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Sistemas de Esgotamento e Tratamento de Águas Residuárias

- SETAR
2015.2

Prof. André Bezerra dos Santos

Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental (DEHA)


Projeto e dimensionamento de
Estações Elevatórias de Esgotos
Introdução
As Estações Elevatórias de Esgotos – EEE são unidades
eletromecânicas consumidoras de energia, cujo custo incide nas
despesas de operação do sistema.

Sua adoção deve ser cuidadosamente cotejada com outras


opções de traçado e posição relativa dos condutos para se eleger
a de menor custo global (implantação+exploração).
Introdução
Ocorrências
Na coleta, para elevação de esgotos de pavimentos abaixo do
greide do coletor predial ou em terrenos com caimento para o
fundo.

No transporte (rede coletora e interceptores):


para evitar o excessivo aprofundamento dos coletores;
em zonas com rede nova em cotas mais baixas que a rede existente;
em redes coletoras do tipo distrital.
Ocorrências
No tratamento, para elevar o afluente à ETE, até a cota
compatível com a implantação das unidades de tratamento.

Na disposição final, para lançamento no corpo receptor em


condições favoráveis, dadas as variações de nível (cheias, marés
etc.).
Ocorrências
Localização
São relevantes os seguintes aspectos técnicos e econômicos:
Custo da área de implantação;
Facilidade e custo da alimentação de energia elétrica;
Facilidade de acesso;
Facilidade de extravasão do esgoto afluente;
Nível local de inundação.

Convém também cotejar os custos das extensões dos coletores


afluentes com os da linha de recalque e consumo de energia,
comparando custos globais da maior extensão dos coletores com o
recalque mais curto e menor potência instalada, contra a situação
inversa.
Vazões
São as conduzidas pelos coletores afluentes ao poço de tomada da
EEE, cabendo as bombas selecionadas a incumbência de
compatibilizar a variação que caracteriza tal afluência com a vazão de
saída da elevatória.

Normalmente se utilizam bombas centrífugas que podem ser de


rotação constante ou variável.

No segundo caso, são utilizados variadores de velocidade acoplados


aos motores elétricos, de modo que a concordância da vazão de
recalque com a afluente se faz com uma aproximação bem ajustada,
minimizando as dimensões e a importância do poço de sucção.
Classificação
De acordo com a capacidade:
Pequenas: vazões de recalque menores que 50 L/s
Médias: vazões de recalque entre 50 e 500 L/s
Grandes: vazões de recalque maiores que 500 L/s

De acordo com a carga:


Baixas: AMT menor que 10 m.c.a.
Médias: AMT entre 10 e 20 m.c.a.
Altas: AMT superior a 20 m.c.a.
Classificação
De acordo com o tipo, capacidade e método construtivo:
Bomba Tipo de elevatória

Ejetor pneumático Elevatória com ejetor pneumático

Parafuso Elevatória com bomba parafuso

Centrífuga Elevatória convencional


Características gerais
Vale salientar que as EEE têm suas características definidas a partir da
determinação das vazões a elevar, dos equipamentos e seus modelos a serem
instalados e do método construtivo.

Tipicamente quando são moldadas no local, são estruturas em concreto


armado nas construções subterrâneas e em alvenaria nas externas.

Constituem-se de uma câmara de recepção denominada de poço úmido, de


detenção ou de coleta, no qual se instalam grades de retenção de material
grosseiro (d > 2,5cm) e dispositivos para retirada desse material retido, além
de escadas fixas de acesso, entradas de sucção e extravasores.
Características gerais
Também possuem uma câmara de operação denominada de poço
seco ou câmara de trabalho, onde estão instalados os equipamentos
de impulsão (conjuntos motor-bombas), geradores, válvulas de
controle e antigolpe, conexões de continuidade do recalque,
exaustores etc., além de estruturas de circulação de operadores e
transporte de máquinas.

Normalmente sobre o poço seco estão as dependências de


acomodação dos operadores (instalações sanitárias e escritório) e
equipamentos e dispositivos necessários a operação e manutenção
das instalações (talhas, ganchos e chaves, quadros elétricos, alarmes
e painéis de controle automáticos e manuais), sistemas de ventilação
e calefação, drenagem etc.).
Características gerais
Características gerais
Construção civil: constituída por três unidades, o tratamento
preliminar, o poço de sucção e a casa de bomba.
Tratamento preliminar:
Visa à remoção de sólidos grosseiros do esgoto afluente às estações elevatórias
com intuito de proteger os conjuntos elevatórios.
Normalmente grades de barras de limpeza manual ou mecânica, cesto,
triturador e peneira.
No Brasil, a solução normal para tal fim é o uso de gradeamento a montante ou
na entrada do poço de sucção.
Em estações elevatórias de pequeno porte, a solução mais comum é o uso de
cestos removíveis por içamento colocados à altura da boca de descarga do
coletor.
Características gerais
Construção civil: constituída por três unidades, o tratamento preliminar, o poço de
sucção e a casa de bomba.
Tratamento preliminar:
Características gerais
Poço de sucção:
Estrutura de transição que recebe as contribuições dos esgotos afluentes e
mantém o líquido armazenado de forma adequada para que ocorra o
bombeamento.

Alguns aspectos de importância relacionados ao poço de sucção:


Apresentar volume adequado para se alcançar o correto funcionamento dos conjuntos
elevatórios.
Permitir uma submergência suficiente na sucção, a fim de evitar a entrada de ar na bomba
devido ao fenômeno de vórtice.
Possuir laje de fundo com inclinação no sentido da sucção das bombas, a fim de evitar a
deposição dos materiais sólidos e facilitar sua limpeza.
Possuir as facilidades para acesso, limpeza, iluminação e ventilação do poço.
Os acessos ao poço devem ser localizados fora da casa de bombas e de outros compartimentos
da elevatória, a fim de evitar a entrada dos gases de esgoto que emanam do poço de sucção.
Características gerais
Tubulações e acessórios: as principais partes de interesse, constituintes das
tubulações e acessórios, são as canalizações de sucção, de recalque e do
barrilete, além das válvulas usualmente utilizadas.

Em relação a elas cumpre destacar:


A tubulação de sucção deve ser a mais curta possível e sempre ascendente, até
atingir a bomba.
As tubulações do barrilete deverão ser dispostas de maneira que haja espaço para
inspeção, conserto, manutenção de bombas, motores elétricos e válvulas.
As tubulações de recalque têm seu diâmetro determinado em função do custo de
implantação, de operação e manutenção do sistema elevatório.
As válvulas deverão estar localizadas em pontos acessíveis ao operador.
Usualmente, utilizam-se válvulas de gaveta e válvulas de retenção.
Características gerais
Características gerais
Características gerais
Características gerais
Características gerais
Características gerais
Características gerais
Características gerais
As válvulas de gaveta são utilizadas para isolar as linhas de sucção e
de recalque nas ocasiões de manutenção das tubulações e
equipamentos eletromecânicos da elevatória. Para elevatórias de
esgoto, são recomendadas válvulas de gaveta flangeadas, de haste
ascendente, com volante.

As válvulas de retenção, por sua vez, permitem apenas o escoamento


do fluxo em uma direção e destinam-se à proteção das instalações de
recalque contra o refluxo do esgoto. Existem vários tipos de válvulas
de retenção, mas, para as elevatórias de esgoto, recomenda-se o tipo
portinhola.
Características gerais
As vazões de esgoto afluentes às estações elevatórias estão sujeitas
às variações horárias e diárias e, também, às variações ao longo do
tempo em razão, principalmente, do crescimento populacional. A
condição ideal em uma elevatória é aquela em que a vazão
bombeada é igual à vazão afluente.

Para o recalque do esgoto acompanhando essas variações, podem ser


utilizados vários conjuntos elevatórios e/ou os variadores de rotação
das bombas. Dentre os vários tipos de variadores de rotação
destacam-se os variadores hidrocinéticos (variadores hidráulicos) e os
inversores de frequência (variadores de frequência).
Características gerais
Características gerais
Características gerais
Características gerais
Características gerais
Características gerais
Características gerais

Elevatória (48)
ETE (39)
TOTAL = 87
Características gerais
CECOE
Tipos de bombas
Nas elevatórias de esgotos o tipo de bomba mais frequente é a
centrífuga, com velocidade fixa ou variável, podendo ser de eixo
horizontal (afogada ou não afogada) ou vertical.

As verticais podem ser com motor acoplado (submersíveis) ou de


eixo longo (submersas), estas de uso menos frequente.

Além das bombas centrífugas também são empregadas as


bombas helicoidais e os ejetores pneumáticos, com relativa
constância.
Tipos de bombas
As EEE convencionais podem ainda ser classificadas, de acordo
com a submersão da bomba, em elevatórias de poço seco e
elevatórias de poço úmido.

As EEE de poço seco têm o poço de sucção separado da casa de


bombas.

Para as elevatórias de pequeno e médio porte, é comum a


utilização de EEE de poço úmido, com pelo menos uma bomba
submersa ou submersível.
Tipos de bombas
Bombas centrífugas
Ampla utilização na elevação de esgoto e simplicidade das obras
civis envolvidas.

Em algumas situações podem ser instaladas até em poços de


visita.

Para esgotos as bombas devem ser afogadas, isto é, com seu eixo
de referência abaixo do nível mínimo do poço de sucção, a fim de
dispensar as válvulas de pé na entrada da sucção, as quais
obstruem a passagem de sólidos em suspensão no líquido.
Bombas centrífugas
São máquinas hidráulicas construídas para mediante a
transformação de energia de pressão, impulsionar uma dada
vazão de líquido a uma altura desejada.

Deve-se também vencer as resistências oferecidas quer pela


gravidade (diferenças de cotas), quer pelas perdas nas
tubulações de sucção e de recalque (perdas de carga).
Bombas centrífugas
Basicamente as bombas centrífugas são constituídas de um rotor
solitário a um eixo, acoplado a um motor elétrico (mais comum).

O eixo transmite o movimento de rotação ao rotor que, através de


palhetas divergentes do centro para a periferia, desloca o líquido em
relação à carcaça circundante.

O líquido animado de grande velocidade se depara com um conduto


espiral de seções transversais crescentes, que reduzem a velocidade
 aumento de pressão conforme Equação de Bernoulli.
Bombas centrífugas
𝑣2 𝑝
+ + 𝑍 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒
2𝑔 𝛾

No interior da carcaça da bomba não há variação da energia de posição 


diminuição da velocidade  aumento da pressão.

O líquido, ao sair da bomba, entra na tubulação de recalque, onde não há


mais variação da seção transversal, mas sim, a variação da carga de posição
(Z).

Com a elevação do líquido no conduto haverá uma consequente diminuição


da carga de pressão e da carga de velocidade.
Bombas centrífugas
Bombas centrífugas
Bombas centrífugas
Bombas centrífugas
Quanto às paredes
Rotor aberto (mais utilizado para esgoto para a passagem de sólidos de
até 70 a 100mm que eventualmente podem ser arrastados pelo fluxo)
Rotor semiaberto (muito raramente para esgoto)
Rotor fechado (somente para água)

Quanto à direção de saída do líquido


Rotor de fluxo axial
Rotor de fluxo radial
Rotor de fluxo misto
Bombas centrífugas
Quanto ao número de rotores:
Único estágio ou rotor;
Múltiplos estágios ou rotores (este recurso reduz as dimensões e
melhora o rendimento, sendo empregadas para médias e grandes
alturas manométricas).

Quanto ao número de entradas:


sucção única, aspiração simples ou unilateral (mais comuns);
sucção dupla, aspiração dupla ou bilateral (para médias e grandes
vazões).
Bombas centrífugas
Quanto a velocidade de rotação:
baixa ( N < 500 rpm);
média ( N entre 500 e 1800 rpm);
alta ( N > 1800 rpm).

Quanto ao tipo de carcaça:


compacta;
bipartida (composta de duas seções separadas, na maioria das
situações, horizontalmente a meia altura e aparafusadas entre si);
Bombas centrífugas
Bombas centrífugas
Assim, as EEE podem ser com poço seco adjacente ao poço de sucção para
instalação de conjunto motorbomba, quer de eixo horizontal, quer de eixo
vertical, com motor e bomba diretamente acoplados.

Ou apenas com poço de sucção (poço úmido) para conjuntos motorbomba


de eixo vertical, o qual, prolongado por meio de acoplamento, permite a
instalação do motor livre dos níveis de inundação  bombas submersas

Ou ainda para conjuntos submersos, motor e bomba acoplados diretamente


e instalados abaixo do nível do poço de sucção, protegidos por carcaças de
absoluta estanqueidade, os quais, para manutenção, podem ser alçados por
corrente de suspensão  bombas submersíveis
Bombas centrífugas de eixo horizontal afogada
Bombas centrífugas de eixo vertical submersas
Bombas centrífugas de eixo vertical submersíveis
No caso das bombas submersíveis, a bomba e o motor são fabricados em
acoplamento direto, de forma que o conjunto possa trabalhar
permanentemente mergulhado em água.

Essa característica construtiva exige que alguns reparos do equipamento


somente possam ser feitos na própria fábrica.

A possibilidade de uma permanente submergência do conjunto torna


desnecessária a construção de uma sala de bombas separada para abrigar o
equipamento.

A manutenção rotineira do equipamento é feita içando-se as bombas à


superfície.
Bombas centrífugas de eixo vertical submersíveis
Bombas centrífugas de eixo vertical submersíveis
Bombas centrífugas de eixo vertical submersíveis
Exemplo de Bombas Centrífugas
Exemplo de Bombas Centrífugas
Bombas Helicoidais
Também chamadas de bombas parafuso, têm sido tradicionalmente empregadas
para recalques de baixa altura e curta extensão (típica para recuperação de cotas
ou em projetos de estações de tratamento).

Seu princípio de funcionamento mantém-se inalterado desde os tempos de


Arquimedes (287-212 a.C.), natural de Siracuse, na Sicília, a quem esta invenção é
atribuída, embora o mecanismo já deva ter existido no antigo Egito em formas mais
primitivas.

O conceito hidráulico básico permanece inalterado ao longo desses dois milênios,


embora o desenho mecânico e o método de construção das atuais bombas,
evidentemente, sejam bastante diferentes.

Podem ser divididas em bombas do tipo Parafuso de Arquimedes ou bombas do


tipo Cavidade Progressiva.
Bombas Helicoidais do tipo Parafuso de Arquimedes
A inclinação usual da calha varia de 30º a 40º.

A altura de elevação é limitada pelo comprimento do helicoide que não


ocasione flexão que impeça o movimento.

Quando são construídos em aço, podem alcançar alturas de elevação de 7 ou


8 metros.

São indicadas para grandes vazões e pequenas alturas.

Suas principais vantagens são a operação em larga faixa de variação de vazão,


com baixa queda de rendimento e dispensa o poço de sucção.
Bombas Helicoidais do tipo Parafuso de Arquimedes

Por outro lado estas bombas apresentam algumas desvantagens


em relação às bombas centrífugas como:
maior custo das instalações mecânicas;
maiores espaços horizontais, principalmente em relação as
submersíveis;
restrita a pequenas alturas manométricas (2 a 9 metros);
maior corrente elétrica, principalmente nas partidas;
necessita de redutor de velocidade.
Bombas Helicoidais do tipo Parafuso de Arquimedes
Bombas Helicoidais do tipo Parafuso de Arquimedes
Bombas Helicoidais do tipo Parafuso de Arquimedes
Bombas Helicoidais do tipo cavidade progressiva
Comparando-se com as bombas centrífugas, as helicoidais
apresentam uma série de vantagens, a saber:
Baixa velocidade de rotação reduzindo problemas de abrasão e custo de
manutenção e de fácil operação
Apresenta menores ruídos durante o funcionamento e maior durabilidade
Apresenta bom rendimento (até 85%).
Auto escorvante até -8.5 m.c.a.
Mesma performance seja com agua limpa até produtos com alto TS
Vedação do selo em zona de baixa pressão
Em conformidade com projetos OSHAS (Operador não tem contato com o
fluido)
Maior economia de energia
Bombas Helicoidais do tipo cavidade progressiva
Bombas Helicoidais do tipo cavidade progressiva
Bombas Helicoidais do tipo cavidade progressiva
Bombas Helicoidais do tipo cavidade progressiva
Ejetores Pneumáticos
São bombas de pequena capacidade para emprego em unidades independentes,
principalmente para esgotamento de subsolos de edificações que se situam abaixo do nível da
rede coletora externa de esgotos.

Trata-se de uma câmara metálica hermética, diretamente acoplada à canalização afluente.

O esgoto entra livremente nessa câmara e ao atingir um nível determinado, é expelido para a
canalização de saída por uma injeção de ar comprimido.

Exige instalação de compressor e reservatório de ar.

Sua principal vantagem é manter o esgoto sem contato externo, operando automaticamente
sob quaisquer variações de vazão.

Tem baixo rendimento (inferiores a 15%) e sua faixa de aplicação é de 2 a 20 L/s, com alturas
de elevação de até 15 m.
Ejetores Pneumáticos
O esgoto líquido penetra através da “válvula V3”, enchendo a câmara
de recepção T.

Quando a água residuária alcança o nível máximo (Nmáx) a “válvula


V2” é aberta através do acionamento provocado pela “bóia C”,
impulsionando ar comprimido fornecido por um compressor
acoplado, forçando o líquido acumulado através da “válvula V4” visto
que neste movimento a V3 ficará fechada.

Quando o nível mínimo (Nmín) é atingido a posição da válvula V2


inverte-se dando início a um novo ciclo. Cada ciclo dura em média um
minuto quando o ejetor trabalha com sua capacidade máxima.
Ejetores Pneumáticos
Ejetores Pneumáticos
Dispensam poço seco e grades

Requerem pouca lubrificação

Não expelem maus cheiros (desde que bem ventilados)

Ocupam pouco espaço

Quando da instalação de múltiplas unidades podem ser alimentados


por uma única central de ar comprimido
Cavitação
Quando as bombas operam com altas velocidades de rotação e
capacidade superior aquela relativa ao ponto ótimo de
funcionamento existe o perigo potencial de cavitação.

Esse fenômeno reduz a capacidade de bombeamento e a


eficiência da bomba podendo danificá-la.
Cavitação
Cavitação
A cavitação (formação de cavidades dentro da massa líquida) é
um fenômeno originado em quedas repentinas de pressão,
geralmente observada em sistemas hidráulicos.

A cavitação é comum em bombas de água e de óleo, válvulas,


turbinas hidráulicas, propulsores navais, pistões de automóveis e
até em canais de concreto com altas velocidades, como em
vertedores de barragens.
Cavitação
A combinação entre a pressão, temperatura e velocidade resulta
na liberação de ondas de choque e micro-jatos altamente
energéticos, causando a aparição de altas tensões mecânicas e
elevação da temperatura, provocando danos na superfície
atingida.

Quando a pressão absoluta à entrada do rotor é menor do que a


pressão de vapor do líquido em bombeamento tem-se a
formação de bolhas de vapor.
Cavitação
Essas bolhas, ao entrarem em uma zona de maior pressão
implodem abruptamente ocasionando espaços vazios dentro do
líquido.

Isso ocasiona o aparecimento de micro-jatos de água com grande


quantidade de energia que vão ocupar esses espaços.

Se os vazios estiverem muito próximas as paredes do rotor, os


micro-jatos de água chocam-se violentamente com essas
paredes, causando danos ao rotor.
Cavitação
Cavitação
Cavitação
A fim de se verificar a ocorrência ou não da cavitação, é
necessário determinar o NPSH (Net Positive Suction Head)
disponível no sistema (NPSHd) e compará-lo com o NPSH
requerido pela bomba (NPSHr) para a vazão de bombeamento.

Para que não haja cavitação o NPSHd ≥ NPSHr


Cavitação
Cavitação
Cavitação
O NPSHr depende de elementos do projeto da bomba e da vazão,
sendo geralmente fornecido pelo fabricante das bombas.
associações de bombas
Dependendo da necessidade física ou da versatilidade desejada nas instalações
elevatórias o projetista pode optar por conjuntos de bombas em série ou em
paralelo.

Quando o problema é de altura elevada geralmente a solução é o emprego de


bombas em série e quando temos que trabalhar com maiores vazões a associação
em paralelo é a mais provável.

Teoricamente bombas em série somam alturas e bombas em paralelo somam


vazões.

Na prática, nos sistemas de recalque, isto dependerá do comportamento da curva


característica da bomba e da curva do encanamento, como estudaremos adiante.
tubulações
Para quaisquer diâmetros as tubulações expostas, em especial as
internas às edificações, preferencialmente serão em ferro
fundido com juntas flangeadas, devido a resistência destas a
impactos acidentais após instaladas.

Para as tubulações enterradas, em virtude da importância de


suas extensões, a opção por um determinado material poderá
implicar em sensíveis diferenças de investimento tanto na
aquisição como no assentamento e até na manutenção das
mesmas.
tubulações
Genericamente, desconsiderando-se problemas de aquisição e
transporte, para recalques de pequenos diâmetros (até 500mm)
empregam-se normalmente tubos de PVC DE FoFo quando pode
ser empregado recobrimento adequado ou ferro fundido nos
trechos mais rasos ou aparentes.

Para diâmetros maiores (500mm ou mais) a diversidade de


materiais é mais notável, passando a depender principalmente,
das condições de pressão na linha.
Peças Especiais e Conexões
O diâmetro mínimo para elevatórias de esgotos é de 100 mm e é
recomendado hidraulicamente que quando houver tubulação da
sucção esta deve ter diâmetro um pouco superior ao do recalque, por
exemplo, dr = 100 e ds = 125mm  acarreta em conexões diferentes
para as entrada e saída de cada bomba.

O diâmetro de entrada da bomba deve ser da ordem de uma a duas


vezes inferior ao da sucção e esta conexão deve ser executada através
de uma redução excêntrica para evitar o possibilidade de acumulação
de ar ou gases do esgoto a montante da bomba, o que provocaria
cavitação (acúmulo de ar) e, consequentemente, danos aos
equipamentos.
Peças Especiais e Conexões
Cada trecho de sucção contém obrigatoriamente um registro de bloqueio de modo
a permitir a inspeção ou até a retirada total dos conjuntos elevatórios sem que haja
inundação do poço seco (caso de bombas afogadas).

A saída para o recalque provavelmente será através de um diâmetro duas vezes


inferior ao da tubulação a jusante seguida de uma ampliação gradual concêntrica.

No início do recalque, também, são instalados registros de bloqueio para permitir,


além de operações de manutenção, a alternativa de funcionamento dos conjuntos
efetivos e reservas.

Além disto válvulas antigolpe também são instaladas para proteção de toda a
estrutura a montante destas e da canalização em si.
Peças Especiais e Conexões
Peças Especiais e Conexões
Peças Especiais e Conexões
Peças Especiais e Conexões
Peças Especiais e Conexões
Peças Especiais e Conexões
Peças Especiais e Conexões

Válvula Flap
Peças Especiais e Conexões

Juntas de desmontagem
Peças Especiais e Conexões

Juntas de desmontagem
Peças Especiais e Conexões

Ventosas especiais
Peças Especiais e Conexões

Ventosas especiais
Poço de sucção
Dada a natureza do líquido a ser transportado deve ser dada
atenção cuidadosa à geometria do poço de sucção, evitando-se
zonas mortas, onde ocorrem redução da velocidade de
escoamento, bem como superfícies horizontais ou de pequena
inclinação, favorecendo o depósito de sedimentos.

É preferível parâmetros com forte inclinação (8º a 10º no


mínimo), na direção do ponto de tomada das bombas.
Poço de sucção
Poço de sucção
Deve-se evitar a formação de bolhas de ar junto à sucção,
devidas à queda livre do esgoto no poço, bem como a formação
de vórtice (aparecimento do movimento de rotação no
escoamento que aumenta a probabilidade de entrada de ar na
bomba):
adotando-se altura de segurança (submergência), distância do fundo
do poço até o nível mínimo, conforme recomendações do fabricante.
Na inexistência dessa informação considerar altura maior ou igual a 3
vezes o seu diâmetro.
geometria que induza à rotação no fluxo (como, por exemplo, entrada
tangencial em poço de seção circular).
Poço de sucção
Volume útil (Vu): volume compreendido entre os níveis máximo
e mínimo de operação do CMB.

Volume efetivo (Ve): volume compreendido entre o fundo do


poço (na tomada das bombas) e o nível médio de operação do
CMB.
Vu
NA máx
Ve
NA méd
NA mín
Poço de sucção
Tempo de detenção hidráulica média (Td): é a relação entre o
volume efetivo e a vazão média (Qm) de início de plano, obtida
desprezando-se o parâmetro k2 na vazão doméstica.

𝑉𝑒
𝑇𝑑 =
𝑄𝑚
Td = tempo de detenção hidráulica (min). Td < 30 min conforme NB-569/1989 da ABNT
Ve = volume efetivo (m3)
Q = vazão média afluente à EEE no início de operação (m3/min)
Poço de sucção
Para o cálculo do Volume Útil é necessária a fixação do ciclo de
funcionamento, a partir do menor tempo entre duas partidas
sucessivas do motor, dado este que deve ser solicitado ao
fabricante das bombas.

O tempo de ciclo T é o somatório do tempo de enchimento


(parada) e do de esvaziamento (funcionamento), o qual serve
para proteger o CMB ao evitar o superaquecimento do motor.
Poço de sucção
Acionamento CMB (f) Paralisação CMB (p) Novo Acionamento CMB (f)

Tempo de ciclo (T)

Assim, tem-se:
T=p+f

p = tempo de parada
f = tempo de funcionamento
Conceitualmente: 𝑉𝑢 𝑉𝑢
𝑝= 𝑓=
𝑄𝑎 (𝑄 − 𝑄𝑎)
Poço de sucção
Onde:
Q = vazão de recalque
Qa = vazão máxima afluente ao poço de sucção = Qf

Assim:
𝑉𝑢 = 𝑝 × 𝑄𝑎
𝑉𝑢 = 𝑓 × (𝑄 − 𝑄𝑎)
𝑉𝑢 𝑉𝑢
𝑝= 𝑓=
Com Q > Qa, viu-se que: 𝑄𝑎 (𝑄 − 𝑄𝑎)
Poço de sucção
Portanto:
1 1
𝑇 = 𝑝 + 𝑓 = 𝑉𝑢 +
𝑄𝑎 𝑄 − 𝑄𝑎

O tempo de um ciclo T será mínimo quando a sua derivada em


relação à vazão afluente for nula:
𝑑𝑇
=0
𝑑𝑄𝑎
1 1
𝑉𝑢 − 2 + 2
=0
𝑄𝑎 (𝑄 − 𝑄𝑎)
Poço de sucção
Equação que resolvida resulta em:
𝑄
𝑄𝑎 =
2
2 2 4
Substituindo em 𝑇 = 𝑝 + 𝑓 = 𝑉𝑢 + = 𝑉𝑢
𝑄 𝑄 𝑄

𝑄𝑇
𝑉𝑢 =
4

Onde: T (em min) é um dado do fabricante e Q=2Qa (m3/min) e Vu em m3


Poço de sucção
Em razão da importância do tempo de ciclo T no
dimensionamento do poço de sucção, recomenda-se o
conhecimento do número máximo de partidas recomendado
pelo fabricante do motor.

Quando essa informação não é disponibilizada pode ser adotado


um tempo de ciclo de 10 minutos.
Poço de sucção
Conhecido o volume útil, calculam-se as dimensões do poço
levando-se em conta alguns critérios práticos:
O comprimento e a largura decorrem das disposições dos conjuntos
elevatórios, respeitadas as distâncias entre as bombas e paredes,
conforme recomendações do fabricante, conforme o exemplo:
Poço de sucção
Conhecido o volume útil, calculam-se as dimensões do poço
levando-se em conta alguns critérios práticos:
Quanto à altura devem ser considerados:
A soleira da tubulação afluente pode coincidir no mínimo com o nível máximo
de operação das bombas.
O nível de extravasão pode coincidir, no máximo, com o nível de afogamento da
tubulação afluente (geratriz superior interna)
A faixa de operação das bombas (Namáx – Namín) é, em geral, superior a 0,60m.
O nível mínimo de operação deve contemplar a altura de submergência da
entrada de sucção e a altura para manter as bombas afogadas.
Poço de sucção
Poço de sucção
Decididas as dimensões do poço de sucção, verifica-se o tempo
de detenção hidráulica Td < 30 minutos, com a expressão já
citada, ajustando-se as dimensões se necessário.

Na SABESP, é usual o tempo de ciclo T de 6 minutos (10 partidas


por hora), sendo o Vu = 1,5Q. Isso em geral resulta num volume
total do poço inferior ao exigido pela configuração de bombas e
acessórios.
Poço de sucção
Volume total (Vt): é o volume máximo que pode ser ocupado
pelo esgoto no poço úmido, indo do fundo até a tubulação
extravasora.

Volume de submergência ou segurança (Vs): é o volume


compreendido entre o fundo do poço e o nível mínimo de
operação dos CMBs. A altura de submergência vai ser função do
tipo de CMB mas um valor próximo de 1,0-1,2m é normalmente
adotado.
Poço de sucção

Vt NA Ext
NA Afl
NA máx
NA méd
Vs
NA mín
Sala de bombas
Esta parte do projeto consiste em criar espaços e localizar as
bases para os conjuntos motor-bombas.

Recomenda-se uma separação mínima de 1,0m entre cada dois


conjuntos sucessivos, além de espaços próprios para a disposição
dos elementos hidráulicos complementares e outros dispositivos
de operação, controle e alarme.
Estrutura Funcional
Uma edificação de uma EEE pode ser composta na sua forma
mais simples, de apenas o poço úmido (bombas submersas) até
uma série de compartimentos de acordo com sua necessidade
tais como:
Sanitário
Depósitos
Sala de comandos
No caso de estações de grande porte, baterias de banheiros, vestiários,
restaurantes, administração, oficinas, etc.
Estrutura Funcional
Dependendo das exigências para operação e manutenção, sua
estrutura interna inclui:
Equipamentos de movimentação e serviço (pontes rolantes, talhas,
aberturas de piso etc.)
Acessos e escadas
Ventilação, exaustores e detectores de gases
Tubulações e conexões
Drenagem de pisos
Comportas
Iluminação artificial e natural, calefação, painéis de controle, gerador
de emergência e outros que se fizerem necessários.
Considerações Finais
Um projeto completo de uma EEE envolve, como visto, projetos
arquitetônico, estrutural, paisagístico, hidráulico-sanitário e
antiincêndio, elétrico e eletromecânico.

Portanto, é uma unidade que já nasce cara e permanece dispendiosa


devido ao consumo contínuo de energia e outros custos de operação
e manutenção. Logo, deve-se evitar este tipo de estrutura prevendo-
se apenas em casos extremos de falta de opção.

Para complementar o assunto torna-se indispensável um bom estudo


sobre golpes de aríete em linhas de recalque e suas linhas transientes
e equipamentos de amortecimento ou combate ao golpe.
Estação Elevatória de Esgotos:
Determinação das vazões de dimensionamento  final de plano para o caso
do cálculo do diâmetro das tubulações de sucção e de recalque, assim como
da potência da bomba

Cálculo diâmetros de sucção e de recalque:


𝐷𝑟𝑒𝑐 = 𝑘 𝑄 sendo k = 1,2-1,4
D sucção será um diâmetro superior na maioria dos casos. Para bombas submersíveis
será igual.

Estimativa das velocidades


Sucção: entre 0,6 e 1,5 m/s
Recalque: entre 0,6 e 3,0 m/s
Estação Elevatória de Esgotos:
Cálculo das perdas de carga localizadas  método dos comprimentos
equivalentes

Cálculo das perdas de carga distribuídas (Equação de Hazen-Williams)


Estação Elevatória de Esgotos:
Cálculo da altura manométrica total
AMT = Hgs + Hgr + hfs + hfr

Definição do tipo de bomba e fabricante  consulta dos catálogos


para se determinar o rendimento do conjunto motor-bomba  cálculo
da potência
𝛾. 𝑄. 𝐴𝑀𝑇
𝑃𝑜𝑡 =
735,5. 𝜂
Sendo:  o peso específico do líquido em N/m3 e Q em m3/s
Estação Elevatória de Esgotos:
Estação Elevatória de Esgotos:
Definição do tipo de bomba e fabricante  consulta dos catálogos
para se determinar o rendimento do conjunto motor-bomba  cálculo
da potência final utilizando um fator de segurança FS
Potência (CV) Fator de Segurança (FS)
<2 1,5
Entre 2 e 5 1,3
Entre 5 e 10 1,2
Entre 10 e 20 1,15
> 20 1,1
Estação Elevatória de Esgotos:
Verificação da cavitação

Determinação do volume útil (Vu):

𝑄𝑇
𝑉𝑢 =
4
Vu = volume útil ou mínimo (L)
Q = capacidade da bomba (L/s)
T = tempo de ciclo (s). Por exemplo para um T de 10 minutos, se terá 6 partidas por hora.
Determinação do volume efetivo (Ve):

𝑉𝑒
𝑇𝑑 =
𝑄𝑚
Td = tempo de detenção hidráulica (min). Td < 30 min
Ve = volume efetivo (m3)
Q = vazão média afluente à EEE no início de operação (m3/min)
Determinação do volume total (Vt):

Determinação do volume de submergência ou segurança (Vs):

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