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EVANGELISTA & CASTRO

ADVOGADOS ASSOCIADOS

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO


EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ

RAZÕES DO RECURSO DE APELAÇÃO

PROCESSO N° 0800254-56.2022.814.0501

AÇÃO: Ação Penal

JUIZO DE ORIGEM: vara criminalMOSQUEIRO

EDUARDO MENEZES DO SANTOS, já devidamente qualificado nos autos do


processo em epígrafe, vem, por seu procurador abaixo assinado, respeitosamente,
perante VOSSA EXCELÊNCIA, apresentar Razões do Recurso de Apelação em face da
sentença condenatória proferida nos autos deste processo criminal sobre a qual paira
irresignação pelos motivos que passa a expor de fato e de direito.

I – Do Resumo dos Fatos

Em síntese o apelante foi condenado por suposta participação em assalto ocorrido


no dia 16/04/2020 em Mosqueiro.

Em sentença foi considerado que apesar das negativas dos acusados, o acusado
foi reconhecido por foto. o que desde já se requer a desconsideração, uma vez que o art.
226 do CPP impossibilita condenação através deste tipo de reconhecimento.

Em recente julgado, o ministro Gilmar Mendes suscitou o procedimento do artigo


226 do CPP que é necessário à confiabilidade de informação dependente da memória,
como o reconhecimento. Portanto, sua violação acarreta a nulidade do ato e sua
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desconsideração para fins decisórios. Dessa maneira, uma condenação só pode ser
proferida ou mantida se houver elementos independentes para superar a presunção de
inocência. O ministro também citou precedentes do STF que absolveram réus condenados
exclusivamente com base no reconhecimento fotográfico (HCs 172.606 e 157.007).

Cabe frisar que em depoimento o caseiro (midia 03) informa que reconhece
eduardo e diz as características como moreno, baixinho, ocorre que conforme foto o
apelante é branco, alto, com orelha preponderante, ou seja, estava claramente sendo
confundido com o condenado Francisco, o qual foi preso em flagrante no dia do fato.

No que tange aos depoimentos o Sargento que efetuou a prisão do Francisco disse
que foi abordado por um motoqueiro o qual informou o lugar que estava francisco onde
foi encontrado o tablet produto do crime, no entanto, fala que foi dito no nome de
Eduardo sem nenhum tipo de reconhecimento, e sem esse motoqueiro ser levado como
testemunha.

Ora, se for pra falar por nome que já está nos autos não há reconhecimento algum.
o Sargento ainda aduz que o Eduardo é conhecido por crimes, ocorre que eduardo não
possui nenhuma outra condenação transitado em julgado, deixando claro que não houve
reconhecimento algum, apenas vontade em condenar.

Assim, esse suposto reconhecimento está em total desacordo com o art. 226 do
CPP não pode prosperar. O que veremos adiante.

II – Do RECONHECIMENTO POR FOTO

No que tange ao reconhecimento por foto a 5ª Turma da Corte concluiu que o


reconhecimento fotográfico somente poderia embasar uma condenação se

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corroborado por outros elementos probatórios produzidos em juízo e com respeito ao


contraditório (HC 462.030).

Por sua vez, a 6ª Turma fixou que o reconhecimento fotográfico praticado de


modo distorcido, já que enviado por mensagem eletrônica às vítimas e com informação
errada sobre o suspeito, acarreta a nulidade da prova, mesmo se confirmado em juízo
(HC 335.956).

Gilmar mendes ministro do STF teve esse entendimento em recente julgado que
entendeu a invalidade de qualquer reconhecimento — pessoal ou fotográfico — que
não siga o procedimento do artigo 226 do CPP (HC 598.886).

Reconhecimento fotográfico deve seguir o procedimento para o reconhecimento de


pessoas estabelecido no artigo 226 do CPP. Diante da ausência de regulação normativa e das
deficiências práticas, tal método deve ser analisado com cautelas, disse o magistrado. Além
disso, é necessário fazer a produção posterior de provas em juízo e a sua corroboração em
outros elementos probatórios produzidos em contraditório na fase judicial.

Sendo assim, diante do caso em questão nota-se a desobediência ao que estipula o art.
226 do CPP e ainda sendo reconhecida tal precariedade em sentença, como forma de corroborar
a condenação.

No que tange ao reconhecimento em juízo, o sargento no momento que olha os réus


presos já informa que está diferente, deixando claro que de fato não reconheceu nem se quer
o réu Breno, no entanto, como o nome está nos autos sabia que era o réu Breno que deveria
estar lá.

Quanto ao apelante Eduardo não foi reconhecido por ninguém, foi citado pelo caseiro
como sendo conhecido, no entanto, com características físicas diferentes da que de fato o
apelante possui, mostrando a confusão de nomes.

Sendo assim, não havendo provas nos autos, a absolvição é o caminho esperado. Art
386 VII do CPP.

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II- da impossibilidade de decretação de prisão por o réu ser revel

O recorrente foi condenado pelo crime de roubo em concurso de agente, sendo


estes claramente dignos de afastamento por este colendo tribunal.

Havendo a demonstração com provas nos autos que o investigado, ou réu,


utilizou da situação de se encontrar em localização incerta e não sabida para atrapalhar
a efetividade processual, poderá ser utilizada a prisão preventiva, se realmente a
medida for necessária, não sendo, portanto, as medidas alternativas do artigo 319 e 320
do CPP suficientes para garantir que o processo penal chegará ao seu fim imaculado.

Não havendo provas dessa intenção do agente, não há que se falar em prisão
preventiva. O fato do agente estar em local incerto e não sabido e, com isso, a sua
citação ter que ser realizada por edital, não tem o condão de demonstrar que o agente
se furta a comparecer ao processo ou inquérito.

Vislumbra-se, portanto, que temos o fato do agente ter tomado ciência da


persecução penal e saído do seu local indicado e o fato dele não ter aparecido em
nenhum ato da fase em que se encontra, investigatória ou processual.

No último caso, por óbvio, não tem a demonstração que o objetivo do agente é
fugir de uma aplicação penal. Se a pessoa sequer apareceu no inquérito ou processo,
não há que se falar em intenção de atrapalhar a efetividade processual.

Neste caso, a prisão de eduardo foi decretada no momento que este não foi
encontrado para citação, ou seja, sua revelia foi decretada a partir de então, ainda
assim, teve a prisão preventiva estipulada. E em sentença o direito de apelar em
liberdade negado.

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Quando há tentativa de citação e não encontrando o réu, expede-se a citação


por edital. O não comparecimento não deve presumir a fuga do réu. O ponto crucial está
nessa presunção. Não se deve decretar prisão preventiva simplesmente por presumir
fuga em razão da não localização do agente, sem demonstrar, através de elementos
probatórios, que o fato de não ter sido localizado foi em razão de querer se evadir.

Diante disso, requer-se a revogação de prisão para que possa apelar em


liberdade.

DA DOSIMETRIA DA PENA

Inicialmente em sentença o douta juíz a quo considerou a culpabilidade


acima do normal, visto a circunstancia do crime, com utilização de arma de fogo
e arma branca, rendimento das vitimas inclusive criança. Ocorre que este dito de
arma apontada para criança foi rechaçado pelo depoimento das vitimas, bem
como ainda que o apelante tivesse participado do crime cada autor do fato
responde pela ação que cometeu, podendo ser considerado participação de
menor importância, inclusive.

Devendo assim, iniciar a pena base em 4 anos e não 5 anos. Após o


magistrado valora pelo uso de arma em 2/3, o que tendo a pena base em 4 anos
passaria para 6 anos e 6 meses.

No que tange ao regime inicial este caberia o semi aberto e não fechado,
como estipula a sentença, a qual merece reforma.

V – Dos Pedidos

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Ex positis, é o presente Recurso de Apelação para exorar VOSSAS EXCELÊNCIAS


que se dignem julgá-lo inteiramente procedente para:

I – Provimento do recurso com a absolvição do réu, nos termos do art 386 VII do
CP;

II – Em não entendendo pelo pedido disposto no item I, reduzir o quantum da


pena mediante o calculo correto da pena base, e inicio de cumprimento de pena em
regime semi aberto.

Termos em que,

pede e espera deferimento.

Ananindeua, 17 de março de 2022

DEBORA C. FEITOSA
OAB/PA 20.219

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