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EXCELENTÍSSIMO SR. DR.

DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PIAUÍ

URGENTE
RÉU PRESO

GRACIMAR GUERRA FIGUEIREDO RODRIGUES, advogada,


regularmente inscrito na OAB sob o n° 1021, com endereço XXXXXXXXXX, vem, a
elevada presença de Vossa Excelência, com o devido acatamento, com escólio no artigo
5°, inciso LXVIII, da Constituição da Republica e artigos 647 e seguintes do Código de
Processo Penal, impetrar

HABEAS CORPUS

em favor de JOÃO, brasileiro, solteiro, profissão, portador da Identidade


nº xxxxxxx, residente e domiciliado na Rua xxxxxxxxxxx, n° xx, Bairro xxxxxxxxxxx,
xxxxxxxxxxx – xx e JOSÉ, brasileiro, solteiro, profissão, portador da Identidade nº
xxxxxxx, residente e domiciliado na Rua xxxxxxxxxxx, n° xx, Bairro xxxxxxxxxxx,
xxxxxxxxxxx – xx, que se encontram preso, desde 15 de março de 2021, na Delegacia
Regional de Corrente-Piauí, conforme os fatos e fundamentos expostos a seguir:

I – DOS FATOS

Demonstram os autos que na madrugada do dia 15/03/2021, na cidade de


Corrente, os Pacientes foram presos em flagrantes por policiais militares por terem na
posse de ambos, ou seja, no veículo conduzido por João, 02 (dois) papelotes de
cocaína, um revolver calibre 38, 15 munições e a quantia em dinheiro vivo de R$
1.950,00 trocados e cédulas menores, sob acusação, em tese, da prática do delito
tipificado no artigo 33, caput, da Lei 11.343/06, conforme noticia o auto de prisão em
flagrante ora acostado. (doc. 01)
Igualmente extrai-se referido auto de prisão em liça que os Pacientes
perpetrara, pretensamente, o crime tipificado no art. 14 do Estatuto do Desarmamento
(Lei nº. 10.826/03).
Em conta do despacho que demora às fls. xx do processo criminal em
espécie, ora carreado (doc. 02), na oportunidade que recebera o auto de prisão em
flagrante (CPP, art. 310), converteu-se essa em prisão preventiva, sob o enfoque da
garantia da ordem pública, negando, por conseguinte, na ocasião, o benefício da
liberdade provisória, o que se observa pelo teor do decisum antes ventilado.
Relata ainda que a prisão foi fruto de uma investigação prévia que
apontou indícios que ambos os indiciados praticavam o crime de tráfico de drogas; Os
indiciados são maiores, primários, possuem residência fixa.
Nenhum dos dois tinha permissão para andar armado; Os condutores da
prisão afirmaram em sede policial que se tratava dos delitos acima mencionados.
O delegado de polícia lavrou o Auto de Prisão em Flagrante e indiciaram
ambos os presos pela suposta prática de Trafico Ilícito de Entorpecentes e Porte Ilegal
de Arma e o Juiz de plantão homologou integralmente o flagrante e converteu a prisão
em flagrante em prisão preventiva.
No dia 20/03/2021 a Defensoria Pública Estadual em Corrente requereu a
revogação da prisão preventiva, o que foi negado pelo juízo local.
No dia 15/04/2021 um advogado particular protocolou pedido de
liberdade provisória que foi negado.
Em 25/04/2021 foi oferecida Denúncia pelo Ministério Público por
ambos os crimes em face dos dois indiciados e até o presente momento nenhuma
providência mais foi tomada a favor ou contra os indiciados que permanecem presos.

II – DO DIREITO

Não assiste razão, porém, ao julgador, ora autoridade coatora, ao


indeferir o pedido, uma vez que o art 5º, LXVIII, da CF e o art.647 do CPP, determinam
o contrário, que diz:
Art. 5.º, LXVIII, da CF: conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
Art.647 do CPP: Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou
se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir,
salvo nos casos de punição disciplinar.
Lamentavelmente ainda se prendem injustamente pessoas baseado
unicamente em sua aparência humilde, física, sem ao menos se perquirir e investigar
com mais profundidade a veracidade da suspeita. O paciente é homem sério, de
princípios e nunca cometeu qualquer crime. Tem residência fixa, portanto endereço
certo e conhecido.
Foi preso em flagrante, nunca teve qualquer passagem por qualquer
Delegacia de Polícia, não responde a qualquer inquérito e nunca foi condenado por
qualquer crime.
A Prisão em flagrante é uma medida caracterizada pela privação da
liberdade do agente surpreendido em situação de flagrância, que independe de previa
autorização judicial.
Conforme se depreende pela narrativa, não se encontram presentes os
permissivos do art. 302, do CPP, quais sejam:
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por
qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou
papéis que façam presumir ser ele autor da infração.

Ocorre que não houve nexo ininterrupto entre o momento da prisão e a


pratica do delito. O paciente não foi encontrado logo depois da pratica de uma infração
penal com instrumentos ou objetos que fizessem presumir ser ele o seu autor.

Flagrante é a arbitrariedade policial, o abuso de poder perpetrado contra


um trabalhador inocente!!!

II – AUSÊNCIA DE REQUISITOS AUTORIZADORES DA PRISÃO


PREVENTIVA
Ressalta-se de início que, os pacientes são PRIMÁRIOS e de BONS
ANTECEDENTES, não ostentando qualquer anotação em sua FAC ou CAC (fls. xx,
xx/xx do APFD). e o carro que João, devidamente habilitado, conduzia não era objeto
de delito e estavam com a documentação regular (embora fosse de propriedade de
terceiro, ou seja, o pai de João).
Os pacientes possuem residência fixa, o que presume que os mesmos
sejam encontrados, além do que, neste ato, assume que comparecerão a todos os atos
judiciais para os quais forem chamados.
Sabe-se que, pela via estreita do Habeas Corpus, não se adentra
especificamente ao mérito. Todavia, cabe ressaltarmos somente algumas incontroversas,
que a nosso entender, maculam a legalidade do ato, dada a relevante controvérsia em
relação a propriedade da substância entorpecentes arrecadada pelos policiais.

Ademais, como é sabido, o indivíduo quando é voltado ao crime,


normalmente inicia sua “carreira” criminosa bem cedo, ainda menor. No presente caso,
os pacientes conta com as idade de xx (xxxxx) anos e jamais foram presos ou
apreendidos quando menores, o que já demonstra não ser o mesmo dado as referidas
práticas.
Adentrando ao mérito da r. decisão ora combatida, notamos que a mesma
carece de fundamentação, pois não apontou elementos do caso concreto que
justificassem a necessidade da medida extrema, argumentando, genericamente, que o
acautelamento se justifica pela garantia da ordem pública, o que, a nosso entender,
afronta o disposto no art. 93, inciso IX, da CR/88.
Outrossim, conforme as informações acima trazidas, notamos que não
estão presentes os requisitos autorizadores da prisão preventiva, pois os pacientes não
oferecem qualquer perigo a ordem pública. Somente a gravidade abstrata do delito não
justifica a manutenção da segregação cautelar, ainda mais em se tratando de grande
controvérsia sobre a autoria, justamente o que acontece no caso em tela.
Deve-se ainda, se ter profunda atenção ao Princípio da Presunção de
Inocência, pois, quando se há dúvida em relação a autoria, deve prevalecer este, jamais
o contrário, sob pena de regredirmos a um Direito Penal estritamente leviatanico e
vingativo, deixando de lado a prevenção.
Pelo que, no presente caso, podem e é altamente recomendável, a
aplicação das medidas cautelares previstas no art. 319 do CPP ou a prisão domiciliar.
Ressalta-se ainda que, diferentemente do que informa o Douto
Magistrado, com os pacientes não teriam sido encontrada grande quantidade de
entorpecente. Mas ainda que assim não fosse, e, supostamente, a droga em comento (xx
pinos de cocaína) realmente fosse encontrada com ele, ainda assim essa quantidade não
pode ser considerada grande. Incorrendo até mesmo, em caso de condenação, nas causas
de diminuição de pena previstas no §4°, do art. 33, da Lei 11.343/06, já que preenchido
todos os requisitos.
Importante registrar que, no julgamento do HC 104.339, o Plenário do
STF, por maioria de votos, declarou, incidentalmente, a inconstitucionalidade de parte
do art. 44 da Lei nº 11.343/06, que proíbe a concessão de liberdade provisória para os
acusados da prática dos crimes de tráfico de entorpecentes e associação para o tráfico.
Ademais, com o advento da Lei nº 12.403/11, a prisão cautelar, durante o
transcurso do processo, tornou-se exceção, devendo ser decretada somente em situações
extremas, quando as circunstâncias do caso indicarem a sua real necessidade e
adequação. Assim, não basta apenas a presença dos requisitos previstos nos artigos 312
e 313 do CPP para a manutenção da prisão preventiva de qualquer agente, mas é
necessário que seja observado o disposto no art. 282 do CPP.
Isto posto, considerando as novas diretrizes impostas pela Lei nº
12.403/11, as condições pessoais dos pacientes e as peculiaridades do caso concreto,
temos que, in casu, a aplicação de medidas cautelares diversas da prisão é suficiente
para a persecução penal.
Ressalta-se finalmente que, o que aqui se analisa, neste momento, é
apenas a necessidade da prisão preventiva dos pacientes, não se questionando a
importância da apuração da prática do delito que lhe é imputado ou sua eventual
punição, caso constatadas provas suficientes de sua materialidade e autoria no
processamento da ação penal.

IV – DOS PEDIDOS

1. Pede-se liminarmente, a concessão da ordem de Habeas Corpus, para substituir


a prisão preventiva dos pacientes pelas medidas cautelares constantes do art. 319
do CPP ou a prisão domiciliar, conforme o entendimento de Vossas Excelências,
determinando-se a expedição de alvará de soltura em favor de JOÃO e JOSÉ.
2. Em sede de meritória, pede-se que seja declarada a ilegalidade e nulidade do ato
processual que negou a liberdade provisória ao paciente, confirmando dos
pedidos acima formulados, acaso deferidos, e consequente nulidade da
decretação de prisão expedida em seu nome.

V – DOS REQUERIMENTOS

1. Notificação da autoridade coatora;


2. Ciência do órgão de representação judicial do Ministério Público;

VI – DAS PROVAS

Nesta oportunidade estão sendo anexadas as provas documentais


pertinentes, tendo em vista seu caráter pré-constituído. Segue ainda, com fito
comprobatório, cópia integral dos autos.

VI - DO VALOR DA CAUSA

Dá a esta causa o valor de R$ 1.000,00 (hum mil reais).

Termos em que,

Pede deferimento.

Corrente-PI, 04 de novembro de 2021.

Advogada
OAB

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