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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO

FACULDADE DE HUMANIDADES E DIREITO


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO

A IGREJA METODISTA E SUA AÇÃO PASTORAL

FRENTE AO FENÔMENO DO ENVELHECIMENTO


POPULACIONAL BRASILEIRO

por

Paulo Dias Nogueira

São Bernardo do Campo — julho de 2009


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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
FACULDADE DE HUMANIDADES E DIREITO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO

A IGREJA METODISTA E SUA AÇÃO PASTORAL

FRENTE AO FENÔMENO DO ENVELHECIMENTO


POPULACIONAL BRASILEIRO

por

Paulo Dias Nogueira

Orientador
Prof. Dr. Geoval Jacinto da Silva

Dissertação apresentada em
cumprimento parcial às exigências
do Programa de Pós-Graduação em
Ciências da Religião, para obtenção
do grau de Mestre.

São Bernardo do Campo — julho de 2009


FICHA CATALOGRÁFICA

N689 Nogueira, Paulo Dias


A Igreja Metodista e sua ação pastoral frente ao fenômeno do
envelhecimento populacional brasileiro /-- São Bernardo do Campo,
2009.
202fl.

Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) – Faculdade de


Humanidades e Direito, Programa de Pós Ciências da Religião da
Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo
Bibliografia

Orientação de: Geoval Jacinto da Silva

1. Envelhecimento 2. Idosos - Brasil 3. Aconselhamento pastoral -


Idoso I. Título
CDD 259.3
Dedicatória

À minha família

Valéria e Beatriz

Com carinho.
Agradecimentos

À CAPES pela concessão da Bolsa de Estudos;

Ao Prof. Dr. Geoval Jacinto da Silva, que além de mestre foi pastor e bispo
durante este tempo;

Aos professores/as e funcionários/as desta escola que sempre me trataram


com respeito e dignidade;

Ao meu amigo Márcio Divino de Oliveira que foi o grande incentivador desta
jornada;

Aos amigos Samir Borges da Silva e Natanael Pereira do Lago, pastores das
Igrejas pesquisadas, que foram acolhedores e prestativos;

À Catedral Metodista de Piracicaba que com carinho me acompanhou e


incentivou durante o percurso;

Ao compadre Ronalde, à comadre Priscila e à sobrinha-torta Carla pelo apoio


nos momentos difíceis;

Ao Hilkias pelo auxílio prestado no lançamento dos dados da pesquisa;

À Darlene Schützer que solidariamente corrigiu parte do trabalho;

À Abigail Daneluz que gentilmente traduziu o abstract;

Aos muitos amigos que fiz pelo caminho.


BANCA EXAMINADORA

________________________________

Prof. Dr. Geoval Jacinto da Silva


Presidente - UMESP

________________________________

Prof. Dr. Clóvis Pinto de Castro


UNIMEP

_______________________________

Prof. Dr. Ronaldo Sathler Rosa


UMESP
NOGUEIRA, P. Dias. A Igreja Metodista e sua Ação Pastoral frente ao
fenômeno do envelhecimento populacional brasileiro. Dissertação. Programa
de Pós Graduação em Ciências da Religião - Faculdade de Humanidades e
Direito; Universidade Metodista de São Paulo - UMESP - 2009.

SINOPSE

O envelhecimento populacional é uma realidade mundial. No caso do


Brasil pode-se afirmar que este fenômeno tem trazido novos desafios para o
governo e para a sociedade como um todo. A Igreja Metodista, como parte
dessa sociedade, é uma comunidade de fé que apresenta em seus
documentos uma proposta pastoral de forte engajamento nas questões sociais.
Diante disso, esta pesquisa se propõe a analisar a Ação Pastoral da Igreja
Metodista frente ao fenômeno do envelhecimento populacional brasileiro. Para
elaboração da mesma utiliza-se de dois métodos de procedimento: o método
histórico, para o primeiro e o segundo capítulos, e o método estatístico para o
terceiro. No primeiro capítulo são abordados os conceitos e os preconceitos
relativos à velhice e ao envelhecimento; é apresentada uma análise
demográfica do envelhecimento populacional brasileiro; e por fim são, tecido
breves comentários sobre a velhice frente o neoliberalismo. No segundo
capítulo são apresentados um breve histórico e a conceituação de termos
relevantes para a pesquisa: Teologia Prática, Pastoral, Práxis e Igreja
Metodista. Por fim, no terceiro capítulo, apresenta-se a análise e discussão dos
resultados da pesquisa de campo realizada em três igrejas, cujo objetivo é
aferir em seu cotidiano qual tem sido, efetivamente, a Ação Pastoral da Igreja
Metodista frente ao fenômeno do envelhecimento populacional. Nas
considerações finais do trabalho, de posse dos resultados da pesquisa
apresenta-se algumas pistas pastorais para uma ação com e para os idosos.

Palavras-chave: Velhice, Envelhecimento, Pastoral, Práxis, Missão


NOGUEIRA, Paulo Dias. The Methodist Church and Its Pastoral Action towards
the Brazilian Population Aging Phenomenon. São Bernardo do Campo, 2009.
Dissertation (Masters of Religion Sciences) – Faculty of Humanities and Law,
Methodist University of São Paulo (UMESP).

ABSTRACT

Population aging is of great concern worldwide. In Brazil, such


phenomenon has brought new challenges to the government and to the society
as a whole. The Methodist Church, as part of this society, holds a strong
commitment to social issues with a Pastoral proposal entitled Plan for the Life
and Mission of the Church (PLMC). Therefore, the aim of this study was to
analyze the Pastoral action of the Methodist Church towards the Brazilian
population aging phenomenon. This study included a historical method,
according to Lakatos (1991), for the first and second chapters; and a statistical
one for the third chapter. In the first chapter, the concepts and prejudices
related to old age and aging were addressed, considering a demographic
analysis of the Brazilian population aging as well as brief comments on the old
age towards neoliberalism. The second chapter was aimed at a brief history
and concept of relevant terms to research: Practical Theology, Pastoral, Praxis
and Methodist Church. Finally, the third chapter involved an analysis and
discussion of the results of field research conducted in three churches to assess
what Pastoral action the Methodist Church has been taking towards the
population aging phenomenon. The results of this study showed that the
Methodist Church has been pastorally acting in an irrelevant manner towards
this phenomenon, suggesting that further studies are needed to provide the
elderly population with more information on aging using key Pastoral
approaches.

Keywords: Old Age, Aging, Pastoral, Praxis, Mission.


SIGLÁRIO

ANG - Associação Nacional de Geriatria


CE - Colégio Episcopal
CEBs - Comunidades Eclesiais de Base
Cedi - Centro Ecumênico de Documentação e Informação
Cela - Conferência Evangélica Latino-Americana
CMI - Conselho Mundial de Igrejas
CMP - Catedral Metodista de Piracicaba
Conic - Conselho Nacional de Igrejas Cristãs
EC - Expositor Cristão
EI - Estatuto do Idoso
EN - Evangelii Nuntiandi
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IM - Igreja Metodista
IMCC - Igreja Metodista Central de Campinas
IMCERP - Igreja Metodista Central de Ribeirão Preto
ISAL - Junta de Igreja e Sociedade na América Latina
LOAS - Lei Orgânica de Assistência Social
LXX - Septuaginta
MPAS - Ministério da Previdência e Assistência Social
MRE - Ministério das Relações Exteriores
ONG - Organização não Governamental
ONU - Organização das Nações Unidas
PAI - Plano de Assistência ao Idoso
PNDH - Plano Nacional de Direitos Humanos
PNI - Plano Nacional do Idoso
RE - Região Eclesiástica
SEDH - Secretaria Especial dos Direitos Humanos
LISTA DE
TABELAS, GRAFICOS, FOTOS E MAPAS

TABELAS
TABELA 1: População, total e de 60 anos ou mais de idade e proporção 40
de idosos, segundo continentes e países - 1990/1999.

TABELA 2: Distribuição percentual da população, por grupos de idade - 40


1940-2000.

TABELA 3: Brasil: distribuição proporcional (%) da população, segundo 41


grandes grupos etários – 1970, 1980, 1991 e 2000.

TABELA 4: População residente, total e de 60 anos ou mais de idade, 42


por grupos de idade, segundo as Grandes Regiões e Unidades da
Federação - 1991/2000.

TABELA 5: População residente, total e de 60 anos ou mais de idade, 42


por grupos de idade, do sexo masculino, segundo as Grandes Regiões
e Unidades da Federação - 1991/2000.

TABELA 6: População residente, total e de 60 anos ou mais de idade, 42


por grupos de idade, do sexo feminino, segundo as Grandes Regiões e
Unidades da Federação - 1991/2000.

TABELA 7: Brasil - Expectativa de vida ao nascer e ganhos no período - 45


1900 – 2020.

TABELA 8: Brasil - Expectativa de vida ao nascer e ganhos no período - 45


1991 – 2000.

TABELA 9: População residente, por situação do domicílio e sexo, 47


segundo as Grandes Regiões e as Unidades da Federação - Brasil -
Grandes Regiões – comparativo 2001 com 2007.

TABELA 10: Pastorais na América Latina (Gustavo Gutierrez) 69

TABELA 11: Aspectos da realidade sociopolítica brasileira e da 92


realidade eclesial metodista (início da década de 1980).
TABELA 12: Classificação das Regiões Eclesiásticas e Missionárias da 97
Igreja Metodista, conforme mapa 1.

TABELA 13: Total de Metodistas Arrolados – Gênero e Região 99


Eclesiástica (Clérigos e Leigos).

GRÁFICOS
GRÁFICO 1: Brasil: distribuição proporcional (%) da população, segundo 41
grandes grupos etários (1970)

GRÁFICO 2: Brasil: distribuição proporcional (%) da população, segundo 41


grandes grupos etários (1980)

GRÁFICO 3: Brasil: distribuição proporcional (%) da população, segundo 41


grandes grupos etários (1990)

GRÁFICO 4: Brasil: distribuição proporcional (%) da população, segundo 41


grandes grupos etários (2000)

GRÁFICO 5: Total de Metodistas Arrolados - valor absoluto. 99

GRÁFICO 6: Total de Metodistas Arrolados - porcentagem. 99

GRÁFICO 7: Número de membros arrolados no Distrito de Piracicaba 111

GRÁFICO 8: Metodistas não professos - CMP 111

GRÁFICO 9: Escola Dominical Central - CMP 112

GRÁFICO 10: Escola Dominical Chácara - CMP 112

GRÁFICO 11: Sociedades - CMP 112

GRÁFICO 12: Ministérios locais - CMP 113

GRÁFICO 13: Número de membros arrolados no Distrito de Campinas 115

GRÁFICO 14: Metodistas não professos - IMCC 116

GRÁFICO 15: Escola Dominical - IMCC 116

GRÁFICO 16: Sociedades - IMCC 116

GRÁFICO 17: Ministérios locais - IMCC 117


GRÁFICO 18: Número de membros arrolados no Distrito de Ribeirão Preto 119

GRÁFICO 19: Metodistas não professos - IMCERP 120

GRÁFICO 20: Escola Dominical - IMCERP 121

GRÁFICO 21: Sociedades - IMCERP 121

GRÁFICO 22: Ministérios locais - IMCERP 121

GRÁFICO 23: Gênero e faixa etária geral - números absolutos (1) 123

GRÁFICO 24: Gênero e faixa etária geral - números absolutos (2) 123

GRÁFICO 25: Gênero e faixa etária geral - porcentagem 124

GRÁFICO 26: Gênero e faixa etária - IMCC 124

GRÁFICO 27: Faixa etária - porcentagem (1) - IMCC 125

GRÁFICO 28: Faixa etária - porcentagem (2) - IMCC 125

GRÁFICO 29: Gênero e faixa etária - CMP 125

GRÁFICO 30: Faixa etária - porcentagem (1) - CMP 125

GRÁFICO 31: Faixa etária - porcentagem (2) - CMP 125

GRÁFICO 32: Gênero e faixa etária - IMCERP 126

GRÁFICO 33: Faixa etária - porcentagem (1) - IMCERP 126

GRÁFICO 34: Faixa etária - porcentagem (2) - IMCERP 126

GRÁFICO 35: Tempo de freqüência na igreja local - geral (absoluto) 127

GRÁFICO 36: Tempo de freqüência na igreja local - geral (porcentagem) 127

GRÁFICO 37: Tempo de freqüência na igreja local - geral - masculino 128

GRÁFICO 38: Tempo de freqüência na igreja local - geral - feminino 128

GRÁFICO 39: Tempo de freqüência na igreja local - IMCC (absoluto) 128

GRÁFICO 40: Tempo de freqüência na igreja local - IMCC (porcentagem) 128

GRÁFICO 41: Tempo de freqüência na igreja local - IMCC - masculino 129

GRÁFICO 42: Tempo de freqüência na igreja local - IMCC - feminino 129

GRÁFICO 43: Tempo de freqüência na igreja local - CMP (absoluto) 129


GRÁFICO 44: Tempo de freqüência na igreja local - CMP (porcentagem) 129

GRÁFICO 45: Tempo de freqüência na igreja local - CMP - masculino 130

GRÁFICO 46: Tempo de freqüência na igreja local - CMP - feminino 130

GRÁFICO 47: Tempo de freqüência na igreja local - IMCERP (absoluto) 130

GRÁFICO 48: Tempo de freqüência na igreja local - IMCERP (porcentagem) 130

GRÁFICO 49: Tempo de freqüência na igreja local - IMCERP - masculino 131

GRÁFICO 50: Tempo de freqüência na igreja local - IMCERP - feminino 131

GRÁFICO 51: Tempo de freqüência - gênero e idade - geral 131

GRÁFICO 52: Leitura do Estatuto do Idoso - geral (absoluto) 132

GRÁFICO 53: Leitura do Estatuto do Idoso - geral (porcentagem) 132

GRÁFICO 54: Leitura do Estatuto do Idoso - IMCC (porcentagem) 132

GRÁFICO 55: Leitura do Estatuto do Idoso - CMP (porcentagem) 133

GRÁFICO 56: Leitura do Estatuto do Idoso - IMCERP (porcentagem) 133

GRÁFICO 57: Escola Dominical - geral (absoluto) 135

GRÁFICO 58: Escola Dominical - geral (porcentagem) 136

GRÁFICO 59: Escola Dominical - IMCC (porcentagem) 136

GRÁFICO 60: Escola Dominical - CMP (porcentagem) 136

GRÁFICO 61: Escola Dominical - IMCERP (porcentagem) 136

GRÁFICO 62: Escola Dominical - estudo dos temas - geral (absoluto) 136

GRÁFICO 63: Cultos, encontros e seminários - geral (absoluto) 137

GRÁFICO 64: Cultos, encontros e seminários - geral (porcentagem) 138

GRÁFICO 65: Cultos, encontros e seminários - IMCC (porcentagem) 138

GRÁFICO 66: Cultos, encontros e seminários - CMP (porcentagem) 138

GRÁFICO 67: Cultos, encontros e seminários - IMCERP (porcentagem) 138

GRÁFICO 68: Artigos, estudos e pastorais - geral (absoluto) 139

GRÁFICO 69: Artigos, estudos e pastorais - geral (porcentagem) 140


GRÁFICO 70: Artigos, estudos e pastorais - geral (não responderam) 140

GRÁFICO 71: Artigos, estudos e pastorais - IMCC (porcentagem) 140

GRÁFICO 72: Artigos, estudos e pastorais- CMP (porcentagem) 140

GRÁFICO 73: Artigos, estudos e pastorais- CMP (porcentagem) 140

GRÁFICO 74: Boletim Informativo - geral (absoluto) 141

GRÁFICO 75: Boletim Informativo - geral (porcentagem) 141

GRÁFICO 76: Expositor Cristão - geral (absoluto) 141

GRÁFICO 77: Expositor Cristão - geral (porcentagem) 141

GRÁFICO 78: Voz Missionária - geral (absoluto) 142

GRÁFICO 79: Voz Missionária - geral (porcentagem) sim/não 142

GRÁFICO 80: Voz Missionária - geral (porcentagem) por igreja 142

GRÁFICO 81: Revistas da Escola Dominical - geral (porcentagem) 143

GRÁFICO 82: Revistas da Escola Dominical - geral (absoluto) 143

GRÁFICO 83: Sermões - geral (absoluto) 144

GRÁFICO 84: Sermões - geral (porcentagem) 144

GRÁFICO 85: Sermões - IMCC (porcentagem) 144

GRÁFICO 86: Sermões - CMP (porcentagem) 145

GRÁFICO 77: Sermões - IMCERP (porcentagem) 145

GRÁFICO 88: Estatuto do Idoso - contato (absoluto) 145

GRÁFICO 89: Carta do Colégio Episcopal (porcentagem) 146

GRÁFICO 90: Parceria com outras instituições –-sim/não (porcentagem) 147

GRÁFICO 91: Parceria com outras instituições - quais (porcentagem) 147

FOTOS
FOTO 1: IMCC aplicação do questionário (1) 107
FOTO 2: IMCC aplicação do questionário (2) 107

FOTO 3: IMCC aplicação do questionário (3) 107

FOTO 4: CMP aplicação do questionário (1) 107

FOTO 5: CMP aplicação do questionário (2) 107

FOTO 6: CMP aplicação do questionário (3) 107

FOTO 7: IMCERP aplicação do questionário (1) 107

FOTO 8: IMCERP aplicação do questionário (2) 107

FOTO 9: IMCERP aplicação do questionário (3) 107

FOTO 10: Fachada do Templo - CMP 108

FOTO 11: Fachada do Templo - IMCC 114

FOTO 12: Fachada do Templo - IMCERP 118

MAPAS
Mapa do Brasil apontando as Regiões Eclesiásticas e Missionárias da Igreja 97
Metodista, conforme classificação da tabela 12.
SUMÁRIO

18
INTRODUÇÃO

CAPITULO I - O envelhecimento populacional brasileiro 24

1.1. O envelhecimento e a velhice – uma abordagem bíblico- 24


teológico-pastoral

1.2. O envelhecimento e a velhice na contemporaneidade – 32


conceitos e preconceitos

1.3. O envelhecimento populacional brasileiro – uma análise 39


demográfica

1.4. O envelhecimento populacional na agenda das políticas 48


públicas

1.4.1. A agenda internacional 49

1.4.2. A agenda nacional 52

1.5. A velhice e o neoliberalismo 54

CAPITULO II - Históricos e definições: conceitos norteadores da 58


pesquisa (teologia prática, pastoral, práxis, igreja metodista).

2.1. Teologia Prática 59

2.1.1. Teologia Pastoral - breve histórico e especificidades 60

2.1.2. Teologia Prática - breve histórico e especificidades 63

2.2. Pastoral 65

2.2.1. Pastoral - breve histórico e conceituação 66


2.3. Práxis 72

2.3.1. Práxis - conceitos gerais 72

2.3.2. Práxis - segundo Casiano Floristán 78

2.4. Igreja Metodista – um breve histórico (Inglaterra, EUA e 82


Brasil)

2.4.1. Metodismo na Inglaterra 82

2.4.2. Metodismo nos E.U.A. 84

2.4.3 Metodismo no Brasil 85

2.5. Igreja Metodista – Proposta Pastoral (PVMI) 90

2.6. Igreja Metodista – Organização Administrativo-Geográfica 97

2.7. Considerações sobre o capítulo 100

CAPÍTULO III - A ação pastoral da igreja metodista frente ao 103


fenômeno do envelhecimento populacional brasileiro –
apresentação, análise e interpretação dos dados da pesquisa de
campo.

3.1. Procedimentos Metodológicos 103

3.2. Breve histórico e caracterização das Igrejas Pesquisadas 108

3.2.1.Catedral Metodista de Piracicaba 108

3.2.2.Igreja Metodista Central de Campinas 114

3.2.3. Igreja Metodista Central de Ribeirão Preto 118

3.3. Análise e interpretação dos Dados 122

3.3.1. Perfil dos entrevistados 122

3.3.1.1. Idade, sexo e tempo de membresia 123

3.3.1.2. Conhecimentos gerais sobre o tema 132

3.3.2. Ação Pastoral da Igreja na ótica dos entrevistados 133

3.3.2.1. Escola Dominical 134

3.3.2.2. Cultos, Encontros e Seminários 137


3.3.2.3. Periódicos da Igreja Metodista 138

3.3.2.3.1 Boletim da Igreja local 141

3.3.2.1.2. Expositor Cristão 141

3.3.2.1.3. Voz Missionária 142

3.3.2.1.4. Revistas da Escola Dominical 143

3.3.2.4. Sermões 143

3.3.2.5. Ação Docente - Estatuto do Idoso 145

3.3.3. Opiniões e sugestões dos entrevistados quanto à práxis 146


pastoral da IM frente ao fenômeno do envelhecimento
populacional.

3.4. Considerações finais sobre o capítulo 148

CONSIDERAÇÕES FINAIS 150

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 159

ANEXOS 178

Anexo 1 - Termo de consentimento livre e esclarecido 179

Anexo 2 - Questionário (Pesquisa de Campo) 181

Anexo 3 - Parecer consubstanciado do CEP-UMESP 183

Anexo 4 - Relatório de Estatística Igreja Local – 2008 (CMP) 184

Anexo 5 - Relatório de Estatística Igreja Local – 2008 (IMCC) 188

Anexo 6 - Relatório de Estatística Igreja Local – 2008 (IMCERP) 192

Anexo 7 - Total de Membros - Estatísticas 2007 (Nacional) 196

Anexo 8 - Total de Membros - Estatísticas 2008 (5ª RE) 197

Anexo 9 - Regimento da Escola Dominical - Igreja Metodista. 200


INTRODUÇÃO

O presente trabalho, que se insere na área de Práxis Religiosa e


Sociedade do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da
Universidade Metodista de São Paulo se propõe a analisar a Ação Pastoral da
Igreja Metodista frente ao fenômeno do envelhecimento populacional brasileiro.

Quando comecei a me interessar pelos estudos do envelhecimento e da


velhice, algumas pessoas me questionavam como um jovem poderia se
interessar por um tema como este. Ouvi expressões como: “Você é tão novinho
estudando sobre os velhos? Vai estudar uma coisa mais interessante”, “Você é
louco, as pessoas querendo fugir da velhice e você querendo ficar perto dela”,
outros ainda diziam, “Trabalhar com velho é fácil, eles só estão esperando para
morrer”. Desde o início percebi as dificuldades para falar sobre a velhice, sendo
um jovem. Simone de Beauvoir, na introdução de sua monumental obra sobre
a velhice, relata algo muito parecido: "Quando eu digo que trabalho num ensaio
sobre a velhice, quase sempre as pessoas exclamam: Que idéia!... Mas você
não é velha!... Que tema triste..."1

1
BEAUVOIR, Simone de. A velhice. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2003.p. 08.
19

Meu interesse por estudos gerontológicos e, especialmente, pelo


desenvolvimento desta pesquisa é fruto de minha formação teológica e prática
pastoral. Assim que comecei os estudos teológicos, com apenas 19 anos de
idade, fui seminarista em uma igreja da cidade de Campinas-SP, localizada no
bairro de São Bernardo. Era uma pequena comunidade composta por pessoas
idosas. Nela tive minha primeira experiência de conviver e “pastorear” idosos.
Ainda no período de estudos fui nomeado como pastor acadêmico para a Igreja
Metodista em Amparo-SP. Nesta comunidade havia um grande número de
idosos e lá tive minhas primeiras experiências de desenvolver uma ação
pastoral mais próxima a eles. Após minha formatura, recebi nomeação
episcopal para a Igreja Metodista em Rondonópolis-MT. Esta foi a única igreja
que pastoreei, cuja população idosa era muito pequena. Após três anos de
trabalho fui transferido para a Igreja Metodista em Marília-SP, nesta, a
população idosa era muito expressiva e atuante. Atualmente estou pastoreando
a Catedral Metodista de Piracicaba-SP, cuja comunidade é composta por
muitos idosos.

Iniciei minhas atividades pastorais, ainda como seminarista, em 1989 e


passados vinte anos estou dissertando sobre um dos temas que mais me
chamou a atenção na vida da igreja: a falta de uma Pastoral voltada para as
pessoas idosas. Tenho verificado em minha experiência ministerial que a igreja
desenvolve pastorais voltadas para a infância e a juventude, porém parece
ignorar a presença, a ação e as limitações dos idosos na sociedade. Parece-
nos que as programações das Igrejas são voltadas, em sua maioria, para os
jovens e as crianças.

Somado à minha experiência pastoral e a percepção pessoal de que a


igreja parecia não produzir uma pastoral voltada para o idoso, veio minha
descoberta de que o envelhecimento populacional é uma realidade mundial, e
que no Brasil este fenômeno tem trazido novos desafios para o governo e para
a sociedade como um todo. Foram estes fatores que me motivaram a
pesquisar o tema.
20

Para a elaboração desta pesquisa foram utilizados dois métodos de


procedimento: o método histórico e o método estatístico. Eva Maria Lakatos
define os dois da seguinte forma:

MÉTODO HISTÓRICO
(...) consiste em investigar acontecimentos, processos e
instituições do passado para verificar a sua influência na
sociedade de hoje, pois as instituições alcançaram sua forma
atual através de alterações de suas partes componentes, ao
longo do tempo, influenciadas pelo contexto cultural particular
de cada época.2

MÉTODO ESTATÍSTICO
(...) fundamenta-se na utilização da teoria estatística das
probabilidades. Suas conclusões apresentam grande
probabilidade de serem verdadeiras, embora admitam certa
margem de erro. A manipulação estatística permite comprovar
as relações dos fenômenos entre si, e obter generalizações
sobre sua natureza, ocorrência ou significado.3

Nos dois primeiros capítulos foi utilizado o método histórico e a


metodologia da pesquisa foi bibliográfica. No terceiro capítulo o método
utilizado foi o estatístico e a metodologia da pesquisa a quantitativa, seguindo o
método survey descritivo, através da aplicação de um questionário estruturado
cuja população-alvo são os membros da Igreja Metodista com 60 anos ou mais
de idade. Reconhecendo ser impraticável entrevistar todos os metodistas
idosos do Brasil decidiu-se pela pesquisa por amostragem, uma das
características do método de survey. No terceiro capítulo serão melhor
especificados os procedimentos metodológicos. Como visto, a pesquisa foi
dividida em três capítulos.

No primeiro capítulo, com o objetivo de apresentar o fenômeno do


envelhecimento populacional e seus desafios para a sociedade, serão
apresentados os seguintes subitens: “O envelhecimento e a velhice – uma
abordagem bíblico-teológico-pastoral”, onde serão destacados dois conceitos
bíblicos de ancião: zāqēn (hebraico) e presbytero (grego). No segundo subitem,
intitulado “O envelhecimento e a velhice na contemporaneidade – conceitos e
preconceitos”, serão abordados alguns conceitos que tem demonstrado

2
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de Andrade. Metodologia Científica. São Paulo:
Atlas, 1983, p.79.
3
Ibid.
21

distorções do que seja verdadeiramente a velhice por sua dependência


excessiva do modelo biomédico (biomedicalização da velhice). No terceiro
subitem, intitulado: “O envelhecimento populacional brasileiro – uma análise
demográfica”, serão apresentados dados estatísticos que comprovam o
fenômeno do envelhecimento populacional. No quarto subitem, “O
envelhecimento populacional na agenda das políticas públicas”, para
compreender os desafios provenientes deste fenômeno e saber como o
governo tem tratado o tema, serão feitos alguns apontamentos das agendas
nacional e internacional sobre o envelhecimento populacional. Para concluir o
primeiro capítulo, será realizada uma breve reflexão sobre a sociedade
neoliberal e sua relação com os idosos

No segundo, por reconhecer que a pesquisa utilizará ferramentas da


Teologia Prática, principalmente a apresentada por Casiano Floristán, será
apresentado um breve histórico e a conceituação de alguns termos relevantes,
para esta pesquisa: Teologia Prática, Teologia Pastoral, Pastoral, Práxis, Igreja
Metodista. Para compreender a especificidade da Teologia Prática, será
apresentado um breve histórico e sua conceituação, procurando diferenciá-la
da Teologia Pastoral, pois as duas, muitas vezes, foram confundidas no
decorrer da história. Para esclarecer o significado da expressão “Ação
Pastoral” neste trabalho, será apresentado um breve histórico do termo
“Pastoral” e o desenvolvimento do conceito no contexto da América Latina.
Quanto à utilização do termo práxis no contexto deste trabalho, será
apresentado, ainda que sucintamente, seu significado etimológico, sua
utilização e compreensão a partir do “senso comum” (consciência comum da
práxis), o desenvolvimento e a elaboração do conceito filosófico (consciência
filosófica da práxis), e mais especificamente, o conceito de práxis segundo
Casiano Floristán. Com o objetivo de apresentar a Igreja Metodista, serão
realizados breves apontamentos sobre sua história, estrutura geográfico-
organizacional e proposta “Pastoral”.

Reconhecendo que o envelhecimento populacional brasileiro é um


fenômeno que tem apresentado novos desafios para a sociedade e em
particular para a missão da igreja (1º capítulo) e que a Igreja Metodista tem
uma proposta pastoral libertadora e transformadora que leva em consideração
22

a importância do engajamento social (2º capítulo), o terceiro capítulo realizará


uma pesquisa de campo com o objetivo de aferir qual tem sido a ação pastoral
da Igreja Metodista frente a este fenômeno segundo a percepção dos idosos
que freqüentam as igrejas locais. Diante da População-Alvo, composta por
todos os metodistas com 60 anos ou mais, espalhada pelas oito Regiões
Eclesiásticas/Missionárias, optou-se pela Quinta RE, nesta, pelos distritos de
Campinas, Piracicaba e Ribeirão Preto, e nestes pelas igrejas centrais das
cidades sedes dos distritos: Catedral Metodista de Piracicaba (CMP); Igreja
Metodista Central de Campinas (IMCC) e (Igreja Metodista Central de Ribeirão
Preto (IMCERP). A opção por estas comunidades como amostras para o
estudo não foi aleatória, mas sim, por responderem aos seguintes quesitos: 1)
Igrejas com mais de 90 anos de vida e missão, demonstrando assim
estabilidade organizacional e administrativa; 2) igrejas com uma forte presença
da população idosa, permitindo, assim, verificar se a comunidade onde ela está
tem refletido sobre o fenômeno do envelhecimento populacional e seus
desafios para igreja; e 3) Igrejas situadas em cidades do estado de São Paulo
cuja população excede a 350 mil habitantes, reconhecendo que estes
municípios estão numa região desenvolvida do país, onde as pessoas têm um
maior acesso a informações e à formação escolar.

Ainda que a Igreja Metodista tenha uma proposta Pastoral de


engajamento social (PVMI), verificar-se-á através dos resultados da pesquisa,
que, na percepção e ação dos idosos entrevistados, o fenômeno do
envelhecimento populacional e seus desafios não tem feito parte da agenda
missionária da Igreja. As poucas ações que existem são tímidas e voltadas
para a própria comunidade de fé. Diante disso, nas considerações finais foram
propostas algumas pistas pastorais para uma ação COM e PARA os idosos.
Reconhece-se ser pretensioso, num espaço exíguo de dissertação, querer
definir ações pastorais para a Igreja Metodista frente ao fenômeno, por isso
deve-se ressaltar que o objetivo será de apenas delinear algumas pistas. Para
tal, será levado em consideração: 1) os desafios provenientes do fenômeno do
envelhecimento populacional brasileiro; 2) os resultados da pesquisa de
campo; 3) o conceito de Práxis Pastoral (criadora, reflexiva, libertadora e
radical), bem como, os eixos para a ação Pastoral da Igreja (Missão - Kerigma;
23

Catequese – Didaskalia; Liturgia – Leitourgia; Comunhão – Koinonia; Serviço –


Diakonia) apresentados por Casiano Floristán; e 4) a proposta pastoral da
Igreja Metodista contida no Plano para a Vida e a Missão da Igreja (PVMI).
CAPÍTULO I

O ENVELHECIMENTO POPULACIONAL

Para melhor compreender o fenômeno do envelhecimento populacional


bem como a concepção de velhice que se tem na atualidade, subdividiu-se
este capítulo com os seguintes temas: o envelhecimento e a velhice – uma
abordagem bíblico-teológico-pastoral; o envelhecimento e a velhice na
contemporaneidade – conceitos e preconceitos; o envelhecimento populacional
brasileiro – uma análise demográfica; o envelhecimento populacional na
agenda das políticas públicas; e por fim, a velhice e o neoliberalismo.

1.1. O envelhecimento e a velhice – uma abordagem bíblico-teológico-


pastoral

Delimitar teoricamente o início do envelhecimento, bem como o conceito


de velhice tem sido um ponto de divergência entre os pesquisadores, os
legisladores e a população de forma geral.

Há uma tendência em muitas pessoas em colocar no mesmo patamar a


velhice e o envelhecimento. A confusão destes termos fortalece uma ilusão de
25

salvação em que, pretensamente, só os velhos envelhecem... e já que os


velhos são os outros...!.1 Continua Messy:

O envelhecimento não é a velhice, como uma imagem não se


reduz a uma etapa. O envelhecimento é um processo
irreversível, que se inscreve no tempo. Começa com o
nascimento e acaba na destruição do indivíduo. (...) Os
significados são inseparáveis. (...) Se o envelhecimento é o
tempo da idade que avança, a velhice é o da idade avançada,
entende-se, em direção à morte".2

Já que velho é sempre o outro, muitas pessoas se assustam quando são


chamadas de velhas pela primeira vez3. A percepção da velhice, na maioria
das vezes, acontece de "fora para dentro". É o outro que reconhece a velhice;
é o espelho que mostra as mudanças; são situações do cotidiano que
apresentam o fato novo.

Nesse sentido é válido dizer que, tanto a velhice, quanto o momento em


que ela se dá, não são rígidos, variam de pessoa para pessoa, de acordo com
o seu histórico de vida.

No decorrer dos tempos muitos conceitos e parâmetros quanto ao


envelhecimento e a velhice, foram adotados e descartados. Através do
conhecimento de como as pessoas concebiam a velhice no passado, pode-se
perceber algumas heranças culturais que na atualidade influenciam na
compreensão do conceito que se faz da velhice e do envelhecimento

Beauvoir4 fez uma pesquisa minuciosa sobre a condição do velho nas


sociedades primitivas, destacando principalmente sua posição no contexto
social. Percebeu que diferentes posturas foram assumidas por estas
sociedades: algumas eliminavam seus velhos, outras os abandonavam até
morrerem, por outro lado, algumas, mesmo em situação de penúria os
respeitavam e veneravam. Para a autora, “para compreender a realidade e o
significado da velhice é, portanto, indispensável examinar qual o lugar nela

1
MESSY, J. A pessoa idosa não existe. São Paulo: Editora ALEPH, 1992. p. 17
2
Ibid., p.12 e 17
3
BEAUVOIR, Simone de. A velhice. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2003.
4
Ibid.
26

atribuído aos velhos, qual a imagem que deles se tem em diferentes épocas e
em diferentes lugares”.5

Provavelmente um dos textos mais antigos que discorre sobre a velhice


é do filósofo e poeta egípcio Ptah-Hotep, escrito por volta de 2500 a.C, que
descreve assim o fim de um velho:

Vai dia a dia enfraquecendo: a vista baixa, as orelhas se


tornam surdas; a força declina; o corpo não encontra repouso,
a boca se torna silenciosa e já não fala. Suas faculdades
intelectuais se reduzem e tornam-lhe impossível recordar hoje
o que foi ontem. Doem-lhe todos os ossos. As ocupações a
que outrora se entregava com prazer só as realiza agora com
dificuldade e desaparece o sentido do gosto. A velhice é a pior
desgraça que pode acometer um homem. O nariz se obstrui e
nada mais se pode cheirar. 6

Ao escrever uma história da velhice, Jean-Pierre Bois argumentou que,


não importava o período em que ela fosse abordada, o discurso sempre
passava por uma discussão de

[...] temas em oposição mas sem dúvida complementares –


sabedoria e loucura, felicidade e tristeza, beleza e feiúra,
virtudes e corrupções de idade e das pessoas idosas – que
exprimem duas aspirações, a tentação de uma vida longa e a
recusa das fraquezas clássicas da idade.7

Não é objetivo deste trabalho apresentar uma história da velhice8,


porém, por tratar-se de uma pesquisa na área de Práxis Religiosa e Sociedade
que pretende estudar a prática missionária da Igreja Metodista frente ao
fenômeno do envelhecimento populacional, faz-se necessário uma breve
abordagem bíblico-teológica sobre o envelhecimento e a velhice.

Pode-se afirmar que tanto a comunidade de Israel (descrita nos textos


do Antigo Testamento), quanto as comunidades cristãs do 1º século
(compostas por pessoas de vários povos e nações, descritas no Novo
Testamento) tratavam os idosos com muito respeito. Voltando à afirmação de
5
BEAUVOIR, Simone de. A velhice. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2003. p. 41.
6
PTAH-HOTEP. Ensinamento de Ptah-hotep apud: Ibid, p. 103.
7
BOIS, Jean-Pierre. Histoire de la vieillesse, Paris: PUF, 1994 apud: ALVES JÚNIOR. Edmundo
de Drummond, A Pastoral do Envelhecimento Ativo. Tese Apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Educação Física da Universidade Gama Filho Como Requisito Parcial à
Obtenção do Título de Doutor em Educação Física. 2004. p. 24.
8
Para uma melhor compreensão da história da velhice confira BEAUVOIR. Op. cit. e ALVES
JÜNIOR. Op. cit.
27

Beauvoir, elas podem ser incluídas entre as sociedades da antiguidade que


valorizavam seus velhos, mesmo em casos de penúrias.

Voltar os olhos para algumas afirmações bíblicas com respeito ao


envelhecimento e a velhice, buscando contextualizá-las, é uma forma de
compreender o lugar do idoso na sociedade da época.

No Antigo Testamento existem várias palavras que podem ser


traduzidas por "velho" ou "velhice". Porém, neste momento optar-se-á apenas
pela palavra hebraica zāqēn, por ser ela a mais citada entre todas. Derivada da
palavra zāqān, barba, ela significa idoneidade e sabedoria provenientes de
uma vida farta de dias. Esta palavra aparece 167 vezes no plural (anciãos) e 9
no singular (ancião). Na Septuaginta (LXX) ela foi traduzida por presbyteros.

Nos textos que narram o tempo do Êxodo, os anciãos são apresentados


como importantes personagens, pessoas que recebiam tarefas específicas e
lideravam o povo sob a responsabilidade de Moisés:

Vai, ajunta os anciãos de Israel e dize-lhes: O SENHOR, o


Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o
Deus de Jacó, me apareceu, dizendo: Em verdade vos tenho
visitado e visto o que vos tem sido feito no Egito. Portanto,
disse eu: Far-vos-ei subir da aflição do Egito para a terra do
cananeu, do heteu, do amorreu, do ferezeu, do heveu e do
jebuseu, para uma terra que mana leite e mel. E ouvirão a tua
voz; e irás, com os anciãos de Israel, ao rei do Egito e lhe dirás:
O SENHOR, o Deus dos hebreus, nos encontrou. Agora, pois,
deixa-nos ir caminho de três dias para o deserto, a fim de que
sacrifiquemos ao SENHOR, nosso Deus. Eu sei, porém, que o
rei do Egito não vos deixará ir se não for obrigado por mão
forte. Portanto, estenderei a mão e ferirei o Egito com todos os
meus prodígios que farei no meio dele; depois, vos deixará ir.
Eu darei mercê a este povo aos olhos dos egípcios; e, quando
sairdes, não será de mãos vazias. Cada mulher pedirá à sua
vizinha e à sua hóspeda jóias de prata, e jóias de ouro, e
vestimentas; as quais poreis sobre vossos filhos e sobre
vossas filhas; e despojareis os egípcios. (Êxodo 3:16-22)9

Respondeu o SENHOR a Moisés: Passa adiante do povo e


toma contigo alguns dos anciãos de Israel, leva contigo em
mão o bordão com que feriste o rio e vai. Eis que estarei ali
diante de ti sobre a rocha em Horebe; ferirás a rocha, e dela
sairá água, e o povo beberá. Moisés assim o fez na presença

9
BÍBLIA SAGRADA. Sociedade Bíblica do Brasil. Traduzida em português por João Ferreira de
Almeida. São Paulo, 2000. (edição revista e atualizada)
28

dos anciãos de Israel. E chamou o nome daquele lugar Massá


e Meribá, por causa da contenda dos filhos de Israel e porque
tentaram ao SENHOR, dizendo: Está o SENHOR no meio de
nós ou não? (Êxodo 17:5-7)10

Disse também Deus a Moisés: Sobe ao SENHOR, tu, e Arão, e


Nadabe, e Abiú, e setenta dos anciãos de Israel; e adorai de
longe. Só Moisés se chegará ao SENHOR; os outros não se
chegarão, nem o povo subirá com ele. Veio, pois, Moisés e
referiu ao povo todas as palavras do SENHOR e todos os
estatutos; então, todo o povo respondeu a uma voz e disse:
Tudo o que falou o SENHOR faremos. (Êxodo 24:1-3)11

Durante o período da monarquia os anciãos formavam o Conselho Real.


Decidiam sobre os acordos de paz ou os atos de guerra. Em muitos momentos
assumiam funções judiciárias:

Disse ainda Aitofel a Absalão: Deixa-me escolher doze mil


homens, e me disporei, e perseguirei Davi esta noite. Assaltá-
lo-ei, enquanto está cansado e frouxo de mãos; espantá-lo-ei;
fugirá todo o povo que está com ele; então, matarei apenas o
rei. Farei voltar a ti todo o povo; pois a volta de todos depende
daquele a quem procuras matar; assim, todo o povo estará em
paz. O parecer agradou a Absalão e a todos os anciãos de
Israel... Disse Husai a Zadoque e a Abiatar, sacerdotes: Assim
e assim aconselhou Aitofel a Absalão e aos anciãos de Israel;
porém assim e assim aconselhei eu. (2 Samuel 17:1-4,15)12

Então, o rei de Israel chamou todos os anciãos da sua terra e


lhes disse: Notai e vede como este homem procura o mal; pois
me mandou exigir minhas mulheres, meus filhos, minha prata e
meu ouro, e não lho neguei. Todos os anciãos e todo o povo
lhe disseram: Não lhe dês ouvidos, nem o consintas. (1 Reis
20:7-8)13

Mas, havendo alguém que aborrece a seu próximo, e lhe arma


ciladas, e se levanta contra ele, e o fere de golpe mortal, e se
acolhe em uma dessas cidades, os anciãos da sua cidade
enviarão a tirá-lo dali e a entregá-lo na mão do vingador do
sangue, para que morra. Não o olharás com piedade; antes,
exterminarás de Israel a culpa do sangue inocente, para que te
vá bem. (Deuteronômio 19:10-13)14

No período do Exílio Babilônico o povo de Israel não tinha uma liderança


oficial, sendo assim os anciãos eram os únicos a exercerem autoridade sobre o

10
BÍBLIA SAGRADA. Sociedade Bíblica do Brasil. Traduzida em português por João Ferreira
de Almeida. São Paulo, 2000. (edição revista e atualizada)
11
Ibid.
12
Ibid.
13
Ibid.
14
Ibid.
29

povo. Quando retornaram à Palestina, o povo estabeleceu em cada cidade um


conselho de anciãos, formando assim, o Sinédrio.15 Sobre o Sinédrio, esclarece
Morin:

O Sinédrio não remonta a Moisés... tem sua origem nos


Conselhos de Anciãos de que o Sumo Sacerdote se cercou,
desde os tempos da dominação Persa. O chefe da sinagoga
era escolhido entre os anciãos. Cabia-lhes zelar pelo prédio e
pela ordem das assembléias, dirigir as preces e os cantos,
designar as intervenções.16

No Novo Testamento, verifica-se a participação ativa dos anciãos


(presbyteros) no Sinédrio ao lado dos escribas e sacerdotes:

Então, vieram de Jerusalém a Jesus alguns fariseus e escribas


e perguntaram: Por que transgridem os teus discípulos a
tradição dos anciãos? Pois não lavam as mãos, quando
comem. (Mateus 15:1-2)17

Ora, reuniram-se a Jesus os fariseus e alguns escribas, vindos


de Jerusalém. E, vendo que alguns dos discípulos dele comiam
pão com as mãos impuras, isto é, por lavar (pois os fariseus e
todos os judeus, observando a tradição dos anciãos, não
comem sem lavar cuidadosamente as mãos; quando voltam da
praça, não comem sem se aspergirem; e há muitas outras
coisas que receberam para observar, como a lavagem de
copos, jarros e vasos de metal {e camas}), interpelaram-no os
fariseus e os escribas: Por que não andam os teus discípulos
de conformidade com a tradição dos anciãos, mas comem com
as mãos por lavar? (Marcos 7:1-5)18

No dia seguinte, reuniram-se em Jerusalém as autoridades, os


anciãos e os escribas com o sumo sacerdote Anás, Caifás,
João, Alexandre e todos os que eram da linhagem do sumo
sacerdote; e, pondo-os perante eles, os argüiram: Com que
poder ou em nome de quem fizestes isto? Então, Pedro, cheio
do Espírito Santo, lhes disse: Autoridades do povo e
anciãos...(Atos 4:5-8)19

Pode-se afirmar que a sociedade israelita em seus vários momentos


históricos sempre respeitou e reverenciou os idosos, reconhecendo neles
idoneidade e sabedoria.

15
SANCHEZ, R. Enciclopédia de la Bíblia. Barcelona, Garriga, 1963, p. 489.
16
MORIN, E. Jesus e as Estruturas de seu tempo. São Paulo: Paulinas, 1984. p. 103 e 133
17
BÍBLIA SAGRADA. Op. cit.
18
Ibid.
19
SOCIEDADE BÍBLICA DO BRASIL. Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João
Ferreira de Almeida. São Paulo, 2000. (edição revista e atualizada).
30

A igreja primitiva, conhecida através dos textos do Novo Testamento,


seguirá a mesma tradição da sociedade israelita, valorizando os anciãos
(presbyteros) e dando-lhes lugar de destaque e liderança nas comunidades
nascentes. Menoud afirmará: os presbíteros dirigem a igreja na ausência dos
apóstolos e em colaboração com eles em sua presença. Este é o caso por
ocasião do concílio de Jerusalém (Atos 15) e mais tarde quando Paulo chega
pela última vez na cidade santa (Atos 21:28).20

Por sua idade e experiência o ancião era respeitado e sua opinião


valorizada; ele participava das principais decisões da comunidade; era
responsável pela administração, o ensino e o governo da igreja:21

Alguns indivíduos que desceram da Judéia ensinavam aos


irmãos: Se não vos circuncidardes segundo o costume de
Moisés, não podeis ser salvos. Tendo havido, da parte de
Paulo e Barnabé, contenda e não pequena discussão com
eles, resolveram que esses dois e alguns outros dentre eles
subissem a Jerusalém, aos apóstolos e presbíteros, com
respeito a esta questão. Enviados, pois, e até certo ponto
acompanhados pela igreja, atravessaram as províncias da
Fenícia e Samaria e, narrando a conversão dos gentios,
causaram grande alegria a todos os irmãos. Tendo eles
chegado a Jerusalém, foram bem recebidos pela igreja, pelos
apóstolos e pelos presbíteros e relataram tudo o que Deus
fizera com eles.( Atos 15:1-4)22

Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero


como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda co-
participante da glória que há de ser revelada: pastoreai o
rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento,
mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida
ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos
que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do
rebanho. Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar,
recebereis a imarcescível coroa da glória. (1 Pedro 5:1-4)23

Pode-se afirmar que tal como na sociedade israelita, as comunidades


cristãs primitivas também valorizaram o ancião dando-lhe lugar de destaque e
liderança. Tanto o Antigo, quanto o Novo Testamento registraram este fato.

20
MENOUD, in: ALLMEN, Jean J. Von & colaboradores. Vocabulário Bíblico. 3ª Ed. São
Paulo: ASTE, 2001. p. 253.
21
Ibid., p. 252-256
22
BÍBLIA SAGRADA. Sociedade Bíblica do Brasil. Traduzida em português por João Ferreira
de Almeida. São Paulo, 2000. (edição revista e atualizada).
23
Ibid.
31

Como já foi afirmado, existem outras palavras para designar velho e a


velhice, mas em nossa pesquisa optamos pelas palavras zāqēn (hebraico) e
presbyteros (grego). Porém, para que não se tenha uma visão distorcida da
compreensão bíblica da velhice e do envelhecimento é importante afirmar que
existem abordagens bíblicas mais otimistas (idealistas) da que foi apresentada,
bem como também, outras mais pessimistas. Born nos ajuda nesta
compreensão quando nos afirma:

Uma visão idealista vê na velhice uma gloriosa coroa (Pv.


16:31) e admira a sua experiência (Ecl. 25:6) sabedoria e
compreensão (Jó 12:12; 15:9s; Ecl. 25: 4ss) e seus vastos
conhecimentos (Jô 8:18ss). Por isso, Dn 7:9 não hesita em
apresentar Deus, por causa de sua existência desde toda a
eternidade, como um “ancião”, e Pv. 16: 31 ousa chamar a
velhice de uma bela recompensa; em Is. 65:20 e Zc. 8:4 a
velhice tem até o seu lugar no quadro da felicidade
escatológica. Porém, a Bíblia também dá à palavra “velho”um
sentido bastante pejorativo como, por exemplo, no NT quando
Paulo se refere ao “velho homem”, alienado de Deus e ao
“novo homem”, ”reconciliado com Deus, porém, esse termo não
se refere à idade cronológica. A Bíblia pinta a velhice em cores
sombrias: a vida vai se enfraquecendo (Gn. 27:12; 1Rs 14:4), o
calor do corpo vai diminuindo (1Rs 1:1), sofre-se de
reumatismo ((1Rs 15:23), a alegria vital vai se esmorecendo
(2Sm 19:36ss), não se tem mais energias para medidas
vigorosas, a potência para gerar filhos está morta (Gn 18:11ss;
Lc 1:18; Rm 4:19)”.24

A sociedade contemporânea, regida por uma filosofia neoliberal que


reduz o homem a um ser econômico (produtor, investidor e consumidor)25,
exclui aqueles que não tenham condições materiais de produzir, investir ou
consumir no Mercado. Dentre estes excluídos, encontramos os idosos que ao
longo do tempo e da história foram perdendo seu espaço de respeito e
contribuição social. Como afirmou Beauvoir, , “para compreender a realidade e
o significado da velhice é, portanto, indispensável examinar qual o lugar nela
atribuído aos velhos, qual a imagem que deles se tem em diferentes épocas e
em diferentes lugares”.26

24
BORN, A. Van Den. Dicionário Enciclopédico da Bíblia. Petrópolis: Vozes, 1971. p. 1546.
25
SUNG, Jung Mo. Sementes de Esperança. Petropolis: Vozes, 2005 p. 98-99
26
BEAUVOIR. Simone de. A velhice. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2003, p.41
32

1.2. O envelhecimento e a velhice na contemporaneidade – conceitos


e preconceitos

O tema do envelhecimento e da velhice na contemporaneidade pode ser


abordado de várias formas. Neste trabalho, optou-se por apresentar as
distorções provenientes do uso do modelo biomédico27 na compreensão e
conceituação destes termos, por compreender que a construção social da
velhice a partir dos mesmos, tem focalizado no idoso as doenças e suas
limitações físico-químicas. Isto leva a associação da velhice a doenças,
anormalidades e limitações. O idoso é muito mais que suas doenças e suas
limitações físico-químicas.

Antes, propriamente, de abordar o tema da biomedicalização da velhice,


far-se-á uma breve introdução à questão epistemológica. Isto é de fundamental
importância para que se verifique a mudança de paradigma epistemológico no
decorrer da história, quando a ciência passa a ser considerada em alguns
círculos, como sinônimo da única verdade.

O conhecimento científico, como ele é entendido hoje, é fruto do século


XIX. Antes disso o que se tinha eram “estudantes da natureza em busca de
uma ‘filosofia da natureza’ ou uma ‘história natural’”.28 Segundo Filoramo e
Prandi:

O século XIX caracterizou-se por um processo de ramificação


das ciências naturais e das ciências humanas, em meio às
profundas transformações por que passou o Ocidente, em seu
conjunto. A revolução industrial, em seu interior, e as
conquistas coloniais, em seu exterior, colocaram a cultura
européia diante de novas exigências de definição da própria
capacidade de leitura tanto da sociedade ocidental quanto das
sociedades com as quais o ocidente havia estabelecido
relações de domínio e intercambio”.29

27
Utilizar-se-á como referencial teórico o texto NERI, A. L. Biomedicalização da velhice:
distorções cognitivas relacionadas ao uso de modelo biomédico na pesquisa gerontológica. In:
DIOGO, M. J., NERI, A. L. e CACHIONI, Meire (orgs.) – Saúde e Qualidade de Vida na Velhice.
Campinas: Editora Alínea, 2004. p.11-22.
28
HARRISON, Peter. “Ciência” e “Religião”: Construindo os Limites. in: Revista de Estudos da
o
Religião. n 1, 2007, p. 1
29
FILORAMO, Giovani e PRANDI, Carlo. As Ciências das Religiões. São Paulo: Paulus, 2007
p. 06.
33

Para Sommerman no século XII iniciou-se uma grande ruptura na visão


cosmológica, antropológica e epistemológica da elite européia, que a levou no
decorrer dos séculos seguintes...

... de uma perspectiva multidimensional (que chamarei de


tradicional) do cosmos e do ser humano, apoiada no mito
judaico-cristão e na filosofia platônica, para uma perspectiva e
teoria do conhecimento cada vez mais racionais e empíricas, o
que levou a estrutura circular das disciplinas – que se
alimentavam mutuamente para permitir a compreensão do todo
– a uma redução e fragmentação do saber.30

Essas rupturas levaram a uma separação crescente entre a tradição, a


religião, a filosofia, e a ciência nos séculos seguintes. Verifica-se que nos
séculos XV, XVI e XVII, alguns pensadores (Copérnico31, Galileu32, Newton33),
baseando-se em epistemologias racionalistas ou empiristas, estabeleceram os
fundamentos da ciência moderna, ao mesmo tempo quantitativa e
experimental.34

Sobre este processo de mudança epistemológica, afirma Morin:

... a tradição crítica, nascida da filosofia, em Atenas, cinco


séculos antes de nossa era, interrompida cinco séculos depois
na nossa era, foi reconstituída com o Renascimento; foi no

30
SOMMERMAN, Américo. Inter ou transdisciplinaridade?: da fragmentação disciplinar ao novo
diálogo entre os saberes. São Paulo: Paulus, 2006. p. 09.
31
Nicolau Copérnico (1473-1543) - astrônomo polonês: Revolucionou o pensamento ocidental
através do sistema heliocêntrico. Quando afirmou que a Terra se move em torno do Sol, em
1543, o cientista não apenas divulgou um novo postulado científico. O que Copérnico provocou
foi uma revolução no pensamento ocidental, ao tirar pela primeira vez o homem do centro do
Universo. Até então, a teoria geocêntrica de Ptolomeu, em que tudo gira em volta da terra, era
a verdade que guiava a filosofia, a ciência e a religião. Fonte: Enciclopedia Italiana di Scienze,
Lettere ed Arti (Treccani) - http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u202.jhtm (visitado em
23 de abril de 2009).
32
Galileu Galilei (1564-1642) - Responsável por uma revolução na física e na astronomia.
Dentre as várias contribuições à ciência destacam-se: o binóculo, a balança hidrostática, o
compasso geométrico, uma régua calculadora e o termobaroscópio. Em 1609, construiu um
telescópio muito melhor que os existentes na época. A partir de suas descobertas
astronômicas, defendeu a tese de Copérnico de que a Terra não ficava no centro do Universo.
Fonte: Enciclopedia Italiana di Scienze, Lettere ed Arti (Treccani) -
http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u202.jhtm (visitado em 23 de abril de 2009).
33
Isaac Newton (1642-1727) – Lançou as bases da ciência moderna través de Princípios
Matemáticos da Ciência Natural. Ao observar uma maçã caindo de uma árvore, ele começou a
pensar que a força que havia puxado a fruta para a terra seria a mesma que impedia a Lua de
escapar de sua órbita. Descobriu a lei da gravitação universal. Foi a primeira vez que uma lei
física foi aplicada tanto a objetos terrestres quanto a corpos celestes. Ao firmar esse princípio,
Newton eliminou a dependência da ação divina e influenciou profundamente o pensamento
filosófico do século 18, dando início à ciência moderna. http://educacao.uol.com.br/biografias/
ult1789u549.jhtm (visitado em 23 de abril de 2009).
34
SOMMERMAN. Op cit. p. 09.
34

primeiro caldo de cultura da ciência que se destacou como um


ramo da filosofia mas que, mesmo assim, obedece a essa
tradição crítica que marcou a história ocidental e que hoje em
dia se universaliza através da difusão da ciência no mundo.35

Outro fator a se destacar é que juntamente com estas rupturas


epistemológicas (tradição, religião, filosofia e ciência) acontecerá uma
mudança na resposta relativa a qual é o conhecimento verdadeiro. A partir de
então, o conhecimento nascido da ciência passou a ser o detentor da verdade.
Edgar Morin ao abordar o tema sobre a verdade da ciência, dirá:

Mas vamos à questão da verdade científica, que foi central – e


continua a ser atualmente -, porque, durante muito tempo e
ainda hoje, para muitos espíritos, nossa concepção de ciência
identificava-se com a verdade. A ciência parecia, finalmente, o
único lugar de certeza, de verdade certa, em relação ao mundo
dos mitos, das idéias filosóficas, das crenças religiosas, das
opiniões. A verdade da ciência parecia indubitável, visto que se
baseava em verificações, em confirmações, numa multiplicação
de observações, que confirmavam sempre os mesmos dados.
Nessa base, constituindo uma teoria científica uma construção
lógica, e a coerência lógica parecendo refletir a própria
coerência do universo, a ciência não podia deixar de ser
verdade.36

Por mais que a ciência tenha auxiliado na compreensão de muitas áreas


da vida humana, ela não pode ser considerada a única e a verdadeira forma de
conhecimento. Não é pelo fato de trazer em si a prova empírica (dados
verificados por diferentes observações-experimentações), bem como, a prova
lógica (coerência teórica) que ela poderá se considerar detentora da única
verdade. Para Morin,

O saber científico ... não só é provisório, mas também


desemboca em profundos mistérios referentes ao Universo, à
Vida, ao nascimento dos ser humano. Aqui se abre um
indecidível, no qual intervêm opções filosóficas e crenças
religiosas através de culturas e civilizações.37

Outro esclarecimento importante a se fazer é que dentro do próprio


campo epistemológico da ciência nos deparamos com várias abordagens de

35
MORIN, Edgar. Ciência com consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008. p. 41
36
Ibid., p. 147-148
37
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez;
Brasília, DF: UNESCO, 2000. p. 13
35

um mesmo objeto de estudo. Um exemplo são as diversas formas de se


abordar a ciência do envelhecimento. Segundo Papaléo:

A ciência do envelhecimento tem a responsabilidade de ser o


centro do qual emanam suas ramificações – gerontologia
social, gerontologia biomédica e geriatria – que, em conjunto,
atuam sobre os múltiplos aspectos do fenômeno do
envelhecimento e suas conseqüências. 38

A gerontologia social aborda os aspectos não orgânicos, enquanto a


gerontologia biomédica e a geriatria abordam os aspectos orgânicos. Os
estudos da gerontologia social partem de pressupostos antropológicos,
psicológicos, legais, sociais, ambientais, econômicos, éticos e políticos de
saúde. A geriatria, cujo objetivo principal é curativo e preventivo, parte de
pressupostos estreitamente ligados a disciplinas médicas, tais como:
neurologia, cardiologia, psiquiatria, pneumologia e outras. Isto levou a uma
especialização dos conhecimentos: neurogeriatria, psicogeriatria,
cardiogeriatria e neuropsicogeriatria, entre outras. Já a gerontologia médica
tem como objetivo principal estudar os fenômenos do envelhecimento, partindo
dos pressupostos da ciência médica, porém focalizando na questão molecular
e celular. 39

Num país como o Brasil que experimenta os desafios decorrentes do


crescimento da população idosa40, mas que ao mesmo tempo vivencia o
avanço e a consolidação da gerontologia e da geriatria como ciência e
profissão, faz-se necessário uma reflexão sobre as origens e o impacto do
modelo biomédico sobre o estudo da velhice. Seguindo a mesma linha de
raciocínio que Morin, Néri afirmará:

O século XX assistiu à consolidação do poder da medicina


como campo profissional, como disciplina e como visão de

38
PAPALÉO, Matheus. O estudo da velhice: Histórico, Definição de Campo e Termos Básicos.
In: FREITAS, Elizabete Viana... [at al.] – Tratado de Geriatria e Gerontologia. 2 ed. – Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. p. 7-8.
39
PAPALÉO, Matheus. O estudo da velhice: Histórico, Definição de Campo e Termos Básicos.
In: FREITAS, Elizabete Viana... et al.] – Tratado de Geriatria e Gerontologia. 2 ed. – Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. p. 8-9.
40
Na segunda parte deste capítulo serão apresentados dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) que comprovam o crescimento da população idosa no território
brasileiro. Na terceira parte será apresentada a agenda das políticas públicas, internacional e
nacional, demonstrando os desafios apresentados pelo fenômeno do envelhecimento
populacional brasileiro.
36

mundo. Em grande parte, esse poder deriva da associação que


a medicina estabeleceu com a ciência, associação essa que
legitima suas concepções e ações, bem como avaliza a sua
influência sobre a vida social. A ampla difusão do modelo
biomédico sobre o envelhecimento afetou os rumos da
pesquisa e da intervenção com idosos, assim como influenciou
atitudes, práticas e políticas sociais em relação à velhice.41

Os gerontólogos sociais rejeitaram o modelo biomédico42 de análise da


velhice, por entenderem ser este prejudicial para os idosos. Segundo eles a
associação entre velhice e doença expõe os mais velhos a preconceitos e a
práticas discriminatórias diante de profissionais, de instituições e até mesmo de
pessoas leigas no assunto.

Ao abordar o conceito de biomedicalização, Born afirmará: “... tem a ver


com o imenso poder da biomedicina como disciplina e visão de mundo, sua
capacidade para exercer influência institucional, científica e social”.43

Neri apresenta alguns equívocos frutos do conceito de velhice e


envelhecimento elaborado a partir do modelo biomédico.

... As principais distorções cognitivas, para mim, são as


seguintes: 1. supergeneralização: é a crença em que todos os
idosos são doentes ou que a velhice é uma doença; 2.
supersimplificação: crença em que o envelhecimento é um
processo unitário, que ocorre da mesma forma em todas as
pessoas e com os mesmos resultados; 3. reducionismo: é a
crença em que o modelo biomédico dá conta de explicar
completa e satisfatoriamente o envelhecimento; 4. ilusão
pseudocientífica: crença em que todas as descobertas médicas
e tecnológicas associadas ao prolongamento da vida
apresentadas à população, com a chancela de laboratório, têm
base científica; 5. ilusão sobre a imediaticidade da aplicação da
pesquisa básica: crença em que os produtos da pesquisa e da
tecnologia que ajudam o enfrentamento dos males associados

41
NERI, A. L. Biomedicalização da velhice: distorções cognitivas relacionadas ao uso de
modelo biomédico na pesquisa gerontológica. In: DIOGO, M. J., NERI, A. L. e CACHIONI,
Meire (orgs.) – Saúde e Qualidade de Vida na Velhice. Campinas: Editora Alínea, 2004. p. 11.
42
“A expressão biomedicalização do envelhecimento surgiu como uma reação dos
gerontólogos sociais ao que julgavam ser uma exagerada e indevida ampliação do poder da
medicina, tanto para explicar a velhice e o envelhecimento como para propor soluções quer no
âmbito da pesquisa, quer no da intervenção em saúde e nas políticas sociais”. Ibid. p. 12.
43
BORN, Tomiko. A Biomedicalização da velhice: Implicações socioculturais. In: DIOGO, M. J.,
NERI, A. L. e CACHIONI, Meire (orgs.) – Saúde e Qualidade de Vida na Velhice. Campinas:
Editora Alínea, 2004. p. 22.
37

ao envelhecimento estão imediatamente ao alcance da mão de


todas pessoas.44

A construção social da velhice a partir dos conceitos apresentados pela


biomedicalização acaba por focalizar no idoso as doenças e suas limitações
físico-químicas. O modelo médico, ao associar doenças à velhice, leva a
sociedade a manter imagens desta faixa etária como patologia ou
anormalidade45.

Ainda que a medicina tenha fornecido uma grande contribuição para o


conhecimento e o tratamento da velhice, por si só, sem levar em conta outras
áreas do saber (outros pressupostos epistemológicos), ela acaba por prejudicar
a construção do conhecimento. É necessária a busca de uma compreensão da
velhice e do processo do envelhecimento que leve em conta a
multidisciplinaridade e a interdisciplinaridade. Faz-se necessário vencer a
barreira conceitual da biomedicalização para se entender a velhice e o
processo de envelhecimento. É importante que se invista na formação de
novas mentalidades com visão mais ampla e clara sobre as várias facetas do
envelhecimento para combater os preconceitos sociais, profissionais e
científicos em relação à velhice.46

Neri apresenta dez manifestações de preconceito a serem evitadas por


médicos e não-médicos no campo da gerontologia, em favor do progresso da
área e do bem-estar dos idosos:

1) a associação incondicional entre velhice e doença e a


conseqüente legitimação da medicina como campo preferencial
de pesquisa e de atuação em favor dos idosos;

44
NERI, A. L. Biomedicalização da velhice: distorções cognitivas relacionadas ao uso de
modelo biomédico na pesquisa gerontológica. In: DIOGO, M. J., NERI, A. L. e CACHIONI,
Meire (orgs.) – Saúde e Qualidade de Vida na Velhice. Campinas: Editora Alínea, 2004. p. 13-
14.
45
“Estudos sistemáticos, assim como observações colhidas em grupo de idosos ou entre
famílias revelam que a tendência à biomedicalização da velhice atinge o público leigo em geral
e o próprio grupo de idosos. Piadas correntes, assim como observações sobre e dos próprios
idosos costumam estar carregadas de imagens negativas da velhice, associadas a
enfermidade e ao declínio físico e mental irreversível, à perda da autonomia e ao aumento da
dependência. O próprio idoso, ao internalizar as imagens negativas da velhice pode tornar-se
dependente e doente ou simplesmente assumir posturas ou desenvolver comportamentos
considerados característicos de idosos”. Ibid. p. 25.
46
MEDEIROS, S.L. Comentários Finais. In: DIOGO, M. J., NERI, A. L. e CACHIONI, Meire
(orgs.) – Saúde e Qualidade de Vida na Velhice. Campinas: Editora Alínea, 2004. p. 34
38

2) para efeito de pesquisa e da intervenção, considerar


pessoas de mais de sessenta anos como um grupo
homogêneo. Na verdade, a velhice comporta considerável
variabilidade interindividual e abrange um período que pode ser
muito longo, no decorrer do qual as limitações e a fragilidade
tendem a aumentar, o que faz dos velhos-jovens um grupo
muito diferente dos velhos-velhos;

3) a disseminação da idéia segundo o qual existem poucos


recursos pessoais e pouca variabilidade na velhice,
contrariando dados de pesquisas multidisciplinares;

4) a divulgação da noção de que a adoção de medidas


individuais, tais como controle de dieta, cuidados com a saúde,
estilo de vida ativo e envolvimento social é garantia de velhice
bem-sucedida, mas sem a correta divulgação de que o efeito
dessas variáveis é moderado por fatores intrínsecos,
situacionais ou de história de vida;

5) o fortalecimento do mito de que a medicina


antienvelhecimento é uma conquista ao alcance imediato das
mãos da maioria dos idosos, que terão a sua vida
positivamente afetada pela adoção de medidas dessa
natureza;

6) a insistência na crença de que a boa longevidade é uma


conquista pessoal e que, assim, envelhecer bem ou mal é uma
questão de responsabilidade pessoal;

7) apontar o aumento do número de idosos na população e a


expansão da longevidade como geradoras de ônus social e
familiar que tenderá a recair sobre os mais jovens;

8) a apresentação da longevidade como um risco iminente à


saúde econômica das famílias e da sociedade;

9) considerar a pesquisa comportamental e a social como


empreendimentos de segunda linha, que pouco ou nada
agregam ao conhecimento já existente;

10) apontar a pesquisa biomédica como a única legítima em


termos dos parâmetros da ciência.47

A educação tem um papel fundamental no processo de mudança de


mentalidade. Ainda que venha a demorar ela pode ser um instrumento
poderoso na ampliação das formas de conhecimento, bem como na

47
NERI, A. L. Biomedicalização da velhice: distorções cognitivas relacionadas ao uso de
modelo biomédico na pesquisa gerontológica. In: DIOGO, M. J., NERI, A. L. e CACHIONI,
Meire (orgs.) – Saúde e Qualidade de Vida na Velhice. Campinas: Editora Alínea, 2004. p. 20-
21
39

modificação das distorções cognitivas associadas ao modelo biomédico em


relação à velhice e o envelhecimento.

1.3. O envelhecimento populacional brasileiro – uma análise


demográfica.

A busca pela longevidade tem feito parte dos sonhos da população


mundial ao longo da História. Analisando o século XX, principalmente as cinco
últimas décadas, é possível verificar que avanços sociais e científicos
contribuíram para que este sonho se aproximasse da realidade. O
envelhecimento populacional, portanto, se tornou um fenômeno mundial.
Andrews afirma:

O crescimento da população de idosos, em números absolutos


e relativos, é um fenômeno mundial e está ocorrendo a um
nível sem precedentes. Em 1950, eram cerca de 204 milhões
de idosos no mundo e, já em 1998, quase cinco décadas
depois, este contingente alcançava 579 milhões de pessoas,
um crescimento de quase 8 milhões de pessoas idosas por
ano. As projeções indicam que, em 2050, a população idosa
será de 1 900 milhão de pessoas, montante equivalente à
população infantil de 0 a 14 anos de idade48

Verifica-se através de dados estatísticos que nas últimas décadas houve


um crescimento da população idosa de forma mais acentuada nos países em
desenvolvimento, porém este número ainda é proporcionalmente inferior ao
dos países desenvolvidos49. Na Tabela 1 é possível perceber que o Brasil
assume uma posição intermediária no conjunto de países da América Latina,
com 8,6% de idosos em relação à população total. Nota-se também uma
grande diversidade na proporção de idosos neste conjunto de países, variando
de 6,4% na Venezuela até 17,1% no Uruguai. Quanto aos países europeus
constatam-se proporções mais elevadas de idosos, chegando a um contingente
de 1/5 da população.

48
IBGE 2000. Perfil dos Idosos apud: ANDREWS, Garry A. Los desafíos del proceso de
envejecimiento en las sociedades de hoy y del futuro. In: Encuentro Latinoamericano y
caribeno sobre las personas de edad, 1999, Santiago. Anais... Santiago: CELADE, 2000. p.
247.
49
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Perfil dos idosos responsáveis
pelos domicílios no Brasil 2000 – Estudos & Pesquisas, informação demográfica e
o
socioeconômica (n 9). Rio de Janeiro: IBGE, 2002. p. 12.
40

O Brasil, como país em desenvolvimento, não foge à regra, está


envelhecendo rapidamente. Se em 1940 tinha 42% de sua população com
idade inferior a 15 anos, no ano 2000 chegou a uma porcentagem de 29,6%, e
segundo dados do IBGE e projeções da Organização Mundial da Saúde,
chegará em 2020 a uma proporção de apenas 24,3%. Em contrapartida, a
população de 60 anos ou mais passou de 4,1%, em 1940, para 8,6% em 2000,
projetando-se para 2020, uma proporção de 12%. Confira tabela 2.

Tabela 01 - População, total e de 60 anos ou mais de idade e proporção de


idosos, segundo continentes e países - 1990/1999

Continentes População População Proporção


e Países total 60 anos ou mais de idosos (%)
Ásia
China 1.242.799.000 133.954.000 10,8
Japão 126.486.000 28.222.000 22,3
Europa
Alemanha 82.057.379 17.927.000 21,8
França 57 526 521 11.305.622 19,7
Itália 57.563.354 13.299.830 23,1
Reino Unido 59.008.634 12.051.946 20,4
América do Norte
Canadá 30.301.185 4.950.593 16,3
Estados Unidos 280.298.524 44.670.193 15,9
América Latina
Argentina 34.768.457 4.584.300 13,2
Brasil 169.799.170 14.536.029 8,6
Chile 15.017.760 1.513.486 10,1
Colômbia 41.589.017 2.813.328 6,8
Cuba 11.065.878 1.439.245 13,0
Equador 11.936.858 792.982 6,6
México 91.158.290 5.969.643 6,5
Peru 24.800.768 1.737.326 7,0
Uruguai 3.313.239 567.565 17,1
Venezuela 23.242.435 1.483.817 6,4
Fontes: Demographic yearbook 1999. New York: United Nations, 1999;
IBGE, Censo Demográfico 2000.

Tabela 02 - Distribuição percentual da população, por grupos de idade - 1940-


2000

Distribuição percentual da população, por grupos de idade (%)


Grandes 0 a 14 anos 15 a 59 anos 60 anos ou mais
Regiões
1940 2000 1940 2000 1940 2000
Brasil 42,9 29,6 53,0 61,8 4,1 8,6
Norte 42,3 37,2 54,3 57,3 3,4 5,5
Nordeste 42,3 33,0 52,4 58,6 4,3 8,4
Sudeste 42,4 26,7 53,6 64,0 4,0 9,3
Sul 43,8 27,5 52,2 63,3 4,0 9,2
Centro-oeste 44,5 29,9 52,5 63,5 3,0 6,6
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1940/2000.
41

Analisando seus quatro últimos censos demográficos (1970, 1980, 1991


e 2000) é possível perceber que o crescimento da população idosa tem se
acelerado. De 5,07% da população geral em 1970, passou para 6,07% em
1980, depois para 7,30 em 1990, chegando a 8,56% em 2000. Verifica-se um
crescimento real de 3,49% desta faixa etária em relação à população geral.
(confira a tabela 03)

Tabela 03 - Brasil: distribuição proporcional (%) da população, segundo grandes grupos


etários – 1970, 1980, 1991 e 2000.

Grupos etários Ano do recenseamento


Anos 1970 1980 1991 2000
0-14 42,10 38,24 34,73 29,60
15-59 52,83 55,69 57,97 61,84
60 e + 5,07 6,07 7,30 8,56
Total 100,00 100,00 100,00 100,00
Fontes: IBGE Censo demográfico 1970, 1980, 1991 e 2000

Gráfico 01 Gráfico 02

Gráfico 03 Gráfico 04

Dirigindo o olhar para os dois últimos censos demográficos, verifica-se


que em dados absolutos, a população de 60 anos ou mais de idade, era
10.722.705 em 1991 chegando a 14.536.029 em 2000. Deste montante,
4.931.425 homens e 5.791.280 mulheres em 1991 e 6.533.784 homens e
42

8.002.245 em 2000. Ou seja, o número de idosos aumentou em quase 4


milhões de pessoas numa só década, sendo que a porcentagem de mulheres é
maior que a de homens. Este fenômeno é denominado de “Feminização da
Velhice”.50 (Confira as tabelas abaixo)

Tabela 04 - População residente, total e de 60 anos ou mais de idade, por grupos de idade,
segundo as Grandes Regiões e Unidades da Federação - 1991/2000

População residente de 60 anos ou mais de idade, por


Grandes Regiões sexo
População
e
residente Total Grupos de idade (%)
Unidades da
total 60 a 65 a 70 a 75 ou
Federação Absoluto Relativo
64 69 74 mais
Brasil - 1991 146.825.475 10.722.705 7,3 2,5 1,9 1,3 1,6
Brasil - 2000 169.799.170 14.536.029 8,6 2,7 2,1 1,6 2,1
Fontes: IBGE Censo demográfico 1991 e 2000

Tabela 05 - População residente, total e de 60 anos ou mais de idade, por grupos de idade, do sexo
masculino, segundo as Grandes Regiões e Unidades da Federação - 1991/2000

Grandes Regiões População residente de 60 anos ou mais de idade, por sexo


e Grupos de idade (%)
Unidades da Federação Homem
60 a 64 65 a 69 70 a 74 75 ou mais
Brasil - 1991 4 931 425 1 715 601 1 308 343 872 424 1 035 057
Brasil - 2000 6 533 784 2 153 209 1 639 325 1 229 329 1 511 921
Fontes: IBGE Censo demográfico 1991 e 2000

Tabela 06 - População residente, total e de 60 anos ou mais de idade, por grupos de idade, do sexo
feminino, segundo as Grandes Regiões e Unidades da Federação - 1991/2000

Grandes Regiões População residente de 60 anos ou mais de idade, por sexo


e Grupos de idade (%)
Unidades da Federação Mulher
60 a 64 65 a 69 70 a 74 75 ou mais
Brasil - 1991 5 791 280 1 921 257 1 467 717 1 017 494 1 384 812
Brasil - 2000 8 002 245 2 447 720 1 941 781 1 512 973 2 099 771
Fontes: IBGE Censo demográfico 1991 e 2000

50
Para uma melhor compreensão do tema “Feminização da Velhice” consultar: CAMARANO,
Ana Amélia [et al.] . Como vive o idoso brasileiro?. In: CAMARANO, A A (org). Os novos
idosos brasileiros muito além dos 60?, Rio de Janeiro, IPEA, 2004; ou BERQUÓ,
Considerações sobre o envelhecimento da população no Brasil. In: NERI, A. L. e DEBERT, G.
G. Velhice e Sociedade. Campinas: Papirus, 1999.
43

Constata-se que o ritmo do crescimento da população idosa é mais


acelerado que de outras faixas etárias. Esta alteração demográfica deve-se ao
progressivo declínio nas taxas de fecundidade e de mortalidade Nas palavras
de Camarano,

O crescimento relativamente mais elevado do contingente


idoso é resultado de suas mais altas taxas de crescimento, em
face da alta fecundidade prevalecente no passado
comparativamente à atual e à redução da mortalidade.
Enquanto o envelhecimento populacional significa mudanças
na estrutura etária, a queda da mortalidade é um processo que
se inicia no momento do nascimento e altera a vida do
indivíduo, as estruturas familiares e a sociedade.51

Relativamente à diminuição da taxa de fecundidade, pode-se apresentar


entre outros motivos, a ação pedagógica por parte da sociedade e do governo
na busca de auxiliar o planejamento familiar e o avanço da medicina com a
descoberta de vários métodos contraceptivos, permitindo ao casal uma relação
sexual com baixo risco de gravidez.52·. Ramos também apresentará alguns
motivos:

As razões para a mudança do padrão reprodutivo no Brasil são


várias. De um lado, fruto do processo de urbanização da
população brasileira, temos uma necessidade crescente de
limitação da família ditada pelo "modus vivendi" dos grandes
centros urbanos (principalmente em um contexto de crise
econômica), caracterizado entre outras coisas por uma
progressiva incorporação da mulher à força de trabalho. 53

Kalache explica de forma sucinta a dinâmica do fenômeno do


envelhecimento da população, a partir da diminuição nas taxas de fecundidade
e mortalidade:

Em grande parte, o aumento atual do número de pessoas


idosas em países menos desenvolvidos é decorrente do alto
número de nascimentos durante as primeiras décadas deste
século, associado a um progressivo decréscimo nas taxas de

51
CAMARANO, Ana Amélia. Envelhecimento da População Brasileira: Uma Contribuição
Demográfica. In: Freitas, Elizabete Viana... [at al.] – Tratado de Geriatria e Gerontologia. 2 ed. –
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. p. 88.
52
Diante desta afirmação deve se ressaltar, que nem toda a população brasileira tem acesso
ao processo pedagógico de planejamento familiar, bem como, ao conhecimento dos mais
variados métodos contraceptivos. Outro ponto a se destacar é que pelo fato de estar
esclarecida, não significa que tenha condições econômicas para implementar estes métodos.
53
RAMOS, L.R. et al. Envelhecimento populacional: uma realidade brasileira. Rev. Saúde públ.,
S. Paulo, 21: p. 213, 1987
44

mortalidades. Da mesma forma, o envelhecimento da


população de países europeus das últimas décadas se deve a
taxas de natalidade relativamente altas no primeiro quarto do
século associadas a taxas decrescentes de mortalidades em
todos os grupos etários. Em seguida as taxas de natalidade
decaíram, fazendo com que a proporção de adultos
progressivamente aumentasse. O processo é portanto
dinâmico; para que uma população envelheça é necessário
primeiro que nasçam muitas crianças, segundo que as mesmas
sobrevivam até idades avançadas e que, simultaneamente, o
número de nascimentos diminua. Com isso a entrada de jovens
na população decresce, e a proporção daqueles que
sobreviveram até idades mais avançadas passa a crescer. As
taxas de fertilidade da maioria dos países estão em declínio.
No entanto, mesmo um rápido declínio nas mesmas, como por
exemplo o que atualmente se verifica no Brasil (decréscimo de
mais de um terço entre 1970 e 1980 e ainda mais acentuado
desde então — Ramos e col.18 1987), não se traduz
necessariamente em imediato envelhecimento da população
em termos relativos. Ainda que a vida média do brasileiro tenha
aumentado muito nesse final de século, as altas taxas de
fertilidade do passado próximo ainda se refletirão nas pirâmides
populacionais das próximas décadas. Isso se deve ao efeito
tardio do alto número de nascimentos há 40, 30 ou 20 anos —
uma população jovem numerosa, que sobreviveu até a idade
reprodutiva. Mesmo que eles tenham poucos filhos, o efeito
multiplicador ainda é manifestado por algum tempo.54

Com relação à diminuição da taxa de mortalidade pode-se apresentar o


avanço da medicina e da tecnologia como as grandes responsáveis. Este
avanço tem permitido um prolongamento da vida, elevando assim o índice de
expectativa de vida do brasileiro. Este índice elevou-se de 34 anos, em 1900,
para 68,6 anos, em 2000, e estima-se que será de 72 anos, em 2020. Confira
tabela 07.

Ao analisar, especificamente, os dois últimos Censos Demográficos


(1991-2000) verifica-se que a expectativa de vida subiu em 2 anos e seis
meses, passando de 66 anos, em 1991, para 68 anos e 6 meses em 2000.
Durante esta década (1991/2000), os homens tiveram um ganho de 27 meses
e 12 dias de vida, as mulheres aumentaram sua expectativa em 34 meses e 8
dias (Confira tabela abaixo). Nota-se que as mulheres são mais longevas que
os homens. Em 1991, elas possuíam uma vida média ao nascer 7,2 anos
superior à dos homens, já em 2000 esse diferencial passou para 7,8 anos.
Para Mota a disparidade desses números resulta do fato de que as mortes
54
KALACHE, A. et al. O envelhecimento da população mundial. Um desafio novo. Rev. Saúde
públ., S. Paulo, 21:200-10, 1987p. 204-205.
45

decorrentes de homicídios e acidentes, em especial na faixa de 15 a 35 anos


de idade, são maiores entre homens do que entre as mulheres55. Confira tabela
08.

Tabela 07 - Brasil - Expectativa de vida ao nascer e


ganhos no período - 1991 - 2000

Anos de Referência Ambos os sexos


1900 34,0
1950 43,3
1991 66,0
1998 68,1
1999 68,4
2000 68,6
2020 72,0
Fontes: IBGE Censo demográfico 1900,1950, 1991 e 2000

Tabela 08 - Brasil - Expectativa de vida ao nascer e


ganhos no período - 1991 - 2000

Anos de Ambos os Homens Mulheres


Referência sexos
1991 66,0 62,6 69.8
1998 68,1 64,4 72,0
1999 68,4 64,6 72,3
2000 68,6 64,8 72,6
Ganhos na Expectativa de vida ao nascer - 1991-2000
Em anos 2,59 2,26 2,84
Em meses 31,08 27,12 34,08
Fontes: IBGE Censo demográfico 1900,1950, 1991 e 2000

55
MOTA, Maria Luiza dos Santos. A Terceira Idade e seus direitos. São Paulo: Seprosp,
Fesesp, CNS, 2005. p. 06
46

Observa-se atualmente que a taxa de mortalidade dos idosos é a que


tem experimentado a maior queda, o que tem levado ao aumento da população
idosa.56. Segundo Camarano, a população mais idosa, ou seja, as pessoas
com idade acima de 80 anos é a que tem apresentado a maior taxa de
crescimento. Isso aponta para a heterogeneidade do grupo idoso, encontrando-
se pessoas com diferença de idade que chegam a três décadas.

Com a finalidade de atualizar alguns dados do último censo demográfico


efetuado no ano de 2000, estabeleceu-se uma tabela baseada na Contagem
Populacional57 realizada em 2007 (confira tabela 09). Através dela é possível
verificar um crescimento estimado de 14.188.121 pessoas nestes sete anos.
Proporcionalmente, o grupo de idosos também cresceu, porém, não se tem
números precisos. O que se pode afirmar é que pelas projeções, os números
de idosos continuarão a crescer nas próximas décadas.

Ainda que a diminuição das taxas de fecundidade e de mortalidade,


tenha sido resultado de políticas e incentivos promovidos pela sociedade e pelo
estado, visando responder às necessidades de uma época58, ela levou a um
envelhecimento progressivo da população brasileira. Este envelhecimento
populacional tem gerado novos desafios, e conseqüentemente, a necessidade
de novas políticas públicas.

56
CAMARANO, Ana Amélia. Envelhecimento da População Brasileira: Uma Contribuição
Demográfica. In: Freitas, Elizabete Viana... [at al.] – Tratado de Geriatria e Gerontologia. 2 ed. –
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. p. 88.
57
Para compreender a forma como o Brasil realiza seu censo demográfico, bem como
entender o que seja Contagem Populacional, confira a introdução do documento: Contagem
Populacional 2007 do IBGE em
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/contagem2007/default.shtm.
58
Na década de sessenta o crescimento populacional mundial alcançou seu nível máximo,
sendo considerado o mais alto de toda a história da humanidade. Diante disso, a Organização
mundial da saúde (ONU) realizou algumas conferências para refletir sobre o tema, intituladas:
“Conferência mundial sobre população”. A 1ª Conferência aconteceu em Bucareste (Romênia)
no ano de 1974, tendo como eixo central criar mecanismos que pudessem conter o
crescimento demográfico que estava em ritmo acelerado. A 2ª Conferência aconteceu na
cidade do México em 1984 e também trouxe temas relativos à preocupação com o crescimento
populacional: fecundidade e família, distribuição das populações, migrações e
desenvolvimento, mortalidade e políticas de saúde. A 3ª Conferência ocorreu em 1994, na
cidade do Cairo (Egito), quando diante das ações tomadas nos anos anteriores, os
participantes reviram suas políticas e propostas. Em alguns países foram implantadas medidas
de esterilização e abortos forçados com o objetivo de conter o crescimento demográfico. Nesta
última, tratou-se do tema natalidade como uma responsabilidade da família, levando-se em
conta que a própria família quem se planeja (planejamento familiar).
47

.
Tabela 09 - População residente, por situação do domicílio e sexo, segundo as Grandes Regiões e as Unidades da
Federação - Brasil - Grandes Regiões – comparativo 2001 com 2007

C enso 2001 Contagem da População 2007


Total Homens Mulheres Total Total Homens Mulheres
Estimado recenseado

Brasil 169 799 170 83 576 015 86 223 155 183 987 291 108 765 413

Norte 12 900 704 6 533 555 6 367 149 14 623 316 12 259 438
Rondônia 1.379.787 708.140 671.647 1 453 756 1 453 756 733 811 709 923
Acre 557.526 280.983 276.543 655 385 655 385 329 001 323 752
Amazonas 2.812.557 1.414.367 1.398.190 3 221 939 3 221 939 1 592 067 1 565 850
Roraima 324.397 166.037 158.360 395 725 395 725 195 275 189 046
Pará 6.192.307 3.132.768 3.059.539 7 065 573 4 701 695 2 405 662 2 241 306
Amapá 477.032 239.453 237.579 587 311 587 311 292 024 290 337
Tocantins (2) 1.157.098 591.807 565.291 1 243 627 1 243 627 626 434 602 339

Nordeste 47 741 711 23 413 914 24 327 797 51 534 406 40 060 034
Maranhão 5.651.475 2.812.681 2.838.794 6 118 995 6 118 995 3 021 226 3 052 375
Piauí 2.843.278 1.398.290 1.444.988 3 032 421 3 032 421 1 481 576 1 529 053
Ceará 7.430.661 3.628.474 3.802.187 8 185 286 4 820 630 2 398 046 2 404 540
Rio Grande do Norte 2.776.782 1.359.953 1.416.829 3 013 740 3 013 740 1 457 143 1 517 826
Paraíba 3.443.825 1.671.978 1.771.847 3 641 395 3 641 395 1 754 525 1 855 119
Pernambuco 7.918.344 3.826.657 4.091.687 8 485 386 5 030 277 2 452 542 2 546 413
Alagoas (2) 2.822.621 1.378.942 1.443.679 3 037 103 3 037 103 1 472 429 1 545 366
Sergipe 1.784.475 874.906 909.569 1 939 426 1 939 426 936 306 981 208
Bahia (2) 13.070.250 6.462.033 6.608.217 14 080 654 9 426 047 4 708 275 4 671 364

Sudeste 72 412 411 35 426 091 36 986 320 77 873 120 31 077 361
Minas Gerais 17.891.494 8.851.587 9.039.907 19 273 506 12 597 121 6 265 664 6 269 402
Espírito Santo 3.097.232 1.534.806 1.562.426 3 351 669 1 702 365 847 307 840 237
Rio de Janeiro 14.391.282 6.900.335 7.490.947 15 420 375 3 302 474 1 610 466 1 666 529
São Paulo (2) 37.032.403 18.139.363 18.893.040 39 827 570 13 475 401 6 681 557 6 693 364

Sul 25 107 616 12 401 450 12 706 166 26 733 595 16 842 791
Paraná (2) 9.563.458 4.737.420 4.826.038 10 284 503 6 262 285 3 107 256 3 122 367
Santa Catarina 5.356.360 2.669.311 2.687.049 5 866 252 4 307 161 2 142 129 2 143 822
Rio Grande do Sul 10.187.798 4.994.719 5.193.079 10 582 840 6 273 345 3 095 615 3 150 909

Centro-Oeste 11 636 728 5 801 005 5 835 723 13 222 854 8 525 413
Mato Grosso do Sul 2.078.001 1.040.024 1.037.977 2 265 274 2 265 274 1 122 705 1 129 179
Mato Grosso 2.504.353 1.287.187 1.217.166 2 854 642 2 854 642 1 452 153 1 377 327
Goiás 5.003.228 2.492.438 2.510.790 5 647 035 3 405 497 1 702 655 1 667 722
Distrito Federal (3) 2.051.146 981.356 1.069.790 2 455 903
Fontes: IBGE Censo demográfico 2001 e Contagem Populacional 2007
48

1.4. O envelhecimento populacional na agenda das políticas públicas

Diante dos muitos desafios provenientes do fenômeno do


envelhecimento populacional, a Organização das Nações Unidas (ONU), bem
como diversos países do mundo, passaram a elaborar Políticas Públicas
especificamente para a população idosa. Abordaremos, brevemente, as
agendas, internacional e nacional, destas Políticas Públicas59.

Ionara Ferreira da Silva, ao abordar o tema “O processo decisório nas


instâncias colegiadas do SUS no Estado do Rio de Janeiro”, discorre sobre o
que é agenda política, citando vários autores:

Kingdon (apud Viana, 1995), analisando as fases da política, procura


entender por que alguns assuntos são colocados na agenda e outros
não. A agenda seria constituída por assuntos que chamam atenção
do governo e dos cidadãos. Esta poderia ser classificada em três
tipos: não governamental (assuntos relevantes para a opinião pública
mas não chamam atenção do governo), governamental (problemas
que chamam a atenção das autoridades) e a agenda de decisão ou
lista dos problemas a serem decididos. A construção da agenda é
influenciada pelos atores ativos e pelos processos pelos quais alguns
assuntos sobressaem. Os atores ativos seriam os atores
governamentais (parlamentares, executivo, funcionários do congresso
etc.) e não governamentais (agentes externos, mídia, grupo de
pressão, opinião pública etc.). Para Machado, na questão da agenda
está o envolvimento de espaços de intermediação de interesses
sociais, ora confluentes, ora negociáveis, ora conflitantes, onde as
forças sociais pressionam para que sejam adotadas suas proposições
nos processos decisórios. (Machado, 1999:13) Entretanto, as
chances das categorias sociais influenciarem a agenda são
desiguais, porque o acesso e o controle dos meios de produção, de
organização e de comunicação são também desiguais. (Offe 1991:53)
Segundo Lindblom (1985), a inclusão/exclusão de um determinado
assunto na agenda varia de acordo com o ativismo dos cidadãos e
partidos políticos para chamar a atenção das autoridades, com a
ideologia social (valores, crenças que favorecem ou não a opinião),
com a interação dos atores e a possibilidade de participação
democrática. O autor conclui que é sempre um grupo restrito que
60
toma a decisão final.

Com respeito a políticas públicas Silva afirmará:


59
Silva, Ionara Ferreira da. O processo decisório nas instâncias colegiadas do SUS no Estado
do Rio de Janeiro. Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública; 2000.
http://portalteses.icict.fiocruz.br/transf.php?script=thes_chap&id=00008701&lng=pt&nrm=iso
Visitado em 24/04/2009.
60
Silva, Ionara Ferreira da. O processo decisório nas instâncias colegiadas do SUS no Estado
do Rio de Janeiro . Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública; 2000.
http://portalteses.icict.fiocruz.br/transf.php?script=thes_chap&id=00008701&lng=pt&nrm=iso
Visitado em 24/04/2009.
49

A política pública é resultado de um demorado e intricado processo


que envolve interesses divergentes, confrontos e negociações entre
várias instâncias instituídas ou arenas e entre os atores que delas
fazem parte. A política pública pode ser definida como: Um conjunto
de ações e omissões que manifestam uma modalidade de
intervenção do Estado em relação a uma questão que chama a
atenção, o interesse e a mobilização de outros atores da sociedade
civil. Desta intervenção, pode-se inferir uma determinada direção,
uma determinada orientação normativa, que, presumivelmente,
afetará o futuro curso do processo social desenvolvido, até então, em
torno do tema. (Oszlak e O’Donnell, 1976:21). Quanto mais atores
sociais ou institucionais fizerem parte do curso político, mais amplo
ele será, sendo a política pública o resultado das relações
estabelecidas entre eles. Logo, a política pública compreende um
conjunto de atores ou grupos de interesses que se mobilizam em
torno de uma política; instituições, cujas regras de procedimento
impedem ou facilitam o acesso de atores às arenas decisórias;
processo de decisão, onde os atores estabelecem coalizões e fazem
escolhas para a ação; e produtos do processo decisório ou política
resultante. A literatura é consensual na identificação das fases da
formulação de políticas, que seriam: 1) reconhecimento de assuntos;
2) formulação de problemas; 3) identificação das necessidades; 4)
fixação de objetivos; 5) consideração de opções; 6) intervenção; e, 7)
avaliação das conseqüências. Também há acordo em que, ao
analisar uma política, faz-se necessário examinar as agências
formadoras de políticas, as regras para tomada de decisão, as inter-
relações entre as agências e os formuladores, bem como os agentes
externos que influenciam o seguimento das decisões.

1.4.1. A agenda internacional

Em 1982 aconteceu na cidade de Viena a I Assembléia Mundial sobre o


Envelhecimento, promovida pela ONU. Ela foi considerada o marco inicial na
discussão de políticas voltadas para a população idosa. O Plano por ela
adotado estruturou-se da seguinte forma: “... 66 recomendações para os
estados membros referentes a sete áreas: saúde e nutrição, proteção ao
consumidor idoso, moradia e meio ambiente, família, bem-estar social,
previdência social, trabalho e educação”.61 Continua Camarano:

A concepção do idoso traçada no plano era a de indivíduos


independentes financeiramente e, portanto, com poder de
compra. As recomendações eram dirigidas, em especial, aos
idosos dos países desenvolvidos. Suas necessidades deveriam
ser ouvidas, pois agregavam valor à economia e permitiam o
desenvolvimento de um novo nicho de mercado. Por outro

61
CAMARANO, Ana Amélia & PASINATO M. T. O envelhecimento populacional na agenda das
políticas públicas. In: CAMARANO, A A (org). Os novos idosos brasileiros muito além dos 60?,
Rio de Janeiro, IPEA, 2004. p. 255.
50

lado, o plano também foi fortemente dotado por uma visão da


medicalização do processo de envelhecimento.62

O Plano de Viena apresentou várias recomendações que dependiam de


subsídios que não foram orçados. Pode se destacar a questão de se promover
a independência do idoso. Isto implicava em aumentos nos gastos públicos,
especificamente na área social (pensões, aposentadorias e assistência à
saúde).

Durante os vinte anos que se passaram entre esta assembleia e a


segunda, ocorrida em Madri em 2002, com o mesmo tema, houve mudanças
profundas nos planos econômico, social e político dos países. Vale destacar
que na década de 1990, o tema do envelhecimento populacional entrou de
forma mais efetiva na agenda das políticas sociais dos países em
desenvolvimento. Naquela época o debate político e acadêmico considerava a
população idosa como um segmento homogêneo, com necessidades e
experiências comuns. Essa leitura simplista levou a duas posições
antagônicas: A primeira é a medicalização63 da velhice, associando o
envelhecimento à dependência e a problemas sociais. A segunda, contrária a
esta, foi considerar o idoso apto a ainda produzir, contribuindo financeiramente
para a sociedade. O que se observou é que, dentre as duas idéias, prevaleceu
a primeira.

Em 1991 a Assembleia Geral da ONU adotou 18 princípios em favor da


população idosa. Segundo Camarano esses princípios “podem ser agrupados
em cinco grandes temas: independência, participação, cuidados, auto-
realização e dignidade”.64

62
CAMARANO, Ana Amélia & PASINATO M. T. O envelhecimento populacional na agenda das
políticas públicas. In: CAMARANO, A A (org). Os novos idosos brasileiros muito além dos 60?,
Rio de Janeiro, IPEA, 2004. p. 255.
63
Expressão medicalização ou biomedicalização do envelhecimento surgiu como uma reação
dos gerontólogos sociais ao que julgavam ser uma exagerada e indevida ampliação do poder
da medicina, tanto para explicar a velhice e o envelhecimento como para propor soluções quer
no âmbito da pesquisa, quer no da intervenção em saúde e nas políticas sociais. Conferir:
NERI, A. L. Biomedicalização da velhice: distorções cognitivas relacionadas ao uso de modelo
biomédico na pesquisa gerontológica. In: DIOGO, M. J., NERI, A. L. e CACHIONI, Meire (orgs.)
– Saúde e Qualidade de Vida na Velhice. Campinas: Editora Alínea, 2004. p. 12.
64
CAMARANO, Ana Amélia & PASINATO M. T. O envelhecimento populacional na agenda das
políticas públicas. In: CAMARANO, A A (org). Os novos idosos brasileiros muito além dos 60?,
Rio de Janeiro, IPEA, 2004. p. 257.
51

Esta mesma Assembleia, em 1992, aprovou a Proclamação sobre o


Envelhecimento, estabelecendo o ano de 1999 como o Ano Internacional dos
Idosos, sob o slogan: uma sociedade para todas as idades. Esta assembleia
também definiu que:

os parâmetros para o início da elaboração de um marco


conceitual sobre a questão do envelhecimento... O marco
conceitual foi elaborado em 1995 (Documento 50/114 da ONU)
e a exemplo da Proclamação sobre o Envelhecimento conta
com quatro principais dimensões para a análise de uma
“sociedade para todas as idades”: a situação dos idosos, o
desenvolvimento individual continuado, as relações
multigeracionais e a inter-relação entre envelhecimento e
desenvolvimento social.65

Conforme aprovado em 1992, em 1999 foi comemorado o Ano


Internacional do Idoso, quando então todos os países membros da ONU teriam
que aplicar os cinco princípios em favor dos idosos já adotados pela
Assembléia Geral de 1991: independência, participação, cuidados, auto-
realização e dignidade.

Em 2002, em Madri, num contexto social, econômico e político, bastante


diferente daquele que se verificou na Primeira Assembléia (Viena), aconteceu a
Segunda Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento. Esta Assembleia
aprovou uma nova declaração política e um novo plano de ação que serviram
de orientação e normatização às políticas e programas voltados para a
população idosa. Este “Plano” propôs a colaboração da sociedade civil com o
Estado para que se efetivasse políticas públicas. Segundo Camarano, ele se
fundamenta em três princípios básicos: a) participação ativa dos idosos na
sociedade, no desenvolvimento e na luta contra a pobreza; b) fomento da
saúde e bem-estar na velhice: promoção do envelhecimento saudável; e c)
criação de um entorno propício e favorável ao envelhecimento.66

Em 2007 na Sede da CEPAL (Comissão Econômica para a América


Latina), em Santiago no Chile, ocorreu o Seminário Internacional “Camino a
Madrid + 5”. Este evento teve como objetivo principal fortalecer o compromisso

65
Ibid.
66
CAMARANO, Ana Amélia & PASINATO M. T. O envelhecimento populacional na agenda das
políticas públicas. In: CAMARANO, A A (org). Os novos idosos brasileiros muito além dos 60?,
Rio de Janeiro, IPEA, 2004. p. 259.
52

dos 26 (vinte e seis) países participantes com os eixos prioritários do “Plano de


Madri”. Neste mesmo ano, em Brasília, aconteceu o “Forum Regional das
Instituições da sociedade Civil sobre o Envelhecimento da América Latina e no
Caribe”, promovido pela SEDH, MRE e CEPAL, onde foi produzido o
documento “Declaração de Brasília”.67

1.4.2. A agenda nacional

O Brasil foi um dos pioneiros, na América Latina, a incorporar o tema


envelhecimento na agenda das políticas públicas. Já em 1888, sob o Decreto
Lei no 9912-A, foi regulamentado o direito a aposentadoria aos funcionários
dos correios que tivessem 30 anos de trabalho ou mais que sessenta de
idade.68 No decorrer do século XX surgiram outras iniciativas estatais de
políticas previdenciárias.

Porém, somente na década de 1970 a questão do envelhecimento foi


reconhecida como uma questão pública e considerada um preocupação social.
Surge então em 1974 o Programa de Assistência ao Idoso (PAI); em 1976 o
Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS) realizou encontros
regionais e nacional com o objetivo de entender o fenômeno do
envelhecimento, propondo a superação do assistencialismo na busca de uma
política de assistência e promoção social; em 1977 o MPAS define a Política
para a Terceira Idade: diretrizes básicas. Estes avanços não garantiram uma
política ampla de atendimento ao idoso.69

Na década de 1980, o movimento de redemocratização do Brasil


favoreceu a inclusão do tema envelhecimento na agenda política do país. O
grande marco foi a “Constituição de 1988”, que inseriu em seu texto alguns
direitos específicos da pessoa idosa.

67
Mais informações sobre Forum Regional das Instituições da sociedade Civil sobre o
Envelhecimento da América Latina e no Caribe e o documento “Declaração de Brasília”
consulte: http://www.eclac.cl/publicaciones/xml/4/33514/lcl2891_CRE2_5_P.pdf
68 68
CAMARANO, Ana Amélia & PASINATO M. T. O envelhecimento populacional na agenda
das políticas públicas. In: CAMARANO, A A (org). Os novos idosos brasileiros muito além dos
60?, Rio de Janeiro, IPEA, 2004. p. 263
69
Ibid, 264.
53

Art 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de


amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na
comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e
garantindo-lhe o direito à vida. Parágrafo 1º Os programas de
amparo aos idosos serão executados preferencialmente em
seus lares. Parágrafo 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos
é garantida a gratuidade dos transportes coletivos urbanos.70

Em 1989 a Associação Nacional de Geriatria (ANG) realizou um


Seminário Nacional intitulado: “O idoso na sociedade atual”. Como fruto das
discussões, este Seminário elaborou o documento “Recomendações: Políticas
Sociais para a Terceira Idade nos anos 90”, que serviu como diretriz para
diálogo com vários segmentos políticos, civis e religiosos da sociedade
brasileira.71

Em 1993 é assegurado aos idosos que não tivessem condições mínimas


de prover sua subsistência, um benefício mensal de um salário mínimo através
da Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS (LEI 8742)72.

Em 1994 o Congresso Nacional promulga a “Política Nacional do


73
Idoso” , mas regulamenta somente em 1996, através do Decreto-Lei nº
1948.74 A Política Nacional do Idoso propõe proteção social e inclusão social.
Foi um grande avanço em termos documentais. Porém, como afirma Paz75
essa Lei, ficou só no papel, pois na prática não conseguiu ser viabilizada e
implementada.

Com a finalidade de ampliar os direitos dos idosos e implementar a


Política Nacional do Idoso, surgiu o Estatuto do Idoso, aprovado em 1º de

70
http://www.ancine.gov.br/media/Constituicao_Federal_EC53.pdf
71
RODRIGUES, N. C. Política Nacional do Idoso - Retrospectiva Histórica. Estudos
interdisciplinares envelhecimento, Porto Alegre, v.3, p.149-158, 2001. Acessado pela Internet
em 20.04.2009 - http://www.seer.ufrgs.br/index.php/RevEnvelhecer/article/viewFile/4676/2593
72
Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS (LEI 8742 de 07 de dezembro de 1993).
http://www.turismo.gov.br/mtur/export/sites/default/turismo/convenios_contratos/downloads_con
venios/Lei_8742_7_12_1993.pdf
73
LEI Nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994. Dispõe sobre a Política Nacional do Idoso, cria o
Conselho Nacional do Idoso e dá outras providências. http://www.cress-
se.org.br/pdfs/legislacao_idoso_8842.pdf
74
Decreto-Lei nº 1948 de 03 de julho de 1996.
http://www.cressdf.org.br/2006/6/22/Pagina40.htm
75
PAZ, Serafim Fortes & GOLDMAN, Sara Nigri. O Estatuto do Idoso. In: FREITAS, Elizabete
Viana... [at al.] – Tratado de Geriatria e Gerontologia. 2 ed. – Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2006. p. 1402.
54

outubro de 2003, sobre o nº de Lei 10.741 e vigorando a partir de 1º de Janeiro


de 2004.76

Os 118 (cento e dezoito) artigos do “Estatuto” apresentam aos idosos


instrumentos e mecanismos que lhes assegurem seus direitos, bem como
prevê punição aos que infringem estes direitos.

Para Paz “o Estatuto do Idoso é a coroação de esforços do movimento


dos idosos, das entidades de defesa dos direitos dos idosos e do Estado e se
constitui no instrumento jurídico formal mais completo para a cidadania do
segmento idoso”77. O autor alerta também, para o fato de existir uma distância
muito grande entre o que determina o Estatuto e a realização concreta do que
está estipulado no mesmo. Existem grandes dificuldades na operacionalização
deste Estatuto, “principalmente porque os recursos financeiros, humanos e
institucionais se revelam insuficientes para atender às enormes demandas do
segmento por saúde, previdência, assistência social, educação, cultura, lazer,
dentre outros”.78

Estes documentos (“Plano Nacional do Idoso” e “Estatuto do Idoso”),


necessários e legítimos, apresentaram questões éticas de grande importância,
pois visaram garantir um processo de envelhecimento digno e saudável às
pessoas, levando-as a serem reconhecidos pela família e sociedade como
pessoas importantes, valorosas, cooperadoras e devido a suas limitações
deveriam ser cuidadas com respeito e carinho. Pode-se afirmar que estes
documentos sejam tremendamente éticos e até poéticos, porém não tem sido
possível efetivar de forma integral seus artigos.

Uma das formas de se interpretar a dificuldade de implementação dos


direitos dos idosos, bem como muitos outros direitos dos cidadãos, é o fato do
Estado assumir como seu princípio orientador a ideologia neoliberal.

76
PAZ, Serafim Fortes & GOLDMAN, Sara Nigri. O Estatuto do Idoso. In: FREITAS, Elizabete
Viana... [at al.] – Tratado de Geriatria e Gerontologia. 2 ed. – Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2006. p. 1402.
77
Ibid.
78
Ibid.
55

1.5. A velhice e o neoliberalismo

Enquanto nos países desenvolvidos o envelhecimento populacional foi


gradativo e em paralelo com as transformações socioeconômicas,
possibilitando o planejamento e a implantação de políticas na busca de uma
melhor qualidade de vida para os idosos, no Brasil, bem como em outros
países em desenvolvimento, este fenômeno tem acontecido rapidamente, não
permitindo um planejamento adequado da sociedade.

O desafio para os países subdesenvolvidos é considerável; no


passado, quando as populações dos países europeus
começaram a envelhecer, tais países eram os mais ricos e
poderosos do mundo. Tome-se a Inglaterra como exemplo; o
envelhecimento de sua população teve início após a Revolução
Industrial e no período áureo do Império Britânico. Portanto, a
sociedade inglesa pode teoricamente dispor de recursos para
fazer face às mudanças ditadas pela transformação
demográfica que ainda está em curso naquele país. Hoje,
quando vários dos países subdesenvolvidos vêem suas
populações envelhecerem, a situação é distinta. Tais países
não completaram ainda um ciclo econômico e político e
permanecem carentes em vários sentidos; não dispõem de um
império fornecendo riquezas e um mercado assegurado para
seus produtos.79

É notória a necessidade de mudanças significativas quanto ao


desenvolvimento de ações direcionadas à população idosa, ações que tenham
como prerrogativas a ampliação da discussão sobre as políticas sociais,
entendidas como direitos de cidadania e não mais como benefícios.80 Continua
Borges:

Num contexto sociopolítico neoliberal, em que muitos direitos


sociais foram sendo privatizados e direcionados por demandas
mercadológicas, fica evidente a postura do Estado brasileiro no
sentido de transferir suas responsabilidades materiais com os
idosos, ao defender e incentivar iniciativas com as várias
formas de previdência e de medicinas privadas, em franco
crescimento no país.81

79
KALACHE, A. et al. O envelhecimento da população mundial. Um desafio novo. Revista de
Saúde Pública, São. Paulo, 21:200-10, 1987. p. 209.
80
BORGES, Maria Cláudia Moura. O Idoso e as Políticas Públicas e Sociais no Brasil. In: Von
Simson, Néri e Cachioni (org.). As Múltiplas Faces da Velhice no Brasil. Campinas, SP: Editora
Alínea, 2003. p. 79.
81
Ibid. p. 80.
56

O que se verifica é que as políticas sociais tem sido afetadas pelos


objetivos neoliberais. Sung, ao abordar o tema velhice e neoliberalismo, afirma:

Em termos de antropologia, o neoliberalismo radicaliza a noção


de Homem Econômico que está na base das teorias
econômicas neoclássicas. O ser humano é reduzido a um
indivíduo que age a partir do cálculo racional de seus
interesses econômicos pessoais, cálculo da relação entre custo
benefício. O mercado o vê somente como produtor de bens
econômicos, investidor e consumidor de mercadorias. Para o
mercado neoliberal, portanto, não importa se o indivíduo é
velho ou não, homem ou mulher; o que realmente conta é a
sua capacidade econômica e, em particular, a de consumo.82

Nesta mesma linha de raciocínio, Simone de Beauvoir afirma:

No mundo capitalista os privilegiados decidem o destino das


massas. A economia baseia-se no lucro, é praticamente a ele
que está subordinada toda a civilização. O material humano só
desperta interesse na medida em que pode ser produtivo. E
em seguida, é rejeitado.83

O que se verifica atualmente é que tanto o Estado quanto empresas


privadas e organizações não-governamentais tem promovido orientações ou
intervenções, na busca de uma melhor assistência à população idosa. A isto,
Debert chama de “socialização progressiva da gestão da velhice”.84 Porém, é
importante se destacar que a influência da ideologia neoliberal na construção
de Políticas Públicas, como também a mentalidade de muitos
orientadores/interventores, tem concebido a velhice como uma
85
responsabilidade do indivíduo (reprivatização da velhice). Autores como
Behring e Boschetti afirmam:

Se relacionarmos as políticas sociais às estratégias de


hegemonia, isso significa sua configuração a partir de uma
direção intelectual e moral, que está imbricada aos projetos
societários com implicações para a concepção e a legitimidade
de determinados padrões de proteção. Exemplo disso é o
período que estamos vivendo, de retomada dos valores
liberais, de responsabilização individual pela condição de

82
SUNG, Jung Mo. Sementes de Esperança. Petropolis: Vozes, 2005 p. 98-99.
83
BEAUVOIR, Simone de. A velhice. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2003.
84
DEBERT, Guita Grin . A construção e a reconstrução da velhice: família, classe social e
etnicidade. In: NERI, Anita Liberalesso, DEBERT, Guita Grin (orgs). Velhice e sociedade.
Campinas: Papirus, 1999.
85
Expressão utilizada por Debert. Ibid.
57

pobreza, o que justifica ideoculturalmente a focalização das


políticas sociais.86

Segundo o Relatório Nacional sobre o Envelhecimento da População


Brasileira87, as mudanças ocorridas devido ao envelhecimento populacional
têm representado um fator de pressão importante para a inclusão do tema na
agenda de prioridades do governo. Nesta mesma linha o Relatório Técnico do
IBGE, intitulado “Perfil da população brasileira” afirma:

O aumento da longevidade deve ser reconhecido como uma


conquista social que se deve em grande parte ao progresso da
medicina e a uma cobertura mais ampla dos serviços de saúde.
No entanto este novo cenário é visto com preocupação por
acarretar mudanças no perfil de demandas por políticas
públicas, colocando desafios para o estado, a sociedade e a
família.88

Resta saber se o governo conseguirá superar a visão neoliberal ao


construir as políticas públicas. Não basta trazer o tema do envelhecimento
populacional à discussão, são necessárias mudanças que possam promover
uma melhor qualidade de vida aos idosos. Não somente a alguns, que por
questões econômicas, conseguem bancar suas despesas, mas a toda a
população idosa.

A Igreja Metodista (IM), como parte da sociedade, também é desafiada


pelo fenômeno do envelhecimento populacional. Como o objetivo é verificar se
a IM tem levado em consideração este fenômeno ao realizar sua ação pastoral,
serão apresentados no próximo capítulo conceitos, históricos e referenciais
teóricos relevantes para a realização desta pesquisa.

86
BEHRING, Eliane R. ; BOSCHETTI, Ivanete. Política Social: fundamentos e história. 3ed,
São Paulo: Cortez, 2007.p. 45.
87
Relatório Nacional sobre o Envelhecimento da População Brasileira
www2.mre.gov.br/relatorio_envelhecimento.doc (visitado em 30/03/2009).
88
Relatórios Técnicos – Perfil da população brasileira : Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) e Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE)
http://www.ence.ibge.gov.br/publicacoes/relatorios_tecnicos/relatorios/RT_01_00.pdf (visitado
em 05/03/2009)
CAPÍTULO II

HISTÓRICOS E DEFINIÇÕES: CONCEITOS NORTEADORES DA PESQUISA


(Teologia Prática, Teologia Pastoral, Pastoral, Práxis, Igreja Metodista)

Por tratar-se de uma pesquisa acadêmica cujo objetivo é analisar a Ação


Pastoral da Igreja Metodista frente ao fenômeno do envelhecimento
populacional brasileiro, utilizando-se de ferramentas da Teologia Prática, serão
apresentados neste capítulo breves apontamentos históricos e conceituais dos
termos que serão utilizados. Faz-se necessário entender quais os pressupostos
epistemológicos da pesquisa e seus referenciais teóricos.

Para melhor compreender a especificidade da Teologia Prática,


apresentar-se-á um breve histórico e sua conceituação, procurando diferenciá-
la da Teologia Pastoral, já que as duas, muitas vezes, foram confundidas no
decorrer da história. Com o objetivo de esclarecer o que se entende por “Ação
Pastoral”, será apresentado um breve histórico do termo “Pastoral” e sua
conceituação no contexto da América Latina. Quanto à utilização do termo
práxis no contexto deste trabalho, será apresentado, ainda que brevemente,
seu contexto etimológico, sua utilização e compreensão a partir do “senso
comum” (consciência comum da práxis), o desenvolvimento e a elaboração do
conceito filosófico (consciência filosófica da práxis), e mais especificamente o
conceito de práxis segundo Casiano Floristán.

Para apresentar a Igreja Metodista, serão realizados breves


apontamentos sobre seu histórico (Inglaterra, EUA e Brasil), sua estrutura
geográfico-organizacional e sua proposta “Pastoral”.

Pretende-se através deste capítulo fornecer subsídio para uma melhor


compreensão do objeto de estudo, dos pressupostos teóricos e de algumas
ferramentas metodológicas utilizadas.
59

2.1. Teologia Prática

Para melhor compreender a especificidade da Teologia Prática é


importante diferenciá-la da Teologia Pastoral, pois durante muito tempo, o
ensino desta foi atribuído às pessoas que tinham experimentado uma boa
prática na vida ministerial.1 Para Silva, esse tipo de procedimento fortaleceu a
confusão no uso dos termos, pois tudo passou a ser considerado pastoral, por
estar ligado ao prático.2 Esta falta de clareza conceitual fez com que estes
termos perdessem sua riqueza semântica.3

Ao olhar para a história é possível detectar alguns fatos que levaram a


Igreja a confundir estes dois termos e até utilizá-los como sinônimos. É
importante se destacar que a teologia pastoral surgiu de uma necessidade
prática, portanto, de uma teologia prática4.

Não há unanimidade quanto ao lugar e a relação entre estas duas


formas de teologia, a prática e a pastoral. Para o protestantismo europeu a
teologia prática é considerada a “ciência mãe”, enquanto a teologia pastoral é
um de seus departamentos.5 Segundo Ramos, para alguns autores católicos a
teologia pastoral é uma ciência autônoma.6 Já - Calvo - afirmará que existem
autores que não fazem nenhuma distinção entre elas, considerando-as
disciplinas complementares.7

Para uma melhor compreensão dos termos, apresentar-se-á abaixo um


pouco da história e as especificidades de cada uma dessas teologias.

1
SILVA. G. J. Idéias fundamentais para o estudo da teologia prática: uma abordagem a partir
da questão do método, In: Estudos de Religião, ano XV, nº 21: Práxis Religiosa e Religião.
São Paulo, Metodista, 2001, p.198-199.
2
Ibid.
3
Ibid.
4
Para melhor compreender esta afirmação, confira: ibid., p. 202-203; LONGUINI NETO, L. O
Novo Rosto da Missão. Viçosa: Ultimato, 2002. p. 50-53.
5
RÖSSLER apud LONGUINI NETO. LONGUINI NETO, L. O Novo Rosto da Missão. Viçosa:
Ultimato, 2002. p. 50.
6
RAMOS apud Ibid.
7
CALVO apud Ibid.
60

2.1.1. Teologia Pastoral - breve histórico e especificidades

A iniciativa de uma teologia pastoral surgiu de uma necessidade


prática, daí, o costume de tratá-la também como teologia prática. É possível
notar já no século XVI um interesse por se estudar a teologia pastoral,
dando ênfase na vida eclesial. São Gregório Magno (540-604) elaborou um
regulamento visando capacitar os sacerdotes para o ministério pastoral.
Segundo ele, além da vocação cada sacerdote deveria aprender na escola
sobre o “santo ofício”.8 Para São Gregório a arte de ministrar como
sacerdote deve ser estudada e vivenciada antes de ser aplicada. Neste
ponto de vista, teologia pastoral é comparada a uma arte que se aprende,
formal ou informalmente. Reconhecendo a necessidade de oferecer uma
boa formação pastoral aos sacerdotes, São Gregório afirmará:

Não se deve ter a pretensão de ensinar uma arte antes de


havê-la aprendido com esmerada aplicação. Quanta
temeridade, pois a dos ignorantes que assim mesmo
pretendem o magistério pastoral, o governo das almas, que é a
arte das artes? Ignora alguém serem as chagas da alma ainda
mais ocultas que as das entranhas? E, no entanto, quantos os
que, sem haver aprendido as regras e preceitos do espírito,
não titubeiam em dizer-se médicos do coração; ao passo que
se envergonharia de ser chamado médico do corpo quem não
conhecesse as virtudes dos medicamentos.9

No século XII, no quarto Sínodo de Latrão (1215) houve um decreto


real ordenando que junto com o professor especialista nas Escrituras
Sagradas, deveria haver outro professor, especialista em trabalho pastoral e
ministração da confissão.10 Para diferenciar esta nova disciplina das mais
teóricas e especulativas, denominaram-na de Teologia Prática. No século
XVI, como resposta ao movimento da Reforma Protestante, a Igreja
Católica realizou o Concílio de Trento, que objetivou, entre outros aspectos,
reformar o clero, renovar o ministério episcopal e pleitear um lugar de
destaque da paróquia na ação pastoral. Como fruto de alguns esforços,

8
GOMES, C. F. Antologia dos Santos Padres. São Paulo: Paulinas 1973. p. 336.
9
FLORISTAN, Casiano. Teologia Practica: Teoria Y Práxis la Accion Pastoral. Salamanca:
Ediciones Sigueme, 2002. p. 337.
10
Ibid., p. 95.
61

foram elaborados manuais de capacitação para o clero, com o objetivo de


aperfeiçoá-los na prática do sacerdócio.11

Como disciplina teológica, a Teologia Pastoral nasceu no dia 3 de


outubro de 1774, mediante um decreto real da imperatriz Maria Tereza da
Áustria (1740-1780), como parte da reforma dos estudos eclesiásticos
propostos por Stephan Rautenstrauch (1734-1785), canonista beneditino.12
No momento em que a disciplina Teologia Pastoral foi reconhecida
oficialmente com estatuto científico, havia uma forte disputa teológica de
cunho político, que a colocou em um joguete entre a Igreja e o Estado.13
Com respeito a este joguete, afirma Longuini:

Por um lado, o primeiro manual, “Pastor bônus”, editado em


latim em 1698 e escrito pelo professor de Lovaina, J. Opstraet,
e transformado no primeiro texto de teologia pastoral em 1777,
era de tendência jansenista, ou seja, pleiteava a separação
entre os assuntos da Igreja e do Estado. De outro lado estava a
tendência josefinista, ou seja, teólogos que pleiteavam a total
servidão da igreja ao Estado e a submissão dos clérigos e
instituições eclesiásticas ao poder político. Sendo assim, a
teologia pastoral nasce com o objetivo de oferecer
ensinamentos sobre os deveres do ofício pastoral. Acontece
que, para o mentor da reforma eclesiástica, Rautenstrauch, os
pastores de almas são funcionários espirituais do Estado e com
seus ensinos devem formar não apenas bons cristãos como
também bons cidadãos. Lamentavelmente, essa tônica vai
prevalecer durante muito tempo na história da igreja, uma
teologia pastoral sem teologia e com uma prática
extremamente tendenciosa. Os clérigos eram entendidos como
funcionários estatais da religião e mesmo depois do iluminismo
vamos perceber a obediência cega de alguns clérigos aos
príncipes.

Dessa disputa, nem a hierarquia da Igreja, com seu desejo de treinar


os clérigos, nem a realeza, com o objetivo de tornar o clero subordinado à
coroa, podem ser consideradas reais interlocutoras para a teologia pastoral.

Verifica-se que desde seu início a teologia pastoral preocupou-se


com as questões internas da igreja, principalmente a capacitação da

11
Ibid., p. 96. Dentre os vários manuais, citaremos os apresentados por Floristan: 1)
Theologiae practicae compendium, de J. Molanus (1585); 2) Enchiridion Theologiae Pastoralis
et doctrinae necessariae sacerdotibus curam anumarum administrantibus, de P. Binsfeld
(1591); e 3) Manuale Paqrochorum, de L. Engel (1661)
12
Ibid., p. 96.
13
LONGUINI NETO. O Novo Rosto da Missão. Viçosa: Ultimato, 2002. p. 52.
62

liderança clériga. Com o intuito de mostrar a especificidade da teologia


pastoral, diferenciando-a da teologia prática, Silva afirmará:

Se o objetivo primeiro da teologia pastoral é o estudo das


questões relacionadas com a vida e as ações da igreja, parece
legítimo entender que o conteúdo da teologia pastoral está
alicerçado, diretamente, nas questões relacionadas com o
processo de formação da liderança das igrejas; isto é, a
teologia pastoral tem a sua atenção voltada para atender, num
primeiro momento, aos interesses da hierarquia eclesial. Por
outro lado, não se pode radicalizar esquecendo-se que a
teologia pastoral tem autonomia própria na elaboração de sua
metodologia teológica e no trato das disciplinas que formam o
núcleo gerador da vida eclesial.14

Para se evitar um reducionismo na compreensão da especificidade


da teologia pastoral é importante ressaltar que ela não é refém da intuição
ou capacitação pessoal de alguém, mas sim um conhecimento teológico,
por isso leva em conta seu instrumental metodológico. Segundo Ramos, a
teologia pastoral é fundamentalmente teologia. O substantivo é teologia e o
adjetivo é pastoral. Por isso deve ser estudada com metodologia
teológica.15

A teologia pastoral não deve perder sua criticidade ao avaliar a


estrutura eclesiástica que estabelece os critérios que regulamentam o
ministério, planejam a missão e organizam os estudos dos/as futuros
pastores/as e obreiros/as. Para Ramos, a teologia pastoral está vinculada
aos centros de formação e visa à construção crítica no interior da vida da
igreja enfrentando seu jeito de fazer teologia a partir das ações das
comunidades.16

Do que se expôs até o momento pode-se concluir que a teologia


pastoral é uma área do conhecimento fundamentada em pressupostos
teológicos que em diálogo com outras áreas do saber, preocupa-se com a
capacitação da igreja e seus membros para a realização de missão. Mais
adiante apresentar-se-á alguns fatores que levaram a igreja, tanto católica

14
SILVA. G. J. Idéias fundamentais para o estudo da teologia prática: uma abordagem a partir
da questão do método, In: Estudos de Religião, ano XV, nº 21: Práxis Religiosa e Religião. São
Paulo, Metodista, 2001, p. 199.
15
RAMOS. J. A. Teologia Pastoral. Madrid: Biblioteca de autores cristianos, 1995. p. 8.
16
Ibid., p. 16.
63

quanto as protestantes históricas de perfil ecumênico, a num determinado


momento substituir o termo teologia pastoral, por “Pastoral”; e no caso de
igrejas protestantes com posturas teológicas evangelicais, a utilizarem o
termo ”Ministério”.17

2.1.2. Teologia Prática - breve histórico e especificidades

Desde seu nascimento, a teologia prática é uma disciplina


controvertida. Segundo Hoch, ela tomou assento nas faculdades de
Teologia por negligência e descuido e não por um desejo consensual de
seus criadores.18 Na Alemanha, no início do século XIX, o curso de Teologia
despertava o interesse de muitos estudantes, pois tinha assento nas altas
esferas das universidades estatais. Motivada pelo espírito iluminista
(racionalismo Kantiano), a teologia vai se esforçar para se legitimar como
uma ciência. Isto fez com que ela se tornasse refém de um academicismo
que a afastou da vida e missão da igreja.19 Durante este tempo a
teoria/teologia ensinada nas universidades não correspondiam com a
prática do ministério pastoral e a vida de fé dos membros da Igreja. Diante
disso, surgiu a necessidade de se criar uma disciplina teológica capaz de
estabelecer uma relação adequada entre a teologia acadêmica e a prática
da fé. Foi assim que surgiu nos currículos do curso de Teologia, a disciplina
Teologia Prática.20

A Teologia Prática, portanto, tem como finalidade última analisar


criticamente as ações da igreja, utilizando-se do instrumental desenvolvido pelo
método das ciências humanas. Seu compromisso é com a busca do
conhecimento, por isso não está subordinada aos interesses da hierarquia

17
Quando for abordado o conceito de Pastoral explicar-se-á melhor esta substituição de
termos.
18
HOCH Lothar Carlos. O lugar da Teologia Prática como disciplina teológica. In: SCHNEIDER-
HARPPRECHT, Cristoph (org). Teologia Prática no contexto da América Latina. São Leopoldo:
Sinodal: ASTE, 1998. p. 23.
19
HOCH Lothar Carlos. O lugar da Teologia Prática como disciplina teológica. In: SCHNEIDER-
HARPPRECHT, Cristoph (org). Teologia Prática no contexto da América Latina. São Leopoldo:
Sinodal: ASTE, 1998. p. 24.
20
Ibid.
64

religiosa.21 Seu objetivo principal é promover um conhecimento pautado pelo


rigor científico que leve em consideração a interdisciplinaridade. Segundo Silva,
“a teologia prática estabelece constante diálogo com as outras ciências para
alcançar os objetivos estabelecidos no contexto dos estudos das ciências das
religiões”.22 Nas palavras de Hoch,

A Teologia Prática é a interlocutora especial das práticas


pastorais desenvolvidas no seio do povo de Deus. Estas
precisam da análise e da reflexão teológica, a fim de que
possam melhor resistir a críticas intermitentes de que são
alvos, tais como o expontaneísmo e a falta de rigor
metodológico, frutos de um déficit de reflexão teológica. 23

Mesmo no ambiente acadêmico é possível encontrar atitudes de


preconceito para com a teologia prática, tentando lhe tirar o estatuto científico.
A este respeito afirma Silva:

O problema de fundo que a teologia prática enfrenta é a falta


de clareza do seu conjunto de possibilidades de ações na vida
academica. O termo “teologia prática” tem sido prejulgado por
aquilo que se realiza, sem considerar o rigor científico. Essa
mesma situação de insatisfação é experimentada por outras
ciências, as quais são julgadas pelo eixo do estruturalismo. A
teologia prática, com o seu núcleo de disciplinas bem definido
metodologicamente, pode ser identificada dentro do núcleo das
Ciências das Religiões, sem extrapolar o seu status de
disciplina científica. 24

Pelo exposto, verificou-se que Teologia Pastoral e Teologia Prática não


são expressões sinônimas. Cada qual tem sua abordagem, partindo de
pressupostos epistemológicos diferentes.

Neste trabalho utilizar-se-ão os referenciais teóricos da Teologia Prática,


área do conhecimento teológico que tem por finalidade analisar criticamente as
ações da igreja, utilizando-se do instrumental desenvolvido pelo método das
ciências humanas. Conhecimento este que segue rigor científico e valoriza a
interdisciplinaridade.

21
SILVA. G. J. Idéias fundamentais para o estudo da teologia prática: uma abordagem a partir
da questão do método, In: Estudos de Religião, ano XV, nº 21: Práxis Religiosa e Religião.
São Paulo, Metodista, 2001, p. 199.
22
Ibid.
23
HOCH, Lothar Carlos. Op. cit.. p. 22.
24
SILVA. G. J. Idéias fundamentais para o estudo da teologia prática: uma abordagem a partir
da questão do método, In: Estudos de Religião, ano XV, nº 21: Práxis Religiosa e Religião.
São Paulo, Metodista, 2001, p. 199.
65

2.2. Pastoral

Não se deve ignorar ou mesmo querer controlar a evolução semântica


dos termos utilizados tradicionalmente pela igreja cristã para designar sua ação
no mundo. Durante o período de pesquisa bibliográfica o pesquisador dedicou-
se a estudar alguns destes termos. Porém, pelo fato do estudo acima ter ficado
extenso, será apresentado apenas a conclusão da pesquisa. Verificou-se que
no decorrer dos tempos a igreja cristã utilizou várias palavras para assinalar a
ação, o trabalho, a prática dos cristãos no mundo, dentre elas: Missão,
Evangelização, Ministério e Pastoral. Respondendo a cada momento histórico,
teólogos, missiólogos e pastoralistas (formais ou não) conceituavam estes
termos, com vistas a apresentar horizontes de ação para a igreja. Dependendo
do momento estes termos recebiam novos significados, por isso, conceituá-los,
hoje, não é uma tarefa fácil. O que se pode afirmar é que todos estes termos
foram utilizados pela igreja para designar sua ação no mundo.

Porém, mais que uma discussão conceitual, a problemática em torno


destes termos é uma questão “eclesiológica, com consequências missiológicas
e praxiológicas”.25 Neste sentido vale lembrar a crítica que Richard Shaull fez
ao protestantismo histórico ao apresentar sua proposta de renovação
eclesiológica fundamentada na máxima calvinista: Ecclesia reformata semper
reformanda (Igreja reformada e sempre reformando):

Em termos teológicos, a igreja pode ser uma comunidade


missionária; nos fatos reais, constituiu-se num sério obstáculo à
obra das missões. A congregação local tira a pessoa do mundo
e absorve seu tempo num programa religioso, em lugar de
deixá-la em liberdade para a sua missão no mundo. Nossas
organizações eclesiásticas não são bons exemplos desse tipo
de exército dinâmico e flexível que dirige suas energias
principalmente para o testemunho e o serviço dos que se
encontram fora. As juntas e organizações missionárias, e seu
justificado desejo de transferir uma crescente responsabilidade
a suas igrejas membros, chegaram a prender-se de tal modo a
uma organização eclesiástica relativamente estática, que, com

25
BARRO, Jorge Henrique. A Pastoral em perspectiva Latino-Americana: um ensaio à
transformação da realidade. In: KOHL, Manfred W; BARRO, Antônio Carlos. Ministério Pastoral
Transformador. Londrina: Descoberta, 2006. p. 37
66

raras exceções, não conseguiram mostrar grandes


possibilidades de pensar imaginativamente sobre as vastas e
novas fronteiras da missão, nem se entregaram a novas
aventuras nesse campo. E o movimento ecumênico a tal ponto
se envolveu nas relações intereclesiásticas, que de pouco
tempo dispõe para ocupar-se dos problemas cruciais que
afetam a situação humana.26

Neste trabalho optou-se pelo termo Pastoral por considerá-lo mais


abrangente e culturalmente mais próximo do cristianismo latino-americano.
Portanto, apresentar-se-á neste momento um breve histórico e a conceituação
do termo.

2.2.1. Pastoral - breve histórico e conceituação

É na figura bíblica do pastor que se encontram as origens biblico-


teológicas do termo Pastoral. O povo de Israel tinha no cultivo do rebanho de
ovelhas sua principal riqueza e total subsistência. A ovelha fornecia alimento e
lã (roupas e tendas). Seu excedente era usado como permuta comercial. Ela
era considerada o principal animal do sistema sacrificial. Portanto, a pessoa
encarregada de cuidar do rebanho (o pastor), desempenhava uma importante
função.27 Antes mesmo de Israel, os povos da Mesopotâmia já designavam
seus reis e sacerdotes de Pastores. Segundo Bosetti e Panimolle, o povo de
Israel dará ao termo um sentido mais amplo e teológico. Para este o verdadeiro
e único pastor é Deus e todo aquele que, à semelhança dele, participa e zela
da vida e do povo poderá, igualmente, ser designado como pastor28.

Ainda que a expressão Deus-Pastor apareça apenas quatro vezes na


Bíblia, o tema, em si, está presente em muitos textos. Com respeito a isso
Bosetti e Panimolle afirmam:

O fato de o termo pastor aparecer poucas vezes como atributo


da divindade do rei israelita não deve ser motivo de engano e
nem levar a conclusões apressadas. Se o título é raro, o uso do

26
SHAULL, Richard. De dentro do furacão: Richard Shaull e os primórdios da Teologia da
Libertação. São Paulo: Sagarana; CEDI; CLAI; Prog. Ec. De Pós-Grad. Em Ciências da
Religião, 1985, p. 137.
27
LIBÂNIO, J. B. O que é Pastoral. São Paulo: Brasiliense, 1982, p.15.
28
BOSETTI, Elena & Panimolle, Salvatore A. Deus Pastor na Bíblia: solidariedade de Deus
com o seu povo, São Paulo, Paulinas, 1986.
67

verbo “apascentar” e de seus sinônimos é freqüente. Essa


primeira constatação já é significativa: o importante para
Escritura não é o uso formal de um título, mas o destaque de
um comportamento. É constatar que Deus se comporta com o
seu povo como o bom pastor com o seu rebanho. Mais do que
o substantivo, o que interessa à Bíblia são os verbos.29

Ser pastor em Israel implicava em ater-se fielmente ao chamamento à


missão do povo. Quando o pastor deixava de inserir-se fielmente na vida e
missão do povo, ele era exortado e criticado (Jr 23:2; Ez 34). O próprio Jesus
apresentou-se como o bom pastor que dá a vida pelas ovelhas (Jo 10:1-18).
Portanto, a Pastoral deve ser entendida a partir das descrições bíblicas da
função do pastor. É olhando para o texto sagrado que a Pastoral se firma e
responde ao seu chamado. Bosetti e Panimolle afirmam:

A ação pastoral da Igreja procura buscar inspiração na prática


daquele que é o único Pastor. Os que chamamos de pastores e
agentes de pastoral não possuem outro ponto de referência
para seu ser e agir se não no comportamento daquele que se
autodefiniu o Pastor. 30

Deve-se perguntar então, se a Pastoral da Igreja tem demonstrado


fidelidade a estes princípios bíblicos, respondendo às necessidades materiais,
emocionais e espirituais advindas da sociedade? Para responder esta questão,
faz-se necessário, primeiramente, refletir sobre o que se entende por Pastoral.

Segundo Sant’Ana o uso do termo Pastoral generalizou-se


principalmente na Igreja Católica Romana no início da década de 1960, por
influência de Emile Pin e François Houtart, quando propuseram uma reflexão
mais elaborada sobre a presença da Igreja na sociedade, pontuando sua
função e os métodos mais adequados de proclamação e prática do
Evangelho.31 Neste contexto utilizou-se principalmente a expressão “pastoral
de conjunto”.32 Entretanto, foi a partir da publicação do documento papal
Gaudium et Spes, que abordava sobre a ação da Igreja na sociedade
contemporânea que o termo passou a ser entendido como ação denunciadora
29
BOSETTI, Elena & Panimolle, Salvatore A. , Deus Pastor na Bíblia: solidariedade de Deus
com o seu povo, São Paulo, Paulinas, 1986. p. 18.
30
Ibid. p. 5.
31
SANT’ANA, Júlio. Modelos Bíblicos de Pastoral. Tempo e Presença – Suplemento, 185,
1983. p.3-4
32
Para melhor compreender o que seja Pastoral de Conjunto cf.:GALILEA, Segundo. (Org.) La
pastoral de conjunto em latinoamerica. Pastoral de hoy. Santiago, Chile: Nova Terra? Instituto
Pastoral Latinoamericano, 1965, p.12.
68

e anunciadora da igreja em situações históricas específicas.33 Segundo


Sant’Ana,

O sentido do vocábulo refere-se à forma como a Igreja cumpre


a sua missão, seja em termos gerais (pastoral de conjunto) ou
particulares (pastoral da terra, pastoral indígena, pastoral da
juventude: que quer dizer, referida a situações e/ou grupos
sociais específicos). A pastoral, pois, no contexto do
pensamento católico latino-americano, refere-se à ação coletiva
do povo de Deus, da Igreja, cuja figura hierárquica é o Bispo.34

Na mesma linha que Sant’Ana, Silva afirmará que foi no ambiente


católico da América Latina que surgiu uma nova concepção de pastoral:

Na tradição católica, a partir do Vaticano II (1963-1965) e de


Medellín (1968), a Igreja Católica Romana, no contexto da
América Latina, experimenta uma radical mudança no seu
processo de formação pastoral e no agir da Igreja (...) Medelín
descobre a necessidade de uma pastoral que possa adaptar-se
às diversidades e pluralidades culturais e sociais do povo
latino-americano.35

Diante das afirmações acima, faz-se necessário esclarecer que o termo


não surgiu na década de sessenta do século vinte. O que os autores ressaltam
é a sua resignificação diante do novo modo de ser igreja. Gustavo Gutierrez36
nos ajuda nesta compreensão quando realiza uma breve incursão pela história
da igreja cristã destacando a presença de quatro formas diferentes de
Pastorais no decorrer dos séculos, as quais denominou: cristandade,
neocristandade, maturidade na fé e profética. Após abordar o momento
histórico em que surgiram, destacar suas características principais e apresentar
uma análise teológica de cada uma, ele afirma que desde sua chegada na
América Latina a Igreja Católica tem se utilizado dessas quatro formas
pastorais. Segundo ele, todas elas estão presentes e coexistem, ainda hoje, no

33
ROSA, Ronaldo Sathler. Cuidado Pastoral em Tempos de Insegurança: Uma hermenêutica
teológico-pastoral. São Paulo: Aste, 2004, p. 32.
34
SANT’ANA, Júlio. Modelos Bíblicos de Pastoral. Tempo e Presença – Suplemento, 185,
1983. p. 4.
35
SILVA. G. J. Idéias fundamentais para o estudo da teologia prática: uma abordagem a partir
da questão do método, In: Estudos de Religião, ano XV, nº 21: Práxis Religiosa e Religião.
São Paulo, Metodista, 2001p. 204.
36
GUTIERREZ, G. Líneas pastorales de la iglesia em América Latina. Analisis teológico. 8. ed.
Lima: Centro de Estúdios y Publicaciones, 1986. Este pequeno texto de Gustavo Gutierrez é
fruto de uma série de conferências ministradas a dirigentes de movimentos universitários
católicos (MIEC – Movimento Internacional de Estudantes Católicos) reunidos em Montevidéu
em 1967. O autor apenas revisou seus apontamentos de apresentação oral, dando lhe o
formato de texto.
69

contexto latino-americano. Para uma visão geral das quatro formas de


Pastorais para Gutierrez, veja o quadro abaixo, elaborado por Lima.

GUSTAVO GUTIERREZ (Tabela 10)


Etapas Período Aspectos Teológicos Concepção de Igreja Relação com o
mundo
Cristandade: Igreja e
Teologia Dogmática Estado. O
Pastoral da De Constantino até o apoiada em Santo A Igreja Una - totalitarismo religioso
Cristandade Concílio Vaticano II Tomás de Aquino. jurídica: Paróquia domina a distinção
Categoria central: entre o temporal e o
Salvação espiritual.

Teologia como A Igreja fora de seus


A partir de 1930 com historicidade e A Igreja como Corpo muros eclesiásticos
Pastoral da Nova o catolicismo social e encarnação na Místico cria instituições
Cristandade liberal francês sociedade temporais: partidos
políticos e
movimentos de ação
católica

Teologia como A igreja reconhece


maturidade da fé. A Igreja como os valores do mundo
Pastoral da Século XX Dedica-se a comunidade em moderno e assume
Maturidade da Fé formação das elites defesa da fé funções ligadas à
cristãs sociedade:
cuidadosamente assistência social,
educando-as na fé colégios e
cristã. universidades

Teologia da práxis e A igreja como


Pastoral Profética Medelín 1969 e profética na comunidade dos Socialismo e
Puebla 1979 diáspora. pobres – capitalismo
Comunidades
eclesiais de Base
37

Para Gutierrez Pastoral é a forma pela qual a igreja apresenta a


mensagem do Evangelho nos vários momentos históricos e nas mais variadas
realidades. Para tal ela leva em consideração dois fatores: 1) a realidade na
qual a igreja está inserida e 2) a teologia (inteligência da fé). A pastoral,
portanto, tem como grande responsabilidade adequar a mensagem do
Evangelho às necessidades existentes numa determinada realidade38.

37
LIMA, Ricardo Barros. Orlando Costas: Ensaios no caminho para uma Pastoral Evangélica
Latino-Americana. 2008. 130 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião – Práxis
Religiosa e Sociedade). Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2008.
38
GUTIERREZ, G. Líneas pastorales de la iglesia em América Latina. Analisis teológico. 8. ed.
Lima: Centro de Estúdios y Publicaciones, 1986. p. 12.
70

Quanto à abordagem do termo “Pastoral” numa perspectiva protestante,


iniciamos com uma afirmação de Clóvis Pinto de Castro: “não é tão popular no
cotidiano da maioria das igrejas evangélicas. Seu uso é mais comum nos
setores progressistas e ecumênicos dessas igrejas, especialmente entre
aqueles que optaram em fazer teologia na perspectiva da libertação”.39
Geralmente o termo está ligado à pessoa e função do pastor, porém, nos
últimos anos tem ganhado novos significados como fruto de estudos e
reflexões profundos.

Segundo Silva foi “a partir de Emilio Castro, pastor protestante


metodista do Uruguai, nas sete palestras proferidas no Seminário Bíblico
40
Latino-americano, em San José/Costa Rica, Cátedra Strahan, 1971” , que
este termo passou a ocupar um lugar de destaque no meio protestante.
Continua Silva: “Castro desafiou aos participantes das palestras a refletirem
sobre o grave problema que estava presente na vida da igreja evangélica
latino-americana, por falta de um modelo de pastoral autentico e contextual” 41.

Influenciado por Emílio Castro, Orlando Costas se despontará como


outro nome importante entre os protestantes da América Latina que auxiliará na
construção de reflexões e estudos sobre o tema pastoral. Para ele,

Pastoral é toda aquela ação que busca correlacionar o


evangelho ou a fé cristã, com as situações concretas do viver
diário, servindo de ponte para a experiência (internalização,
incorporação e atualização) da fé na vida cotidiana. Sendo que
a vida cotidiana assume diversas formas, a pastoral será tão
complicada como a própria vida. Por isso que , ao falar de
pastoral, faz-se necessário precisar a classe de ação a qual
nos referimos. Nesse trabalho, falamos de uma pastoral social
porque se trata daquela ação da igreja na sociedade. 42

Além de Emílio Castro e Orlando Costas, devem ser destacados


também, entre os protestantes, os esforços de movimentos como CELAS
(Conferências Evangélicas Latino-Americanas) e ISAL (Igreja e Sociedade para

39
CASTRO, Clóvis Pinto de. Por uma fé Cidadã. São Paulo: Loyola, 2000. p. 104.
40
SILVA. G. J. Idéias fundamentais para o estudo da teologia prática: uma abordagem a partir
da questão do método, In: Estudos de Religião, ano XV, nº 21: Práxis Religiosa e Religião. São
Paulo, Metodista, 2001. p. 204.
41
Ibid., p.205-206
42
COSTAS Orlando. E. El protestantismo em América Latina hoy: Ensaios Del camino (1972-
1974). Costa Rica: INDEF, 1975. (Colecion Iglesia y Misión, 3).
71

a América Latina), pois ambos contribuíram para uma maior reflexão sobre o
tema.43 Segundo Silva, mesmo com todos estes esforços os avanços foram
imperceptíveis, uma vez que as igrejas protestantes continuam a desenvolver
as suas experiências, sempre, voltadas para a visão de “ministério”.44 O termo
“pastoral” continuou e continua a apresentar, em muitos círculos, certa
dificuldade de compreensão e de aplicabilidade na vida das comunidades.45

Superar a visão limitante que considera a Pastoral uma ação do clérigo,


despertando a comunidade de fé a uma ação pastoral no mundo é um desafio
aos pastoralistas. No contexto desta dissertação concorda-se com as
definições de Clóvis P. Castro:

Pastoral é a ação do povo de Deus na realidade cotidiana,


onde, na relação tempo e espaço, o ser humano se encontra. A
preocupação básica da pastoral é a eficácia e a relevância da
fé cristã. Pastoral é também responsável pela inserção do povo
de Deus no espaço público. Pastoral é ação intencional,
sistemática e organizada coletivamente. É fruto do esforço
missionário da igreja que busca mudanças, vislumbrando
novos tempos na perspectiva do Reino Messiânico de Deus.
Não é, portanto, qualquer tipo de ação. Não é uma ação
esvaziada de sentidos. É a ação que instaura o novo. Não é
ação isolada, individual e personalizada do pastor ou da
pastora, mas a ação da comunidade de fé organizada em
pastorais específicas, que atua e colabora na produção de
eventos de ação pública.46

Como afirmado acima, este trabalho optou pelo termo Pastoral por
considerá-lo mais abrangente e culturalmente mais próximo do cristianismo
latino-americano. Mesmo reconhecendo que existam outros termos possíveis
para designar a ação da Igreja no mundo, concorda-se com Longuini47 que no
contexto da América Latina a Pastoral é o novo rosto da Missão, e por que não
dizer, também, do Ministério (enquanto serviço no mundo) e da Evangelização
(como proclamação da Boa Nova).

43
SILVA, Geoval Jacinto. Idéias fundamentais para o estudo da teologia prática: uma
abordagem a partir da questão do método, In: Estudos de Religião, ano XV, nº 21: Práxis
Religiosa e Religião. São Paulo, Metodista, 2001. p. 207.
44
Ibid. p. 204.
45
Ibid.
46
CASTRO, Clóvis Pinto de. Por uma fé Cidadã. São Paulo: Loyola, 2000. p.105.
47
LONGUINI NETO. O Novo Rosto da Missão. Viçosa: Ultimato, 2002.
72

2.3. Práxis

Para melhor compreender a utilização do termo práxis no contexto deste


trabalho, será apresentado, ainda que brevemente, seu contexto etimológico,
sua utilização e compreensão a partir do “senso comum” (consciência comum
da práxis), o desenvolvimento e a elaboração do conceito filosófico
(consciência filosófica da práxis), e para concluir, o conceito de práxis segundo
Casiano Floristán.

2.3.1. Práxis - conceitos gerais

O termo práxis vem do grego “πραξις” e significa ação. Porém, fazem-se


necessários alguns esclarecimentos terminológicos, já que a palavra vem de
uma cultura e tradição bem distantes da nossa, sendo incorporada ao
dicionário da língua portuguesa. Práxis no grego antigo significa a “ação de
levar algo a cabo, mas uma ação que tem um fim em si mesma, e que não cria
ou produz um objeto alheio ao agente ou a sua atividade”.48 Uma ação que
produzisse algo exterior ao sujeito e a seus atos, era chamado pelos gregos na
antiguidade de “poiésis”.49 Segundo Vazquez, se fossemos rigorosamente fiéis
ao significado original do termo grego, utilizaríamos “poiésis” ao invés de
“práxis”, ou seja, deveria se chamar de ”filosofia da poiésis” ao que chamamos
de ”filosofia da práxis”.50 Porém, deve-se levar em conta, que a palavra
“poiésis”, em português (bem como em espanhol e outras línguas modernas),
ficou ligada a “poesia”, “poeta” e “poético” e portanto, não representa, a
consciência filosófica desenvolvida no decorrer dos tempos. Diante disso,
utilizar-se-á a palavra “práxis” ao invés de “poiésis”.

Em português também se pode utilizar o substantivo prática para


designar uma ação. Os dois termos (práxis e prática) podem ser utilizados
indistintamente, porém, prática é mais empregada na linguagem comum e

48
VAZQUEZ, Adolfo Sánchez. Filosofia da Práxis. Buenos Aires: Consejo Latinoamericano de
Ciencias Sociales – CLACSO; São PauloExpresão Popular, Brasil, 2007. p. 28.
49
Ibid.
50
Ibid.
73

literária e práxis, no vocabulário filosófico.51 Com respeito à utilização destes


dois termos em outras línguas modernas, afirma Vazquez:

Também em italiano se pode dizer “práxis”e “pratica”. Em


francês emprega-se quase que exclusivamente o termo
“practique”, em russo somente se usa o vocábulo “praktika”, e
em inglês a palavra correspondente é “practice”. Em alemão
conserva-se o termo original transcrito do mesmo modo que em
espanhol e em português (isto é, “práxis”), com a
particularidade de que apenas se dispõe deste último, ao
contrário do que ocorre, como acabamos de ver, com as
demais línguas modernas que tem um termo próprio usado
com caráter exclusivo ou junto com a palavra grega “práxis”.52

O termo “prática”, utilizado no “senso comum”, por estar relacionado ao


cotidiano, foi assumindo um caráter de atividade humana num sentido
estritamente utilitário, que podem ser encontrado nas expressões: “homem
prático”, “resultados práticos”, “profissão prática”, etc.53

O conceito de práxis foi retomado e sistematizado filosoficamente por


54
Marx. Porém, deve-se ressaltar que essa consciência filosófica da práxis não
se inicia com ele, bem como, com ele não se encerrou. Esta consciência teve
seus antecedentes no passado, desde a Grécia Antiga, e continua sendo
reformulada no decorrer dos tempos.55 Foi diante do materialismo abstrato de
Feuerbach e do idealismo de Hegel, que Marx desenvolveu o conceito de
práxis, apresentando-o como uma ação ou atividade prática econômico-social,
com poder de transformação.56

Diante disso, ainda que etimologicamente o termo “práxis” não


corresponda ao que os gregos antigos afirmavam, ele é preferível à “poiésis”,
por seu desenvolvimento conceitual dentro de uma análise histórico-filosófica.

51
VAZQUEZ, Adolfo Sánchez. Filosofia da Práxis. Buenos Aires: Consejo Latinoamericano de
Ciencias Sociales – CLACSO; São PauloExpresão Popular, Brasil, 2007. p. 27. Reconhecendo
que os mesmos apontamentos feitos por Vazquez quanto ao uso das palavras práxis e prática
em espanhol servem também para a a lingua portuguesa, seguimos a mesma lógica nos
apontamentos.
52
Ibid., p. 27.
53
Ibid., p. 27-28
54
Floristán afirmará que alguns estudiosos dizem que o primeiro a utilizar o termo foi um
hegeliano de esquerda chamado A. V. Cieszkowski, em 1840. Cf. FLORISTAN, Casiano.
Teologia Practica: Teoria Y Práxis la Accion Pastoral. Salamanca: Ediciones Sigueme, 2002.p.
175-176.
55
VAZQUEZ. Op. cit., p. 28.
56
FLORISTAN, Casiano. Teologia Practica: Teoria Y Práxis la Accion Pastoral. Salamanca:
Ediciones Sigueme, 2002.p. 176.
74

Ele é preferível, também, ao termo “prática”, por designar uma atividade


consciente e objetiva que visa uma transformação.57 Analisando a busca dessa
ação consciente, que se daria através de uma filosofia da práxis, Gramsci tece
as seguintes considerações:

uma filosofia da práxis só pode apresentar-se, inicialmente, em


uma atitude polêmica e crítica, como superação da maneira de
pensar precedente e do pensamento concreto existente (ou
mundo cultural existente). E, portanto, antes de tudo, como
crítica do ‘senso comum’ (e isto após basear-se sobre o senso
comum para demonstrar que ‘todos’ são filósofos e que não se
trata de introduzir de novo uma ciência na vida individual de
‘todos’, mas de inovar e tornar ‘crítica’ uma atividade já
existente) e, posteriormente, da filosofia dos intelectuais, que
deu origem à história da filosofia e que, enquanto individual (e,
de fato, ela se desenvolve essencialmente na atividade de
indivíduos singulares particularmente dotados), pode ser
considerada como as ‘culminâncias’ de progresso do senso
comum, pelo menos do senso comum dos estratos mais cultos
da sociedade e, através desses, do senso comum popular.58

Para que aconteça uma verdadeira práxis humana é necessário


abandonar e superar o “senso comum” construindo uma “consciência filosófica
da práxis”. Neste sentido afirma Kosik:

(...)Os fenômenos e as formas fenomênicas das coisas se


reproduzem espontaneamente no pensamento comum como
realidade (a realidade mesma), porque o aspecto fenomênico
da coisa é produto natural da práxis cotidiana. A práxis utilitária
cotidiana cria o “pensamento comum”. O pensamento comum é
a forma ideológica do agir humano de todos os dias. Todavia, o
mundo que se manifesta ao homem na práxis fetichizada, no
tráfico e na manipulação, não é o mundo real, é o mundo da
aparência . A representação da coisa não constitui uma
qualidade natural da coisa e da realidade. É a projeção na
consciência do sujeito, de determinadas condições históricas
petrificadas. A distinção entre o mundo da aparência e o
mundo da realidade, entre a práxis utilitária cotidiana dos
homens e a práxis revolucionária da humanidade.59

Segundo Vazquez, enquanto a consciência comum não percorre a


distância da consciência reflexiva não pode nutrir uma verdadeira práxis

57
VAZQUEZ, Adolfo Sánchez. Filosofia da Práxis. Buenos Aires: Consejo Latinoamericano de
Ciencias Sociales – CLACSO; São PauloExpresão Popular, Brasil, 2007. p. 28
58
GRAMSCI, Antonio. Concepção dialética da História. 10. ed. Rio de Janeiro: Civilização
1995.p. 18.
59
KOSIK, K. Dialética do Concreto. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1969. p. 15.
75

revolucionária.60 O homem comum encontra-se preso às suas necessidades


básicas, reconhecendo como prático somente aquilo que possa estar ligado ao
prático-utilitário. Continua Vazquez:

Em um mundo regido pelas necessidades práticas imediatas –


em um sentido estritamente utilitário – não só as atividades
artísticas e a política, particularmente a revolucionária, são
improdutivas ou impráticas por excelência, uma vez que postas
em relação com os interesses imediatos, pessoais, carecem de
utilidade, já que seus atos só produzem prazer estético em um
caso, ou fome, miséria e perseguições no outro. Também a
atividade teórica – e em maior medida quanto mais afastada
das necessidades práticas imediatas – apresenta-se à
consciência simples como uma atividade parasitária; por isso o
homem comum e corrente despreza os teóricos e,
principalmente, os filósofos, que especulam ou teorizam sem
oferecer nada de prático, isto é, nada de utilitário. Como a
criada de Thales há mais de vinte e cinco séculos, o homem
comum está disposto a rir do filósofo que, absorto pela teoria,
caminha pelo céu da especulação e tropeça no mundo das
coisas práticas.61

O que o homem comum não consegue compreender é que estes atos


práticos, mesmo sem levar em conta uma reflexão mais aprofundada (teoria),
fazem com que seus atos individuais influenciem a outros, bem como, também
sejam influenciados por eles, pois não vive num mundo “a-teórico”. Ele está
condicionado historicamente, ou seja, seus atos (individuais) refletem a forma
como sua consciência tem sido formada (idéias, valores, juízos).62 Neste
sentido, Marx afirma:

o modo pelo qual as pessoas manifestam sua vida reflete muito


exatamente o que elas são. Tal modo de ser coincide com sua
produção, tanto com o que produzem como com o modo pelo
qual produzem. O que as pessoas são depende, portanto, das
condições materiais de sua produção.63

Tanto Vazquez, quanto Gramsci, conceberam a “filosofia da práxis”


como a única filosofia (teoria) capaz de formar sujeitos conscientes e coletivos.
Gramsci afirmará que somente através da filosofia da práxis se poderá
trabalhar uma vasta camada de intelectuais, dando “personalidade ao amorfo

60
VAZQUEZ, Adolfo Sánchez. Filosofia da Práxis. Buenos Aires: Consejo Latinoamericano de
Ciencias Sociales – CLACSO; São PauloExpresão Popular, Brasil, 2007. p. 33.
61
Ibid. p. 35.
62
VAZQUEZ, Adolfo Sánchez. Filosofia da Práxis. Buenos Aires: Consejo Latinoamericano de
Ciencias Sociales – CLACSO; São PauloExpresão Popular, Brasil, 2007. p. 36
63
MARX, Karl. A Ideologia alemã e Outros Escritos. Rio de Janeiro, Zahar, 1965. p. 15.
76

elemento de massa”.64 Para Vazquez, o aperfeiçoamento dessa consciência


não é fruto de uma capacidade imanente no indivíduo, mas sim, resultado de
um processo histórico onde,

a própria práxis, isto é, a atividade prática material, chegou em


seu desenvolvimento, a um ponto em que o homem já não
pode continuar atuando e transformando de forma criadora –
isto é, revolucionariamente – o mundo – como realidade
humana e social –, sem cobrar uma verdadeira consciência da
práxis. Essa consciência é exigida pela própria história da
práxis real ao chegar a certo estágio de seu desenvolvimento,
mas apenas pode ser obtida, por sua vez, quando já
amadureceram ao longo da história das idéias, as premissas
teóricas necessárias.65

Vazques considera a existência de diferentes níveis de práxis,


dependendo do grau de penetração na consciência do sujeito ativo no
processo prático com o grau de criação ou humanização da matéria
transformada no produto de sua atividade prática. Apresenta entre outras, a
“práxis criadora” (reflexiva) e a “reiterativa” ou imitativa (espontânea). Essa
distinção de nível não elimina os vínculos de uma práxis com a outra, pois eles
se dão no contexto de uma práxis total, determinada por sua vez por um tipo
peculiar de relações sociais. Por isso, o espontâneo não está isento de
elementos de criação e o reflexivo pode estar a serviço de uma práxis
reiterativa, visto que o sujeito e o objeto se apresentam em unidade
indissolúvel na relação prática.66 Portanto, para Vázquez,

a práxis se apresenta ora como práxis reiterativa, isto é, em


conformidade com uma lei previamente traçada, e cuja
execução se reproduz em múltiplos produtos que mostram
características análogas, ora como práxis inovadora, criadora,
cuja criação não se adapta plenamente a uma lei previamente
traçada, e desemboca em um produto novo e único.67

A práxis criadora, portanto, é aquela que, em seu processo de


realização, transforma conscientemente uma realidade a partir de objetivos
traçados. A práxis reiterativa é aquela realizada de forma mecânica,

64
GRAMSCI, Antonio. Concepção dialética da História. 10. ed. Rio de Janeiro: Civilização
1995. p. 71.
65
VAZQUEZ. Op. cit., p. 36
66
VAZQUEZ, Adolfo Sánchez. Filosofia da Práxis. Buenos Aires: Consejo Latinoamericano de
Ciencias Sociales – CLACSO; São PauloExpresão Popular, Brasil, 2007. p. 265
67
Ibid., p. 266
77

espontânea, com baixo nível de consciência. Porém, deve se levar em conta a


correlação entre estes diferentes níveis de práxis. Para Vázquez estas práxis
estão em constante tensão dialética. Segundo ele,

o homem não vive num constante estado criador. Ele só cria


por necessidade, cria para adaptar-se a novas situações ou
para satisfazer novas necessidades. Repete, portanto,
enquanto não se vê obrigado a criar. Contudo, criar é para ele
a primeira e mais vital necessidade humana, porque só criando,
transformando o mundo o homem faz o mundo e se faz a si
mesmo. Assim, a atividade fundamental do homem tem um
caráter criador; junto a ela, porém, temos também como
atividade relativa, transitória aberta à possibilidade e
necessidade de ser substituída, - a repetição.68

Neste sentido pode-se afirmar que a práxis reiterativa manifesta


componentes da criação (uma vez que uma se relaciona dialeticamente à
outra): na medida em que cria, sob a forma de resistência a possibilidade de
reprodução de uma forma de saber necessário e orgânico de um determinado
grupo. Quanto a práxis criadora, não deve ser concebida como uma série
contínua de atos inovadores e conscientes, mas sim, atos que em
determinados momentos se repetem para serem fiéis ao propósito iniciado.
Vázquez explicará da seguinte forma:

Na práxis imitativa estreita-se o campo do imprevisível. O ideal


permanece imutável, pois já se sabe por antecipação, antes da
própria realização, o que se quer fazer e como fazer. (...)
Enquanto na práxis criadora cria-se também o modo de criar”,
na atividade reiterativa não se inventa o modo de fazer. Seu
modo de transformar já é conhecido, porque já foi criado
antes.69

Os desafios impostos historicamente pela realidade apresentam a


necessidade de avaliar os acertos e os desacertos, de manter certas prática e
de criar outras na tensão permanente entre teoria e prática; entre as mudanças
no plano do conhecimento e no âmbito histórico-social.70 Para tal, faz-se

68
Ibid., p. 267
69
VAZQUEZ, Adolfo Sánchez. Filosofia da Práxis. Buenos Aires: Consejo Latinoamericano de
Ciencias Sociales – CLACSO; São Paulo: Expresão Popular, Brasil, 2007. p. 275
70
Ibid. Esta tensão dialética entre práxis reiterativa e práxis criadora pode ser compreendida,
segundo Vázquez, da seguinte forma: “A práxis imitativa ou reiterativa tem por base uma práxis
criadora já existente da qual toma a lei que a rege. Esse lado negativo, porém, não exclui um
lado positivo que é, ampliar o já criado. Mas por positiva que seja a práxis reiterativa do homem
uma determinada circunstância, chega um momento em que tem de ceder caminho - no
78

necessário superar o ponto de vista do “senso comum”, que acredita que a


prática basta a si mesma não necessitando de teoria, e abrir-se para uma
reflexão mais profunda e criativa das ações humanas, a práxis.

2.3.2. Práxis - segundo Casiano Floristán

Partindo dos pressupostos epistemológicos do marxismo (apresentados


acima) Casiano Floristán71 desenvolveu uma compreensão peculiar de práxis.72
Segundo ele, o cristianismo pode ser considerado como um modo certo de
atuar (ortopráxis) e um modo correto de pensar (ortodoxia).73 Conceber a vida
cristã como um agir segundo o evangelho é aceitar a práxis como uma
categoria central.74 É partindo deste pressuposto que ele, em seu livro75,
considera a teologia prática como uma teologia da práxis da igreja.

Mesmo reconhecendo não existir uma práxis essencialmente cristã,


Casiano afirmará que há algumas dimensões da práxis dos cristãos que se
diferenciam de qualquer outra forma de práxis.76 Para ele,

(...) o crente, enquanto homem que crê, não pode aceitar uma
práxis fora de sua fé, nem pode exigir que o não-crente
necessite de uma para sua práxis. A autonomia do mundo,
exigida pela racionalidade, não se opõem ao crente e nem à
soberania de Deus. Só mediante uma práxis no mundo se
encontra a Deus como realidade última do mundo, já que Deus
se faz presente no ser humano, especialmente no oprimido que
anseia por libertação e dispõe em conseguí-la.77

Casiano, citando J. Alfaro afirma, que desde o Novo Testamento o


cristão é aquele que faz o que diz e não aquele que diz e não faz; este é o

mesmo campo de atividade - a uma práxis criadora. Em virtude da historicidade fundamental do


ser humano, o aspecto criador de sua práxis é o determinante”.
71
Iniciou como catedrático de teologia pastoral em 1960. Foi consultor do Vaticano II e perito
na reforma litúrgica conciliar. Dirigiu o Instituto Superior de Pastoral no período de 1963-1973.
Foi membro do Conselho diretor da Revista Concillium, de 1973-1992 e Presidente da
Assossiação Espanhola de Teólogos João XXIII de 1980-1988. Faleceu em 2007.
72
FLORISTAN, Casiano. Teologia Practica: Teoria Y Práxis la Accion Pastoral. Salamanca:
Ediciones Sigueme, 2002. p. 173.
73
FLORISTAN, Casiano. Teologia Practica: Teoria Y Práxis la Accion Pastoral. Salamanca:
Ediciones Sigueme, 2002. p. 173.
74
Ibid.
75
Ibid.
76
Ibid., p. 194
77
Ibid.
79

fariseu a quem Jesus critica.78 Cristão é aquele que pratica o amor, na medida
que o amor modifica as relações sociais, mediante ações e práxis realmente
humanas.79 Citando Schoonenberg, Casiano esclarece que se deve acostumar
com a idéia de que a ortodoxia em certo sentido é algo relativo, pois depende
da ortopraxia; de certa forma a primeira está subordinada à segunda.80

Ao abordar o tema Teologia e Práxis, Casiano afirmará que a ação


pastoral, através das ações da igreja e dos cristãos, atualiza a práxis de Jesus.
A tarefa da teologia está em refletir sobre as manifestações e intervenções nos
homens e na sociedade, através de Jesus Cristo e da Igreja.81 Como a teologia
é um ato reflexivo ou teórico, ela vem num segundo momento. Antes de se
pensar, se é, e antes de se ter uma teologia, se tem um cristianismo.82

A compreensão teológica de Casiano quanto à ação pastoral da igreja,


tem muitos subsídios da teologia da libertação. Em sua compreensão a
teologia da libertação é verdadeiramente uma teologia da práxis, por conseguir
correlacionar, teoria e prática.83 Para melhor explicar sua compreensão ele cita
J. B. Libânio, que diz:

(...) a teologia da libertação tem uma intenção prática que se


manifesta através de três relações com a práxis: é uma teologia
na práxis, ao estar o teólogo comprometido com a causa da
libertação dos pobres; é uma teologia para a práxis, ao afrontar
as mediações políticas de uma ação transformadora da
realidade; e é teologia pela práxis na medida que a mesma
práxis tem uma dimensão de juízo, dentro dos limites da
natureza da teologia.84

Segundo Casiano, a hermenêutica bíblica e a hermenêutica política, tem


um ponto de convergência prático, ou seja, transformar e não apenas
interpretar os fatos. Durante muito tempo a teologia agiu de forma narcisista,
evitando contato com a realidade social, mas na atualidade é imprescindível
que se relacione com o mundo, e particularmente com os pobres e

78
ALFARO, J. apud Ibid., p. 188.
79
Ibid.
80
Ibid.
81
FLORISTAN, Casiano. Teologia Practica: Teoria Y Práxis la Accion Pastoral. Salamanca:
Ediciones Sigueme, 2002. p. 173.
82
Ibid., p. 189.
83
Ibid., p. 190.
84
Ibid..
80

marginalizados a fim de refletir sobre a fé na esperança, e contribuir na


construção de uma sociedade mais humana e mais justa.85

Para que a teologia não seja uma justificação ideológica das classes
dominantes, Casiano dirá que se faz necessário reconhecer as promessas
escatológicas de Deus em favor dos pobres.86 Neste sentido, teologia deve ser
entendida como teoria crítica da práxis regida pela fé. Citando Schoonenberg,
ele afirmará que a tarefa do teólogo, portanto, é refletir sistematicamente como
preparação para uma pregação mais efetiva e mais adaptada ao mundo de
hoje.87 Citando J. Alfaro, ele lembra: a teologia tem como finalidade intrínseca,
não somente fazer inteligível o conteúdo da fé cristã, mas também dirigir e
suscitar a práxis da fé cristã como práxis de esperança e de amor, ou seja, de
salvação e libertação do homem a partir de agora (neste mundo).88 Casiano
citará também, J. Moltmann, ao abordar o papel e a responsabilidade do
teólogo: o teólogo não se contenta em interpretar o mundo, a história e a
condição humana, tal como são; mas, deseja transformá-los.89

Na concepção de Casiano, frente a uma dogmática contemplativa e


ortodoxa, tem se levantado, nas últimas décadas, algumas formas de teologias,
transformadoras e ortopráticas, que em sua concepção podem ser chamadas
de teologias de práxis libertadora.90 Nestas teologias da práxis se dá uma
maior importância à ação/compromisso (num lugar concreto), mais do que a
“especulação” de um tema teológico que esteja desvinculado da realidade.

Unindo os pressupostos epistemológicos do marxismo à sua formação


teológica, Cassiano desenvolverá uma compreensão de práxis, marcada pelas
seguintes características:

A práxis é ação criadora e não meramente reiterativa – Para


que a ação seja criadora é necessário um certo grau de
consciência crítica no agente que atua e um certo nível de
criatividade que reflita no criado. A práxis criadora é inovadora

85
FLORISTAN, Casiano. Teologia Practica: Teoria Y Práxis la Accion Pastoral. Salamanca:
Ediciones Sigueme, 2002. P. 190
86
Ibid., p. 191.
87
Ibid.
88
Ibid.
89
Ibid., p. 192
90
Ibid.
81

frente a novas realidades ou novas situações. O homem há de


criar ou inventar; não basta ele imitar o resultado.

A práxis é ação reflexiva e não exclusivamente espontânea – A


práxis criadora exige uma elevada atividade de consciência
crítica. Para superar o nível espontâneo de prática é necessário
um alto grau de reflexão. Necessitamos ser críticos: saber o
que buscamos e aonde vamos, porém cautelosos nos passos
que damos. Por isso, a transformação dos muitos aspectos não
poderá ser às vezes nem todo rápido, nem todo radical como
se espera.

A práxis é ação libertadora e de nenhum modo alienante – A


ação humana é práxis na medida que se conforma a um
projeto de libertação. O fim de toda atividade prática ou de toda
práxis é a transformação real do mundo natural ou social, cuja
realidade deve ser uma nova realidade mais humana e mais
livre.

A práxis é ação radical e não meramente reformista – A práxis


intenta transformar a organização e direção da sociedade,
mudando as relações econômicas, políticas e sociais. Como a
sociedade esta dividida em classes sociais, nasce uma luta de
classes entre si. Assim emerge a atividade política, que é luta
objetiva além da ideológica. A práxis política alcança sua forma
mais elevada na práxis radical, a saber, a que intenta
transformar a raiz das bases econômicas e sociais em que se
assenta o poder das classes dominantes para construir uma
sociedade nova.91

Nas duas primeiras características, Cassiano reproduz a compreensão


de Vázquez.92 O que não fica claro é se para ele há uma relação dialética entre
a práxis criadora e a reiterativa, bem como, entre a reflexiva e a espontânea.

Já as duas últimas caraterísticas, parecem estar ligadas à teologia da


libertação. Esta teologia, ao fazer correlações do conhecimento teológico com
os aportes teóricos do marxismo, propõe uma práxis religiosa libertária. Neste
sentido é que Casiano afirmará: somente mediante uma práxis no mundo se
encontra a Deus como realidade última do mundo, já que Deus se faz presente
no ser humano, especialmente no oprimido que anseia por libertação e se
dispõe em conseguí-la.93

91
FLORISTAN, Casiano. Teologia Practica: Teoria Y Práxis la Accion Pastoral. Salamanca:
Ediciones Sigueme, 2002. p. 181-182
92
Apontamentos feitos no item anterior.
93
FLORISTÁN (2002). Op. cit., p. 194
82

Os conceitos oferecidos por Casiano, principalmente sua compreensão


de práxis, são um importante referencial teórico para se analisar as práticas
pastorais da igreja cristã, pois ao unir teologia aos aportes teóricos do
marxismo, construiu um princípio hermeneutico contextualizado e libertário.

2.4. Igreja Metodista – um breve histórico: Inglaterra, EUA e Brasil

2.4.1. Metodismo na Inglaterra

O movimento metodista teve seu início na Inglaterra do século XVIII sob


a liderança de um clérigo da Igreja Anglicana94, chamado João Wesley95. O
movimento organizado em Sociedades96, Classes97 e Bands98, não tinha o
objetivo de fundar uma nova igreja, mas sim reformar/renovar a existente. O
metodismo, portanto, nasceu como um movimento de renovação no interior da
igreja oficial. Para melhor compreender seu surgimento, bem como sua
teologia e prática pastoral, deve-se levar em conta o momento histórico do
país. Durante o século XVIII a Inglaterra experimentou uma Revolução

94
A separação entre a Igreja da Inglaterra e a Igreja Romana se deu como fruto de problemas
pessoais e políticos que envolviam o monarca inglês e o papa, o parlamento e a Igreja Católica.
Henrique VIII (monarca inglês) um aliado do papado na luta contra os escritos de Lutero (1921)
tornou-se, uma década depois, oposição, vindo a romper com Roma, fundando uma igreja
nacional (Igreja Anglicana). Para aprofundamento do tema consultar: HEITZENRATER, Richard
P. Wesley e o Povo Chamado Metodista. São Bernardo do Campo: Editeo, 1996. p. 2-5.
95
É importante se destacar que a história dos primórdios do movimento metodista está
naturalmente ligada à história pessoal de João Wesley e de seu irmão Carlos. Porém, faz-se
necessário levar em consideração os muitos outros agentes históricos que participaram na
construção deste movimento. Dentre as várias bibliografias existentes sobre Wesley e o
surgimento do metodismo, indicamos o livro de HEITZENRATER (1996), Ibid.
96
Ibid. p. 327. Sociedade: expressão para designar, de modo geral, a todos os metodistas de
um determinado local os quais, quando se reuniam, evitavam utilizar o termo ‘igreja’ a fim de
não darem a impressão de que estavam competindo com a Igreja paroquial da localidade. Dos
membros da sociedade se exigia obediência a três regras: 1) evitar o mal; 2) praticar o bem; 3)
usar os meios de graça, públicos e particulares.
97
Ibid. p. 327-328. Classes: Cada metodista era membro de uma classe, um pequeno grupo
com mais ou menos doze membros, e tendo um líder (guia). Reuniam-se semanalmente para
oração, estudo bíblico e companheirismo, exame de consciência. Era um grupo de apoio a
pessoas arrependidas (isto equivale ao ser ‘desejoso de fugir da ira vindoura’) e que buscavam
a fé pessoal.
98
Ibid. p. 328. Bands literalmente significa ‘banda’, no sentido de pequeno grupo. Tem uma
semelhança com as classes menores (além do líder, mais ou menos seis pessoas do mesmo
sexo). Para ser membro era preciso ter experiência pessoal de fé, solicitar admissão, concordar
com uma total franqueza, para ouvir e falar, nas conversações grupais. Caminhavam em
direção à ‘perfeição cristã’, de acordo com o texto que lhes era favorito: ‘deixemo-nos levar
para o que é perfeito’ (Let us go on unto perfection – Hb 6. 1)
83

Industrial que a elevou ao patamar de potência mundial, porém ao custo de


profundas crises sociais.99

A aceitação do metodismo, especialmente pela classe mais pobre, se


deu por sua postura de equilíbrio em sua práxis pastoral, conseguindo através
da religião entender como um ser integral, que deveria ser evangelizado em
sua integralidade. Nas palavras de Heitzenrater:

O foco unificador para Wesley era a preocupação com o


espalhar a santidade bíblica. Esta ênfase na teologia pratica
era o traço central da tradição do ´viver santo´ que por séculos
havia atravessado muitas das divisões tradicionais dentro do
cristianismo (...). Um traço comum nessa seqüência histórica é
a ampla preocupação pelo bem-estar das criaturas de Deus –
mente, corpo e alma100

O próprio Wesley afirmava aos metodistas de seu tempo: “O cristianismo


é essencialmente uma religião social e torná-lo em religião solitária, é destruí-
lo”.101 Neste sentido esclarecia:

Quando digo que esta religião é essencialmente social, quero não só


afirmar que ela não pode subsistir normalmente, mas que não pode
subsistir de modo nenhum à margem da sociedade, sem viver e tratar
com outros seres humanos. 102

Esta consciência de que a religião deveria ser vivida de forma integral e


que o cristianismo não deveria ser individualista e alienado da sociedade, fez
com que Wesley se envolvesse profundamente no esforço de minorar alguns
dos sérios problemas de seu tempo. Seu ministério e o movimento metodista
como um todo marcou época por uma práxis pastoral engajada. Neste sentido

99
Para melhor compreender a Inglaterra do século XVIII, bem como o surgimento do
movimento metodista neste contexto econômico-social, confira: HINKELAMMERT, Franz. Las
condiciones econômico-sociales del Metodismo en la Ingraterra del Siglo XVIII. In: DUQUE,
José. La Tradición protestante en la teologia latinoamericana: Primer Intento: lectura de la
tradición metodista. San José – Costa Rica: Dei, 1983.
100
HEITZENRATER, Richard P. Wesley e o Povo Chamado Metodista. São Bernardo do
Campo: Editeo, 1996. p.322.
101
WESLEY, João. Sermão do Monte – Discurso IV. In: Sermões. Vol I. 2ª Edição. São Paulo:
Imprenssa Metodista, 1981, p. 501. Um olhar acurado na história é capaz de revelar inúmeros
exemplos de pessoas e grupos cristãos que condenaram sua vivência religiosa à experiência
individualista, na desculpa de que cultivar a piedade íntima fosse mais importante do que se
envolver com as duras realidades que afligiam a humanidade. Wesley quase caiu neste perigo,
ao se dedicar à leituras dos autores místicos de seu tempo, todavia logo equilibrou sua fé.
102
Ibid., p. 502.
84

resumia a missão dos metodistas: “reformar a nação, particularmente a Igreja,


e espalhar a santidade bíblica sobre toda a terra103”.

2.4.2. Metodismo nos E.U.A.

A primeira Sociedade Metodista surgiu em Londres em fins de 1739 e


em 1760 já havia chegado ao Novo Mundo através dos imigrantes. Após
alguns anos, com o crescimento do número de metodistas na colônia e após
muita insistência foi que Wesley enviou pregadores como missionários. Nesta
época já estava muito adiantado o movimento de independência e, a partir de
1775, já tomava a forma de uma guerra. Durante os oito anos de Guerra pela
independência, todos os missionários enviados, voltaram, menos Francis
Asbury. Passada a guerra o metodismo já contava com uns 15.000
participantes e mais de 80 pregadores nos Estados Unidos. Ainda que Wesley
não tenha apoiado a idéia de independência da colônia, após sua
concretização ele deu pleno apoio à nova situação, preparando uma liturgia,
um livro canônico e ordenando presbíteros e bispos para o metodismo
americano. Por volta do Natal de 1784, os pregadores se reuniram sob a
direção de Tomás Coke (bispo) e fundaram a Igreja Metodista Episcopal.

Nos Estados Unidos, em 1844, a Igreja Metodista Episcopal se dividiu


em duas denominações, a do Sul e a do Norte, a escravagista e a
antiescravagista, ambas seguindo as tendências dos seus respectivos líderes
políticos. As razões não são meramente políticas, mas sobretudo econômicas,
que vão encontrar na religião a sua ideologia de legitimação.104 Em 1939, estas
duas igrejas voltam a se reunir em uma só denominação, e na década de 60
unem-se à Igreja dos Irmãos Unidos e a outros ramos menores do metodismo,
constituindo a Igreja Metodista Unida.105

103
Wesley afirmava: “O Evangelho de Cristo não conhece religião, que não seja religião social;
não conhece santidade, que não seja santidade social” (Obras, VIII, 593).
104
OLIVEIRA, Clory Trindade, Cem anos de Igreja Metodista do Brasil, in: Situações
Missionárias na História do Metodismo, São Bernardo do Campo: Imprensa Metodista/Editeo,
1991. p. 42.
105
OLIVEIRA, Clory Trindade, Cem anos de Igreja Metodista do Brasil, in: Situações
Missionárias na História do Metodismo, São Bernardo do Campo: Imprensa Metodista/Editeo,
85

2.4.3. Metodismo no Brasil

A Igreja Metodista chegou ao Brasil como fruto dos esforços


missionários do metodismo estadunidense. A primeira tentativa ocorreu a partir
de 1835 com a chegada dos missionários pioneiros, Rev. Fountain Elliot Pitts
(1835), seguido por Rev. Justin Spaulding (1836) e Rev. Daniel Parish Kidder
106
(1837) . Essa primeira tentativa terminou em 1841 com a volta destes três
missionários para sua terra de origem. A missão metodista ficou ausente do
país por 25 anos107, retornando somente em 1867 com a chegada do Rev.
Junius Eastham Newman.108 A pedido de Newmam, em 1876 chegou o
primeiro missionário enviado pela Conferência do Tennesse, com o propósito
de expandir a missão Metodista no Brasil, o Rev. John James Ransom. Após
algumas ações em Piracicaba, dirigiu-se para a Sede do Império, o Rio de
Janeiro. Em 1880, ao voltar para Bom Retiro, casou-se com Miss Annie, filha
do Rev Newmam, que faleceu após seis meses. Num processo difícil de
enlutamento, voltou para os Estados Unidos, participando de várias
Conferências locais que tratavam, entre outros assuntos, da expansão da
Missão no mundo. Naquela época a Igreja Metodista estava disposta a
expandir missionariamente, através de duas instituições: “Board of Missions” e
“Woman’s Board of Missions”. Em resposta aos desafios de Ransom, em 1881,
quatro jovens missionários se dispuseram a vir para o Brasil: Rev. James
Lilbourn Kennedy (23 anos); Rev. James William Koger (29 anos) e sua esposa
Fances Smith Koger e Martha Hite Watts (36 anos).109

1991. p. 43. Estas uniões transformaram a Igreja metodista unida num dos maiores grupos
denominacionais dos Estados Unidos da América do Norte.
106
Daniel Kidder fundou o primeiro trabalho metodista no Rio de Janeiro (Sede do Império).
REILY, Duncan. A. Historia Documental do Protestantismo no Brasil. São Paulo: ASTE,
1984,p.85.
107
Dentre as causas que justificaram a ausência do metodismo em terras brasileiras durante
este quarto de século, encontram-se as seguintes: 1) falta de recursos financeiros, em 1841; 2)
divisão da Igreja Metodista Episcopal entre Norte e Sul, em 1844; e 3) Guerra Civil Americana.
Cf. KENNEDY, J. L. Cincoenta Annos de Methodismo no Brasil. São Paulo: Imprensa
Metodista, 1928, p. 16.
108
Para entender os motivos que trouxeram o Rev. Newmam ao Brasil consulte KENNEDY, J.
L. (1928). Ibid. p. 16.
109
KENNEDY, J. L. Cincoenta Annos de Methodismo no Brasil. São Paulo: Imprensa
Metodista, 1928, p. 16.
86

Durante os anos de 1867 a 1930 (sessenta e três anos) o território


brasileiro foi considerado campo missionário da Igreja Metodista dos Estados
Unidos. A obra missionária era desenvolvida sob o domínio quase absoluto da
presença e ação dos missionários nos pontos chave e de poder da Igreja.110 O
metodismo era na realidade uma extensão da sociedade estadunidense.
Imbuídos dessa visão, os missionários, juntamente com a pregação da fé
evangélica, apresentavam também, o estilo americano de vida (american way
of life). Esta ideologia apresentada aos brasileiros serviu para conduzi-los a
“uma profunda admiração e dependência do sistema político-social norte-
americano, e a um total alheamento da cultura e realidade brasileiras”.111 Esta
mentalidade norte-americana fez com que o metodista brasileiro fosse
indiferente à sua própria cultura “sacralizando”, assim, o modo de viver destes
missionários.

Num esforço para tornar a Igreja Metodista no Brasil, ou melhor, Igreja


Metodista Episcopal do Sul no Brasil, em Igreja independente da Igreja Estados
Unidos (ou seja, Igreja Metodista Episcopal do Sul), acontecerão três
conferências em 1929, de onde saiu uma proposta de autonomia. A pretensão
era que as conferências112 anuais do Brasil fossem organizadas em Igreja
autônoma, para que, tendo plena liberdade de se desenvolver como instituição
nacional continuasse, contudo, em união com a Igreja Metodista Episcopal do
Sul.113 A Igreja Metodista Episcopal do Sul (em sua Conferência Geral, reunida
em maio de 1930 na cidade de Dallas, Texas, Estados Unidos da América),
após ter estudado a proposta enviada pela Igreja no Brasil, aprovou sua
autonomia. Neste período não só a Igreja Metodista, mas várias denominações

110
OLIVEIRA, Clory Trindade, Cem anos de Igreja Metodista do Brasil, in: Situações
Missionárias na História do Metodismo, São Bernardo do Campo: Imprensa Metodista/Editeo,
1991, p.26.
111
MESQUIDA, P. Hegemonia Norte - Americana e Educação Protestante no Brasil. Juiz de
Fora / São Bernardo:EDUFJF e Editeo, 1994. p. 27.
112
Desde seu início o metodismo implantado no Brasil foi se organizando em conferências
(divisões administrativo-geográficas – semelhantes à regiões eclesiásticas no metodismo
atual), tal como sua matriz nos Estados Unidos da América, chegando em 1930 a um total de
três: Conferência Anual Brasileira, Conferência Anual Central Brasileira e Conferência Anual
Brasileira do Sul.
113
IGREJA METODISTA, Cânones 2007, São Bernardo do Campo, Imprensa Metodista, 2007.
p. 19.
87

passaram pelo processo de autonomia114, como fruto do amadurecimento de


uma consciência nacionalista existente não só no Brasil, mas em diversas
partes do mundo.115

A igreja recém autônoma elegeu como seu primeiro Bispo116 um


missionário estadunidense aposentado que seguiu a legislação da igreja dos
Estados Unidos durante seu episcopado. Somente em 1934 foi eleito o primeiro
bispo nacional e elaborada a primeira legislação da Igreja brasileira.117 De sua
autonomia (1930) até o VII Concílio Geral (1955) a igreja se organizou
geograficamente em três Concílios (Regiões)118, a saber: Concílio Regional do
Norte, Concílio Regional Centro e Concílio Regional Sul. Em 1955 o Concílio
Geral aprova uma nova divisão geográfico-administrativa para a igreja,
substituindo as três anteriores (Norte, Centro e Sul), por cinco, assim
denominadas: Primeira Região Eclesiástica, Segunda Região Eclesiástica,
Terceira Região Eclesiástica, Quarta Região Eclesiástica e Quinta Região
Eclesiástica.119

No decorrer dos tempos a Igreja Metodista foi amadurecendo sua


consciência crítica com respeito a sua autonomia, iniciando a partir de 1965
uma busca mais plena de sua independência. O Concílio Geral deste ano fez
alterações na carta constitucional, em relação a 1960, principalmente nas
sessões: das ordens, do ministério, do episcopado, das responsabilidades
morais e administrativas. Este Concílio refletiu as crises internas da igreja e os
reflexos da crise enfrentada pelo país em conseqüência do Golpe Militar de

114
IGREJA METODISTA, Cânones 2007, São Bernardo do Campo, Imprensa Metodista, 2007.
p. 19. Para um maior aprofundamento sobre este tema, consultar: REILY, Duncan. A. Historia
Documental do Protestantismo no Brasil. São Paulo: ASTE, 1984.
115
JOSGRILBERG, Rui de Souza. “O Movimento da Autonomia: Nasce a ‘Igreja Metodista do
Brasi’, 2 de setembro de 1930”. In: SOUZA, José Carlos de (Org.). Caminhos do Metodismo no
Brasil: 75 anos de Autonomia. São Bernardo do Campo, 2005, 12-13.
116
ROCHA, Isnard. Histórias da História do Metodismo no Brasil. SBCampo, Imprensa
Metodista, 1967. p. 145-146.
117
Ibid., p.150-151.
118
Seguindo a lógica das antigas Conferências
119
ROCHA, Isnard. Op. cit., p. 158
88

1964.120Neste Concílio também foi criada mais uma Região Eclesiástica


(Sexta).121

A década de 1970 foi um tempo de grandes mudanças, pois


reconhecendo sua vocação missionária, a Igreja começou a buscar uma
estrutura organizacional que correspondesse a sua nova visão. Com o objetivo
de adequar o modo como a igreja se organizava à sua nova visão
eclesiológica, o Concílio Geral de 1970/71122 promoveu algumas modificações
em sua estrutura organizacional e administrativa. Uma das alterações
canônicas feitas por este Concílio ,que demonstra essa mudança de
mentalidade, foi a substituição da expressão Fins da Igreja por Missão da
Igreja. Sobre isso Oliveira faz o seguinte comentário: “a Igreja passa de uma
filosofia empresarial, secular, para uma filosofia missionária, de um enfoque
individual para um enfoque mais amplo, de caráter social”.123

Ainda que tenham acontecido algumas modificações na estrutura ficou


faltando um plano de ação que pudesse aprofundar esse processo.124 Para
responder a esta necessidade surgiram os Planos Quadrienais de 1974125 e
1978126 e o Plano para a Vida e a Missão da Igreja (PVMI).

O PVMI surgiu como resultado de uma Consulta Nacional realizada em


1981 no Rio de Janeiro, com o objetivo de avaliar a vida e a missão da Igreja.

120
MATTOS, Paulo Ayres, A Questão da unidade Metodista (ou da Unidade que temos à
Unidade que precisamos), in: Luta pela Vida e Evangelização, São Paulo: Paulinas, 1985, p.
299.
121
ROCHA, Isnard. Histórias da História do Metodismo no Brasil. SBCampo, Imprensa
Metodista, 1967. p. 160.
122
“O Concílio Geral de 1970/71 é o mais tumultuado da história do metodismo no Brasil. Pela
primeira vez um Concílio é suspenso, voltando sua continuidade seis meses após, em janeiro
de 1971”. OLIVEIRA, Clory Trindade, Estrutura Organizacional e Administrativa do Metodismo
(1965-1982), in: Caminhando, Revista Teológica da Igreja Metodista, São Bernardo do Campo,
Imprensa Metodista, 1982. p. 37.
123
Ibid., p.41.
124
CASTRO, Clovis Pinto de. Igreja Metodista: Ação pedagógica do Colégio Episcopal na
implantação de um novo modelo de Igreja organizada em Dons e Ministérios (1987-1991),
Piracicaba, Unimep, 1992. (Dissertação de Mestrado). p. 48.
125
A Igreja Metodista reunida em Concílio Geral nos dias 4 a 14 de julho de 1974, no Instituto
Bennett de Ensino – RJ, aprovou o Plano Quadrienal (1975-1978) intitulado: Missão e
Ministério. IGREJA METODISTA, Conselho Geral, Plano Quadrienal 1975-1978, São Bernardo
do Campo, Imprensa Metodista, 1974.
126
O Concílio Geral da Igreja Metodista, realizado de 23 a 30 de julho de 1978 na cidade de
Piracicaba, aprovou o Plano Quadrienal (1979-1982), intitulado: Unidos pelo Espírito,
Metodistas Evangelizam. IGREJA METODISTA, Conselho Geral, Plano Quadrienal 1979-1982,
São Bernardo do Campo, Imprensa Metodista, 1978.
89

Ainda que o PVMI seja uma continuidade dos dois Planos anteriores, ele
apresentará algumas características peculiares que o diferenciará. A mais
relevante é que não propõe um programa de ação para um quadriênio, mas
sim apresenta linhas orientadoras para a ação da Igreja por um período
indeterminado. Na introdução do documento (PVMI), encontra-se a seguinte
afirmação do Colégio Episcopal:

A experiência do Colégio Episcopal e de vários segmentos da Igreja


Metodista nestes últimos anos indica que o metodismo brasileiro está
saindo da profunda crise de identidade que abalou nossa Igreja após a
primeira metade da década de sessenta. Estas experiências nos têm
mostrado que a Igreja necessita de um plano geral, que inspire sua vida
e programação, e que não será dentro do curto espaço de um
quadriênio, que corrigiremos os antigos vícios que nos impedem
caminhar. Esse fato esteve claro na semana da consulta Vida e Missão,
e no documento que ela produziu. Ao adotarmos aquele documento
como a base do novo plano, estamos propondo ao Concílio não mais
um programa de ação para o quadriênio, mas linhas gerais que deverão
orientar toda a ação da Igreja nos próximos anos, enquanto necessário,
devendo ser avaliado periodicamente (p.61).

Esta busca por uma igreja verdadeiramente autônoma que se


estruturasse de forma a corresponder aos desafios missionários apresentados
pela sociedade brasileira, levou o Concílio Geral da Igreja Metodista a optar em
1987 por um novo modelo eclesial, organizado em Dons e Ministérios. Os
Cânones, em nota explicativa sobre o Concílio Geral de 1987, faz a seguinte
ponderação:

O Plano para a Vida e a Missão da Igreja foi aprovado pelo XIII


Concílio Geral, realizado em 1982. A partir de então tem sido
um instrumento fundamental para a renovação da prática
missionária do povo chamado metodista em nosso país. O
próprio processo de redescoberta e implementação do
exercício dos dons e ministérios; na vida da Igreja Metodista no
Brasil, é fruto da ação do Espírito Santo que levou à aprovação
do Plano para a Vida e a Missão da Igreja. Passados cinco
anos, o XIV Concílio Geral aprovou que os dons e ministérios,
exercidos nos diferentes níveis da vida da Igreja, fossem
tomados como elementos básicos para a sua estruturação. A
organização da igreja, portanto, deve ser conseqüência da
descoberta das necessidades e dos desafios missionários e do
exercício dos dons e ministérios suscitados pelo Espírito Santo
como resposta a tais desafios. Dentro deste novo contexto
estrutural eclesiástico, o Plano para a Vida e a Missão da Igreja
90

continua sendo instrumento básico para a prática missionária


da Igreja Metodista.127

No metodismo brasileiro atual o documento base na orientação


missionária da Igreja é o PVMI (1982). Nele a igreja apresenta sua
compreensão antropológica, eclesiológica e missiológica, definindo conceitos e
ações para a caminhada do povo metodista. Para se compreender o grau de
importância do PVMI para a Igreja Metodista, basta saber que a começar por
seus órgãos de Administração Superior (Concílio Geral, Colégio Episcopal e
Coordenação Geral de Ação Missionária – COGEAM), tudo na igreja deve ser
planejado, executado, deliberado e avaliado em conformidade com o
Documento, conforme afirma os Cânones 2007:

SUBSEÇÃO II - DA COMPETÊNCIA DO CONCÍLIO GERAL -


Art. 50. O Concílio Geral tem a seguinte competência: (...) II -
inteirar-se e posicionar-se, à vista dos relatórios do Colégio
Episcopal e da Coordenação Geral de Ação Missionária, à luz
do Plano para a Vida e a Missão da Igreja Metodista - PVMI da
situação da Igreja e discuti-la propondo encaminhamentos e
estratégias para o crescimento qualitativo, quantitativo e
orgânico da Igreja Metodista; III - deliberar sobre: a) o Plano
Nacional Missionário - PNM para o exercício seguinte, proposto
conjuntamente pelo Colégio Episcopal e Coordenação Geral de
Ação Missionária, com base na filosofia, objetivos e metas
estabelecidos pelo Colégio Episcopal, em consonância com o
Plano para a Vida e a Missão da Igreja Metodista, na
perspectiva de uma Igreja organizada em dons e ministérios.128

Reconhecendo a grande importância do PVMI para a Igreja Metodista,


bem como sua relevância para a compreensão da “Pastoral” por ela proposta,
apresentar-se-á um breve histórico e um sucinto comentário do Documento.

2.5. Igreja Metodista – Proposta Pastoral (PVMI)

Para melhor compreender o PVMI é importante considerar o momento

vivido pela Igreja Metodista nas duas décadas que antecederam seu

surgimento. No início dos anos 1960 no âmbito do metodismo brasileiro houve

127
IGREJA METODISTA, Cânones 2007, São Bernardo do Campo, Imprensa Metodista, 2007.
128
COLÉGIO EPISCOPAL DA IGREJA METODISTA. Cânones 2007. São Paulo: Imprensa
Metodista, 2007, p. 200.
91

uma valorização da teologia wesleyana, onde muitos estudiosos chamavam a

atenção para a importância de se conhecer e valorizar esta teologia.129 Foi um

tempo fértil de propostas renovadoras para a igreja, porém gerando muitos

conflitos. No contexto das igrejas cristãs o metodismo influenciou e foi

influenciado pelo movimento ecumênico internacional, bem como conheceu

ações pastorais de maior reflexão crítica.130 No âmbito da sociedade brasileira

vivia-se um tempo marcado por intensas articulações políticas, muitas delas de

inspiração socialista, que influenciaram as igrejas e a reflexão teológica.131 No


cotidiano das igrejas havia uma busca pela identidade brasileira e sua real

autonomia.132

Foi neste contexto de redescoberta da teologia metodista, de

reconhecimento da responsabilidade social da igreja, de valorização da cultura

brasileira e de reflexões sobre a importância de uma renovação eclesial que a

IM foi amadurecendo sua concepção de Pastoral até chegar na elaboração e

aprovação PVMI.

Deve-se ter em mente que os movimentos eclesiais, ocorridos nas

décadas de 1970 e 1980, principalmente na América Latina, foram

influenciados e influenciadores na construção do PVMI e do novo modo da

Igreja Metodista se organizar (dons e ministérios).

Os apontamentos históricos apresentados, bem como o ideário construído

em torno de uma “Pastoral” mais engajada socialmente , não devem ser

considerados um fruto isolado da Igreja Metodista brasileira, mas sim, como

parte de um movimento muito maior. Cunha apresenta de forma resumida os

principais aspectos da realidade sociopolítica brasileira e da Igreja Metodista,

129
RIBEIRO, Cláudio; LOPES, Nicanor. 20 Anos depois: A vida e Missão da Igreja em Foco.
São Bernardo do Campo: Editeo, 2002. p. 10.
130
Ibid.
131
Ibid.
132
Ibid. p. 11.
92

no início da década de 1980, através de um quadro. Reconhece que este

contexto foi de grande relevância para a elaboração e aprovação do PVMI.133


Tabela 11
Aspectos da realidade sociopolítica brasileira Aspectos da realidade eclesial metodista
(início da década de 1980) (início da década de 1980)

• O Brasil experimenta um processo de • A igreja busca reerguer-se da frustração da


redemocradização com a fase final do governo divisão de 1967 e da crise ideológica de 1968
militar ditatorial

• Lideranças políticas exiladas retornam ao País • Busca de revitalização do metodismo e de uma


proposta metodista de ação no Brasil; no espírito
dos Planos quadrienais de 1974 e 1978, com
propostas de crescimento numérico e qualitativo

• Os movimentos sociais – sindicatos, • Preocupação forte com a identidade metodista


associações de bairro, conselhos municipais –
retomam espações

• Retomam-se os projetos de educação popular • A igreja quer superar a acomodação na


perspectiva evangelizante da parte dos
seguimentos leigo e clérigo

• Eleições gerais em 1982: parlamento e • Identificação da necessidade de salto de


governos estaduais qualidade no ministério pastoral:
desburocratização do seu papel, promoção de
participação leiga, maior preparo bíblico teológico

• No campo das idéias, há formulação de • Busca de criatividade nas formas de atuação


proposta de transformação social e o pastoral
questionamento de formas de dominação
social, com destaque para a participação
popular

• No campo político, reforça-se debate entre • Envolvimento de lideranças com movimentos de


grupos usualmente considerados de “direita” educação popular, com movimentos de novas
(PDS, PTB e outros) e os de “esquerda” (PT, formas de leitura da Bíblia e de reflexão teológica
PDT e outros). com base na teologia da libertação e com o
movimento ecumênico internacional

• Cresce a presença e a participação metodista em


movimentos sociais e o interesse por projetos
com grupos empobrecidos
134

Foi como resultado de todos estes movimentos (intra, inter e extra-Igreja)


que o XIII Concílio Geral da Igreja Metodista realizado nas dependências do

Instituto Isabela Hendrix em Belo Horizonte - MG, no período de 18 a 28 de

julho de 1982, aprovou o PVMI.

Ele surgiu como resultado da Consulta Nacional de 1981, realizada no Rio

de Janeiro, com o objetivo de avaliar a vida e a missão da Igreja.135 Segundo


133
CUNHA, Magali do Nascimento. Tempo de nostalgia ou de recriar utopias? Um olhar sobre
os anos de 1980 vinte anos depois. In: RIBEIRO, Cláudio; LOPES, Nicanor. 20 Anos depois: A
vida e Missão da Igreja em Foco.São Bernardo do Campo: Editeo, 2002.
134
Ibid. p. 23.
135
COLÉGIO EPISCOPAL DA IGREJA METODISTA. Cânones 2007. São Paulo: Imprensa
Metodista, 2007. p. 73. Esta Consulta foi o principal evento da celebração do 50º aniversário da
autonomia da Igreja metodista.
93

Castro, “os resultados desta consulta não agradaram aos setores mais

conservadores e carismáticos da Igreja; por outro lado, marcaram um avanço

significativo dos setores mais progressistas da IM”.136

Ainda que o PVMI seja uma continuidade dos dois Planos anteriores

(1974 e 1978), ele apresenta algumas peculiaridades que o diferenciam: dentre

elas pode-se destacar o fato dele não propor um programa de ação para um

quadriênio, mas sim linhas gerais orientadoras da ação da Igreja por um

período indeterminado.137

Ao apresentar o PVMI à plenária do XIII Concílio Geral o Rev. Ely Éser

Barreto César138 destacou como sendo três as fontes que fundamentavam o


novo Plano:

O documento está fundamentado em três fontes: a) Texto


básico da consulta Vida e Missão, realizada pelo Conselho
Geral como parte das comemorações do Jubileu de Ouro da
autonomia da Igreja Metodista. b) documento enviado pelo
Colégio Episcopal ao Conselho Geral, contendo objetivos,
bases, metas e prioridades para o próximo quadriênio; c) texto
do atual Plano Quadrienal, especialmente a parte relativa às
áreas da Missão e sua estruturação.139

O PVMI foi exaustivamente examinado pelo conciliares, que se dividiram

em onze grupos para discutir este documento antes de levá-lo ao plenário.

Ainda que houvesse alguns pontos polêmicos em torno deste documento, após

sofrer algumas alterações em sua redação, foi aprovado.140

136
CASTRO, Clovis Pinto de. Igreja Metodista: Ação pedagógica do Colégio Episcopal na
implantação de um novo modelo de Igreja organizada em Dons e Ministérios (1987-1991),
Piracicaba, Unimep, 1992. (Dissertação de Mestrado). p. 51.
137
IGREJA METODISTA XIII CONCÍLIO GERAL, Plano para a Vida e a Missão da Igreja
Metodista, in: Cânones 2007, p. 71.
138
O rev. Ely Éser Barreto César fazia parte do Conselho Geral, e por isso apresentou ao
Concílio o Plano para a Vida e a Missão da Igreja que eles haviam elaborado, através do
Grupo de Trabalho.
139
IGREJA METODISTA XIII CONCÍLIO GERAL, Atas e Documentos, Belo Horizonte, p. 10.
140
Ibid, p. 28. a redação da ata ficou assim: “APROVAÇÃO GLOBAL DO “PLANO PARA A
VIDA E A MISSÃO DA IGREJA”: O presidente declara em ordem, como matéria para ser
aprovada globalmente, depois de exaustivamente examinada, o “Plano para a Vida e a Missão
da Igreja”. Setenta e oito conciliares votam a favor, dois, contrariamente e um em branco.
Aprovado (documento nove)”
94

Reconhecendo a riqueza semântica do termo missão e suas várias

interpretações a partir do senso comum, o documento apresentará uma

definição própria:

Missão é a construção do Reino de Deus, sob o poder do


Espírito Santo, através da ação da comunidade cristã e de
pessoas, visando o surgimento da nova vida trazida por Jesus
Cristo para a renovação do ser humano e das estruturas
sociais, marcados pelos sinais da morte.141

O Documento (PVMI) convoca a Igreja Metodista a “experimentar de

modo cada vez mais claro que sua principal tarefa é repartir fora dos limites do

templo o que ela de graça recebeu do seu Senhor”.142 Para que a Igreja realize

sua missão o PVMI reconhecerá a importância de se utilizar ferramentas e

métodos adequados, dentre os quais podem ser destacados: análises de

conjuntura dentro e fora da igreja, para verificação das reais necessidades

emergentes da sociedade; e descoberta de suas potencialidades e dons.143


Segundo ele, trabalhar na Missão de Deus é agir como comunidade (Pastoral),

somando forças com outras pessoas e grupos no propósito de promover a

vida.144 O documento esclarecerá:

(...) para que haja vida, são necessários comunhão e


reconciliação com Deus e o próximo, direito à terra, habitação,
alimentação, valorização da família e dos marginalizados da
família, saúde, educação, lazer, participação na vida
comunitária, política e artística, e preservação da natureza (At
2.42; 2 Co 5.18-20; Jo 10.10, 15.5; I Jo 1.7);145

O PVMI reconhece que a Missão é de Deus (Missio Dei) e que, portanto,

é Ele que age no ser humano e através deste. Partindo deste conceito, ele

motiva os participantes da Missão a confiarem plenamente em Deus, pois Ele

sempre está presente auxiliando na tarefa missionária.

141
Ibid. p. 83.
142
Ibid.
143
Ibid.
144
IGREJA METODISTA XIII CONCÍLIO GERAL, Atas e Documentos, Belo Horizonte, p. 84.
145
Ibid. p. 88.
95

Como o PVMI foi elaborado e aprovado (XIII Concílio Geral – 1982) num

contexto eclesial anterior à atual estrutura organizacional de Dons e Ministérios

(XIV Concílio Geral – 1987), a Igreja Metodista visando atualizá-lo, porém, sem

alterar o texto original, tem esclarecido este fato através de nota explicativa146

desde a Edição dos Cânones de 1988:

Passados cinco anos, o XIV Concílio Geral aprovou que os


dons e ministérios, exercidos nos diferentes níveis da vida da
Igreja, fossem tomados como elementos básicos para a sua
estruturação. A organização da igreja, portanto, deve ser
conseqüência da descoberta das necessidades e dos desafios
missionários e do exercício dos dons e ministérios suscitados
pelo Espírito Santo como resposta a tais desafios. Dentro deste
novo contexto estrutural eclesiástico, o Plano para a Vida e a
Missão da Igreja continua sendo instrumento básico para a
prática missionária da Igreja Metodista.147

Pode-se afirmar que o PVMI não foi apenas uma das motivações que

levaram a Igreja Metodista a optar por um novo modelo eclesiológico (Dons e

Ministérios), mas foi e continua sendo, parte integrante e essencial na

continuidade do movimento iniciado na década de 1970.148

Tendo como base o PVMI o 18º Concílio Geral da Igreja Metodista,

realizado na cidade de Aracruz (ES) e em São Bernardo do Campo (SP),

aprovou o Plano Nacional Missionário (2007-2012). Este documento não traz

novas diretrizes e fundamentos para a práxis pastoral da igreja, mas sim

destaca quais são as bases da Ação Missionária para o metodismo e quais

devem ser os compromissos assumidos. São apresentados 12 compromissos


ao todo, porém, far-se-á destaque ao item 4, intitulado “Fortalecer e promover a

146
Com a aprovação, pelo XIV Concílio Geral, de uma estrutura mais flexível e missionária
baseada nos “Dons e Ministérios”, a antiga estrutura na qual o PVMI se baseara, não existirá
mais. Esta nota explicativa visa contextualizar o documento na nova estrutura organizacional e
administrativa da Igreja Metodista.
147
IGREJA METODISTA, Cânones 1992, São Bernardo do Campo, Imprensa Metodista, 2007,
p. 71.
148
Cf. apontamentos sobre o metodismo brasileiro no texto acima. A década de 1970 é
marcada por movimentos dentro do metodismo brasileiro que lutavam por uma igreja
verdadeiramente autônoma e missionária.
96

ação da igreja local como comunidade cristã de Dons e Ministérios, inserida no

mundo”, que afirma:

Expressando-se como comunidade missionária a serviço do


povo, cada Igreja Metodista local é espaço de adoração,
piedade, misericórdia, acolhimento. Assim caminha na graça,
serve com os dons, produz os frutos da nova vida em Cristo.
Permanecer na busca do bem, no empenho de viver a justiça
do Reino nos relacionamentos humanos, afastando-nos de
todas as formas de mal e situações destruidoras de vida. Em
nossa responsabilidade social cristã, educar toda a Igreja a se
envolver em iniciativas missionárias de serviço solidário junto à
vida do povo, especialmente aos que foram privados de seus
direitos como pessoas. Ser comunidade que resiste a aspectos
anticristãos: investir contra o individualismo, o consumismo, o
desprezo aos valores éticos, a violência, a intolerância religiosa
e toda forma de exclusão que produz injustiça, corrupção,
impunidade, fome e miséria. Procurar conhecer o modo como
organizações e instituições se articulam, tendo disposição e
competência para afetar as causas dos problemas. Denunciar
situações que oprimem, em especial a penúria e a miséria em
que vivem os/as pobres. Anunciar e proporcionar esperança.
Tomar posição frente aos problemas sociais do país. Apoiar
ações que privilegiam a vida.149

Verifica-se através do PVMI, do atual Plano Nacional Missionário, bem

como de outros documentos150 da Igreja Metodista, que ela manifesta

compromisso com a vida humana em sua integralidade e não apenas no

aspecto religioso (espiritual). Partindo dos pressupostos epistemológicos


apresentados por Floristán pode-se considerar, a partir de seus documentos,

que a IM almeja uma práxis pastoral libertadora e transformadora.151

149
IGREJA METODISTA.COLÉGIO EPISCOPAL. Plano Nacional Missionário 2007-2012. p.
12-13.
150
COLÉGIO EPISCOPAL DA IGREJA METODISTA. Cânones 2007. São Paulo: Imprensa
Metodista, 2007; _________. Do Credo Social. in: Ibid. p. 49-60; _________. Diretrizes para
Educação na Igreja Metodista. in: Ibid. p. 111-128; _________. Do Plano Missionário Diretor.
in: Ibid. p. 129-140; _________. Servos, Servas, sábios, sábias, santo, santas, solidários,
solidárias. 2ª Edição. São Paulo: Cedro, 2005.
151
FLORISTAN, Casiano. Teologia Practica: Teoria Y Práxis la Accion Pastoral. Salamanca:
Ediciones Sigueme, 2002.p. 192.
97

2.6. Igreja Metodista – Organização Administrativo-Geográfica

A Igreja Metodista (IM) reconhece como sua área de Ação Pastoral o


território brasileiro e campos missionários internacionais.152 Segundo os
Cânones 2007, o território ocupado pela IM, no Brasil, dividi-se em regiões e
campos missionários estabelecidos pelo Concílio Geral e subdivididos em
distritos e igrejas locais estabelecidos pelos Concílios Regionais.153

A IM atual organiza-se geográfica e politicamente, no Brasil, em oito


regiões, sendo que seis destas são auto-sustentadas e duas necessitam de
investimentos financeiros da Área Nacional. Aquelas que se auto-subsidiam,
são denominadas Regiões Eclesiásticas (RE), as outras duas são chamadas
de Regiões Missionárias.154

SIGLA CLASSIFICAÇÃO
1ª RE 1ª Região Eclesiástica
2ª RE 2ª Região Eclesiástica
3ª RE 3ª Região Eclesiástica
4ª RE 4ª Região Eclesiástica
5ª RE 5ª Região Eclesiástica
155
6ª RE 6ª Região Eclesiástica
REMNE Região Missionária do Nordeste

REMA Região Missionária do Amazonas Mapa 1


Tabela 12

152
COLÉGIO EPISCOPAL DA IGREJA METODISTA. Cânones 2007. Op. cit., p. 151.
153
Ibid.
154 a a
O território nacional fica dividido da seguinte forma: 1 RE: Estado do Rio de Janeiro; 2 RE:
a
Estado do Rio Grande do Sul; 3 RE: Capital do Estado de SP, ABCDMR, Vale do Paraíba,
a a
Litoral ; 4 RE: Estados de Minas Gerais e Espírito Santo ; 5 RE: interior de São Paulo, Sul de
Minas e Triângulo Mineiro, Goiás, Distrito Federal, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do
a
Sul l ; 6 RE: Estados do Paraná e Santa Catarina ; REMNE: Estados do Nordeste do Brasil; e
REMA: Estados do Amazonas, Rondônia, Pará, e Territórios. Cf. www.metodista.org.br.
155
Mapa do Brasil com as Regiões Eclesiásticas. Fonte: Site oficial da Igreja Metodista.
www.metodista.org.br.
98

Cada RE compõem-se de um número variado de igrejas locais e é


assistida por um Bispo ou Bispa, que supervisiona, administra e mantém a
unidade doutrinária da Igreja Metodista em âmbito regional.156 O Cânones 2007
ao abordar o tema da Administração Intermediária (Regional) faz as seguintes
afirmações:

Art. 92 - (...) § 1º Região Eclesiástica é a área sob a jurisdição


do respectivo Concílio Regional e supervisão de um/a
Bispo/Bispa-presidente. § 2º A Região Eclesiástica
compreende dois ou mais Distritos Eclesiásticos, à juízo do
respectivo Concílio Regional. § 3º O Concílio Regional
estabelece a organização da Região Eclesiástica, de acordo
com as suas características, não podendo, entretanto, suprimir
cargos, órgãos ou instituições expressamente criados por esta
legislação canônica. § 4º O Concílio Regional se instala,
ordinária e, extraordinariamente, com a presença mínima de
2/3 (dois terços) de seus membros votantes.157

Quanto à Administração Básica (distrital e local) o Cânones afirma:

Art. 113 - (...) Distrito é a área sob supervisão de um/a


Superintendente Distrital e jurisdição do Concílio Distrital para
integrar, articular e promover a ação missionária das igrejas
locais. § 1º O Distrito inclui duas ou mais igrejas, a juízo do
Concílio Regional.158

Art. 121. A Igreja Local, comunidade de fé, é base do sistema


metodista e parte do corpo de Cristo, que vive e anuncia o
Evangelho do Reino de Deus: I - no exercício de dons e
ministérios do Espírito Santo; II - na prática da adoração de
Deus, testemunho, apoio, amor e serviço ao próximo; III - na
evangelização do mundo, dentro da realidade em que vive; IV -
no crescimento em frutos e sinais concretos do Reino, que
caminha para sua plenitude. § 1º A igreja local é jurisdicionada
por um Concílio Local, à qual corresponde uma área territorial.
§ 2º As igrejas locais são unidas entre si pelo princípio da
conexidade, característica fundamental do Metodismo. § 3º O
conceito de sustentabilidade material da Igreja Local tem
parâmetros regulamentados pela Coordenação Regional de
Ação Missionária.159

156
OLIVEIRA, Márcio Divino de. Ministério Pastoral Metodista: Um Estudo de Caso sobre a
Práxis de Solidariedade no Contexto de Globalização. São Bernardo do Campo, 2007.
Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) – Faculdade de Filosofia e Ciências da
Religião, Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). p. 94.
157
COLÉGIO EPISCOPAL DA IGREJA METODISTA. Cânones 2007. São Paulo: Imprensa
Metodista, 2007. p. 243.
158
Ibid., p. 275.
159
Ibid.
99

A Igreja Metodista é uma comunidade de fé com governo episcopal,


unida pelo princípio da conexidade e organizada em “Dons e Ministérios”.
Portanto, igrejas locais, distritos e regiões unem-se de forma conexional não
apenas nos princípios teológicos, mas sobretudo, como instituição/povo,
formando a Associação da Igreja Metodista. Deve-se ter em mente que a IM é
uma só igreja no território brasileiro. As decisões tomadas nos órgãos
competentes valem para todas as instâncias da igreja. Documentalmente, não
há possibilidade para que igrejas locais, distritos ou regiões
(eclesiásticas/missionárias) criem propostas eclesiológicas, missiológicas ou
pastorais conflitivas às decisões tomadas de forma institucional e democrática
pela IM através de seus órgãos e ministérios responsáveis.

Tabela 13 - Total de Metodistas arrolados – Gênero e Região Eclesiástica


(Clérigos e Leigos)
1ª RE 2ª RE 3ª RE 4ª RE 5ª RE 6ª RE REMNE REMA Total
Masc 29339 4142 6505 8866 7900 7388 1265 1026 66431
Fem 52923 6764 11241 15659 12703 11917 2267 1602 115076
Total 82262 10906 17746 24525 20603 19305 3532 2628 181507

Gráfico 05 Gráfico 06
100

2.7. Considerações sobre o capítulo

Reconhecendo ser esta uma pesquisa acadêmica que pretende analisar


as ações pastorais da Igreja Metodista frente ao fenômeno do envelhecimento
populacional brasileiro, utilizando as ferramentas da Teologia Prática,
principalmente a apresentada por Casiano Floristán, fez-se necessário
apresentar o histórico e a conceituação de alguns termos relevantes.

Para melhor compreender a especificidade da Teologia Prática,


apresentou-se um breve histórico e sua conceituação, procurando diferenciá-la
da Teologia Pastoral, já que as duas, muitas vezes, foram confundidas no
decorrer da história. Verificou-se, portanto, que Teologia Pastoral e Teologia
Prática não são expressões sinônimas. Cada qual tem sua abordagem,
partindo de pressupostos epistemológicos diferentes. Neste trabalho serão
utilizados os referenciais teóricos da Teologia Prática, área do conhecimento
teológico que tem por finalidade analisar criticamente as ações da igreja,
através do instrumental desenvolvido pelo método das ciências humanas.
Conhecimento este que segue rigor científico e valoriza a interdisciplinaridade.

Com o objetivo de se esclarecer o que se entende por “Ação Pastoral”,


foi apresentado um breve histórico do termo “Pastoral” e o desenvolvimento
deste conceito no contexto da América Latina. Mesmo reconhecendo que
existam outros termos possíveis para designar a ação da Igreja no mundo, este
trabalho optou pelo termo Pastoral por considerá-lo mais abrangente e
culturalmente mais próximo do cristianismo latino-americano.

Para melhor compreender a utilização do termo práxis no contexto deste


trabalho, foi apresentado, ainda que brevemente, seu contexto etimológico, sua
utilização e compreensão a partir do “senso comum” (consciência comum da
práxis), o desenvolvimento e a elaboração do conceito filosófico (consciência
filosófica da práxis), e mais especificamente o conceito de práxis segundo
Casiano Floristán. Partindo dos pressupostos epistemológicos do marxismo
Floristán desenvolveu uma compreensão peculiar de práxis. Segundo ele,
conceber a vida cristã como um agir segundo o evangelho é aceitar a práxis
101

como uma categoria central. É partindo deste pressuposto que ele considera a
teologia prática como uma teologia da práxis da igreja. Será a partir da
compreensão de práxis, de Floristán, principalmente as
características/dimensões apresentadas por ele que serão analisadas as ações
pastorais da Igreja Metodista frente ao fenômeno do envelhecimento
populacional brasileiro.

E por fim, para apresentar a Igreja Metodista, foram realizados breves


apontamentos sobre seu histórico, sua estrutura geográfico-organizacional e
sua proposta “Pastoral”. Verificou-se que a Igreja Metodista através de seu
documento aprovado em 1982 (PVMI) assumiu uma nova proposta
missiológica e pastoral. Partindo dos pressupostos da Teologia Prática
apresentados por Floristán pode-se afirmar que este documento traz uma
proposta pastoral para a Igreja Metodista de uma práxis libertadora e
transformadora.

Partindo dessa premissa, este trabalho pretende analisar qual tem sido a

Ação Pastoral da IM frente ao fenômeno do envelhecimento populacional

brasileiro. Tem ela refletido sobre este tema? Tem realizado ações pastorais

“para” e “com” os idosos? Quando realiza, sua práxis pastoral tem sido

libertadora/transformadora ou assistencialista?
CAPÍTULO III

A AÇÃO PASTORAL DA IGREJA METODISTA FRENTE AO FENÔMENO


DO ENVELHECIMENTO POPULACIONAL BRASILEIRO:
apresentação, análise e interpretação dos dados da pesquisa de campo

Após reconhecer que o envelhecimento populacional brasileiro é um


fenômeno que traz novos desafios para a sociedade e em particular para a
missão da igreja (1º capítulo) e que a Igreja Metodista tem uma proposta
pastoral libertadora e humanizadora que leva em consideração a importância
do engajamento social (2º capítulo), pretende-se, neste capítulo, analisar a
ação pastoral da Igreja Metodista frente a este fenômeno, levando em
consideração as percepções e ações dos idosos participantes de algumas
igrejas locais.

3.1. Procedimentos Metodológicos

Existem vários tipos de pesquisas, porém podem ser categorizadas em


dois grandes grupos: pesquisas quantitativas1 e pesquisas qualitativas2. Pela

1
Pesquisa Quantitativa: Características gerais: mais adequada para apurar opiniões e atitudes
explícitas e conscientes dos entrevistados; permite realizar projeções para a população
representada; testa, de forma precisa, as hipóteses levantadas; fornece índices que podem ser
comparados com outros; é importante a quantidade de vezes que se fala sobre o tema. Quanto
à amostra: os resultados são projetados para a população representada; exige um número
maior de entrevistados para garantir maior precisão dos resultados. Quanto ao questionário: as
informações são coletadas através de questionário estruturado com perguntas claras e
objetivas. Quanto à entrevista: as pessoas a serem entrevistadas são identificadas por critérios
previamente definidos (sexo, idade, ramo de atividade, localização geográfica etc); as
entrevistas são aplicadas de forma individual; não exigem ambiente previamente preparado.
Quanto ao relatório: as informações coletadas são interpretadas e as conclusões são
convertidas em tabelas e gráficos percentuais. Cf. GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de
pesquisa social. Atlas, São Paulo. RICHARDSON, Roberto Jarry(org.). Pesquisa Social –
métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1999. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de
Andrade. Fundamentos de Metodologia Científica. São Paulo: Atlas, 2005.
104

característica deste trabalho utilizou-se a metodologia da pesquisa quantitativa


seguindo o método de survey3, que para Lima é o que melhor expressa as
características da pesquisa quantitativa.4 Segundo este, existem vários tipos de
survey:

... a) survey exploratória (a investigação pretende esclarecer o


gradiente de variáveis que interferem num evento ou
fenômeno, testando-se seu grau de influência); b) survey
explanatória (compromete-se a verificar ou testar uma teoria);
c) survey descritiva (procura identificar eventos, atitudes ou
opiniões que se manifestam em determinado segmento da
população ou, ainda, descrever como determinado fenômeno
se distribui na população, ou em parte dela, ou sua amostra.5

Neste trabalho utilizou-se o método survey descritivo, visando aferir junto


à população idosa da Igreja Metodista, qual sua percepção da ação pastoral da
Igreja frente ao fenômeno do envelhecimento populacional brasileiro. Portanto,
a População-Alvo6 da pesquisa são as pessoas com 60 anos ou mais,
membros da Igreja Metodista.

Reconhecendo que seria impraticável entrevistar todos os metodistas


idosos do Brasil decidiu-se pela pesquisa por amostragem, característico do
método de survey.7 Portanto, diante da População-Alvo, composta por todos os

2
Pesquisa Qualitativa: Características gerais: tem caráter exploratório; faz emergir aspectos
subjetivos; é importante o que se fala sobre determinado tema. Quanto à amostra: não há
preocupação em projetar resultados para a população; em geral, o número de entrevistados é
reduzido. Quanto ao questionário: em geral, as informações são coletadas por meio de um
roteiro; as opiniões dos participantes são registradas e analisadas posteriormente. Quanto à
entrevista: realizada com entrevistas individuais mais densas ou através de discussões em
grupo; uso de ambiente preparado com recursos áudio-visuais para registro das discussões.
Quanto ao relatório: as informações coletadas são analisadas de acordo com o roteiro aplicado
e registradas dando destaque às opiniões, comentários e frases mais relevantes. Cf. as obras
indicadas na citação anterior.
3
BABBIE, Earl. Métodos de Pesquisas de Survey. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2001, 519 p
Segundo Babbie, a “pesquisa de survey se refere a um tipo particular de pesquisa social
empírica, mas há muitos tipos de survey. O termo pode incluir censos demográficos, pesquisas
de opinião pública, pesquisas de mercado sobre preferências do consumidor, estudos
acadêmicos sobre preconceito, estudos epidemiológicos etc. Surveys podem diferir em termos
de objetivos, custos, tempo e escopo”.
4
SILVA, J. M. & SILVEIRA, E. S. Apresentação de trabalhos acadêmicos – Normas técnicas,
apud Lima 2004. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007, p. 148.
5
Ibid.
6
HULLEY, S. E. & Colaboradores. Delineando a Pesquisa Clínica - Uma abordagem
epidemiológica. Porto Alegre: Artemed, 2ª ed. 2003. p. 43. “População-Alvo é o conjunto maior
de pessoas para as quais os resultados serão generalizados”.
7
BABBIE, Earl. op. cit. p.95: “a pesquisa de survey apresenta semelhanças suficientes com
outros métodos de pesquisa por ter uma história bem longa. Em particular, surveys são muito
semelhantes a censos, sendo a diferença principal entre eles que um survey, tipicamente,
105

metodistas com 60 anos ou mais, espalhada pelas oito Regiões


Eclesiásticas/Missionárias, optou-se pela Quinta RE8, nesta, pelos distritos de
Campinas9, Piracicaba10 e Ribeirão Preto11, e nestes pelas igrejas centrais das
cidades sedes dos distritos. Para Hulley, a amostra do estudo é um
subconjunto da população-alvo disponível para o estudo.12 Neste caso, os
metodistas com 60 anos ou mais membros arrolados das seguintes igrejas:
Catedral Metodista de Piracicaba (CMP); Igreja Metodista Central de Campinas
(IMCC) e (greja Metodista Central de Ribeirão Preto (IMCERP).13

A opção por estas comunidades como amostras para o estudo não foi
aleatória, mas sim, por responderem aos seguintes quesitos: 1) Igrejas com
mais de 90 anos de vida e missão, demonstrando assim estabilidade
organizacional e administrativa; 2) igrejas com uma forte presença da
população idosa, permitindo, assim, verificar se a comunidade onde ela está
tem refletido sobre o fenômeno do envelhecimento populacional e seus
desafios para igreja; e 3) Igrejas situadas em cidades do estado de São Paulo
cuja população excede a 350 mil habitantes, reconhecendo que estes

examina uma amostra de população, enquanto o censo geralmente implica uma enumeração
da população toda”
8
A Quinta RE subdividi-se em treze distritos, assim denominados: Araçatuba, Bauru, Brasília,
Campinas, Goiânia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Ourinhos, Piracicaba, Presidente
Prudente, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e Uberlândia. Cf. IGREJA METODISTA.
Registro Atas Documentos: XXXVIII Concilio Regional 2007 da 5ª Região Eclesiástica. São
José Do Rio Preto: Editora e Gráfica Expressão de Limeira, 2007. P. 22-54.
9
O Distrito de Campinas é composto pelas seguintes igrejas, congregações, pontos
missionários e missões urbanas: 12 Igrejas Locais – Central de Campinas, Jardim Miranda,
Amparo, Jardim Pacaembu, Joaquim Inácio, Valinhos, Hortolândia, São Bernardo, Jardim do
Lago, Poços de Caldas, Campestre e Vargem Grande do Sul; 11 Congregações - São Marcos,
Campos Elíseos, Chama Ardente, Canaã, Nova Aliança, Caconde, Aeroporto, Laranjeiras,
Pinhal dos Campos, Serra Negra e Lagoa Branca; 1 Ponto Missionário Distrital - Jaguariúna; 3
Pontos Missionários locais – Sumaré, Paulínia e Recanto Colina Verde; e 4 Missões Urbanas -
Monte-Mor, Mogi Guaçu, Indaiatuba e Monte Sião. Cf. Ibid. 44-47
10
O Distrito de Piracicaba é composto pelas seguintes igrejas, congregações, pontos
missionários: 8 Igrejas Locais –Catedral de Piracicaba, Matão, Paulista, Americana, Limeira,
Wesley, Capivari e Betânia; 3 congregações – Marques, Ebenézer e Parque Hipólito; e 2;
pontos missionários - Centenário – AMAS e PM Distrital Rio Claro. Cf. Ibid. p. 47-49.
11
O Distrito de Ribeirão Preto é composto das seguintes igrejas, congregações e pontos
missionários: 11 Igrejas Locais - Central de Ribeirão Preto, Vila Virgínia, Campos Elíseos,
Ipiranga, Franca, São Carlos, Ribeirão Bonito, Araraquara, Pirassununga, Morro Agudo e Santa
Rita do Passa Quatro; 5 Congregações - Fazenda Posses, Cajuru, Serra Azul, Jardim Zelinda e
Porto Ferreira; 1 Ponto Missionário Distrital – Orlândia; e 3 Pontos Missionários Locais - Monte
Alegre, Adelino Simioni e Cristais Paulista. Cf. Ibid. p. 41-43.
12
HULLEY, S. E. & Colaboradores. Delineando a Pesquisa Clínica - Uma abordagem
epidemiológica. Porto Alegre: Artemed, 2ª ed. 2003. p. 44.
13
A partir deste momento utilizar-se-á as siglas para designar as igrejas: CMP (Catedral
Metodista de Piracicaba), IMCC (Igreja Metodista Central de Campinas) e IMCERP (Igreja
Metodista Central de Ribeirão Preto).
106

municípios estão numa região desenvolvida do país, onde as pessoas têm um


maior acesso a informações e à formação escolar.

Com isto, parte-se do pressuposto que ao se analisar as percepções e


ações dos idosos destas igrejas, através da pesquisa de campo, seja possível
perceber se o fenômeno do envelhecimento populacional brasileiro e seus
desafios tem feito parte da agenda pastoral da Igreja Metodista.

Com o objetivo de aferir quais as percepções e ações dos idosos das


comunidades escolhidas, adotou-se como procedimento metodológico para a
coleta de dados um questionário estruturado14. Foi aplicado um total de 81
questionários assim divididos: 32 na Igreja Metodista Central de Campinas, 25
na Catedral Metodista de Piracicaba e 24 na Igreja Metodista Central de
Ribeirão Preto. A diferença no número de entrevistados por comunidade, diz
respeito à metodologia utilizada na aplicação do questionário, pois em cada
uma destas, foram pesquisadas, dentre os presentes na celebração dominical
matutina, pessoas com 60 anos ou mais, membros da Igreja Metodista que se
dispuseram voluntariamente. Portanto, não havia um número limite.

O procedimento na aplicação do questionário foi igual nas três


comunidades. Logo após o culto matutino dominical (9h às 10h) os pastores
locais esclareceram sobre a presença do pesquisador e o objetivo do trabalho,
convidando as pessoas com 60 anos ou mais que desejassem participar da
pesquisa a permanecerem no local do templo por mais alguns instantes.

Em todas as comunidades o pesquisador agradeceu ao pastor e aos


presentes pela oportunidade concedida. Logo após esclareceu sobre o
preenchimento do “Termo de consentimento livre e esclarecido” e o
questionário. Então foram distribuídos os questionários e as canetas a todos.
Os que terminavam, após devolverem o material, se retiravam do recinto.

14
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de Andrade. Fundamentos de Metodologia
Científica. São Paulo: Atlas, 2005. p. 203. Segundo Cervo, “a palavra questionário refere-se a
um meio de obter respostas às questões por uma fórmula que o próprio informante preenche.
Ele contém um conjunto de questões, todas logicamente relacionadas com um problema
central”. CERVO, Amado L.; BERVIAN, Pedro A. Metodologia Científica. 5ª Ed. São Paulo:
Prentice Hall, 2002, p. 48. Cf. o questionário que foi aplicado no anexo 02.
107

Na Igreja Metodista Central de Campinas o questionário foi aplicado no


dia 19 de abril de 2009 das 10h10 às 10h30.

Igreja Metodista Central de Campinas

Foto 1 Foto 2 Foto 3

Na Catedral Metodista de Piracicaba o questionário foi aplicado no dia 17


de maio de 2009 das 10h às 10h25.

Catedral Metodista de Piracicaba

Foto 4 Foto 5 Foto 6

Na Igreja Metodista Central de Ribeirão Preto o questionário foi aplicado


no dia 26 de abril de 2009 das 10h15 às 10h35.

Igreja Metodista Central de Ribeirão Preto

Foto 7 Foto 8 Foto 9

A coleta de dados respeitou as normas éticas de pesquisa científica para


estudos com seres humanos. Para tal, após cumprir todas as exigências do
Sistema Nacional de Informação sobre Ética em Pesquisa (SISNEP), o projeto
108

foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade


Metodista de São Paulo (UMESP) sendo aprovado em 24 de novembro de
2008 sob o no de protocolo: 231124.

3.2. Breve histórico e caracterização das Igrejas Pesquisadas

Neste tópico será apresentado um breve histórico das igrejas onde


foram aplicados os questionários, procurando contextualizá-las nos respectivos
distritos, bem como destacar algumas de suas características atuais.

3.2.1. Catedral Metodista de Piracicaba

Rua: Dom Pedro I, 938 – Largo do Mercado


Piracicaba – SP – CEP: 13400-410
Fones: (19) 3371-7709 / 3371-7712
E-mail: imcpira@gmail.com
Site: http://www.metodistapiracicaba.com.br

Foto 10

A Catedral Metodista de Piracicaba (CMP) teve seu início em 1881 com


a chegada de quatro jovens missionários que se dispuseram a vir para o Brasil,
em resposta aos desafios apresentados pelo Rev. J. J. Ranson. Foram eles:
Rev. James Libourne Kennedy; Rev. James William Koger e sua esposa
Frances Smith Koger e seu Martha Hite Watts.15

Foi num casarão, estilo colonial, localizado na esquina da Rua do


Rosário com a Rua São José (Largo de São Benedito), que o Rev. James
William Koger, no contexto de um culto dominical, arrolou seus primeiros
membros, a saber: Frances Smith Koger, Martha Hite Watts, William Godfrey,

15
KENNEDY, J. L. Cincoenta Annos de Methodismo no Brasil. São Paulo: Imprensa Metodista,
1928, p. 24.
109

Thomas Dixon Smith, Laura A. Smith, Elisabeth Carlton Kidd Smith, Erasmo
Fulton Smith, Mary Phillips Newman, Leonora Dixon Smith . Nascia então a
terceira Igreja Metodista em solo brasileiro.16

Após algum tempo de trabalho o número de metodistas foi crescendo


sendo necessária a construção de um espaço mais adequado ao serviço
religioso. No dia 3 de março de 1885 no terreno que fica na esquina da Rua
dos Ourives (atual Rangel Pestana) com a Rua Boa Morte, foi lançada a pedra
fundamental daquele que seria o primeiro templo evangélico da cidade de
Piracicaba e do estado de São Paulo. Sua inauguração ocorreu no dia 1o de
novembro do mesmo ano.17 Este templo trazia em seu projeto
arquitetônico características das igrejas da Inglaterra e dos Estados Unidos.
Neste período no Brasil eram proibidas a outras denominações religiosas que
não a Católica, edificarem templos com estas características. Este fato fez com
que a construção deste templo gerasse uma certa polêmica. O padre Galvão,
pároco da Igreja Matriz de Piracicaba, exigiu da Câmara Municipal que se
cumprisse a lei, não permitindo que os metodistas construíssem um templo
com aquelas características. Mesmo com todo o esforço do padre, o templo
seguiu o projeto inicial. Algo a se destacar é que o fato de se construir um
templo com torre (campanário) foi uma afronta à lei vigente na época, através
do art. 5o da Constituição, que proibia outras religiões que não a católica de
construírem casas de cultos com características exteriores de templo.18

Passados alguns anos, a igreja adquiriu um terreno na esquina da Rua


Governador Pedro de Toledo com a Rua Dom Pedro Primeiro. No dia 7 de
setembro de 1922, data em que se comemorava o centenário da
Independência do Brasil, foi realizado um culto com o lançamento da pedra
fundamental do atual templo. Passados exatamente 6 anos, no dia 7 de

16
KENNEDY, J. L. Cincoenta Annos de Methodismo no Brasil. São Paulo: Imprensa Metodista,
1928, p. 24.p. 25.
17
Ibid. p. 39
18
Sobre a construção deste templo e também a polêmica levantada pelo padre Galvão, cf. Ibid.
p. 40-41.
110

setembro de 1928, foi realizado o culto de inauguração e instalação do


templo.19

No dia 25 de junho de 2006, ano em que a Igreja Metodista Central de


Piracicaba (IMCP) completava 125 anos, após “restaurar”20 o templo de acordo
com o projeto original (1928), ela foi reconhecida pelos órgãos competentes da
Igreja Metodista, como Catedral Metodista de Piracicaba.21

Ao mesmo tempo em que foi iniciada uma Igreja Metodista em


Piracicaba (1881), foi também fundada uma escola, o Colégio Piracicabano22.
O metodismo na cidade de Piracicaba é muito expressivo. Conta hoje com
cinco igrejas (Catedral, IM da Paulista, IM Betânia, IM do Matão, IM Ebenézer),
uma congregação (Sítio dos Marques), um ponto missionário (Chácara Rev.
Cyrus B. Dawsey”), uma creche (Marshléa Dawsey), uma escola (Colégio
Piracicabano), um conservatório musical (EMPEM) e uma Universidade
(Unimep).

19 o
CACHIONI, M. Metodismo em Piracicaba tem sua história. In: Revista do IHGP. Ano V, n 5.
Piracicaba: Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba. 1997.
20
O templo é tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Piracicaba
(CODEPAC), cujos objetivos são expressos no art. 3 de seu Estatuto: “I - promover a política
municipal de defesa do patrimônio cultural em conjunto com o Departamento de Patrimônio
Histórico do Instituto de Pesquisas e Planejamento de Piracicaba e, II - propor ações efetivas,
genéricas ou específicas, para a defesa do patrimônio cultural, histórico, folclórico, artístico,
turístico, ambiental, ecológico, arqueológico e arquitetônico do Município”. Por este fato, diante
da necessidade de manutenção no prédio após tantos anos de uso, a igreja teve que assumir
um projeto de restauro (voltar ao original) e não apenas uma reforma.
21
Como pastor titular desta comunidade, liderei este processo, documentando através de atas
das várias reuniões de GT’s (Grupos de Trabalho), palavras pastorais e avisos no Boletim
Informativo da Igreja, vários e-mails tratando do assunto e principalmente de um dossiê que
registra em textos e fotos muitos momentos deste processo. Portanto, posso afirmar que este
reconhecimento (Catedral) aconteceu após vários encaminhamentos formais. No dia 03 de
dezembro de 2005 em sua reunião ordinária, a Coordenação Local de Ação Missionária de
Ação Missionária (CLAM) da igreja local, após discutir e aprovar o tema de um possível
reconhecimento da IMCP em Catedral, nomeou um Grupo de Trabalho (GT-Catedral) com a
tarefa de promover estudos sobre o assunto e elaborar uma proposta a ser apresentada ao
Concílio Local. No dia 05 de fevereiro de 2006 este GT apresentou o projeto ao Concílio Local
que o aprovou por unanimidade. No dia 10 de fevereiro este projeto foi apresentado à
Coordenação Regional de Ação Missionária (COREAM) que também o aprovou. E por fim o
Colégio Episcopal reunido no mês de março apreciou o projeto, aprovando-o também. Com
isto, todos os órgãos competentes participaram da decisão por reconhecer a Igreja como
Catedral. No dia 25 de junho de 2006, no período da manhã, foi realizado um culto especial de
reconhecimento da Igreja Metodista Central de Piracicaba como Catedral Metodista de
Piracicaba. Nesta celebração estavam presentes no púlpito o Revmo. Bispo João Alves de
Oliveira Filho (presidente da Quinta RE e Bispo desta Catedral), eu, como pastor titular, e o
Monsenhor Jamil, pároco católico da Catedral de Santo Antônio, em Piracicaba.
22
Para compreender melhor o surgimento e o desenvolvimento do Colégio Piracicabano e da
Unimep, Cf. ELIAS, Beatriz Vicentini. Vieram e Ensinaram. Colégio Piracicabano, 120 anos.
Piracicaba: Editora UNIMEP, 2001, 416 p.
111

A CMP tem inscrito em seu Rol Permanente de Membros 178 homens e


280 mulheres, perfazendo um total de 458 membros. No distrito como um todo
são 1090 metodistas assim distribuídos23:

Gráfico 07

Gráfico 08
Ainda que seu Rol tenha 458
pessoas arroladas, nem todas
freqüentam a comunidade. Por outro
lado, existem pessoas que
freqüentam a igreja e não estão
inscritas no Rol Permanente, tratam-
se dos metodistas não professos24.
No último censo encontram-se os
seguintes dados: Crianças: 18

23
IGREJA METODISTA QUINTA REGIÃO ECLESIÁSTICA. Relatório do Total de membros por
igrejas em 2008. Material enviado pela Sede Regional da Igreja Metodista na Quinta Região
eclesiástica por e-mail.
24
Sobre metodistas não professos cf. IGREJA METODISTA. Cânones 2007 - artigo 124, § 4º e
artigo 137, § 8º
112

meninos e 25 meninas; e juvenis/jovens/adultos: 26 homens e 24 mulheres;


total de 93 pessoas.25

Quanto a escola dominical a Catedral realiza duas por domingo, uma


nas dependência da igreja e outra numa chácara (Ponto Missionário Rev.
Cyrus B. Dawsey). Na primeira encontram-se 117 alunos matriculados e na
segunda 80 matriculados.26

Gráfico 09 Gráfico 10

Gráfico 11
Quanto aos Grupos
societários a igreja tem 5, a saber:
Ministério Infantil (Sociedade de
Crianças) com 43 participantes,
Sociedade de Juvenis com 5,
Sociedade de Jovens com 20,
Sociedade de Mulheres com 50 e
Sociedade de Homens com 12.27

25
CATEDRAL METODISTA DE PIRACICABA. Relatório de Estatística da Igreja Local – 2008.
Arquivo fornecido pela Igreja Local.
26
Ibid.
27
Ibid.
113

Gráfico 12

Relativo aos ministérios exercidos pelos membros no âmbito local, a


Catedral apresenta formalmente 5: Administração com 9 participantes,
Educação Cristã com 15, Musica & Louvor com 35, Ornamentação com 9 e
Intercessão com 30.28

Na área de assistência social a igreja realiza várias ações através da


Associação Metodista de Ação Social (AMAS - Piracicaba). Dentre elas é
mantenedora da Creche Marshléa Dawsey, com 95 crianças matriculadas.29

Dentre os periódicos produzidos pela Igreja Metodista, o Relatório de


Estatística da Igreja Local – 2008 preenchido pela CMP apresenta os seguintes
dados: nenhuma assinatura do Expositor Cristão, 100 assinaturas da Voz
Missionária e compra de revistas da escola dominical para os alunos de todas
as faixas etárias.

28
CATEDRAL METODISTA DE PIRACICABA. Relatório de Estatística da Igreja Local – 2008.
Arquivo fornecido pela Igreja Local.
29
Ibid.
114

3.2.2. Igreja Metodista Central de Campinas

Rua: Ferreira Penteado, 475 - Centro


Campinas – SP – Cep: 13010-040
Telefones: (19) 3232-8607
Site: http://www.metodistacentral.com.br

Foto 11

A Igreja Metodista Central em Campinas (IMCC) foi fundada no dia 23 de


agosto de 1914 pelo Rev. José da Costa Reis30 e mais quinze membros31 que
se reuniam continuadamente à rua Francisco Teodoro, 36C, na Vila Industrial,
residência do senhor Osório Rangel e Gertrudes Bueno Rangel.32 Nas palavras
de Kennedy esta comunidade era pequena, porém composta de fervorosos
irmãos.33

Deve-se destacar que antes mesmo da organização formal da Igreja


Metodista em Campinas, o grupo já recebia atendimento de pastores e
missionários metodistas. Kennedy afirmará que o Rev. Koger, o primeiro pastor
de Piracicaba, já atendia um grupo em Campinas; outros pastores lembrados
foram: J.A. Costa, A.J. de Mello, Elias Escobar Jr. e J.L. Becker.34

Da residência do casal Rangel a igreja mudou para a rua Bernardino de


Campos, 8, Visconde do Rio Branco e posteriormente para a rua Regente
Feijó, 82. No ano de 1922 foi adquirido um terreno na esquina da rua Ferreira
Penteado com rua José Paulino onde foi construído o atual templo. O primeiro

30
KENNEDY, J. L. Cincoenta Annos de Methodismo no Brasil. São Paulo: Imprensa Metodista,
1928. p.149-150.
31
Os membros fundadores juntamente com o Rev. José da Costa Reis são: Joaquim S. Bueno,
Camila P.Bueno, Osório Rangel, Gertrudes Bueno Rangel, Anna B. Silva, Othoniel Bueno,
Cândido Bueno Guimarães, Elvira A Guimarães, John W. Harris, João C. Aranha, Paula C.
Aranha, Joaquim O. Camargo, Antonia J. Camargo, Amélia de Souza e Anna da Costa Reis.
Informações retiradas do CD comemorativo dos 90 anos da IMCC, cujo texto foi produzido por
Celi Gustafson Estrada.
32
KENNEDY. Op. cit. p.149-150.
33
Ibid.
34
Ibid.
115

culto no templo ainda em construção foi realizado no dia 01 de novembro de


1923 com a presença de 120 pessoas.

O metodismo na cidade de Campinas cresceu e conta hoje com cinco


igrejas (IM Central, IM no Jardim Pacaembu, IM Joaquim Inácio, IM São
Bernardo, IM Jardim do Lago), cinco congregações (Sumaré, São Marcos,
Campos Elíseos, Canaã e Chama Ardente) e uma Associação Metodista de
Ação Social (AMAS-ABC). No distrito como um todo são 1261 homens e 2006
mulheres, num total de 3267 membros arrolados. No quadro abaixo é possível
visualizar a divisão por comunidades locais.

Gráfico 13

Ainda que seu Rol tenha 605 pessoas arroladas, nem todas freqüentam
a comunidade.35 Por outro lado, existem pessoas que freqüentam a igreja e
não estão inscritas no Rol Permanente, tratam-se dos metodistas não
professos36. No último censo encontram-se os seguintes dados: Crianças: 31

35
Na contagem estatística da IMCC não constam apenas os dados da Igreja Central, mas
também os das congregações (Jardim Campos Elíseos e Jardim São Marcos) e do ponto
missionário (Sumaré). Isto ficará mais evidente quando for apresentado o número de
ministérios locais.
36
Sobre metodistas não professos cf. IGREJA METODISTA. Cânones 2007 - artigo 124, § 4º e
artigo 137, § 8º.
116

meninos e 38 meninas; e juvenis/jovens/adultos: 17 homens e 11 mulheres;


total de 97 pessoas.37

Gráfico 14
A escola dominical da IMCC
conta com 239 alunos
matriculados, sendo 60 crianças,
27 juvenis, 33 jovens102 adultos e
38
29 professores. Quanto aos
Grupos societários o relatório
apresenta apenas 2, Sociedade de
Juvenis com 14 sócios e
Sociedade de Jovens com 22.39

Gráfico 15 Gráfico 16

37
IGREJA METODISTA CENTRAL DE CAMPINAS. Relatório de Estatística da Igreja Local –
2008. Arquivo fornecido pela Igreja Local.
38
Ibid.
39
Ibid.
117

Relativo aos ministérios exercidos pelos membros no âmbito local, a


IMCC apresenta 3 de Ação Social com 18 participantes, 4 de Administração
com 34, 2 de Missão e Evangelização com 15, 4 de Educação Cristã com 36, 2
de Comunicação com 24, 4 de Música & Louvor com 61, 2 de Ornamentação
com 26, 2 de Apoio Pastoral com18 e 4 de Intercessão com 55.

Gráfico 17

Na área de assistência social a igreja realiza várias ações, dentre elas é


mantenedora da Associação Beneficente Campineira (ABC), associação civil
filantrópica sem fins lucrativos, fundada em 1950. Através de uma Farmácia
Popular, de cursos (corte e costura, sapateado e artesanato),
acompanhamento a gestantes carentes e promoções de eventos que
dignifiquem o ser humano, a igreja realiza seu ministério de ação social.40

Quanto aos periódicos produzidos pela Igreja Metodista, o Relatório de


Estatística da Igreja Local – 2008 preenchido pela IMCC apresenta os
seguintes dados: 2 assinaturas do Expositor Cristão, 65 assinaturas da Voz
Missionária e compra de revistas da escola dominical para os alunos de todas
as faixas etárias.

40
ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE CAMPINEIRA (ABC). Regimento Interno. Arquivo fornecido
pela Igreja Local.
118

3.2.3. Igreja Metodista Central de Ribeirão Preto

Igreja Metodista Central de Ribeirão Preto


Rua São Sebastião 728 - Centro
Ribeirão Preto – SP – Cep...
Telefone: (16) 3610-8295
E-mail: imcerp@bol.com.br

Foto 12

A Igreja Metodista Central de Ribeirão Preto (IMCERP) foi fundada no dia


08 de março de 1896 pelo Rev. Manoel de Arruda Camargo. Segundo
Kennedy, neste dia foram recebidos 25 membros à comunhão da igreja, sendo:
17 por batismo, 4 por profissão de fé e 4 por carta de demissória.41 Ela foi a
primeira igreja protestante a se organizar na cidade.

O metodismo na região de Ribeirão Preto nasceu como fruto de uma


estratégia missionária da Nona Conferência Anual do metodismo no Brasil,
realizada em junho de 1895, na Igreja do Catete – RJ. Nesta ocasião J.W.
Wolling apresentou a seguinte moção: ‘Propomos que o oeste de São Paulo
seja occupado pela nossa Egreja sem mais demora’.42 Após longa discussão, a
proposta foi aprovada pela maioria do plenário.

Ainda que Ribeirão Preto esteja localizada no nordeste do Estado de São


Paulo foi considerado pela nona Conferência como sendo “Oeste”. Segundo
Almeida, tanto os missionários norte-americanos que lideravam a missão
metodista no Brasil, quanto os cafeicultores que ocupavam a região de
Ribeirão Preto, tinham uma mentalidade marcada pela experiência da
ocupação do oeste nos Estados Unidos. Para os empresários do café, eles
eram os portadores da civilidade, tal qual a saga dos ocupantes do “velho

41
KENNEDY, J. L. Cincoenta Annos de Methodismo no Brasil. São Paulo: Imprensa Metodista,
1928. p. 87.
42
Ibid. p. 81.
119

oeste”. O leste, assim, civilizaria e modernizaria o oeste. Ao decidirem enviar


um pastor para organizar igrejas nessa parte do interior paulista, os membros
da Conferência Anual estavam impregnados da idéia da força da “civilidade”
agindo sobre o “atraso”.43

No dia 5 de setembro de 1899 nas dependências da Igreja Metodista de


Ribeirão Preto, com apenas 9 alunos, nascia o Colégio Metodista de Ribeirão
Preto.44 Como a cidade era essencialmente católica, as matrículas eram raras
para uma escola protestante, mas a resistência foi vencida com o tempo.

Passados 32 anos, Kennedy afirmará: “o oeste tem sido occupado


ininterrruptamente pela nossa Egreja , tendo sido M. Camargo o seu primeiro
pastor, collocado em Ribeirão Preto. O tempo tem demonstrado a sabedoria
dessa occupação pela nossa Egreja”.45

Gráfico 18

43
ALMEIDA, Vasni. Nossa História: converter, ensinar e conformar: a organização do
metodismo em Ribeirão Preto (1896-1950). Boletim Informativo da Igreja Metodista Central de
o
Ribeirão Preto – n 1492 – Edição Especial de Aniversário – 112 anos – março de 2008.
44
A fundadora do Colégio Metodista de Ribeirão Preto foi Miss. Leonora Smith, missionária
norte-americana. Para conhecer mais da história e o Colégio Metodista de Ribeirão Preto hoje,
visite: http://www.colegiometodista.edu.br.
45
KENNEDY, J. L. Cincoenta Annos de Methodismo no Brasil. São Paulo: Imprensa Metodista,
1928. P. 81.
120

O metodismo na cidade de Ribeirão Preto conta hoje com cinco igrejas


(IM Central, IM da Vila Virginia, IM dos Campos Elíseos e IM do Ipiranga), um
Ponto Missionário (Monte Alegre) e uma escola (Colégio Metodista). Segundo
os dados estatísticos de 2007, o distrito contava com 1339 membros arrolados
na seguinte proporção, conforme gráfico acima.

Gráfico 19
Segundo o Relatório de
Estatística-2008 da IMCERP
constam em seu Rol de
Membros Permanentes 303
pessoas arroladas, sendo 121
homens e 182 mulheres.46
Destes, nem todos freqüentam
a comunidade. Por outro lado,
em sua lista de metodistas
não professos47, são
apresentados os seguintes
dados: crianças: 6 meninos e
4 meninas; e juvenis/jovens/adultos: 20 homens e 12 mulheres; total de 42
pessoas.48

Quanto a escola dominical, os dados abaixo são da que funciona nas


dependências da Igreja Central sem contabilizar a congregação e os pontos
missionários: 23 crianças, 16 juvenis, 19 jovens, 22 adultos e 17 professores,
num total de 99 alunos matriculados.49 A frequencia média, somando as
escolas dominicais da congregação e dos pontos missionários, é de 220 alunos
por domingo. Relativo aos Grupos societários, o Relatório apresenta 5, a saber:
Ministério Infantil (Sociedade de Crianças) com 15 participantes, Sociedade de

46
Na contagem estatística da IMCERP não constam apenas os dados da Igreja Central, mas
também os da congregação (Serra Azul) e dos pontos missionários (Simione e Monte Alegre).
47
Sobre metodistas não professos cf. IGREJA METODISTA. Cânones 2007 - artigo 124, § 4º e
artigo 137, § 8º
48
IGREJA METODISTA CENTRAL DE RIBEIRÃO PRETO. Relatório de Estatística da Igreja
Local – 2008. Arquivo fornecido pela Igreja Local.
49
Ibid.
121

Juvenis com 19, Sociedade de Jovens com 20, Sociedade de Mulheres com 22
e Sociedade de Homens com 18.50

Gráfico 20 Gráfico 21

São 8 os ministérios exercidos pelos membros no âmbito local: Ação


Social com 9 participantes, Administração com 12, Missão e Evangelização
com 8, Educação Cristã com 10, Música & Louvor com 16, Ornamentação com
6, Apoio Pastoral com18 e Intercessão com 15.

Gráfico 22

50
Ibid.
122

Quanto aos periódicos produzidos pela Igreja Metodista, o Relatório


apresenta os seguintes dados: 1 assinatura do Expositor Cristão, 20
assinaturas da Voz Missionária e compra de revistas da escola dominical para
os alunos de todas as faixas etárias.

3.3. Análise e interpretação dos Dados

O objetivo deste tópico é analisar e interpretar os dados coletados

através do questionário. Neste processo, far-se-á freqüentes relações com os

conceitos e referenciais teóricos apresentados nos primeiros capítulos.

3.3.1. Perfil dos entrevistados

Para melhor compreender o perfil dos entrevistados o questionário


apresentou dois blocos de perguntas separadamente. O primeiro composto
pelas questões de 1 a 3 e o segundo pelas questões 6 e 9.

Na primeira questão perguntou-se a idade, dando cinco possibilidades


de respostas: 60-65, 66-70, 71-75, 76-80 e 81 ou acima. O objetivo foi destacar
as várias faixas etárias existentes neste grupo denominado “idoso”. Este fato
permite o conhecimento da heterogeneidade do grupo em análise. A segunda
questão é de gênero. Ao perguntar o sexo do entrevistado, pretendeu-se
quantificar o número de homens e mulheres idosos que freqüentam as igrejas.
Na questão 3 procurou-se averiguar há quanto tempo os entrevistados
freqüentam as comunidades. Este dado permite avaliar o compromisso dos
mesmos com a comunidade de fé. Partindo do pressuposto de que se
freqüentam a igreja há muito tempo, têm a possibilidade de conhecerem sua
dinâmica também.

Na questão 6, ao perguntar se já fizeram a leitura do Estatuto do Idoso,


o objetivo é saber se os mesmos se interessaram por conhecer um documento
de grande relevância para a sua faixa etária. A última questão sobre o perfil
123

dos entrevistados é a 9, parte a, que pergunta sobre o conhecimento do


entrevistado sobre um dado muito divulgado pela mídia que é a previsão de
que no Brasil do ano de 2025 a população idosa ultrapassará a jovem.
Discorrer-se-á abaixo sobre as respostas apresentadas.

3.3.1.1. Idade, sexo e tempo de membresia

Verifica-se através dos quadros abaixo que das 81 pessoas entrevistadas


28 são homens e 53 mulheres. Isto demonstra uma feminização51 da
população idosa das igrejas pesquisadas. Conforme discutido no primeiro
capítulo este fenômeno é devido ao fato das mulheres serem mais longevas
que os homens. Portanto, quanto mais idosa a população, mais feminina.
Somente na faixa dos 60-65 anos o número de homens supera o de mulheres,
nas outras o número de mulheres é maior, chegando a 82% nas faixas etárias
de 76-80 e 81-acima. Há outras abordagens possíveis para o fenômeno da
feminização da população que freqüenta assiduamente uma religião, porém
esta pesquisa se limita a apresentar esta, considerando-a um reflexo do
fenômeno do envelhecimento populacional como um todo.

Gráfico 23 Gráfico 24

51
Para uma melhor compreensão do tema “Feminização da Velhice” consultar: CAMARANO,
Ana Amélia [et al.] . Como vive o idoso brasileiro?. In: CAMARANO, A A (org). Os novos
idosos brasileiros muito além dos 60?, Rio de Janeiro, IPEA, 2004; ou BERQUÓ,
Considerações sobre o envelhecimento da população no Brasil. In: NERI, A. L. e DEBERT, G.
G. Velhice e Sociedade. Campinas: Papirus, 1999.
124

Gráfico 25
Quanto à faixa etária do
grupo pesquisado, verifica-se que o
menor número é o de 60-65 anos,
representando 16% do total. Já a
faixa acima dos 81 anos representa
21% de toda população. Nota-se
com isso que a população mais
idosa, ou seja, com mais de 81
anos, é muito representativa nas comunidades pesquisadas. Pode-se afirmar
que este fator seja um reflexo do fenômeno do envelhecimento populacional
como um todo, tal como afirmado por Camarano: é a população mais idosa, ou
seja, os que estão acima de 80 anos, a que tem apresentado as maiores taxas
de crescimento.52 Outro fator a se destacar é a heterogeneidade do grupo
idoso que freqüenta as igrejas, sendo constituído por pessoas com diferenças
de idade que chegam a três décadas.53 Portanto, deve-se reconhecer as
diferentes faixas etárias dentro do grupo idoso.

Na Igreja de Campinas, das 32


pessoas que foram pesquisadas, 17
têm mais que 76 anos de idade. Isto
demonstra que o número dos mais
idosos é maior que o das outras
faixas etárias. As pessoas com idade
entre 60 e 75 anos (15 anos) equivale
a 47% do total, sendo que as que
estão acima desta faixa compõem
53%.

Gráfico 26

52
Id., 2006, p. 88.
53
Ibid.
125

Gráfico 27 Gráfico 28

Na Igreja de Piracicaba, das 25 pessoas pesquisadas, 16 têm idade

inferior a 76 anos. Isto demonstra que nesta comunidade o número dos idosos

mais novos é maior, equivalendo a 64% do total (Verifique os quadros abaixo).

Gráfico 30

Gráfico 29 Gráfico 31
126

Na Igreja de Ribeirão Preto, das 24 pessoas que foram pesquisadas, 9


apenas têm idade superior a 76 anos. Esta comunidade, tal como a de
Piracicaba, tem um número maior de idosos mais novos, ou seja, com idade
entre 60-75 anos, chegando a 67% do total (Verifique os quadros abaixo).

Gráfico 33

Gráfico 32 Gráfico 34

Quanto ao tempo de freqüência, verifica-se que os idosos pesquisados


participam da igreja há muitos anos. Destaca-se o fato de que 49% destes
freqüentam suas comunidades há mais de 46 anos, portanto, além da
longevidade os pesquisados têm como característica um compromisso de
muitos anos com a comunidade de fé.
127

Gráfico 35

Gráfico 36
Tanto a população masculina,
quanto a feminina seguem o mesmo
padrão de freqüência na contagem
geral, com poucas variações. A
diferença básica está no fato de que o
número maior de mulheres propicia
uma maior diversificação quanto ao
tempo de freqüência. Enquanto os
homens são classificados em seis
grupos de freqüência (01-05, 06-10, 26-30, 31-35, 41-45 e 46 ou mais), as
mulheres são agrupadas nas dez possibilidades oferecidas pelo questionário
(01-05, 06-10, 11-15, 16-20, 21-25, 26-30, 31-35, 36-40, 41-45 e 46 ou mais).
Apesar da variação, chama atenção o fato de que em ambos os sexos 50%
dos idosos freqüentam a igreja há mais de 46 anos.
128

Gráfico 37 Gráfico 38

Na igreja de Campinas,
das 32 pessoas entrevistadas
4 freqüentam a igreja de 1-5
anos, 1 freqüenta de 11-15, 1
de 21-25, 2 de 26-30, 7 de
31-35, 2 de 36-40, 2 de 41-45
e 13 com mais de 46 anos de
freqüência. Verifica-se que
41% dos idosos entrevistados
freqüentam a igreja há mais
de 46 anos (Verifique os
quadros abaixo).
Gráfico 39

Gráfico 40
129

Gráfico 41 Gráfico 42

Na igreja de Piracicaba,
das 25 pessoas entrevistadas,
1 freqüenta a igreja de 1-5
anos, 2 freqüentam de 11-15, 1
de 26-30, 1 de 31-35, 2 de 36-
40, 2 de 41-45 e 16 com mais
de 46 anos de freqüência.
Verifica-se que 64% dos idosos
entrevistados freqüentam a
igreja há mais de 46 anos
(Verifique os quadros abaixo).

Gráfico 43

Gráfico 44
130

Gráfico 45 Gráfico 46

Na igreja de Ribeirão

Preto, das 24 pessoas

entrevistadas, 3 freqüentam a

igreja de 1-5 anos, 5

freqüentam de 06-10, 2 de 16-

20, 1 de 21-25, 2 de 36-40, 1

de 41-45 e 10 com mais de 46

anos de freqüência. Verifica-

se que 64% dos idosos

entrevistados freqüentam a

igreja há mais de 46 anos

(Verifique os quadros abaixo).


Gráfico 47

Gráfico 48
131

Gráfico 49 Gráfico 50

No quadro abaixo se encontra um resumo de todas as tabelas e gráficos


apresentados sobre o tema “tempo de freqüência na igreja local”. Através dele
é possível visualizar de forma panorâmica todos os dados apresentados e
discutidos acima.

Gráfico 51
132

3.3.1.2. Conhecimentos gerais sobre o tema

Quanto ao conhecimento do Estatuto do Idoso, verifica-se que das 81


pessoas entrevistadas 33 fizeram a leitura, 44 não o fizeram e 4 pessoas não
responderam.

Gráfico 52
Portanto, 54% dos
entrevistados não leram este
documento, que fala de seus
direitos como pessoa idosa. Outro
grupo, que representa 5% do total,
não respondeu à questão, o que
sugere que também estas pessoas
não tenham realizado a leitura
deste Estatuto. Por comunidades,
verifica-se que na igreja de
Campinas 41% dos entrevistados
leram o documento, em Piracicaba
44% e em Ribeirão Preto 38%,
perfazendo um total em
porcentagem de 41%. Com estas
respostas nota-se que 59% dos idosos das igrejas pesquisadas nunca tiveram
contato com o Estatuto do Idoso.

Gráfico 53 Gráfico 54
133

Gráfico 55 Gráfico 56

3.3.2. Ação Pastoral da Igreja na ótica dos entrevistados

No segundo capítulo conceituou-se vários termos com vistas a


demonstrar que, apesar da diferença histórica e da evolução semântica, a
igreja cristã sempre teve em seu horizonte a responsabilidade de agir
“pastoralmente”, “ministerialmente”, “missionariamente” no mundo.
Particularmente a Igreja Metodista reconhece sua responsabilidade
“Pastoral/Missionária” e a regulamenta através de um documento oficial
chamado Plano para a Vida e a Missão da Igreja (PVMI). Este documento, tal
como afirmado acima, demonstra que a Igreja Metodista tem uma proposta
pastoral de engajamento social. Segundo ele, diante dos desafios provenientes
da sociedade, a igreja deve se articular pastoralmente para cumprir o que
chama de “Missão de Deus”.

Este bloco, composto pelas perguntas 4 a 7ª, procura destacar a ação da


Igreja Metodista frente ao fenômeno do envelhecimento populacional, porém na
ótica dos entrevistados. A pergunta 4 apresenta seis alternativas sobre o
mesmo tema, indagando se o entrevistado se lembra de ter estudado o assunto
na Escola Dominical. São eles: terceira idade, saúde e a terceira idade,
envelhecimento, estatuto do idoso, direito da pessoa idosa e velhice. Ao
diversificar estes títulos, sem sair do tema principal que é envelhecimento e
velhice, objetivou-se aferir se as comunidades pesquisadas têm dedicado
alguma ação docente em suas escolas dominicais para discutir o tema.
134

A questão 5 pergunta por realizações de cultos, encontros ou seminários


que refletissem sobre a terceira idade ou que fosse dirigida especialmente para
essa faixa etária. Na pergunta 6, parte b, há um item que procura saber se a
igreja influenciou pessoas na leitura e estudo do Estatuto do Idoso.

A 7ª pergunta procura compreender se os periódicos oficiais da igreja em


seus âmbitos nacional e local, segundo os entrevistados, tem tratado do
assunto em pauta. A última pergunta deste bloco diz respeito aos sermões
proferidos nos púlpitos destas igrejas. O objetivo é saber se, na percepção dos
entrevistados, o tema velhice tem aparecido de uma forma ou outra nas
prédicas proferidas em suas igrejas.

3.3.2.1. Escola Dominical

A escola dominical na Igreja Metodista é um momento de estudos

(bíblicos, teológicos e pastorais) que acontecem aos domingos (em sua maioria

no período da manhã), onde a igreja local se divide em salas de aula por faixa

etária ou grupos de interesses.54 Segundo seu Regimento todas as atividades


da escola dominical devem ter como finalidade última a educação cristã. O

próprio documento esclarece sua compreensão de educação cristã, que é a

mesma do PVMI, ou seja,

o processo dinâmico para a transformação, libertação e


capacitação da pessoa e da comunidade. Ela se dá na
caminhada da fé e se desenvolve no confronto da realidade
histórica com o Reino de Deus, num comprometimento com a
missão de Deus no mundo, sob a ação do Espírito Santo, que
revela Jesus Cristo segundo as Escrituras55

Ao perguntar se a igreja da qual o entrevistado participa tem realizado

estudos dentro do tema velhice, supera-se o âmbito da pesquisa dos materiais

54
IGREJA METODISTA – REGIMENTO DA ESCOLA DOMINICAL. Documento aprovado em
23/02/2002. “Art. 1º - A IGREJA METODISTA estabelece a Escola Dominical como a agência
responsável por reunir, os membros da Igreja Local e as pessoas interessadas na mensagem
cristã, em classes de estudo, de acordo com as faixas etárias ou por áreas de interesse, com o
objetivo de proporcionar-lhes uma experiência de contínuo crescimento no conhecimento do
Evangelho e das doutrinas da Igreja, capacitando-as dessa forma, para o exercício da fé e do
testemunho cristão na sociedade”.
55
Ibid. art. 1º, parágrafo 2.
135

oficiais produzidos pela igreja nacional, reconhecendo a possibilidade de

propostas locais de ação docente.56

Gráfico 57

Do total geral de entrevistados, apenas 19 pessoas (23%) responderam

positivamente à pergunta 4, confirmando terem estudado em suas igrejas

assuntos relacionados ao tema velhice. Dos 77% restantes, 58% afirmaram

nunca terem estudado e 19% não responderam a questão.

56
Mais à frente será tratado especificamente o tema dos materiais produzidos pela área
nacional da igreja Metodista.
136

Gráfico 58 Gráfico 59

Gráfico 60 Gráfico 61

Verifica-se que a
escola dominical, um dos
principais espaços docentes
da igreja, que
regimentalmente pretende
ser transformador, libertador
e capacitador, não tem sido
muito utilizada para refletir
sobre o tema da velhice e do
envelhecimento.

Gráfico 62
137

3.3.2.2. Cultos, Encontros e Seminários

A Igreja Metodista reconhece que uma das formas de realizar a missão de

Deus é celebrando culto público.57

Art. 6º - O Culto é um serviço devido a Deus pelo seu povo e se


expressa em todos os planos da existência humana. Art. 7º - O
Culto Público, promovido pela Igreja, é uma parcela do serviço
total do povo de Deus, no qual o Senhor vem ao seu encontro,
requer a sua adoração, mostra-lhe o seu pecado, perdoa-lhe
quando se arrepende, confia-lhe a sua mensagem e espera a
sua resposta em fé, gratidão, amor e obediência.58

Gráfico 63
Além de ser espaço
celebrativo, o culto também
promove reflexão e
capacitação através de seus
vários atos litúrgicos e do
sermão. Floristán afirmará que
se a Bíblia e a liturgia
estiverem isoladas da
realidade social e da função da
igreja no mundo, perdem seu
caráter genuinamente cristão.59
Mais à frente será tratado, mais
especificamente, o sermão; por
hora analisar-se-á o culto e outras atividades docentes das igrejas
pesquisadas, perguntando se o fenômeno do envelhecimento populacional tem
feito parte da reflexão nos momentos cúlticos e docentes da comunidade.

Constata-se que apenas 23 pessoas (28%) responderam positivamente à


pergunta 5, confirmando que suas igrejas realizaram cultos, encontros ou
seminários sobre a terceira idade ou temas diversos, porém voltados para a

57
CÂNONES 2007. Art. 2; parágrafo único, a, p. 77.
58
Ibid. p. 29
59
FLORISTAN, Casiano. Teologia Practica: Teoria Y Práxis la Accion Pastoral. Salamanca:
Ediciones Sigueme, 2002. p. 546.
138

população idosa da igreja. Dos 72% restantes, 58% responderam não e 14%
não responderam a questão. Assim como na escola dominical, verifica-se que
nos espaços litúrgicos e docentes dos cultos, encontros e seminários das
igrejas locais, não tem havido espaço para reflexão sobre o tema apresentado
por este trabalho.

Gráfico 64 Gráfico 65

Gráfico 66 Gráfico 67

3.3.2.3. Periódicos da Igreja Metodista

A questão 7 quer saber dos entrevistados se se lembram de terem lido


artigos, estudos ou pastorais sobre a terceira idade nos principais periódicos da
igreja: Boletim Informativo da Igreja Local60, Expositor Cristão61, Voz
Missionária62 e Revistas da Escola Dominical63.

60
É comum as igrejas locais terem um boletim informativo, cuja primeira página é um editorial
ou uma palavra pastoral com vistas à edificação da comunidade. As três igrejas pesquisadas
têm este informativo de longa data.
61
O Expositor Cristão é o jornal oficial do metodismo brasileiro. Foi fundado em 1º de janeiro
de 1886 pelo revdo. J. J. Ransom com o nome de “O Metodista Católico”. Já no ano seguinte
139

Gráfico 68
Verifica-se que na
percepção dos entrevistados,
no que diz respeito a artigos,
estudos e pastorais escritos
nos principais periódicos da
igreja, tem se dedicado pouco
espaço para tratar do tema
velhice e envelhecimento.

Se por um lado verificou-


se que algumas pessoas
responderam mais de uma
alternativa nesta questão por
terem lido matérias relativas ao
tema em mais de um periódico,
por outro, constatou-se que 38
pessoas, ou seja 47% dos
entrevistados não responderam
nenhuma das alternativas
apresentadas.

(1887) teve seu nome mudado e passou a chamar-se “Expositor Cristão”. Ele é o jornal
protestante mais antigo em circulação no Brasil. Em sua primeira edição seu fundador fez um
breve editorial, apresentando o objetivo do jornal: “Desejamos fazer uma folha que sirva de
leitura agradável a todos, e que sirva para instruir os fracos e principiantes no caminho da
Salvação”. Este periódico é mensal, mas já teve sua tiragem quinzenalmente. Passou por
momentos de avanços e retrocessos no decorrer dos anos. Hoje alcançou seu espaço também
através da Internet. Por ser o órgão de comunicação oficial da Igreja Metodista é possível
encontrar registradas em suas páginas as notícias de maior relevância.
http://www.metodista.org.br/index.jsp?conteudo=2756 (visitado em 20/06/2009).
62
A Revista Voz Missionária é um periódico da Igreja Metodista voltado para a Sociedade
Metodista de Mulheres. Foi fundada em 1929 por Leila Epps, sendo considerada uma das
primeiras revistas exclusivamente feminina à circular no território brasileiro. Dentre alguns de
seus objetivos destacar-se-á o seguinte: servir como fonte de informação e inspiração para o
trabalho das mulheres da igreja. Para maiores informações consultar:
www.vozmissionaria.org.br/ (visitado em 20/06/2009).
63
Para auxiliar as várias escolas dominicais existentes no país, a Igreja Metodista através de
uma equipe nacional prepara os materiais a serem estudados: revistas. Estas revistas levam
em conta a História, a Teologia e a práxis do metodismo. São elas: “Bem-te-vi Jardim” – para
crianças de 4 a 6 anos de idade; “Bem-te-vi” - para crianças de 7 a 9 anos; “É tempo de
aprender com Jesus” - para pré-adolescentes: de 10 a 13 anos; Flâmula Juvenil – para
adolescentes de 14 a 17 anos; “Cruz de Malta” – para jovens; “Em Marcha” – para adultos.
140

Gráfico 69 Gráfico 70

Gráfico 71 Gráfico 72

Gráfico 73
141

3.3.2.3.1 Boletim da Igreja local

Relativo aos boletins


informativos das igrejas locais, das 81
pessoas entrevistadas somente 10
pessoas de Campinas, 6 de
Piracicaba e 4 de Ribeirão Preto
lembram-se de alguma matéria sobre
o tema apresentado.

Gráfico 74 Gráfico 75

3.3.2.1.2. Expositor Cristão

Gráfico 76 Gráfico 77

Quanto ao Expositor Cristão,


10 pessoas de Campinas, 5 de
Piracicaba e 5 de Ribeirão Preto
afirmam terem lido, neste periódico,
142

alguma matéria sobre o tema em epígrafe.

3.3.2.1.3. Voz Missionária

Dos periódicos, o que mais é


lembrado por trabalhar o tema
velhice e envelhecimento é a
Revista Voz Missionária. Do total de
entrevistados, 57% disseram já ter
lido alguma materia sobre o tema
nesta revista. Destes, 23 (29%) são
de Campinas, 13 (16%) de
Piracicaba e 10 (12%) Ribeirão
Preto.
Gráfico 78

Gráfico 79 Gráfico 80
143

3.3.2.1.4. Revistas da Escola Dominical

Dos periódicos, os que menos abordaram o tema, na visão dos


entrevistados, foram as revistas da escola dominical. Apenas 10 pessoas, num
total de 81 entrevistadas lembraram-se
de algum estudo sobre o tema
apresentado. Destas dez, 5 (6%) são de
Campinas, 3 (4%) de Piracicaba e 2
(2%) de Ribeirão Preto, perfazendo um
total de 12%.

Gráfico 81 Gráfico 82

3.3.2.4. Sermões

Segundo Jean-Paul Willaime, o sermão é um discurso pronunciado no


contexto do culto público com caráter institucional, comunitário e ritual.64
Existem estudos que apresentam como grande diferenciação entre as liturgias
protestantes65 e católicas o fato do primeiro valorizar e centralizar o culto na
“Pregação da Palavra”, enquanto o segundo destaca a mesa da eucaristia.

64
WILLAIME, Jean-P. Prédica, culto protestante e mutações contemporâneas do religioso. In:
Estudos de Religião, nº 23, SBC: UMESP, dezembro de 2002, p. 43.
65
Principalmente as igrejas tradicionais históricas (protestantismo de missão). Para melhor
compreender este tema cf. MENDONÇA, Antonio Gouveia; VELASQUES, Prócoro Filho.
Introdução ao Protestantismo no Brasil. São Paulo: Loyola/IEPG/UMESP-Ciências da Religião,
1990.
144

A Igreja Metodista, como parte integrante das igrejas protestantes,


tradicionalmente valoriza o sermão e lhe dedica uma boa parte do tempo de
culto. Muitos paroquianos participam apenas do culto principal da semana onde
é proferido o sermão, sendo este muitas vezes, o único espaço docente que
ele frequenta na igreja. Portanto, os sermões têm uma importância muito
grande na formação da mentalidade dos eclesianos.

Verifica-se que 37 pessoas, ou seja, 46% dos entrevistados, já ouviram


algum sermão sobre o tema velhice
e envelhecimento. Outros 28% não
se lembram de terem ouvido e 26%
não responderam a questão.

Na Igreja de Campinas 53%


responderam positivamente, 31%
negativamente e 16% não
responderam. Em Piracicaba 48%
já ouviram algum sermão sobre o
tema, 28% não e 24% não
responderam a questão. Em
Ribeirão Preto 33% já ouviram,
25% não e 42% não responderam.
Gráfico 83
Constata-se que o púlpito, lugar de onde se pronuncia o sermão, já tem
sido utilizado para refletir sobre o tema da velhice. Dentre as várias questões
analisadas, o sermão é o que mais foi lembrado, demonstrando sua grande
importância para os paroquianos.

Gráfico 84 Gráfico 85
145

Gráfico 86 Gráfico 87

3.3.2.5. Ação Docente - Estatuto do Idoso

Com respeito à ação docente da igreja, incentivando seus membros a


lerem e estudarem o Estatuto do Idoso, somente uma pessoa respondeu
afirmativamente. Outras 17 pessoas que fizeram a leitura foi por iniciativa
própria, outras 18 por incentivo da mídia e 4 por estímulo de outra instituição.

Verifica-se, portanto, que a ação da igreja no sentido de incentivar a


população idosa a conhecer seus direitos de cidadãos, através de um
documento de grande relevância, tem sido praticamente nula.

Gráfico 88
146

3.3.3. Opiniões e sugestões dos entrevistados quanto à


práxis pastoral da IM frente ao fenômeno do envelhecimento
populacional.

Gráfico 89
A questão 10
pergunta sobre a
relevância de uma pastoral
do Colégio Episcopal da
Igreja Metodista sobre o
tema do envelhecimento
populacional e seus
desafios para a missão da
igreja. O entrevistado é
convidado a responder,
primeiramente, se concorda ou não que este documento auxiliaria na
realização de ações pastorais mais efetivas junto à população idosa e, em
segundo lugar, se sugere alguma outro tema que deva ser alvo de uma
pastoral do Colégio Episcopal Metodista.

Quanto à primeira parte da questão, 57 pessoas (70%) responderam


favoravelmente, reconhecendo ser importante uma Carta Pastoral do Colégio
Episcopal esclarecendo sobre o assunto e apresentando pistas para a ação
pastoral da igreja frente ao fenômeno.

Relativo à segunda parte da questão somente três temas, dentre sete


sugeridos, não se relacionam diretamente ao tema já discutido (velhice e
envelhecimento); são eles: educação metodista como parte da Missão, unidade
da Igreja e aquecimento global. Os outros foram: saúde dos idosos, amparo ao
idoso, previdência social e abrigo para os idosos.
147

Gráfico 90
A questão 11 pergunta a
opinião do entrevistado quanto ao
fato da igreja promover parcerias com
outras instituições que trabalham com
idosos, com vistas a desenvolver sua
ação pastoral. Das 81 pessoas que
participaram da pesquisa, 65 (80%)
responderam sim, 3 (4%) não e 13
(16%) não responderam.

Das 65 pessoas que responderam favoravelmente, 37 indicaram nomes


de instituições com as quais julgam importante as igrejas realizarem parcerias.
Alguns responderam de forma genérica, como asilos, faculdade de terceira
idade e outras igrejas. Outros porém, definiram estas instituições, conforme
Gráfico abaixo:

Gráfico 91
148

Nota-se que os idosos das igrejas reconhecem a importância de se


realizar parcerias com outras entidades que cuidam das pessoas na velhice.

3.4. Considerações sobre o capítulo

Ainda que a Igreja Metodista tenha uma proposta Pastoral libertadora e


humanizadora, que leva em consideração a importância do engajamento social
(2º capítulo) verifica-se, através da pesquisa de campo, que na percepção dos
idosos das igrejas pesquisadas esta Pastoral frente ao fenômeno do
envelhecimento populacional brasileiro é tímida e ensimesmada.

Se igrejas como as pesquisadas, onde 49% dos idosos entrevistados


freqüentam a comunidade local há mais de 46 anos, não se verifica ações
pastorais mais efetivas junto a esta população, o que se pode imaginar de
igrejas cuja tônica Pastoral é a juventude? Com isso, não se pode negar a
possibilidade de pessoas novas se engajarem em ações pastorais junto a
população idosa. O que se pretende destacar é que possivelmente, isto é uma
probabilidade, poucas comunidades ou nenhuma estejam de forma consciente
e reflexiva realizando uma Ação Pastoral PARA e COM os idosos, levando em
consideração o fenômeno do envelhecimento populacional brasileiro e os
desafios de provenientes.

Ao analisar os resultados da pesquisa não se pode afirmar que os


entrevistados não reconheçam ações da igreja voltadas para a velhice. O que
se deve destacar é que pelas respostas do questionário, estas ações são
poucas e quando acontecem são voltadas para as próprias pessoas da
comunidade de fé. Não há um engajamento social por parte destas igrejas,
unindo-se a outras instituições e entidades para promover a vida, o direito e a
dignidade aos idosos.

A escola dominical, um dos principais espaços docentes da igreja não tem


sido lugar onde se reflete e estuda sobre a velhice e seus desafios. Os
periódicos da Igreja apresentam poucas matérias sobre o tema. Com exceção
149

da Voz Missionária, os outros periódicos oficiais do metodismo, indicados na


pesquisa, foram considerados incipientes na promoção de matérias sobre o
assunto. Quanto ao culto e outros espaços litúrgicos ou de capacitação
verificou-se que não se tem utilizado para tratar do tema.

Verificou-se que o sermão já tem sido um instrumento utilizado para


refletir sobre a velhice. Dentre todas as ações pastorais desenvolvidas pela
igreja sobre o tema velhice, a mais lembrada pelos entrevistados é a prédica
(sermão).

No que diz respeito ao incentivo da igreja, bem como a promoção de


atividades para que os idosos lessem e estudassem o Estatuto do Idoso, das
81 pessoas entrevistadas, somente uma respondeu positivamente. Nota-se que
um documento de grande relevância para a população idosa, não tem sido do
conhecimento da maioria das pessoas, e as que já tiveram algum contato foi
por iniciativa pessoal ou por motivação de outra instituição.

É importante destacar que segundo 80% dos entrevistados, a igreja deve


promover parcerias com outras instituições que trabalham com idosos, a fim de
realizar sua missão junto a esta população.

Outro fato interessante é que 70% dos entrevistados reconhecem que


uma carta do Colégio Episcopal da Igreja Metodista sobre o tema do
envelhecimento populacional e seus desafios para a missão da igreja, auxiliaria
na realização de ações pastorais mais efetivas junto aos idosos.

Como afirmado acima, ainda que a Igreja Metodista tenha uma proposta
Pastoral de engajamento social (PVMI), verifica-se através dos resultados
apresentados e discutidos acima, que, na percepção e ação dos idosos
entrevistados, o fenômeno do envelhecimento populacional e seus desafios
não tem feito parte da agenda missionária da Igreja.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ainda que a Igreja Metodista tenha uma proposta Pastoral de


engajamento social (PVMI), após aferição e interpretação dos dados do
questionário, verificou-se que na percepção e ação dos idosos entrevistados, o
fenômeno do envelhecimento populacional e seus desafios não tem feito parte
de sua Agenda Pastoral. As poucas ações que existem são tímidas e limitadas,
sempre voltadas para dentro da própria comunidade de fé.

Reconhecendo ser pretensioso, num espaço exíguo de dissertação,


definir ações pastorais para a Igreja Metodista frente ao fenômeno
apresentado, propõe-se neste momento, apenas, delinear algumas pistas
pastorais para uma ação COM e PARA os idosos. Tais pistas levarão em
consideração: 1) os desafios provenientes do fenômeno do envelhecimento
populacional brasileiro; 2) os resultados da pesquisa de campo; 3) o conceito
de Práxis Pastoral (criadora, reflexiva, libertadora e radical), bem como, os
eixos para a ação Pastoral da Igreja (Missão - Kerigma; Catequese –
Didaskalia; Liturgia – Leitourgia; Comunhão – Koinonia; Serviço – Diakonia)
apresentados por Casiano Floristán;1 e 4) a proposta pastoral da Igreja
Metodista contida no Plano para a Vida e a Missão da Igreja (PVMI).

As pistas serão estruturadas seguindo os eixos para a ação da Pastoral


propostos por Floristán. Ainda que o contexto que ele descreva seja o da Igreja
Católica, sua proposta de articulação pastoral serve como modelo para a ação
pastoral da Igreja Metodista.
1
Floristán descreve sobre estes eixos pastorais na segunda parte de seu livro, sob o título:
Teologia Prática Especial. FLORISTAN, Casiano. Teologia Practica: Teoria Y Práxis la Accion
Pastoral. Salamanca: Ediciones Sigueme, 2002. p. 395-794.
151

3.4.1. Missão - Kerigma

Tanto Floristán, quanto a Igreja Metodista reconhecem que o ponto


central da Missão da Igreja é o Reino de Deus.2 O PVMI afirmará:

Missão é a construção do Reino de Deus, sob o poder do


Espírito Santo, pela ação da comunidade cristã e de pessoas,
visando ao surgimento da nova vida, trazida por Jesus Cristo,
para a renovação do ser humano e das estruturas sociais,
marcados pelos sinais da morte.3

Uma Pastoral que visa construir uma nova ordem social, fundamentada
nos valores do evangelho de Cristo, não pode esconder-se no mundo
eclesiástico ignorando sua relação com a sociedade. A missão é o envio da
Igreja ao mundo,4 portanto, o seu Kerigma (proclamação) deve responder aos
desafios provenientes da sociedade e não às necessidades internas da igreja.
Num mundo marcado por uma religiosidade hedonista, onde cada pessoa
procura na religião a realização de seus prazeres pessoais, faz-se necessária
uma proposta pastoral que leve em conta a responsabilidade missionária da
igreja no mundo. Algumas pistas:

Diante da resposta afirmativa dos entrevistados quanto à realização de


parcerias da igreja com outras instituições que trabalham COM e PARA
os idosos, pode-se:

 Motivar os membros da igreja a participarem de Organizações e


Conselhos (Nacionais, Regionais, municipais, outros) que estejam
envolvidos em discutir e propor políticas públicas voltadas para os
idosos.

 Promover intercâmbios das pessoas da igreja com as de outras


entidades que trabalham com idosos: Universidade aberta à
Terceira Idade, Clubes de Serviços, Secretarias Municipais com
atividades voltadas para os idosos, etc.

2
FLORISTÁN, Casiano e TAMOYO, Juan-Jose Conceptos fundamentales de pastoral,
Cristiandad, Madrid 1983. p.543; IGREJA METODISTA. Cânones 2007. São Paulo: Imprensa
Metodista, 2007. p. 39
3
IGREJA METODISTA. Cânones 2007. São Paulo: Imprensa Metodista, 2007. p. 45
4
FLORISTAN, Casiano. Teologia Practica: Teoria Y Práxis la Accion Pastoral. Salamanca:
Ediciones Sigueme, 2002. p. 370.
152

 Apresentar a mensagem (Kerigma) da igreja sobre a dignidade


humana, através de todos os meios de comunicação social.
Existem valores na mensagem cristã que a igreja não deve
subestimar, escondendo-se timidamente dentro de seus templos.

3.4.2. Catequese – Didaskalia;

O termo catequese é mais utilizado no âmbito católico; a Igreja Metodista,


assim como as outras igrejas protestantes, utilizam a expressão educação
cristã. Portanto, estes termos serão utilizados neste texto como sinônimos.

A Educação Cristã é fundamental na construção de uma nova concepção


da vida e da sociedade. Tanto a IM, quanto Floristán afirmarão sobre a
importância da ação catequética da igreja e sua função libertária. Floristán
afirma: A catequese equivale a um verdadeiro esforço para integrar a vida e fé,
história humana e história da salvação, situação humana e doutrina revelada,
afim de que o homem consiga sua verdadeira libertação.5 Neste mesmo
sentido a Igreja Metodista declara:

A Educação Cristã é um processo dinâmico para a


transformação, libertação e capacitação da pessoa e da
comunidade. Ela se dá na caminhada da fé e se desenvolve no
confronto da realidade histórica com o Reino de Deus, num
comprometimento com a missão de Deus no mundo, sob a
ação do Espírito Santo, que revela Jesus Cristo segundo as
Escrituras.6

Para realizar a missão de Deus no mundo a pessoa e a igreja precisam


ser capacitadas. A Pastoral deve levar em consideração a importância de se
preparar a comunidade de fé para responder à sua vocação missionária. Diante
dos desafios provenientes do fenômeno do envelhecimento populacional
brasileiro, a igreja deve ser capacitada através de seus membros se deseja
realizar uma ação pastoral efetiva. Do contrário, o que se fará é ignorar o tema
ou tratá-lo sem a respectiva profundidade.

5
FLORISTAN, Casiano. Teologia Practica: Teoria Y Práxis la Accion Pastoral. Salamanca:
Ediciones Sigueme, 2002. p. 441.
6
IGREJA METODISTA. Cânones 2007. São Paulo: Imprensa Metodista, 2007. p. 49
153

Levando-se em conta as afirmações acima e o resultado da pesquisa de


campo, propõem-se algumas pistas pastorais:

Reconhecendo que a escola dominical é tradicionalmente o espaço por


excelência onde se dedica mais tempo na formação e capacitação dos
membros da igreja, faz-se necessário:

 Dedicar mais espaço nas revistas para estudar o tema do


envelhecimento populacional e seus desafios para a igreja;

 Promover Seminários e Workshops no horário da escola


dominical discutindo o tema em epígrafe e permitindo
aprofundamento de temas correlatos;

 Incentivar e capacitar os idosos para a docência. Este é um


momento da vida em que, após adquirir muitas experiências, eles
podem ensinar os mais jovens.7

3.4.3. Liturgia – Leitourgia;

A Igreja Metodista reconhece que uma das formas de realizar a missão de


Deus é celebrando culto público.8

Art. 6º - O Culto é um serviço devido a Deus pelo seu povo e se


expressa em todos os planos da existência humana. Art. 7º - O
Culto Público, promovido pela Igreja, é uma parcela do serviço
total do povo de Deus, no qual o Senhor vem ao seu encontro,
requer a sua adoração, mostra-lhe o seu pecado, perdoa-lhe
quando se arrepende, confia-lhe a sua mensagem e espera a
sua resposta em fé, gratidão, amor e obediência.9

Na tradição metodista o culto além de ser espaço celebrativo é também


educativo. Portanto, ao mesmo tempo em que a comunidade celebra culto a

7
FLORISTAN, Casiano. Teologia Practica: Teoria Y Práxis la Accion Pastoral. Salamanca:
Ediciones Sigueme, 2002. p. 728. Ao comentar sobre a velhice, Floristán afirmará: “... este é
um momento excepcional para refletir sobre o significado da vida, valorizar a importância da fé
e inclusive adquirir novas responsabilidades na educação humana e religiosa dos meninos e
dos jovens”.
8
IGREJA METODISTA. Cânones 2007. São Paulo: Imprensa Metodista, 2007. Art. 2; parágrafo
único, a, p. 77.
9
Ibid. p. 29
154

Deus, ela é capacitada para a vida cristã através dos vários momentos
litúrgicos e do sermão. Na Carta Pastoral “Servos, servas, sábios, sábias,
santos, santas, solidários solidárias”, o Colégio Episcopal da Igreja Metodista
afirma que o Metodismo caracterizou-se também como movimento onde o
culto, com seus hinos e canções, educou e direcionou a caminhada de
renovação da Igreja, de compromisso evangelizador e de serviço ao próximo.10

Reconhecendo esta relação entre a Catequese e a Liturgia, Floristán


afirmará que é importante para a igreja uma Pastoral Litúrgica, cuja tarefa
principal seja promover tanto a compreensão dos símbolos litúrgicos mediante
uma catequese apropriada, quanto um compromisso pessoal através da
relação que há entre culto e vida, liturgia e missão.11 Segundo ele, se a Bíblia e
a liturgia estiverem isoladas da realidade social e da função da igreja no
mundo, perdem seu caráter genuinamente cristão.12

Para o Colégio Episcopal da Igreja Metodista, faz-se necessário uma


renovação litúrgica a fim de que o culto atenda às exigências do povo, com
suas angústias, lutas e esperanças. Contudo, esta renovação deve levar em
conta a importância terapêutica da celebração, sem esquecer-se de sua
dimensão pedagógica.

Levando-se em conta as afirmações acima, bem como o fato da maioria


dos entrevistados terem respondido negativamente quanto à lembrança de
cultos e sermões que tratassem sobre o envelhecimento e a velhice, propõe-se
as seguintes pistas pastorais no âmbito da liturgia da IM:

 Formar um Ministério de Liturgia (Pastoral Litúrgica), com a


responsabilidade de auxiliar a comunidade na elaboração das
celebrações. Este ministério terá como tarefa principal, seguindo
as palavras de Floristán, relacionar o culto com a vida e a liturgia
com a missão.

10
COLÉGIO EPISCOPAL. Carta Pastoral - Servos, servas, sábios, sábias, santos, santas,
o
solidários solidárias (n 14), São Paulo: Cedro, 2001.
11
FLORISTAN, Casiano. Teologia Practica: Teoria Y Práxis la Accion Pastoral. Salamanca:
Ediciones Sigueme, 2002. p. 564.
12
Ibid. p. 546.
155

 Aproveitar momentos do calendário civil para celebrar e refletir


sobre o tema (Dia do Idoso, Dia dos Avós, etc).

 Proferir sermões que se refiram ao tema ou assuntos correlatos,


desafiando a comunidade a engajar-se missionariamente na
sociedade.

 Prever a participação dos idosos no culto

 Respeitar, na medida do possível, os limites naturais dos idosos


(volume de som, clareza de expressão, acomodações adequadas,
acessibilidade, etc).

3.4.4. Comunhão – Koinonia.

Tanto Floristán quanto o metodismo ressaltarão a importância da


comunhão (Koinonia) para a igreja cristã. Floristán afirmará que sem comunhão
não só é impossível celebrar adequadamente a eucaristia, como impensável
viver comunitariamente a fé.13 Continua ele:

Não esqueçamos que igreja significa comunidade de cristãos e


não uma massa disforme de batizados. Por conseguinte, a vida
eclesial está viva na medida em que é forte a relação
comunitária, na medida em que cresce e amadurece ao viver a
comunhão, ou seja, a comunicação e a participação com os
outros e com Deus.14

O PVMI, ao descrever sobre as situações onde acontece a Missão,


privilegia a promoção da vida e do trabalho. Ao especificar o como a igreja
promove a vida, apresenta como pré-requisito a comunhão e reconciliação com
Deus e o próximo.15

Num mundo regido pela filosofia neoliberal, as pessoas tendem a assumir


posturas egoístas, onde o individual se sobrepõe ao coletivo. Neste sentido, a
primeira pista pastoral para este tópico é promover na igreja um ambiente

13
FLORISTAN, Casiano. Teologia Practica: Teoria Y Práxis la Accion Pastoral. Salamanca:
Ediciones Sigueme, 2002. p.625.
14
Ibid. p.689
15
IGREJA METODISTA. Cânones 2007. São Paulo: Imprensa Metodista, 2007. p. 44
156

acolhedor e comunitário onde as pessoas possam iniciar diálogos importantes


sobre a vida e a religião, sobre o culto e o cotidiano. Porém, esta atitude deve
ser estendida, levando a comunidade a uma experiência de diálogo e
comunhão de forma mais ampla com outras comunidades cristãs. Num ato de
amadurecimento ainda maior, esta comunidade deve entender sua
responsabilidade missionária com a vida, assumindo parcerias com todos que
desejem promover a vida.

Levando em conta as afirmações de Floristán e da Igreja Metodista, bem


como os resultados da pesquisa de campo, outras pistas podem ser
apresentadas neste tópico:

 Promover programações para a Terceira Idade, criando


ambientes que possibilitem aos participantes aprofundarem
relacionamentos interpessoais (excursões, acampamentos,
brincadeiras, danças, esportes, desfiles, refeições comunitárias,
cursos artesanais, etc).

 Realizar intercâmbios entre os idosos da igreja com os de outra


instituição, com vistas à promoção da comunhão e da amizade.
Se as pessoas firmarem laços de amizade, isto possibilitará que
se unam em algum momento, mesmo sendo de instituições
diferentes, para desenvolverem ações pastorais comuns.

3.4.5. Serviço – Diakonia.

Diakonia é um termo grego que significa serviço ou ajuda de umas


pessoas às outras.16 Floristán destaca que na Igreja primitiva para que se
repartisse o pão nas casas e promovesse socorro aos pobres, foi instituído um

16
FLORISTAN, Casiano. Teologia Practica: Teoria Y Práxis la Accion Pastoral. Salamanca:
Ediciones Sigueme, 2002. p.707.
157

ministério de solidariedade, o qual pode ser considerado a raiz e o fundamento


da diaconia cristã.17

No contexto da Igreja Metodista, ao invés da palavra diaconia, utiliza-se a


expressão ação social. O PVMI afirmará o seguinte:

A ação social da Igreja, como parte da missão, é nossa


expressão humana do amor de Deus. É o esforço da Igreja
para que na Terra seja feita a vontade do Pai. Isso acontece
quando, sob a ação do Espírito Santo, nos envolvemos em
alternativas de amor e justiça que renovam a vida e vencem o
pecado e a morte, conforme a própria experiência e vida de
Jesus Cristo.18

Dentre alguns objetivos a serem alcançados pela igreja ao realizar a ação


social (diakonia), o PVMI apresenta o de participar na solução de necessidades
pessoais, sociais, econômicas, de trabalho, saúde, escolares e outras
fundamentais para a dignidade humana.19 Juntamente com isso, a igreja deve
propugnar por mudanças estruturais da sociedade que permitam a
20
desmarginalização social dos indivíduos e das populações pobres.

O lema que tem animado e orientado a Ação Pastoral da Igreja Metodista


brasileira nos últimos anos é: "Igreja Metodista: Comunidade Missionária a
Serviço do Povo" Ele nasceu como fruto da reflexão que a Igreja fez em 1982,
quando aprovou o PVMI, declarando uma nova visão missiológica. Desde
então a igreja passou a utilizar este lema de forma emblemática na maioria de
seus documentos. O importante a se destacar é a auto-compreensão da igreja
como comunidade em serviço (diakonia).

Levando em conta as afirmações da Igreja Metodista, bem como os


resultados da pesquisa de campo, propõe-se as seguintes pistas para este
tópico:

 Realizar visitas e trabalhos de assistência pastoral21 em asilos,


casas de repouso, cidades geriátricas, lares para idosos, etc.

17
FLORISTAN, Casiano. Teologia Practica: Teoria Y Práxis la Accion Pastoral. Salamanca:
Ediciones Sigueme, 2002. p.708.
18
IGREJA METODISTA. Cânones 2007. São Paulo: Imprensa Metodista, 2007. p. 45
19
Ibid.
20
Ibid.
21
Pastoral aqui entendida como a ação da igreja e não do “Pastor”.
158

Estas visitas podem e devem superar a espiritualidade vazia de


um cristianismo alienante que desumaniza as pessoas. A missão
não é apenas “salvar a alma” dos idosos, mas sim, dignificá-los
levando-os à possibilidade de uma experiência religiosa que os
valorize em sua integralidade humana. Portanto, estes momentos
devem ser ricos em diálogo, convivência, solidariedade, atenção e
sobretudo acolhimento.

 Promover campanhas para arrecadar fundos e bens materiais que


possam auxiliar na manutenção de entidade de apoio aos idosos.

Como afirmado acima, o objetivo não foi definir ações pastorais para a
Igreja Metodista frente ao fenômeno apresentado, mas sim delinear,
sucintamente, algumas pistas pastorais para uma ação com e para os idosos.
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ANEXOS
179

ANEXO 1
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Seguindo as exigências do Conselho Nacional de Saúde - CNS, através da Resolução 196/96,
cuja função é implementar as normas e diretrizes regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres
humanos, esclarecemos todos os entrevistados sobre o Projeto de Pesquisa, bem como os
procedimentos que serão adotados na aplicação do questionário (pesquisa de campo).
Título do projeto: “A Igreja Metodista e sua prática pastoral frente ao fenômeno do
envelhecimento populacional no Brasil - (uma análise a partir de 1996)”.
Apresentar-se-á, abaixo, os itens em conformidade com a Resolução CNS 196/96,
IV.1:

a) Justificativa, objetivos e procedimentos: O envelhecimento populacional é uma realidade


mundial. Este fenômeno tem acarretado uma série de conseqüências sociais, culturais,
econômicas, políticas e epidemiológicas que se tornam desafios à Missão dos cristãos. Este
projeto de pesquisa, situado na área de Práxis Religiosa e Sociedade, pretende estudar qual
tem sido a prática pastoral da Igreja Metodista frente ao fenômeno do envelhecimento
populacional no Brasil, através de: 1) bibliografia específica; 2) análises de documentos da
Igreja Metodista; 3) pesquisa de campo. A pesquisa de campo visa aferir o conhecimento dos
paroquianos metodistas sobre os temas envelhecimento e velhice, e especialmente, averiguar
se a igreja colaborou na compreensão destes temas ou se foram aprendidos em outros
contextos. Para análise destes dados foram escolhidas três Igrejas Metodistas, levando-se em
conta os seguintes pontos: 1) Igrejas localizadas geograficamente em cidades do interior do
estado de São Paulo, cujo número de habitantes é superior a 350 mil; 2) Nestas cidades
existem várias igrejas Metodistas, porém estas são as mais antigas; 3) Comunidades cujo
número de paroquianos idosos é elevado. São elas: Igreja Metodista Central de Campinas,
Igreja Metodista Central de Ribeirão Preto e Catedral Metodista de Piracicaba. Será uma
pesquisa quantitativa, seguindo o método survey descritiva, ou seja, método que procura
identificar eventos, atitudes ou opiniões que se manifestam em determinado segmento da
população ou, ainda, descrever como determinado fenômeno se distribui na população, ou em
parte dela, ou sua amostra. O questionário constará de 11 perguntas que serão tabuladas por
amostragem. Serão aplicados 120 questionários, sendo 40 em cada igreja local. Em diálogo
com os responsáveis pelas igrejas foi aprovada a aplicação no momento de escola dominical
(atividade do domingo de manhã). Serão distribuídos os questionários e explicados os
procedimentos, logo após serão respondidas as questões. O material será recolhido sem
discussão do assunto para que os pesquisados não sejam influenciados pelos discursos do
momento. Após a aplicação serão tabeladas as respostas e apresentadas através de gráficos
com comentários através de uma análise crítica baseada na literatura específica e nos
documentos da Igreja Metodista.
180
b) Os desconfortos e riscos possíveis e os benefícios esperados: Não haverá desconforto
ou riscos aos entrevistados. O benefício da pesquisa está em através dos resultados da
pesquisa poder sugerir à Igreja Metodista alguns encaminhamentos para uma ação
missionária mais efetiva “para” e “da” população idosa.
c) Os métodos alternativos existentes: Além do método survey descritiva, poderá ser
utilizado se necessário uma análise qualitativa dos dados.
d) A forma de acompanhamento, assistência e responsável: O acompanhamento e a
assistência acontecerá no momento da aplicação do questionário, e se fizer necessário, o
pesquisador poderá atender aos que o procurarem para maiores esclarecimentos, comentários
ou críticas.
e) A garantia de esclarecimentos, antes e durante o curso da pesquisa, sobre a
metodologia, informando a possibilidade de inclusão em grupo controle ou placebo:
Serão esclarecidos antes e durante o curso da pesquisa todos que necessitarem. Pela
natureza desta pesquisa os entrevistados não serão inclusos em grupo controle ou placebo.
f) A liberdade do sujeito se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em
qualquer fase da pesquisa, sem penalização alguma e sem prejuízo ao seu cuidado:
Todos que desejarem recusar a participação ou mesmo retirar seu consentimento, em
qualquer fase da pesquisa não sofrerão nenhuma penalização ou prejuízo.
g) A garantia do sigilo que assegure a privacidade dos sujeitos quanto aos dados
confidenciais envolvidos na pesquisa: Todos os dados coletados serão guardados em total
sigilo, resguardando a confidencialidade das respostas, ficando somente o pesquisador e seu
orientador sabendo dos mesmos.
h) As formas de ressarcimento das despesas decorrentes da participação na pesquisa:
Não haverá ressarcimento de despesas decorrentes da participação na pesquisa. A
participação é voluntária e de livre e espontânea vontade.
i) As formas de indenização diante de eventuais danos decorrentes da pesquisa: Pela natureza
da pesquisa não haverá danos aos entrevistados, portanto não haverá nenhuma forma de
indenização eventuais danos decorrentes da pesquisa

EU______________________________________RG: _________________

CPF: ______________________, após a leitura, esclarecimentos e entendimento deste


documento, concordo com todas as sua afirmações e autorizo a utilização das respostas deste
questionário para fins acadêmicos.
________________________, _____de_______________de ________

________________________________
Assinatura
181

ANEXO 2

QUESTIONÁRIO
1) Idade

( ) 60-65 ( ) 66-70 ( ) 71-75 ( ) 76-80 ( ) 81 ou acima

2) Sexo

( ) masculino ( ) feminino

3) Há quantos anos você freqüenta esta igreja local?

( ) 1-5 ( ) 6-10 ( ) 11-15 ( ) 16-20 ( ) 21-25


( ) 26-30 ( ) 31-35 ( ) 36-40 ( ) 41-45 ( ) 46 ou mais

4) Você se lembra de ter estudado na escola dominical sobre estes temas:

( ) Terceira Idade ( ) Saúde e a Terceira Idade ( ) Envelhecimento


( ) Estatuto do Idoso ( ) Direito da pessoa idosa ( ) Velhice

5) Sua igreja realiza/realizou cultos, encontros ou seminários SOBRE a terceira idade ou


especificamente PARA os idosos da igreja?

( ) sim ( ) não

6) Você já leu o Estatuto do Idoso?


( ) Sim ( ) Não

Seu contato com este Estatuto foi:

( ) por incentivo da igreja


( ) por iniciativa pessoal
( ) por conscientização através dos meios de comunicação
( ) por estímulo de outra Instituição: ............................................................
182

7) Você se lembra de ter lido artigos, estudos ou pastorais sobre a terceira idade nos
seguintes periódicos:
( ) boletim da igreja local
( ) Expositor Cristão
( ) Voz Missionária
( ) revistas da escola dominical

8) Você se lembra de ter ouvido algum sermão que abordasse o tema da velhice?
( ) Sim ( ) Não

9) Você sabia que segundo os dados do IBGE a população idosa no Brasil tem crescido a
cada ano e que em 2025 teremos mais idosos do que jovens em nosso país?
( ) Sim ( ) Não

Diante dessa afirmação, você acredita que a igreja precise se preparar melhor para realizar
sua missão COM e PARA os idosos. Ou sua igreja já está preparada para esta ação
missionária?

( ) precisamos nos preparar melhor


( ) já estamos preparados e realizando este trabalho

10) Em sua opinião uma Carta do Colégio Episcopal abordando o tema do envelhecimento
populacional e seus desafios para a missão da igreja seriam relevantes neste momento ou
há outros assuntos que devam ser abordados prioritariamente pelos bispos?
( ) Sim ( ) Não

Se não, cite 2 ou 3 temas que devam ser abordados antes deste:


______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

11) Você acha que a igreja deve desenvolver ações missionárias junto com outras
instituições que trabalham com idosos?
( ) Sim ( ) Não

Cite 2 Instituições que você conhece para exemplificar:


______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
ANEXO 3 183
Igreja Metodista ANEXO 4 184
Relatório de Estatística Igreja Local – 2008
Escrever antes do nome se Igreja, catedral, congr ou ponto ms: Pastor/a
Catedral Metodista de Piracicaba Rev. Paulo Dias Nogueira

Rol de Membros das Igrejas Locais (Cânones 2007 - artigo 124, § 1º)
Homens Mulheres

0 182 287 Sabendo-se que o total de membros em 31/12/07, era o indicado:

1 Quantos membros foram recebidos em 2008?


Homens Mulheres
– Por profissão de Fé e Batismo
– Por confirmação de Pacto Batismal
– Por Assunção de Votos
– Por Readmissão no Concílio Local
– Por Readmissão - Dec. Inst. Superior
1 2 – Por Transferência de outra Igreja Metodista
2 Quantos membros foram desligados (ou transferidos) em 2008?
Homens Mulheres
– Por solicitação
– Por abdicação de votos
– Por decisão da CLAM
– Por julgamento
5 6 – Por morte
3 – Por transferência p/ outra Igreja Metodista
– Transferido à Ordem Presbiteral ou Ministério Pastoral
Homens Mulheres
3 – Ocorreu algum erro estatístico anterior? ( Use + ou – )
178 280 – Com quantos membros (Rol Permanente) foi encerrado 2008 (31/12)?

Quantos são os membros do Ministério Leigo? (deve ser computado no Rol)


4 Homens Mulheres
– Evangelistas consagrados em 2008
– Evangelistas consagrados nos anos anteriores
1 – Acadêmicos de Teologia

5 Quantos são os metodistas não professos? (Cânones 2007 - artigo 124, § 4º e artigo 137, § 8º)
Meninos Meninas
18 25 – Crianças não professas
Homens Mulheres
26 24 – Juvenis, jovens e adultos não professos

6 Quantos foram os Ofícios Religiosos realizados?


Meninos Meninas
2 2 – Batismos infantis
Homens Mulheres
5 4 – Ofícios fúnebres
Casais
10 – Ofícios matrimoniais (casamentos)
1 – Comemoração de bodas (prata, ouro...)
Sede Nacional da Igreja Metodista - Folha 01
7 Quais são os Grupos Societários existentes? (cf. estatutos das Federações e Coord.Trab. c/Crianças) 185
(incluir as das Congregações )
Nº. Sociedades Qtos.Sócios
1 43 – Sociedade de Crianças ou Minis. Infantil
1 5 – Sociedade de Juvenis
1 20 – Sociedade de Jovens
1 50 – Sociedade de Mulheres (somente se federada a SMM)
1 12 – Sociedade de Homens (somente se federada a SMH)
– Sociedade Mista (Mocidade: juvenis/jovens)
– Sociedade Mista (Mulheres/Homens)

8 Quantos são os alunos/profs. da Escola Dominical ? (incluir das Congregações e Pto.Missionários )


Homens Mulheres
7 12 – Crianças
2 3 – Juvenis
9 11 – Jovens
23 35 – Adultos
4 11 – Oficiais e professores
43 37 – Outras Classes
9 Quantas Escolas Dominicais existiam em 31/12/08 ? (incluir das Congregações e Pto.Missionários )
2 – Escolas existentes em 2007
– Criadas em 2008
– Fechadas em 2008
2 – Escolas existentes em 31/12/2008
160 – Qual a assistência média de freqüencia dos 52 domingos de 2008.
(em números)

10 e 11 Quais são os trabalhos sociais desenvolvidos pela comunidade local?


Na AMAS CNPJ: Pela Igreja Local
Qtd. Projetos Pessoas atend. Qtd. Projetos Pessoas atend.

– Reforço Escolar – 1 90
– Alfabetização –
– Dependência Química –
1 95 – Apoio à criança e ao adolescente – 1 90
– Pessoa Idosa –
– Outros –

12 e 13 Quais são as atividades educativas desenvolvidas pela comunidade local?


ESCOLAS CNPJ: Pela Igreja Local
Qtd. Projetos Pessoas atend. Qtd. Projetos Pessoas atend.

– Escola Infantil –
– Escola de Ensino Fundamental –
– Profissionalizante / Informática / Idiomas –
– Pessoa Idosa –
– Outros:______________________ –
Observação - Nos campos das perguntas 10 a 13, preencher em "Qtd.Projetos" a quantidade de projetos do tipo
indicado e no campo "Pessoas atend" a quantidade de pessoas que são atendidas pelo projeto no ano.
Este campo não é referente à quantidade de pessoas que trabalham no projeto ou instituição.

Sede Nacional da Igreja Metodista - Folha 02


14 Dentre os ministérios citados quais os que estão funcionando na igreja local? 186
(incluir das Congregações e Pto.Missionários )

Quantos – Ação Social – Quantas

são os 1 – Administração – 9 são as

Ministérios? – Missão e Evangelização – pessoas

1 – Educação Cristã – 15 que

Exemplo: – Comunicação – participam

Utilize números 2 – Música & Louvor – 35 desses

1, 2, 3 ... 1 – Ornamentação – 7 Ministérios?

– Apoio Pastoral –
1 – Intercessão – 30

15 Quantos e Quais são os Pontos Missionários criados pela igreja local?


1 – Qual o total de Pontos Miss. em 2008 Qual o nome dos Pontos Miss.?
1 – Quantos são reconhecidos pela Clam? Chácara Rev. Cyrus Dawsey
– Quantos se tornaram congregação em 2008?
– Quantos foram fechados em 2008?
Obs. Culto nas casas de irmão/irmãs não são considerados Pontos Missionários

16 Quantas e Quais são as Congregações criadas pela igreja local?


– Qual o total de Congregações em 2008 Qual o nome das Congregações?
– Quantas são reconhecidas pela Clam?
– Quantas se tornaram igrejas em 2008?
– Quantas foram fechadas em 2008?
Obs. Culto nas casas de irmãos/irmãs não são consideradas Congregações

17 Quais as publicações Metodistas utilizadas na igreja local?


Quantidade Quantidade
– Expositor Cristão –
Assinaturas – Voz Missionária – 100 Assinaturas

Individuais – No Cenáculo – 350 Coletivas

Boletins Regionais – 100


– Outros –

18 A igreja local utiliza as revistas de Escola Dominical, Metodistas?


Sim – X – Não
Se sim, quais e qual a quantidade?
Kit Jardim da Infância – 5 – Flâmula Juvenil
Bem-te-vi I – 10 20 – Cruz de Malta
Bem-te-vi II – 10 35 – Em Marcha

19 A igreja tem utilizado as Pastorais Metodistas? Quais e a quantidade?


Batismo – – Jejum
Exemplo: Ceia do Senhor – – Dízimo
Utilize números Sexualidade – – Test. a Vitalidade do Evangelho
1, 2, 3 ... Ecumenismo – – Testemunhar o Ardor da Missão
Maçonaria – – Test.a Alegria e Esperança do Serv.
– Outros
Sede Nacional da Igreja Metodista - Folha 03
20 Quais e quantas são as propriedades da igreja local? 187
Próprio Alugado Cedido
Exemplo: 2 – Templo –
Utilize números – Casa Pastoral – 1
1, 2, 3 ... 1 – Edifício Educacional –
1 – Acampamento –
– Terreno –
3 – Outros Imóveis –

21 Possui e utiliza?
Exemplo: Telefone – Quantos? – 3
Utilize números Computador – Quantos? – 2
1, 2, 3 ... Acesso à Internet? – 2
Carro da Igreja –

22 Como foi a participação na Campanha Nacional de Evangelização?

Sim Não
A Campanha foi realizada em sua Igreja? – X

Foi utilizado o Material de apoio da Campanha? (Folhetos, cartazes, etc) – X

A oferta Missionária Nacional foi enviada pra sua Sede Regional? – X

Quantas pessoas se decidiram por Cristo durante a campanha? –

23 Conecta?
Sim Não
Possui o Conecta? – X

Utiliza o Conecta? – X

Este formulário foi Preenchido por (Nome): Paulo Dias Nogueira

Lembrete: O prazo de envio é até o dia 31 de dezembro de 2008

Sede Nacional da Igreja Metodista - Folha 04


Igreja Metodista ANEXO 5 188
Relatório de Estatística Igreja Local – 2008
Escrever antes do nome se Igreja, catedral, congr ou ponto ms: Pastor/a
IGREJA METODISTA CENTRAL DE CAMPINAS Rev. Samir Borges da Silva

Rol de Membros das Igrejas Locais (Cânones 2007 - artigo 124, § 1º)
Homens Mulheres

0 232 356 Sabendo-se que o total de membros em 31/12/07, era o indicado:

1 Quantos membros foram recebidos em 2008?


Homens Mulheres
4 4 – Por profissão de Fé e Batismo
4 2 – Por confirmação de Pacto Batismal
3 – Por Assunção de Votos
– Por Readmissão no Concílio Local
– Por Readmissão - Dec. Inst. Superior
3 6 – Por Transferência de outra Igreja Metodista
2 Quantos membros foram desligados (ou transferidos) em 2008?
Homens Mulheres
– Por solicitação
1 – Por abdicação de votos
– Por decisão da CLAM
– Por julgamento
1 4 – Por morte
1 2 – Por transferência p/ outra Igreja Metodista
– Transferido à Ordem Presbiteral ou Ministério Pastoral
Homens Mulheres
3 – Ocorreu algum erro estatístico anterior? ( Use + ou – )
241 364 – Com quantos membros (Rol Permanente) foi encerrado 2008 (31/12)?

Quantos são os membros do Ministério Leigo? (deve ser computado no Rol)


4 Homens Mulheres
– Evangelistas consagrados em 2008
7 4 – Evangelistas consagrados nos anos anteriores
1 – Acadêmicos de Teologia

5 Quantos são os metodistas não professos? (Cânones 2007 - artigo 124, § 4º e artigo 137, § 8º)
Meninos Meninas
31 38 – Crianças não professas
Homens Mulheres
17 11 – Juvenis, jovens e adultos não professos

6 Quantos foram os Ofícios Religiosos realizados?


Meninos Meninas
5 4 – Batismos infantis
Homens Mulheres
4 3 – Ofícios fúnebres
Casais
5 – Ofícios matrimoniais (casamentos)
– Comemoração de bodas (prata, ouro...)
Sede Nacional da Igreja Metodista - Folha 01
7 Quais são os Grupos Societários existentes? (cf. estatutos das Federações e Coord.Trab. c/Crianças) 189
(incluir as das Congregações )
Nº. Sociedades Qtos.Sócios
– Sociedade de Crianças ou Minis. Infantil
1 14 – Sociedade de Juvenis
1 22 – Sociedade de Jovens
– Sociedade de Mulheres (somente se federada a SMM)
– Sociedade de Homens (somente se federada a SMH)
– Sociedade Mista (Mocidade: juvenis/jovens)
– Sociedade Mista (Mulheres/Homens)

8 Quantos são os alunos/profs. da Escola Dominical ? (incluir das Congregações e Pto.Missionários )


Homens Mulheres
27 33 – Crianças
12 15 – Juvenis
11 22 – Jovens
44 58 – Adultos
13 16 – Oficiais e professores
– Outras Classes
9 Quantas Escolas Dominicais existiam em 31/12/08 ? (incluir das Congregações e Pto.Missionários )
4 – Escolas existentes em 2007
– Criadas em 2008
– Fechadas em 2008
4 – Escolas existentes em 31/12/2008
150 – Qual a assistência média de freqüencia dos 52 domingos de 2008.
(em números)

10 e 11 Quais são os trabalhos sociais desenvolvidos pela comunidade local?


Na AMAS CNPJ: 46044780/0001-72 Pela Igreja Local
Qtd. Projetos Pessoas atend. Qtd. Projetos Pessoas atend.

1 80 – Reforço Escolar –
1 30 – Alfabetização –
– Dependência Química –
1 65 – Apoio à criança e ao adolescente –
– Pessoa Idosa –
– Outros –

12 e 13 Quais são as atividades educativas desenvolvidas pela comunidade local?


ESCOLAS CNPJ: Pela Igreja Local
Qtd. Projetos Pessoas atend. Qtd. Projetos Pessoas atend.

– Escola Infantil –
– Escola de Ensino Fundamental –
– Profissionalizante / Informática / Idiomas –
– Pessoa Idosa –
– Outros:______________________ –
Observação - Nos campos das perguntas 10 a 13, preencher em "Qtd.Projetos" a quantidade de projetos do tipo
indicado e no campo "Pessoas atend" a quantidade de pessoas que são atendidas pelo projeto no ano.
Este campo não é referente à quantidade de pessoas que trabalham no projeto ou instituição.

Sede Nacional da Igreja Metodista - Folha 02


14 Dentre os ministérios citados quais os que estão funcionando na igreja local? 190
(incluir das Congregações e Pto.Missionários )

Quantos 3 – Ação Social – 18 Quantas

são os 4 – Administração – 34 são as

Ministérios? 2 – Missão e Evangelização – 15 pessoas

4 – Educação Cristã – 36 que

Exemplo: 2 – Comunicação – 24 participam

Utilize números 4 – Música & Louvor – 61 desses

1, 2, 3 ... 2 – Ornamentação – 26 Ministérios?

2 – Apoio Pastoral – 18
4 – Intercessão – 55

15 Quantos e Quais são os Pontos Missionários criados pela igreja local?


1 – Qual o total de Pontos Miss. em 2008 Qual o nome dos Pontos Miss.?
1 – Quantos são reconhecidos pela Clam? Ponto Missionário Met. Sumaré
– Quantos se tornaram congregação em 2008?
– Quantos foram fechados em 2008?
Obs. Culto nas casas de irmão/irmãs não são considerados Pontos Missionários

16 Quantas e Quais são as Congregações criadas pela igreja local?


2 – Qual o total de Congregações em 2008 Qual o nome das Congregações?
2 – Quantas são reconhecidas pela Clam? Congr. Metodista Jd.Cpos Elíseos
– Quantas se tornaram igrejas em 2008? Congr. Metodista Jd. S. Marcos
– Quantas foram fechadas em 2008?
Obs. Culto nas casas de irmãos/irmãs não são consideradas Congregações

17 Quais as publicações Metodistas utilizadas na igreja local?


Quantidade Quantidade
2 – Expositor Cristão –
Assinaturas 2 – Voz Missionária – 63 Assinaturas

Individuais 13 – No Cenáculo – 151 Coletivas

Boletins Regionais – 90
– Outros –

18 A igreja local utiliza as revistas de Escola Dominical, Metodistas?


Sim – X – Não
Se sim, quais e qual a quantidade?
Kit Jardim da Infância – 3 22 – Flâmula Juvenil
Bem-te-vi I – 12 40 – Cruz de Malta
Bem-te-vi II – 23 45 – Em Marcha

19 A igreja tem utilizado as Pastorais Metodistas? Quais e a quantidade?


Batismo – 4 4 – Jejum
Exemplo: Ceia do Senhor – 4 4 – Dízimo
Utilize números Sexualidade – – Test. a Vitalidade do Evangelho
1, 2, 3 ... Ecumenismo – – Testemunhar o Ardor da Missão
Maçonaria – 2 – Test.a Alegria e Esperança do Serv.
2 – Outros
Sede Nacional da Igreja Metodista - Folha 03
20 Quais e quantas são as propriedades da igreja local? 191
Próprio Alugado Cedido
Exemplo: 3 – Templo – 1
Utilize números 2 – Casa Pastoral – 1
1, 2, 3 ... 1 – Edifício Educacional –
– Acampamento –
2 – Terreno –
1 – Outros Imóveis –

21 Possui e utiliza?
Exemplo: Telefone – Quantos? – 6
Utilize números Computador – Quantos? – 3
1, 2, 3 ... Acesso à Internet? – 3
Carro da Igreja – 1

22 Como foi a participação na Campanha Nacional de Evangelização?

Sim Não
A Campanha foi realizada em sua Igreja? – X

Foi utilizado o Material de apoio da Campanha? (Folhetos, cartazes, etc) – X

A oferta Missionária Nacional foi enviada pra sua Sede Regional? – X

Quantas pessoas se decidiram por Cristo durante a campanha? – 4

23 Conecta?
Sim Não
Possui o Conecta? – X

Utiliza o Conecta? – X

Este formulário foi Preenchido por (Nome): Dulce Helena Silva Franco Saraiva

Lembrete: O prazo de envio é até o dia 31 de dezembro de 2008

Sede Nacional da Igreja Metodista - Folha 04


Igreja Metodista ANEXO 6 192
Relatório de Estatística Igreja Local – 2008
Escrever antes do nome se Igreja, catedral, congr ou ponto ms: Pastor/a
Igreja Metodista Central em Rib. Preto Natanael Pereira do Lago

Rol de Membros das Igrejas Locais (Cânones 2007 - artigo 124, § 1º)
Homens Mulheres

0 99 194 Sabendo-se que o total de membros em 31/12/07, era o indicado:

1 Quantos membros foram recebidos em 2008?


Homens Mulheres
6 5 – Por profissão de Fé e Batismo
7 – Por confirmação de Pacto Batismal
1 3 – Por Assunção de Votos
– Por Readmissão no Concílio Local
– Por Readmissão - Dec. Inst. Superior
– Por Transferência de outra Igreja Metodista
2 Quantos membros foram desligados (ou transferidos) em 2008?
Homens Mulheres
– Por solicitação
– Por abdicação de votos
– Por decisão da CLAM
– Por julgamento
– Por morte
1 4 – Por transferência p/ outra Igreja Metodista
– Transferido à Ordem Presbiteral ou Ministério Pastoral
Homens Mulheres
3 – Ocorreu algum erro estatístico anterior? ( Use + ou – )
121 182 – Com quantos membros (Rol Permanente) foi encerrado 2008 (31/12)?

Quantos são os membros do Ministério Leigo? (deve ser computado no Rol)


4 Homens Mulheres
– Evangelistas consagrados em 2008
1 – Evangelistas consagrados nos anos anteriores
– Acadêmicos de Teologia

5 Quantos são os metodistas não professos? (Cânones 2007 - artigo 124, § 4º e artigo 137, § 8º)
Meninos Meninas
6 4 – Crianças não professas
Homens Mulheres
20 12 – Juvenis, jovens e adultos não professos

6 Quantos foram os Ofícios Religiosos realizados?


Meninos Meninas
5 5 – Batismos infantis
Homens Mulheres
2 2 – Ofícios fúnebres
Casais
4 – Ofícios matrimoniais (casamentos)
– Comemoração de bodas (prata, ouro...)
Sede Nacional da Igreja Metodista - Folha 01
7 Quais são os Grupos Societários existentes? (cf. estatutos das Federações e Coord.Trab. c/Crianças) 193
(incluir as das Congregações )
Nº. Sociedades Qtos.Sócios
1 15 – Sociedade de Crianças ou Minis. Infantil
1 19 – Sociedade de Juvenis
1 20 – Sociedade de Jovens
1 22 – Sociedade de Mulheres (somente se federada a SMM)
1 18 – Sociedade de Homens (somente se federada a SMH)
– Sociedade Mista (Mocidade: juvenis/jovens)
– Sociedade Mista (Mulheres/Homens)

8 Quantos são os alunos/profs. da Escola Dominical ? (incluir das Congregações e Pto.Missionários )


Homens Mulheres
7 16 – Crianças
14 4 – Juvenis
12 7 – Jovens
9 13 – Adultos
9 8 – Oficiais e professores
– Outras Classes
9 Quantas Escolas Dominicais existiam em 31/12/08 ? (incluir das Congregações e Pto.Missionários )
3 – Escolas existentes em 2007
– Criadas em 2008
– Fechadas em 2008
3 – Escolas existentes em 31/12/2008
220 – Qual a assistência média de freqüencia dos 52 domingos de 2008.
(em números)

10 e 11 Quais são os trabalhos sociais desenvolvidos pela comunidade local?


Na AMAS CNPJ: Pela Igreja Local
Qtd. Projetos Pessoas atend. Qtd. Projetos Pessoas atend.

– Reforço Escolar –
– Alfabetização –
– Dependência Química –
– Apoio à criança e ao adolescente –
– Pessoa Idosa –
– Outros –

12 e 13 Quais são as atividades educativas desenvolvidas pela comunidade local?


ESCOLAS CNPJ: Pela Igreja Local
Qtd. Projetos Pessoas atend. Qtd. Projetos Pessoas atend.

– Escola Infantil –
– Escola de Ensino Fundamental –
– Profissionalizante / Informática / Idiomas –
– Pessoa Idosa –
– Outros:______________________ –
Observação - Nos campos das perguntas 10 a 13, preencher em "Qtd.Projetos" a quantidade de projetos do tipo
indicado e no campo "Pessoas atend" a quantidade de pessoas que são atendidas pelo projeto no ano.
Este campo não é referente à quantidade de pessoas que trabalham no projeto ou instituição.

Sede Nacional da Igreja Metodista - Folha 02


14 Dentre os ministérios citados quais os que estão funcionando na igreja local? 194
(incluir das Congregações e Pto.Missionários )

Quantos 1 – Ação Social – 9 Quantas

são os 1 – Administração – 12 são as

Ministérios? 1 – Missão e Evangelização – 8 pessoas

1 – Educação Cristã – 10 que

Exemplo: – Comunicação – participam

Utilize números 1 – Música & Louvor – 16 desses

1, 2, 3 ... 1 – Ornamentação – 6 Ministérios?

1 – Apoio Pastoral – 6
1 – Intercessão – 15

15 Quantos e Quais são os Pontos Missionários criados pela igreja local?


2 – Qual o total de Pontos Miss. em 2008 Qual o nome dos Pontos Miss.?
1 – Quantos são reconhecidos pela Clam? Ponto Missionário Simioni
– Quantos se tornaram congregação em 2008? Ponto Missionário Monte Alegre
– Quantos foram fechados em 2008?
Obs. Culto nas casas de irmão/irmãs não são considerados Pontos Missionários

16 Quantas e Quais são as Congregações criadas pela igreja local?


1 – Qual o total de Congregações em 2008 Qual o nome das Congregações?
1 – Quantas são reconhecidas pela Clam? Congregação de Serra Azul
– Quantas se tornaram igrejas em 2008?
– Quantas foram fechadas em 2008?
Obs. Culto nas casas de irmãos/irmãs não são consideradas Congregações

17 Quais as publicações Metodistas utilizadas na igreja local?


Quantidade Quantidade
1 – Expositor Cristão –
Assinaturas 20 – Voz Missionária – Assinaturas

Individuais 204 – No Cenáculo – Coletivas

Boletins Regionais –
– Outros –

18 A igreja local utiliza as revistas de Escola Dominical, Metodistas?


Sim – X – Não
Se sim, quais e qual a quantidade?
Kit Jardim da Infância – 12 20 – Flâmula Juvenil
Bem-te-vi I – 10 20 – Cruz de Malta
Bem-te-vi II – 10 40 – Em Marcha

19 A igreja tem utilizado as Pastorais Metodistas? Quais e a quantidade?


Batismo – – Jejum
Exemplo: Ceia do Senhor – – Dízimo
Utilize números Sexualidade – – Test. a Vitalidade do Evangelho
1, 2, 3 ... Ecumenismo – – Testemunhar o Ardor da Missão
Maçonaria – – Test.a Alegria e Esperança do Serv.
– Outros
Sede Nacional da Igreja Metodista - Folha 03
20 Quais e quantas são as propriedades da igreja local? 195
Próprio Alugado Cedido
Exemplo: 1 – Templo –
Utilize números 1 – Casa Pastoral –
1, 2, 3 ... – Edifício Educacional –
1 – Acampamento –
– Terreno –
– Outros Imóveis –

21 Possui e utiliza?
Exemplo: Telefone – Quantos? – 2
Utilize números Computador – Quantos? – 2
1, 2, 3 ... Acesso à Internet? – 1
Carro da Igreja – 1

22 Como foi a participação na Campanha Nacional de Evangelização?

Sim Não
A Campanha foi realizada em sua Igreja? – X

Foi utilizado o Material de apoio da Campanha? (Folhetos, cartazes, etc) – X

A oferta Missionária Nacional foi enviada pra sua Sede Regional? – X

Quantas pessoas se decidiram por Cristo durante a campanha? – 6

23 Conecta?
Sim Não
Possui o Conecta? – X

Utiliza o Conecta? –

Este formulário foi Preenchido por (Nome): Natanael Pereira do Lago

Lembrete: O prazo de envio é até o dia 31 de dezembro de 2008

Sede Nacional da Igreja Metodista - Folha 04


ANEXO 7 196

Totalizador Geral de Estatísticas referente a 2007


1 - Informações Gerais
Endereço: Avenida Piassanguaba nº 3031
Bairro: Planalto Paulista Cidade: São Paulo
CEP/Caixa Postal: 04060-004 Estado: SP
Telefone (código): 11 6813-6800 Fax: 6813-8632
e-mail sede regional: sede.nacional@metodista.org.br
www sede regional: http://www.metodista.org.br
Coord. Estatísticas: Stanley da Silva Moraes / Alexander Libonatto Fernandez

1 - Total de Membros da Região (Clérigos + Leigos)

Total Geral de Clérigos


1ª Região 2ª Região 3ª Região 4ª Região 5ª Região 6ª Região REMNE REMA TOTAL
420 36 165 178 187 143 35 12 1176 M
101 13 57 34 36 31 13 5 290 F
521 49 222 212 223 174 48 17 1466

Total de Membros Metodista em Todo o Território Nacional (Leigos)


1ª Região 2ª Região 3ª Região 4ª Região 5ª Região 6ª Região REMNE REMA TOTAL
28919 4106 6340 8688 7713 7245 1230 1014 65255 M
52822 6751 11184 15625 12667 11886 2254 1597 114786 F
81741 10857 17524 24313 20380 19131 3484 2611 180041

Total Geral de Metodistas em Todo o Território Nacional


1ª Região 2ª Região 3ª Região 4ª Região 5ª Região 6ª Região REMNE REMA TOTAL
29339 4142 6505 8866 7900 7388 1265 1026 66431 M
52923 6764 11241 15659 12703 11917 2267 1602 115076 F
82262 10906 17746 24525 20603 19305 3532 2628 181507

Página 1 de 3
197

ANEXO 8

Total de membros por igrejas em 2008


5ª Região Eclesiástica
Da IGREJA METODISTA

Nº IGREJA DISTRITO DE BRASÍLIA masc fem total


Superintendente:
01 Asa Sul 202 247 449
02 Asa Norte Residencial (406) 117 183 300
03 Asa Norte Comercial (906) 127 169 296
04 Ceilândia Norte 77 95 172
05 Ceilândia Sul 58 98 156
06 Gama 36 68 104
07 Núcleo Bandeirante 21 27 48
08 Planaltina 42 86 128

09 Sobradinho 29 53 82

10 Taguatinga Centro 65 108 173


11 Taguatinga Norte 79 153 232
12 Taguatinga Sul 12 26 38
13 Paracatu 4 38 42
Total do distrito
02 - DISTRITO DE GOIÂNIA
Superintendente:
01 Goiânia – Central 383 736 1119
02 Goiânia Leste 60 110 170
03 Campinas – Goiânia 57 78 135
04 Novo Horizonte 24 49 73
05 Anápolis 14 26 40
06 Caldas Novas 35 43 78
07 Apda. de Goiânia – Jd. 138 224 362
Esmeraldas
Ponto Missionário Distrital
Palmeiras de Goiás
Total do distrito
03 - DISTRITO DE UBERLÂNDIA
Superintendente Distrital:
01 Uberlândia – Central 558 834 1392
Uberlândia Leste
Araguari e Piracaiba
Congregação Zona Norte de
Uberlândia.
02 Catalão 153 178 331
03 Uberaba 71 106 177
04 Miguelópolis
05 Igarapava 119 217 236
06 Ponto Missionário em Ituverava
07 Patrocínio 86 90 176
Total do distrito
04 - DISTRITO DE S. JOSÉ DO RIO
PRETO
Superintendente Distrital:
01 São José do Rio Preto 78 121 199
02 Nova Granada 21 55 76
03 Olímpia 22 50 72
04 Votuporanga 43 57 100
05 Santa Fé do Sul 44 48 92
06 Paranaíba 30 47 77
07 Lagoa Santa – S.João do Aporé 45 60 105
Total do distrito
05- DISTRITO DO MATO GROSSO DO
198
SUL
Superintendente Distrital:
01 Dourados 64 79 143
02 Cabeceira Alegre 58 75 133
03 Ponta Porá 10 31 41
04 Fátima do Sul 14 26 40
05 Nova Andradina 41 80 121
07 Campo Grande 147 209 356
Ponto Miss. Em São Gabriel
D’Oeste
09 Marcos Roberto 18 29 47
Total do distrito
06 – DISTRITO MISSIONÁRIO DO MATO
GROSSO
Superintendente Distrital:
01 Rondonópolis 81 121 202
Ponto Miss. Primavera do Leste
7 – DISTRITO DE PRESIDENTE
PRUDENTE
Superintendente Distrital:
01 Presidente Prudente 251 426 677
02 Álvares Machado 192 289 481
03 Emilianópolis 65 118 183
04 Presidente Bernardes 36 63 99
05 Presidente Venceslau 45 92 137
06 Presidente Epitácio 111 192 303
07 Adamantina 23 42 65
08 Pacaembu 19 30 49
09 Dracena 16 27 43
10 Mis. Urbana Oswaldo Cruz Sem informação
Total do distrito
08 – DISTRITO DE ARAÇATUBA
Superintendente Distrital:
01 Araçatuba 132 185 317
02 Jardim Brasília 21 46 67
03 Andradina 21 35 56
04 Valparaíso 53 89 142
05 Birigui e Congregação de Bilac 138 259 397
06 Birigui – Bispo Scilla Franco 36 56 92
07 Campo Missionário Regional
Bairro Monte Líbano
08 Penápolis 206 382 588
Total do distrito
09 – DISTRITO DE OURINHOS
Superintendente Distrital:
01 Ourinhos 67 156 233
02 Assis 74 113 187
03 Cândido Mota 89 155 244

04 Marília 106 168 274

05 Lins 174 313 487


Total do distrito
10 – DISTRITO DE BAURU
Superintendente Distrital:
01 Bauru 77 119 196
02 Tibiriçá 5 6 11
03 Botucatu 42 79 121
04 Avaré 33 87 120
Total do distrito
11 – DISTRITO DE RIBEIRÃO PRETO
Superintendente Distrital:
01 Ribeirão Preto – Central 112 198 310
02 Vila Virgínia 59 79 138
03 Campos Elíseos 36 60 96
04 Ipiranga 12 13 25
05 Franca 48 102 150
06 São Carlos 16 26 42
07 Ribeirão Bonito 7 18 25
199
08 Araraquara 17 27 44
09 Pirassununga 58 105 163
10 Santa Rita do Passa Quatro 29 61 90
11 Morro Agudo 79 177 256
Total do distrito
12 – DISTRITO DE CAMPINAS
Superintendente Distrital:
01 Campinas – Central 241 364 605
Missão Urbana Monte-Mor 18 18 36
02 Jardim Miranda 12 28 40
03 Amparo 5 10 15
04 Jardim Pacaembu 5 21 26
05 Joaquim Inácio 147 216 363
06 Valinhos 183 256 439
07 Hortolândia 35 69 104
08 São Bernardo 25 47 72
09 Jardim do Lago 17 36 53
10 Poços de Caldas 304 558 862
11 Campestre 226 310 536
12 Missão Urbana Mogi Guaçu 13 16 29
13 Missão Distrital Indaiatuba Congregação de valinhos
14 Missão Distrital em Monte 5 4 9
Sião/MG
15 Vargem Grande do Sul 25 53 78
Total do distrito
13 – DISTRITO DE PIRACICABA
Superintendente Distrital:
01 Piracicaba – Central 178 280 458
02 Betânia 64 94 158
03 Matão 15 31 46
04 Congregação Ebenezer 4 9 13
05 Paulista 34 56 90
06 Americana 24 17 80
07 Limeira 63 89 152
08 Wesley 15 20 35
09 Capivari 36 61 97
Total do distrito
14 – CAMPOS MISSIONÁRIOS
REGIONAIS
01 Corumbá 36 47 83
02 Cuiabá 37 47 84
03 Vila Rica 39 47 86
04 Porto Nacional 23 100 123
05 Palmas 40 52 92
06 Cassilândia 45 54 99
07 Três Lagoas 10 22 32
08 Amambaí 10 18 28
09 Peixoto de Azevedo 67 92 159
10 Guarantã do Norte 32 50 82
11 Tangara da Serra 28 25 53
12 Jaciara 4 10 14
13 Bela Vista 20 25 45
14 Bataguassu 79 89 168
15 Sinop 29 46 75
16 Barra do Garças (MT) e 2 7 9
Araguaiana
17 P. Mis. Reg. Monte Líbano 18 17 35
18 Chapadão do Céu (GO) 7 9 16
19 São Gabriel D’Oeste 15 25 40
20 Coxim 5 5 10
21 Tapeporã 9 11 20
22 Primavera do leste 13 19 32
23 Jardim Sem informação
24
Total da missão
200

ANEXO 9

ESCOLA DOMINICAL

REGIMENTO

Da Natureza e Finalidade
Art. 1º - A IGREJA METODISTA estabelece a Escola Dominical como a agência responsável por
reunir, os membros da Igreja Local e as pessoas interessadas na mensagem cristã, em classes de
estudo, de acordo com as faixas etárias ou por áreas de interesse, com o objetivo de proporcionar-
lhes uma experiência de contínuo crescimento no conhecimento do Evangelho e das doutrinas da
Igreja, capacitando-as dessa forma, para o exercício da fé e do testemunho cristão na sociedade.

§ 1º - Todas as atividades da Escola Dominical tem como finalidade a educação cristã.


§ 2º - Entende-se como EDUCAÇÃO CRISTÃ o processo dinâmico para a transformação, libertação e
capacitação da pessoa e da comunidade. Ela se dá na caminhada da fé e se desenvolve no confronto
da realidade histórica com o Reino de Deus, num comprometimento com a missão de Deus no
mundo, sob a ação do Espírito Santo, que revela Jesus Cristo segundo as Escrituras (Cânones da
Igreja Metodista, 2002, PVMI, da Educação Cristã, item 1).

Da Fundação
Art. 2º— Uma Escola Dominical pode ser fundada onde haja, pelo menos, 10 (dez) alunos,
agrupados em uma ou mais classes, para se reunirem, dominicalmente , em local determinado, com
recursos próprios e/ou investimento missionário. A Escola Dominical tem o seu funcionamento
gerenciado por um Departamento Local da Escola Dominical já estabelecido.

Parágrafo Único - A criação, organização ou extinção de escolas dominicais é determinada


pelo Concílio Local a teor do que prescreve os (Cânones da Igreja Metodista, 2002, Art. 142 §
3) e suas atividades são coordenadas pelo Departamento Local da Escola Dominical,
conforme diretrizes estabelecidas neste Regimento.

Das atividades
Art. 3º - A principal atividade do Departamento Local da Escola Dominical realiza-se aos domingos,
através de classes.

§.1º - As atividades do Departamento Local da Escola Dominical são coordenadas e dirigidas


por um/a coordenador/a, cujo nome é indicado pela CLAM e homologado pelo Concílio Local
(Cânones 2002 – Art. 136 item nº 7).

§ 2º - O programa das atividades da Escola Dominical deve estar em estreito relacionamento


com o programa nacional e regional de atividades preparadas especialmente para a Escola
Dominical e em harmonia com as atividades e o calendário litúrgico observado na Igreja
local.

Do Ensino e da Literatura
Art. 4º - A literatura de ensino para as escolas dominicais, tanto para alunos/as, como para
professores/as, é produzida pelo Departamento Nacional de Escola Dominical da Coordenação
Nacional de Educação Cristã , sob supervisão do Colégio Episcopal.
201

Parágrafo Único - O material de ensino (didático-pedagógico), para a Escola Dominical é


preparado pelo Departamento Nacional de Escola Dominical, sob a supervisão da
Coordenação Nacional de Educação, e, é de uso obrigatório, conforme decisão do 17º
Concílio Geral.

Da organização pedagógica
Art. 5º - A organização pedagógica da Escola Dominical funciona por meio de classes que se
constituem a partir das faixas etárias, seguindo o critério da literatura metodista e/ou classes de
acordo com as necessidades da igreja local.

Do Departamento Local de Escola Dominical


o
Art. 6 – A Escola Dominical é gerenciada por um departamento local, composto por:
1 – Coordenador/a ou Superintendente da Escola Dominical
2 – Secretário/a
3 – Professores/as de classes
Parágrafo Único: O funcionamento dos ministérios locais, coordenados pelo Pastor ou
Pastora-Presidente, é determinado em regime e normas aprovadas pelo Concílio Local,
segundo as diretrizes dos órgãos superiores. (Art. 141 – Parágrafo Único)

Art. 7º - O Concílio Local, homologa nomes indicados pela Coordenação Local de Ação Missionária
CLAM, para a função de Coordenador/a ou Superintendente da Escola Dominical.
§.1º - O Departamento Local de Escola Dominical encaminha lista tríplice para a
Coordenação Local de Ação Missionária (CLAM) a fim de apreciar e definir um dos nomes
o
para homologação do concílio local (Art. 136 – item n 7, Cânones 2002), com mandato de
dois anos.
§.2º - O/A Coordenador/a ou Superintendente da Escola Dominical eleito/a, é membro da
CLAM.

Art. 8º - Compete ao/a Coordenador/a ou Superintendente da Escola Dominical:


1 - Orientar e coordenar as atividades do Departamento Local de Escola Dominical;
2 - Convocar e presidir as reuniões do Departamento Local de Escola Dominical;
3 - Verificar se os serviços de secretaria da Escola Dominical estão sendo feitos regularmente;
4 - Informar ao (à) Pastor (a) sobre o andamento das atividades e programas sob a sua
coordenação;
5 - Apresentar por escrito os planos de trabalho e os relatórios anuais e representar o
Departamento Local de Escola Dominical na CLAM

Art. 9º - Compete ao/à secretário/a de Escola Dominical:


1 - manter em ordem a matrícula da Escola Dominical;
2 - distribuir o material didático dos/as professores/as;
3 - elaborar a relatório dominical, fornecendo cópia do mesmo ao/a coordenador/a;
4 - lavrar, em livro apropriado ou arquivo digital adequado para tal função, as atas de reuniões do
Departamento Local da Escola Dominical;
5 - entregar ao/à tesoureiro/a da igreja, dominicalmente, o montante das ofertas recebidas na
escola;
6 - manter um fichário de alunos/as com dados pessoais.
202

Dos/as Professores/as
Art. 10º - Os/as professores/as da Escola Dominical são indicados/as para o Departamento Local de
Escola Dominical, pelo/a coordenador/a e o/a pastor/a local, dentre os membros da igreja que
demonstrem boa vontade, dons para o ensino e aceitem as competências previstas neste regimento,
com mandato de um ano.

Art. 11º - Compete ao/à professor/a:


1 buscar ser exemplo de vida cristã, em atos e palavras;
2 utilizar em classe a literatura de ensino publicada pela Igreja Metodista, estudando com
dedicação as lições a ensinar;
3 interessar-se pela vida de seus/suas alunos/as, visando ajudá-los/as a viverem de acordo
com os valores do evangelho em todas as suas experiências;
4 ensinar através de diferentes métodos, buscando sempre a melhor participação do/a
aluno/a durante a aula;
5 participar da reunião do departamento Local de Escola Dominical;
6 participar de programas de capacitação oferecidos pela igreja local, distrital, regional e
nacional;
7 proporcionar ambiente para decisões pessoais em favor do Evangelho.

o
Art. 12 – Tendo em vista o que está previsto nos Art. 5 item 3 e Art. 226 § 5, Cânones 2002, os
membros do Departamento Local de Escola Dominical devem contribuir com seus dízimos e ofertas
regularmente para o sustento da Igreja Local e sua missão.

Dos Recursos Financeiros


o
Art. 13 — Os recursos financeiros do Departamento Local de Escola Dominical, integram o
orçamento geral da igreja local, de acordo com as prioridades locais.
Parágrafo Único – O Departamento Local de Escola Dominical elabora previsão
orçamentária e envia ao Ministério de Administração para compor o orçamento da igreja local.

Disposição Final
Art. 14º: O presente Regimento, poderá ser modificado, alterado ou complementado sempre que
necessário, por proposta do Departamento Nacional de Escola Dominical, encaminhado para a
Coordenação Nacional de Educação, e aprovado pela Coordenação Geral de Ação Missionária –
Cogeam (Cânones 2002 – Art. 91 item nº 10).

Arti. 15º: Este Regimento entra em vigor a partir desta data, tendo sido elaborado pela Coordenação
Nacional de Escola Dominical, e aprovado pela Coordenação Geral de Ação Missionária – Cogeam, a
teor do Art. 91 item nº 11 § 1º dos Cânones 2002.

São Paulo, 23 de fevereiro de 2002.

Joana D’arc Meireles João Alves de Oliveira Filho


Secretária da Cogeam Bispo Presidente do Colégio Episcopal
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