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Justiça Federal da 1ª Região

PJe - Processo Judicial Eletrônico

30/03/2021

Número: 1012643-55.2021.4.01.3400
Classe: AÇÃO CIVIL PÚBLICA CÍVEL
Órgão julgador: 3ª Vara Federal Cível da SJDF
Última distribuição : 10/03/2021
Valor da causa: R$ 1.000.000,00
Assuntos: COVID-19, Unidade de terapia intensiva (UTI) / unidade de cuidados intensivos (UCI)
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
DEFENSORIA PUBLICA DA UNIAO (AUTOR)
COMPANHIA DO METROPOLITANO DO DISTRITO LUCIANA CAIXETA GANIM (ADVOGADO)
FEDERAL METRO DF (REU) BRUNO OLIVEIRA DIAS (ADVOGADO)
UNIÃO FEDERAL (REU)
DISTRITO FEDERAL (REU)
AGENCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES -
ANTT (REU)
Ministério Público Federal (Procuradoria) (FISCAL DA LEI)
MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO (FISCAL DA LEI)
MINISTERIO PUBLICO DO DISTRITO FEDERAL E
TERRITORIOS (FISCAL DA LEI)
Conselho Regional de Educação Física da 7ª Região ARLINDO LUIZ PIMENTEL CELSO (ADVOGADO)
(CREF7) (AMICUS CURIAE)
Sindicato das Academias do Distrito Federal (AMICUS LEONARDO TAVARES CHAVES (ADVOGADO)
CURIAE)
Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do VALERIO ALVARENGA MONTEIRO DE CASTRO
Distrito Federal (AMICUS CURIAE) (ADVOGADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
49386 30/03/2021 20:45 Decisão Decisão
5896
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária do Distrito Federal
3ª Vara Federal Cível da SJDF

PROCESSO: 1012643-55.2021.4.01.3400
CLASSE: AÇÃO CIVIL PÚBLICA CÍVEL (65)
POLO ATIVO: DEFENSORIA PUBLICA DA UNIAO
POLO PASSIVO:COMPANHIA DO METROPOLITANO DO DISTRITO FEDERAL METRO DF e outros
REPRESENTANTES POLO PASSIVO: BRUNO OLIVEIRA DIAS - DF26376 e LUCIANA CAIXETA GANIM - DF22353

DECISÃO

O Juízo deferiu, em parte, o pedido de tutela de urgência formulado pela parte


autora em decisão proferida em 19.03.2021 (id. 483173494) para determinar que: 1. a UNIÃO:
Junte normativos que promovam a unificação de critérios de teletrabalho dos servidores públicos
e prestadores de serviço em seus órgãos situados no Distrito Federal, apresentando, no prazo
máximo de 05 (cinco) dias, uma regulamentação/determinação que atenda o objetivo de reduzir
o número de pessoas em trabalho presencial - não essenciais – ou uma alteração de jornada, de
modo a contribuir, assim para diminuição de pessoas em circulação e, eventualmente, utilizando
transporte público durante o período de calamidade pública da COVID-19 no DF; 2. a ANTT:
comprove, no prazo máximo de 05 (cinco) dias, as medidas atuais de fiscalização adotadas em
relação ao período de agravamento da pandemia de COVID-19 no Distrito Federal, que auxiliem
na manutenção do distanciamento social no âmbito do serviço de transporte rodoviário
interestadual de passageiros/metrô no âmbito do Distrito Federal (id. 483173494).

A DPU, em 22.03.2021, à título de atualização fática, peticionou novamente nos


autos e requereu a adequação daquele decisum para que se inclua na tutela de urgência
parcialmente deferida a determinação para que o réu, Distrito Federal, apenas adote as
medidas de flexibilização contidas no novo Decreto do Executivo de nº 41.913, de
19.03.2021, se comprovados, concomitantemente: a contínua queda na taxa de
transmissão da Covid-19 no DF e a contínua diminuição na fila de espera dos leitos de UTI,
MANTENDO-SE para todos os fins o regime anterior disposto nos decretos já debatidos no

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presente feito, que poderão, ainda, ser objeto de maiores restrições, nos termos da inicial, caso
haja o agravamento dos índices e da situação geral, o que se pede em estrito acordo com a
evolução fática da situação, como inclusive faz parte da ratio decidendi da r. decisão judicial
vigente no feito; 3. Seja deferida tutela cautelar, determinando que o Distrito Federal passe a
informar nos autos da presente ação civil pública, em periodicidade a ser previamente
definida pelo próprio Juízo, a) o número de pessoas que estavam à espera de leitos de UTI,
mas vieram a óbito, b) o tempo médio de espera até o óbito; c) o tempo médio de espera
até o fornecimento de leito de UTI e, d) o número de óbitos ocorridos nos leitos de UTI
COVID-19 no mesmo período, bem como e) a taxa de transmissão da Covid-19 no DF,
mensurada dia a dia a ser sempre incluída no boletim diário da Diretoria de Vigilância
Epidemiológica/SVS/SESDF para acesso público no sítio onde já são publicados. 4. Seja
deferida tutela cautelar, determinando ao Distrito Federal que informe nos autos quanto as
medidas expansão de novos leitos de UTI, não somente no que concerne ao aspecto
material/estrutural (número de leitos em expansão propriamente ditos), mas também sobre
o aspecto subjetivo/humano (comprovação do aumento efetivo da quantidade de
profissionais da saúde necessários para receber adequadamente nova demanda
expandida); 5. Não se opõe à audiência urgente de conciliação sugerida pelos ilustres
presentantes do Ministério Público em sua manifestação de Id.479703363 destacando que esta,
para maior efetividade, deve, se deferida pelo juízo, se dar em data ANTERIOR à programada
para entrada em vigor do novo regime exposto pelo Réu, Distrito Federal, no Decreto 41.913, de
19.03.0221, que ocorrerá em 29.03.2021 (id. 484446348).

Alega, em apertada síntese, que ainda que a taxa de transmissão esteja


supostamente em 0,99 e, embora se reconheça que as autoridades do Poder Executivo tomaram
algumas medidas possíveis para promover a saúde e vida da população, tais medidas não
refletiram positivamente no colapso do serviço de saúde público e privado no Distrito Federal, que
segue com UTI’s lotadas e com aumento de pacientes graves em filas de espera.

Sustenta que a fila de espera por UTIs no DF quando proposta a ação estava em
181 (cento e oitenta e uma) pessoas e hoje, às 14h, se encontra em 411 (quatrocentos e onze
pessoas), em franco crescimento nos últimos dias. Taxar tão situação de normalidade ou de
melhoria ofende à razão (id. 484446348).

Entende que, apesar de o Distrito Federal argumentar que vem adotando todas as
medidas necessárias e atrelar qualquer maior flexibilização à continuidade da melhoria dos
números, sustenta que, formalmente, o citado ente distrital não o fez, uma vez que prorrogou as
medidas em vigor somente até a data de 28.03.2021 por meio do novo Decreto 41.913 de
19.03.2021, mas nele já previu uma grande flexibilização para a data de 29.03.2021, com
abertura de shoppings centers, liberação de praticamente toda atividade comercial (ainda que
com todo um Anexo de restrições) e, inclusive, liberando treinos e eventos esportivos (embora
sem público). Não há no decreto Decreto 41.913, de 19.03.2021 esse compromisso do Réu, DF,
qual seja, o de que as medidas flexibilizadoras só venham a ser implementadas se mantida a
taxa de contaminação abaixo de 1 (id. 484446348).

Ademais, sustenta que deve ser informado pelo Distrito Federal quanto a expansão
de novos leitos de UTI, não somente no que concerne ao aspecto material/estrutural (número de
leitos em expansão propriamente ditos), mas também sobre o aspecto subjetivo/humano
(aumento da quantidade de profissionais da saúde necessários para receber adequadamente
nova demanda) (id. 484446348).

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Juntou documentos (id. 484446348 ao id. 484459862).

O Juízo postergou a apreciação do pedido de tutela de urgência após


o cumprimento do art. 2º da Lei nº 8.437/92 (id. 484661382).

O Ministério Público Federal e o Ministério Público do Trabalho informam que irão


atuar na qualidade de custos legis na presente ação civil pública (id. 484830864).

A ANTT juntou manifestação e documentos, em que noticia o cumprimento da tutela


de urgência (id. 489108346 ao id. 488612053).

O Distrito Federal se manifestou por meio da petição acostada no id. 490465927 e


id. 490465937 ao id. 490419945, em que informa as estatísticas mais recentes, que demonstram
significativa redução da média móvel dos casos confirmados (Figura 4 do Boletim COVID n. 388),
início de queda da média móvel dos óbitos (Figura 5 do Boletim COVID n. 388), e continuidade
da taxa de transmissão da doença abaixo de 1,00 (atualmente em 0,99 - Figura 6 do Boletim
COVID n. 388). Junta também informações sobre a continuidade de providências adotadas pelo
Poder Executivo na ampliação dos leitos (id. 490465927).

Outrossim, esclarece com relação aos pedidos 3 e 4 contidos na petição da


Defensoria Pública, o Distrito Federal reitera a manifestação em sua defesa prévia no sentido de
que as informações sobre a pandemia são públicas e transparentes, e “estas são disponibilizadas
e atualizadas diariamente pela Secretaria de Saúde do DF no portal da “Sala de Situação”,
disponível em http://info.saude.df.gov.br/area-tecnica/covid-leitos-publicos-covid-19/, na Página
do Portal Covid, disponível em http://www.coronavirus.df.gov.br/, bem como informações sobre a
vacinação, disponíveis em http://www.saude.df.gov.br/vacinometro/ (id. 490465927).

Menciona que os links contém os dados necessários e suficientes para o devido


acompanhamento dos números da pandemia e que já foi ajuizada ação civil pública pelo
Ministério Público Federal em que se questionou a disponibilização dos dados da pandemia,
sendo proferida sentença que condenou o DISTRITO FEDERAL e o IGESDF, em obrigação de
fazer, para que mantenham atualizados, em seus respectivos sítios eletrônicos
(www.coronavirus.df.gov.br, salasit.saude.df.gov.br e https://igesdf.org.br/prestacao-contas-covid-
19/) ou outro meio oficial (como os Boletins Epidemiológicos do COE), todos os dados e
informações de alíneas “a” a “m” do referido ID, até o fim da pandemia, observando-se, também,
a parte dispositiva das decisões de ID’s 65311540 e 66732853, que transitou em julgado em
22.09.2020.

Entende que nova discussão sobre o assunto esbarraria no óbice da coisa julgada.
Ademais, reitera a continência com a ação popular 0701252-39.2021.8.07.0018 já anteriormente
indicada na sua anterior petição, o Distrito Federal vem também informar continência com a ação
popular 0701650-83.2021.8.07.0018, na qual também se pretende que o Poder Judiciário interfira
indevidamente na gestão na crise de saúde pública, para determinar o fechamento das atividades
presenciais nas creches, escolas, universidades e faculdades da rede de ensino privadas (id.
490465927).

Em nova manifestação, o Distrito Federal juntou o Boletim Epidemiológico nº 391


(id. 49418362 ao id. 491418375).

A União juntou manifestação, em que alega, em apertada síntese, que o Poder

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Judiciário não tem ingerência na estratégia de enfrentamento da pandemia e no cronograma de
vacinação estabelecidos pelo Executivo, não lhe cabendo proferir decisão judicial para alterar a
política discricionária atribuída pelo Poder Discricionário inerente à Administração para regular o
combate à pandemia, oportunidade em que também pugna pela perda de objeto em virtude da
Instrução Normativa SGP/SEDGG/ME n. 37, de 25 de março de 2021, e comunica a interposição
de agravo de instrumento (id. 492111353 ao id. 492109371).

É o relatório. DECIDO.

O deferimento da medida liminar na Ação Civil Pública, previsto no artigo 12 da Lei


nº 7.347/85, pressupõe a presença dos seguintes requisitos: probabilidade do direito e perigo de
dano, previstos no art. 300 do Código de Processo Civil.

De plano, destaco que a decisão a ser tomada no presente momento, em face da


extrema urgência, agravada pela reabertura de diversas atividades no Distrito Federal na data de
ontem, pelos índices atuais disponibilizados pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal -
http://info.saude.df.gov.br/resumo-executivo/, pela proximidade do feriado da Semana Santa a
incentivar maior socialização, não tem a pretensão de sanear todos os pontos levantados pelas
partes, que ensejarão contraditório e instrução adequados, mantendo o foco necessário na saúde
e sua análise dentro do princípio estabelecido no art. 196 da Carta Magna e no art. 2º da Lei nº
8.080/96, in verbis:

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
promoção, proteção e recuperação.

Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado


prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.

Ademais, o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Kassio Nunes Marques, à época


integrante do TRF1, ao julgar o AC 0009855-16.2016.4.01.3803, em 01.09.2017, ponderou que c
onsoante se extrai da Constituição Federal de 1988, à Saúde foi dispensado o status de direito
social fundamental (art. 6º), atrelado ao direito à vida e à dignidade da pessoa humana,
consubstanciando-se em "direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais
e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação" (art. 196).
Confira-se a ementa na íntegra:

ADMINISTRATIVO, CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. SAÚDE.


TRATAMENTO MÉDICO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. PARALISIA CEREBRAL E
EPILEPSIA. VACINAS. MENINGOCOCO B E MENINGITE ACWY.
COMPROVAÇÃO. PROVA DOCUMENTAL. PRELIMINARES: INADEQUAÇÃO DA
VIA ELEITA, ILEGITIMIDADE ATIVA DO MPF E PASSIVA DOS ENTES
PÚBLICOS. PRINCÍPIO DA DESCENTRALIZAÇÃO DO SUS.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. VEDAÇÃO DE INTERFERÊNCIA DO

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JUDICIÁRIO. POLÍTICAS PÚBLICAS. SENTENÇA MANTIDA. 1. "A ação civil
pública é o meio adequado para que o Ministério Público Federal promova a
proteção de direitos individuais indisponíveis, como, no caso, em que se busca
resguardar o direito à saúde e à vida de pessoa enferma e carente de recursos
financeiros para o custeio de tratamento médico (CF, art. 127, caput)" (AC 0000896-
66.2010.4.01.3803 / MG, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL SOUZA PRUDENTE,
QUINTA TURMA, e-DJF1 p.1466 de 11/05/2012). 2. A legitimidade ativa do órgão
ministerial para defesa dos direitos individuais indisponíveis decorre de expressa
disposição constitucional, a teor do art. 127 da Carta Magna, na qual se inclui a
tutela de pessoa individualmente considerada. A indisponibilidade do direito à vida é
suficiente para fundamentar a legitimidade ativa do Ministério Público Federal. 3.
Nos termos do art. 196 da Constituição da República, incumbe ao Estado, em todas
as suas esferas, prestar assistência à saúde da população, configurando essa
obrigação, consoante entendimento pacificado do Supremo Tribunal Federal,
responsabilidade solidária entre os entes da Federação. Portanto, é possível o
ajuizamento da ação contra um, alguns ou todos os entes estatais. 4. Quanto à
alegação da impossibilidade de interferência do Poder Judiciário na
formulação de Políticas Públicas, o Supremo Tribunal Federal entende que
reconhecer a legitimidade do Poder Judiciário para determinar a concretização
de políticas públicas constitucionalmente previstas, quando houver omissão
da administração pública, não configura violação do princípio da separação
dos poderes, haja vista não se tratar de ingerência ilegítima de um poder na
esfera de outro 5. Consoante se extrai da Constituição Federal de 1988, à
Saúde foi dispensado o status de direito social fundamental (art. 6º), atrelado
ao direito à vida e à dignidade da pessoa humana, consubstanciando-se em
"direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao
acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção,
proteção e recuperação" (art. 196). 6. É responsabilidade do Poder Público,
independentemente de qual seja o ente público em questão, garantir a saúde
ao cidadão. No caso em análise, a obrigação de fazer consistiu em determinar aos
Réus, que fornecessem, imediatamente, ao paciente Fellipe Eduardo Ribeiro Reis
as vacinas Meningococco B e Meningite ACWY, por ser o autor, portador de
paralisia cerebral e epilepsia, e precisa fazer uso das vacinas solicitadas e que elas
são caras e não fornecidas pelo SUS. 7. Não pode a divisão administrativa de
atribuições estabelecida pela legislação decorrente da Lei n. 8.080/1990 restringir
essa responsabilidade, servindo ela, apenas, como parâmetro da repartição do ônus
financeiro final dessa atuação, o qual, no entanto, deve ser resolvido pelos entes
federativos administrativamente ou em ação judicial própria e não pode ser óbice à
pretensão da população ao reconhecimento de seus direitos constitucionalmente
garantidos como exigíveis deles de forma solidária. 8. Encontra-se presente, no
caso, a excepcionalidade apta a justificar a atuação do Judiciário pelos seguintes
motivos: a) a parte autora demonstrou que não tem condições financeiras de arcar
com o custo do tratamento pleiteado; b) não existe outro medicamento fornecido
pelo SUS para a doença que a acomete; c) o tratamento não é de cunho
experimental, como disposto na decisão proferida na STA 244/STF e d) o Poder
Público não demonstrou a impossibilidade de arcar com os custos do tratamento, aí
incluída prova do direcionamento dos meios disponíveis para a satisfação de outras
necessidades essenciais. 9. Recurso de apelação conhecido e não provido. (AC

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0009855-16.2016.4.01.3803, Desembargador Federal Kassio Nunes Marques,
TRF1 - SEXTA TURMA, e-DJF1 01/09/2017) grifei

No mesmo sentido, o Ilustre Desembargador Federal Souza Prudente, ao julgar o


REO 0013342-82.2015.4.01.3300, em 13.12.2020, ponderou que, em princípio, o Poder
Judiciário não deve intervir em esfera reservada a outro Poder para substituí-lo em juízos de
conveniência e oportunidade, querendo controlar as opções legislativas de organização e
prestação, a não ser, excepcionalmente, quando haja uma violação evidente e arbitrária, pelo
legislador, da incumbência constitucional. Confira-se:

CONSTITUCIONAL. DIREITO À SAÚDE. AÇÃO NO PROCEDIMENTO


ORDINÁRIO. APELAÇÃO. INTERNAÇÃO HOSPITALAR. UNIÃO FEDERAL,
ESTADO E MUNICÍPIO. LEGITIMIDADE PASSIVA E SOLIDÁRIA. DIREITO
HUMANO FUNDAMENTAL E DIFUSO CONSTITUCIONALMENTE GARANTIDO.
APELAÇÃO DESPROVIDA. SENTENÇA CONFIRMADA. I - Inicialmente, não
merece prosperar a alegação de falta de interesse de agir, na medida em que a
saúde é direito de todos e dever do Estado, a ser cumprido em relação a todos que
comprovadamente necessitem do serviço de saúde, como na espécie dos autos,
não se exigindo o prévio requerimento administrativo, mormente, na hipótese dos
autos, em que os réus resistiram ao pleito autoral. Preliminar rejeitada. II - Na
inteligência jurisprudencial do egrégio Supremo Tribunal Federal, "o recebimento de
medicamentos pelo Estado é direito fundamental, podendo o requerente pleiteá-los
de qualquer um dos entes federativos, desde que demonstrada sua necessidade e a
impossibilidade de custeá-los com recursos próprios. Isto por que, uma vez
satisfeitos tais requisitos, o ente federativo deve se pautar no espírito de
solidariedade para conferir efetividade ao direito garantido pela Constituição, e não
criar entraves jurídicos para postergar a devida prestação jurisdicional" (RE 607381
AgR, Rel. Min. LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, DJe 17/06/2011). III - Há de ver-se,
ainda, que na visão jurisprudencial do egrégio Supremo Tribunal Federal é
certo que não se inclui, ordinariamente, no âmbito das funções institucionais
do Poder Judiciário - e nas desta Suprema Corte, em especial - a atribuição de
formular e de implementar políticas públicas (JOSÉ CARLOS VIEIRA DE
ANDRADE, Os Direitos Fundamentais na Constituição Portuguesa de 1976, p.
207, item n. 05, 1987, Almedina, Coimbra), pois, nesse domínio, o encargo
reside, primariamente, nos Poderes Legislativo e Executivo. Tal incumbência,
no entanto, embora em bases excepcionais, poderá atribuir-se ao Poder
Judiciário, se e quando os órgãos estatais competentes, por descumprirem os
encargos político-jurídicos que sobre eles incidem, vierem a comprometer,
com tal comportamento, a eficácia e a integridade de direitos individuais e/ou
coletivos impregnados de estatura constitucional, ainda que derivados de
cláusulas revestidas de conteúdo programático. Cabe assinalar, presente esse
contexto consoante já proclamou esta Suprema Corte que o caráter programático
das regras inscritas no texto da Carta Política não pode converter-se em promessa
constitucional inconseqüente, sob pena de o Poder Público, fraudando justas
expectativas nele depositadas pela coletividade, substituir, de maneira ilegítima, o
cumprimento de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de
infidelidade governamental ao que determina a própria Lei Fundamental do Estado

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(RTJ 175/1212-1213, Rel. Min. CELSO DE MELLO). Não deixo de conferir, no
entanto, assentadas tais premissas, significativo relevo ao tema pertinente à reserva
do possível (STEPHEN HOLMES/CASS R. SUNSTEIN, The Cost of Rights, 1999,
Norton, New York), notadamente em sede de efetivação e implementação (sempre
onerosas) dos direitos de segunda geração (direitos econômicos, sociais e
culturais), cujo adimplemento, pelo Poder Público, impõe e exige, deste, prestações
estatais positivas concretizadoras de tais prerrogativas individuais e/ou coletivas. É
que a realização dos direitos econômicos, sociais e culturais além de caracterizar-se
pela gradualidade de seu processo de concretização depende, em grande medida,
de um inescapável vínculo financeiro subordinado às possibilidades orçamentárias
do Estado, de tal modo que, comprovada, objetivamente, a incapacidade
econômico-financeira da pessoa estatal, desta não se poderá razoavelmente exigir,
considerada a limitação material referida, a imediata efetivação do comando
fundado no texto da Carta Política. Não se mostrará lícito, no entanto, ao Poder
Público, em tal hipótese mediante indevida manipulação de sua atividade financeira
e/ou político-administrativa criar obstáculo artificial que revele o ilegítimo, arbitrário e
censurável propósito de fraudar, de frustrar e de inviabilizar o estabelecimento e a
preservação, em favor da pessoa e dos cidadãos, de condições materiais mínimas
de existência. Cumpre advertir, desse modo, que a cláusula da reserva do possível
ressalvada a ocorrência de justo motivo objetivamente aferível não pode ser
invocada, pelo Estado, com a finalidade de exonerar-se do cumprimento de suas
obrigações constitucionais, notadamente quando, dessa conduta governamental
negativa, puder resultar nulificação ou, até mesmo, aniquilação de direitos
constitucionais impregnados de um sentido de essencial fundamentalidade. Daí a
correta ponderação de ANA PAULA DE BARCELLOS (A Eficácia Jurídica dos
Princípios Constitucionais, p. 245-246, 2002, Renovar): Em resumo: a limitação de
recursos existe e é uma contingência que não se pode ignorar. O intérprete deverá
levá-la em conta ao afirmar que algum bem pode ser exigido judicialmente, assim
como o magistrado, ao determinar seu fornecimento pelo Estado. Por outro lado,
não se pode esquecer que a finalidade do Estado ao obter recursos, para, em
seguida, gastá-los sob a forma de obras, prestação de serviços, ou qualquer outra
política pública, é exatamente realizar os objetivos fundamentais da Constituição. A
meta central das Constituições modernas, e da Carta de 1988 em particular, pode
ser resumida, como já exposto, na promoção do bem-estar do homem, cujo ponto
de partida está em assegurar as condições de sua própria dignidade, que inclui,
além da proteção dos direitos individuais, condições materiais mínimas de
existência. Ao apurar os elementos fundamentais dessa dignidade (o mínimo
existencial), estar-se-ão estabelecendo exatamente os alvos prioritários dos gastos
públicos. Apenas depois de atingi-los é que se poderá discutir, relativamente aos
recursos remanescentes, em que outros projetos se deverá investir. O mínimo
existencial, como se vê, associado ao estabelecimento de prioridades
orçamentárias, é capaz de conviver produtivamente com a reserva do possível. Vê-
se, pois, que os condicionamentos impostos, pela cláusula da reserva do possível,
ao processo de concretização dos direitos de segunda geração - de implantação
sempre onerosa -, traduzem-se em um binômio que compreende, de um lado, (1) a
razoabilidade da pretensão individual/social deduzida em face do Poder Público e,
de outro, (2) a existência de disponibilidade financeira do Estado para tornar efetivas
as prestações positivas dele reclamadas. Desnecessário acentuar-se, considerado o
encargo governamental de tornar efetiva a aplicação dos direitos econômicos,

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sociais e culturais, que os elementos componentes do mencionado binômio
(razoabilidade da pretensão + disponibilidade financeira do Estado) devem
configurar-se de modo afirmativo e em situação de cumulativa ocorrência, pois,
ausente qualquer desses elementos, descaracterizar-se-á a possibilidade estatal de
realização prática de tais direitos. Não obstante a formulação e a execução de
políticas públicas dependam de opções políticas a cargo daqueles que, por
delegação popular, receberam investidura em mandato eletivo, cumpre reconhecer
que não se revela absoluta, nesse domínio, a liberdade de conformação do
legislador, nem a de atuação do Poder Executivo. É que, se tais Poderes do Estado
agirem de modo irrazoável ou procederem com a clara intenção de neutralizar,
comprometendo-a, a eficácia dos direitos sociais, econômicos e culturais, afetando,
como decorrência causal de uma injustificável inércia estatal ou de um abusivo
comportamento governamental, aquele núcleo intangível consubstanciador de um
conjunto irredutível de condições mínimas necessárias a uma existência digna e
essenciais à própria sobrevivência do indivíduo, aí, então, justificar-se-á, como
precedentemente já enfatizado - e até mesmo por razões fundadas em um
imperativo ético-jurídico -, a possibilidade de intervenção do Poder Judiciário, em
ordem a viabilizar, a todos, o acesso aos bens cuja fruição lhes haja sido
injustamente recusada pelo Estado. Extremamente pertinentes, a tal propósito, as
observações de ANDREAS JOACHIM KRELL (Direitos Sociais e Controle Judicial
no Brasil e na Alemanha, p. 22-23, 2002, Fabris): A constituição confere ao
legislador uma margem substancial de autonomia na definição da forma e medida
em que o direito social deve ser assegurado, o chamado `livre espaço de
conformação (...). Num sistema político pluralista, as normas constitucionais sobre
direitos sociais devem ser abertas para receber diversas concretizações consoante
as alternativas periodicamente escolhidas pelo eleitorado. A apreciação dos fatores
econômicos para uma tomada de decisão quanto às possibilidades e aos meios de
efetivação desses direitos cabe, principalmente, aos governos e parlamentos. Em
princípio, o Poder Judiciário não deve intervir em esfera reservada a outro
Poder para substituí-lo em juízos de conveniência e oportunidade, querendo
controlar as opções legislativas de organização e prestação, a não ser,
excepcionalmente, quando haja uma violação evidente e arbitrária, pelo
legislador, da incumbência constitucional. No entanto, parece-nos cada vez mais
necessária a revisão do vetusto dogma da Separação dos Poderes em relação ao
controle dos gastos públicos e da prestação dos serviços básicos no Estado Social,
visto que os Poderes Legislativo e Executivo no Brasil se mostraram incapazes de
garantir um cumprimento racional dos respectivos preceitos constitucionais. (ADPF
45 MC, Rel. Min. CELSO DE MELLO, DJ 04/05/2004). IV - Em sendo assim,
caracterizada, na espécie, a impossibilidade de a parte autora, portadora de
diabetes mellitus, hipertensão arterial, cardiopatia dilatada, atualmente cursando
com descontrole dos membros inferiores, com dificuldades de deambular e outras
enfermidades; arcar com os custos do tratamento de saúde, afigura-se
juridicamente possível o fornecimento pelo Poder Público da internação requerida
conforme indicação médica, possibilitando-lhe o exercício do seu direito à vida, à
saúde e à assistência médica, como garantia fundamental assegurada em nossa
Carta Magna, a sobrepor-se a qualquer outro interesse de cunho político e/ou
material. Precedentes. V - Processo julgado na linha da prioridade legal
estabelecida no artigo 1.048, I, do novo CPC. VI Remessa necessária e apelação do
Município de Salvador desprovidas. Sentença confirmada. (REO 0013342-

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82.2015.4.01.3300, Desembargador Federal Souza Prudente, TRF1 - Quinta Turma,
PJe 13/12/2020) grifei

Feitas tais ponderações iniciais, registro que não resta qualquer dúvida que a
sociedade como um todo se debate e se divide entre opiniões sobre a necessidade de manter ou
não atividades fechadas, considerando abordagens de interesse pessoal, profissional, econômico
e político.

Este Juízo, no entanto, inclusive, como membro do Comitê de Saúde no Distrito


Federal, tem oportunidade de diálogo produtivo com diversos representantes de setores da
sociedade, que se debruçam de forma prioritária sobre dados referentes à saúde pública e
atendimento à população, e procura, no bojo da presente decisão, se ater a questões de ordem
técnica que são trazidas aos autos e que se encontram disponíveis publicamente.

Como afirma o ilustre Min. Roberto Barroso, que muito engrandece a Corte
Constitucional, na obra A Judicialização da Vida, (...) atores políticos, muitas vezes, preferem que
o Judiciário seja a instância decisória de certas questões polemicas, em relação às quais exista
desacordo moral razoável na sociedade. Com isso, evitam o próprio desgaste na deliberação de
temas divisivos...(p.134).

Aqui neste momento, a abordagem é, tão somente, uma proteção em relação ao


direito de saúde da população.

Ainda que, em momento anterior, não se tenha vislumbrado omissão por parte do
Governo do Distrito Federal na adoção de medidas necessárias ao enfrentamento da pandemia
decorrente do novo coronavírus, os números atuais, infelizmente, revelam o contrário.

Importante que se tenha em mente que não se trata apenas de números, mas de
pessoas que, lamentavelmente, vieram à óbito e de pessoas que aguardam na fila de espera por
uma vaga de leito de UTI e se agonizam nos corredores dos hospitais.

Em 19.03.2021, data da decisão proferida por este Juízo (id. 483173494), tínhamos
a seguinte realidade fática, que transcrevo para me ater a exatidão dos números:

Outrossim, em relação aos dados extraídos do Boletim Epidemiológico nº 382, de


19.03.21[9], verifica-se que, até às 17h:00 do dia 19/03/2021 foram notificados no
Distrito Federal 326.083 casos confirmados de COVID-19 (1.507 casos novos em
relação ao dia anterior), ao passo que, do Boletim Epidemiológico nº 378, de
15.03.21 (id. 477884864), consta que até às 17h00 do dia 15.03.2021 haviam sido
notificados no Distrito Federal 319.936 casos confirmados de COVID-19 (2.056
casos novos em relação ao dia anterior), pelo que se depreende haver
diariamente alguma redução do número de contaminados.

[...]

Igual diminuição também se vê no número de óbitos, uma vez que, apesar de em


18.03.21 terem sido foram notificados 68 óbitos[10] (o maior número no DF desde o
início da pandemia), na data de hoje, 19.03.21, foram notificados 12 (doze)

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óbitos [11], um número menor do que no dia 15.03.2021, quando foram notificados
29 óbitos[12], conforme informações extraídas do resumo diário de óbitos por
COVID-19 divulgado pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica do Distrito Federal,
ocupando o DF, no coeficiente de mortalidade, a 6ª colocação[13].

Em relação ao óbitos, temos os seguintes números, de acordo informações


extraídas do resumo de óbitos por COVID-19, divulgado pela Diretoria de Vigilância
Epidemiológica do Distrito Federal juntamente com o Boletim Epidemiológico de nº 392, datado
de 29.03.21.

Na data de hoje, por sua vez, de acordo informações extraídas do resumo de óbitos
por COVID-19, divulgado pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica do Distrito Federal
juntamente com o Boletim Epidemiológico de nº 393, datado de 30.03.21, verifica-se que foram
notificados 94 (noventa e quatro) óbitos no DF.

Em relação ao número de casos notificados, de acordo com o citado Boletim


Epidemiológico de nº 392, de 29.03.21, temos que até às 17h:00 do dia 29/03/2021 foram

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notificados no Distrito Federal 341.758 casos confirmados de COVID-19 (1.592 casos novos em
relação ao dia anterior).

Dos citados números extrai-se, portanto, que houve aumento do número de óbitos
e que, apesar de não ter tido um aumento exponencial, não houve uma redução do número
casos confirmados.

A tabela abaixo, também extraída do Boletim Epidemiológico de nº 392, datado de


29.03.21, confirma o citado aumento da curva de óbitos, confira-se:

Ademais, no dia 19.03.21, tínhamos a seguinte realidade relacionada à taxa de


ocupação de leito UTI-COVID 19, tanto em relação aos termos percentuais de ocupação quanto
em relação à lista de espera, conforme trecho da decisão sobre tal ponto:

[...]

Hoje, dia 19.03.2021, em consulta à sala de situação [8] - última atualização ocorreu
em 19.03.2021, às 18:10h - verificou-se que a taxa de ocupação de leito UTI-
COVID 19 encontrava-se em 92.83% de ocupação e com uma lista de espera de
325 (trezentos e vinte e cinco) pacientes aguardando leito de UTI, sendo para
UTI-COVID 19 uma lista de espera de 237 (duzentos e trinta e sete) pacientes
(atualização em 19.03.2021, às 19h e 18:30h, respectivamente).Confira-se:[...]

Hoje, dia 30.03.2021, em consulta à sala de situação – última atualização datada de

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30.03.21, às 12:10h, verificou-se que a taxa de ocupação de leito UTI – COVID 19 encontrava-
se em 94.34% de ocupação e com uma lista de espera de 379 (trezentos e setenta e nove)
pacientes aguardando leito de UTI, sendo para UTI-COVID 19 uma lista de espera de 272
(duzentos e setenta e dois) pacientes (atualização em 30.03.2021, às 13:30h e 13:45h,
respectivamente). Confira-se:

Ademais, dados extraídos da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, com


atualização datada de 30.03.21, no site http://info.saude.df.gov.br/covid-resumo-executivo/
igualmente revelam os crescentes números que estamos vivenciando, confira-se:

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No dia 19.03.21, em relação à taxa de transmissão tínhamos os seguintes dados,
confira-se o trecho da decisão sobre tal ponto:

Em relação à taxa de transmissão, consta do referido boletim que o cálculo é


realizado a partir do número de casos confirmados, por data de início de sintomas
de todos os casos confirmados no Distrito Federal, desde 23/02/2020 até
12/03/2021. Utilizando o EpiEstim/R na interface Estimador COVID-19
disponibilizado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e da
Organização Mundial da Saúde (OMS). A reprodução da epidemia pode ser medida
a partir do valor encontrado para R(t). Se R(t) for menor que 1, a epidemia tende a
acabar, para R(t) maior que 1, a epidemia avança. É necessário avaliar os
resultados obtidos pelo cálculo do R(t) em conjunto com outros indicadores
epidemiológicos e assistenciais, pois o método possui limitações. A Figura 6 mostra
que os maiores valores de R(t) registrados foram em março 3,10 e 2,99. Com
oscilações abaixo de 2.0 entre os meses de abril a julho, e atualmente com um R(t)
de 0,99. Assim, embora o Boletim Epidemiológico nº 373, de 10.03.2021 (data da
propositura da demanda) acusasse um R(t) de 1,22, os dados demonstram que
houve uma retração na circulação do vírus.

Po sua vez, no Boletim Epidemiológico de nº 392, datado de 29.03.21, constava


um R(t) de 0,91.

A taxa de transmissibilidade, embora tenha reduzido nos últimos dias, infelizmente


já começou a subir, segundo dados extraídos da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, com
atualização datada de 30.03.21, no site http://info.saude.df.gov.br/covid-resumo-executivo/i,
estando atualmente em 0,94, confira-se:

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Da citada tabela, à propósito, é possível extrair diversas outras informações
importantes e que estão sendo consideradas por este Juízo, tais como o fato de que, o número
de leitos de UTI - 81 leitos - a serem entregues nos próximos 15 (quinze) dias sequer são
suficientes para gerar algum impacto necessário na lista espera de leitos de UTI COVID-19, que
não apresentou qualquer redução nos últimos dias, embora tenha havido alguma ampliação do
número de leitos ; e, o Gestor Público não pode se socorrer dos leitos privados de UTI-COVID-
19, uma vez tais estabelecimentos se encontram com uma taxa de ocupação de 99,31% de sua
capacidade. Esses dados nos conduzem à constatação do quase que completo esgotamento da
capacidade dos hospitais públicos e privados.

Outrossim, no documento acostado no id 490465941, temos a seguinte informação


do Subsecretário de Atenção Integral à Saúde, prestada em 24 de março de 2021:

Ressalto que, no entanto, na presente data, existem apenas 407 (quatrocentos e


sete) leitos de UTI COVID (entre ocupados e vagos), quando a previsão acima apontava para
um plano de 470 (quatrocentos e setenta) leitos de UTI COVID até 26 de março passado.
Confira-se:

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Na data de ontem, o Distrito Federal peticionou informando a continuidade da taxa
de transmissão da doença abaixo de 1,00 (atualmente em 0,91 - Figura 6 do Boletim COVID n.
391) e a continuidade na redução da média móvel dos casos confirmados (Figura 4 do Boletim
COVID n. 391) (id. 491418366).

Ocorre que, 01 (um) dia após a reabertura de diversas atividades determinadas pelo
Decreto nº 41.913, de 19 de março de 2021, o índice de transmissão já se encontra em
crescimento, sendo que o número de óbitos, a taxa de ocupação de UTI’s públicas e privadas e
a lista de espera de UTI’s (COVID e não COVID), indicam que não existem elementos que
apontem para a possibilidade de mudança na conduta de isolamento social na véspera de um
feriado, como que a sinalizar para a população que a pandemia está sob controle.

Interessante notar que as medidas tomadas pelo Distrito Federal, às quais este
Juízo demonstrou total deferência, sem qualquer juízo de valor sobre a essencialidade das
atividades autorizadas no período, comprovaram uma capacidade de reduzir aos poucos o índice
de transmissão, mas, decorridos mais de 15 (quinze) dias, ainda não surtiram o efeito esperado
na gestão da saúde pública, que segue incapaz de atender a demanda.

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Como afirmou o Diretor Geral da Organização Mundial de Saúde - OMS, em agosto
de 2020, nós não temos que escolher entre a vida e o sustento, ou entre saúde e economia.
Essa é uma falsa escolha. Muito pelo contrário, a pandemia é um lembrete de que saúde e
economia são inseparáveis. (We do not need to choose between lives and livelihoods, or between
health and the economy. That’s a false choice. On the contrary, the pandemic is a reminder that
health and the economy are inseparable) [1].

Vale ressaltar que dentro das preocupações econômicas com relação a medidas
mais fortes de combate a transmissão, vemos o apoio de economistas renomados. Um estudo
feito pela Five Thirty Eight, em parceria com a Initiative on Global Markets na University of
Chicago Booth School of Business, constantemente considerada uma das melhores do mundo,
mostrou que, dos macroeconomistas entrevistados em setembro de 2020, 74% acreditam que os
Estados Unidos estariam melhor economicamente se medidas mais fortes tivessem sido tomadas
no início da pandemia, e o principal motivo dado à essa resposta foi que um controle do vírus
teria permitido uma volta mais suave e abrangente da atividade econômica. Sustentam, assim,
que medidas que protegem a saúde da população não vão contra o desenvolvimento econômico
e sua recuperação.

Apoiadores de medidas mais restritas tem apontado para o Japão, Nova Zelândia e
diversos países europeus como exemplos de como uma redução dos níveis de infecção permite
uma recuperação econômica mais rápida que caminha de mãos dadas a questões sanitárias [2].

Sobre um estudo realizado pela International Journal of Infectious Diseases


(https://www.ijidonline.com/article/S1201-9712(20)32270-0/fulltext), interessante destacar:

Um estudo do International Journal of Infectious Diseases analisou as medidas de


190 países entre 23 de janeiro e 13 de abril de 2020, durante a primeira onda da
covid-19 pelo mundo. Ele levou em consideração quatro tipos de intervenções não-
farmacêuticas (NPI, na sua sigla em inglês) para a redução do coronavírus: o uso
obrigatório de máscara em público; isolamento social ou quarentena; distanciamento
social e restrição na mobilidade urbana.

Qualquer intervenção realizada isoladamente levou a uma redução significativa na


transmissão do coronavírus: máscaras (-15,14%); quarentena (-11,40%);
distanciamento social (-42,94%) e mobilidade urbana (-9,26%).

Porém, as intervenções mais efetivas foram aquelas feitas com mais de um NPI,
especialmente as que incluíram distanciamento social, prática recomendada pela
Organização Mundial de Saúde (OMS) desde o início da pandemia. Já a
intervenção mais comum nos países analisados foi a restrição na mobilidade
urbana.

Levando em consideração apenas a quarentena, houve uma diminuição de 10,6%


na transmissão da covid-19. Quando combinada com outros NPIs, a redução se
intensifica: -17,83% com restrição ao transporte público, -38.58% com
distanciamento social e -54.12% juntando os três.

Com a adição do último NPI, máscara obrigatória, o número chega a -62.81% na


redução no número de novas infecções. “As combinações com mais tipos de NPIs
pareceram estar associadas a uma maior diminuição na transmissão da covid-19”,

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conclui o estudo. (in https://exame.com/ciencia/lockdown-funciona-o-que-diz-a-
ciencia-sobre-as-medidas-de-distaciamento-social/)

Embora este Juízo tenha procurado se informar sobre a existência de algum dado
organizado sobre a relação entre óbitos, a lista de espera de UTI’s e a ocupação de leitos em
percentuais de quase 100% (se é que não poderíamos dizer que somando os dois a taxa seriam
superior à ocupação integral – 13 vagas e 288 pessoas esperando, em um total de 407 leitos
disponíveis – às 17:06 do dia 30.03.2021), certo é que estes três fatores atualmente indicam que,
apesar da taxa de transmissão, segundo boletins epidemiológicos oficias
(http://www.saude.df.gov.br/boletinsinformativos-divep-cieves/) encontrar-se abaixo de 1,00
desde o dia 19 de março, o sistema de saúde no DF não está cumprindo a garantia
constitucional de saúde e coloca em risco a vida de todos que habitam no Distrito Federal.

Respeito aqui pensamentos divergentes, mas respeito maior é devido à saúde


daqueles que se encontram agonizando nos corredores dos hospitais, que são devolvidos para
casa sem atendimento, que buscam no Poder Judiciário uma vaga de UTI (NJUD/SES informou
na reunião do Comitê de Saúde nesta data dados aproximados de 473 demandas judiciais por
leito de UTI COVID em março 2021) e das famílias que se enlutam diariamente com o óbito de
seus entes queridos, sentindo-se órfãs da tutela estatal.

O colapso do sistema de saúde público e privado no DF é demonstrado, ainda, por


medidas radicais, como o fechamento do pronto socorro do Hospital Sírio Libanês, que, na sua
unidade de Brasília, também adiou cirurgias eletivas e alguns exames invasivos. A suspensão
dos serviços, conforme noticiado pela imprensa, valerá por até 15 dias e é motivada pela alta
demanda de pacientes graves de covid-19 [3].

Com estes dados e utilizando de interferência mínima e essencial, é importante


que retornemos para a situação prevista antes da flexibilização ocorrida nesta segunda-
feira, 29 de março, até que a ocupação de UTI’s chegue a um percentual que garanta o
acesso a saúde, o que se espera ocorra em breve, considerando inclusive o investimento
do Governo do Distrito Federal na ampliação de vagas, como se verifica com a
construção de 3 hospitais de campanha.

O passo para frente no sentido de autorizar novas atividades que reduzem o


distanciamento social, especialmente com a abertura de bares e restaurantes na véspera do
feriado de Páscoa, sem que existam dados que demonstrem haver capacidade de atendimento à
população, demonstra, com vênia devida, que existe uma falha de gestão que viola o art. 196 da
Constituição Federal e, conforme já sinalizado em manifestação anterior, a omissão e a
negligência com a saúde coletiva dos brasileiros têm como consequências esperadas,
além das mortes que poderiam ser evitadas, o comprometimento, muitas vezes crônico,
das capacidades físicas dos sobreviventes que são significativamente subtraídos em suas
esferas de liberdades, sendo possível, verificada a omissão estatal ou gerenciamento errático
em situação de emergência, a interferência judicial para a concretização do direito social à
saúde, cujas ações e serviços são marcadas constitucionalmente pelo acesso igualitário e
universal (CF, arts. 6º e 196) [4].

O risco de grave dano irreparável a justificar a concessão da tutela resta evidente,

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uma vez que, em meio a uma crise sanitária sem qualquer precedente, o Distrito Federal está “à
beira” do colapso no sistema de saúde, não havendo qualquer dado a justificar e fundamentar a
flexibilização de atividades, ainda mais às vésperas do Feriado de Semana Santa.

Ante o exposto, atento este Juízo à Recomendação CNJ de nº 66 do Conselho


Nacional de Justiça – CNJ [5] e com vistas ao cumprimento do interesse púbico e a segurança do
sistema sanitário, CONCEDO, EM PARTE, A TUTELA DE URGÊNCIA PARA DETERMINAR
QUE O DISTRITO FEDERAL restabeleça, a partir de 01.04.2021, as medidas para
enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do
COVID-19, parcialmente revogadas no dia de ontem (29.03.2021) pelos artigos 24, 25 e 26 do
Decreto nº 41.913, de 19.03.21, até que a ocupação de leitos de UTI COVID-19 da rede pública
esteja entre 80% a 85% de sua capacidade de lotação, e, concomitantemente, a lista de espera
de leitos UTI COVID-19 da rede pública esteja com menos de 100 (cem) pacientes,
suspendendo-se a vigência, por, consequência, os artigos 1º a 8º do Decreto nº 41.913, de
19.03.21.

Intime-se o Distrito Federal, com urgência, por mandado a ser cumprido por
oficial de justiça, para a adoção de medidas necessárias ao IMEDIATO CUMPRIMENTO da
presente liminar, inclusive de fiscalização, a partir do dia 01.04.2021.

Mantenho, por ora, a decisão agravada no que diz respeito a União Federal, até
porque visualizo, em princípio, o seu cumprimento com a edição da Instrução normativa
SGP/SEDGG/ME nº 37, de 25 de março de 2021.

Defiro a atuação do MPF e do MPT na qualidade de custos legis na presente ação


civil pública, nos termos do art. 178 do Código de Processo Civil.

Dê-se vista à Defensoria Pública da União – DPU dos documentos juntados pela
União e pela ANTT, no prazo de 15 (quinze) dias.

Encaminhe-se cópia da presente ao ilustre Des. Souza Prudente, Relator do Agravo


de Instrumento n. 1010703-70.2021.4.01.0000.

Publique-se. Intimem-se.

Decisão registrada eletronicamente.

Brasília (DF), assinado na data constante no rodapé.

(assinado digitalmente)

KÁTIA BALBINO DE CARVALHO FERREIRA

Juíza Federal Titular da 3ª Vara/SJDF

Assinado eletronicamente por: KATIA BALBINO DE CARVALHO FERREIRA - 30/03/2021 20:45:55 Num. 493865896 - Pág. 19
http://pje1g.trf1.jus.br:80/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21033020455564700000488178120
Número do documento: 21033020455564700000488178120
[1] https://www.who.int/director-general/speeches/detail/who-director-general-s-opening-
remarks-at-the-media-briefing-on-covid-19---21-august-2020).

[2] https://fivethirtyeight.com/features/experts-think-the-economy-would-be-stronger-if-covid-19-
lockdowns-had-been-more-aggressive/.

[3] (https://www.correiobraziliense.com.br/cidades-df/2021/03/4914782-covid-19-sirio-libanes-
fecha-pronto-socorro-e-adia-cirurgias-e-exames.html)

[4] Ministra Rosa Weber, AOC 3478 MC/PI, em 04.03.21.

[5] https://atos.cnj.jus.br/files/original181819202010155f88926b6ae41.pdf

Assinado eletronicamente por: KATIA BALBINO DE CARVALHO FERREIRA - 30/03/2021 20:45:55 Num. 493865896 - Pág. 20
http://pje1g.trf1.jus.br:80/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21033020455564700000488178120
Número do documento: 21033020455564700000488178120

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