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Apelação nº 0800568-62.2021.4.05.8312
A questão não está só no aspecto formal ou da legalidade, pois cada pessoa que ouvir
uma gravação terá uma impressão, uma conclusão e uma memória do ato, que poderá
ou não coincidir com o que deve ser relevante para o processo, além do quê, a parte
cuja conclusão não lhe favorece, não terá oportunidade de adivinhar ou contraditar a
versão que passaria a valer no argumento do momento (em primeiro grau, uma
conclusão poderia ser adotada, no segundo outra e nas instâncias superiores também.
Segue.
Nesse sentido.
Para mensurar ainda o prejuízo, trago como exemplo estes autos em que a defesa foi
constituída após o encerramento da instrução processual, não tendo, portanto,
acompanhado a instrução e tomaria conhecimento através da degravação ou gravação
das audiências.
Sendo um requisito lógico que todas as provas produzidas no curso do processo sejam
integralmente juntadas aos autos, para se assegurar a ampla defesa e o contraditório,
dimensões elementares do devido processo legal e cânones essenciais do Estado
Democrático de Direito.
Tudo isso desaparece, em princípio, com a gravação em áudio e vídeo da prova oral
produzida em audiência. Não mais há a total impossibilidade de revisão da prova
testemunhal e sua fidedignidade no âmbito recursal — podem os magistrados de
segundo grau, caso alegada dúvida sobre depoimento ou assim o desejarem, avaliarem
com sua visão e audição determinado testemunho. Essa faculdade é espetacular
avanço para a valoração probatória.
É direito da defesa ter acesso a essa prova. É dever do Poder Judiciário permitir esse
acesso. Contudo, na sentença condenatória exarada pelo juízo “a quo” entendeu:
A defesa técnica tem direito inequívoco de ter acesso integral às provas para
impugnar a interpretação da acusação para realizar a própria interpretação expondo
sua narrativa e formando seu entendimento acerca do que é significativo e
pertinente o esclarecimento da verdade dos fatos. Uma vez que as provas produzidas
são destinadas ao Juízo.
Por fim, é necessário reconhecer que no presente caso a ampla defesa, contraditório,
paridade de armas e devido processo legal foram profundamente feridos ensejando
portanto sua nulidade, sendo que omissão do juíz ao não valorar a questão de que a
defesa não teve acesso a todo processo, ou seja a ampla defesa, cerceando de defesa,
prejudicando o processo como num todo tornando NULO.
E mais.
Nesse sentido.
Ou seja, para que haja tipificação do crime imputado, é necessário que a coisa móvel
tenha sido apropriada por meio legítimo e que tenha o agente agido com DOLO.
Considera-se, portanto, atípica a conduta, ante a ausência de forma dolosa.
Nos depoimentos colhidos tanto em fase inquisitória quando judicial não foram
trazidos
aos autos, nenhuma prova de que sabia que havia sido introjetado drogas no
carregamento de bananas.
A sentença condenatória foi fundamentada sob o argumento de que o Apelante
fazia parte de organização criminosa altamente estruturada, contudo não existe nos
autos prova alguma, conversas, interceptações telefônicas, e-mails, mensagens
absolutamente nada que demostre a atuação do Apelante em grupo criminoso.
Para uma condenação na esfera penal necessita de provas contundentes de que o
Apelante, de fato, praticou o fato ilícito. Portanto, a regra, no processo penal, é que,
em nome do princípio da presunção de inocência, vige o princípio do in dubio pro reo,
o qual significa que, na dúvida acerca da autoria dos fatos em discussão, a decisão deve
favorecer o imputado, eis que não cabe a este comprovar a sua inocência, mas cabe à
parte acusadora comprovar que o acusado praticou a conduta que lhe foi imputada.
Portanto, diante do exposto, fica claro que não há suposta prática de crime algum por
parte do apelante. De forma que é totalmente incabível o indiciamento a que está
respondendo, devendo ser ABSOLVIDO de toda acusação ora imputada.
Com a fragilização da prova de alguns dos elementos indiciários do dolo apontados na
denúncia, há que se considerar, contudo, que a prova produzida em Juízo é insuficiente
para uma condenação, demandando-se a absolvição na forma do artigo 386, inciso VII,
do Código de Processo Penal.
3. DA REDUÇÃO DA PENA
Temos ainda que os embargos de declaração se destinam, precipuamente, a desfazer
obscuridades, afastar contradições e suprir omissões.
Ademais, essa modalidade recursal permite o reexame do acórdão embargado, para o
específico efeito de viabilizar um pronunciamento jurisdicional, de caráter integrativo-
retificador.
No entender do Embargante, há, na hipótese, vício de omissão, o que identifica a
embargabilidade do decisório em questão. (CPP, art. 619, caput).
A violação ao art. 619 do CPP, em razão da falta de expressa manifestação do v.
acórdão recorrido sobre a arguida contrariedade a dispositivos legais e constitucionais
(CF, art. 105, inc. III, alínea a).
Por outro bordo, no âmbito processual penal, para que haja apreciação de Recurso
Especial e/ou Extraordinário, faz-se mister o prequestionamento da questão federal ou
constitucional, conforme o caso. Nesse compasso, o acórdão recorrido precisa
enfrentar, ainda que implicitamente, o dispositivo de lei violado.
É obrigatório, por esse norte, que a matéria tenha sido decidida manifestamente (não
obstante se possa considerar prescindível a expressa menção ao artigo de lei), o que
não ocorreu, data venia, no acórdão em apreço, conforme demonstrado abaixo.
A pena é calculada em três fases, de acordo com o artigo 68 do Código Penal
brasileiro , A primeira fase é a fixação da pena-base, que é a quantidade mínima de
pena aplicável ao crime cometido.
Essa definição é feita com base na análise da gravidade do delito e das circunstâncias
em que foi cometido . Na segunda fase, são aplicadas as circunstâncias atenuantes e
agravantes . Por fim, na terceira fase, são analisadas as causas de diminuição ou de
aumento da pena .
Logo, para que não ocorra bis in idem, deve ser afastada das circunstâncias e
consequências do crime a valoração negativa na primeira fase, já que necessárias à
caracterização da transnacionalidade prevista no artigo 40, inciso I, da Lei de
Drogas, dispositivo incidente na terceira fase da dosimetria da pena, como Causa de
Aumento de Pena; ou, ao contrário, se aplicadas na primeira fase (circunstâncias
judiciais), que reste quedada a tipificação de tráfico internacional de drogas, sob
pena de violar o Princípio do “Non Bis in Idem” e o artigo 5º, § 2º, da Constituição
Federal.
Ainda que Vossas Excelências não acatem a questão do pré questionamento, e uma
matéria de ordem pública, que deve ser acatada de oficio.
Assim, reiteramos que Ainda que Vossas Excelências não acatem a questão do pré
questionamento, e uma matéria de ordem pública, que deve ser acatada de oficio.
Para estipular o quantum da pena que será aplicada a determinado Réu, não possui o
Juiz total discricionariedade. Deve seguir um conjunto de regras previamente
estabelecidas, respeitando os preceitos secundários do tipo penal ali tratado e com
base em proporções que devem ser devidamente fundamentadas, sob pena
de nulidade.
O critério a ser utilizado, para tanto, é trifásico: em primeiro lugar, deve valorar 8
(oito) circunstâncias judiciais, previstas no artigo 59 do Código Penal: culpabilidade,
antecedentes, conduta social, personalidade do agente; motivos, circunstâncias e
consequências do crime; e o comportamento da vítima.
O art. 68, parágrafo único, do CP, dispõe que, no concurso de causas de aumento ou
de diminuição de pena previstas na parte especial, caberá ao juiz limitar-se a uma só
diminuição e a um só aumento, prevalecendo ,contudo, a que mais aumente ou
diminua, porém, caso ocorra aumento na parte especial e outra na parte geral, caberá
ao juiz aplicar ambas.
Na relação qualificadora é possível que o juiz reconheça duas ou mais em um mesmo
crime.
Conclui-se que a pena será calculada mediante aos critérios trifásicos apresentados
acima, cabendo ao juiz efetuar primeiramente a fixação da pena-base, obedecendo o
art. 59, do CP, em seguida aplicar as circunstâncias atenuantes e agravantes, e por
finalmente, as causas de diminuição e de aumento de pena.
8. DO CABIMENTO
Diante do exposto, requer:
1. Que o presente recurso seja recebido, reconhecido, admitido e remetido ao E.
TRFE 5 REGIÃO, já que os requisitos necessários para isto estão presentes no
processo, conforme foi demonstrado acima.
2. Que sejam aceitos e juntados todos os comprovantes necessários das custas
processuais, conforme pedido.
3. Que em respeito ao art. 1029 do Código de Processo Civil, sejam juntados todos
os acordões e certidões que estão anexados a este recurso, com a finalidade de
provar o que foi alegado.
4. Que seja dado provimento a este Recurso Especial e no mérito, provido, que
seja arbitrado valor referente aos danos morais em quantia que está Egrégia
Corte entenda ser adequada.
5. Por fim, requer omissão quanto a aplicação da Súmula Vinculante 59 e da
nulidade absoluta decorrente da ausência de degravação das audiências.
Também alegou a omissão na análise da atipicidade e da ausência de dolo.
Finalmente, requer o prequestionamento.
Termos que
Pede deferimento.
ANDERSON FLOGNER
Advogado – OAB/PR – 78.164