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A IMPORTÂNCIA DO CENP
A LIBERDADE DE
EXPRESSÃO COMERCIAL É A
Ano 6 – Nº 24 – Setembro – 2010 MAIOR LUTA DO SETOR, DIZ
www.cenp.com.br
PRESIDENTE DA FENAPRO
ob revigorante efeito das eleições, manifesto nal da ABAP da qual participamos e que traz um firme
S aqui o que já postei no twitter (@caiobarsotti) posicionamento em defesa da criança. Saudamos
em 03/10: “Me desculpem os pessimistas de plantão, ainda, por meio de moção aprovada pelo Conselho
mas tenho orgulho em habitar numa das maiores de- Executivo do CENP, os 30 anos do Conar e a criação do
mocracias do mundo. Parabéns pra nós!” Instituto Palavra Aberta, que seguramente muito con-
Aqui, neste espaço, com mais de 140 caracteres, tribuirá para os debates travados hoje na sociedade a
complemento que tenho orgulho também por partici- respeito de consumo e propaganda. Já a entidade retra-
par da nossa autorregulação comercial, a qual, pelo que tada em profundidade neste número é a Fenapro, cujo
sabemos, não tem similar em outro país. Claro, exige Presidente, Ricardo Nabhan, acaba de ser reeleito. E
muito, mas, também vale muito! Como disse Gilberto mais: fomos ouvir anunciantes para saber o que pen-
Leifert, Presidente do Conar e também conselheiro do sam sobre o CENP. Encontramos respostas bastante
CENP, durante seu discurso no evento de 30 anos da interessantes e inteligentes.
entidade que iniciou no Brasil este inteligente modelo Por fim, dedicamos nossa capa a um assunto funda-
de autorregulamentação, o CENP é o irmão caçula mental para a propaganda de boa qualidade: o briefing!
desta bem-sucedida realização. Tratamos o assunto tanto sob a ótica privada como
Ao preparar esta edição, procuramos repercutir também sobre sua importância para a comunicação,
alguns importantes fatos recentes, como os 60 anos da notadamente após a Lei 12.232/10.
TV brasileira, num artigo do novo Presidente da ABERT, Esperamos que este conteúdo seja uma contribuição
Emanuel Soares Carneiro, os Congressos da ABTA e para as melhores práticas comerciais.
ANJ e a Carta de Fortaleza, aprovada em reunião nacio- Aproveite!
Sumário
14 MEMÓRIA: SEÇÕES
OS 60 ANOS DA
TV BRASILEIRA 06 EM 1O LUGAR
Moção homanageia Conar
e Instituto Palavra Aberta
16 DEPOIMENTOS:
“A PUBLICIDADE BRASILEIRA 08 ACONTECE
NÃO É UM MERCADO 44 REGIONAIS
30 CAPA PARA AVENTUREIROS”
46 ACONTECE NO CENP
BRIEFING
CENP EM REVISTA
22 ENTREVISTA: 48 CRÔNICA
PRECISO, CLARO RICARDO NABHAN,
PRESIDENTE DA FENAPRO 50 CARTAS
E OBJETIVO
4
A MISSÃO DO CENP
Criado em dezembro de 1998, o Conselho Executivo das Normas-Padrão (CENP) tem como missão
o estabelecimento de princípios éticos no relacionamento comercial entre anunciantes, agências de publi-
cidade e veículos de comunicação, por meio da autorregulação.
O CENP foi fundado pela ABA, ABAP, ABERT, ABTA, ANER, ANJ, Central de Outdoor e FENAPRO e
tem como principal instrumento de trabalho o documento Normas-Padrão da Atividade Publicitária, que
estabelece as bases do relacionamento comercial e ético da atividade.
O CENP concede Certificado de Qualificação Técnica às agências que cumprem as regras estabeleci-
das pelas Normas-Padrão, certificação essa que lhes garante o recebimento do “desconto-padrão” de
agência, concedido pela legislação que trata da publicidade.
Conflitos observados ou denunciados são dirimidos pelo Conselho de Ética do CENP, formado por
36 membros, representando anunciantes, agências e veículos.
Agências certificadas
3.753 3.909 3.800
3.623 3.532
3.110
2.895
2.728
2.358
1.904
934
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
27/9/2010
Fonte: CENP
10.431 AGÊNCIAS
CADASTRADAS
334 PROCESSOS AVALIADOS
NO TRIMESTRE
1.257 VISITAS TÉCNICAS E
VISTORIAS EM AGÊNCIAS
O CENP
na internet: @ • Escreva para nós (inclusive para questões técnicas): carta@cenp.com.br
• Para questões sobre ética comercial: alerta@cenp.com.br
• Para questões de cadastro e certificação: cadastro@cenp.com.br
www.cenp.com.br
CENP EM REVISTA
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Em 1º lugar
MOÇÃO HOMENAGEIA
CONAR E INSTITUTO
PALAVRA ABERTA
6
cráticos, tais iniciativas. É a constru-
ção do futuro pela inteligência atuan-
do contra a intransigência.
São dois instrumentos e dois
momentos de suma importância,
razão pela qual a diretoria do CENP
resolveu indicar ao conselho a conces-
são de dois votos de louvor:
7
Acontece
JORNALISMO E DEMOCRACIA
NA ERA DIGITAL
tema do 80 Congresso Brasileiro polêmico foi o dedicado à discussão dade. “Queremos um código de ética
O de Jornais, organizado pela ANJ, sobre a autorregulamentação dos jor- que avalie também os nossos associa-
em agosto, no Rio de Janeiro, foi resu- nais e a criação de um conselho de ética dos”, afirmou.
mido em seu título: Jornalismo e demo- da ANJ. Os palestrantes Aluízio Ma- No encerramento do encontro, reali-
cracia na era digital. ranhão, editor de opinião de O Globo, e zado a cada dois anos, foi eleita em
O encontro reuniu cerca de oito- Sidnei Basile, vice-presidente de rela- Assembleia Geral a nova diretoria da
centos profissionais e teve como um ções institucionais do Grupo Abril, entidade. Judith Brito, da Folha de
dos destaques as presenças e as assina- admitiram a existência de dificuldades S.Paulo, foi reeleita presidente e deve
turas dos presidenciáveis à Declaração na implantação de um Conselho de permanecer à frente da ANJ até 2012.
de Chapultepec. O documento, lançado Ética dos jornais brasileiros. “Nossa missão continua absolutamen-
em 1994, no México, defende as liber- O vice-presidente da ANJ, Nelson te a mesma: defender a liberdade de
dades de expressão e de imprensa. José Sirotsky, esclareceu na ocasião que o expressão”, afirmou a executiva em seu
Serra (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e objetivo do projeto elaborado por uma discurso, acrescentando que outra
Marina Silva (PV) foram, em momentos comissão composta por membros da meta fundamental é discutir as novas
diferentes, ao evento para assinar a diretoria da ANJ é estender para todos mídias digitais e como encontrar um
declaração. os jornais associados os princípios de modelo saudável para preservação do
Entre os painéis realizados, o mais liberdade expressos no estatuto da enti- jornalismo de qualidade.
ramenta, a iniciativa de disponibilizar a tem acesso a um texto explicativo sobre prestação de serviços ao endereço ele-
informação de forma rápida e fácil para a entidade, com ênfase no papel da trônico da associação. Por exemplo: foi
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ABTA 2010 ABORDOU OS DESAFIOS
DA TV PAGA NO BRASIL
edição de 2010 da Feira e Con- Semeghini, vice-presidente da Comissão
A gresso ABTA, realizada em agos- de Ciência, Tecnologia, Comunicação e
to, em São Paulo, registrou números re- Informática da Câmara; senador Antônio
cordes em termos de público. Foram Carlos Jr., membro da Comissão de
mais de 9 mil visitantes durante os três Ciência, Tecnologia, Inovação e Comu-
dias de evento, entre profissionais do nicação do Senado Federal; e senador
setor e autoridades. O encontro também Flexa Ribeiro, presidente da Comissão
superou as expectativas no volume de Congresso da ABTA aconteceu em de Ciência, Tecnologia, Inovação e
São Paulo
expositores: duzentas empresas partici- Comunicação do Senado Federal.
param com 97 estandes, um crescimen- Marinho, presidente das Organizações O evento ainda discutiu questões
to superior a 30% em relação a 2009. Globo, fez uma análise positiva da situa- bastante atuais para a evolução da
A abertura do evento, que foi nortea- ção do setor, estimando que o meio atin- indústria da TV por assinatura no Brasil,
do pelo tema “Revolução na Convergên- ja, em 2015, cerca de 15 milhões de lares. como o papel dos diferentes players no
cia”, colocou em destaque a evolução do A abertura do mercado de TV por desenvolvimento do setor e os desafios
mercado e os desafios que programado- assinatura foi o tema central no primeiro na produção de conteúdo, considerando
res e distribuidores devem enfrentar. A dia do Congresso, em um debate que as novas tecnologias. Nas sessões temá-
TV por assinatura alcança hoje 8,5 mi- contou também com as presenças de ticas, os profissionais acompanharam
lhões de lares brasileiros, o que significa Alexandre Annerberg, presidente da os debates relacionados à regulamenta-
quase 30 milhões de espectadores. ABTA; embaixador Ronaldo Sardenberg, ção, à programação e as novas platafor-
Presente ao evento, Roberto Irineu presidente da Anatel; deputado Julio mas de distribuição de conteúdo.
incluído também um link semelhante preciso”, diz, observando que como do CENP, a ANJ entende que é sua mis-
para abordar a importância do Projeto uma das fundadoras e mantenedoras são ajudar a promover as Normas-
Inter-Meios, explicando passo a passo -Padrão.
como os veículos associados devem “A iniciativa é Aprimorar a atuação da entidade no
proceder para fazer parte do estudo campo das melhores práticas comer-
organizado pela publicação Meio &
importante em muitos ciais é justamente o objetivo do Comitê
Mensagem. sentidos, inclusive Mercado Anunciante, que tem reuniões
No caso do CENP, Oscar conta que a cada dois meses e coordena diversas
para estimular que os
a ideia surgiu durante a realização do iniciativas que auxiliam na dissemina-
último congresso da entidade e, para jornais atentem para a ção de boas práticas. Ficam sob a res-
viabilizá-la, a associação contou com o necessidade de ponsabilidade deste grupo, também,
apoio do próprio CENP. “Caio Barsotti outras atividades, como as campanhas
respeitarem as Normas-
CENP EM REVISTA
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ABAP HOMENAGEIA PERSONAGENS
DA APROVAÇÃO DA LEI Nº 12.232/10
lmoço para mais de cem convi-
Danise Andrade
A dados, promovido pela Abap em
agosto, em São Paulo, homenageou os
principais personagens da luta do mer-
cado publicitário pela aprovação da Lei
n0 12.232/10, que disciplinou os proces-
sos de licitação e a gestão dos contratos
de publicidade por órgãos da adminis-
tração pública. A lei é considerada uma A partir da esquerda Lara, Caio, Monti A partir da esquerda Monti, Pastore,
e Petrônio Cardozo e Ottoni
grande vitória também por reconhecer o
modelo de agência brasileira.
Durante o almoço foram entregues ficador e avança por legitimar a escolha vários dos meus companheiros. Muitos
placas comemorativas ao deputado José de uma agência pela melhor técnica, pagaram os custos das ações inescru-
Eduardo Cardozo, autor do projeto de onde a criatividade tem que nortear, não pulosas de poucos”, disse ele. “A nova
lei, ao deputado Milton Monti, presiden- o preço”, disse Luiz Lara, presidente lei torna mais difícil os possíveis vícios
te da Frente Parlamentar da Comuni- nacional da Abap. Para ele, o CENP e o das licitações. Ela traz transparência e
cação Social, a Ottoni Fernandes Júnior, Conar são “âncoras” da atividade publi- tranquilidade a todo o processo de lici-
secretário executivo da Secretaria de citária no Brasil. tação de publicidade”, emendou o
Comunicação Social do governo, e a Pastore lembrou o escândalo do deputado Milton Monti. Ottoni, princi-
Dalton Pastore, presidente do Conselho mensalão (ele respondia pela presidên- pal interlocutor do mercado publicitário
da Abap e do Fórum Permanente da cia da Abap na época) e o envolvimento no governo federal, disse que a Se-
Indústria da Comunicação (ForCom). de agências. “Surgiu uma aura de culpa, cretaria de Comunicação do governo já
Ele foi importante interlocutor do Poder e a Abap tomou as dores do setor, adotava os princípios da lei antes
Legislativo para a elaboração da lei. demonstrando que era uma questão mesmo da sua promulgação. Ele consi-
O trabalho realizado pelo CENP, ins- isolada, de uma minoria”, disse ele. dera que a medida profissionaliza o
titucionalizado como órgão certificador Para Cardozo, a nova lei não elimina a mercado, principalmente para estados
de qualidade do setor da publicidade corrupção, mas a dificulta. “Ela torna as e municípios. “As pequenas e médias
brasileira pela lei, também foi reconheci- relações mais transparentes. Terminar o agências serão beneficiadas, e a comu-
do por meio de placa, entregue a meu mandato com uma lei como esta é nicação pública, mais correta e precisa.”
Petrônio Corrêa e Caio Barsotti. “A Lei no gratificante, pois ela surgiu em um Para Petrônio, a legislação “dá um ru-
12.232 consagra o modelo brasileiro de momento difícil, quando fui sub-relator mo vital à propaganda, que é livre e con-
CENP EM REVISTA
agências, reconhece o CENP como certi- da CPMI dos Correios, que envolveu tinuará assim”.
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A PUBLICIDADE E A
PROTEÇÃO DA CRIANÇA
CARTA DE FORTALEZA
A ABAP, Associação Brasileira das Agências de Publicidade, diante da disseminação de conceitos, oriundos de seto-
res pontuais, porém movidos por uma determinação afeita às organizações de vocação absolutista, e que buscam rela-
cionar a imagem da atividade publicitária à ameças à proteção da criança, declara:
• Que a proteção da criança é um dever de todos, igual- • Que a proteção da criança, no que diz respeito à
mente, e julga presunçosa, inconveniente e desalinha- publicidade, deve incluir a resistência às propostas
da dos propósitos de liberdade e democracia, toda e alienantes, que sugerem proibições incondicionais,
qualquer tentativa de fazê-la bandeira de propriedade censura pura e simples e outras iniciativas que
exclusiva de determinados segmentos, entidades ou tenham, como princípio, a negação da informação.
indivíduos.
• Que a proteção da criança deve ser objeto de campa-
• Que a proteção da criança é tarefa de grande respon- nhas publicitárias específicas dirigidas a pais ou res-
sabilidade e de alta complexidade e, portanto, deplora ponsáveis, educadores e à sociedade em geral, esti-
as opiniões simplistas que pregam a contextualização mulando práticas saudáveis e alertando sobre riscos
da publicidade, por definição, como vilã. de qualquer origem.
• Que a proteção da criança, no que se refere ao uso • Que a proteção da criança deve prever, no curriculum
da mídia publicitária, está contemplada na Cons- escolar, que a criança, o quanto antes, passe a convi-
tituição Federal, no Código de Defesa do Consu- ver com conteúdos que a familiarizem com os códigos
midor e no Código Brasileiro de Aurorregulamen- publicitários, estimulando seu senso crítico sobre as
tação Publicitária. diversas manifestações da publicidade.
• Que a proteção da criança deve ser, necessariamente, • Que a proteção da criança é garantida, primordial-
objeto de um debate global permanente e inspirador mente, pela família e pelos sistemas educacionais,
de propostas equilibradas, realistas e embasadas por que devem ser permanentemente encorajados a for-
uma percepção sociocultural alinhada com a contem- mar jovens intelectualmente livres, aptos a escolhas e
poraneidade. plenamente conscientes a respeito do mundo em
que vivem.
• Que a proteção da criança deve estar no foco de todos
os profissionais de comunicação incumbidos de a ela
se dirigirem, recomendando vigorosamente o uso res-
CENP EM REVISTA
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Memória
OS 60 ANOS
DA TV BRASILEIRA
Emanuel Soares Carneiro
Presidente da Abert
nos últimos anos, uma revolução na Presidência da República (Secom), so- 69,4% é a mídia mais confiável. Quanto
vida de milhões de pessoas. Para ele, bre o acesso à informação e a formação à programação, 64,6% dos entrevista-
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a discussão de temas de interesse nacio- com base no conceito econométrico,
nal, é com a produção regular de séries verificou que a inserção de meios de
e campanhas de utilidade pública que comunicação, entre eles a TV, tem efeito
este meio estabelece compromisso com positivo sobre o Índice de Desenvol-
as demandas sociais, seja de dimensão vimento Humano (IDH).
nacional ou comunitária, de qualquer A televisão leva informação sobre
pequena cidade interiorana. tendências de mercado, oportunidades
Isso só é possível graças ao modelo de trabalho, novos produtos e tecnolo-
federativo de radiodifusão, semelhante gias, contribuindo para o desenvolvi-
ao que acontece em outros países de mento dos mercados regionais e locais.
dimensões continentais. Baseado no Esse modelo oportuniza às pequenas e
conceito de redes de programação bási- médias empresas anunciarem seus pro-
ca, ele combina grandes centros de pro- dutos e serviços localmente a um custo
dução, dotados de tecnologia avançada e adequado a sua realidade financeira,
profissionais altamente qualificados, alcançando o público-alvo, melhorando
capazes de fornecer conteúdo a milhares suas vendas e gerando empregos.
de emissoras e municípios. O mesmo Até 2012, teremos disseminado no
acontece no sentido inverso – as emisso- Brasil o padrão digital de televisão que,
ras afiliadas às redes nacionais contri- mais do que qualidade superior de ima-
buem com a sua visão regional e local. gem e som, permitirá o avanço da mobi-
Marcado pela diversidade e plurali- lidade e da portabilidade, ou seja, a
dade, este modelo compreende 496 capacidade de o telespectador receber o
emissoras de televisão, sendo 295 sinal em aparelhos portáteis ou celula-
comerciais e 201 educativas, e mais de 5 res. O sistema nipo-brasileiro também
mil estações retransmissoras. A indús- se internacionaliza, sendo adotado até o
tria televisiva brasileira gera mais de momento por onze países.
200 mil postos de trabalho, diretos e É um passo decisivo para a inserção
dos consideram os telejornais os progra- indiretos, produz 70 mil horas/ano e, da TV no ambiente de acelerada conver-
mas mais importantes, seguidos das apenas em programas jornalísticos, 180 gência tecnológica, que permitirá cada
novelas, com 16,4%. O levantamento mil horas/ano. Cerca de 70% desse con- vez mais o acesso a voz, vídeo, dados e
ouviu 12 mil pessoas, em 639 cidades de teúdo é nacional – 90% se considerado texto nas mais variadas plataformas.
cinco regiões do país. apenas o horário nobre. Portanto, ao completar sessenta
Com noticiários, reportagens, entre- Uma das grandes contribuições do anos de existência, percebemos que a
vistas e debates entre candidatos, a tele- setor é, por certo, de estímulo ao desen- televisão brasileira continua forte e reju-
visão tem sido fundamental também volvimento econômico e social do país. venescida, cumprindo o seu papel para
CENP EM REVISTA
para a consolidação da democracia. Estudo da empresa Tendências Con- o crescimento econômico e a consolida-
Além de prover informação e promover sultoria Integrada, realizado em 2007, ção da democracia.
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Depoimentos
“A PUBLICIDADE
BRASILEIRA NÃO É
UM MERCADO PARA
AVENTUREIROS”
Anunciantes falam
sobre a importância do CENP
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Para Caetano, o mercado publicitá-
rio brasileiro é fruto da qualidade do
relacionamento entre os anunciantes,
as agências e os veículos. “Sempre con-
vivemos de forma harmônica, e o CENP
é um grande marco dessa maturidade.
É em função de tudo isso que conside-
ro a chegada do CENP um grande avan-
ço para o mercado publicitário”.
Segundo ele, é natural que as regras
de governança e concorrência sejam
preservadas, com liberdade e espaço
para negociação e aperfeiçoamentos,
mas que exista um parâmetro que evite
o que chama de barbárie. “A publicida-
de brasileira não é um mercado para
aventureiros. É por estar apoiado em
leis e autorregulamentação que é o que
é. O CENP contribui fundamentalmen-
te para que este ambiente torne os
ram importantes prêmios internacio- negócios tão fluentes. Qualquer coisa
nais, como o Emmy e o New York Film no sentido inverso seria um atraso, um
Festival, apenas para citar alguns. retrocesso. Precisamos preservar este
Toda hora, vemos a qualidade dos tra- modelo, que não implica mais burocra-
balhos dos veículos sendo reconheci- cia e controles indevidos, e que efetiva-
da, aqui e no mundo. E os anuncian- mente protege o mercado.”
tes também têm um comportamento Ele não tem dúvidas de que o CENP
muito ético num mercado bem orga- precisa ser preservado. “É um órgão
nizado”, diz ele, que considera a pu- necessário porque procura estabelecer
“O CENP contribui blicidade um setor de vanguarda. “O regras mínimas de convivência merca-
fundamentalmente mercado brasileiro já é forte o bastan- dológica, adequadas a um setor muito
te a ponto de permitir um trânsito competitivo”, disse, lembrando que
para um ambiente intenso, do exterior para o Brasil e do existem milhares de agências de publi-
de negócios fluentes. Brasil para o exterior, idêntico ao que cidade no Brasil – são perto de 3 mil
se vê nos mercados de Primeiro Mun- apenas as certificadas pelo CENP. “A
O sentido inverso
do. As empresas de uma forma geral publicidade é um dos setores mais
seria um atraso, um
CENP EM REVISTA
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A IMPORTÂNCIA DO CENP
18
COMPETÊNCIA
minério de alumínio.
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A IMPORTÂNCIA DO CENP
Continuação da página 17 que se contam aos milhares e vários ou- tendo, talvez, até trabalhado na área.
tros meios de comunicação sólidos e de Na agência sempre será o oposto. A
Temos canais de TV às centenas, alta qualidade, sem falar nos milhares formação, o ponto de vista, a visão de
emissoras de rádio, revistas e jornais de anunciantes em todo o país. Sob to- mundo do publicitário será diferente e
dos os ângulos, vemos um mercado é bom que seja assim, pois a diversida-
bastante competitivo e que, até por de é desejável. Quanto mais as empre-
isso, precisa ter regras mínimas”, disse sa puderem refletir diferentes maneiras
Caetano. de ver a sociedade, mais probabilidade
Para ele, outra grande contribuição de sucesso elas terão. As agências são
da publicidade, principalmente num ambientes propícios para isso, inclusi-
mercado como o financeiro, é trazer o ve pela multiplicidade de clientes com
que chama de provocações para dentro que lidam. Agências sempre estão na
do anunciante. “É da natureza da publi- linha de ataque, apoiando o anuncian-
cidade promover um debate fora do dia te em vendas, em geração de receitas e
a dia da operação, que é muito saudá- lucros, falando direto com o consumi-
“É da natureza vel. Uma das funções da agência é dis- dor final. Elas têm o pulso de mercado.
cutir ética, sustentabilidade, branding, A agência que atende um banco tam-
da publicidade
design e tantas outras coisas funda-
promover um debate mentais para o futuro das empresas.
fora do dia a dia da As agências foram pioneiras em mui-
tos destes temas. Branding, por exem-
operação, que é plo, até os anos 80, não era um valor
muito saudável. mensurado pelas empresas e hoje as
marcas estão entre os seus ativos mais
Uma das funções
valiosos. Agências de publicidade tiram
da agência é discutir as anunciantes das suas zonas de con-
ética, sustentabilidade, forto. Elas provocam discussões sobre
legado, visão de futuro, padrões éticos,
branding, design propósito da empresa e sustentabilida-
“Agências sempre
e tantas outras de, que são muito importantes, que estão na linha de
nos ajudam a renovar, a melhorar e que
coisas fundamentais ataque, apoiando o
estão entre as principais preocupações
para o futuro da cúpula das empresas. anunciante em
das empresas. Para Caetano, provocações dessa vendas, em geração
natureza podem até vir de outras ori-
As agências foram gens, como uma empresa de consulto-
de receitas e lucros,
CENP EM REVISTA
pioneiras em muitos ria, por exemplo. “Mas dificilmente falando direto com o
você terá um consultor que não tenha
destes temas” consumidor final”
uma identidade maior com a empresa
20
bém ajuda a vender cerveja. ma mínima, a concorrência entre em- que o CENP, para nós, tem esse caráter
Caetano se disse um defensor per- presas do setor publicitário”, disse ele. normativo, esse caráter de dar uma
manente de “mais flexibilidade nas Ele reafirma a importância para os base, de dar um piso, de dar um chão
regras do mercado publicitário, para anunciantes da existência do CENP, da a partir do qual construímos o relacio-
que os modelos de remuneração das sua permanência, e defende que a enti- namento com nossas agências de
agências possam ser inovadores, mas dade tenha cada vez mais apoio do publicidade. Tirar esse chão para os
sempre dentro de regras mínimas”. Ele governo e de todos os setores da socie- anunciantes, assim como para os
considera, porém, que essa discussão dade, em todas as instâncias. “É muito demais elos do mercado publicitário,
tem que ser conduzida sempre dentro importante para os anunciantes que seria bastante ruim. Considero muito
CENP. “Na minha opinião, qualquer existam regras claras de concorrência e importante preservar o CENP para que
modelo que não passe pelo CENP vai de convivência, que se mantenha uma possamos manter a publicidade brasi-
prestar um desserviço ao mercado previsibilidade, que se saiba que traba- leira no mesmo patamar observado
publicitário, permitindo que empresas lhamos dentro de um terreno regulado nos últimos anos, uma publicidade
com péssima qualidade possam, na e não onde impere a barbárie, com um que é invejada no mundo inteiro, que é
base de preços menores, na base de ambiente de competição desenfreada e respeitadíssima, que é muito premia-
concorrência predatória, ganhar espa- sem sentido para um anunciante. da, que informa cada vez mais e
ço num mercado hoje muito bem ocu- Como anunciante, eu gostaria de dizer melhor ao consumidor”, disse
pado por brilhantes agências que Caetano. “Se a lei de defesa do consu-
temos no Brasil. Sem o CENP seria ver midor pegou, foi porque o próprio
agências que têm grande capacidade setor publicitário brasileiro vestiu a
criativa e remuneram bem profissio- camisa, comprou esta causa: anun-
nais excepcionais serem destruídas, ciantes, veículos e agências decidiram
serem devastadas por outras agências informar com mais qualidade aos con-
que não têm essa qualidade mas que sumidores. É por isso que a propagan-
fariam abordagens aos anunciantes da no Brasil é cada vez mais evoluída,
por puro e simples preço.” é por isso que a propaganda enganosa
Caetano considera que nesse cená- está sendo banida do nosso dia a dia e
rio os prejuízos seriam de todos, atin- é por isso que acredito que o CENP
gindo inclusive o consumidor, “que te-
“Se a lei de defesa precisa continuar conquistando espa-
ria publicidade da pior qualidade, com do consumidor ço e sendo apoiado e prestigiado, para
menos informação”. Seria ruim, consi- que o mercado publicitário, seja do
pegou, foi porque
dera ele, para os anunciantes, para as ponto de vista dos anunciantes, seja
pessoas que trabalham nas agências, o próprio setor das agências, seja dos veículos, possa
que sofreriam com o inevitável impac- publicitário ser realmente um terreno seguro, bom
to negativo na sua remuneração, da de se investir e que, acima de tudo,
mesma forma que para as pessoas que
brasileiro comprou preste e continue prestando um excep-
CENP EM REVISTA
trabalham em veículos. “Seria realmen- esta causa” cional serviço para o consumidor, que
te um caso de grande retrocesso se fos- no final das contas é o grande benefi-
semos desregular, mesmo que de for- ciado em todas essas iniciativas.”
21
Entrevista
RICARDO NABHAN,
PRESIDENTE DA FENAPRO
“Cuidar da preservação de valores de nossa
atividade exige um esforço supremo”
Reeleito presidente da Fenapro em junho de 2010, para mais um mandato de três anos,
Nabhan é formado em Administração de Empresas, com pós-graduação em Propaganda e
Marketing pela ESPM. Ele dirige a ZN Marketing, agência do Mato Grosso do Sul e, na vida
associativa, já foi presidente do Sindicato das Agências de Propaganda de Mato Grosso do Sul,
ex-vp da Fenapro e atuou também como membro do Comitê de Ética do CENP. Nesta
entrevista, ele aborda o trabalho realizado na Fenapro desde 2007, revela as prioridades para a
próxima gestão e analisa os desafios que devem ser enfrentados pela indústria da publicidade.
22
objetivo de colaborar para a melhoria da formação educacio- como atendimento, gestão, mídias alternativas, novas mídias,
nal dos jovens. planejamento, legislação, licitações etc.
Outra iniciativa importante foi o fortalecimento dos laços Além das oficinas, a entidade organiza palestras para estu-
com demais entidades de defesa do setor, tais como a Abap, dantes de propaganda e marketing de todo o Brasil, com o
Abert, CENP, Conar e ABA, entre outras, com o objetivo de rea- objetivo de colaborar para a formação dos futuros profissio-
lizar um trabalho conjunto na defesa de questões importantes nais. Centenas de estudantes já participaram dessas palestras.
que afetam o mercado de comunicação. Entendemos que é fundamental trabalhar na formação dos
jovens que vão estar à frente do negócio da propaganda no
Entre os inúmeros projetos realizados, futuro. A grande mudança que esperamos é que todo esse
quais você destacaria como fundamentais esforço, no futuro, se transforme em mais qualidade, profis-
para ajudar na profissionalização da indústria sionalismo, ética e respeito.
da publicidade no Brasil?
Além de levantar a bandeira da regionalização, que deve ser Do ponto de vista das agências, quais as
entendida como um esforço permanente pela valorização dos mudanças que devemos ter neste cenário
mercados regionais, a Fenapro promoveu ações em parceria nos próximos anos?
com os Sinapros, como os encontros regionais realizados nas O mundo da comunicação está se transformando rapida-
diversas regiões do Brasil, com a presença dos presidentes mente em função da internet, das redes sociais, das novas tec-
dos sindicatos de todo o país e diretores regionais de cada um nologias como o mobile. Isto impacta diretamente os veículos,
deles. Isto tem permitido promover uma aproximação com os a distribuição de verbas e as estratégias de comunicação. As
mercados locais e, principalmente, ampliar o conhecimento agências também são fortemente influenciadas e têm que
sobre as características de cada mercado. ampliar sua área de atuação em áreas como digital, compor
Considero estes encontros fundamentais, por reunir equipes preparadas para os novos desafios e, sobretudo,
agências, veículos, anunciantes e profissionais, e permitir acompanhar e buscar se antecipar às novas tendências. Há
ouvir in loco os seus problemas e buscar as melhores solu-
ções e alternativas para resolvê-los. Já realizamos encontros
na Bahia, Pernambuco, Rio Grande Norte, Minas Gerais, São
Paulo, Paraná, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Espírito Santo e
Santa Catarina. O nosso objetivo é percorrer todo o Brasil.
Entendemos que é
Entre as atividades desenvolvidas
hoje pela Fenapro, quais têm sido mais
fundamental trabalhar
importantes para ajudar a preparar o futuro na formação dos jovens
da atividade no Brasil?
que vão estar à frente
Cito as oficinas de capacitação para os mercados locais que
acontecem durante os encontros regionais, com o objetivo de do negócio da propaganda
CENP EM REVISTA
23
FENAPRO
também movimentos macro que devem ser observados, Especificamente em sua gestão, quais as
como o próprio crescimento regional e a expansão das classes iniciativas que exigiram mais esforço da Fenapro?
C e D. É preciso que as agências conheçam melhor esse públi- Acredito que todas as iniciativas realizadas têm exigido
co e suas demandas. esforços da entidade, ainda mais quando sabemos que elas
representam os interesses de um universo de empresas que
Qual é hoje, em sua opinião, a principal luta conta, hoje, com mais de 10 mil agências, entre pequenas,
conjunta que o setor publicitário deve enfrentar? médias e grandes.
A liberdade de expressão comercial é sem dúvida a maior Um dos esforços, realizado em parceria com as demais enti-
CENP EM REVISTA
24
dades do setor, foi o fato de termos conseguido levar ao TCU,
por exemplo, o pleno conhecimento do que somos e o que faze-
mos. A ideia que se fazia dos serviços prestados pelas agências
de propaganda era muito diferente da nossa realidade.
Também estamos levando informações, tirando dúvidas e Estamos vivendo um bom
ajudando o mercado na aplicação da Lei no 12.232, por meio momento para o negócio da
de encontros com os responsáveis por este setor nos estados
e municípios e, em alguns casos, realizando encontros com
propaganda, o que certamente
os próprios prefeitos, ajudando-os no melhor entendimento irá ampliar as oportunidades”
dessa nova lei.
Cuidar da preservação de valores de nossa atividade exige
um esforço supremo, não apenas das entidades, mas de cada
um de seus profissionais. as agências, para o mercado e para o desenvolvimento do país
como um todo. Um bom exemplo disso é o Guia da melhor
Fenapro e Abap assinaram recentemente uma prática assinado pela ABA e Fenapro, um trabalho que tem
declaração conjunta de princípios e objetivos; norteado muitos anunciantes no momento de selecionar a
a Fenapro também tem desenvolvido iniciativas em agência ou agências para atenderem suas contas.
parceria com a ABA. Como você avalia a Outro exemplo é a Declaração Conjunta de Princípios e
importância de as entidades atuarem Objetivos assinado com a Abap. Este acordo visa a criação de
com propostas comuns? Este movimento é uma agenda comum que contribua para o crescimento e o de-
importante para fortalecer as diversas iniciativas? senvolvimento das agências. Sem dúvida, esses movimentos
Quanto mais as entidades trabalharem juntas, melhor para são importantes para fortalecer as diversas iniciativas em defe-
sa do setor e, principalmente, para o seu desenvolvimento.
25
FENAPRO
28 ANOS EM PROL DA QUALIFICAÇÃO
DAS AGÊNCIAS DE PROPAGANDA
26
Estima-se que
no período de
2007 a 2010
tenham passado
pela análise da
Fenapro
mais de trezentos
processos
de licitação”
Publicitária. Para isso, foi constituído 2013, uma vez que foi reeleito), comen- ção no 21 da CENP em Revista publicou
um comitê coordenador para visitar os ta que uma das prioridades de sua ges- reportagem sobre o Fórum.
estados, acompanhando as demandas tão tem sido justamente o fortalecimen- A Fenapro também teve participação
das agências e ajudando a identificar to dos laços com outras entidades do ativa na realização do IV Congresso
situações sensíveis envolvendo as setor, como ABA, Abap, ABP, CENP e Brasileiro de Publicidade, quando foi
Normas-Padrão e a legislação relacio- APP, com o objetivo de realizar um tra- responsável pelo painel sobre a realida-
nada à atividade publicitária. Como foi balho conjunto na defesa das questões de dos mercados regionais, que contou
defendido na ocasião pela Fenapro, o que afetam o setor. com mais de duzentos delegados de
intuito da entidade é atuar de forma Nos últimos anos este esforço de a- todo o país. Neste sentido, outra esfera
ainda mais estreita com os sindicatos e proximação tem rendido bons frutos. importante de atuação da entidade é a
o CENP no sentido de ajudar a esclare- Em 2009, por exemplo, em parceria com que envolve a aproximação com o
cer dúvidas para que as normas sejam a ABA foi organizado um grande evento poder público, visando defender os
respeitadas e cumpridas por meio da para debater o fortalecimento da ativida- interesses do setor publicitário em
adesão dos veículos regionais. de econômica publicitária brasileira. O I questões legais, projetos de leis e regu-
Fórum Mercados Brasileiros reuniu cer- lamentações relacionadas à propagan-
Unindo esforços ca de duzentos dirigentes e executivos de da. Para isso, além dos contatos com
CENP EM REVISTA
Ricardo Nabhan, à frente da entida- empresas anunciantes, agências de pro- diversos órgãos do governo, entre eles
de desde 2007 (e deve permanecer até paganda e veículos de todo o país. A edi- a Secom e o TCU, destacam-se a reali-
27
FENAPRO
zação de inúmeras reuniões com minis- lhado em prol da melhor qualificação e A questão das licitações públicas
tros, parlamentares e senadores, além conhecimento das agências no âmbito tem exigido bastante atenção da entida-
da participação em audiências públicas. da legislação, das licitações públicas e de, que tem atuado, com o apoio dos
Nabhan cita como exemplo o acompa- da gestão de agência. Pensando no futu- Sinapros, junto aos Tribunais de Contas
nhamento direto e a participação na ela- ro da questão, a atual gestão intensifi- dos estados, realizando consultas e
boração de emendas do projeto de lei cou a aproximação com o setor educa- orientando os responsáveis para que as
do deputado José Eduardo Martins cional, visando ampliar o conhecimento licitações regionais adotem os padrões
Cardozo, que se transformou na Lei no da atividade publicitária pelos alunos legais, face ao grande número de erros
12.232, e o envolvimento de represen- dos cursos de comunicação. Para tanto, usualmente constatados nesses editais.
tantes da entidade na condução do a entidade realiza palestras em universi- Em prol da busca de melhores práti-
debate para a elaboração do texto do dades em todo o país, já tendo coberto cas nesta área, foram desenvolvidos
Anexo C, do CENP. mais de 10 mil estudantes de propagan- inclusive materiais específicos sobre o
Em outra frente, a Fenapro tem traba- da, marketing e comunicação. assunto, disponível no site www.fena-
pro.org.br. “A iniciativa faz parte do
esforço de levar ao conhecimento dos
mercados regionais todos os procedi-
mentos de uma licitação pública, ter-
mos e regras que devem ser seguidas
para a realização de uma concorrência”,
explica Nabhan.
Para se ter uma ideia da dimensão
deste trabalho, estima-se que no perío-
do de 2007 a 2010 tenham passado
CENP EM REVISTA
28
Capa
30
um grupo, tribo ou país”; no verbete do Precisão, clareza ocorria até o advento da Lei, quando,
briefing, no entanto, depois das expres- não raro, o que os planejadores, cria-
sões em português, concordaram que e objetividade são dores e homens de mídia das agências
se podia “continuar usando briefing...”. inerentes aos estudavam à exaustão era material que
E assim se fez e faz. resultaria numa proposta especulativa
Faz-se tanto que a expressão, a par-
projetos básicos, que possivelmente jamais seria execu-
tir de 29 de abril deste ano, foi incorpo- o que o briefing tada pelo contratante.
rada ao vasto e sempre crescente passou a ser O briefing no setor privado e nas
repertório legal do país, passando ele, empresas do setor público que dispu-
o briefing, já incorporado à nossa lin- para as licitações tam o mercado, ao contrário, sempre
guagem técnica, a ser palavra de texto e contratações foi um instrumento de identificação de
legal e peça indispensável e obrigatória determinado problema de comunica-
nos editais de licitação e contratação
pelos entes ção. Já mereceu estudos acurados e
pela administração pública de serviços públicos de tem modelagem clássica e pode ser
de publicidade prestados por intermé- agências de dividido em:
dio de agências de propaganda. • definições de produto;
Segundo o artigo 6o da Lei no propaganda. • histórico de compra e consumo;
12.232/10, os editais obedecerão ao Deixou de ser • mercado/concorrência;
disposto no artigo 40 da Lei no • público-alvo;
8.666/93, que trata de uma maneira
mero instrumento de • verba/período e
geral das licitações, com exceções que especulação criativa • objetivos de marketing e comunicação.
lista e novas obrigações, dentre elas a Tudo escrito de forma precisa, clara
obrigação de incluir o briefing: “As in- e objetiva.
formações suficientes para que os No setor público, o modelo está
interessados elaborem propostas sendo construído e deve ser pensando
serão estabelecidas em um briefing, de a partir da constatação de que se trata
forma precisa, clara e objetiva”. Quer de atender com a publicidade ao inte-
dizer, a “diretriz, sumário de orienta- resse público, notadamente no que diz
ção, resumo informativo” deve ser pre- respeito ao direito de cada um a ser
ciso, claro e objetivo. informado sobre os atos e fatos de
governo, o que é indispensável ao
LICITAÇÕES aglutinamento de grupo, tribo, país de
Precisão, clareza e objetividade são que falam os autores do dicionário
inerentes aos projetos básicos, o que o pioneiro sobre a comunicação.
briefing passou a ser para as licitações Na prática, de forma precisa, clara e
e contratações pelos entes públicos de objetiva, o briefing de licitação pública
CENP EM REVISTA
31
BRIEFING
SERVIÇOS ESPECIAIS
RECEITA DE BRIEFING Os serviços prestados pelas agên-
PARA O SETOR PÚBLICO cias de propaganda são de natureza
especial, executados de forma contí-
Uma proposta de questionário para construção de um nua, o que implica dizer que no tempo
briefing de um ente público que organiza uma licitação de vigência do contrato, outros brie-
para contratação de serviços publicitários. fings específicos podem ser exigidos
1. Histórico de quem licita, o que é, onde atua, para quem atua, com que na relação anunciante-agência. Terão o
características e circunstâncias. mesmo comando, embora de conteú-
2. Dados geográficos e estatísticos pertinentes ao objetivo do projeto do mais simples, porque relacionados
a problemas novos enfrentados pela
de comunicação.
administração pública, que precisam
3. Problemas fáticos constatados e que tipos de ações estão sendo
do instrumento de comunicação para
desenvolvidas para saná-los ou amenizar os seus efeitos.
se tornar de conhecimento público, o
4. Recursos materiais e humanos aplicados, de que forma e com
que constitui direito do cidadão
que abrangência.
comum.
5. Resultados fáticos de ações desenvolvidas, mostrando de forma clara O briefing é o projeto básico e como
o que foi feito e será ainda implementado. tal deve obedecer aos princípios do
6. O que era, passou a ser e caminha para se transformar, no ambiente artigo 37 da Constituição Federal, que
institucional de quem licita, o objeto da licitação diante das ações trata da administração pública, com
desenvolvidas e a ser realizadas. especial atenção para a impessoalida-
7. Chamados e apelos públicos indispensáveis à participação geral nas de, respeitada com rigor, o que prevê o
ações de governo. parágrafo 1o daquele artigo: “A publici-
8. Desafios de comunicação constatados – características socioculturais dade dos atos, programas, obras, ser-
específicas, grupos socioeconômicos a serem atingidos, quadro viços e campanhas dos órgãos públi-
social e etário. cos, deverá ter caráter educativo, infor-
mativo ou de orientação social, dela
9. O que espera o ente contratador da estrutura de atendimento
não podendo constar nomes, símbo-
a ser contratada em termos de criatividade, estratégia e instrumentos
los ou imagens que caracterizam pro-
de comunicação com o público-alvo a que se destina a
moção pessoal de autoridades ou ser-
comunicação publicitária.
vidores públicos”.
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PROFÉTICO problemas encontram soluções me- comunicação; quem vai estudar e
Na apresentação do dicionário que lhores quando estas surgem natural- entender as pesquisas para indicar os
não quis abrasileirar a palavra briefing, mente e nos momentos mais adequa- meios e veículos da divulgação precisa
embora fosse tentativa de colocar em dos; ...é certo que as necessidades que conhecer os problemas e encontrar as
português os termos em uso no que ‘estão no ar’ são atendidas quando saídas naturais porque deve ser con-
era considerado época de “extraordi- maior é o reconhecimento de que algo vencido pelo conhecimento dos pro-
nária evolução técnica da mídia brasi- precisa ser feito...”. blemas que se decidiu resolver.
leira”, parece profético para quem vai Quem vai estudar um briefing e É do briefing que nasce a boa
estudar e elaborar um briefing o que indicar caminhos e estratégias; quem comunicação publicitária. É o projeto
disse, falando das razões do livro, vai criar as peças publicitárias que que o talento e a técnica deverão
Walter Clark, um pioneiro do talento melhor comuniquem as mensagens seguir para a boa prestação dos servi-
da mídia brasileira: “... é certo que os que atendam ao interesse público da ços publicitários.
33
BRIEFING
GRANDES E
PEQUENOS SEGREDOS
DE UM BOM BRIEFING
Para anunciantes e também para
publicitários, extraídos de dois trabalhos
antológicos sobre o tema briefing
história começa com um antigo
Um importante – importantíssimo – segredo A comercial de TV da vodca
de um bom briefing nem sempre fácil de ser Smirnoff, criado pela DPZ no começo dos
apreendido por profissionais de marketing anos 80, mais ou menos assim: um avião
jovens ou nem tanto: ele, o briefing, não deve se é mostrado em diferentes ângulos, com
um diálogo em off de um casal. Fala a
preocupar minimamente em fazer o trabalho do
mulher: “Estamos descendo em Casa-
publicitário, de planejamento, criação ou mídia. blanca e você está triste?”. Responde o
Em seu livro Raciocínio criativo na publicidade, o homem: “Já pensou? Tem Smirnoff em
publicitário Stalimir Vieira resume a coisa toda 143 países e vamos descer justamente em
com uma história mais cristalina impossível. um que não tem...”. Resposta da mulher:
“Ah, a gente compra amanhã em
De quebra, fornece importantes lições sobre
Katmandu...”.
a arte do briefing, tanto para anunciantes Em seguida, Stalimir destrincha os
quanto para colegas de profissão. caminhos que levaram do briefing à cria-
ção (obviamente eficiente, sem falar na
extrema elegância), a partir de um exer-
cício próprio para publicitários mas
que, bem entendido, é revelador de
importantes segredos: ao ver um anún-
cio, tente deduzir qual foi o briefing
CENP EM REVISTA
apresentado.
No entanto, como recomenda
Stalimir, é preciso ponderar antes outra
34
coisa: o criativo é um apaixonado no tar o contrário (e se?), por isso pensa matriz, ou uma combinação disso tudo,
atacado e no varejo, tanto pela sua rela- ‘ao contrário’. Quando um criativo tem podia ser resumido em uma única pala-
ção densa com a vida quanto por força de criar um comercial, por exemplo, vra: “internacionalidade”. Nela estão re-
da sua necessária identificação com a esta é a primeira coisa que ele se per- sumidos atributos, diferenciais e benefí-
publicidade, que o leva a ocupar-se de gunta: como é que todo mundo faz?”, cios capazes de fazer com que consu-
determinado assunto sintetizado em escreve Stalimir, frisando mais adiante: midores e consumidores em potencial
um briefing e emprestar ao tema o seu “pensar ao contrário não significa do produto não só memorizem o co-
talento criativo. A paixão própria do esquecer a adequação e a pertinência mercial como gerem neles uma atitude
publicitário o levará a não se conformar das propostas. O objetivo é exatamente de compra que feche o circuito deseja-
com informações burocráticas. Ele vai exacerbar o aspecto dramático da do pelo marketing a partir do conceito
querer mais: a resposta para a pergunta forma”. de que “beber internacionalidade” dá
ainda não feita, novos caminhos, possi- Voltando ao comercial de Smirnoff, prestígio ao consumidor, como explica
bilidades até então impensadas. “O resta óbvio que o conceito de marketing Stalimir. Além disso, o marketing do
criativo é um desestruturador de fórmu- proposto no briefing pelo anunciante, anunciante informou os publicitários
las, de modelos conhecidos, de forma- apurado por pesquisa, feeling, experiên- que a vodca Smirnoff estava presente
tos convencionais. Ele quer experimen- cias anteriores, inclusive oriundas da em 143 países. Fim do briefing.
35
BRIEFING
36
BRIEFING
DEFININDO RESPONSABILIDADES
Sobre o que cada área de anunciante e agência devem se responsabilizar
Agência de propaganda
Área de propaganda
a) Aconselhar e assistir a área de propaganda na formula-
a) Assegurar que as ações de propaganda sejam uma con-
ção dos objetivos de propaganda.
tribuição favorável ao plano de marketing.
b) Obter da área de propaganda (ou através dela) e de suas
b) Obter das áreas de marketing as necessárias informa-
próprias fontes todas as informações necessárias para a
ções relevantes para a formulação dos objetivos de propa-
execução do planejamento estratégico, dos planos de traba-
ganda. Conseguir informações adicionais de fontes externas
lho e levantamento dos custos para alcançar os objetivos.
(agência, institutos de pesquisa, dados publicados).
c) Executar o planejamento estratégico, os planos de traba-
c) Formular objetivos de propaganda compatíveis com as
lho e o orçamento, para submetê-los ao anunciante.
verbas, custos e retornos previsíveis, ajustando-os com
as áreas de marketing e a agência. d) Executar as tarefas aprovadas, sob a direção da área de
propaganda de seu cliente.
d) Preparar um briefing básico (e por escrito) para a agên-
cia, contendo as informações essenciais sobre o produto, o Extraído de Propaganda de A a Z de Rafael Sampaio
objetivo claríssimo
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vezes, nos deixa inseguros para ques-
tionar um briefing teoricamente elabora-
do por profissionais: temos medo de
parecer burros. Porém, há muito mais
briefings burros por aí do que possa
imaginar nossa vã filosofia. Se há dúvi-
das, é preciso perguntar. Perguntar não
ofende. É muito mais econômico do
que pegar um caminho errado na tenta-
tiva de preencher as falhas do briefing
com suposições. Um briefing deve res-
ponder claramente à pergunta: ‘O que
você quer?’ Se não responder, não está
completo. Não tem foco. Foco. Esta é todas as vezes que uma informação de fatos. Tende a confundir, e não a es-
uma palavrinha tão usada que, muitas passa de um ponto para outro e o pro- clarecer. Ele não é errado somente por-
vezes, nem nos damos conta da impor- pósito de organizá-lo corretamente é o que é longo, mas porque não é seletivo.
tância de seu significado. Tudo o que de assegurar a passagem da informa-
está no briefing deve conduzir a um foco ção certa – da pessoa certa para a pes- • Briefing demasiadamente
principal, a um objetivo claríssimo. Se soa certa – na hora certa, da maneira sistematizado
esse objetivo não for absolutamente certa com o custo certo. O sucesso ou Aqui o perigo é que o sistema se
perceptível, pare: há um problema com fracasso dessa operação depende, é torna mais importante que a informa-
ele ou com você. Tentar sair criando claro, de saber o que é certo no contex- ção que deveria ser resumida e transmi-
uma campanha sem questionar seria- to, pois o que é certo para uma situação tida. Um exemplo típico é um questio-
mente o briefing a respeito do que ele pode não ser certo para outra”, escre- nário excessivamente elaborado que
quer é como levantar voo sem ter che- veu Rafael. tenta dar a todos os aspectos uma
cado os instrumentos do avião.” Segundo ele, os erros mais comuns importância igual.
O outro trabalho antológico sobre o nos briefings são:
tema está contido no livro Propaganda • Briefing curto demais
de A a Z, de Rafael Sampaio, vice-presi- • Briefing muito extenso Isso significa um briefing com defi-
dente da ABA e membro do Conselho É caracterizado pela extensão, por ser ciências de informação, deixando muito
Executivo do CENP. “O briefing ocorre excessivamente elaborado, abarrotado espaço para o pensamento ilimitado do
39
BRIEFING
40
pessoal criativo. Como resultado, suas Rafael lembra que o briefing e o pla-
ideias podem não ser direcionadas para nejamento de propaganda são insepa-
• Atitudes racionais e emocionais com relação a
o foco correto. ráveis. No momento em que o planeja-
preço, qualidade, utilidade, conveniência
mento começa com a análise do proble-
• Hábitos de compra e uso
• Briefing muito dogmático ma, também começa o processo de
• Frequência da compra e uso
Ocorre, por exemplo, quando alguém briefing. Para ele, o processo de planeja-
Os Objetivos na organização do cliente tem ideias mento total em publicidade tem como
• Objetivos estratégicos da empresa fortes, preconcebidas sobre qual deve meta chegar a conclusões sobre:
• Objetivos de marketing (da empresa, linha, ser o approach da propaganda. Pode • Quem estamos tentando influenciar?
marca, produto ou serviço) em termos de volu- também ocorrer quando as conclusões • Como queremos influenciá-los?
me, valor, participações, ampliação de mercado e da pesquisa são interpretadas muito • Quando?
rentabilidade literalmente. • A que custo?
• Objetivos de comunicação (quem e quantos
atingir, o que comunicar, que atitudes e respostas • Briefing na hora e da maneira erradas “Para se chegar a conclusões basea-
se deseja motivar a curto e longo prazos) A falta de coordenação leva a ideias das em fatos, são envolvidas a passagem
• Problemas (que dificultam atingir os objetivos) confusas e até conflitantes. Muito e a troca de informações entre as áreas
• Oportunidades (que facilitam atingir os objeti- tempo gasto com coisas secundárias. de marketing e propaganda do anuncian-
vos) Pouquíssimo tempo para o desenvolvi- te e sua agência (incluindo as respectivas
mento criativo – ou talvez até muito, áreas de pesquisa)”, escreve Rafael. “O
A Estratégia Básica tornando o interesse e o entusiasmo processo é uma investigação sistemática
• Ferramentas de comunicação sugeridas menores. e uma troca meticulosa de informações,
• Peças sugeridas e conteúdo básico análise e exame, mantendo o que for
• Posicionamento (como a empresa, linha, pro- relevante e descartando o que não for,
duto, serviço ou marca quer ser percebida no até que o objetivo ótimo de propaganda
mercado) apareça, tão claro e preciso quanto pos-
• Approach criativo (sugestões) sível. Portanto, o briefing é um processo
• Pontos obrigatórios a serem destacados ou evi- contínuo e cumulativo através de todos
tados os estágios do planejamento de propa-
• Target primário ou secundário ganda. Se cada estágio for corretamente
• Mercados (regiões e segmentos) a serem realizado, o passo seguinte torna-se
cobertos muito mais claro, fácil, certo e preciso.”
• Meios de comunicação e veículos sugeridos
[ ]
• Período de veiculação desejado
• Estilo (da empresa, linha, marca) a ser seguido Para Rafael, o briefing é um processo
• Verba disponível
contínuo e cumulativo através de todos
CENP EM REVISTA
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BRIEFING
42
Regionais
ário Guerra, sócio-diretor da Set Comunica- investimentos privados, na região da Grande Vitória
M ção, confirma que o mercado do Espírito e norte do estado.
Santo tem crescido muito nos últimos anos. O boom inicial Ao comentar as dificuldades enfrentadas, Mário indica a
ocorreu com o setor imobiliário. Além dos benefícios financei- falta de mão de obra especializada e a informalidade de algu-
ros que esses investimentos geraram para as agências, forne- mas empresas. “Mas o mercado está no caminho certo e a
cedores e veículos, um fato seleção natural vai ocorrer”, acredita, ponderando que o pri-
“O mercado está no que ele considera tão impor- mordial é a formação de profissionais mais preparados não só
caminho certo e a seleção tante quanto foi a mudança de para as agências, mas para o marketing dos clientes.
natural vai ocorrer” visão quanto à qualidade dos No que se refere à participação do CENP na região, Mário
materiais e aos investimentos diz que veículos e agências reconhecem a importância da cer-
em comunicação, que passaram a ser mais planejados e valo- tificação e, de forma geral, acatam suas normas. “A dificulda-
rizados. “Dos filmes para TV, passando pelos folders e os tapu- de muitas vezes está nos médios e pequenos”, reclama, acres-
mes dos empreendimentos, o nível técnico melhorou bastan- centando que o problema maior é a falta de reconhecimento
te”, salienta o publicitário. por parte dos anunciantes. “Só com a regulamentação e a
O aquecimento da economia é resultado também do movi- ética nos relacionamentos é que o mercado irá crescer e se
mento na área do varejo, com a chegada de grandes redes profissionalizar de forma sustentável”, diz ele.
nacionais. São igualmente boas as expectativas em relação ao Fundada em 1999, a Set responde atualmente por contas
setor público, com investimentos do governo do Estado e, dos setores de construção civil, saúde, indústria e ensino,
principalmente, da Petrobras, que está desencadeando outros entre outros.
local – onde a maioria dos anunciantes é de micro e pequenas mentas da comunicação. Hoje tem uma equipe multiprofis-
empresas que, em muitos casos, recorrem direto ao veículo sional, com publicitários, jornalistas, administradores de
quando querem anunciar – é disseminar o entendimento de empresa, artistas gráficos etc.
44
ANUNCIANTE DO PARANÁ IMÓVEIS, ELETRODOMÉSTICOS E
TEM BUSCADO SOLUÇÕES AUTOMÓVEIS AQUECEM MERCADO
MAIS CRIATIVAS PUBLICITÁRIO DE GOIÂNIA
m linha com o que tem ocorrido em várias regiões, o m Goiânia, Romero Fonseca, diretor de atendimento
E varejo é o setor que mais tem crescido nos últimos E da Identidade Comunicação, revela que o setor que
anos no Paraná, com destaque para os super e hipermermer- “pegou fogo” no mercado nos últimos anos foi o imobiliá-
cados, setor automotivo e mercado imobiliário que, a reboque, rio. Segundo ele, o programa Minha Casa, Minha Vida des-
tem movimentado as áreas de materiais de construção, acaba- pertou o sonho de moradia própria nas classes C e D, que
mentos, móveis e decorações, shoppings etc. “Este movimen- se viram em condições de adquirir seu imóvel e o efeito aca-
to de crescimento, marcado também pela forte competição bou sendo em cascata: a classe média também fez upgrade
pela preferência do consumidor, força o anunciante a buscar e com isso o mercado ficou extremamente agressivo.
soluções criativas e diferenciadas, fugindo da repetição”, Outros que também têm movimentado a
comenta Ciro Cesar economia local são os de automóveis e ele-
Zadra, diretor-geral da “Acredito no CENP, mas trodomésticos.
CCZ Comunicação. é necessário uma atuação Para o publicitário, a grande dificuldade
Ele cita como exem- mais forte e efetiva do no mercado local é a entrada das agências
plo grandes eventos órgão na região” nacionais na região, o que tem ocorrido com frequência, em
realizados em Curitiba, virtude da compra de empresas locais por grandes grupos.
como o Luppa Lunna, da RPC, e o Fórum de Marketing, orga- “O pior é que várias dessas agências não respeitam as
nizado pela Faculdade Positivo, além das diversas ações de Normas-Padrão”, reclama Romero, observando que isto
buzz, feiras e bazares cruzados com iniciativas em redes acontece porque o volume de verba é maior; então, nego-
sociais e mobile. ciam-se descontos acima dos sugeridos pelo CENP. “Isto
A aposta em novas ferramentas por parte dos clientes é para o mercado regional é a morte”, enfatiza, ponderando
vista com bons olhos, porém a região que o órgão tem um papel fundamental nos mercados
ainda enfrenta algumas dificuldades. “São regionais.
fatores que se perpetuam e são nocivos, No caso de Goiânia, Romero comenta que o CENP tem
porque atrapalham o desenvolvimento do mercado”, diz Ciro, contribuído na fiscalização das
indicando como parte deste rol a dificuldade em se reter os empresas, mas pode ter uma “A atuação do CENP
talentos, que acabam migrando para São Paulo, e o problema atuação mais efetiva e próxima não pode ficar restrita
das concorrências privadas, realizadas com critérios abusivos. das necessidades locais. “Os à certificação”
Segundo o publicitário, há iniciativas isoladas para tentar descontos estão indo para o ‘-
melhorar, mas ainda “falta queijo no macarrão”. Ele acredita brejo’ e temos perdido várias concorrências por este moti-
no CENP e chama a atenção para a necessidade de uma atua- vo”, diz, observando que a atuação do órgão não pode ficar
ção mais forte e efetiva do órgão na região, orientando, ajus- restrita à certificação.
tando, qualificando e até restabelecendo relações. Criada em 1994, a Identidade Comunicação é dirigida por
A CCZ completou dezenove anos em 2010 e tem como Romero e por David Izacc, e mantém em sua carteira, da
principais clientes: rede de supermercados Condor, área privada, clientes como Tropical Imóveis, Tropical Brasil
Prefeitura Municipal de Curitiba, General Motors (varejo de Brokers, Ademi-Goiás, Rede Imobiliária de Goiânia,
CENP EM REVISTA
fábrica, atendido em parceria com Salles Chemistri), Big Ben Construtora Dinâmica, Engel Engenharia, CMO Construtora,
(rede de joalherias), Avannti Incorporações e Construções e Rossi Incorporadora, Masb, Remo Incorporadora e Ciaasa
Volvo Caminhões. Ford, entre outros.
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Acontece no CENP
tando trinta anos. tor da Abap. O tema foi o mercado pu- seu aprimoramento para imple-
Depois, foi a vez de Mario Castelar. blicitário. Até o final do ano, estão pre- mentação local.
Membro do Conselho Executivo e da vistas palestras da ABA e Fenapro.
46
Crônica
PESQUISANDO
Mario Castelar
omecei a trabalhar na Norton Publicidade numa sempre aparado, ternos jaquetão e voz forte, com um sota-
C segunda-feira, 3 de janeiro de 1972. Vinha da Souza que extremamente diferenciado. E uma coisa que poucos
Cruz e assumi a chefia do Departamento de Pesquisa de sabiam: dr. Geraldo tinha um alter ego, o Geraldão.
Mercado. Toda a estrutura anterior fora desmontada. Era o Geraldão que punha apelido nos donos das outras
A Norton era então a quinta maior agência do mercado agências e no pessoal da Norton, mais chegado a ele e que
brasileiro e seu fundador, dr. Geraldo Alonso, adorava e vivia uma porção de peripécias que hoje são assunto nas
sabia receber visitantes e mostrar sua agência, explicando rodas de conversa dos profissionais “da antiga”.
em detalhes a materialização do conceito de “atendimento São muitas as histórias. Tem uma assim:
integrado” que reivindicava como uma inovação sua. Dr. Geraldo pediu ao Carlito Maia – então diretor de aten-
Para os mais novos, é preciso dizer que o dr. Geraldo era dimento/planejamento da Norton – “um contato para aten-
uma pessoa impressionante. Alto, cabelos brancos, bigode der uma conta pequena”. E o Carlito, achando o pedido
meio absurdo, teria mandado um anão para a entrevista.
Reza a lenda que o Geraldão tinha rompantes e que, num
desses, demitiu todos os funcionários do Departamento de
Pesquisa, que era um dos maiores do mercado e ocupava
praticamente um andar inteiro da sede da agência, na Rua
General Jardim, em São Paulo.
Diz que um dia, logo após o desmonte da área de pes-
quisa, o dr. Geraldo estava mostrando a agência para um
prospect e, chegando à área da pesquisa, teria dito antes de
abrir a porta, com sua voz característica: “Aqui é a pesquisa,
doutor! O maior Departamento de Pesquisa de uma agên-
cia na América Latina”.
Quando abriu a porta, deparou com as mesas vazias e só
então, lembrando-se do que havia feito (ele se orgulhava de
Mario Castelar é diretor de planejamento da Winners
não mentir jamais), disse: “Todo mundo na rua, doutor.
Comunicação, consultor em comunicação e marketing,
autor do livro Marketing da nova geração e do blog Pesquisando!”.
www.pontoparagrapho.com.br.
Foi diretor da Nestlé Brasil, tendo passado pela Marplan, “Aqui é a pesquisa, doutor!
Souza Cruz, Rhodia, TV Bandeirantes e Norton Propaganda,
entre outras. É vice-presidente do CENP e professor da O maior Departamento
ESPM. Recebeu o prêmio Caboré em 2003 na categoria
de Pesquisa de uma agência
CENP EM REVISTA
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Cartas
■ O mercado publicitário brasileiro pode comemorar direito. Enfim, vivemos num país com permanente “furor
umas das suas maiores vitórias, com a aprovação da Lei legisferante”.
n0 12.232/10.
Ela equivale, em muitos sentidos, aos marcos regulató- Artur Rodrigues
rios sempre tão lembrados pelos investidores internacio- Belo Horizonte
nais, antes de aportarem por aqui com os seus bilhões de
dólares. Agora, sabemos todos que nossas fontes de recur- ■ Muito boa e completa a edição 23 do CENP em Revista. É
sos estão asseguradas e a salvo de contestações, inclusive um verdadeiro manual para agências que trabalham para
de natureza judicial. É, de fato, uma grande vitória para órgãos públicos.
todos nós. Ela é também uma bela homenagem à atividade publicitá-
No entanto, não deixa de ser irônico que a lei tenha sido ria, principalmente o texto “O passado garantiu o futuro”,
aprovada só muitos e muitos anos depois de a publicidade escrito por Caio Barsotti. Devemos todos ficar orgulhosos de
ter se consolidado de fato como um dos mais importantes ver a linha de coerência que nasceu ainda nos anos 50 com o
e reconhecidos, inclusive no exterior, segmentos da econo- Código de Ética da categoria e foi evoluindo tijolo a tijolo até
mia nacional. chegar à criação do CENP e aprovação da Lei no 12.232/10.
Os bons serviços que os publicitários prestaram e pres-
tam à sociedade deveriam ter bastado – mas precisamos de Luiz Sergio Mendes
uma lei para assegurar coisas que já eram nossas de pleno Maceió
CONSELHO EXECUTIVO Marcelo Benez, Marcelo Romão, Maurício Toni, Oscar Mattos,
ABA – Mário Castelar, Pedro Silva, Rafael Sampaio; ABAP – Ênio Paulo Fraga, Paulo Tonet Camargo, Ricardo Visconde, Roni
Vergeiro, Geraldo Alonso Filho, José Francisco Eustáchio, Orlando Miranda Pires, Ruy Mendonça; CENTRAL DE OUTDOOR – Cláudio
Marques, Paulo Zoega, Roberto Mesquita; ABERT – Carlos Rubens Pereira, Ivo Rodrigues, Luiz Fernando Rodovalho, Luiz Roberto
dos Santos Doné, Cícero J. de Azevedo Neto, Gilberto C. Leifert, Júlio Ferreira Valente Filho; FENAPRO – Antônio Carlos Vieira, Antônio
Cesar Casares, Paulo Machado de Carvalho Neto, Paulo Saad Jafet, Lino Pinto, César Augusto F. Paim, Domingos Logullo, Eduardo
CENP EM REVISTA é uma publicação Rubens Jorge de Campos Filho; ABTA – Fred Müller, Gustavo Leme, Crivellente Neto, Fernando Manhães, Glaucio Binder, Juarez
trimestral, editada pelo CENP – Conselho Herbert Zeizer, Rafael Davini Neto; ANER – Gilberto Corazza, Manoel Beltrão, Luiz Gonzaga Rodrigues Jr., Renato Tourinho.
Executivo das Normas-Padrão. Artigos assi- Mauger, Renê Cassetari, Thais Chede Soares; ANJ – Antonio Carlos de
nados não refletem necessariamente a Moura, Cláudio Santos, Mário Pinto Neves Filho, Oscar Mattos; DIRETORIA EXECUTIVA
opinião desta revista, assim como declara- CENTRAL DE OUTDOOR – Cláudio Pereira, Luiz Fernando Presidente: Caio Barsotti; 1o Vice-Presidente: Ênio Vergeiro; 2o Vice-
ções emitidas por entrevistados. Rodovalho, Luiz Roberto F. Valente Filho, Raul Nogueira Filho; Presidente: Oscar Mattos; 3o Vice-Presidente: Mário Castelar;
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