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ANO II
BOLETIM DO

* If**
PORTQDE
N.0
24
Janeiro 1953

« M I N I S T É R I O DAS . C O M U N I C A Ç Õ E S
ADMINISTRAÇÃO-GERAL DOPORTO DE LISBOA — Direcção dosServiços Financeiros — Cais do Sodré —LISBOA

SUMARIO
Há 55 anos: Gravedesastre noportodeLisboa. Umlançodemuralha,de25o metros,
desmorona-se subitamente, afundando-se nas águas do Tejo
O Plano de Fomento entra em execução-—A sua aplicação ao Porto de Lisboa
O tetrápode: recente e útil criação da técnica francesa para a construção de
quebra-mares
A navegação mercante nacional, ofrete e asdespesasportuárias
O aproveitamento racional do navio— Oproblema das três mercadorias, do Profes-
sor Scribanti
Legislação eoutras determinações legais aplicáveis ao Porto de Lisboa
Domínio público do Estado
Alienação e transjerência de imóveis do domíniopúblico do Estado
Empreitada de instalações provisórias da Parceria dos Vapores Lisbonenses, junto da Estação do Sul
e Sueste
Funcionários em serviço em organismos internacionais
Funcianários, sua ausência do serviço por licença,faltas justificadas ou doença
Isenção de impostos portuários
Orçamento Geral do Estado
Orçamento privativo da Administração-Geral do Porto de Lisboa
Pessoal assalariado. Contagem dos períodos de doença
Pessoal assalariado. Faltas de nojo
Pessoal assalariado. Contagem do tempo de serviço efectivo para efeito de concessão de licença sem
perda de salário
Pessoal assalariado. Contagem do tempo de serviço efectivo p a r a efeito de abonos em caso de doença
Prados de entrega de certificados relativos a matrícula no ensino primário
Provimentos em comissão de serviço
Receitas ordinária e extraordinária da Administração-Geral do Porto de Lisboa

Tarifário do Porto de Lisboa — Determinações e esclarecimentos


A aplicação dos aumentos de taxas referidos no art. 6." do Regulamento de Tarifas
Acostagem de navios.
A isenção de taxa deporto e as regalias que a aplicação da taxa i e porto confere às mercadorias
Da observância das determinações referentes a tarifário
Facturação de serviços de atracação e desatracaçao de navios. O tempo do "trajecto" das embarcações
do Porto de Lisboa desde o respectivo ancoradouro até ao local do serviço
Isenção de taxas de porto
Isenção de taxas portuárias relativamente a material de guerra
Taxas deporto relativas a combustíveis e a óleos ?novinientados pelas Companhias de combustíveis
Taxas de tráfego aplicáveis a material semovente (automóveis, tractores ou outro)
Taxas de tráfego de entrada e de saída
Taxa de desencaixotamento

O Porto de Lisboa em Janeiro de rg53


i — Movimento de navios no porto
2 — Movimentação de mercadorias
3 — Passageiros
4 —Produção do porto
5 —Tráfego de mercadorias
6—Receita cobrada
7—Posição da cobrança
8 —Situação de contas
Resumo

Transcrições
BOLETIM DO P O R T O . D É L I S B O A

Há 55 anos: Grave desastre no porto de Lisboa.


Um lanço de muralha, de 250 metros, desmorona-se
subitamente, afundando-se nas águas do Tejo

Era o dia 22 de Novembro de 1897. Há 55 anos. Afirmaram 'algumas testemunhas ocasionais que T
Pelas 6 horas da manhã, em ocasião'de baixa-màr, '' "as extremidades do muro foram as últimas que aba- •'
produziu-se nas obras da empreitada do porto de teram, depois da parte central dele se haver desloca-
Lisboa, a cargo da empresa Hersent por contrato do",.e que "não se notara se a água subia ou baixava,
de 8, de M a i o de 1 8 9 4 , espectaculoso e grave mas somente que formara um redemoinho, no qual ha-
acidente. , - . - , • . , . -L -. • •, •• •, -• viam desaparecido algumas tábuas".
Nada menos do que isto: o chamado muro da Al- Assim, o desastre .iniciara^se. pelo abatimento do
fândega, cuja construção estava quase terminada, ruíra aterro, dando-se depois a deslocação do muro para o
subitamente na extensão'de'cais de'25i, m i7, desapa- lado exterior, formando' pronunciada cur'va,' "e con-
recendo nò. rio, e juntamente com ele grande parte .dò. iservando-se por algum tempo superior à máfé e ligado
respectivo aterro e tudo que se encontrava no corres- pelas extremidades". • • -.;•.
pondente terrapleno. .,,..,,. Conforme dissemos, a extensão do muro derrocado
O referido muro da Alfândega destinava-se a ser- em frente da alfândega media 25i, r a i7; quando se deu
vir dè caís acostávelt'aos grandes navios de comércio; o desastre,' faltava apenas para a conclusão do.muro-
e ter 'junto a ele a profundidade de água de 8 metros uma parte das alvenarias (7.578,m373o) e o revesti-
abaixo do zero hidrográfico. . ••.: •'..<• ..; . • mento', de cantaria, e, quanto ao respectivo.aterro, es-
0
Como escreve o Eng. Adolfo Loureiro, na sua tava ele quase concluído pois apenas faltava ,0 pe-
obra '«Os portos marítimos de Portugal e ilhas adja- queno volume de i3.ooom3.
centes», era aquele muro «muito avançado sobre a O valor da obra derruída atingia cerca de 220 con-
margem, caindo em alturas de água que subiam a 12- tos de reis, o que dá ideia do considerável prejuízo-
metros em baixa-mar, e sobre uma camada de vasa havido.
que chegava em alguns lugares a ter mais de 20 me- A quem cabia este prejuízo, ou, por outras pala-
tros de espessura, em camadas de alturas variadas, vras, quem devia ser responsabilizado pelo desastre?'
intercaladas còm outras de areia e conchas marinhas, Para o necessário estudo do. assunto nomeou o-
pelas' quais se escoavam fontes, interiores, algumas Governo, sem perda de tempo, por portaria de 26 de
repuxantes a cota superior à da,baixa-mar. Com esse Novembro de 3897, uma comissão constituída pelos
muro conquistava-se um largo espaço de grandíssimo Engenheiros Joaquim Pires de Sousa Gomes,, João
valor, não só para o tráfego do porto, mas por ser Veríssimo Mendes Guerreiro e Pedro Ignácio Lopes,
uma parte dele destinado à estação fluvial do caminho os quais, "tratando com a devida reflexão de um facto
de ferro do Sul e Sueste. A sua posição central ao de superior importância técnica", elaboraram um rela-
porto, próximo da sede dos-serviços aduaneiros, na tório que constitui, como escreve o Eng.0 Adolfo Lou-
proximidade dos lugares de maior actividade e inten- reiro, na sua obra citada, "documento de grande
sidade comercial, dava-lhe tambe'm uma excepcional valia".
importância». No inquérito feito, tinha a empresa construtora in-
E 'esta extensa e importante construção desapare- dicado o facto curioso de que o'volume de aterro que,
cera de repente em breves momentos. após o desastre, baixara na rectaguarda do muro
Conforme se averiguou, então, e dá notícia o derrubado, era de 75.ooo"13 e que o leito do rio, por
citado autor, na sua referida obra, o desastre dera-se fora do aludido muro, se tinha elevado em volume
"principiando por abrir-se no aterro uma cova a correspondente a 62.ooo"13. O solo descera vertical-
alguma distância para o interior do muro de cais, mente e diversas sondagens nele feitas mostravam a
formando-se uma espe'cie de turbilhão que levou existência de uma camada de vasa mole, impregnada
rapidamente a areia do aterro, e a fez desaparecer, de água em pressão, de tal modo que nos tubos de
assim como o muro, que avançou pela água dentro sondagem chegou a atingir a altura de g metros aci-
até submergir-se". ma do zero hidrográfico. Parecia .que essa água for-
_ = :ANO:il - N.° 2:4- JANEIRO; ig53

mava uma,corrente.-sub.terrânea, por baixo da camada transcrevemos da citada obra do Eng.0 Adolfo Lour
•de argila em que penetravam os enrocamentos do reiro,:. |. -, . - .;lj ; , , '-, . .-, ..
muro,-^constituindo talvez o>delta de pequeno, regato _ • ' " . • . • , . . • • • • • • . • • - • _ • „ . • • • •

0
yiiido'de vale interior, transversal ao rio. , «4. —Que, tendo começado'a.construção dos- muros
,.:-Considerou aj comissão de inquérito estas e outras -• até a altura de .4 metros, acima do zero hidro-
informações.e.estudou-as meticulosamente.' . • t gráfico, se dera o acidente, quando ainda lhes
Era de admitir que as águas que corriam nas-ca- faltavam 2 metros, de altura, e bem, assim o
madas inferiores do terreno, do-desastre tinhanxsido seu revestimento de cantaria, estando já nessa
naturalmente represadas è.comprimidas pela pressão ocasião o aterro elevado à cota .(-f; ô^oo), proxi-
do muro em construção e dos enrocamentos; que os mamente, e tendo-este aterro primeiro sido feito
líquidos .trazidos, pelos canos,'à'sr vezes em grandes- por descarregadores e nora montados no pró-
quantidades, e que só tinham saída para o rio. à cota' prio muro, e depois por descarregadores flu-
•dê.-l-H 1^,842), tivessem exercido, abaixo desta cota, tuantes ;
pressão sobre o solo e na face interior do muro; e, 5.°— Que os aterros haviam marchado muito rapida-
ainda,- que considerar a acção desfavorável das águas mente, não seguindo paralelamente ao altea-
lançadas no local de envolta com as areias, pelo des- mento do muro ;.
carregador flutuante. , 6.°— Que, anteriormente à conclusão dos aterros,
Todas estas águas ficavam encerradas no recinto fora feito entre o antigo e o novo muro de ju-
da obra. Como elas não tinham saída fácil para o rio, sante um enrocamento para vedar por esse lado
teriam exercido natural impulso no muro em constru- o recinto, o que obstou a que por aquele lado
ção adiantada. se derivassem lateralmente-os impulsos devidos
Embora o terreno, não obstante a sua natureza e aos mesmos aterros;
situação,.tivesse suficiente capacidade de resistência à Que o desastre se iniciou pela manifestação de
pressão vertical dos muros e dos aterros construídos, uma depressão cónica no aterro, corresponden-
o: impulso lateral das camadas de lodo impregnadas ternente ao centro do muro, manifestando-se um
de : água, sobre as quais actuava o peso do aterro, abaixamento de cerca de 4 metros, em toda a
teria determinado o deslocamento de toda a massa extensão, e um avançamento lento do muro
«m que assentava o muro. para o exterior, tomando a planta de uma cur-
E assim, "como era de esperar,foi no momento va, cuja corda era determinada pelas duas ex-
da- baixa-mar,- em que o peso do aterro e da água tremidades do muro ,e a flecha, de ig metros,
devia produzir todo o• seu esforço nas camadas de aproximadamente, ao centro;
vasa, e que menor era a carga exterior, que, cedendo 8 . ° - Que.0 muro foi arrastado sobre os enrocamen-
a vasa àquela pressão, os aterros nela penetrassem, tos, que, por lhes haver faltado o terreno em,
oomo efectivamente as camadas posteriores vieram que assentavam, se afundaram, correndo ao
demonstrar, formando-se o.cone invertido, notado pe- mesmo tempo para. o S-. no sentido da inclina-,
los que assistiram à derrocada, e como sucede sempre ção transversal das camadas do leito do rio;,
nos terrenos vasosos em que se introduzem outros ter- 9- - QUe a pressão do aterro no espaço compreen-
renos. • • ' dido entrei o antigo muro da alfândega e o novo,
Sendo provável que este movimento se iniciasse na foi a causa determinativa do movimento das
base do pilar, que se achava mais fundo que os outros camadas inferiores do terreno;
•(om,52), é certo que o movimento se generalizou logo 1 0 . — Que a situação dos enrocamentos de fundação,
a todo o muro, sendo ao centro que se deu o maior muito deslocados para fora, e a inclinação que
avançamento. o muro tomou, caindo para dentro, mostram
Foi, portanto, o peso do aterro que causou a rup- que o movimento começou por baixo, sendo na
tura de alguma das camadas de vasa em que assen- parte inferior que se exerceu o máximo dos es-
tava, para o que deve ter contribuído muito a existên- forços que produziram o deslocamento, não
cia da água represada na parte interior ao muro". sendo, portanto, a queda do muro devida à
E assim, entre outras, formulou a comissão no componente horizontal do impulso do aterro,
termo dos seus trabalhos, em relatório datado de 17 porque nessa hipótese teria o muro ficado incli-
<le Setembro de 1898, as seguintes conclusões que nado para fora;
B O L E T I M DO P O R T O D E LISBOA

ii. 0 —Que foi, portanto, a causa determinante dò de- era aquela que mais parecia harmohizar-se com a rea-
sastre o peso dos aterros feitos mais rapida- lidade dos factos. .!
mente do que a prudência aconselhava, e in- Nestes termos, era ao empreiteiro'dos trabalhos
' convenientemente limitados a jusante pelo espo- das obras do porto assacada a responsabilidade dó
rão de enrocamentos, que se opunha a que por desastre. Mas o interessado sustentava que não tinha
esse lado se derivassem os impulsos, os quais que responder pelo acidente por se haver limitado a
1
fizeram ceder bruscamente a camada inferior executar o projecto que lhe fora imposto.
em que repousava a de lodo, em que assentava No entanto, o serviço de fiscalização da obra en-
a obra e os aterros ; tendeu não tomar em consideração, nas situações de
12!0— Que no trabalho se procedeu, portanto, com contas da empreitada, o custo dos trabalhos de cons-
menos prudência e precaução, achando-se, po- trução do muro da Alfândega e do respectivo aterro,
rém, as alvenarias muito bem feitas ; mas não inutilizados pelo desastre. • ; '
havendo meio de verificar, senão pela assevera- Aos protestos formulados pela empresa, que insistia
ção do empreiteiro e da fiscalização, se os en- na sua pretensão de não ser considerada responsável,
rocamentos de fundação e de protecção estavam, seguiu-se longa controvérsia, tendo sido a questão, por
no andamento da obra, nas condições de esta- último, juntamente com outras pendentes com o mesmo
bilidade que era mister ; empreiteiro, submetida à apreciação detribunal arbitral.
0
i3. — Que não se pode supor qúe os enrocamentos, Este tribunal, constituído nos termos do artigo 15.°"
e com eles o muro, escorregassem sobre o ter- do contrato de 8 de Maio de i8g4, e do compromisso
reno em que assentavam sem haver movimento assinado em 4 de Março de igoi entre o Governo por-
desse terreno ; tuguêsePierre Hildenert Hersent, empreiteirodas obras
0
14. — Que não parece que tenha concorrido para o do porto de Lisboa,proferiu sentença, em 12de Julhode
acidente, que se deu, a existência da água em igo2, resolvendo definitivamente este e outros assuntos.
pressão, formando uma corrente subterrânea, Não foi admitida, segundo a referida sentença, a
porque esta água ficava abaixo, no que con- reclamação da empresa de pagamento da soma de
corda o empreiteiro, da camada de lodo em que reis 22o.85o;#>633 do valor da obra desmoronada. In-
assentavam os enrocamentos e os aterros, a dicaram-se porém as novas construções a fazer, e a
qual poderia, contudo, ter-se tornado menos respectiva localização, em substituição do muro e ter-
consistente em virtude das águas superiores que rapleno destruídos, mediante a execução das quais a
ficavam represadas». empresa receberia integralmente o preço contado no-
projecto para a construção do muro da Alfândega,,
Submetido o aludido relatório da comissão à apre- do seu terrapleno e da rampa, na soma total de
ciação do conselho superior de obras públicas foi este reis 242.41 iíí>635.
de parecer, em 9 de Fevereiro de iSgg, que todas as E, com esta resolução, a que se deu o devido cum-
opiniões formuladas e todos os estudos realizados para primento, pôs-se ponto final na complicada controvér-
o esclarecimento do desastre eram altamente instruti- sia provocada pelo inesperado e espectaculoso desmo-
vos, sob o ponto de vista técnico, e que, de todas as ronamento do muro da Alfândega, no decurso das
hipóteses formuladas para explicar a causa determi- obras de construção do porto de Lisboa, há cinquenta
nante do acidente, a opinião expressa pela comissão e cinco anos.
ANO I I - N.° 2 4 - J A N E I R O ig53

O Plano de Fomento entra em execução


— A sua aplicação ao Porto de Lisboa

Referimo-nos no n.0 20 deste «Boletim», relativo a " Anos Plano de Melhoramentos Doca seca ' Total
de 1946
Setembro de ig52, ao importante Plano de Fomento
para a Metrópole e Ultramar queo Governo elaborara. Transporte . . . 115 5o i65
''•'•• Depois de devida apreciação pela Câmara Corpo- igõõ - 3o 100 i3o
rativa e pela Assembleia Nacional, foi o aludido Plano 1957 59 5o 109
convertido na Lei n.0 2.o58, publicada em 2g de De- igSS _8o 80
zembro de ig52, a qual habilitou o Governo a pro- Total 284 200 484
mover a sua execução nos seis anos económicos de ig53
a 1958. A aplicação dos referidos investimentos no corrente
Esta execução do Plano de Fomento é, nos termos ano de igSS, no total de 45.000 contos como se expôs,
•do disposto na base III da referida Lei, especialmente é, por seu turno, determinada por financiamentos pre-
atribuída e superiormente dirigida por um Conselho vistos da seguinte forma:
Económico, constituído pelosMinistros da Presidência, Milhares de contos
das Finanças, da Marinha, das Obras Públicas, do Ul- Orçamento . . . . 40
tramar, da Economia e das Comunicações, sob a pre- Auto-financiamento . 5
sidência do Presidente do Conselho ou do primeiro dos Total. . . 45
Ministros indicados.
Assim, entre as atribuições do Conselho Económico Significa isto que a Administração-Geral do Porto
figuram as de concretizar edefinir os empreendimentos de Lisboa será financiada em ig53 até à importância
compreendidos nas designações genéricas do plano; de- de 40.000 contos, pelo Tesouro Público, em conta da
terminar a ordem de precedência na execução dos mes- correspondente dotação de despesa extraordinária do
mos empreendimentos, e elaborar e aprovar o plano Ministério das Finanças, de harmonia com o disposto
anual de aplicações em harmonia com o estado das nos artigos 14.0 e i5. 0 da Lei de Meios em vigor (Lei
obras e outros elementos de apreciação descritos, cir- n.0 2.o5g, de 29 de Dezembro de 1952) Por seu turno,
cunstanciadamente, na citada Base III. a Administração-Geral do Porto de Lisboa fornecerá
De harmonia com estas disposições legais, aprovou pelos seus fundos privativos (no caso em questão, o
ó Conselho Económico, na sua reunião de 14 de Ja- Fundo dé melhoramentos), a importância restante de
neiro de igSS, a previsão dos investimentos anuais a 5.000 contos, em regime de auto-financiamento, con-
efectivar no continente e ilhas, em conta do referido forme o determinado no n.0 i. 0 da Base V do Decreto-
Plano de Fomento, e bem assim o programa geral -Lei n.0 35.716, de 24 de Junho de 1946.
para a metrópole em ig53 dosaludidos investimentos, Como nota final, faremos notar que, segundo o
conforme mapas publicados no «Diário do Governo», aludido programa geral para a metrópole dos financia-
i. a Série, n.0 18, de 27 de Janeiro de igSS. mentos pirevistôs em ig53 em conta do Plano de Fo-
Segundo os referidos mapas, a previsão do desen- mento, o total dos financiamentos previstos do Orça-
volvimento anual dos investimentos relativos ao Porto mento Geral do Estado, é de 325.000 contos dos quais
•de Lisboa é, em milhares de contos, a seguinte: foram atribuídos 40.000 contos ao Porto de Lisboa, ou
seja, 12,3%. _
INVESTIMENTOS Poucos foram os serviços aos quais se atribuíram
Anos ' Plano de Melhoramentos Doca seca Total verbas superiores ou equivalentes à concedida ao Por^o
de 1946 de Lisboa: apenas estão neste caso a hidráulica agrí-
ig53 45 — . 45 cola (80.000 contos), o povoamento florestal (54.000
ig54 - 35 — 35 contos) e a aviação civil (40.000 contos) o que revela,
1955 35 • 5o 85 mais uma vez, a especial atenção quemuito justamente
'A-transportar. . II5 5o i65 merece ao Governo o nosso primeiro porto marítimo.
B O L E T I M DO P O R T O D E LISBOA

O tetrápode: recente e útil criação da técnica francesa


para a construção de quebra-mares

O mar, nos seus momentos de fúria avassaladora, revista «Engineering News-Record», de 8 de Janeiro
tem formidável poder de destruição. de igSS, sob o título: «The tetrapod: Science develops
' As obras do engenho humano que esteopõe ao mar a jetty block» : • . ' ; . . . • •: • ••
são assim por vezes duramente experimentadas. Em 1—Eliminação da possibilidade de deslizarem ou
matéria de molhes ede quebra-mares, designadamente, escorregarem os blocos. uns sobre os outrosj
é longa a lista das destruições e danos consideráveis uma vez que neles não existem praticamente
causados pelo mar em fúria. superfícies planas.

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C o n s t r u i n d o um m o l h e , em C a s a b l a n c a , c o m l e t r á p o d e s d e 15 t o n e l a d a s

Com o .fim' de reduzir -tais destruições, opondo 2—Firmeza do molhe formado pelos tetrápodes
maior eficiência, à. acção destruidora do mar, criou re- perante a acção hidráulica por motivo do en-
centemente, um laboratório hidráulico francês um novo caixe ou encruzamento das pernas dos blocos
tipo de bloco de cimento, moldado de forma especial, umas nas outras.
o tetrápode,';assiffi designado .por motivo de consistir 3—Progressiva homogeneidade dos blocos perante
num corpo central do qual irradiam-quatro pernas có- a actuação da força das vagas, graças à forma
nicas truncadas, simetricamente dispostas. cónica das pernas dos referidos blocos.
As devidas proporçõesdo bloco, assim conformado, 4—Porosidade assegurada ao molhe, constituído
foram estabelecidas;cuidadosamente em,face dos resul- por tetrápodes, mercê dos interstícios formados
tados obtidos com os testes feitos em laboratório, com por estes.
modelos reduzidos, a fim de assegurar ao novo mate- Foi até precisamente a necessidade de dotar as obras
rial de obra de mar as melhores características hidráu- de mar çom a indispensável porosidade que levou a
licas e mecânicas. desenvolver a criação dos tetrápodes.
Estes blocos são feitos em vários tamanhos, com os O Laboratório Hidráulico de Neyrpic, em Greno-
pesos unitários respectivamente de 4, i5 e 25 tonela- ble, foi encarregado, em 1946, de estudar o projecto de
das e a sua colocação, no correspondente local de uti- revestimento com os usuais blocos cúbicos ou rectan-
lização, realiza-se por simples lançamento, a eito, de gulares, na face voltada pára o mar, de um quebra-
uns sobre os outros. -mar a construir na base naval de Mers-el-Kebir, em
As vantagens que se lhes atribuem são as seguintes, Oran, na Argélia.
conforme se expõe em artigo que lhes é dedicado na Segundo Pierre Danei, director do laboratório, ex-
-' f-

^A^O I I — N . 0 24—JANEIRO )g53

periências laboratoriais em modelo reduzido mostraram, Estes faziam-se de vários tamanhose pesos, e assim
que, não obstante o peso considerável d'e cada.bloco. fabricavam?se,! até, comx) peso unitário de Soo tonela-
(400 toneladas), a subpressão.desenvolvida no corpo d a s . E , ho-entanto, o mar conseguia deslocá-los, des-
da estrutura pela força das vagas era suficientemente truindo a obra feita, espècialmente--se.jaão...liavia sufi-
ciente porosidade na estrutura do quebra-mar. :
Entendeu-se então,justamente, queas características
dum bloco para-quebra-mar, capazes de eliminar estes
inconvenientes:deveriam consistir em assegurar a per-
meabilidade do quebra marj proporcionar a esie úmá
face com ánfractuosidades, e dotá-lo de suficiente
estabilidade e homogeneidade. .
Por outro lado, era conveniente, e isto constituía
"C-v .
outra característica não menos importante a obter, que
•é? :
os blocos a construir fossem relativamente leves para
Hw;
serem maiseconómicosdoque óspesados blocos cúbicos
oU rectangulares em uso.
-- E, obedecendo a estes múltiplos requisitos, obteve-
-se, finalmente, o tetrápode.
\\-
A primeira oportunidade de empregar o tetrápode
Q u e b r a - m a r e m Sussa, Tunisia,
ofereceu-se com a construção de dois molhes mariti-
reparado com tetrápodes mos de protecção a uma instalação industrial em Ca-
de 4 toneladas
sablanca,! no Marrocos' francês. Tinha a experiência
demonstrado que os habituais blocos cúbicos com o
forte para desintegrar o revestimento e fazê-lo desmo- peso de 5o toneladas não podiam suportar, no local em
ronar. questão, a acção das vagas. As experiências de labo-
Observou-se porém que, quando os vértices dos blo- ratório mostraram porém qué tetrápodes de 25 tonela-
cos foram cortados de forma a criar interstícios ou cha- das bastariam. E, não tendo sido possível, no momento,
minés entre blocos adjacenteis, para aliviar a pressão
causada pelo embate das vagas, a estrutura construída
manteve-se estável.
E passou-se a aplicar este meio de aliviar a pressão : *'
exercida pelas vagas sobre as obras de mar na cons-
trução das paredes verticais de muralhas e dos para-
peitos de quebra-mares. Talhavam-se, para isso, as
'; -V
arestas inferiores dos blocos, determinando a abertura
de canais de drenagem ou escoadouros ao longo das
juntas horizontais entre os blocos.
Mas, sempre com a ideia de eliminar a subpres-
são, inimiga da estabilidade das obras de mar sujeitas
ao embate directo das vagas, os investigadores do La-
boratório Hidráulico de Neyrpic lembraram-se de
estudar aforma dos blocos. ^X
Sabia-se bem, e as experiências de laboratório
Uma f o r m a d e a ç o , e m posição
confirmavam-no plenamente, queosblocosde cimento de de moldagem, para fabrico
de tetrápodes
faces planassãomenosestáveisdoqueos ásperos erugo-
sos blocosdepedra depesoequivalente sujeitos em iguais
condições à acção das vagas. Porém, nem sempre havia construir tetrápodes de peso superior a i5 toneladas,
possibilidade de dispor de blocos de pedra suficiente- foram empregados 36o tetrápodes do peso unitário de
mente volumosos para construir grandes quebra-ma- i5 toneladas, apenas, os quais, no decurso de dois
res, e por isso recorria-se ao uso de blocos moldados. anos de serviço, já decorridos desde o seu lançamento,
8. BOLETIM DO PORTO DE LISBOA

demonstraram, plena eficiência- Pois, não muito longe turas construídas pode ser aproximadamente de 4 5
dp. local onde foram aplicados os tetrápodes de i5 to- graus, o que reduz bastante o volume, total da obra : ;
neladas àpenàs, está o principal quebra-mar de Casa.- o peso unitário do tetrápode empregado pode ser con-,
bl.anca o.qual é protegido por blocos rectangulares, do, sideràvelmente inferior ao exigido para os blocos de.
velho modelo, os quais porém pesam, cada um deles,, face plana, cúbicos ou rectangulares, de forma que
nada menos de 100.toneladas-. o seu fabrico é muito mais económico do que o destes,
;.. Presentemente estáemconstrução emSafi, Marrocos, e, por último, que a estrutura formadía por tetrápo-
um grande quebra-mar formado por i.25o. tetrápodes des repele muito menos as vagas do que os antigos
çom o peso unitário de 25 toneladas. Em Sussa, na blocos, absorvendo-as em grande parte, o que evita
Tunisia fez-se também a reparação, por meio de a formação de elevada ondulação, pelo qUe a altura
tetrápodes, dum antigo quebra-mar construído com blo- da estrutura formada pelos tetrápodes pode ser redu-
cos cúbicos, no qual se empregaram i.3oo tetrápodes zida sem o perigo de as vagas galgarem por cima do
de4 toneladas apenas cada um. molhe.
, As experiências do Laboratório Neyrpic e a obserr Está-se pois em presença de uma ideia feliz, que
vação da aplicação prática dos tetrápodes fornecem três a prática mostrou ser eficiente, e que valoriza sobre-
importantes indicações referentes ao uso dos tetrápo-. maneira a técnica moderna da construção de obras
des : a inclinação daface • exposta ao mar das estru- marítimas.

A navegação mercante nacional,


o frete e as despesas portuárias

„ ': São conhecidas as vicissitudes, os prejuízos, as difi- três grandes Unidades—um navio para a carreira de
culdades, que a recente guerra mundial causou directa- Africa e dois navios-tanques.
mente à navegação mercante nacional. A medida que a frota mercante nacional se desen-
Mas o longo esforço de restabelecimento que a in- volve e moderniza, vai-se ela valorizando consideravel-
dústria da navegação teve de suportar está em pleno mente no conjunto da economia do País. Se os barcos:
desenvolvimento. nacionais transportaram em 1945 cerca de 75.000 pas-
Tem assim prosseguido, com notável regularidade, sageiros e i.gSo.ooo toneladas demercadorias,em igSo,.,
a;execução do plano de renovação, modernização é de- cinco anos, apenas, depois, transportaram eles respec-
senvolvimento, iniciado, após o termo da última guer- tivamente 107.000 passageiros e 3.6oo.ooo toneladas de-
ra, mercê de despacho n.0 100, de 10 de Agosto de carga. Se, como afirmou recentemente o Presidente da-.
1945, do Ministro da Marinha. Junta Nacional da Marinha Mercante, 80 a 85%'dos-.,
Graças ao «plano de renovação da marinha mer- tráfegos de importação e de exportação eram, em ig2o,."
cante» que vem sendo executado, já se construíram 53 efectuados através de navios estrangeiros, hoje todo o-
navios: o último destes foi o grande paquete «Santa comércio marítimo entre a Metrópole e os territórios:,
Maria» lançado à água em Antuérpia em Setembro de ultramarinos é feito pela frota nacional e cerca dè50%..
1952. A frota mercante nacional atinge hoje, por isso, o das importações e exportações para o estrangeiro fa-
totalde58o.000toneladas,númeroeste,naverdade,«sem zem-se em navios portugueses. .. . ••
precedentes nos anais da marinha mercante do País». Por outro lado, os'barcos portugueses trouxeram,,
E o desenvolvimento da frota mercante, uma das em fretes cobrados entre portos estrangeiros, 60.000;.
maiores garantias da defesa nacional- por assegurar contos de divisas estrangeiras em ig4g; 100.000 con-'.
comunicações e abastecimentos, continua justamente a tos em igSo e 143.000 contos em igSi. ; •'
acentUar-se, mercê de providências sucessivas,uma das Mas o esforço financeiro exigido às companhias de;.
quais, e não a menos importante, está contida no re- navegação é grande. ' . , •;
cente Plano de Fomento Nacional já em plena execu- A sua vida, apesar do desenvolvimento da explora-i
ção. Prevê este plano, com efeito, a construção,de mais ção da frota, está longe de ser-isenta de dificuldades,..
ANO. I I -r-N.0< 2 4 - ? J A N E I R O - rg53 9

. Os navios construiram-se, o Estado adiantou os ne- - Assim, a exploração da frota mercante nacional
cessários fundos. rodeia-se, como se vê, de circunstâncias difíceis.
Mas as companhias de navegação têm pago e. vão Mas, responder-se-á, e osfretes ?
pagando os adiantamentos feitos, e com j u r o s . E certo que a tendência natural na actual explora-
Como se expôs recentemente num comunicado da ção das frotas comerciais é a alta dos fretes, evidente-
Junta Nacional da Marinha Mercante, publicado pela mente justificada pelo encarecimento considerável do
Imprensa, «os adiantamentos feitos ao abrigo dos De- custo dos navios, da sua conservação e dos encargos
cretos n . " i2.6o5 e IS.IOI, de 5-11-9266 de 29-1-927, de exploração.
venceram os juros de 6% e foram pagos integralmente ; Todavia, precisamente no caso da marinha mer-
os empréstimos actuais emitidos ao abrigo do Decreto cante nacional, esta, em obediência às superiores de-
n. 0 35.876, de 24-9-946 -e destinados à renovação da terminações do Governo no sentido de evitar, tanto
frota vencem o juro de 2,7570 e são amortizáveis em quanto possível, a "incidência na economia interna de
20 anuidades». novos factores de alta dos preços, tem mantido, pra-
Por outro lado, acentua a referida Junta Nacional, ticamente, as tabelas de fretes que vigoravam antes
•«a máquina de sustentação da indústria dos transportes do esforço de renovação da f r o t a e antes, também,
por mar é naturalmente representada pelos seus navios. de se fazerem no tráfego maritimo internacional as
Se estes faltarem e não houver reservas para os substi- revisões de tarifas presentemente em vigor.
tuir, a indústria desmoronar-se-á. O r a , os navios têm Observe-se com efeito o seguinte quadro da evolu-
duração limitada : para as construções modernas admi- ção dos fretes (preços por tonelada) de algumas das
te-se o período máximo de 20 anos. principais correntes de tráfico da marinha mercante
Foi nesta base que se fundamentou o Decreto nacional (*):
n. 0 37.052, de 9-9-948, que manda pôr de parte 6 ° /
Períodos de
do valor dos navios para constituir o fundo de renova-
1937a1945 1946aigSo 1930aiq52 igSa(desde1de
ção da frota». Outubro
T ê m assim as empresas de navegação de r e t i r a r Luania-Lispoa
carga geral 2DO$00 375$00 38o$00 385$00
dos seus lucros, anualmente, verbas consideráveis p a r a
Iniice de oscilfção 100 IÍ2 1=4
constituir aquela necessária reserva de reconstituição. Lisboa-Luanda .
Por isso, acontece que os lucros líquidos disponí- carga gerai; 4 9 8
$ 0 0
747$ 0 0
7 0 0
$ 0 0
7 3
7$ 0 0

índice de oscilação 100 i5o i4o 148


veis, às vezes, até, na aparência, de volume avultado
não dão ao capital senãopequenoj u r o , inferior a 2 0 / 0 .
E há sempre que atender ao aumento constante do Vê-se assim que, e?n matéria de c a r g a g e r a l , os
custo de exploração motivado pela subida dos preços fretes hoje são pràtica?nente idênticos aos de i g 4 5 , do
de combustível (passou, por exemplo, de 678-3)00 em termo da g u e r r a , e pouco superiores (só em cerca de
20 de Abril de igSo, para 971 $67 em 3 de Maio de 5o7 0 ) aos de há quinze anos.
1952), do equipamento de bordo, das reparações e dos E, quanto a determinadas mercadorias, individua-
géneros alimentícios adquiridos, por necessidade, nos lizadas, que figuram com relevo no tráfico África-Me-
portos de escala. trópole, temos ( 2 ):
E há que atender, também, aos encargos prove-
Períodos de
nientes das demoras dos navios de c a r g a nos portos 1952 (desde 1de
Luanda-Lisboa 193731945 ig+SaigSo ig5oat952 Outubro
de Africa, que gravemente afectam os saldos de ex.
ploração. Segundo a Junta Nacional da Marinha Mer- açúcar. 174^00 '2go$oo 35o$oo 35o$oo
cante, os prejuízos sofridos com as demoras nos dois r4IO$00
café • 234$oo 3go|oo 44o$;oo -
principais portos de Angola no ano de igSi foram, da 420$00
ordem dos 24.000 contos. cacau . . 228<§00 38o$oo 75o|oo 720fÍ00
Por outro lado, há que proceder à actualização d a coconote . i86$oo 232$5o 3oo$oo 270$00
tabela de vencimentos do pessoal do m a r , que data milho , 151$00 40o$oo 35ofoo 320$00
e
d ig47. ' rícino . 186$oo 232$5o 35o$oo .•20$00

(i) Números fornecidos pela Companhia Colonial de Navegação.


.(2) Números fornecidos pela Companhia Nacional de Navegação e pela Companhia Colonial dè Navegação.
10 BOLETIM DO PORTO DE LISBOA

Os respectivos índices de oscilação dos fretes con- cerca de 5o % , apenas, em reíação ao nível de ig37.
siderados são os constantes do seguinte quadro: E as novas tabelas de i g ô i , em vigor desde Outubro'^
em pouco diferem das de ig45, do termo da guerra.
Períodos Oscilação dos fretes Luanda-Lisbóa Um parêntesis : igual política de prudência tem pre-
Açúcar Café Cacau Coconote Milho Rícino sidido à fixação dos preços das passagens nas carreiras
1937/1945 . . . 100 100 100 100 100 100 de Africa, os quais se mantiveram praticamente sem-
1.94.5/1g5o . . . 166 l66 l66 125 265 125 alteração desde 1 de Julho de ig45 até 1 de Julho de
igSo/igõz . . ig52, só tendo sido modificadas a partir de então.
ig52 (desde 1 de 201 188 32g 161 23i 188 As determinações do Governo de orientação dos fre-
Outubro) . tes no sentido indicado de apertado domínio dos fretes
201 180 3i6 143 212 172 das mercadorias transportadas pela marinha mercante
Nota-se pois que os fretes das mercadorias consi- nacional foram ditadas pela conveniência de evitar novos
deradas não aumentaram, em média, mais do que p a r a agravamentos no custo da vida devidos a sucessivas
Q dpbro do respectivo nível de há quinze anos. oneraçÕes das mercadorias importadas das províncias
As novas tabelas de fretes, em vigor desde 1 de ultramarinas. Tiveram essas determinações também p o r
Qutubrode ig52,orientam-se, até,nosentidoda redução. fim facilitar as condições de concorrência nos mercados
Quanto à carga geral, como vimos atrás, o aumento externos para benefício económico do País.
no,? últimos quinze anos foi menor ainda do que o das
mercadorias apontadas tendo sido praticamente de (Conclusão no próximo número)

O aproveitamento racional do navio — O problema


das três mercadorias, do Professor Scribanti

U m navio é um mundo. Complexo, primeiro, na diferentes : calcular o peso de cada uma das mer-
sua concepção e na sua construção, complexo, depois, cadorias a embarcar, de forma a obter o frete
na sua utilização. máximo F , utilizando a totalidade do volume V
São numerosos, com efeito, os aspectos sob os quais bem como a tonelagem máxima de carga C, ou
uma unidade marítima, esse pequeno mundo, é suscep- seja aproveitando ao máximo o volume utilizável
tível de ser considerada. para carga e o peso transportável do referido
Entre todos eles avulta, sem dúvida, o que respeita navio."
à utilização, ao aproveitamento racional do barco, uma
vez construído e pronto a navegar,, visto que o navio Trata-se de problema complicado, como se vê,
fez-se para ser utilizado. o qual compreende várias soluções possíveis, cuja indi-
E entre os problemas comerciais, alguns deles clás- cação exigiria longos desenvolvimentos.
sicos, suscitados pela exploração racional do navio, No entanto, é possível, por meio de simples racio-
figura um problema que oslratadistas classificam como cínio, conforme expõem os citados tratadistas, indicar
sendo do mais alto interesse teórico. o.número de soluções.
É o chamado ^problema das trêsmercadorias'" posto- Vamos, assim, a título de documentação e d e
pelo Professor Scribanti. curiosidade-, dar ideia, embora sucinta, do assunto.
Esse problema, exposto na obra "Utilisation et sé- Nos cálculos a fazer, toma-se em atenção, para esse-
curité du navire de commerce. I — L e - T r a n s p o r t Ma- efeito, a noção de '•'•coeficiente de ocupação de espaço-e-'
ritime", de J. Marie e Ch. Dilly, pode enunciar-se da de cada mercadoria, coeficiente este que é o inverso do
seguinte forma: peso específico, considerado, bem entendido, o espaço
não utilizável pela mercadoria por ser necessário aos-
" P a r a embarque num navio, do qual se conhe- trabalhos de estiva e de desestiva.
cem o volume dos porões V e a tonelagem máxima Nestes termos, o referido coeficiente de ocupação de-
de carga C, existem mercadorias, de três espécies espaço, corresponde ao quociente:da.divisão do volume
ANO I I - N . 0 24—JANEIRO igS'i 11

ocupado efectivamente peia mercadoria a bordo pelo Nestes termos, os valores de x, y e ^, què dão
peso da mercadoria. o frete máximo, são então as coordenadas doponto ou
Consideremos, então, três mercadorias I, II e III, a dos pontos desta cUrva qué estão a maior distância dá
que correspondem os coeficientes de ocupação de espaço origem das mesmas coordenadas.
ei, e-2 e es e bem assim os coeficientes de frete fi, h e fa. Será encontrada então solução para o problema se
As mercadorias em causa serão classificadas como: a curva de intercepção dos elipsóides é real, isto é, se
os dois elipsóides não estão completamente dentro um
do outro, o que se verifica pelos valores relativos dos
leves
comprimentos dos semi-eixos, correspondentes dos dois
V elipsóides, dados, como vimos pelas expressões:
pesadas desde que

V Primeiro elipsóide:
neutras e==
c fiC fjC fsC
Segundo elipsóide :
Sendo pi, ps e pa os pesos respectivos das merca-
V V
dorias a embarcar, pretende-se que o frete total F, ei e-2 es
correspondente à expressão
Chega-se assim a diversas combinações possíveis,
F = p.ifi -f pafâ + psfg as quais se classificam nos três seguintes grupos :

seja o frete máximo. a) Combinações ternárias em que estão associadas


Ora, as duas condições, postas, de utilização com- —uma mercadoria pesada a duas mercadorias
pleta quer da tonelagem máxima de carga C quer da leves;
totalidade do volume dosporões V, traduzem-se pelas —uma mercadoria leve a duas mercadorias
seguintes expressões: pesadas;
—uma mercadoria neutra a uma mercadoria
C= pi H- pa+ P3 pesada e a uma mercadoria leve.
V= p i d - f pães-f-p:e3
b) Combinações binárias qué associam uma mer-
Seguindo agora o método d o E n g . Th. da. Costa, cadoria pesada a uma mercadoria leve.
citado pelos referidos tratadistas, teremos: Neste caso, como se verá, o problema
torna-se de grande simplicidade aritmética.
Pifl=X 2
pafa= 3'2 c) Um carregarnento simples com mercadoria
pafs= z2 neutra, ou seja a utilização total e com-
pleta do navio, quer em volume de porões
pelo que o problema consiste em achar os valores má- quer em tonelagem de carga, com uma
ximos de única mercadoria a transportar, o que é o
F= x2+ y2+ z2 caso de navios calculados e construídos
com exclusivamente para determinado tráfego
X22 . v2ys
X z2 z2 de uma só espécie de carga (navios car-
+ +
11
taC
X2

11
V
+
ts c
y2
t2
v
+
uc2
z
t.3 y
voeiros, petroleiros, etc.).

Asolução doproblema dastrês mercadorias é obtida,


comosedisse,pela determinação, numa curva doquarto
l e< es
gráW, do ponto' mais afastado do centro das respecti-
Representam estas duas equações, em coordenadas vas coordenadas:
rectangulares, dois elipsóides', cuja intercepção, se for A própria natureza das equações dos elipsóides'
real, é constituída por uma curva dó quarto grau, mostra que estes volumes têm. ós m'esmos' planos de'
decomposta, por vezes,.em duas cónicas planas. simetria. Assim, a condição de afastamento máximo do
12 B O L E T I M DO P O R T O D E L I S B O A

centro não pode ser realizada senão por meio de pontos Assim, em última análise, como concluem os citados
situados num destes planos de simetria, o que equivale autores, quando se está em presença de três mercado-
a -.dizer que uma das coordenadas x ,y ou z ê nula. rias, a combinação mais vantajosa, para corresponder
Caímos portanto nas combinações de duas merca- à máxima utilização do navio, é sempre uma combina-
dorias. ção binária, eliminando uma das três mercadorias e,
, Admitamos, com' efeito, por exemplo, que nas entre as diversas combinações binárias, há que escolher
equações precedentes z= 0 ou ainda que p3= 0 . Te- aquela que dá o valor máximo do frete:
ríamos,, pois,
. í C= pi -j-p-> F = p1fi-f-pafa
V= piei + pães
Vê-se, por outro lado, pelo exposto, como a mate-
donde: mática subtil, base de todo o engenho humano, aténum
e»C-—V ' problema, que parece exclusivamente empírico — de
pi = se e-2>ei
ea— e.i aproveitamento racional do navio, em volume utilizável
V-eiC e em peso transportável, em matéria de carga —, éde
.P5r
ea — éi considerar para a devida ponderação do assunto.

Legislação e outras determinações legais


aplicáveis ao Porto de Lisboa

Domínio Público do Esíado Funcionários e m s e r v i ç o e m organismos


Alienação e transferência de i m ó v e i s do d o - internacionais
mínio p ú b l i c o do EsíadOo (Decreto-Lei n.0 39.018, de 3-12-952)
(Decreto-Lei n.0 39.083, de 17-1-953)
Manda considerar, para efeitos de antiguidade,
Estabelece regras uaiformes sobre a transferência acesso, promoção, aposentação ou reforma, o tempo
e alienação de imóveis do domínio público do Estado prestado por qualquer funcionário quando em serviço
é de quaisquer outros afectos às administrações portuá- num organismo internacional.
rias.— Revoga o n. 0 io. 0 do art. i6. 0 do Decreto-Lei
n. 0 36.g76, e o n. 0 i8. 0 do art. 8.° do Decreto-Lei Funcionários^ sua ausência do s e r v i ç o p o r
n. 0 36.977 (leis orgânicas da Administração-Geral do licença, faltas justificadas ou doença
Porto de ^Lisboa e da Administração dos Portos do
Douro e Leixões). (Ordem de Serviço n. 0 5o, Série A, de ;2i-11-952,
transcrevendo as seguintes conclusões do despacho do
Conselho de Ministros de 7 do referido mês, proferido
Empreitada de instalações p r o v i s ó r i a s da nos termos do art. 36.° do Decreto n. 0 19.478, de
Parceria dos V a p o r e s Lisbonenses, j u n t o da 1S-S-gS1, publicado no "Diário do Governo" n. 0 262,
Estação do Sul e Sueste i. a série, de 10 do mesmo mês).
(Decreto n. 39.030, de 9-12-952)
1.0— O s funcionários em gozo de licença não care-
'Autoriza a Direcção-Geral dos Edifícios e Monu- cem de autorização prévia para se ausentarem,
mentos Nacionais a celebrar contrato para a execução dentro do País, da"sua residência habitual,
da .empreitada de instalações provisórias da Parceria sendo apenas obrigados a comunicar aos servi-
dos Vapores Lisbonenses, junto da Estação do Sul ços o local para onde se ausentam, em. obe-
e Sueste, em Lisboa. diência a o . § 6.° do art. 8.° daquele decreto.
ANO.I I - N . 0 2 4 - J A N E I R O )g53 .- 13

2. 0 —Da justificação das faltas a que se refere do plano de melhoramentos do porto de Lisboa dos
o art. 4.0 do Decreto n.0 ig.478 devem constar anos de ig49 a ig5i,
especificadamente os motivos que as determi- Decreto n.0 3g.o85, de 22-1-953:
naram, cabendo à entidade competente, para Entre outras disposições altera o orçamento priva-
aceitar ou rejeitar a justificação, colher os tivo da Administração-Geral do Porto de Lisboa.
elementos que reputar .necessários para julgar
a sua veracidade. As mesmas faltas não impli-
cam, independentemente da justificação apre- Pessoal a s s a l a r i a d o . C o n t a -
sentada e aceite, a faculdade de o funcionário g e m dos períodos de doença
se ausentar da residência habitual. (Ordem de Serviço n.0 25,
Série A, de 2-7-952)
0
3.°— A verificação a que se refere o§2. do art. 8-?
do mesmo decreto pode ser ordenada, inde- Conforme parecer da Direcção-Geral da Contabili-
pendentemente da participação ou apresenta- dade Pública aprovado por despacho de Sua Excelên-
ção do atestado ali referidas, sempre que os cia o Subsecretário de Estado do Orçamento de3de
directores gerais ou administradores-gerais Maio de 1962 transmitido a esta Administração-Geral
competentes o julguem conveniente aos inte- pela circular daquela Direcção-Geral n.» 170, série A,
resses da Administração e à disciplina dos de 22-5-952, os períodos de doença do pessoal assala-
serviços. riado referidos no art. 2.0 do Decreto-Lei n. 0 26.334,'
de 4 de Fevereiro de ig36, devem ser contados segui-
Isenção de impostos portuários damente e não por grupos de dias úteis.
(Decreto n. 39.087, de 22-1-953) Esta interpretação abrange também o disposto no
art. io. 0 do Decreto-Lei n.0 38.523, de 23 de Novem-
Concede a isenção de quaisquer impostos que cons- bro de !g5i, relativamente aos primeiros 20 dias de
tituam receita das administrações portuárias a determi- incapacidade dos assalariados doentes ou incapacitados
nado material de guerra. de trabalhar por motivo de acidente em serviço.

O r ç a m e n t o G e r a l d o Estado
(Decreto n. 39.068, de 31-12-952) P e s s o a l a s s a l a r i a d o . Faltas d e n o j o
(Ordem de Serviço n.0 30,
Regula a cobrança das receitas e fixa as despesas Série A, de 25-7-952)
do Estado para o ano de 1953.
Nos termos do despacho de Sua Excelência o.Sub-
O r ç a m e n t o p r i v a t i v o da o-Ge» secretário de Estado do Orçamento, de g-4-952, trans-
r a l d o P o r t o d e Lisboa crito na circular n.0 169, série A, da Direcção-Geral da
Contabilidade Pública, de 2-5-952, não será o pessoal
Declaração de ter sido autorizado o reforço de uma assalariado abonado de salário pelas faltas de nojo
verba inscrita no orçamento privativo da Administra- justificadas ao referido pessoal.
ção-Geral do Porto de Lisboa —"Diário do Governo",
i. a Série n.0 278, de 12-i2-952.
Declarações de terem sido autorizados os reforços Pessoal a s s a l a r i a d o . C o n t a g e m d o t e m p o d e
de duas verbas inscritas no orçamento privativo da serviço e fe c ti v o para efeito de concessão de
Administração-Geral do Porto de Lisboa — "Diário do licença sem perda de salário
Governo", i. a Série n.0 280, de 15-12-952. (Ordem de serviço n.0 47, Série A, de 15-11-52,trans-
Decreto n.0 3g.o63, de 30-12-952. crevendo o seguinte despacho de Sua Excelência o
Entre outras disposições, autoriza a Administração- Subsecretário de Estado do Orçamento, de 2-9-52)
-Geral do Porto de Lisboa amandar satisfazer, emconta
da dotação inscrita no n.0 1) do art. 16.0 do seu «Para os efeitos do Art. i . 0 do Decreto-Lei n.0
orçamento privativo, relativo a igi52, a quantia de 26.334, de 4 de Fevereiro de 1936, o tempo de serviço
Esc. 4.712.252^00, de encargos referentes à execução efectivo conta-se por períodos de anos civis, desde a
14 BOLETIM DO P O R T O DE LISBOA

data do começo'da prestação de serviço. Na licença Rogo, pois,-a V. Ex. a se digne dar conhecimento
sem perda de salários não devem ser descontados os do referido despacho aos funcionários desse Ministério
domingos e dias feriados, mas nada existe na Lei que a quem a determinação nele contida possa interessar.
exclua a possibilidade de o assalariado gozar em deter- Para melhor esclarecimento do assunto permito-me
minado ano-diferentes períodos de.licença, desde que informar, que,-de acordo com.os prazos, agora fixados,
daí não advenha prejuízo para o serviço e no total não incorrerão, na pena de multa de--5o.$oo a 25o3>oo os
exceda doze diass. encarregados-de educação que não; matricularem, até
22 de Dezembro, os menores sujeitos à,obrigação de
frequentar o ensino primário (ou.seja as crianças que,
Pessoal a s s a l a r i a d o . C o n t a g e m não possuindo habilitação do exame da 3. a classe te-
do tempo de serviço efectivo nham, em 3i de Dezembro, mais de sete e menos de
para efeito de abonos treze anos de idade) ou não obtiveram até à mesma
e m caso de d o e n ç a . data, dispensa de matrícula. Independentemente da san-
(Ordem de Serviço n 0 1, ção referida, serão punidos com a multa de ioo$>oo a
Série A, de 8 - 1 - 9 5 3 ) Soosoo os encarregados de educação que não efectua-
rem a matrícula até 3i de Janeiro de ig53.
De harmonia com o despacho de Sua Excelência o Do mesmo modo, os beneficiários do.abono de fa-
Subsecretário de Estado do Orçamento, de iode De- mília devido por menores sujeitos à obrigação de fre-
zembro de 1952, para os efeitos do disposto no art. 2.0 quentar o ensino primário deverão entregar, até 25 de
do Decreto-Lei n.0 26.334, de 4 de Fevereiro de igSõ, Janeiro próximo, na entidade ou serviço processador
(preceito legal que concede aos assalariados, com mais do abono, os certificados de matrícula, ou dispensa de
de 3 anos de bom e efectivo serviço, o direito a salário matrícula, ou documento comprovativo de aprovação
no caso de doença não provocada por acidente de trar no exame de ensino primário elementar, conforme os
balho), o tempo de serviço efectivo conta-se por perío- casos. A não entrega, ou entrega fora do prazo, destes
dos de anos civis, desde a data dó começo da presta- documentos, acarretará a perda de abono até ao mês,
ção de serviço, a exemplo do que já foi determinado, inclusive, em que dêem entrada».
nos termos da Ordem de Serviço n.0 47, Série A, de
I5-I i-g52, a respeito da contagem do tempo de ser-
viço para efeitos de concessão de licença sem perda de Provimentos e m comissão de serviço
salário.
«O artigo 3r.0 da Lei de 14 de Junho de igi3 e o
artigo 2.0 do Decreto-Lei n.0 26.341, de 7 de Fevereiro
Prazos de entrega de certificados de ig36, não abrangem as nomeações de natureza de-
relativos a matrícula finitiva».
no ensino p r i m á r i o Parecer n.0 7g/52 da Procuradoria-Geral da Repú-
(Ordem de Serviço n.0 52, Série A, de 18 12 952, blica— «Diário do Governo», 2.a Série n.0 3o5, de
transcrevendo a seguinte circular n.0 1312 — Proc.0 3o-i2-g52.
P-12 da Secretaria-Geral do Ministério das Comuni-
cações)
Receitas o r d i n á r i a e e x t r a o r d i n á r i a d a A d m i -
«Em cumprimento do que foi determinado superior- n i s t r a ç ã o - G e r a l d o P o r t o d e Lisboa
mente, tenho a honra de transcrever o seguinte despa- Artigo 3 ° do Decreto-Lei
cho de Sua Excelência o Subsecretário de Estado da n.0 39.083, de 17-1-953:
Educação Nacional, de 22 de.Novembro findo:
«Ao abrigo do disposto no artigo i38. 0 do Decreto O produto da transferência ou da alienação
n.0 38.969, de 27 de Outubro de 1952, fixo, para vigo- dos bens referidos nos artigos anteriores e bem
rarem no presente ano lectivo, em 22 de Dezembro, 3i assim todas as receitas que revertam para
de Janeiro e 25 de Janeiró,?-fespectivamentei os prazos fundos de melhoramentos constituem receita
estabelecidos nos' artigos 26.0, n.0 1, 26.0, n.0 2 e 32.°, ordinária das administrações portuárias interes-
n.0 1daquele diploma. sadas.
•— ANO:I I - N ? 2 4 . - JANEIRO:yrg53% \S

Tarifário do Porto de Lisboa— Determinações e esclarecimentos

A aplicação dos aumentos de taxas referidos b) Pagamento da taxa de acostagem pelas, embar-
no art. 6.° do Regulamento de Tarifas cações que acostarem à ponte da Atlantic
(Ordem de Serviço n.0 3, Série B, de 2-2-953) para aí descarregarem produtos destinados à
Sacor, à Sonap ou a outras ou carregarem
O aumento de 257 0 , a que se refere o art. 6.° do produtos por estas fornecidos.
Regulamento de Tarifas anexo ao Decreto n.0 24.831,
é de aplicar somente: A isenção de taxa de p o r t o e as regalias
0 que a aplicação da taxa de p o r t o confere
1. — em dia útil, nas duas horas, fora das normais,
das 17 às 19 horas; às mercadorias
0 (Resolução do Conselho de Administração dé 26 de
2. —em domingo ou feriado, nas duas horas, do
período normal, das 8 às 10 horas. Novembro de 1952)

Nestes termos, as percentagens de aumentos de As regalias mencionadas nas alíneas a) e b) do


taxas, referidas no mencionado art. 6.° e seu § i. 0 , art. 5o.0 do Regulamento de Tarifas são de conceder
serão aplicadas dó seguinte modo: às mercadorias isentas de taxa de porto, desde que
qualquer dessas regalias não determine despesa directa
Em dias úteis Em domingos ou feriados
da Administração-Geral do Porto de Lisboa.
Das o às 8horas—5o % •Das o às 8 hor.—100%
» 8 às 12 » — » 8 às 10 » 25%
Da observância das determinações r e f e r e n -
» 12às 13 » 5o 7o » 1oàs.12 » 5o7o
tes a tarifário
» i3 às 17 » — ». 12.às i3 » ioo0/o
(Ordem de Serviço, n.0 5, Série B, de 2-2-953)
» 17às 19 » 257o » i3às 17 » . 5o7 0
» ig às 24 » 5o % » 17às 24 » íoó7o 1—De futuro, só as determinações referentes ao
tarifário publicadas em "Ordem de Serviço",
Acostagem de navios obrigam a observância permanente, entendendo-
(Ordem de Serviço n.0 4, Série B, de 2-2-953) -se que as não publicadas são dé aplicar apenas
ao caso que lhes deu origem;
1— As embarcações que acostem à ponte de uma
empresa a fim de descarregarem os produtos 2—Quanto às determinações proferidas até hoje, e
a esta destinados ou carregarem aqueles por ela não expressamente revogadas, continuar-se-ão a
fornecidos estão isentas de taxa de acostagem. observar as constantes de "Ordem de Serviço"e
2— As embarcações que acostem à ponte de uma ainda todas aquelas que,embora nãopublicadas,
empresa para descarregarem produtos destina- são de conhecimento geral etêm tido aplicação
dos a outra empresa ou para carregarem produ- generalizada nos casos considerados análogos.
tos por esta fornecidos devemtaxade acostagem.
3—Os esclarecimentos constantes dos n.os 1 e2pro- Facturação de serviços de atracação e desa-
duzem efeitos a partir de 1de Janeiro de ig53. tracaçao de navios. O tempo do ' t r a j e c t o ' das
embarcações do Porto de Lisboa desde o res-
Nestes termos, haverá de considerar, a partir da pectivo ancoradouro até ao local d o serviço
data indicada, o seguinte procedimento, que se indica [Esclarecimentos baseados nainformaçãodoDirector
a título de exemplificação: dos Serviços Financeiros aprovada por despacho do
a ) Isenção de taxa de acostagem para as embarca- PresidentedoConselhodeAdministração de18-11-52
ções que acostarem às pontes-cais da Vacuum,
em Santo Amaro; da Atlantic, em Cabo Ruivo; Não há que facturar, em caso algum, em separado,
da Shell, na Banática; e da Sonap, em Porto o encargo referente ao tempo do trajecto das embarca-
Brandão, a fim de descarregarem produtos para ções do Porto de Lisboa até ao local do serviço de
a empresa proprietária da respectiva ponte ou atracação ou de desatracaçao, a prestar, isto sem pre--
de carregarem aqueles por ela fornecidos. juízo,.manifestamente, da contagem do tempo de dura-
16 BOLETIM DO PORTO DE LlSBÔA

ção global da operação pela forma referida no art. 12o.0 pensados de entrar em entreposto nos termos da alí-
do tarifário vigente, e de se processar, se for caso disso, nea d) do citado §1.°.
o tempo excedente ao limite horário correspondente à
taxa da mesma operação, conforme o disposto no §3.° b) A taxa de porto a aplicar é determinada, por-
do art. 108.0 do aludido tarifário. tanto, pelo regime fiscal portuário do local onde de-
sembarcarem aquelas mercadorias, ou seja, no caso de
Isenção de taxas de p o r t o destinadas a importação: ,,..''
(Ordem de Serviço n.0 1,Série B, de 3-1-953)
a do Grupo II —classe A, se elas desembarcarem
0
A alínea /) do art. 4g. do Regulamento de Tari- nas pontes-cais privativas das interessadas ligadas a
fas, constante do n.0 Ilí da O. S. (n.0 15, Série B, de margens regularizadas (O. S. n.0 i5—Série B, de
8-9-952, passa a ter a seguinte redacção: ' 8-g-g52, e esclarecimentos respectivos), ou a do Gru-
Alínea /)— Osveículos,máquinas, alfaias, ferramen- po III —classe A, se desembarcarem nas pontes-cais
tas, utensílios e sementes (estas quando identificadas) privativas dasinteressadas situadas em margens não re-
empregados em explorações agrícolas nos mouchões e gularizadas (O. S. citada), nada interessando, para o
nos terrenos marginais do Tejo, o,gado, os objectos caso, que entrem ou não para armazém afiançado,
necessários às instalações de cantinas para o pessoal, e aspecto da questão, este, que-só tem interesse adua-
ainda os mantimentos a eledestinados(desdequenão se- neiro.
jamobjecto decomércio), quando embarquem ou desem-
barquem nas margens, não regularizadas,,a que corres- Taxasde tráfego aplicáveis a material semo-
ponde a taxa de porto da classe C— grupo III. vente (automóveis, tractores ou o u t r o ) :
—Os mouchões são considerados como fazendo Taxas de tráfego de entrada e de saída
parte da margem esquerda do Tejo, não sendo, por (Informação do Director dos Serviços Finan-
conseguinte, de aplicar taxa de porto a quaisquer mer- ceiros aprovada.por despacho de 8-1-953)
cadorias que se movimentem entre aqueles mouchões
e a margem esquerda. 1—Todo o material em questão, engradado ou
não, paga tráfego de entrada;
Isenção de taxas portuárias relativamente
a material de guerra 2— Todo ele paga ^também tráfego de saída, ex-
(Decreto-Lei n.0 39.087, de 22-1-953) cepto se sair pelos seus próprios meios, caso
este em que, de facto, não há tráfego.
Artigo 1.0—E concedida ao material de guerra
adquirido por conta da verba a que se refere o artigo Taxa de desencaixotamento
25.° da Lei n.0 2.o5o, de 27 de Dezembro de igãi, a (Resolução do Conselho de Administração
isenção de quaisquer impostos que constituam receita de 26-11-952)
das administrações portuárias.
Artigo 2.0—Ao material importado para defesa do A taxa-base de i8.©5o de "automóveis-sòmen-
País por força de obrigações assumidas em acordos te desencaixotar e carregar a madeira" aplica-
internacionais ou exportado em cumprimento de obri- -se sempre que há desencaixotamento de auto-
gações' da mesma natureza é igualmente aplicável a móveis completamente montados ou de "chas-
isenção prevista no artigo anterior. sis" para serem montados no entreposto, inde-
pendentemente da aplicação da taxa de "tráfego
Taxas de p o r t o relativas a combustíveis e a de entrada", correspondente a carga geral, a
óleos m o v i m e n t a d o s pelas Companhias de qual é sempre devida.
combustíveis Quanto a volumes contendo peças acessórias
(Ordem de Serviço n.0 6, Série B, de 4-2-953) para a montagem dos "chassis" há que aplicar-
-Ihes as taxas correspondentes (ou seja, as ta-
- a)' Os combustíveis são dispensados de entrar em xas de "tráfego de entrada" e de "pessoal para
entreposto, conforme a alínea a) do § i.0 do art. 6g.0 desencaixotamento", bem como a de "tráfego
do-Regulamento de Tarifas; os óleos são também dis- de saída" relativamente àmadeira dos caixotes).

••;•&
ANO l i —'N * 24 — JANEIRO:ig53. 17

O Porto de Lisboa em Janeiro de 1953


(Movimento comparado com o anterior)

1. M o v i m e n t o de navios no p o r t o

Entradas de navios
(com abstracção dos navios de pesca costeira)

Quantidade Tonelagem dearqueação


bruta
Janeiro de ig53 . Sog 980.199
Dezembro de ig52 342 1.II5.339

Média mensal de ig52 356 1.o3g.5i4

2. M o v i m e n t a ç ã o de mercadorias

Carga marítima —Tons.

(Segundo os respectivos manifestos e com abstracção


do pescado e dos gastos de bordo)

Desembarcada Embarcada Total

Janeiro de ig53 . I95.75I IIO.450 3o6.20l


Dezembro de ig52. 286.232 139.733 425.965

Média mensal de 1952 213.491 112.434 325.925

(Números sujeitos a ulterior rectificação)

3. Passageiros

Embarcados Desembarcados Em trânsito Total

Janeiro de 1953 . . . 5.65o 3.142 6.38! I5.I73


Dezembro de 1952 . . 7.1go 2.55o 7.885 17.625

Média mensal de 1952 7.004 3.570 11.408 21.982


fí BOLETIM DO:PORTO:DE LISBOA

A. Produção do Porto ;'. K

• • - * . • . '.' : '

Recibos processados no mês de Janeiro de 1953

Entrepostos Quantidade Importâncias .'....';' . '

Alcântara Zona Norte . . . I.428 652.8o7$3o • *

í
Alcântara Zona Sul . . . . 1.384 464.703180'• í
Santos 3.903 ' i.2'5o.'ii4$l5o "
Jardim do Tabaco . . . . . 2.497, 435.046I20
Santa Apolónia e Matinha / . 2.039 II.25l 456.Q93$2o 3.25g.665$oo

Cais de Santo Amaro . . ••':•• 281 «. 41.427170'- . . - . : , • • . ; . , - •

» de Alcântara 236 62.756|80. : ...: ;.: '.


» de Santos . . . . . 37 4.645|60 .
» do Jardim do Tabaco . 273 39.674I7O
» do Poço do Bispo . . 2l5 •38.479Í40
» da Matinha 97 45.3i2$oo
» da Margem Sul. . . . 98 - II.220$3o.

Taxas de porto, tráfego, baldeaçãc


e trânsito fora dos entrepostos 2.774 1.028.1.6.1§00

Abastecimento de água . 228 36.o6o$7o


Estações marítimas e fluviais i3o 163.840^00
5o8.758i6o ' '
Ocupação de terrenos e leito do rio i5g
Ocupação de armazéns •.. . . 91' ii8.65o§6o
Aparelhos transportadores e elevató
:• : '• •• : . • 1.
rios . . . .' •'.•• -. . '••':: 684 ' 248.801 §20
1 - . :

Vias férreas • .'-'• . " - . • ' ' . i5o ' 61.690$10 -


Semoventes terrestres. . . . • . 4 . . 0 7-7i4§7°

Concessão do Estaleiro Naval . 10 5.io7.836$9o


Acostagem de navios e aluguer d
muralhas . . . . . . . 412 • : 222,5 l5§20
Receitas diversas 411 io4.5g7|4o
Serviço marítimo . . . . . 453 888.253$8o
Estacionamento de navios 208 347 208$IO 4
Fundo de Melhoramentos. 1 6.952 242Ç20 .Q.087.847$0O

'?Total dé'iJaneiro de-ig53. ' 18.203 I2.347.5I2$00

<.'•-,, .'.
Total de Janeiro de ig52. 15.782 ,l3.67I.963|lQ

Total de Dezembro de 1952


• ' • - -

14497 6.3oo.523$5o

S-.V-!
Total de Dezembro .de:i.gS1 12.445 .' * - -. . :5-Í64-979$
00
A N Q M - r ^ N S 2 4 ^ JANEIRO LgSX 19

5. Tráfego de mercadorias

Receita mensal processada Contos

• •": ' • ' • • • ' - •' - V


Janeiro de 1953 . . .
:* £-.-^:.9ç-? -. ; .-'• •;;;-.- •*•}.v>
Dezembro de 1962 . ..; • - ; 1.634-
Média mensal de 1952 . 1.683

6. Receita cobrada

Venda de terrenos,
Corrente Estaleiro Naval indemnizações e sal- Total
dos de gerência

JaneirodeigSS 6.348.ig7$62 5.i07.827$g8 '539I40 ii.456.565$oo


Janeirodeig52 6.386.778$g6 6.806.029$74 I.220$50 1S.í94.029^20

7. Posição da cobrança

Janeiro,de igSS . • . • .

Recibos pendentes, de cobrança no íecho do mès •

Entregues ao Tribunal das Execuções Fiscais . . 9 0 i37.636$25


Suspensos por motivo de reclamações ou dúvidas . . . . . . o . . . 356 i.oo2.595|g5
Aguardando cobrança sobre entidades oficiais . . . • 221 168.642$10
Aguardando cobrança sobre firmas ou entidades particulares . . . . . . . . 345 53o.5g2$o5
1.012 i.83g.466$35

8. Situação de contas

Receita cobrada Despesa orçamental Saldos


Contos Contos Contos
Em 3i de Janeiro de ig53 11.457 8.875 1.582
Em 3.1 _de Janeiro de ig52 I : 3.ig4 ii.5oo 1-694
20 : • BOLETIM DO P O R T O DE LISBOA

c" '..
RESUMO:
:í '

a ) Movimento maritimo -satisfatório;


b) Movimentação de mercadorias em Janeiro inferior à do precedente mês e à média mensal de 1952;
c) Produção da actividade de tráfego em nível apreciável"; *
:
d) Rendimento do porto inferior ao do :correspondente mês de 1952.; . '• '•
e) Situação financeira equilibrada. , . ! . . ,

Transcrições

Transcrições feitas de artigos do Boletim do Porto de Lisboa de que tivemos conhecimento:

Jornal ão Comércio, de 24-1-igSS (O tráfego no porto de Lisboa no mês de Dezembro)


Jornal do Comércio, de 26-1-1953 (O porto de Santos, o seu movimento e o seu progresso)
Jornal do Comércio, de 27-1-1953 (Quanto paga o navio no porto de Lisboa e qual a parte que dessa despesa
reverte para a Administração-Geral do Porto de Lisboa)
Jornal do Comércio, de 28-1-1953 (Inovações em construção naval: Barcaças de desembarque em material
plástico)
Jornal do Comércio, de29-i-i953 (AInternational Cargo Handling Go-Ordination Association(I. C.H.C.A.),
de Londres, organização internacional para o aperfeiçoamento dos meios de carga,edescarga nos portos)
Jornal do Comércio, de 31-1-1953 (Parte do artigo "Seis anos de existência do Ministério das Comunicações
—A actividade desenvolvida através da Administração-Geral do Porto de Lisboa", sob o título "Os
futuros desenvolvimentos do porto de Lisboa")-

Texto de D r . Raul Humberto de Lima Simões, Director dos Serviços Financeiros

Composto e impresso nas Oficinas Gráficas de Maurício & Monteiro, Rua António Maria Cardoso, 7 — Telef. 24725 —Lisboa

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