serviços,


processos ou produtos da Universidade: a. softwares/aplicativos e b. modelos de

utilidade, como tem sido o foco até então desta atuação.


Assim sendo, em linhas gerais a Unifap se encarregaria em promover o seu

papel como agência para o desenvolvimento regional, socialmente referenciada por


meio de um conjunto de atores específicos da instituição, em coordenação com

inventores e autores capazes de serem acionados internamente por estímulo desta


Agência, com intervenções induzidas pela PROPESPG e Pro-Reitoria de Extensão e

Ações Comunitárias (PROEAC), podendo receber membros representantes do pool de


colaboradores que contam com parceiros importantes: a UEAP, o IFAP, o Serviço

Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Amapá (SEBRAE/AP), o


Instituto de Pesquisas Cientificas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA), por

exemplo) a selecionar as propostas iminentemente aptas a participar e receber nossa


assistência. Tais interlocutores, por sua vez, poderiam exercitar um espaço

compartilhado de benchmark – possivelmente coordenado pela Secretaria de Estado


de Ciência e Tecnologia – para a construção de interações pro-compartilhamento e,

com a devida estruturação, em soluções conjuntas.


Especulando sobre as potencialidades e expertises em instalação para prestar

tal assistência, especialistas (seniores ou juniores), doravante reconhecidos como


‘mentores’ pelo seu destacado conhecimento específico e singular em áreas diversas

como programação computacional, preparo e validação de modelos de negócio,

branding e propaganda, orçamento e gestão de recursos, engenharias e sistemas


complexos, entre tantas outras utilidades necessárias para o desenvolvimento

poderiam dispor da sua expertise (por sua vez já instalados na Unifap nos já

20
As primeiras experiências relativas à validação de startups as quais esta gestão do NITT tem notícia,
no âmbito da Unifap, circunscrevem-se no ambiente do Curso de Administração de Empresas, em
iniciativa conduzidas pelo prof. Claudio Marcio de Mendonça.

461
correntes Laboratórios, Departamentos, Núcleos, Cursos e Projetos, bem como nas
ICTs e IESs parceiras, que podem e devem ser chamadas a colaborar) para

intercambiar conhecimentos úteis para o desenvolvimento de tais startups através de


oficinas que ocorreriam eventualmente em um cenário prospectivo onde a

Transferência da Tecnologia é, inevitavelmente, a próxima fronteira a se romper, caso


conte com incentivos e preocupações mais conectadas com o inevitável desafio da

prospecção tecnológica para viabilizar o efetivo ciclo da transferência.


Acreditamos na importância desta inovação, se conectada a uma governança

participativa e ao empodeiramento das sociedades e povos regionais, para o


integrador beneficiamento emancipatório da sociedade amapaense e amazônida.

Frisa-se, nesta direção, que a transferência de tecnologia é uma preocupação


premente do NITT desde um ponto de vista institucional ligado à PROPESPG como

atividade-meio, na medida em que retomamos o processo de institucionalização da


Política de Inovação da Universidade - uma demanda antiga, cuja minuta ao

Conselho Universitário foi proposta por anterior gestão – e também contribuímos


para a constituição do reconhecimento formal e multilateral sobre as atividades

empreendedoras de empreendedorismo, ofertando minutas de resoluções a este


mesmo Conselho sobre startups, incubadoras e empresas juniores que atuam dentro

da Universidade. Como atividade-fim, pondera-se, a contribuição da PROEAC seria de


importante contributo tendo em vista a natureza dialógica do processo de

transferência com o extra-muros da Universidade.


Consideramos essencial a imediata premissa da transferência da tecnologia

produzida nesta Unifap que não apenas é uma Instituição de Ciência e Tecnologia

(ICT), mas também uma Instituição de Ensino Superior (IES), como acima referenciado
– localizada na Amazônia Brasileira, em uma região de Fronteira, com uma população

majoritariamente carente de soluções criativas e eficazes para o aprofundamento da


experiência dos seus Direitos Sociais. Assim, temos ampla capacidade de realizar este
duplo exercício de concertação de agendas de pesquisa integradas com a educação,
em prol do mais plural interesse social, por um lado, sem deixar de lado a interação

462
com o poder público e as forças produtivas, por outro, garantindo assim a
sustentabilidade como força motriz da emancipação por meio dos pilares da

amálgama entre ICT e IES: a educação e o desenvolvimento científico-tecnológico da


região como objetivos cabais. No aprimoramento desta dimensão da transferência e

do incremento da participação, defendemos o argumento de que a Inovação como


questão pública pode ser viável, objetiva e instrumental para a mobilização de

soluções criativas voltadas para o desenvolvimento da Universidade e da região, para


o melhor usufruto da população na sua vivência cidadã, assim utilizando o máximo

potencial de todas as suas divisões, departamentos e cursos de forma plena,


sistemática e multilateral. E não menos importante, socialmente justa e referenciada

perante a sua cultura, suas tradições e biodiversidade.

5. Referências

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revista de sociologia da USP, v. 22, n. 2. Disponível em:
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