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Pode também, por outro lado, constituir certos deveres para a pessoa em relação ao
Estado (por exemplo, o serviço militar, obrigatório em alguns países).
A nacionalidade de uma pessoa jurídica costuma ser a do Estado sob cujas leis foi
constituída e registrada.
ius sanguinis; ou
ius soli.
Nacionalidade derivada
Polipatria e apatridia
Idealmente, para evitar conflitos jurídicos, cada pessoa deveria ter apenas uma
nacionalidade, sendo portanto súdito de apenas um Estado. Na prática, porém, podem
ocorrer (e freqüentemente ocorrem) casos de indivíduos com mais de uma
nacionalidade ("polipatria"). Tais casos surgem quando há uma concorrência positiva
dos critérios de ius sanguinis e ius soli. Um exemplo hipotético é o nascimento, no
Brasil (a lei brasileira adota o critério do ius soli como regra geral) do filho de um casal
de italianos (a Itália adota o ius sanguinis); o filho será brasileiro, porque nasceu no
Brasil, e ao mesmo tempo italiano, porque descende de pais italianos. Outro exemplo: o
nascimento, no Brasil, de um filho de pai italiano e mãe alemã; o filho será brasileiro
(ius soli), italiano e alemão (ius sanguinis). Convém esclarecer que os exemplos acima
são hipotéticos e que outras regras, estabelecidas por cada um daqueles Estados, podem
aplicar-se aos casos.
Nacionalidade brasileira
Expulsão e Extradição
EXPULSÃO
As hipóteses de expulsão do estrangeiro estão expressamente previstas no art. 65, do
Estatuto do Estrangeiro. Os casos que ensejam a expulsão do estrangeiro são casos
graves do que os de deportação. Ela á aplicada quando a presença do estrangeiro no
território nacional for considerada nociva ao convívio social.
Art. 65. É passível de expulsão o estrangeiro que, de qualquer forma, atentar contra a
segurança nacional, a ordem política ou social, a tranqüilidade ou moralidade pública e
a economia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo à conveniência e aos
interesses nacionais
Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o estrangeiro que:
a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou permanência no Brasil;
b) havendo entrado no território nacional com infração à lei, dele não se retirar no prazo
que lhe for determinado para fazê-lo, não sendo aconselhável a deportação;
c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou
d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei para estrangeiro.
O ato de expulsão não pode ser praticado por agentes federais, ele é um ato privativo do
Presidente da República. Para ser decretada a expulsão de alguém deve haver um
processo administrativo em que lhe seja assegurada a ampla defesa. Afinal, ao contrário
da deportação, a expulsão é um ato administrativo com caráter punitivo que traz
seqüelas ao expulso, como a proibição de retornar ao território nacional. Como ninguém
pode ser privado de seus bens e direitos sem o devido processo legal (art.5º, inciso LIV,
da C.F.), faz-se necessário a instauração de prévio processo administrativo que, no caso,
tem curso no âmbito do Ministério da Justiça.
Apesar da expulsão caber em situações mais graves que a deportação, os institutos se
assemelham muito no que se refere a amplitude da discricionariedade que a lei lhes
assegura. Nesse sentido são as lições do renomado mestre de Direito Internacional,
Francisco Resek, in verbis:
“... embora não se possa deportar ou expulsar um estrangeiro que não tenha incorrido
nos motivos legais de uma ou outra medida, é sempre possível deixar de promover a
deportação, ou a expulsão, mesmo em presença de tais motivos. A lei não obriga o
governo a deportar ou expulsar.”
O judiciário, assim como na deportação, não participa da formação do ato de expulsão,
podendo, contudo, exercer o controle externo do ato no que tange ao aspecto da
legalidade.
A expulsão é concluída por meio da expedição de decreto pelo Presidente da República.
Da decisão de expulsão caberá pedido de reconsideração no prazo de dez dias.
O Estatuto do Estrangeiro enuncia os casos em que é vetada a expulsão de estrangeiro.
São elas:
Art. 75. Não se procederá à expulsão:
I - se implicar extradição inadmitida pela lei brasileira; ou
II - quando o estrangeiro tiver:
a) Cônjuge brasileiro do qual não esteja divorciado ou separado, de fato ou de direito, e
desde que o casamento tenha sido celebrado há mais de 5 (cinco) anos; ou
b) filho brasileiro que, comprovadamente, esteja sob sua guarda e dele dependa
economicamente.
§ 1º. não constituem impedimento à expulsão a adoção ou o reconhecimento de filho
brasileiro supervenientes ao fato que o motivar.
§ 2º. Verificados o abandono do filho, o divórcio ou a separação, de fato ou de direito, a
expulsão poderá efetivar-se a qualquer tempo.
O expulso fica proibido de retornar ao País. Seu retorno só será permitido se editado um
novo decreto revogando o anterior que o expulsou.
EXTRADIÇÃO
A deportação e a expulsão são atos administrativos editados no âmbito do Poder
Executivo, já a extradição é um pedido de um Estado a outro de entrega de um
indivíduo, que em seu território deva responder a processo penal, a ser apreciado no
âmbito do Poder Judiciário.
A extradição só ocorre quando há prática de crime no exterior, assim se o indivíduo
sofrer qualquer condenação civil não poderá ser solicitada sua extradição.
O pedido de extradição só poderá ser deferido pelo governo brasileiro se houver tratado
entre os dois Estados ou havendo promessa de reciprocidade de tratamento pelo Estado
solicitante, de modo que fique assegurada a igualdade de tratamento quando houver
pedido de extradição feito pelo Brasil.
O Estatuto do Estrangeiro regulamenta a extradição passiva (quando requerida ao Brasil
por outro Estado). A extradição ativa (quando o Brasil solicita a outros Estados) tem seu
procedimento regulamentado pelo Decreto-Lei nº 394 de 28 de abril de 1938.
A Constituição Federal enuncia algumas restrições aos pedidos de extradição feitos ao
governo brasileiro. É proibida a extradição de brasileiro nato, não existindo qualquer
exceção para esta regra. Tal vedação se aplica ao naturalizado, mas quanto a ele há
algumas exceções, quais sejam: o naturalizado pode ser extraditado por crime comum
praticado antes da naturalização, bem como em caso de comprovado envolvimento em
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins. Quanto aos estrangeiros, a regra é a
permissão de extradição, sendo esta vedada apenas quando forem acusados de crime
político ou de opinião.
Os requisitos básicos para que um pedido de naturalização seja aceito são a residência
por um determinado período de tempo ou a ligação à comunidade nacional do país cuja
nacionalidade pretende-se obter. Esta ligação normalmente comprova-se pela própria
residência continuada ou pelo matrimônio com pessoas que sejam titulares da
nacionalidade que se pleiteia.
Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas, de 1954
PREÂMBULO
Considerando que a Carta das Nações Unidas e a Declaração Universal dos Direitos do
Homem aprovada em 10 de Dezembro de 1948 pela Assembléia Geral das Nações
Unidas, afirmaram o princípio de que todos os seres humanos, sem distinção alguma,
devem gozar dos direitos e liberdades fundamentais,
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Artigo 1.º
1 - Para efeitos da presente Convenção, o termo apátrida designará toda a pessoa que
não seja considerada por qualquer Estado, segundo a sua legislação, como seu nacional.
iii) Às pessoas sobre as quais haja razões fundadas para considerar que:
2-Cometeram um grave crime de direito comum fora do país da sua residência antes da
sua admissão no referido país;
Artigo 2.º
Obrigações Gerais
Todo o apátrida tem, perante o país onde se encontra, deveres que incluem, em especial,
a obrigação de respeitar as suas leis e regulamentos, assim como as medidas adotadas
para a manutenção da ordem pública.
Artigo 3.º
Não Discriminação
Artigo 4.º
Religião
Artigo 5.º
Direitos Concedidos Independentemente desta Convenção
Artigo 6.º
Para fins desta Convenção, a expressão nas mesmas circunstâncias significa que o
interessado tem de cumprir todos os requisitos que lhe seriam exigidos se não fosse
apátrida (e em particular os referentes à duração e às condições de permanência ou de
residência) para poder exercer o direito em questão, exceto os requisitos que, em virtude
da sua natureza, não podem ser cumpridos por um apátrida.
Artigo 7.º
Dispensa de Reciprocidade
Artigo 8.º
Artigo 9.º
Medidas Provisórias
Artigo 10.º
Continuidade de Residência
Artigo 11.º
Marítimos Apátridas
No caso de apátridas que trabalhem regularmente como tripulantes de um navio que use
bandeira de um Estado-Contratante, esse Estado analisará com benevolência a
possibilidade de autorizar os referidos apátridas a fixarem-se no seu território e de lhes
emitir documentos de viagem, ou de os admitir temporariamente no seu território, em
particular com o objetivo de facilitar a sua instalação noutro país.
CAPÍTULO II
CONDIÇÃO JURÍDICA
Artigo 12.º
Estatuto Pessoal
1 - O estatuto pessoal de todo o apátrida será regido pela lei do país do seu domicílio, ou
na falta de domicílio, pela lei do país da sua residência.
Artigo 13.º
Artigo 14.º
Artigo 15.º
Direito de Associação
No que se refere às associações de objetivos não políticos nem lucrativos e aos
sindicatos, os Estados-Contratantes concederão aos apátridas que residam legalmente no
território desses Estados, um tratamento tão favorável quanto possível e, de qualquer
modo, um tratamento não menos favorável que o concedido, nas mesmas circunstâncias,
aos estrangeiros em geral.
Artigo 16.º
1 - No território dos Estados-Contratantes, todo o apátrida terá livre acesso aos tribunais
(órgãos jurisdicionais).
3 - Nos Estados-Contratantes que não aqueles em que não tenha a sua residência
habitual, e no que diz respeito às questões mencionadas no parágrafo 2, todo o apátrida
beneficiará do mesmo tratamento que um nacional do país da sua residência habitual.
CAPÍTULO III
ACTIVIDADES LUCRATIVAS
Artigo 17.º
Emprego Remunerado
Artigo 18.º
Trabalho por Conta Própria
Artigo 19.º
Profissões Liberais
CAPÍTULO IV
BEM-ESTAR
Artigo 20.º
Racionamento
Artigo 21.º
Alojamento
No que diz respeito ao alojamento e na medida em que esta matéria esteja sujeita a leis e
regulamentos ou à fiscalização das autoridades oficiais, os Estados-Contratantes
concederão aos apátridas que residam legalmente nos seus territórios, um tratamento tão
favorável quanto possível e, de qualquer modo, não menos favorável que o concedido,
nas mesmas circunstâncias, aos estrangeiros em geral.
Artigo 22.º
Educação Pública
Artigo 23.º
Assistência Pública
Artigo 24.º
CAPÍTULO V
MEDIDAS ADMINISTRATIVAS
Artigo 25.º
Auxílio Administrativo
Artigo 26.º
Liberdade de Circulação
Artigo 27.º
Documentos de Identidade
Artigo 28.º
Documentos de Viagem
Artigo 29.º
Encargos Fiscais
Artigo 30.º
Transferência de Haveres
Artigo 31.º
Expulsão
Artigo 32.º
Naturalização
CAPÍTULO VI
CLÁUSULAS FINAIS
Artigo 33.º
Artigo 34.º
Artigo 35.º
1 - Esta Convenção ficará aberta à assinatura na sede das Nações Unidas até 31 de
Dezembro de 1955.
Artigo 36.º
3 - No que se refere aos territórios aos quais esta Convenção não se aplique na data da
assinatura, da ratificação ou da adesão, cada Estado interessado examinará a
possibilidade de tomar, com a maior brevidade possível, as medidas necessárias para
tornar extensiva a aplicação desta Convenção a esses territórios, sujeitas, quando for
necessário por razões constitucionais, ao consentimento dos governos desses territórios.
Artigo 37.º
Cláusula Federal
a) No que diz respeito aos artigos desta Convenção cuja aplicação dependa da
ação legislativa do poder legislativo federal, as obrigações do Governo federal
serão, nessa medida, as mesmas que as das Partes que não são Estados
federativos;
b) No que diz respeito aos artigos desta Convenção cuja aplicação dependa da
ação legislativa de cada um dos Estados, províncias ou cantões constituintes,
que, em virtude do sistema constitucional da Federação, não sejam obrigados a
tomar medidas legislativas, o Governo federal, com a maior brevidade possível e
com o seu parecer favorável, dará conhecimento dos referidos artigos às
autoridades competentes dos Estados, províncias ou cantões;
c) Um Estado federativo Parte nesta Convenção comunicará, a pedido de
qualquer outro Estado-Contratante, que lhe seja transmitida pelo Secretário-
Geral das Nações Unidas uma exposição da legislação e práticas em vigor na
Federação e suas unidades constituintes, no que se refere a uma determinada
disposição da Convenção, indicando a medida na qual se deu efeito à referida
disposição, por meio de ação legislativa ou de outra índole.
Artigo 38.º
Reservas
Artigo 39.º
Entrada em Vigor
2 - Para cada um dos Estados que ratificarem a Convenção ou a esta aderirem, depois do
depósito do sexto instrumento de ratificação ou de adesão, a Convenção entrará em
vigor no nonagésimo dia seguinte à data de depósito do instrumento de ratificação ou
adesão desse Estado.
Artigo 40.º
Denúncia
2 - A denúncia produzirá efeito para o Estado interessado um ano após a data em que o
Secretário-Geral das Nações Unidas a tiver recebido.
Artigo 41.º
Revisão
2 - A Assembléia Geral das Nações Unidas recomendará as medidas a tomar, se for caso
disso, a respeito desse pedido.
Artigo 42.º
Feito em Nova Iorque no dia vinte e oito de Setembro de mil novecentos e cinquenta e
quatro, num único exemplar, cujos textos em espanhol, francês e inglês fazem
igualmente fé, e que será depositado nos arquivos da Organização das Nações Unidas, e
de que se enviarão cópias, devidamente certificadas, a todos os Estados-Membros das
Nações Unidas e aos Estados não membros a que se refere o artigo 35.º.