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Diplomacia 360o – Módulo Atena – Direito Interno – Aula 06

Prof. Ricardo Macau – 10.09.2018

ORGANIZAÇÃO DOS PODERES DO ESTADO (continuação)

PODER EXECUTIVO
→ Artigos 76 a 91 da CF/88.

DECRETOS EXPEDIDOS PELO PRESIDENTE DA REPÚBLICA


→ Artigo 84, incisos IV e VI, da CF/88.

O Presidente da República pode expedir 2 (dois) tipos de decretos, a saber:

1. Decreto regulamentar, decreto regulamentador ou regulamento administrativo.


→ Artigo 84, inciso IV, da CF/88.

“CF/88. Art. 84. Compete privativamente ao


Presidente da República:

(...)

IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis,


bem como expedir decretos e regulamentos para
sua fiel execução; (...)”

É o decreto que garante a fiel execução de lei. Em outras palavras, é o decreto que detalha,
explica, especifica de que modo uma lei será aplicada.

Segundo o entendimento do STF, o decreto regulamentar não inova na ordem jurídica, pois sua
finalidade é apenas garantir a aplicação concreta de leis já criadas. Desse modo, o decreto
regulamentar é considerado um ato normativo secundário, ou seja, que não decorre
diretamente da Constituição.

CF ]
] → ato normativo primário
]
- LEI ]

- DECRETO REGULAMENTAR ] → ato normativo secundário


O decreto regulamentar não sofre controle de constitucionalidade, pois não decorre
diretamente da Constituição. Esse decreto, em virtude de ser considerado um ato normativo
secundário, submete-se a 2 (dois) controles:

a) Controle de legalidade → qualquer juiz e a própria Administração Pública podem reconhecer


a NULIDADE do decreto regulamentar que extrapola a lei a ser regulamentada.

b) Controle político repressivo → esse controle está previsto no artigo 49, inciso V, da CF/88,
cujo teor prevê que o Congresso Nacional poderá SUSTAR os atos normativos do Poder
Executivo que exorbitem o poder regulamentar.

2. Decreto autônomo ou regulamento autônomo.


→ Artigo 84, inciso VI, da CF/88.

“CF/88. Art. 84. Compete privativamente ao


Presidente da República:

(...)

VI - dispor, mediante decreto, sobre:

a) organização e funcionamento da administração


federal, quando não implicar aumento de despesa
nem criação ou extinção de órgãos públicos;

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando


vagos; (...)”

O artigo 84, inciso VI, da CF/88, prevê que o Presidente da República pode expedir o decreto
autônomo apenas em 2 (duas) hipóteses:

a) para extinguir cargos ou funções públicas VAGOS.

*PEGADINHA: os cargos públicos (que não estão vagos) são extintos por lei.

b) para organizar a Administração Pública, desde que não ocorra aumento de despesa pública,
nem ocorra criação ou extinção de órgãos públicos.

*Caso a organização da Administração Pública implicar em aumento de despesa pública, em


criação ou em extinção de órgãos públicos, exige-se lei.

*PEGADINHA: órgão público VAGO não pode ser extinto por decreto. Exige-se lei.

Para o STF, o decreto autônomo é um ato normativo primário, isto é, inova na ordem jurídica.
Em virtude de o decreto autônomo decorrer diretamente da Constituição Federal, esse decreto
sofre controle de constitucionalidade. Isso é possível porque o decreto autônomo equipara-se à
lei ordinária federal em termos de hierarquia.
COMPETÊNCIAS PRIVATIVAS DELEGÁVEIS DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA
→ Artigo 84, parágrafo único e incisos VI, XII e XXV, da CF/88.

“CF/88. Art. 84. Compete privativamente ao


Presidente da República:

(...)

VI - dispor, mediante decreto, sobre:

a) organização e funcionamento da administração


federal, quando não implicar aumento de despesa
nem criação ou extinção de órgãos públicos;

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando


vagos;

(...)

XII – conceder indulto e comutar penas, com


audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em
lei;

(...)

XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais,


na forma da lei; (...)”

Parágrafo único. O Presidente da República poderá


delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI,
XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado,
ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-
Geral da União, que observarão os limites traçados
nas respectivas delegações. (...)”

O artigo 84, parágrafo único, da CF/88, prevê que o Presidente da República tem 3 (três)
competências privativas delegáveis para 3 (três) autoridades públicas.

As 3 (três) autoridades públicas que podem receber delegação de competência privativa do


Presidente da República são:

1. Ministros de Estado;

2. Procurador-Geral da República; e

3. Advogado-Geral da União.
As 3 (três) competências privativas delegáveis do Presidente da República são:

i. Artigo 84, inciso VI, da CF/88: competência para expedir decreto autônomo ou DECRETO.

O decreto autônomo deve ser empregado somente em 2 (duas) hipóteses:

a) Extinguir cargo e função pública VAGOS; e

b) Organizar a Administração Pública, desde que não ocorra aumento de despesa pública, nem
ocorra criação e extinção de órgãos públicos.

ii. Artigo 84, inciso XII, da CF/88: competência para comutar penas e conceder indulto.

iii. Artigo 84, inciso XXV, 1a parte, da CF/88: competência apenas para PROVER cargos públicos
federais, na forma da lei.

O STF entende que o conceito de provimento de cargos públicos engloba tanto a nomeação
quanto a demissão do servidor público. Prover cargo pública significa, portanto, ocupar e
desocupar um cargo público.

IMPEDIMENTO E VACÂNCIA NO PODER EXECUTIVO DA UNIÃO


→ Artigos 79, 80 e 81, da CF/88.

De início, deve-se definir os conceitos de IMPEDIMENTO e de VACÂNCIA. O impedimento é um


obstáculo temporário para o exercício do mandato (ex.: férias, viagens ao exterior, licenças). A
autoridade impedida será SUBSTITUÍDA por outra autoridade. A vacância é um obstáculo
definitivo para o exercício do mandato (ex.: morte, renúncia, impeachment). No caso de
vacância, haverá a SUCESSÃO da autoridade que deixou o cargo vago.

*CUIDADO: no impedimento, haverá a SUBSTITUIÇÃO, e, na vacância, haverá a SUCESSÃO.

IMPEDIMENTO E VACÂNCIA DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA


→ Artigo 79 da CF/88.

“CF/88. Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de


impedimento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-
Presidente.

Parágrafo único. O Vice-Presidente da República,


além de outras atribuições que lhe forem
conferidas por lei complementar, auxiliará o
Presidente, sempre que por ele convocado para
missões especiais. (...)”

O artigo 79, da CF/88, trata apenas do impedimento e da vacância do Presidente da República.


Assim, caso ocorra impedimento do Presidente da República, haverá SUBSTITUIÇÃO pelo Vice-
Presidente, em qualquer momento do mandato. Caso ocorra a vacância do cargo de Presidente
da República, o Vice-Presidente SUCEDER-LHE-Á, em qualquer momento do mandato.
DUPLO IMPEDIMENTO E DUPLA VACÂNCIA
→ Artigos 80 e 81 da CF/88.

“CF/88. Art. 80. Em caso de impedimento do


Presidente e do Vice-Presidente, ou vacância dos
respectivos cargos, serão sucessivamente
chamados ao exercício da Presidência o Presidente
da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o
do Supremo Tribunal Federal.

(...)

Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-


Presidente da República, far-se-á eleição noventa
dias depois de aberta a última vaga.

§ 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do


período presidencial, a eleição para ambos os
cargos será feita trinta dias depois da última vaga,
pelo Congresso Nacional, na forma da lei.

§ 2º Em qualquer dos casos, os eleitos deverão


completar o período de seus antecessores. (...)”

O artigo 80, da CF/88, trata do DUPLO IMPEDIMENTO (Presidente + Vice-Presidente da


República) e prevê a convocação das autoridades na seguinte ordem para a substituição.

1. Presidente da Câmara dos Deputados;


2. Presidente do Senado Federal; e
3. Presidente do Supremo Tribunal Federal.

*DICA: seguir a ordem alfabética – Câmara, Senado e Supremo.

O artigo 81, da CF/88, trata da DUPLA VACÂNCIA (Presidente + Vice-Presidente da República) e


prevê a necessidade da realização de novas eleições. Essas eleições deverão observar os
seguintes parâmetros:

a. Dupla vacância nos 2 (dois) primeiros anos do mandato → serão realizadas NOVAS ELEIÇÕES
DIRETAS em 90 (noventa) dias – os eleitores votam.

b. Dupla vacância nos 2 (dois) últimos anos do mandato → serão realizadas ELEIÇÕES INDIRETAS
no Congresso Nacional em 30 (trinta) dias (os deputados federais e senadores votam).

*OBS.: no caso de dupla vacância no Poder Executivo da União, é importante registrar 2 (dois)
aspectos:

i. os novos Presidente e Vice-Presidente da República eleitos terão o chamado MANDATO-


TAMPÃO, isto é, um mandato correspondente ao tempo que restar do mandato anterior;

ii. enquanto não forem realizadas as novas eleições, convocam-se as autoridades na ordem
prevista no artigo 80 da CF/88.

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