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ADVOGADOS ASSOCIADOS
PROCESSO N° 0800254-56.2022.814.0501
Em sentença foi considerado que apesar das negativas dos acusados, o acusado
foi reconhecido por foto. o que desde já se requer a desconsideração, uma vez que o art.
226 do CPP impossibilita condenação através deste tipo de reconhecimento.
desconsideração para fins decisórios. Dessa maneira, uma condenação só pode ser
proferida ou mantida se houver elementos independentes para superar a presunção de
inocência. O ministro também citou precedentes do STF que absolveram réus condenados
exclusivamente com base no reconhecimento fotográfico (HCs 172.606 e 157.007).
Cabe frisar que em depoimento o caseiro (midia 03) informa que reconhece
eduardo e diz as características como moreno, baixinho, ocorre que conforme foto o
apelante é branco, alto, com orelha preponderante, ou seja, estava claramente sendo
confundido com o condenado Francisco, o qual foi preso em flagrante no dia do fato.
No que tange aos depoimentos o Sargento que efetuou a prisão do Francisco disse
que foi abordado por um motoqueiro o qual informou o lugar que estava francisco onde
foi encontrado o tablet produto do crime, no entanto, fala que foi dito no nome de
Eduardo sem nenhum tipo de reconhecimento, e sem esse motoqueiro ser levado como
testemunha.
Ora, se for pra falar por nome que já está nos autos não há reconhecimento algum.
o Sargento ainda aduz que o Eduardo é conhecido por crimes, ocorre que eduardo não
possui nenhuma outra condenação transitado em julgado, deixando claro que não houve
reconhecimento algum, apenas vontade em condenar.
Assim, esse suposto reconhecimento está em total desacordo com o art. 226 do
CPP não pode prosperar. O que veremos adiante.
Gilmar mendes ministro do STF teve esse entendimento em recente julgado que
entendeu a invalidade de qualquer reconhecimento — pessoal ou fotográfico — que
não siga o procedimento do artigo 226 do CPP (HC 598.886).
Sendo assim, diante do caso em questão nota-se a desobediência ao que estipula o art.
226 do CPP e ainda sendo reconhecida tal precariedade em sentença, como forma de corroborar
a condenação.
Quanto ao apelante Eduardo não foi reconhecido por ninguém, foi citado pelo caseiro
como sendo conhecido, no entanto, com características físicas diferentes da que de fato o
apelante possui, mostrando a confusão de nomes.
Sendo assim, não havendo provas nos autos, a absolvição é o caminho esperado. Art
386 VII do CPP.
Não havendo provas dessa intenção do agente, não há que se falar em prisão
preventiva. O fato do agente estar em local incerto e não sabido e, com isso, a sua
citação ter que ser realizada por edital, não tem o condão de demonstrar que o agente
se furta a comparecer ao processo ou inquérito.
No último caso, por óbvio, não tem a demonstração que o objetivo do agente é
fugir de uma aplicação penal. Se a pessoa sequer apareceu no inquérito ou processo,
não há que se falar em intenção de atrapalhar a efetividade processual.
Neste caso, a prisão de eduardo foi decretada no momento que este não foi
encontrado para citação, ou seja, sua revelia foi decretada a partir de então, ainda
assim, teve a prisão preventiva estipulada. E em sentença o direito de apelar em
liberdade negado.
DA DOSIMETRIA DA PENA
No que tange ao regime inicial este caberia o semi aberto e não fechado,
como estipula a sentença, a qual merece reforma.
V – Dos Pedidos
I – Provimento do recurso com a absolvição do réu, nos termos do art 386 VII do
CP;
Termos em que,
DEBORA C. FEITOSA
OAB/PA 20.219