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| 59CAPÍTULO 16
Nulidades Processuais
Casuística de nulidades do rito do Júri
Quebra da incomunicabilidade das testemunhas na 1ª fase do rito
Interessante notar que a quebra da incomunicabilidade das testemunhas, na primeira
fase do rito ou no dia do julgamento pelo Júri, por ofensa ao que dispõem, respectivamente,
os arts. 210 e 460, ambos do CPP, poderá ensejar a nulidade do feito, se evidenciado o
prejuízo. Trata-se, portanto, de nulidade relativa.
Excesso de linguagem na decisão que decretou a prisão preventiva
Não haverá qualquer nulidade na decisão interlocutória que tenha decretado a prisão
preventiva do acusado, usando – como se espera – fatos concretos da imputação, para jus
tificar a medida extrema21; ademais, a nulidade, quanto ao tópico excesso de linguagem, só
poderia ser declarada no caso de decisão de pronúncia, e não de decisão referente à prisão
processual. Ademais, sabe-se que todas as decisões judiciais devem ser fundamentadas (art.
93, IX, da CF), sob pena de nulidade (art. 564, V, do CPP).
Atuação de membro do Ministério Público suspenso da função em plenário
A atuação de membro do Ministério Público, suspenso de suas atividades, em jul
gamento pelo Júri, sem, portanto, capacidade postulatória, acarreta a nulidade absoluta do
ato processual22.
Réu indefeso em plenário: curta manifestação da defesa em debates.
Faz parte das atribuições do juiz presidente dissolver o Conselho de Sentença, quando
considerar que o réu está indefeso, ainda que o acusado esteja satisfeito com o trabalho do
defensor, designando novo dia para o julgamento, com a nomeação ou a constituição de
novo defensor (art. 497, V, do CPP). O STJ23 anulou julgamento pelo Júri em que a defesa
de acusado de ter praticado homicídio qualificado se manifestou em debates por apenas 4
minutos, por julgá-lo, obviamente, indefeso. Em outra decisão, porém, também do STJ24,
não se anulou o julgamento em plenário pelo fato de a defesa ter se manifestado em curto
espaço de tempo – 9 minutos – enquanto a acusação usou uma hora e 3 minutos; reputou-
-se que a alegação de nulidade, sem a efetiva demonstração do prejuízo, especialmente
quando inexistiu recurso da defesa, não leva inexoravelmente à eiva alegada. Em sentido
semelhante, outra decisão do STF25.
21 STF - 2ª T. HC 161960. Rel. Min. Gilmar Mendes.
22 STJ - Recurso em Habeas Corpus nº 43.105/SP (2013/0396834-9). Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz.
23 STJ: HC 234.758.
24 STJ - HC 365.008/PB. Rel. Min. Sebastião Reis Júnior.
25 STF - 2ª T. HC 164535 AgR/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 12/11/2019. CAPÍTULO 16
Nulidades Processuais
Réu indefeso em plenário: falso advogado
Se a defesa for patrocinada por falso advogado, o julgamento deverá ser dissolvido
pelo juiz presidente, se ainda estiver ocorrendo o plenário, quando tomar conhecimento
dessa inusitada situação; na hipótese de o magistrado tomar conhecimento, antes do
plenário, da inabilitação profissional do pretenso advogado, deverá intimar o acusado a
constituir advogado de sua confiança, em determinado prazo; se não providenciar, será
nomeada a Defensoria Pública ou advogado dativo para atuar no julgamento. Sendo o
acusado defendido por pretenso advogado, se condenado, o julgamento deverá ser anulado;
se absolvido com trânsito em julgado, por se ter constituído a coisa soberanamente julgada,
não será invalidará tal absolvição.
Condução rude de interrogatório em plenário por parte do juiz togado e
suposta parcialidade
O STJ26 decidiu que, mesmo tendo sido conduzido o interrogatório em plenário de
forma firme, senão rude, pelo juiz togado, não há se falar em quebra da imparcialidade, e,
portanto, em nulidade do julgamento, até porque inexistiu prejuízo. Ademais, o juiz não
é mero espectador do julgamento, tendo o dever de conduzir os trabalhos (art. 497 do
CPP) e interrogar o acusado, desde que não opine a respeito do caso criminal vertente.
Em outra decisão, o STJ27 refutou a tese de que o juiz presidente teria usado de excesso de
linguagem na sessão de julgamento, influenciando indevidamente os jurados; decidiu-se que
a intervenção do magistrado, no exercício de sua atribuição de poder de polícia da sessão,
ao alertar o tribuno a não usar palavreado chulo e grosseiro, não poderia ser considerada
quebra da imparcialidade, nem influência negativa nos jurados.
Ausência de testemunha arrolada em caráter de imprescindibilidade. Sus
pensão da sessão plenária para determinar sua condução coercitiva ao plenário.
Realização do plenário ante sua não localização.
Arrolada uma testemunha pelas partes, em caráter de imprescindibilidade, na fase
do art. 422 do CPP, se, apesar de intimada, não comparecer à sessão plenária, é possível ao
juiz suspender a sessão e determinar sua condução coercitiva. Caso a testemunha não seja
localizada pelo oficial de justiça, o magistrado poderá determinar a realização da sessão, nos
termos do procedimento previsto no art. 461 do CPP, não havendo se falar em qualquer
nulidade nesse proceder28.
Instrução na 1ª fase do rito do Júri ou em plenário colhida por mídia eletrônica
inaudível
Na prática, infelizmente, às vezes ocorre que a prova oral, captada por dispositivos de
mídia eletrônica, não apresente qualidade mín