O Estado é uma pessoa jurídica territorial soberana, formada pelos
elementos povo, território e governo soberano. Esses três elementos são indissociáveis e indispensáveis para a noção de um Estado independente: o povo, em um dado território, organizado segundo sua livre e soberana vontade.
O Estado é um ente dotado de personalidade, reconhecido na ordem
externa, em suas relações internacionais e, no prisma interno, em sua supremacia.
1.1. Forma de Estado
A partir da organização política do território, surge a noção de Estado
unitário ou Estado federado (complexo e composto). Caso no território haja um só poder político central, teremos o chamado Estado unitário; caso no mesmo território coexistam poderes políticos distintos, estaremos diante do chamado Estado federado (completo ou composto).
O Estado unitário é marcado pela “centralização política” em que um
só poder político central irradia sua competência, de modo exclusivo, por todo o território nacional e sobre toda a população, e controlada todas as coletividades regionais e locais (o Uruguai, por exemplo, é um Estado unitário; existe em seu território um só poder político central).
O Estado federado tem como característica a “descentralização
política", marcada pela convivência, em um mesmo território, de diferentes entidades políticas autônomas, distribuídas regionalmente (no Brasil, por exemplo, temos a coexistência, no mesmo território, de esferas políticas distintas e autônomas – a União, os estados, o DF e Municípios).
1.2. Poderes do Estado
Integram a organização política do Estado os denominados “Poderes”,
que representam uma divisão estrutural interna, visando ao mesmo tempo à especialização no exercício das funções estatais e a impedir a concentração de todo o Poder do Estado nas mãos de uma única pessoa ou órgão. No clássico modelo de tripartição, concebido em 1748 por Charles de Montesquieu, esses Poderes do Estado são o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
Esse modelo – Separação de Poderes flexível – foi adotado pela
Constituição Federal de 1988, de sorte que cada um dos Poderes não se limita a exercer as funções estatais que lhe são típicas, mas também desempenha funções denominadas atípicas, isto é, assemelhadas as funções típicas de outros Poderes.
Assim, tanto o Judiciário quanto o Legislativo desempenham, além de
suas funções próprias ou típicas (respectivamente jurisdicional e legislativa), funções atípicas administrativas, quando, por exemplo, exercem a gestão de seus bens, pessoal e serviços. Por outro lado, o Executivo e o Judiciário desempenham função atípica legislativa (este, na elaboração dos regimentos dos tribunais; aquele, quando expede, por exemplo, medidas provisórias e leis delegadas). Inicialmente, o Executivo e o Legislativo exercem, além de suas funções próprias, a função atípica de julgamento (o Executivo, quando profere decisões nos processos administrativos; o legislativo, quando julga autoridades nos crimes de responsabilidade, na forma do art. 52, I, II e parágrafo único da CF).