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Faculdade de Tecnologia de Tatuí

“Prof. Wilson Ribeiro de Camargo”

Material 1 – Curso: Gestão Empresarial Semestre: 1º Disciplina:


Comunicação e Expressão Profª Eoná

A comunicação
O que é comunicação?

“Comunicar implica busca de entendimento, de compreensão. Em suma


contato. É uma ligação, transmissão de sentimentos e de idéias.”
(MARTINS, Dileta Silveira e ZILBERKNOP, Lúbia Scliar. Português
instrumental: de acordo com as atuais normas da ABNT. 26. ed. São Paulo: Atlas,
2007. p. 27.)

A comunicação, a linguagem no contexto atual

O que mais se ouve, nos dias atuais, é que vivemos na sociedade do


conhecimento, onde linguagem, comunicação significam poder. Para entender
essa assertiva, é necessário compreender que estamos inseridos no contexto
pós-Industrial.
Estudemos, então, o que é o pós- Industrialismo, ou 3ª Onda, segundo
Alvin Tofler, e a que tipo de sociedade, a que tipo de visão de mundo ele se
relaciona, para entendermos, por exemplo, por que é tão importante saber se
expressar verbalmente, principalmente nas organizações.

SUBSÍDIOS PARA REFLETIR ACERCA DO CONTEXTO PÓS-INDUSTRIAL

I. SOBRE AS ONDAS CIVILIZATÓRIAS


“Muitas das mudanças da atualidade não são independentes umas das
outras. Por exemplo, o colapso da família nuclear, a crise global de energia, o
advento do tempo flexível e o novo pacote de vantagens adicionais (...), tudo isso
parece eventos isolados. A verdade, entretanto, é o inverso. Esses e muitos
outros eventos ou tendências aparentemente desconexos estão inter-
relacionados. São partes de um fenômeno maior: a morte do industrialismo e o
advento de nova civilização.
(...) Até agora, a raça humana suportou duas grandes ondas de mudança.
(...) A Primeira Onda de mudanças — a Revolução Agrícola — levou milhares de
anos para acabar. A Segunda Onda — o acesso da Civilização Industrial — durou
apenas uns poucos trezentos anos. A Terceira Onda traz consigo um modo de
vida genuinamente novo, baseado em fontes de energia diversificadas e
renováveis; em métodos de produção que tornam obsoletas as linhas de
montagem de fábricas; em novas famílias não-nucleares; numa novel instituição
que poderia ser chamada ‘a cabana eletrônica’, e em escolas e companhias do
futuro radicalmente modificadas. (...)
Em todas essas civilizações de Primeira Onda, a terra era a base da
economia, da cultura, da estrutura familiar e da política. (...) As sociedades de
Primeira Onda tiravam sua energia de ‘baterias vivas’ — potência muscular
humana ou animal — ou do sol, do vento, da água. (...)
Todas as sociedades de Segunda Onda, ao contrário, começaram a extrair
sua energia do carvão de pedra, de gás e de petróleo — de combustíveis fósseis

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insubstituíveis. (...) Essa sociedade desenvolve também a produção em massa e
o consumo em massa precisa de novos modos de enviar mensagens em massa
também — comunicações de um transmissor para muitos receptores, ao mesmo
tempo. (...) Nos veículos de comunicação em massa, de jornais e rádio a cinema
e TV, encontramos mais uma vez a encarnação do princípio básico da fábrica.
(...)
O mais familiar dos princípios básicos da Segunda Onda é a padronização.
(...) Um segundo princípio correu através e todas as sociedades industriais: a
sincronização. (...) O terceiro princípio da sociedade de mercado gerou ainda
outra regra da civilização industrial: o princípio da concentração (em centros
urbanos gigantescos, em fábricas, em grandes prisões[os criminosos], em asilos
[os loucos] e em escolas). A cisão entre a produção e o consumidor também
criou, em todas as sociedades da Segunda Onda, um caso de ‘macrofilia’
obsessiva (a maximização). Finalmente, todas as nações industriais
desenvolveram a centralização.
Esses princípios levavam implacavelmente à expansão da burocracia.
(...) A visão de mundo era baseada em três crenças indust-reais. As
primeiras tinham a ver com a natureza: ela era um objeto que esperava para ser
explorado. (...) Uma segunda idéia inter-relacionada levou o argumento um passo
mais adiante. Os seres humanos não só tinham simplesmente a seu cargo a
natureza, mas eram o pináculo de um longo processo de evolução. (...) A terceira
idéia (...) era o princípio do progresso — a idéia de que a história flui
irreversivelmente para uma vida melhor para a sociedade. (...)
A indust-realidade deu nascimento à concepção de um indivíduo que era
naturalmente como um átomo — irredutível, indestrutível, a partícula básica da
sociedade. (...) A pessoa não era mais um apêndice da tribo, da casta ou do clã,
mas, sim, um indivíduo livre e autônomo. Cada indivíduo tinha o direito a sua
propriedade, o direito de adquirir mercadorias, de cuidar de seus interesses, de
prosperar ou morrer de fome, de acordo com seus esforços ativos, com o
correspondente direto de escolher uma religião e de procurar a felicidade
pessoal.
(...) A essência da manufatura da Terceira Onda é a série curta de
produtos parcial ou completamente personalizados. (...) Para essa civilização, a
matéria-prima mais básica de todas é a informação, inclusive a imaginação.
(...) O colapso das instituições de Segunda Onda também destrói a
estrutura e o significado em nossas vidas. A estrutura proporciona os pontos de
referência relativamente fixos de que precisamos. É por isso que, para muitas
pessoas, um emprego é crucial psicologicamente, muito mais do que pelo
cheque salarial. (...) Defrontados por uma ausência de estrutura visível, algumas
pessoas jovens usam drogas para criá-la. (...) A esta perda de ordem, devemos
acrescentar a perda de significado. (...) A súbita mudança de regras sociais
básicas hoje, o apagamento dos papéis, das distinções de status e das linhas de
autoridade, e, acima de tudo, a desintegração do grande sistema de pensamento
da indust-realidade despedaçam a imagem do mundo que a maioria de nós leva
dentro do crânio. (...)
É apenas quando reunimos tudo — a solidão, a perda de estrutura e o
colapso de significado, que acompanham o declínio da civilização industrial —
que podemos começar a dar sentido a alguns dos fenômenos mais enigmáticos
de nosso tempo, o menor dos quais não é o espantoso acesso do culto.”
(Alvin
Toffler, A Terceira Onda)

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II. OS CÓDIGOS OCULTOS DA SEGUNDA E DA TERCEIRA ONDA
Cada civilização tem um código oculto: uma série de regras ou princípios
que permeiam todas as suas atividades como um desenho repetido. Enquanto o
Industrialismo avançava através do planeta,tornou-se visível o seu singular
desenho oculto. Consistia numa série de seis princípios inter-relacionados que
programava o procedimento de milhões. Nascendo naturalmente da desunião da
produção e do consumo, estes princípios afetavam todos os aspectos da vida, do
sexo e dos esportes, ao trabalho e à guerra.
A seguir, vejamos os códigos ocultos da Segunda e da Terceira Ondas:

Segunda Onda Terceira Onda


Padronização, massificação: Diversificação, personalização,
informações concentradas, desmassificação.
comportamentos e horários
massificados.
Especialização: profissionalismo em Qualificação: as tarefas mecânicas e
tarefas mecânicas e repetitivas repetitivas são feitas por robôs. O que
se valoriza agora é o que diferencia
homem e máquina: a criatividade
Sincronização: massificação nos Individualização nos padrões do tempo,
padrões do tempo no trabalho, nas dessincronização: tempo flexível, tempo
refeições, no lazer. Congestionamentos parcial e trabalho noturno.
no trânsito nas horas de rush. Redistribuição dos fluxos de tráfego no
Pontualidade valorizada em todas as espaço e no tempo. Pontualidade para
áreas da atividade humana. certas atividades apenas.
Concentração: organizações Fragmentação: pequenos componentes
gigantescas, hierárquicas, ligados uns aos outros em
permanentes, compactas de alto a configurações temporárias, repertório
baixo, mecanicistas, bem planejadas mais amplo de estruturas e mais papéis
para fazer produtos repetitivos,orgânicos disponíveis.
massificados ou tomar decisões
também repetitivas num ambiente
industrial relativamente estável.
Maximização: Maior é melhor Articulação entre organizações de
grande e de pequena escala; aumento
no número de franquias.
Centralização: separação entre a Descentralização: crescente dispersão
produção e o consumidor geográfica, com menos concentração
demográfica nas grandes cidades, as
“edge cities”, desconcentração das
fontes de energia, desconcentração de
populações em escolas, hospitais e
instituições. Crescimento da cultura do
faça-você-mesmo-para-você-mesmo, e
não para o mercado, aproximação entre
a produção e o consumidor.

Na Segunda Onda, a energia era baseada em princípios eletromecânicos. A


base energética era a exploração de fontes altamente concentradas e exauríveis.

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A indústria sustentou-se em tecnologias caras e pesadamente centralizadas e era
indiversificada, com fontes e métodos relativamente pouco numerosos. Altos
custos das tecnologias de energia + poluição + risco nuclear = reatores
nucleares, gaseificação do carvão, usinas de liquefação e outras tecnologias
foram colhidas em suas próprias contradições.
Na Terceira Onda a base da energia é a exploração de fontes variadas e
renováveis. Haverá a combinação entre energia centralizada e descentralizada.
Haverá menos desperdício, permitindo combinar os tipos e as qualidades da
energia produzida, para necessidades crescentemente variadas.
A transição entre as duas Ondas se concluirá depois de uma luta violenta,
onde agem três antagonistas:
• Os que têm interesses investidos nas velhas bases de energia da
Segunda Onda (companhias de petróleo, comissões nucleares,
companhias de mineração e seus sindicatos associados);
• As forças da Primeira Onda, que pregam o retorno aos métodos do
passado pré-industrial (o Unabomber, por exemplo);
• Os defensores da Terceira Onda, os tecnorebeldes, que pregam a
derrubada da base energética e das tecnologias da Segunda Onda,
devido aos efeitos negativos que causam. Propõem novas
tecnologias, baseadas não nas Ciências clássicas, mas na eletrônica
do quantum, na informática, na biologia molecular e oceânica, na
ecologia e nas ciências espaciais.

Na Segunda Onda, as velhas indústrias eram as de carvão, as de


automóveis, as de fabricação de máquinas e ferramentas, as de borracha, as de
exploração de petróleo, as têxteis. Na Terceira Onda, as novas indústrias são as
de computadores e de processamento de dados, a aeroespacial, a petroquímica
sofisticada, a de semicondutores, as de comunicação avançada, ultrapassando a
noção clássica de tempo e de espaço. Essas novas indústrias dinâmicas surgiram
para tomar a vaga, nos países desenvolvidos, das velhas indústrias que se
transferiam para países em desenvolvimento, onde a mão-de-obra era mais
barata e a tecnologia menos avançada.
O avanço para as indústrias de Terceira Onda será acelerado pela crise de
energia: a mesma tonelada de cobre requerida para produzir 130 km de fios de
cobre para telefonia pode produzir 128.000 km de fibra ótica.
A criação de novas estruturas políticas por uma civilização da Terceira
Onda não virá em uma convulsão social climática única, mas como conseqüência
de mil inovações e colisões em muitos níveis e em muitos lugares, através de um
período de décadas.
Isso não exclui a possibilidade de violência ao longo do caminho. A
transição da civilização da Primeira para a da Segunda Onda foi um longo e
sangrento drama de guerras, revoltas, fomes, migrações forçadas, golpes de
Estado e calamidades. Hoje as paradas são muito mais altas, o tempo mais curto,
a aceleração maior, os perigos ainda mais amplos.
Muito depende da flexibilidade e da inteligência das elites, subelites e
super-elites. Se esses grupos revelarem ser tão míopes, destituídos de
imaginação e assustados como os governantes do passado, eles resistirão
rigidamente à Terceira Onda e, desse modo, enfrentarão os riscos da violência de
sua própria destruição.
Se, ao contrário, correrem com a Terceira Onda, se reconhecerem a
necessidade de uma democracia dilatada, eles poderão de fato juntar-se ao
processo de criar uma civilização da Terceira Onda, assim como as elites mais
inteligentes da Primeira Onda previram a vinda da sociedade industrial
tecnologicamente baseada e juntaram-se à sua criação.

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SOBRE O TRABALHO

“Se por trabalho entendemos toda atividade do homem transformando a


natureza, a relação entre trabalho e realização humana é evidente. (...) Mas por que
trabalho e realização humana parecem viver um eterno conflito? (...) Essa complexidade
deve-se ao fato de o homem ter organizado a sociedade de tal modo que, para a maioria
dos indivíduos, o trabalho que fazem não são projetos seus, como também não são seus
os frutos dos esforços. Longe de ser sinônimo de criação e de transformação, o trabalho
que desenvolvem torna-se opressivo e estafante. (...).
Para Aristóteles, a diferença social entre os homens era natural, não havendo
contradição na divisão que se impunha, entre trabalho manual e as atividades
intelectuais e políticas. (...) Por ser rotineiro e não exigir capacidade reflexiva, o trabalho
manual era considerado atividade degradante, relegada a escravos e a não-cidadãos.
A Idade Média ocidental-cristã não altera substancialmente o conceito de trabalho.
A crise da ordem feudal, fundada esta na subsistência e na servidão, e o
desenvolvimento do comércio e das atividades manufatureiras organizam uma nova
estrutura social: a sociedade capitalista. (...) A essência do sistema capitalista encontra-
se na separação entre o capital e o trabalho. Essa separação criou dois tipos de homens
livres: o trabalhador assalariado, que vive da venda de sua força de trabalho, e o burguês
ou capitalista, proprietário dos meios de produção. (...) A Revolução Industrial, nos
séculos XVIII e XIX, foi o momento em que essa separação se consolidou. (...)
O trabalho legitima-se, na ética da sociedade capitalista, como tábua de salvação
divina. A riqueza não é vista como pecado, mas como a vontade de Deus. (...) Sua
finalidade principal é produzir riqueza acumulada. (...)
Em 1776, Adam Smith afirmava que a riqueza de uma nação dependia
essencialmente da produtividade baseada na divisão do trabalho. Por essa divisão, as
operações de produção de um bem, que antes eram executadas por um único homem, o
artesão, são agora decompostas e executadas por diversos trabalhadores que se
especializam em tarefas específicas e complementares. (...)
Fica claro que a Revolução Tecnológica dos séculos XVIII e XIX, mais do que um
progresso, significou a generalização de um projeto de controle social. (...) O que estava
em jogo era o fim da autonomia do trabalho artesanal e a reunião e domesticação dos
trabalhadores na fábrica. (...) O uso do tempo que não de forma útil e produtiva,
conforme o ritmo imposto pela fábrica, passou a ser sinônimo de preguiça e
degeneração. Só o trabalho produtivo, fundado na máxima utilização do tempo,
dignificava o homem. (...)
A máxima produtividade, proposta pelos teóricos do liberalismo — como Adam
Smith — , transformava a sociedade do trabalho em sociedade da barbárie, marcada pela
luta entre o capital e o trabalho. (...) Os escritos de Marx e Engels, a partir do Manifesto
Comunista de 1848, radicalizavam a crítica ao sistema da fábrica. (...)
A resposta às tensões do século XIX não foi a redução da pressão social. Ao
contrário, a solução encontrada foi a busca de maior produtividade, sofisticando para
mais a divisão do trabalho iniciada na fábrica do século XVIII.
O taylorismo e o fordismo surgiram como estratégia para domesticar o
trabalhador. O taylorismo é um sistema de relações de trabalho elaborado com base nos
estudos de Taylor, economista. O autor propunha aperfeiçoar a já existente divisão entre
trabalho intelectual, de planejamento, concepção e direção, e o trabalho manual da
produção direta. (...) Taylor idealizava o operário do tipo bovino: o homem-boi, imbecil,
forte, dócil. (...)
O fordismo, introduzido por Henry Ford, empresário (1886-1947), na fabricação
em massa de automóveis, foi uma continuidade do taylorismo. Sua principal inovação —
a linha de montagem — consistia na inclusão de uma esteira rolante que transportava as
peças de montagem. Impedido de locomover-se, o trabalhador confundia-se com a
própria máquina e era obrigado a manter um ritmo-padrão de tempo e de produção. (...)
A melhor crítica aos métodos Idealizados por Taylor e por Ford encontra-se no filme
Tempos Modernos, de Charles Chaplin.
(...) O trabalho, nas sociedades industriais, é sinônimo, cada vez mais, de
alienação do homem em relação à sua natureza. O homem moderno, apesar de haver
conquistado uma série de direitos e de liberdade, de certa forma guarda alguma
semelhança com a alienação do escravo ou do servo. (...) Milhões de indivíduos
assalariados produzem riquezas, mas só acumulam miséria. (...) Os altos índices de

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alcoolismo, de uso de drogas, de violência sexual e de suicídios, em países considerados
desenvolvidos, como Japão, Inglaterra ou EUA, atestam essa insatisfação. (...) Aquilo que
o trabalhador produz tem mais importância do que ele, produtor. O que importa, no
mercado, não é o trabalhador, mas o valor que ele produz para esse mercado — a
mercadoria. É essa mercadoria que define as suas condições de vida e de trabalho,
define, enfim a identidade do trabalhador.
A alienação é, portanto, o processo de coisificação do homem por meio do
trabalho. (...) Símbolo da sociedade moderna, o consumismo egocêntrico produz a
barbárie, em que as relações sociais se transformam em um ringue de boxe — vence o
mais forte, ou o mais esperto.”
(Cordi et al.,
Para filosofar)

. Desafios:
- Pensar que ainda estamos passando pelo momento de transição entre Industrialismo e pós-
Industrialismo. Toda transição gera crises.

- O pós-Industrialismo sugere que o trabalhador deve ser qualificado, criativo, o que exige dele
constante reflexão, senso crítico. Para organizar o pensamento, é preciso ter acesso à linguagem,
transmitida por educação de qualidade.

- Ser criativo também sugere a comunicação com os membros do local onde trabalha e com
outras empresas respeitando as diferenças. Ser criativo significa encontrar soluções às questões
impostas, o que só acontece por meio da interação, da interligação entre os fatos, conquistada por
meio, por exemplo, da leitura, da seleção de informações.

Bibliografia fundamental
MARTINS, Dileta Silveira e ZILBERKNOP, Lúbia Scliar. Português instrumental: de acordo
com as atuais normas da ABNT. 26. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

TOFLER, Alvin. Tradução de João Távora. A Terceira Onda. 28. ed. Rio de Janeiro: Record,
2005.

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