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LECTURAS EN UN COLEGIO
1
Batalhas acontecidas durante a Guerra Civil Espanhola, 1936-1938.
2
Cerdedo é um município da província de Pontevedra, Galícia, Espanha. Pedamúa uma região
montanhosa.
3
Apelido do tataravô do poeta.
o barro primitivo. Modelado
também para que dele, esta manhã,
brotasse este poema.
10-IX-78
CASA VAZIA
MELO, Alberto da Cunha. Dois caminhos e uma oração. Rio de Janeiro: Record,
2017, p.415-416
NEL MEZZO DEL CAMIN...
Ho/je,/ se/gues/ de/ no/vo.../ Na/ par/ti/da (1ª, 3ª, 6ª e 10ª, deca)
Nem/ o/ pran/to os/ teus/ o/lhos/ u/me/de/ce, (1ª, 3ª, 5ª, 6ª e 10ª, deca)
Nem/ te/ co/mo/ve a/ dor/ da/ des/pe/di/da. (1ª, 4ª 6ª e 10ª, deca)
E eu/, so/li/tá/rio,/ vol/to a/ fa/ce, e/ tre/mo, (1ª, 4ª, 6ª, 8ª e 10ª, deca e sáfico)
Ven/do o/ teu/ vul/to/ que/ de/sa/pa/re/ce (1ª, 3ª, 4ª, 8ª e 10ª, deca)
Na ex/tre/ma/ cur/va/ do/ ca/mi/nho ex/tre/mo. (2ª, 4ª, 8ª e 10ª, deca)
SÓ O SONHO DE AMAR JÁ NÃO ME INFLAMA
A Edson Nery da Fonseca
Agora, eu e paguro
− quem mais tateia? −
aqui procuramos − procuro
a bela ou feia:
SALDANHA, Wladimir. Lume Cardume Chama. Rio de Janeiro: 7Letras, 2014, p.19
4
Paguro: “[...] um caranguejo desprovido de carapaça, que se mete na concha espiralada de certo
caramujo marinho.” “[...] bernardo-eremita, ou eremita-bernardo, ou ermitão, ou sacuritá”.
A CONCHA ALHEIA
Vejo sangue no ar, vejo o piloto que levava uma flor para a noiva, abraçado com a
hélice. E o violinista em que a morte acentuou a palidez, despenhar-se com sua
cabeleira negra e seu estradivárius. Há mãos e pernas de dançarinas arremessadas na
explosão. Corpos irreconhecíveis identificados pelo Grande Reconhecedor. Vejo sangue
no ar, vejo chuva de sangue caindo nas nuvens batizadas pelo sangue dos poetas
mártires. Vejo a nadadora belíssima, no seu último salto de banhista, mais rápida porque
vem sem vida. Vejo três meninas caindo rápidas, enfunadas como se dançassem ainda.
E vejo a louca abraçada ao ramalhete de rosas que ela pensou ser o paraquedas, e a
prima-dona com a longa cauda de lantejoulas riscando o céu como um cometa. E o sino
que ia para uma capela do oeste, vir dobrando finados pelos pobres mortos. Presumo
que a moça adormecida na cabine ainda vem dormindo, tão tranqüila e cega! Ó amigos,
o paralítico vem com extrema rapidez, vem como uma estrela cadente, vem com as
pernas do vento. Chove sangue sobre as nuvens de Deus. E há poetas míopes que
pensam que é o arrebol.
LIMA, Jorge de. Anunciação e encontro de Mira-Celi. Rio de Janeiro: Record, 2006,
p.128.
CICLO
FONTELA, Orides. Poesia reunida. São Paulo: Cosac Naify, 2006, p.105.
A TEMPESTADE
Um raio
Fulgura
No espaço
Esparso,
De luz;
E trêmulo
E puro
Se aviva,
Se esquiva,
Rutila,
Seduz!
Vem a aurora
Pressurosa,
Cor de rosa,
Que se cora
De carmim;
A seus raios
As estrelas,
Que eram belas,
Tem desmaios,
Já por fim.
O sol desponta
Lá no horizonte,
Doirando a fonte,
E o prado e o monte
E o céu e o mar;
E um manto belo
De vivas cores
Adorna as flores,
Que entre verdores
Se vê brilhar.
Um ponto aparece,
Que o dia entristece,
O céu, onde cresce,
De negro a tingir;
Oh! vede a procela
Infrene, mas bela,
No ar se encapela
Já pronta a rugir!
Porém no ocidente
Se ergueu de repente
O arco luzente,
De Deus o farol;
Sucedem-se as cores,
Que imitam as flores,
Que lembram primores
Dum novo arrebol.
Tal a chuva
Transparece,
Quando desce
E ainda vê-se
O sol luzir;
Como a virgem,
Que numa hora
Ri-se e cora,
Depois chora
E torna a rir.
A folha
Luzente
Do orvalho
Nitente
A gota
Retrai:
Vacila,
Palpita;
Mais grossa,
Hesita,
E treme
E cai.
DIAS, Gonçalves. Poesia e prosa completas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1998.
Pp.623-627