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CURSO CEI

PROFESSOR CAIO PAIVA

REVISÃO DE DIREITO
PROCESSUAL PENAL
1 | INVESTIGAÇÃO CRIMINAL

Denúncia anônima: somente autoriza a instauração


de IP se houver diligências para averiguar os fatos
noticiados (STF, HC 108.147).
Reprodução simulada dos fatos: o réu não é
obrigado a participar (STF, HC 69.026).

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1 | INVESTIGAÇÃO CRIMINAL

Arquivamento do IP e coisa julgada: prevalece o


entendimento de que faz coisa julgada material nos
casos de atipicidade da conduta e extinção da
punibilidade (salvo no caso de certidão de óbito
falsa). Há divergência entre o STF e o STJ no caso
de excludente de ilicitude/culpabilidade.
Trancamento do IP: é possível de ofício pelo Poder
Judiciário ou a pedido da defesa em habeas
corpus (p. ex., demora excessiva).
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1 | INVESTIGAÇÃO CRIMINAL
Arquivamento homologado por juiz absolutamente incompetente:
faz coisa julgada material e impede o desarquivamento em razão
da proibição do bis in idem, desde que a decisão se baseie em
atipicidade da conduta ou extinção da punibilidade. Entendimento
do STF e do STJ.
STF, Súmula 524: "Arquivado o IP, por despacho do juiz, a
requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser
iniciada, sem novas provas".
Exigência de nova prova: não basta a mudança de entendimento do
MP nem se admite o desarquivamento apenas para aprofundar
uma linha de investigação que já estava disponível (STF, AgR-
segundo na Rcl 20.132).
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1 | INVESTIGAÇÃO CRIMINAL

STF, Súmula Vinculante nº 14: "É direito do defensor, no


interesse do representado, ter acesso amplo aos
elementos de prova que, já documentados em
procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária, digam respeito ao
exercício de defesa".
STJ - Caso Marielle: pedido da DPE/RJ deferido para ter
acesso à investigação, numa extensão do texto da Súmula
Vinculante nº 14.
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2 | PROVA PENAL

O interrogatório deve ser o último ato da instrução no


processo para apuração de ato infracional (STJ, HC
769.197, 3ª Seção, j. 14.06.2023).
Interrogatório por videoconferência de réu foragido:
assunto ainda pendente de um posicionamento mais
definitivo e consolidado dos Tribunais Superiores. Há
decisões tanto no sentido da possibilidade quanto no
sentido da impossibilidade. Recentemente, a 2ª Turma do
STF e a 6ª Turma do STJ decidiram pela possibilidade.

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2 | PROVA PENAL

Extensão do direito ao silêncio à abordagem policial:


tema com repercussão geral reconhecida no RE
1.177.984, Rel. Min. Edson Fachin. A 2ª Turma do STF
tem decidido pela exigência. O STJ entende que não
se exige.
Silêncio parcial ou seletivo: possível (STJ, HC
703.978, 6ª Turma, j. 05.04.2022).
Condução coercitiva para interrogatório: declarada
inconstitucional na ADPF 444 e na ADPF 395.
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2 | PROVA PENAL
Injustiça epistêmica na valoração do silêncio do réu e
no peso excessivo atribuído a palavra dos policiais:
conferir a ementa do REsp 2.037.491, Rel. Min.
Rogerio Schietti Cruz, j. 06.06.2023.
Senha de celular apreendido: o réu não é obrigado a
fornecer (STJ, HC 661.598, Rel. Min. Schietti, 6ª
Turma, j. 19.04.2022).
Prova obtida em imposição para conversa no viva-voz:
ilegal (STJ, HC 425.044, Rel. Min. Sebastião Reis
Júnior, 6ª Turma, j. 15.03.2018).
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2 | PROVA PENAL

Reconhecimento de pessoas: necessário observar as


formalidades do art. 226 do CPP (STJ, HC 598.886, Rel.
Min. Schietti, 6ª Turma, j. 27.10.2010 - leading case).
Contraindicação do método do show-up, que consiste na
exibição apenas da pessoa suspeita (STJ, HC 712.781,
Rel. Min. Schietti, 6ª Turma, j. 15.03.2022). Se obedecer
o modelo legal, não tem força probante absoluta; se não
obedecer, deve ser considerado inválido para subsidiar
qualquer decisão (STJ, HC 712.781). Natureza irrepetível
(STF, RHC 206.846; STJ, HC 712.781).
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2 | PROVA PENAL

Ingresso domiciliar pela polícia: a constatação de


situação de flagrância, posterior ao ingresso, não
justifica ou legitima a medida (STF, RE 603.616,
Plenário, j. 05.11.2015).
Busca e apreensão fundamentada apenas em denúncia
anônima: ilegalidade (STF, HC 180.709).
Confissão informal do réu de que armazena drogas no
interior do imóvel seguida de autorização para ingresso
dos policiais: inverossímil (STJ, AgRg no HC 724.270).
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2 | PROVA PENAL

Registro em áudio e vídeo do consentimento do morador:


6ª Turma do STJ exigiu (HC 598.051, Rel. Min. Schietti, j.
02.03.2021). Ministro Alexandre de Moraes anulou a
determinação do STJ (RE 1.342.077, j. 02.12.2021).
Busca pessoal - principais parâmetros (STJ, HC 158.580,
Rel. Min. Schietti, 6ª Turma, j. 19.04.2022): não se
admite como base mera intuição ou tirocínio do policial.
Não se admite busca preventiva e motivação
exploratória. A denúncia anônima não é o bastante. O
êxito da busca não legitima a ilegalidade.
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2 | PROVA PENAL

Busca pessoal fundada na cor da pele: ilegal (STJ, HC


660.930, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 6ª Turma, j.
14.09.2021).
Percepção de nervosismo: não autoriza a busca
pessoal (STJ, REsp 1.961.459, Rel. Min. Laurita Vaz,
6ª Turma, j. 05.04.2022).
Histórico criminal: não autoriza a busca pessoal (STJ,
HC 737.075, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 02.08.2022).

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2 | PROVA PENAL

Local conhecido como ponto de venda de drogas e a


averiguado com uma sacola em mãos: não autoriza a
busca pessoal (STJ, AgRg no HC 799.493, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, 5ª Turma, j. 28.02.2023).

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2 | PROVA PENAL
Fishing expedition: pescaria probatória. Investigação
especulativa. Meio abusivo e ilegal de obtenção de
provas.
STJ: "Os indícios de autoria antecedem as medidas
invasivas, não se admitindo em um Estado Democrático
de Direito que primeiro sejam violadas as garantias
constitucionais para só então, em um segundo
momento, e eventualmente, se justificar a medida
anterior, sob pena de se legitimar verdadeira fishing
expedition" (AgRg no RMS 62.562).
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2 | PROVA PENAL

Flagrante fora da residência: não legitima ampliar


a situação do flagrante para também legitimar o
ingresso domiciliar (STJ, HC 762.932, Rel. Min.
Schietti, j. 22.11.2022).
Mandado de busca e apreensão coletivo: ilegal
(STJ, AgRg no HC 435.934, Rel. Min. Sebastião
Reis Júnior, j. 05.11.2019).

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3 | PRISÃO PREVENTIVA

MP pede cautelar diversa e juiz decreta a prisão


preventiva: para a 6ª Turma do STJ, pode; para a 5ª
Turma do STJ e para o STF, até o momento, a resposta é
que não pode.
Atos infracionais para indicar o risco de reiteração
delitiva: para o STJ, apenas se forem concretamente
graves, praticados em período não muito distante do
crime apurado no processo como adulto e se estiverem
bem documentados (RHC 63.855, 3ª Seção, j.
11.05.2016).
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3 | PRISÃO PREVENTIVA

Requisito da contemporaneidade: não tem


necessariamente uma relação com a data
do crime investigado.
Revisão periódica da prisão preventiva: a
não realização não acarreta a automática
revogação da prisão preventiva (STF, ADI
6.582).
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3 | PRISÃO PREVENTIVA

Prisão domiciliar para mãe de filho de até 12 anos


de idade incompletos: a imprescindibilidade dos
cuidados maternos é presumida (STJ, AgRg no HC
731.648). A reincidência, por si só, não afasta a
prisão domiciliar (STF, AgRg no HC 196.347).
Predomina o entendimento de que quando o
crime - de tráfico de drogas, p. ex. - é cometido
na residência, fica impossibilitada a prisão
domiciliar. Há, porém, casos excepcionais.
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3 | PRISÃO PREVENTIVA

Prisão preventiva e decretação ou manutenção


na sentença do regime inicial diverso do fechado:
STF e STJ têm avançado num entendimento
para - em regra - não admitir.
Audiência de custódia: se aplica a todas as
modalidades prisionais (STF, Rcl 29.303).

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4 | ATOS DE COMUNICAÇÃO PROCESSUAL

Limitação da suspensão do prazo prescricional no


caso de aplicação do art. 366 do CPP: o período de
suspensão do prazo prescricional fica limitado ao
tempo de prescrição da pena máxima em abstrato
cominada ao crime, sendo que, depois, o processo
continuará suspenso, com o prazo prescricional
correndo normalmente. Há, assim, uma duplicação
do prazo prescricional (STF, RE 600.851, Plenário, j.
07.12.2020).
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4 | ATOS DE COMUNICAÇÃO PROCESSUAL

Art. 366 do CPP e prisão preventiva: não é


automática e deve ser fundamentada.
Citação por hora certa: é constitucional (STF, RE
635.145).
Lembrar que os membros da Defensoria possuem a
prerrogativa da intimação pessoal mediante carga
dos autos com vista. Advogados dativos possuam
uma prerrogativa menor: apenas intimação pessoal.

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5 | PROCEDIMENTO COMUM

Exame da resposta à acusação: juiz deve avaliar todas as


teses sustentadas pela defesa (STF, HC 222.049, Rel.
Min. Gilmar Mendes, decisão monocrática de
04.07.2023).
Resposta à acusação: peça obrigatória.
Dificuldade para apresentar o rol de testemunhas na
resposta à acusação: a Defensoria precisa demonstrar
concretamente a dificuldade para eventualmente
conseguir a oportunidade de apresentar as testemunhas
em outro momento.
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5 | PROCEDIMENTO COMUM

Alegações finais de réu delatado: devem ser


apresentadas após as alegações finais do réu
delator (STF, AgR no HC 157.627; STF, HC
166.373, Plenário, j. 30.11.2022).

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6 | PROCEDIMENTO DO JÚRI

Não se admite a pronúncia com base exclusivamente


em elementos colhidos na fase de investigação
preliminar.
Reformatio in pejus indireta: anulada a primeira
decisão em recurso exclusivo da defesa, não é
possível, no segundo julgamento, impor pena mais
grave ao réu.
Excesso de linguagem na pronúncia: impossibilidade.
Legítima defesa da honra: impossibilidade.
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6 | PROCEDIMENTO DO JÚRI

Afastamento de qualificadoras na decisão de


pronúncia: possível quando manifestamente
improcedentes.
In dubio pro societate na decisão de
pronúncia: impossibilidade.
Comparecimento do acusado ao julgamento
com roupas civis: possibilidade (STJ, RMS
60.575).
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7 | ANPP

Requisitos: viabilidade acusatória + confissão +


infração penal sem violência ou grave ameaça +
pena mínima inferior a 4 anos.
Confissão: não precisa ser necessariamente no
interrogatório perante a autoridade policial (STJ,
HC 657.165, Rel. Min. Schietti, 6ª Turma, j.
09.08.2022).

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7 | ANPP

Não abrange os crimes raciais: STF, RHC


222.599, Rel. Min. Edson Fachin, 2ª Turma, j.
07.02.2023.
Não há um direito subjetivo do réu ao ANPP.
Rescisão e contraditório: a defesa precisa ser
intimada para se manifestar sobre o pedido do
MP (STJ, HC 615.384).

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7 | ANPP

Revisão pela instância superior do MP: a


persecução penal não fica suspensa. O fato
de houver sido a condenação transitada em
julgado não serve como argumento para o
MP de primeira instância oferecer o ANPP
(STF, HC 199.180).

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7 | ANPP

Casos de emendatio e mutatio libelli:


havendo desclassificação, dependendo do
caso concreto, torna-se cabível o ANPP,
como em caso, p. ex., em que é reconhecida
a minorante do tráfico privilegiado (STJ, HC
822.947; STF, HC 225.993, decisão
monocrática do Min. André Mendonça).
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Caio Paiva
profcei.caiopaiva@gmail.com

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