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Ensino Remoto

FEMEC41043
MICROESTRUTURA E
PROPRIEDADE DOS MATERIAIS

Uberlândia, março de 2021

Prof. Rafael Ariza Gonçalves


Sumário
1. Diagrama de equilíbrio Fe-C
2. Transformação de fase da austenita
com resfriamento lento
3. Microestruturas dos aços
4. Influencia da Temperatura e do tempo
na transformação da austenita –
Curvas TTT
5. Formação da martensita
6. Temperabilidade
7. Tensões geradas com a têmpera
8. Procedimento para selecionar o aço
a – água sólida, líquida e gasosa. Três fases
b – água e álcool têm solubilidade ilimitada. Uma fase.
c – sal possui solubilidade limitada na água. Dissolvido,
uma fase. Água e sal precipitado, duas fases.
d – água e óleo não diluem. Duas fases
Soluções Sólidas

São formadas quando átomos de soluto ocupam


posições substitucionais ou posições intersticiais e
formam juntamente com o solvente uma fase única
A puro Limite de solubilidade
é a concentração
máxima de soluto que
pode ser dissolvida
no solvente.

A+B A ultrapassagem do
limite de solubilidade
resulta numa segunda
fase que pode ser
uma outra solução
B puro sólida ou em um
composto.
Solidificação de um elemento puro
Solidificação de uma mistura de dois
elementos a partir da mesma,
liquefeita, e os dois elementos A e B
seguem as Regras de Hume-Rothery.

• As diferenças dos raios de A e B


são menores que 15%,
• A e B possuem a mesma estrutura
cristalina.
• A e B possuem a mesma valencia.
• A e B são próximos em
eletronegatividade.
Resfriamento do Cobre e do Níquel puros e das
ligas Cu-20%Ni, Cu-50%Ni e Cu-80%Ni
Linhas de início e de final da solidificação para
todas as liga Cu-Ni
Diagrama Isomorfo

Cobre e Níquel seguem as Regras


de Hume-Rothery
Sistema isomorfo Cu-Ni (Adaptado de
ASKELAND & PHULÉ, 2003)
Para quaisquer composições, acima
da linha líquidus, tem-se uma fase
líquida, abaixo da linha solidus,
tem-se uma fase sólida e entre as
linhas líquidus e sólidus tem-se
duas fases, liquido (L) mais sólido
(α).
Composição das fases

Para uma liga Cu-40Ni tem-se:


Acima da linha liquidus – uma fase líquida com
composição Cu-40Ni.
Abaixo da linha sólidus – uma fase sólida com
composição Cu-40Ni.
Entre as linhas líquidus e sólidus tem-se duas
fases – liquida(L) e sólida (α).
As composições das fases dependem da
temperatura e seguem a regra da horizontal:
A 1280 °C – L: Cu-40Ni, α: Cu-52Ni

A 1250 °C – L: Cu-32Ni, α: Cu-43Ni

A 1240 °C – L: Cu-30Ni, α: Cu-40Ni


Co = concentração de B da liga
C = Concentração de B na Fase  à tempetatura T
Cβ = Concentração de B na Fase β à tempetatura T
% = Quantidade Relativa da Fase 
%β = Quantidade Relativa da fase β
Proporção das fases
Regra da Alavanca

Porcentagem das fases L e α da liga


Cu-40Ni a 1250 °C

𝟒𝟑−𝟒𝟎
%L= 𝐱 𝟏𝟎𝟎 = 𝟐𝟕, 𝟐𝟕 %
𝟒𝟑−𝟑𝟐

𝟒𝟎−𝟑𝟐
%α= 𝐱 𝟏𝟎𝟎 = 𝟕𝟐, 𝟕𝟐 %
𝟒𝟑−𝟑𝟐
Sistemas Anisomorfos
Diagrama Eutético
Calcular as quantidades da fases  e β
das ligas Cu20%Ag e Cu80%Ag à
temperatura ambiente.
Quais as composições das fases  e β
de cada uma das ligas.
Desenhe as duas ligas.
Admitindo: HB= 100 kg/mm2 (*)
HBβ= 200 kg/mm2 (*)
(*) Valores arbitrários
Calcule as durezas das duas ligas
sabendo-se que:
HBliga = f x HB + fβ x HBβ
Observe que a solubilidade
da Ag no Cu e do Cu na Ag
alteram com a queda da
temperatura.
Na temperatura ambiente:
Liga 1: Cu20%Ag
Composição de α: Cu2%Ag
Composição de β: Cu99%Ag
%α= ((99-20)/(99-2))x100= 81,5%
%β=((20-2)/(99-2))x100= 18,5%
Liga 2: Cu80%Ag
Composição de α: Cu2%Ag
Composição de β: Cu99%Ag
%α= ((99-80)/(99-2))x100= 19,5%
%β=((80-2)/(99-2))x100= 80,5%
Fase: porção de material que não tem
nenhuma descontinuidade quer na
estrutura cristalina que na composição.
química.

α – 81,5 % α – 19,5 %
β – 18,5 % β – 80,5 %
HBA20%B = 0,815 x 100 + 0,185 x 200 = 118,5 kgf/mm2
HBA80%B = 0,195 x 100 + 0,805 x 200 = 180,5 kgf/mm2
Composições de  e β e cálculo das
quantidades relativas de  e β na para a
liga Cu50%Ag nas temperaturas de 600 oC
e temperatura ambiente:
A 600 oC:
Composição de : Cu7,9%Ag
Composição de β: Cu91,2%Ag
%α = ((91,2 - 50)/(91,2 - 7,9))x100 = 49,46%
%β = ((50 - 7,9)/(91,2 – 7,9))x100 = 50,54%
Temperatura ambiente:
Composição de : Cu2%Ag
Composição de β: Cu99%Ag
%α = ((99-50)/(99-2))x100 = 50,5%
%β = ((50-2)/(99-2))x100 = 49,5%
Mg – HC Pb – CFC
Mg e Pb reagem formando o Mg2Pb
Curva de Resfriamento (esquemática)
do Ferro Puro
Com a adição de carbono, há
alterações das temperaturas das
transformações alotrópicas.
Ocorrem também diferentes
solubilidades do Carbono no
Ferro para as diferentes
alotropias (δ, ɤ e α).
A temperatura influencia na
solubilidade do Carbono no Ferro.
Diagrama de equilíbrio Fe-C

Aços são definidos como ligas de ferro e carbono,


contendo até 2,0% deste elemento.
Ferros fundidos são ligas de ferro e carbono,
contendo mais de 2,0% deste elemento.
No diagrama, vê-se que para uma
composição de 0,76%C, no resfriamento, a
austenita () se transforma em ferrita (α) e
cementita (Fe3C).
Reação eutetóide: ɤ → α + Fe3C
O aço com 0,76%C é chamado aço
eutetóide.
Todo aço com menos de 0,76%C é
chamado aço hipoeutetóide.
Todo aço com mais de 0,76%C é chamado
aço hipereutetóide
Revisão – Nucleação:
Na solificação há a nucleação de
uma fase sólida a partir da fase
líquida.

A fase sólida formada tem uma


energia menor que a fase líquida que
deu origem à mesma. Durante a
solidificação há liberação de calor
latente e o líquido em volta recebe
esse calor de modo a manutenção
da temperatura, enquanto ocorrer a
solidificação.
O solido formado contribui para o
abaixamento da energia por conta do
calor latente liberado mas, há a
geração de uma superfície.
Toda superfície tem uma energia
associada a ela e essa energia é
positiva.
Então tem-se um abaixamento da
energia devido a formação do sólido
e um aumento da energia devido a
geração da interface sólido/líquido.
Podemos então expressar:
Etotal = Esuperfície – Evolume
Ou:
ΔGtotal = ΔGS – ΔGV
ΔGS = (Superfície) x (Energia por
unidade de Superfície)
ΔGV = (Volume) x (Energia por
unidade de Volume)
Então, durante a solidificação ocorre
um abaixamento da energia devido o
volume do sólido formado mas, há
um aumento da energia devido a
energia da superfície gerada

O aumento da energia devido a


formação da superfície deve ser o
menor possível porque a
solidificação é um processo natural
que vem no sentido do abaixamento
da energia.
Qual a forma do sólido formado

Ou

Cubo Esfera
Para um cubo de lado igual a 10
V = l3 = 103 = 1000
S = 6 x l2 = 6 x 102 = 600

Para uma esfera de Volume igual a 1000


V = (4πR3)/3 = 1000 R = 6,2
S = 4πR2 = 483

Cubo e esfera de volumes iguais, a esfera


tem uma superfície menor.
O embrião sólido formado terá então a
forma esférica porque propiciará um
menor incremento de energia de
superfície.
ΔGS = (Superfície) x (Energia por unidade de
Superfície)
ΔGV = (Volume) x (Energia por unidade de
Volume)

R 1 2 3 4 5
S 4π 16π 36π 64π 100π
V 4π/3 32π/3 36π 256π/3 500π/3
4
𝐒 = 4 𝝅𝐑2 𝐕 = 𝝅𝐑3
3
ΔG = energia
σ = energia por
unidade de
superfície
ΔHV= energia
latente de
solidificação
Reação exotermica

“Energia de Ativação para “deitar” o bloco


É necessária uma energia de
ativação para que ocorram
transformações.

As transformações ocorrerão
então, em regiões que têm mais
energia, de modo auxiliar a
vencer as barreiras energéticas.
Diagrama de equilíbrio Fe-C
Quaisquer que sejam
as ligas Fe-C, aços ou
ferros fundidos,
apresentarão na
temperatura ambiente
duas fases,  e Fe3C.
Uma liga Fe-C com 0,76 % C, no
resfriamento, a partir de uma
temperatura em que a única fase
presente seja ɤ, na temperatura de
727 oC, ocorre a transformação
eutetoide:
ɤ → α + Fe3C

ɤ (Austenita) se transforma em α
(Ferrita) e Fe3C (Cementita).
A transformação ocorre no estado
sólido e se inicia nos contornos de
grão de ɤ por serem regiões de
mais alta energia, de modo ajudar
vencer a barreira energética da
transformação. As formas
geométricas de α e Fe3C seriam a
princípio esféricas mas causariam
grande aumento de energia devido
às deformações causadas.
Exemplo de distorção caudada por
um composto
A Austenita (ɤ) com 0,76
%C dá origem à Ferrita
() com 0,02 %C e à
Cementita (Fe3C) com
6,67 %C.
Aço eutetóide

ɤ → α + Fe3C
Reação eutetóide Perlita
Aço eutetóide

Microestrutura: Perlita
Duas Fases ( e Fe3C) e um Constituinte (Perlita)
Modelo de formação e crescimento da perlita
Aço hipoeutetóide
Aço hipoeutetóide

Microestrutura: Ferrita e Perlita


Aço hipereutetóide
Aço hipereutetóide

Microestrutura: Cementita e Perlita


Tarefa 1
Pesquise o efeito de
sete elementos de liga
que podem estar
presentes nos aços.
Tarefa 2
Calcule as quantidades das
fases e dos constituintes do
aço ABNT1030 e do aço
ABNT1095, quando resfriados
lentamente a partir da
austenitização.
Influência da temperatura e
do tempo na transformação
da austenita em Ferrita e
Cementita para um aço
eutetóide.

ɤ → α + Fe3C
Influência da temperatura e do
tempo na formação da perlita
Repetindo o experimento para
diferentes temperaturas de
transformação (ɤ → α + Fe3C), ter-
se-á uma familia de curvas (curva
em S) porque a transformação
depende da combinação da taxa
de nucleação e da taxa de
crescimento

A projeção dos tempos de inicio e


de fim da transformação para
cada temperatura produz o que
chamamos de curva TTT
Curva TTT
Curva vermelha: início da Curva verde: fim da
transformação ɤ → α + Fe3C transformação ɤ → α + Fe3C
Curva TTT do aço eutetóide
Formação da martensita

Austenita: alta dissolução Ferrita: baixa dissolução de


de carbono carbono
Formação da martensita
CFC Carbono

TCC
CFC
TCC
Formação da martensita
Na austenitização, todo o carbono do
aço fica dissolvido na austenita .

No resfriamento lento ocorre a


transformação: ɤ → α + Fe3C

No resfriamento rápido (têmpera),


não há tempo do carbono sair por
difusão, ficando retido.
Resfriamento
lento + Fe3C
Ferrita

Austenita Resfriamento
rápido

Martensita
Formação da martensita

O carbono impede a célula TCC se


transformar em CCC, causando
grande distorção.
A solução sólida supersaturada de
carbono em ferro, de estrutura
tetragonal de corpo centrado, é a
martensita
A martensita tem o teor de carbono
da austenita que deu origem a ela.
(a) Austenita (ɤ - CFC) com átomo de carbono
dissolvido nos interstícios. (b) Ferrita ( - CCC)
onde não há espaço para acomodar carbono e (c)
Martensita (TCC) com carbono retido, causando
distorção.
Microestrutura martensítica
Martensita em aço com 1,86%C – (Krauss – 1999)
Na austenitização, todo o carbono
do aço se dissolve na austenita.

Na têmpera, com o resfriamento


rápido, o carbono dissolvido na
austenita fica todo retido, causa
distorções e tensões, e
consequente aumento da dureza.
Dureza de aços temperados em
função do teor de carbono
Dureza da martensita como função do
teor de carbono. A dureza da martensita
não depende dos elementos de liga
presentes. Depende o teor de Carbono.
Dureza de diferentes
porcentagens de martensita em
função do teor de carbono.
O teor de carbono é
escolhido em função
da dureza desejada
Na escolha do aço, não é
só a dureza que importa.
A profundidade do
endurecimento também é
importante
7 – Temperabilidade

Temperabilidade é a capacidade ou
a profundidade de endurecimento
de um aço por têmpera

Note-se que temperabilidade ou


profundidade de endurecimento, não se
referem à máxima dureza que pode ser
obtida num aço, a qual é função quase
que exclusiva do seu teor de carbono.
Medida da temperabilidade
Método de Grosmann:
Diâmetro crítico real Dc de um aço é o
diâmetro de uma peça cilíndrica deste
aço que, ao ser temperada tem no
centro 50% de martensita e 50% de
perlita.

Qualquer peça com diâmetro maior


que o crítico terá menos de 50% de
martensita no centro e qualquer peça
com diâmetro menor que o critico terá
mais de 50% de martensita no centro
É fácil observar que:
1. Um aço que tem sua curva
TTT mais para a direita é mais
fácil ser temperado e tem um
maior diâmetro crítico.
2.Um aço que tem sua curva
TTT mais para a esquerda é
mais difícil de ser temperado
e tem um menor diâmetro
crítico
Então, os fatores que deslocam a
curva TTT para a direita contribuem
para o aumento da
temperabilidade e os fatores que
deslocam a curva TTT para a
esquerda contribuem para a
diminuição da temperabilidade.
Fatores que deslocam a curva TTT:

1. Composição química
2. Tamanho de grão austenítico
3. Homogeneidade da austenita
O deslocamento das curvas TTT para a
direita, aumenta a temperabilidade,
facilitando a obtenção da martensita
com resfriamentos mais suaves. Os
elementos de liga, em geral deslocam
as curvas TTT para a direita, com
destaque para o Carbono, o Manganês,
o Cromo e o Molibdênio.
O Cobalto é exceção porque aumenta
a taxa de nucleação e crescimento da
perlita.
A transformação ɤ → α + Fe3C ocorre de
forma heterogênea junto aos contornos
de grão da austenita por serem regiões
mais energéticas que o interior do grão.
Desta forma, quanto mais contornos de
grão, mais regiões para nucleação da
perlita.
Tamanho de grão pequeno desloca a
curva TTT para a esquerda e tamanho de
grão grande para a direita.
Como a nucleação da perlita se
dá de forma heterogênea,
quanto maior a quantidade de
carbonetos não dissolvidos,
mais regiões para haver a
nucleação, de forma acelerar a
transformação.
Curva TTT mais para a direita,
maior a temperabilidade, maior o
diâmetro Crítico.

Curva TTT mais para a esquerda,


menor a temperabilidade, menor
o diâmetro crítico.
O meio de resfriamento influencia
na velocidade de extração de
calor de modo influenciar na
medida do diâmetro crítico real Dc.
O diâmetro crítico real de um aço
X obtido com resfriamento num
meio não pode ser comparado
com o diâmetro critico real de um
aço Y obtido com resfriamento
em outro meio.

Por esse motivo foi criado o


diâmetro crítico ideal DI.
Foi feita a medida da capacidade de
extração de calor de vários meios de
resfriamento e atribuiu-se um valor H.
O valor de H da água sem agitação é 1.
Qualquer meio que retira calor menos
eficazmente que a água tem valor H
menor que 1.
Qualquer meio que retira calor mais
eficazmente que a água tem valor H
maior que 1.
O diâmetro crítico ideal (DI) é obtido
com um meio de resfriamento cujo H = .
Princípio experimental de avaliação do valor H
Valores de H

Estado de Óleo Água Salmoura


agitação do
meio de
resfriamento
Nenhuma 0,25 a 0,30 1,0 2,0
Pouca 0,30 a 0,35 1,0 a 1,1 2,0 a 2,2
Moderada 0,35 a 0,40 1,2 a 1,3 -
Boa 0,4 a 0,5 1,4 a 1,5 -
Forte 0,5 a 0,6 1,6 a 2,0 -
Violenta 0,8 a 1,1 4,0 5,0

Com o aumento de H crescem: Velocidade de resfriamento


Distorções
Trincas
Correlação entre Dc e DI
Uma vez obtido o DC de um certo
aço é possível a obtenção do
respectivo DI e a partir deste os DC
para quaisquer meios de
resfriamento.
Entre dois aços, o de maior
temperabilidade é o que tem o
maior DI.

O diâmetro crítico ideal pode ser


calculado através da equação:

DI = Db x FMn x FSi x FNi x FCr x FMo


Tarefa 3
Calcular o Diâmetro Crítico ideal
do Aço ABNT 4340 com #7ASTM
C 038 a 043
Si 0,15 a 0,30
Mn 0,60 a 0,80
Cr 0,70 a 0,90
Ni 1,65 a 2,00
Mo 0,20 a 0,30
Medida da temperabilidade pelo
método de Jominy
A inflexão da curva Jominy
indica a posição na superfície, a
partir da extremidade resfriada,
que tem exatamente 50% de
martensita e 50% perlita.
Curvas de temperabilidade Jominy
de diferentes aços com 0,4%C

Mesma dureza na extremidade resfriada.


Quanto mais para a direita a inflexão, maior a
temperabilidade
Efeito do carbono e dos elementos de
liga na temperabilidade dos aços

Curvas de temperabilidade Jominy para


quatro tipos de aços
Plotando os diferentes DI versus as
respectivas distancias de inflexão
Jominy, obtém–se a correlação
entre ambas.
A partir dos ensaios de
temperabilidade Jominy, é
possível obter as profundidades
de endurecimento (DI e Dc) de
quaisquer aços
Correlação entre Dc e DI
Tarefa 4
O Aço A tem Dc=0,8” quando
temperado em água. O Aço B tem
Dc=0,4” quando temperado em
óleo com H=0,4.
Qual aço tem maior profundidade
de endurecimento.
Qual o Dc do Aço B quando
temperado em água.
8 – Tensões geradas com a
têmpera
Quando é realizada uma
têmpera, ocorrem os
resfriamentos diferenciados entre
a superfície e o centro da peça e
também as transformações de
fase da austenita ocorrem em
tempos diferentes, para a
superfície e para o centro da
peça.
Velocidades de resfriamento
diferenciadas entre a superfície e
o centro de uma peça
Temperatura da superfície cai
mais rapidamente que a
temperatura do centro
Exemplo: imagine uma barra de
aço com 2 pol de diâmetro
sendo resfriada em água e que
ao fim de 10 segundos o registro
das temperaturas revela uma
diferença de 800 oF entre a
superfície e o centro.
Calculo das tensões geradas

S = ET

Onde:
S = esforço térmico, lbpol2
 = coeficiente de expansão linear,
pol(pol)(oF)
E = módulo de elasticidade, lbpol2 ,e
T = diferença de temperatura, oF
Supondo um valor médio de
coeficiente de expansão linear
de 6,5 x 106 pol(pol)(oF), e
E = 30 x 106 lbpol2 e
introduzindo estes valores na
equação anterior com T = 800
oF, dá

S = 6,5 x 106 x 30 x 106 x 800


S = 156.000 lbpol2
Variação de volume do ferro puro, no
resfriamento, devido à transformação
da austenita em ferrita (912 ºC)
T
ɤ→α

912 °C

ɤ - CFC α - CCC
Tarefa 5:
Calcular a variação
volumétrica ɤ→α do
ferro puro.
Fazer agora (15 min.)
CFC
CCC
Célula CFC → 4 átomos, Célula CCC → 2 átomos

Após a Transformação ɤ→α

𝟑
e 𝑽𝒇𝒊𝒏𝒂𝒍 = 𝟐(𝟒𝑹 𝟑) = 𝟐𝟒, 𝟔𝟑𝑹𝟑

Cálculo da variação de volume ∆V

∆V =

Em porcentagem, ∆V = 8,9%
V

T
Expansão volumétrica de 8,9% devido à
transformação da austenita em ferrita.
FEɤ = 0,74

FEα = 0,68

A transformação martensítica promove um


incremento de volume de 4,6%, medido
com um dilatômetro.
No resfriamento, a partir de uma certa
temperatura, há contração térmica da austenita,
mas a partir do momento em que se inicia a
transformação da austenita em martensita há uma
expansão volumétrica e, terminada a
transformação, ocorre a contração térmica da
martensita.
Exemplo 1: Tratamento térmico de têmpera
em uma peça cilíndrica com formação de
martensita da superfície ao centro
Análise qualitativa das tensões
Exemplo 2: Tratamento térmico de têmpera
em uma peça cilíndrica com formação de
martensita na superfície e perlita no centro
Etapa Estado de tensão
Superfície Centro
I – Gradiente de
temperatura entre Tração Compressão
superfície e centro.
∆VS ↓ > ∆VC ↓

II - ɤS → M, ∆VS↑
ɤC → P, ∆VC↑ Compressão Tração
∆VS↑ > ∆VC ↑

III – TS já baixa Maior Maior


TC ↓ ∆VC ↓ Compressão Tração
Qual situação é preferível?

Geração de trinca na superfície


ou no centro?
Haverá a formação de trincas se e
somente se a tensão de tração
gerada ultrapassar o limite de
resistência do material (martensita
com o seu respectivo teor de
carbono).

Há a necessidade de se fazer o
revenido para diminuir as tensões.
Se ocorreu trinca, seja na superfície, seja
no interior, a peça está perdida.
Uma peça em serviço está sujeita a
tensões de solicitação.
Tensões de tração podem provocar a
abertura de trincas.
A peça que tem tensão residual de
compressão na superfície terão uma vida
útil maior. As tenções de tração de
solicitação deverão primeiramente anular
as tensões de compressão residuais para
posteriormente tracionar de fato a
superfície.
Revenimento

Com a témpera ocorre o aumento da


dureza e diminuição da tenacidade

O revenimento consiste no
reaquecimento da peça temperada em
uma temperatura abaixo da linha A1 (723
oC), por um tempo, geralmente 1h.

É realizado para corrigir a dureza


excessiva e aumentar a tenacidade.
O revenido é o tratamento que
sempre acompanha a têmpera, pois
elimina a maioria dos inconvenientes
produzidos, Alivia as tensões
internas, corrige as excessivas
dureza e fragilidade, aumentando sua
ductilidade e resistência ao choque.
Efeito da temperatura de revenimento sobre a
dureza e a resistência ao choque de um aço
Influência da temperatura de revenido sobre as
propriedades mecânicas de um aço com 0,5% de
Carbono, temperado em água.
A dureza de projeto é aquela
que a peça deve ter após o
revenimento.
Ao ser temperada, a peça deve
atingir uma dureza acima para
que, após o revenimento tenha
a dureza de projeto.
Lembrando que, sempre se faz
o revenimento, em peças que
trabalham com carregamento
dinâmico, a dureza de projeto
da peça é a dureza após o
revenimento.
Exemplo:

Suponha que uma peça


deva ter a dureza de 45RC
em virtude das solicitações
mecânica a que será
submetida.
Deve ser escolhido um aço com
um teor de carbono que atinja
uma dureza acima de 45HRC
após têmpera e que o
revenimento promova o
abaixamento da dureza a
45HRC.

Deve ser escolhido um aço com


o “menor teor de carbono
possível”.
Dureza após revenido (horizontal)
versus dureza após têmpera
(vertical)
O aço deve apresentar 53
Rc após a têmpera.

Deve-se então escolher um


aço com o teor de carbono
que produza 53 RC na
têmpera.
A martensita é uma solução sólida
metaestável saturada de carbono em
ferro alfa que assim permanece por
tempo indefinido.
Com o aquecimento, a partir 150oC, o
carbono vai adquirindo mobilidade e a
separação se torna cada vez maior a
medida que é elevada a temperatura.
O carbono retido que se separa da
martensita se liga a átomos de ferro da
própria martensita formando Fe3C e vai
coalescendo com outros carbonetos
enquanto a matriz martensítica vai se
transformando em ferrita.
A 600º C a separação do carbono atinge
um grau elevado de modo que o aço
antes martensítico apresenta uma
microestrutura característica denominada
sorbita. A sorbita é constituída de
pequenas partículas de Cementita
tendendo para a forma esferoidal sobre
um fundo de ferrita.
Aço temperado. Estrutura Aço temperado e revenido.
Martensita. Ataque Nital Estrutura Sorbita. Ataque Nital
Recozimento
É o tratamento térmico realizado com a
finalidade de se obter os seguintes
resultados: remover tensões devidas
aos tratamentos mecânicos a frio ou a
quente, diminuir a dureza para melhorar
a usinabilidade, ajustar o tamanho de
grão, regularizar a textura bruta de
fusão, eliminar os efeitos de qualquer
tratamento térmico ou mecânicos a que
o aço tiver sido anteriormente
submetido.
O recozimento apaga, por assim dizer,
as texturas resultantes de tratamentos
térmicos ou mecânicos anteriormente
sofridos pelo material porque, ao
passar pela zona crítica, este se
recristaliza sempre sob a forma de
grãos normais de austenita, qualquer
que seja a textura que apresente antes
de atingir a referida zona no
aquecimento. Portanto, com esse
tratamento, os aços readquirem suas
propriedades e texturas normais.
Zona Crítica: Região do diagrama Fe-C
compreendida entre as linhas A1, A3 e Acm.
Recozimento total ou pleno
Consiste no aquecimento acima da
zona crítica durante o tempo
necessário e suficiente para se ter a
completa solução do carbono ou dos
elementos de liga no ferro gama
seguido de resfriamento lento,
realizado sob condições que permita a
formação dos constituintes normais de
acordo com o diagrama de equilíbrio
Fe-C.
O resfriamento lento é obtido quando o
forno é desligado após o tempo de
austenitização e a peça permanece no
interior do mesmo e resfria juntamente
com o forno.

Diagrama esquemático de transformação


para o recozimento pleno
As microestruturas obtidas são:
• Perlita para o aço eutetoide.
• Ferrita e Perlita para os aços
hipoeutetoides.
• Cementita e Perlita para os aços
hipereutetóides.
Recozimento isotérmico ou cíclico

Consiste no aquecimento do aço nas


mesmas condições para o recozimento
total, seguido de um resfriamento rápido
até uma temperatura situada dentro da
porção superior do diagrama de
transformação isotérmico (curva TTT),
onde o material é mantido durante o tempo
necessário para se produzir a
transformação completa. Em seguida o
resfriamento até a temperatura ambiente
pode ser apressado.
Diagrama esquemático de transformação
para recozimento isotérmico ou cíclico.

(*) São utilizados dois fornos. Um para a


austenitização e um segundo para a
manutenção na temperatura de transformação
Recozimento para alívio de
tensões ou sub-crítico
Consiste no aquecimento do aço a
temperaturas abaixo do limite inferior da
zona crítica. O objetivo é aliviar as
tensões originadas durante a
solidificação ou produzidas em
operações de transformação mecânica
a frio, como estampagem profunda, ou
em operações de endireitamento, corte
por chama, soldagem ou usinagem.
Essas tensões começam a ser aliviadas
em temperaturas logo acima da
ambiente; entretanto, é aconselhável
aquecimento lento até pelo menos
500oC para garantir os melhores
resultados.
Diagrama de equilíbrio Fe-C mostrando as
faixas para recozimento sub-crítico
Recozimento para esferoidização

O recozimento para esferoidização tem


por objetivo melhorar a usinabilidade e
a trabalhabilidade a frio dos aços. O
tratamento consiste num aquecimento
e resfriamento subsequente em
condições tais a produzir uma forma
globular ou esferoidal de carboneto do
aço.
Formas de executar:

• Aquecimento a uma temperatura logo


acima da linha inferior de transformação,
seguido de resfriamento lento.

• Aquecimento prolongado a uma


temperatura logo abaixo da linha inferior
da zona crítica.

• Aquecimento e resfriamento alternados


entre temperaturas que estão logo acima
e logo abaixo da linha inferior de
transformação
Diagrama de equilíbrio Fe-C mostrando as
faixas para esferoidização
a b
Aço com 1,1%C. (a) Perlita e Cementita e (b)
Cementita com morfologia globular
(esferoidizada)
Obrigado

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