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O artigo reflete sobre Democracia e Direitos The article looks into the reflections on De-
Humanos e a crise na contemporaneidade. mocracy and Human Rights, as well as the
Questiona as instituições museológicas, em contemporary identity crisis. Its main ques-
que a maioria ainda não assumiu como parte tions involves the museological institutions,
de sua missão colaborar na formação de cida- many of them which did not assume yet, as
dã/os para a valorização dos princípios demo- part of their mission, to collaborate in citi-
cráticos e do respeito aos direitos humanos, zenship education to value the democratic
deixando essa responsabilidade a cargo das principles and the respect of Human Rights,
instituições criadas para essa finalidade. Co- leaving this responsibility to the already for-
loca aos museus o desafio de continuar com med institutions who have these targets as
sua trajetória de transgressões, assumindo a aim. The article focus on the challenges put
temática dos direitos humanos nas ações mu- to the Museums to continue a rod to trans-
seológicas de forma sistêmica e problematiza gression, assuming fully the Human Rights
de que forma as Universidades podem inserir themes as part of their systemic actions and
a temática nos seus três pilares – ensino, pes- emphasize the three pillars of the Universities
quisa e extensão –, especialmente na forma- – education, research and extension - in the
ção em Museologia. museology formal education.
Palavras-Chave: Keywords:
Democracia. Direitos Humanos. Lugares de Democracy. Human rights. Sites of Memory.
Memória. Museus. Museologia. Museums. Museology.
5 O projeto é organizado pelo Institute for the Study of Human Rights (Instituto de Direitos Humanos)
da Columbia University, e tem como objetivo “construir uma rede colaborativa e criativa de acadêmicos,
curadores, fotógrafos e organizações que explorem novas formas de expor e discutir o passado, presente
e futuro dos direitos humanos”. Para saber mais, acessar exhibithumanrights.org/theproject. A visita à ex-
posição foi parte da programação do Seminário Displaying Human Rights - Museums, Archives, And P O S T
- Dictatorship In Latin America, organizado por Joaquin Barriendos, entre os dias 24 e 26 de abril de 2014.
6 The layout of the exhibition guided its visitors along a weaving path through a series of large pillars and installa-
tions that illustrated the history of human rights and the UDHR’s 30 articles through photographs and documents
submitted by UNESCO’s Member States. After the inaugural show in Paris, the exhibition was converted into a por-
table exhibition album reproduced in 10.000 copies and sent to UNESCO’s 50 Member States. As a pedagogical,
mobile resource, the Album’s contents were designed to be unpacked and exhibited in a myriad of venues around
the world including schools, museums, libraries and other institutional settings to “help carry the human rights mes-
sage in visual form to the peoples of many countries.” (Jamie Torres Bodet, Director-General).”
Katia Regina Felipini Neves
Nos anos 1957, foi criada a Casa de Anne Frank12 (Amsterdam, Holanda).
Um grupo de cidadãos, incluindo o pai de Anne Frank, criou uma fundação como
forma de evitar a demolição da construção que serviu de esconderijo à família.
A Casa de Anne Frank foi inaugurada exatamente três anos depois, em 3 de
maio de 1960. Entre os anos de 1970 e 1971, sofreu uma reforma para atender
às demandas do aumento do público (que chegava a 1.500 por dia) e da neces-
sidade de estrutura museal; nos anos noventa, foram realizadas novas reformas
e adequações. Hoje, recebe em torno de 1 milhão de visitantes por ano e é um
dos museus mais visitados em Amsterdam. O discurso de Otto Frank, em Nova
York, em 24 de março de 1959, no âmbito da restauração da casa, diz:
18 José Augusto Lindgren-Alves foi diplomata, embaixador e trabalhou em várias missões junto à ONU.
Dedica-se, há mais de trinta anos, aos Direitos Humanos.
19 Para Paulo Freire, a esperança era fundamental para a necessária luta para fazer a existência humana
melhor, mas como práxis: “Enquanto necessidade ontológica, a esperança precisa da prática para tornar-se
concretude histórica. É por isso que não há esperança na pura espera, nem tampouco se alcança o que se
espera na espera pura, que vira, assim, espera vã.” (1992: 5)
Katia Regina Felipini Neves
28 Nem sempre levada a cabo mesmo nos dias atuais. As pessoas-recurso, no que diz respeito à gestão
de museus (planejamento, implementação e controle) poderiam auxiliar e também propiciar a formação
das comunidades.
29 O escritor é filho do deputado Rubens Paiva, sequestrado, torturado e desaparecido desde 1971 por
agentes repressivos da Ditadura Civil-Militar (1964-1985).
Democracia e Direitos Humanos:
desafios para a Museologia e para os Museus
30 A formação em Museologia pode explorar toda a tríade no âmbito da Universidade, ou seja, no ensino,
inserir a questão nas disciplinas teóricas e técnicas; na pesquisa, estimular trabalhos acadêmicos teóricos
e aplicações práticas; na extensão, por meio da ampliação dessas perspectivas para públicos internos e
externos à Universidade.
Katia Regina Felipini Neves
Referências
31 Além de cursar a segunda turma do CEMMAE/USP, graduei-me em Museologia pela Universidade Fe-
deral da Bahia, à qual sou extremamente grata pela formação humanista que me proporcionou.
32 Convenção que constituiu a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura –
UNESCO, em 16 de novembro de 1945.
Democracia e Direitos Humanos:
desafios para a Museologia e para os Museus
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