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No âmago da Antropologia Religiosa a questão da «magia» surge como debate fundacional,

representando um problema de interpretação e delimitação dos conceitos. Quando Claude


Rivière, em Socio-anthropologie des religions, considera que a magia opera à margem da
religião, está a refletir a partir de um lugar particular de teorização que merece verdadeiro
questionamento. A herança judaica (que possuía uma memória social de hostilização mágica)
no pensamento ocidental está enraizada nas obras mais marcantes da disciplina antropológica,
onde discorre uma oposição entre «religião» e «magia», como de Fazer, Hubert e Mauss,
Durkheim, Rivers, Callois ou Lévy-Bruhl. Marcel Mauss, no entanto, reconhec

a interpenetração entre ambos os universos, razão pela qual propõe a divisão entre
“fenómenos religiosos stricto sensu” e “religião lato sensu”. Ao primeiro
corresponderiam os ritos oficiais, os grandes cultos e os cultos privados, ao passo que
ao segundo corresponderia a magia, a adivinhação e as superstições populares. No
entanto, em conjunto com Hubert, em Esboço de uma teoria geral da magia, Mauss
avaliam a distinção no plano da organização social: a magia tem uma dimensão
individual e secreta, enquanto a religião possui uma dimensão coletiva, pública e
oficial. Ocorre um balanço entre o legítimo e o ilegítimo nas suas dimensões públicas e

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