Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ciência é o resultado dos esforços feito pelo homem para conhecer e compreender o
universo que o cerca, enquanto a tecnologia busca transformá-lo. A maioria dos
cientistas se rege pelas normas éticas da ciência que são a precisão e a reprodução
dos protocolos experimentais e espírito aberto à critica de seus pares. Um aspecto
ético importante na atividade científica está relacionado com o resultado de seus
experimentos, se eles serão ou não danosos ao meio ambiente, aos animais e
particularmente ao homem. Nos últimos anos a ciência experimental mudou de
natureza, pois dela hoje decorrem um conjunto de práticas, técnicas e máquinas que
transformaram o nosso modo de vida, de tal maneira que a demarcação prática entre
ciência e tecnologia vai aos pouco desaparecendo.Apesar de interdependentes, a
ciência e a tecnologia não se confundem; seus interesses e seu modo de
funcionamento são diferentes. A primeira busca o conhecimento e a segunda procura
agir sobre o mundo. Enquanto a primeira se esforça por compreender, a segunda
busca dominar. É preciso distinguí-las, embora elas se completem. Este aspecto da
ciência, ou seja a sua ligação estreita com uma tecnologia em expansão, é o que
marca profundamente a vida social e cultural do mundo de hoje.As mudanças na forma
de vida estão relacionadas com as necessidades de sobrevivência tais como alimentos,
moradia e segurança ou pode ser relacionada às aspirações humanas como o
conhecimento e a arte. A possibilidade de mudar o mundo tem benefícios, custos e
riscos inesperados, que por sua vez afetam os grupos sociais de maneira diferenciada.
Dai, porque cada país deve definir a maneira como o homem vai usar a ciência e a
tecnologia já que a sua vida futura disso vai depender.Poucos hoje se dão conta da
extensão e da velocidade do avanço do conhecimento em biologia e seu repasse para o
sistema produtivo. Quando em 1973, Berg, Boyer e Cohn, descreveram a clonagem do
primeiro gene, ninguém imaginaria a velocidade dos acontecimentos. Ao permitir a
manipulação do material genético, a ciência ampliou a capacidade do homem em
intervir nos processos biológicos, moldando o ser vivo para produzir produtos de seu
interesse. O tempo entre a descoberta e apropriação do conhecimento por empresas
tornou-se cada vez mais curto, os investimentos empresariais passaram a ultrapassar
os estatais nos países mais desenvolvidos, de tal maneira que já se fala na nova
indústria das ciências da vida interligando as indústrias química e farmacêutica e os
agro-negócios.Dentro deste contexto está a construção de plantas transgênicas, que
teve início em 1983 quando foi relatada a transferência de um DNA de bactéria para
planta. O tempo previsto para colocar uma variedade transgênica no mercado era de
10 anos com um investimento de 50 a 150 milhões de dólares. Assim, em 1992, o
tomate construído pela Calgene foi desregulamentado nos Estados e comercializado já
em 1994.Desde que se iniciaram os estudos para a construção de espécies vegetais de
interesse econômico, a comunidade científica alertou do pouco conhecimento que se
tinha sobre a bioquímica e a genética vegetal para poder avaliar corretamente os
riscos de cada uma das construções genéticas desenvolvidas. A rapidez da liberação
das plantas transgênicas, nos Estados Unidos, chamou a atenção de que não estavam
sendo considerados os riscos a longo prazo e que os testes e protocolos experimentais
necessários à definição da segurança para o meio ambiente, para saúde humana e
animal não estavam convenientemente detalhados. As dúvidas levantadas sobre cada
caso têm aparecido permanentemente na literatura pertinente apontando para a
necessidade de maiores estudos sobre as implicações do cultivo em larga escala de
plantas alteradas geneticamente, via biotecnologia. É o problema de insetos
resistentes a proteína toxica do Bacillus thuringensis ( toxina Bt) incorporada no
algodão seletivamente na folha. É a transferência de gene de resistência a um
herbicida da canola para Brassica compestris, uma planta selvagem da mesma família.
É o gene de resistência a um vírus, em uma abobrinha transgênica, transferido para
uma erva daninha da mesma família. É o gene de trigo transgênico resistente a um
herbicida transferido a Aegilops cylindrica. Hoje aceita-se que há troca de genes entre
as linhagens cultivadas e as selvagens aparentadas. Há dados de que em condições
apropriadas, os transgenes podem escapar e produzir novas pestes ou decrescer a
diversidade genética dos centros que tem as linhagens selvagens originais. É
importante destacar que o nosso conhecimento sobre a hibridização entre linhagens
selvagens e plantas cultivadas precisa ser aprimorado, bem como o conhecimento da
expressão do genoma vegetal sobre as mais distintas condições ambientais, pois ele
ainda é pequeno e não permite uma a avaliação correta dos riscos a longo prazo. Em
nosso país, além das dúvidas gerais se acrescem aquelas decorrentes do
desconhecimento da biodiversidade florística dos diferentes ecossistemas que
compõem o país.Com relação ao meio ambiente um dos problemas levantados é a
destruição da biodiversidade de insetos, com a quebra da cadeia alimentar de outros
animais. Esse fato é o principal motivo de discussão na Europa do milho com o gene da
toxina do Bt. É bom lembrar que só a floresta da Tijuca, no Rio, tem mais espécies de
insetos do que os Estados Unidos. Logo, a nossa preocupação deveria ser maior. Por
outro lado, as plantas transgênicas contendo Bt não foram avaliadas
experimentalmente com a relação à insetos resistentes ao Bt.Com relação a segurança
alimentar, o problema da alergia tem preocupado, particularmente depois que se
construiu uma soja transgênica contendo uma proteína com alto teor de metionina
proveniente da castanha do Pará . Hoje há um protocolo definido para avaliação dos
riscos decorrentes da inserção de genes de proteínas supostamente alergênicas. Na
realidade, a moderna biologia tem nos fornecido um visão molecular e celular dos
organismos, permitindo um definição mais refinada das necessidades humanas. As
idéias tradicionais sobre dieta e sua relação com a saúde, a doença e sanidade estão
mudando. A moderna toxicologia, relacionada com a produção de alimentos se move
para uma avaliação de riscos baseada na compreensão dos processos metabólicos e da
expressão gênica mais do que na descrição de um fenômeno. Como resultado desta
evolução, aumentou o interesse no processo de estimativa dos riscos. Infelizmente
com o avanço do conhecimento científico aumentou também as incertezas na
identificação dos riscos, pois os processos se tornaram mais complexos, tornando difícil
estabelecer protocolos para avaliar o risco absoluto. Na realidade, o que se avalia é a
potencialidade de risco relativo. Essa é razão pela qual se insiste na necessidade da
rotulagem para que as pessoas possam ter o conhecimento para decidir livremente. No
caso específico da soja transgênica, os ensaios realizados pela Monsanto para
comprovar a sua segurança feitos em 1995, podem ser hoje criticáveis por não
levarem em consideração a alteração da expressão das próprias proteínas alergênicas
da soja decorrente na inserção de novo gene e da aplicação do herbicida Roundup na
planta. Esta observação prende-se ao fato de que em resposta às condições
ambientais, um conjunto de genes é ativado podendo levar ao acúmulo de
determinadas proteínas em tecidos vegetativos.
Por outro lado, especialistas na área de veterinária criticam o tempo reduzido dos
ensaios dos testes para assegurar a higidez dos animais que são alimentados
permanentemente com ração de plantas geneticamente modificadas. Neste contexto
se coloca também o problema das plantas transgênicas contendo a toxina Bt, pois o
mecanismo de ação da toxina, qual seja alterar o transporte de ions e de nutrientes no
intestino dos insetos, deve ser avaliado nos demais animais alimentados por longos
períodos por exemplo, com milho transgênico.
Outro fator importante que deve ser considerado, pois dele depende a produtividade,
no caso específico da soja, é a análise da eficiência de nodulação nas variedades
transgênicas e ainda as consequências sobre as bactérias fixadoras de nitrogênio da
interação com os resíduos de soja pós-colheita. Este fato é importante, pois o Brasil é
o país que usa a menor aplicação do fertilizante N (10 Kg.ha-1) e a fixação biológica de
nitrogênio é responsável, em grande parte, pela. produção de 25 milhões de toneladas
nos 12,5 milhões de ha plantados, em parte, no cerrado. Há apenas informações de
que não haveria diferenças visíveis entre a produtividade da soja cultivada com
fertilizantes nitrogenados em relação aos biofertilizantes.
Desvantagens:
1.- Somente poucos Laboratórios tem os dispendiosos equipamentos e reagentes, e
pesquisadores capazes de obter organismos transgênicos com toda a segurança
requerida pela Lei de Biosegurança, fiscalizada pela Comissã o Nacional Técnica de
Biosegurança CTNBio.