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O Capitalismo Tardio
O Capitalismo Tardio
primeira
edição
2 Cf. CEPAL (1951: 46-7). Fica claro, portanto, que a tentativa de dar outra
roupagem conceitual à deterioração das relações de troca, tomando-a por troca
desigual, não somente nada acrescenta a esta abordagem de Prebisch, como, na
verdade representa um passo atrás, dada sua formulação estática. Cf. Emmanuel
(1972) e as percucientes Remarques théoriques de Charles Bettelheim que seguem
(p. 295-341) ao trabalho de Emmanuel.
18 João Manuel Cardoso de Mello
(Cardoso, C., 1973: 135-61). Não podemos aceitar, por tudo que foi dito, que se
possa imaginar presente numa colônia de povoamento e não de exploração, um
modo de produção colonial.
16 Cf. K. Marx (1973, v. 1: 607-49). E, dentre a copiosa literatura sobre a
questão, especialmente: Williams (1961); Mantoux (1961); Novais (1973). Em
sentido contrário, mas não convincentemente, por exemplo, os trabalhos do P.
Bairoch e Phyllis Deano.
O capitalismo tardio 43
Estamos até agora dando por suposto que o capital das nações
industrializadas encontra oportunidades de estender às áreas
atrasadas seus próprios meios de produção e a relação social de
produção que lhe é peculiar. Quer dizer, dispõe de oportunidades de
inversão lucrativas e mais lucrativas que nos seus países de origem.
E preciso, neste passo, enfrentar a questão, o que é possível, apenas,
se concretizando uma categoria que vimos utilizando, de áreas
atrasadas.
Penso que não. Emília Viotti da Costa, depois de nos dar uma
vivida descrição das crescentes dificuldades dos transportes, a partir
já de 1855, e de seus altos e crescentes custos, conclui de modo a não
permitir nenhum equívoco: “A lavoura de café via-se limitada na sua
expansão pelos altos fretes que tornavam impossível o cultivo além
de uma certa distância dos portos” (Costa, 1966: 173).
37 Para a expansão do ciclo que se inicia em 1868, ver Delfim Netto (1966:
16 e segs.).
O capitalismo tardio 73
Penso que o fundamental não reside aí. Desde logo, tarifa não
é sinônimo de proteção. Havia, ainda, uma barreira representada
pelos custos de transportes, que não eram nada desprezíveis naquela
altura, e outra, pelas desvalorizações cambiais.
provocou, por seu lado, um forte aumento relativo dos preços dos
produtos importados. Se houvesse adotado desde o começo uma tarifa
geral de 50% ad valorem possivelmente o efeito protecionista não
tivesse sido tão grande como resultou ser com a desvalorização da
moeda” (Furtado, 1971: 99-100).
42 Cf. Furtado (1971: 117 e segs.); Graham & Holanda Filho (1971).
43 O tema do pauperismo urbano e da marginalidade no Brasil do século
XIX é mais freqüente na literatura do que nas obras sociológicas. O ponto de
partida para sua análise, contudo está nas pertinentes observações de Caio Prado
Júnior, em Evolução política do Brasil (1933), retomadas em Prado Jr. (1953: 280-
95).
82 João Manuel Cardoso de Mello
“Os fazendeiros, por seu turno, pensavam que os núcleos não tinham
qualquer utilidade para prover trabalhadores para suas fazendas e
reivindicaram o término do programa (de colonização). Um grupo de
influentes fazendeiros declarou, por exemplo, em 1878, que ‘ademais de
ser prejudicial e onerosa para o Tesouro, a colonização oficial era
completamente inútil’ ” (Hall, 1972: 8).
Capítulo 2
92 João Manuel Cardoso de Mello
A
industrializaçã
o retardatária
Trataremos de investigar, neste passo, as características
fundamentais do processo de industrialização na América Latina.
Retomando a discussão inicial, verifiquemos de que modo esta
questão aparece tratada no paradigma cepalino, nosso ponto de
partida.
50 Cf. Castro (1969, v. 1: 54); O. Sunkel & Paz (1970: 355); Furtado (1970:
123 e segs.). Os grifos dos textos de Castro e Sunkel & Paz são meus, JMCM).
96 João Manuel Cardoso de Mello
2.1 A problemática da
industrialização retardatária
68 Para a política monetária, ver Villela & Suzigan (1973: 102 e segs.).
134 João Manuel Cardoso de Mello
69 Cf. Furtado (1971, cap. 28-30). Para as importações por tipo de bens, há
indicações conclusivas em Villela & Suzigan (1973: 112, 129); para a produção
interna e importações de tecidos, ver Fishlow (1972: 10).
O capitalismo tardio 135
70 Para uma descrição da política tarifária ver Luz (1961, cap. 4-5). Para a
proporção das tarifas sobre as importações, ver Fishlow (1972: 16).
71 Cf. para a dívida externa e finanças públicas, Villella & Suzigan (1973:
102 e segs. e 451).
136 João Manuel Cardoso de Mello
72 Para a reforma tributária, ver Villela & Suzigan (1973: 313, 334-6, 418).
O capitalismo tardio 141
Salários monetários
(em mil-réis)
Ano Carpa Colheita
1898 90 680
1899 85 650
1901 65 500
1904 60 450
Fonte: Hall (1972: 186).
79 Cf. para o segundo funding, Villela & Suzigan (1973: 139 e segs.).
148 João Manuel Cardoso de Mello
83 Cf. Villela & Suzigan (1973: 104). Para maiores detalhes sobre o
Encilhamento ver Calogeras (1910: 179 e segs.).
152 João Manuel Cardoso de Mello
trabalho, ainda que não seja menos verdade que nos valemos, em
vários anos (1908, 1909, 1911 e 1912), do decréscimo dos fluxos
migratórios para os Estados Unidos (Graham, D., 1973).
Desde logo, não foi o que se deu entre 1919 e 1923. O poder
de compra das exportações cai acentuadamente em 1920 e 1921,
subindo em 1922 e 1923, porém não a ponto de mitigar a crise
cambial, determinada pela forte procura de divisas para remessas
particulares ao exterior e pagamento da dívida externa. A acumulação
cafeeira, portanto, não poderia deixar de se apoiar para a reprodução
da força de trabalho tanto na indústria, quanto na agricultura
mercantil de alimentos, que crescem bastante no período.