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em geral precisa-se da adição de N através de fertilizantes químicos
ntre os elementos minerais essenciais, o nitrogênio
para otimizar o crescimento e o rendimento de milho.
(N) é o que com mais freqüência limita o crescimen-
to e o rendimento do milho. Esta limitação ocorre O nitrogênio é o único, entre os nutrientes minerais, que
porque as plantas requerem quantidades relativamente grandes de pode ser absorvido pelas plantas em duas formas distintas: como
N (de 1,5 a 3,5% do peso seco da planta), e porque a maioria dos ânion NO3- ou como cátion NH4+. Várias fontes diferentes de ferti-
solos não tem N suficiente em forma disponível para sustentar os lizantes nitrogenados são comumente usadas nos Estados Unidos,
níveis de produção desejados. Já que a deficiência de N pode dimi- as quais contêm relações variadas de NO3- e NH4+. Porém, devido
nuir o rendimento e a qualidade dos grãos, elaboram-se medidas às bactérias do solo oxidarem rapidamente o NH4+ a NO3- em solos
para assegurar que níveis adequados de N estejam disponíveis às quentes, bem arejados, favoráveis ao crescimento da cultura, o NO3-
plantas. Algumas estimativas sugerem que o fertilizante nitrogenado é a forma predominante absorvida pelas plantas, independente da
responde por 80% do custo total de fertilizantes e 30% de toda a fonte de N aplicada.
energia associada com a moderna produção agrícola (STANGEL, Além de ser a forma de N mais disponível à planta, o NO3-
1984). também é responsável pelas maiores perdas de N do solo já que é
Embora bem aceito pelos produtores de milho que teores suscetível à lixiviação ou desnitrificação. Também pode ser removi-
adequados de N são necessários para obter altos rendimentos, o do temporariamente da reserva disponível do solo através da
dilema está em saber que quantidade aplicar. Este problema resulta adsorção, fixação e imobilização microbiana. As implicações eco-
do complexo ciclo do N no ambiente, que pode permitir perdas nômicas destas perdas são patentes, especialmente quando elas
abaixo da zona radicular. É ainda mais complicado por problemas são grandes o bastante para limitar a produtividade da cultura. Es-
mecânicos associados a aplicações de N-fertilizantes e por incerte- tas perdas também muito ajudam em perpetuar a incerteza associa-
zas relacionadas às condições meteorológicas, especialmente dis- da com o manejo do adubo nitrogenado e o potencial de dano
ponibilidade de água. O N do fertilizante não aproveitado, além do ambiental.
prejuízo econômico, pode causar dano ambiental se perdido do
solo. Perdas excessivas de fertilizantes nitrogenados de culturas
agrícolas implicaram em contaminação de lençóis freáticos por ni- NITROGÊNIO NA PLANTA
trato, e tem contribuído para a zona hipóxica no Golfo do México
(CARPENTER et al., 1998; BURKART & JAMES, 1999). Com o cres- Independente da forma absorvida, uma vez na planta o N
cente interesse da opinião pública na qualidade ambiental, estão inorgânico tem que ser assimilado (isto é, incorporado em compos-
aumentando as pressões sobre os agricultores para melhorar o ma- tos contendo carbono) em formas orgânicas, tipicamente amino-
nejo de N. Com o advento das práticas de conservação do solo ácidos. Enquanto o N é incorporado em numerosos compostos
também aumentaram as questões relativas ao melhor manejo do essenciais à planta, a vasta maioria (90% ou mais) está presente nas
fertilizante nitrogenado. proteínas. Embora complexo, o impacto do metabolismo do N no
Este artigo explica brevemente como o N governa o cresci- crescimento e rendimento do milho pode ser resumido em duas
mento e o rendimento da planta e discute vários modos para melho- funções gerais: 1) estabelecimento e manutenção da capacidade
rar seu manejo. fotossintética e 2) desenvolvimento e crescimento dos drenos
reprodutivos (BELOW, 1995).
O objetivo em estabelecer a capacidade fotossintética é as-
DISPONIBILIDADE DE NITROGÊNIO segurar que a provisão de N não venha a limitar o desenvolvimento
do aparato fotossintético (enzimas, pigmentos e outros compostos
Sob condições naturais, o N entra no ambiente do solo como necessários à fotossíntese). Dentro de limites, o aumento no supri-
resultado da fixação biológica e/ou da decomposição dos resíduos mento de N aumenta o crescimento e o vigor da planta, enquanto a
animais e vegetais. A maior parte do N nos solos está contida na deficiência resulta em plantas menores, pálidas. Coletivamente, es-
matéria orgânica (> 90%), que é relativamente estável e não direta- tas diferenças afetam a interceptação solar, a fotossíntese e em
mente disponível às plantas. Embora uma porção do N na matéria última instância o rendimento de grãos. Enquanto deficiências de N
orgânica possa se tornar disponível pela mineralização através dos são prontamente identificáveis pelos agricultores (e pelos seus vi-
microrganismos do solo, a quantidade liberada é variável e depen- zinhos) devido à cor verde mais clara da cultura (Figura 1), já é
de das práticas de manejo e das condições ambientais. Além disso, muito mais difícil identificar com base na cor da cultura quando o
a liberação é normalmente muito lenta para satisfazer as necessida- nível de N está adequado, e não excessivo.
1
Palestra apresentada no 1o Simpósio sobre Rotação Soja/Milho no Plantio Direto, promovido pela POTAFOS, Piracicaba-SP, em 03 a 06/julho/2000.
2
Departamento de Ciências do Solo, Professor Associado, University of Illinois, Urbana, EUA. E-mail: f-below@uiuc.edu
Deficiente em N Suficiente em N
Figura 1. Vista aérea de uma cultura de milho onde diferentes doses
de N-fertilizante foram aplicadas antes do plantio. Áreas
Figura 3. Comparação entre espigas maduras de milho oriundas de
deficientes em N são vistas facilmente pela cor verde mais
plantas cultivadas com suprimento suficiente e deficiente
clara, enquanto áreas com excesso de N não podem ser
de N. Notar que as plantas deficientes em N exibem dimi-
facilmente distinguidas. A cultura está cerca de duas se-
nuição de fileiras de grãos no topo da espiga.
manas antes do florescimento.
Para alcançar altos rendimentos, as plantas têm que estabe- um impacto menor sobre o peso individual dos grãos, que no núme-
lecer não só a capacidade fotossintética, mas também continuar a ro de grãos. A adição de fertilizante nitrogenado aumentou o peso
fotossíntese durante a formação da semente e durante o período de de cada grão em apenas 10%, e este aumento foi obtido principal-
enchimento de grãos. Este papel é particularmente importante, des- mente com o primeiro incremento de N (67 kg N/ha). Por outro lado,
de que a acumulação de matéria seca nos grãos de milho depende todos os incrementos em fertilizante nitrogenado resultaram em
da fotossíntese presente. A maior parte do N na folha de milho está maior número de grãos, em um padrão bem parecido com a típica
associada ao cloroplasto (ao redor de 60% do N total da folha), e resposta de rendimento de grãos ao suprimento de N (Figura 4).
estas proteínas estão sujeitas ao desdobramento e remobilização
dos aminoácidos resultantes. Com o envelhecimento das folhas, a
capacidade fotossintética diminui, e também o suprimento de assi-
milados e o rendimento de grãos. Este declínio ocorre mais rapida-
mente para as folhas deficientes em N (Figura 2), e conduz a espigas
menores, com menos grãos (Figura 3).
Época de Ano
Média
aplicação 1997 1998 1999
- - - - - - - - - - t/ha - - - - - - - - - - - -
Nenhum N 8,0 5,8 7,0 6,9
Outono 9,4 8,5 8,6 8,8
Inverno 9,3 9,4 9,2 9,3
Primavera 9,7 10,0 9,6 9,8